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A nova doutora da Igreja

- 2012 -
HILDEGARD VON BINGEN
– Uma grande mulher, ontem, hoje e sempre...

Geni Maria Hoss

Ao analisar a história da espiritualidade não se pode ficar indiferente aos muitos


exemplos e caminhos apresentados que nos levam a um mesmo fim: À experiência
de Deus.
Olhando para Hildegard von Bingen descobrimos que seu caminho de inserção
no mundo e sua visão de mundo e ser humano é mais do que atual para nós hoje.
A maior de suas visões foi a "visão profética" que, se tivesse encontrado um eco maior
poderia contribuir ainda mais para um mundo mais humano e comunidades de fé cristã
mais coerentes com a fé no Deus Criador.

Hildegard von Bingen - sua história e sua missão

Hildegard von Bingen viveu na Alemanha de1098 a1179. Era a décima filha de
uma família nobre, que morava em Mainz, cidade que, como tantas outras na
Alemanha, lembra o Império Romano. Era uma criança frágil fisicamente, mas
extraordinária em sua força e capacidade espiritual. Tinha apenas oito anos quando
seu pai a confiou aos cuidados de uma religiosa para que seguisse também este
caminho.

Apesar de sua constituição física delicada ela tornou-se uma grande mulher,
plenamente presente e inserida em sua época. Teve visões que, depois da devida
análise, foram endossadas pelo Papa. Porém, sua vida não se resumia a isto, até
porque inicialmente ela temia as consequências de suas visões. Talvez o mais
importante é destacar sua "visão profética", que foi uma resposta adequada às
necessidades e inquietações de sua época e que valem também hoje, especialmente
quando se refere à "ética da responsabilidade". Ideia desenvolvida hoje pelo filósofo
Hans Jonas, especialmente presente nas reflexões sobre bioética.

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Para entender sua missão é necessário que se considere seu relacionamento
com Deus e sua visão do cosmos e do ser humano.

Hildegard von Bingen e sua visão de Deus

Há 900 anos, Hildegard von Bingen escreveu em seu livro "O Mundo e o
Homem":

Quem olha para o seu Criador e diz 'Meu Deus és tu!', este acende a chama
do amor, do qual brota toda a vida e todo o bem. O ser humano tem a escolha,
pois não pode servir a dois senhores. [...] Quem reconhece a vontade de
Deus a serve Deus brilha como o sol e permanece na luz da verdade.1

Hildegard von Bingen tinha ciência de ser profetiza. Ela sentia-se


especialmente responsável para despertar os seus conterrâneos do "sono do
esquecimento de Deus". Em suas obras, ela fala sempre de novo que o "esquecimento
de Deus" leva ao caos – ao caos nas relações pessoais e sociais, mas também ao
caos da destruição do cosmos. Segundo ela, só em Deus, seu Criador, o ser humano
pode encontrar o autêntico e verdadeiro sentido da vida. Alegrias passageiras,
sucesso, poder, consumo, produtividade, com o tempo não conseguem satisfazer o
ser humano. Esta era a convicção de Hildegard von Bingen. O anseio e procura por
um sentido levam o ser humano inevitavelmente a busca do absoluto, do eterno. Esta
verdade, tão veementemente defendida por ela, é sempre atual, pois faz parte da
essência do ser humano.
Hildegard não cessava de procurar e perguntar. Ela procurava a vontade de
Deus nos grandes acontecimentos, mas também nas pequenas "banalidades" da vida
cotidiana. Este foi seu programa de vida. Ela sabia não ser em primeiro lugar pela
técnica, exercícios de meditação ou cursos que se encontra Deus, mas com a atitude
de "mãos vazias e coração aberto". É preciso sair de si mesmo e trilhar o longo
caminho ao irmão, pois nele encontramos Deus.

1
RADEMACHER, Andre. Hildegard von Bingen: Welt und Mensch (übersetzt und erläutert, 2011, p.
302.

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Hildegard von Bingen e sua visão do cosmos

A visão de Hildegard von Bingen sobre o cosmo traz as características de sua


época: a Idade Média. Ela vê o mundo como uma ordem universal composta de quatro
elementos: Fogo, água, terra, ar. No centro deste cosmo está o ser humano. Como
ele também se compõe de vários elementos, corpo, alma e espírito, se identifica com
o cosmo. Por natureza, o ser humano é dependente do cosmo. Este por sua vez
exerce influências sobre o cosmo. Isto significa que o ser humano pode mudar o
mundo, de forma positiva ou negativa. Hildegard von Bingen vê o mundo como um
emaranhado no qual Deus reina e cujo centro é o ser humano.

Hildegard von Bingen e o ser humano

Um dos grandes temas de Hildegard von Bingen era a ética da


responsabilidade. O ser humano é responsável pelo meio ambiente bem como por
seu bem estar e saúde. Como o ser humano não pode viver sem as outras criaturas,
a destruição destas significa autodestruição.
O ser humano precisa cuidar responsavelmente do seu corpo, criado por Deus.
Hildegard von Bingen estava convencida de que cada um tinha de fazer alguma coisa
por seu bem estar físico e espiritual. Para ela o bem estar e permanecer saudável era
parte de um grande processo de vida. Com o termo "Discretio", Hildegard chamou a
atenção para o bom "meio termo" que se deve encontrar em todas as ações e
cuidados. Somente este "meio termo" – o equilíbrio – pode trazer e conservar a saúde.
Hildegard von Bingen via o ser humano como uma unidade integral: corpo, alma e
espírito. O desequilíbrio em qualquer um destes aspectos era a causa de doença,
física ou espiritual. Dano físico, pressão psicológica, mas também o relacionamento
perturbado com os irmãos e com Deus era motivo de desequilíbrio interior e, por isso,
causa de doenças. Para ser coerente com esta maneira de ver as coisas, Hildegard
se sentiu impulsionada a empenhar-se pela cura total da pessoa, que consistia na
"restauração" do ser humano, de acordo com o pensamento de Deus.
Daí se explica a grande dedicação de Hildegard von Bingen aos estudos de
Botânica e Medicina, além da Teologia e Filosofia. É um ato de amor ao próximo
criativo tentar amenizar a dor do irmão e restaurar sua integridade através da cura

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física e espiritual. O amor para ela é concreto, é criativo, ordenado e "pé no chão" da
realidade.
Hildegard von Bingen tem, sem dúvida, muito a dizer a nós hoje. Talvez muitas
coisas importantes da sua época não nos interessam, mas não podemos negar que
alguns aspectos de sua espiritualidade e reflexões são ultratemporais. Se atualmente
não vemos o ser humano e o mundo como ela o via, a atitude decorrente, a ética da
responsabilidade como parte da espiritualidade é super atual. Bernhard Häring,
referindo-se à consciência, fala da responsabilidade pelas gerações futuras, só pode
dizê-lo pensando não apenas no ser humano isolado ou inserido em seu pequeno
mundo familiar e social. A responsabilidade pelo futuro inclui, como dizia Hildegard
von Bingen, a responsabilidade também pelo ambiente em que o ser humano se
encontra.

Às vezes a retidão de consciência vai ligada ao modo com que, em momentos


de particular importância, se chega a uma decisão ponderada, na plena
responsabilidade, não somente pela própria integridade, mas também pelo
próximo e pelas gerações futuras. Porém, dá-se importância, sobretudo à
intenção constante e sincera de buscar a verdade e de agir de conformidade
com as próprias convicções, adquiridas no confronto com as próprias
experiências e as reflexões dos outros e na meditação sobre os valores
humanos e sobre a sua hierarquia.1

Hildegard von Bingen não imaginava, e nem o poderia, que a ética da


responsabilidade tomaria hoje uma dimensão tão ampla e complexa. Especialmente
quando se trata da bioética. A ética da responsabilidade perante os processos que
implicam tão intensamente na vida do ser humano é hoje com certeza o maior desafio
a ser enfrentado numa visão integral que já naquela época eram tidos importantes.
O que a ética da responsabilidade tem a ver com espiritualidade, com itinerário
espiritual, com a Igreja?
Crescer espiritualmente hoje não pode estar dissociado desta nova realidade.
Para crescer espiritualmente muitas vezes é necessário cruzar o limiar da Igreja, estar
bem presente num mundo em que pouco se pode falar de Deus e sobre Deus, mas
que sempre mais precisa de argumentos convincentes para se dobrar perante a
dignidade humana, perante o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus.

1
HÄRING, Bernhard, Ética Cristã para um tempo de secularização, Ed. Paulinas, 1972, p. 198.

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Um caminho de espiritualidade significativo para o mundo de hoje inclui um
"estar-no-mundo" constante e coerente. Ele inclui um constante diálogo com as outras
ciências humanas para que fé e vida real possam caminhar juntos na busca de uma
imagem sempre mais completa do ser humano e as ações correspondam a estes
reconhecimentos.
Dialogar com outras ciências humanas foi uma característica de Hildegard von Bingen
tanto assim que ela mesma se dedicou aos estudos de diversas ciências e procurou
aplicar seus conhecimentos e reconhecimentos para o bem da humanidade.

É ponto pacífico: vã é a oração e meditação que não se tornar atitude. Não há


experiência verdadeira de Deus à parte deste mundo, mas sim, totalmente inserido
nele. A experiência se faz com o mundo, através do mundo, caso contrário não
estaríamos apreciando de forma positiva aquilo que o próprio Deus criou.
O caminho do crescimento da espiritualidade se dá no mundo com os irmãos e
todas as criaturas. A nossa verdadeira experiência de Deus é uma experiência de
Deus de toda a humanidade e de toda criação.

Referências Bibliográficas

HÄRING, Bernhard, Ética Cristã para um tempo de secularização, Ed. Paulinas,


1972

NEWMAN, Barbara. . Hildegard von Bingen: Schwester der Weisheit. Freiburg:


Herder, 1995.

RADEMACHER, Andre. Hildegard von Bingen: Welt und Mensch (übersetzt und
erläutert, 2011.

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