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Para os gregos, tanto a música como as outras artes pertenciam à “arte das musas”, que
eram conhecidas como seres celestiais, divindades que inspiravam as artes e as
ciências. Essa crença dominou fortemente a sociedade grega até a difusão dos escritos
de Pitágoras, que foi o primeiro pensador ocidental a sistematizar os sons naturais, a
música.
1
Cf. WATANABE, Lygia Araújo. Platão, por mitos e hipóteses: um convite a leitura dos Diálogos. São Paulo:
Moderna, 1995, pp. 48 – 50
“Existência e Arte”- Revista Eletrônica do Grupo PET - Ciências Humanas, Estética e Artes da
Universidade Federal de São João Del-Rei - Ano III - Número III – janeiro a dezembro de 2007
AGUIAR, Carlos Eduardo Ribeiro
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Pitágoras, de certa forma, traz a razão para a arte musical objetivando-a, influenciando
fortemente Platão. Já outro pensador, que também o influencia decisivamente, é
[P4] Comentário: Nota de
Sócrates. Antes de conhecê-lo, conforme é relatado2, Platão era apenas um poeta, só rodapé: Fonte arial, tamanho 9
(nove), seguindo numeração
depois se tornou um filósofo. Sócrates, no que diz respeito à música foi entusiasmado por (1,2,3...), com espaçamento
simples, justificado.
Dâmon, o Areopagita, considerado o primeiro pensador que introduz metodologicamente
a música na educação grega. Além deste pensador ter causado uma enorme influência
em Sócrates, também influenciou Platão.
Ele afirmava a existência de dois mundos distintos: o mundo das idéias e o mundo das
aparências. Fazia parte do mundo das idéias a alma e a mente, já do mundo das
aparências, o corpo e a sombra, fato visto em sua conhecida alegoria da caverna, que se
encontra no VI livro da República.
Pensava que essa divisão serviria também como uma orientação para sistematizar e se
entender os desejos e as ações humanas e suas conseqüências, tanto para o individuo
quanto para a sociedade.
2
Cf. MATTEI, Jean-François. Pitágoras e os pitagóricos. Tradução Constança Marcondes César. São Paulo:
Paulus, 2000, pp. 101 – 110.
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PLATÃO, A República, Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: editora
Fundação Calouste Gulbenkian, 1949, 440a, b.
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PLATÃO: CONTRIBUIÇÕES DA MÚSICA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO
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Buscou problematizar até quando essa relação poderia ser harmônica ou quando poderia
deixar de ser. Para ele, é buscando uma harmonização entre estes dois mundos que os
cidadãos gregos poderiam chegar a viver uma vida melhor.
Na alma do homem há como que uma parte melhor, outra pior; quando
a melhor por natureza domina a pior, chama-se a isso ser senhor de si –
o que é um elogio, sem dúvida; porém, quando devido a uma má
educação ou companhia, a parte melhor, sendo menor, é dominada
pela superabundância da pior, a tal expressão censura o fato como
coisa vergonhosa, e chama ao homem que se encontra nessa situação
escravo de si mesmo e libertino.4
A influência dos escritos platônicos no ocidente é muito forte, geralmente isto inclui
também uma forte influência nas artes. Sustentava que as artes influenciavam
diretamente a moral da vida humana. Cada uma a seu jeito e a música com maior
[P5] Comentário: Corpo do
destaque. trabalho: Fonte arial, tamanho
11 (onze), espaço 1,5 (um e
meio) entre linhas, justificado,
parágrafo francês.
De acordo com sua teoria, a arte imita as coisas físicas, como: a pintura da paisagem; o
canto do pássaro; a fala de alguém, enfim, tudo isso seriam as aparências. Estas por sua
vez, imitam as formas puras, ou formas ideais, que ele entende como: as formas
geométricas, a justiça, o bem e o belo. Assim, as artes além de possuírem a capacidade
de mexer com nossas emoções, seriam cópias de cópias da forma pura, representações
de representações da idéia, imitando a nossa realidade e nos conduzindo tanto para a
verdade como para ilusão. Por isto, a arte também tem o poder de ser perigosa.
Na sua visão, é através do controle das artes, em especial, da música, que podemos
formar cidadãos ideais para uma sociedade ideal. Sustentava que as composições
executadas, tanto pela cítara quanto pelo aulos – uma espécie de flauta do nosso tempo
– teriam o poder de influenciar modificando a moral humana a rigor de quem as controla,
logo possuir o poder de controlar a vida na cidade estado grega, a polis. É notado em
outro pesquisador que Platão procurou atentar para a função orientadora do artista nessa
formação.
4
op. cit., 431a, b.
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Platão, em sua obra, buscava entender além de outras questões, até onde iam as
influências e as possibilidades geradas pela música na vida dos cidadãos gregos. Eram
três, os principais tipos de melodia: o Lírico, o Frígio e o Dórico. A diferença entre eles
estavam nos intervalos entre os tons e na altura dos seus sons. Esses três tipos de
melodia influenciavam os homens, cada um exaltando um certo tipo de emoção. O modo
Lírico buscava exaltar as características sensuais humanas, de forma excitante; já o modo
Frigio exaltava as características patéticas e entusiásticas e o modo Dórico exaltava as
características de força, de magnitude. Assim pôde-se notar uma intrínseca relação entre
as emoções e as ações morais humanas.6
Foi tentando sistematizar a forma de controle que cada estilo ou modo musical exercia
sobre os cidadãos que os separou em dois grupos: os que auxiliavam na formação do
cidadão da república e os que poderiam prejudicar essa formação, afim de atender os
interesses da pólis.
Percebe-se assim, o grande poder que a arte tinha, notando sua forte possibilidade
influenciadora no nosso comportamento, logo, na nossa personalidade. Foi acreditando
nisso que Platão insistiu que a arte, em especial a música, deveria fazer parte na
educação dos cidadãos jovens da república procurando manter apenas os modos
5
NETLESHIP, Richard Lewis. La educación del hombre según Platón. Buenos Aires, Editorial Atlântida,
1945.p.145.
6
Cf. ROBLEDO, Antonio Gómez. Platón, Los seis grandes temas de su filosfofía. México, D.F., Ed.
Cuadratíny Médio, 1993. pp.521-524.
7
JEANNIÈRE, Abel. Platão. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1995. p. 122.
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PLATÃO: CONTRIBUIÇÕES DA MÚSICA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO
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O filósofo buscou excluir definitivamente certos modos musicais da república aos mais
jovens, por pensar que os modos Líricos e Frígios no início da formação dos jovens
enfraqueceriam e tornariam as suas personalidades facilmente domináveis.
Procurouassim utilizar o modo Dórico, que contribuía na formação do jovem cidadão,
tornando sua personalidade mais forte e magnânima, impossibilitando o controle desse
cidadão por parte de um tirano. Platão também sustentava, que nos primeiros momentos
da formação humana, a alma deveria ser educada a conhecer apenas a beleza e o bem,
logo em seguida, quando tais valores estivessem já arraigados a personalidade,
poderiam então conhecer outras formas musicais, logo outros valores, que também
ajudariam a preparar o cidadão para as intempéries da vida real, tornando-o um cidadão
ideal, que teria condições de escolher à melhor atitude a ser tomada diante dos fatos da
vida.
Referências Bibliográficas:
NETLESHIP, Richard Lewis. La educación del hombre según Platón. Buenos Aires, Editorial
Atlântida, 1945.
PLATÃO, A República, Introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa:
Editora Fundação Calouste Gulbenkian, 1949.
ROBLEDO, Antonio Gómez. Platón, Los seis grandes temas de su filosfofía. México, D.F., Editora:
Cuadratín y Médio, 1993.
WATANABE, Lygia Araújo. Platão, por mitos e hipóteses: um convite a leitura dos Diálogos. São
Paulo: Moderna, 1995. [P7] Comentário: Referências
Bibliográficas: Fonte arial,
tamanho 10 (dez), espaço simples,
justificado.
8
NETLESHIP, op. cit., p. 145.
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