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EAD
Escola de Aconselhamento Integral à Distância
Área: Libertação

Abuso espiritual

Coordenado por
Alcione Emerich

EAD – ESCOLA DE ACONSELHAMENTO INTEGRAL À DISTÂNCIA


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ABUSO ESPIRITUAL
Alcione Emerich

- “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de
Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre
vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de
boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do
rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.”. I Pe
5.1-4).

- Nos dias atuais talvez a ação do maligno, sobretudo, no meio da igreja, esteja se dando de modo mais
sutil, menos visível e até comuflado de vestimenta cristã.

- A premissa da autoridade é bíblica e salutar.

O princípio da autoridade é um legado de Deus. Já nascemos com uma liderança sobre nós que
são os nossos pais. Na criação Eva foi criada como auxiliado idônea do homem (Gn 2.18).

A cadeia de autoridade como extensão de comando foi estabelecida por Deus com o objetivo de
organizar, proteger e viabilizar uma administração efetiva. Sem uma cadeia de autoridade
seríamos uma multidão de pessoas vivendo desordenadamente. O pior sistema de governo é,
ainda, menos pior do que governo nenhum. Uma desarmonia com o princípio de autoridade impõe
os piores quadros de confusão, perversão e insegurança.

“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda
de Deus; e as autoridade que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à
autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão, sobre si mesmo, condenação”
(Rm 13.1, 2).

O PROBLEMA

- A questão é que dada a premissa de autoridade, algumas pessoas desenvolverão uma atitude positiva,
lícita e coerente com a Palavra de Deus ou negativa, ilícita e anticristã.

- Martin Loid Jones – “O diabo é o pai dos extremos” (satanás age distorcendo verdades – Mt 4 – ele usou
a própria Bíblia tentando ludibriar o filho de Deus – verdades descontextualizadas podem esconder
grandes mentiras)

- “Rogo, pois, aos presbíteros que há entre vós, eu, presbítero como eles, e testemunha dos sofrimentos de
Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser revelada: pastoreai o rebanho de Deus que há entre
vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de
boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do
rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.”. I Pe
5.1-4).

- “Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos de homens. Irmãos, cada um permaneça diante
de Deus naquilo em que foi chamado” (I Co 7.23-24).

DEFINIÇÃO DE ABUSO ESPIRITUAL

O abuso espiritual poderia ser definido como o encontro entre uma pessoa fraca e uma forte, em que a
forte usa o nome de Deus para influenciar a fraca e levá-la a tomar decisões que acabam por diminuí-la
física, material, espiritual ou emocionalmente.

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O PERFIL DO ABUSADO

Aspecto intelectual

Independe de classe social e do grau de instrução.

Aspecto espiritual

Costumam possuir uma fé genuína.

Analfabetismo bíblico

Cultura religiosa acostumada a intermediários espirituais - A cultura religiosa acostumada a


intermediários espirituais favorece muito a ocorrência do abuso. Pessoas que vem do catolicismo
ou do espiritismo, onde se consultava os espíritos ou santos (ou o próprio pai de santo), agora
possuem seu pastor como intermediário. Na macumba ou no candomblé, o pai de santo
incorporava os espíritos. Na igreja evangélica, o líder incorpora-se com o Espírito Santo. O fiel
entende que é um fenômeno semelhante.

Aspecto familiar

Autoritarismo no lar - Muitos vieram de um lar ou de uma estrutura social marcada pelo
autoritarismo (onde já eram abusadas). Em lares também onde prevalece a violência física. São
pessoas que obedecem com facilidade porque vieram de um lar onde não havia liberdade. A
criança que aprende a obedecer à força e a ser boazinha na marra apresenta maior probabilidade
de tornar-se um adulto tolerante a situações de abuso espiritual. “A educação autoritária não
admite nenhuma forma de desobediência nem questionamentos. As pessoas ficam sempre inibidas
de perguntar, de ter dúvidas. Coloque o pastor no lugar de autoridade, e este passa também a ser
inquestionável

Omissão paterna – Da mãe vem o polo afetivo, os vínculos, a capacidade de se relacionar. Do pai
vem a lei (Ilma – “O olhar do pai”) , a direção, a missão, o pai é o cabeça– Quando falta este pai, o
indivíduo vai para a igreja à procura de um pai – “O filho pródigo” (se ele encontra alguém
equilibrado, será uma benção / mas se encontra alguém com desejo de dominar, pode se instalar ai
um quadro de dependência emocional e abuso espiritual)

Aspecto emocional

Temem assumir responsabilidades - Querem transferir toda a responsabilidade de suas decisões para
as pessoas.

Suscetíveis à dependência emocional - Por que tantos parecem querer andar diariamente bem
próximos do pastor, como se precisassem de um guru particular que lhes diga com andar, o que
vestir, o que comer, o que decidir?

Pré-dispostas ao ciclo do abuso – Teve pai abusador, casa-se com marido abusador, vai para uma
igreja de pastor abusador, nos relacionamentos coloca-se na posição de vitima, etc. Parece existir
um tipo de ovelha que parece atrair pastores abusadores. São pessoas tão vitimadas pelas
circunstancias que, mesmo quando alguém se dispõe a ajudá-las, elas acabam desencadeando
situações tendentes a perpetuar sua condição de vítima.

O PERFIL DO ABUSADOR

Aspecto espiritual

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- A serpente disse a Eva: “...porque no dia em que dela comerdes, como Deus, sereis conhecedores do
bem e do mal”. Faz parte do desejo de “ser como Deus” (Jesus trabalhou com seus discípulos para que
mortificassem este desejo de ser o maior, ser servido, dominar,... todos nós temos uma semente adâmica
que pode nos levar a dominar pessoas, de controlá-las, ser Deus delas...).

* O pastor caminha muito próximo deste “senso de divindade”. É necessário que haja lideres, mas ai
daqueles que se tornam lideres. Engene Peterson: “Uma coisa curiosa acontece quando experimentamos
Deus. Ela aconteceu pela primeira vez no jardim do Éden e continua acontecendo. A experiência com
Deus – êxtase, a totalidade dele – é acompanhada por uma tentação de reproduzir a experiência como
Deus. O gosto por Deus torna-se numa ambição de tornar-se Deus. O ser amado por Deus é distorcido a
ponto de se tornar uma cobiça de agir como Deus. Vislumbro um mundo onde Deus está no controle e
acho que também posso controlar (...) Alem disso, os pastores tem a seu dispor uma plateia substancial
diante da qual devem agir de modo semelhante a Deus. Diferente de outras tentações , essa é quase
puramente espiritual e comumente recebe reforço social. Se nós pregarmos a palavr a de Deus por muito
tempo e com frequência, não é necessário um grande salto da imaginação para assumirmos uma postura
típica do deus que está falando a palavra. Se postura é reforçada pela credibilidade admiradora das
pessoas ao meu redor, benefícios de poder e bajulação começarem a ser desfrutados, eu certamente
continuarei a fugir da presença do Senhor, pois lá fica o lugar onde certamente serei exposto como um
enganador”

- A fé é genuína. Tudo é feito em nome de Deus e para a glória de Deus.

- Forte conhecimento das Escrituras, mas são atraídos por textos que corroboram com seus propósitos
egoístas e manipuladores.

Aspecto intelectual

- Independe do grau de instrução

Aspecto familiar/emocional

- Alguns tiveram pais omissos - “tudo o que ele não fez por mim, farei diferente” (de omisso se tornam
controladores)

- Tiveram líderes e pais manipuladores. O abusado pode se tornar pior do que o abusador (o ferido torna-
se feridor)

- Muitos foram magoados no passado e agora procuram controlar tudo para prevenir surpresas e
decepções.

- Podem ter sido rejeitadas – o complexo aflora como desejo de gloria, poder e atenção.

CARACTERÍSTICAS DO ABUSADOR

Raramente o autor do abuso tem consciência ou intenção de ferir. Na maioria das vezes, essas
pessoas são até ingênuas quanto ao mal que estão causando. Muitas vezes, ele acredita
sinceramente no que está fazendo. Como Hitler. Ele estava imbuído de uma missão. Em suas
relações pessoais, era afável, conversa mansa.

São possessivos e obsessivos. Enciumados, eles protegem sua esfera de controle, não importando
quão pequena seja a influencia que exerce sobre o outro. Sair de baixo de sua tutela, não
concordar com um de seus conselhos, é considerado um ato de rebelião. Quando está em posição
de autoridade, não deixa que as pessoas tomem qualquer decisão sem sua aprovação. No fundo,
pastores abusadores, se acham “donos do rebanho”. Os dominadores consideram um ato de

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traição a atividade normal de um indivíduo no sentido de crescer na fé e, consequentemente, sair
da sua tutela.

Egocêntrico. Ele tem um forte desejo de ser o líder do grupo. Tendem a afastar qualquer pessoa
que possa ameaçar sua posição.

Necessidade de auto-afirmação. No fundo são líderes profundamente inseguros.

São narcisistas e megalomaníacos. Muitas vezes, esse líder está tão embevecido pela exuberância
de suas próprias palavras, envaidecido pelo seu próprio sucesso, que nem sequer nota que está
ferindo os outros. É o líder auto-referenciado. É o narcisismo religioso. Ele diz: Sou o cara’ de
Deus, a última cartada de Deus para este século”. Quando sentem que sua posição está ameaçada
por algum pessoa, eles têm a tendência de se afastar dela.

Promovem a dependência emocional e espiritual. Osmar Ludovico lembra que, se esse conceito
de responsabilidade for levado ao pé da letra, pela vida toda, o pastor pode ser tentado a criar
mecanismos para que o rebanho seja sempre dependente e não se desenvolva. “Esse rebanho
nunca vai poder crescer”. O abuso surge numa relação de muita dependência, na qual alguém que
está, ou é muito carente, encontra alguém que tem muito a oferecer, e quando uma pessoa em
grande dificuldade encontra outra que tem respostas”. Quando esta relação de codependencia se
cristaliza, o processo de manipulação pode ter seu início, principalmente quando foi parar
justamente nas mãos de um líder com tendência autoritária e legalista.” Eugene Peterson afirma
que “o bom pastor é aquele que em determinado momento se torna desnecessário”.

Não reconhece seu limite de função e vocação. O pastor não é consultor financeiro, psicólogo,
sexólogo.

MÉTODOS DE MANIPULAÇÃO

O abuso espiritual não nasce com cara de monstro. Pode iniciar-se como um relacionamento mais íntimo
entre o líder e o fiel. No início é uma verdadeira amizade. Mas com o tempo o abuso vai assumindo a sua
fisionomia grotesca, em meio ao terreno fértil da carência e da vulnerabilidade humana.

Normalmente a relação do liderado com seu superior se dará mais no campo da emoção, do que
propriamente no campo da reflexão.

Usam a sua influencia. Podem usar sua posição econômica, política, religiosa, etc, acima da
autoridade de Deus. As estruturas hierárquicas da igreja muitas vezes são usadas pelo manipulador
como uma alavanca para realizar desejos pessoais. Algum liderado também pode tentar manipular
seu líder, por exemplo, parando de dizimar, etc. Há também os chamados “donos de igreja”, que
fazendo uso do seu status financeiro, social ou espiritual impõem sua vontade. “Muitos ministros
estão com as mãos atadas por causa de manipuladores financeiros na igreja”. Sua influencia pode
também ser usada para desfrutar dos bens financeiros dos liderados. Toda vez que numa posição
de serviço aquele que serve é o maior beneficiado, então ele não está servindo; está sendo servido.
Ali existe abuso. “Ele tinha sido um instrumento de Deus em minha vida”, conta Adriano, “e eu
queria honrá-lo. Naquela época, eu já percebia que ele dava muita ênfase aos versículos que falam
que aquele que honra o profeta recebe galardão de profeta. Havia uma espécie de mantra nesse
versículo, que também estimula o fiel a ‘semear no reino, para colher abundantemente’. Outro
relatou dizendo, “Na verdade, ela passou a pedir presentes para as amigas, contrangendo-as, sem
culpa: jóias, roupas caras, todo tipo de agrados materiais. Afina, ela fazia tudo direitinho. Tudo
para Deus. Um servo fiel, diz a própria Palavra de Deus, é digno de dupla honra”. A cultura
também de retribuir a homens dádivas obtidas de Deus pode facilmente degenerar para a mais
pura bajulação e levar o pastor a adotar atitude tendenciosa no momento de julgar questões entre
irmãos deferentes condições sociais.

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Uso dos dons espirituais (Cl 2.18). Muitos pastores são acuados pelos “gnósticos espirituais”1. A
igreja que apresenta uma liderança fraca é o lugar em que um gnóstico carismático pode, com
pressão suficiente, ser o único verdadeiro responsável pela direção. Eles têm a tendência de
aglutinar pessoas mais fracas e usá-las como uma plataforma por meio da qual expressam suas
crenças e multiplicam suas forças. Ofender o gnóstico é atrair a ira dos que lhe reconhecem a
sapiência. O culto movido fortemente pelas emoções confere mais poder à liderança espiritual.
Assim, as igrejas mais carismáticas estão mais propensas ao abuso.

O problema do discipulado exaustivo e manipulador. O problema é que, ao menos que as pessoas


aprendam a depender diretamente do Espírito Santo, elas estarão sob domínio e controle de regras
rígidas que lhes foram legadas por manipulares. “Quando um líder sonega ao discípulo o direito e
o dever de discernir pessoalmente a voz de Deus, a liberdade em Cristo é abafada por um espírito
de controle. O aspecto mais relevante do espírito de Jezabel é que ele não apenas odeia o
ministério profético, mas odeia, na verdade, a voz de Deus (...) Se não exercermos a autoridade
com o intuito de estimular as pessoas a ouvir a Deus, vamos acabar tomando aquele lugar que só
pertence a Deus no relacionamento com seus discípulos, provocando neles dependência
emocional, surdez espiritual e religiosidade” (Coty)

Exclusivismo - ensinar que sua igreja é a melhor e que as outras são menos espirituais. Com isso
o membro é também condenado quando vai em outras igrejas, sob qualquer hipótese. Muitos são
ensinados que a sua igreja é a única com a visão do reino de Deus e não um dos projetos de Deus
como tantos outros.

Uso da Bíblia para justificar o abuso. “Ficávamos morrendo de medo, achando que, se
divergíssemos das broncas, estaríamos resistindo à disciplina de Deus em nossa vida. “Nosso líder
dizia, ‘Deus o está moendo, o pão que apanha fica mais macio, o grão de trigo tem que morrer!’”.
Era o que escutávamos. O pastor se encarregava de matar o trigo e de sovar o pão”.

Atmosfera de medo e culpa. Quando o líder procura alimentar o medo nos membros em relação à
sua pessoa e autoridade. Pode-se manipular uma audiência pela culpa. Por sermos todos seres
inadequados, que sempre podemos fazer melhor, somos facilmente pegos com esse tipo de
pregação. Uma teologia que responsabiliza o ser humano por todas as dificuldades pelas quais
passa. “Você não é curado porque não tem fé!”, “com certeza há algo errado em sua vida!”. “O
pastor profetizou que no ano que vem a igreja terá dez mil membros. Se ela atingir apenas mil, é
porque há pecado no meio do povo”.

Utiliza-se de ameaças e “chantagens espirituais”. Normalmente as pessoas são amaldiçoadas,


humilhadas e taxadas de rebeldes quando saem debaixo de sua autoridade, não importando se
fizeram isto de forma honesta e piedosa.O termo chantagem significa “o ato de extorquir dinheiro,
favores ou vantagens de alguém sob ameaças”. Mediante atos de aparente rebelião, o subordinado
pode ser duramente ameaçado, “você vai sem a minha bênção”, “Deus vai te colocar no leito”,
“Eu te amaldiçôo”.

Usa de ameaças e às vezes até violência.

DISTORÇÕES TEOLÓGICAS QUE FAVORECEM O ABUSO

O pastor como intermediário entre Deus e os homens. O dominador se torna um rival de Deus,
levando a pessoa a depender mais dele do que de Deus. A igreja evangélica que tanto criticou o
sistema católico, devido a devoção aos santos e ao papa, acabou por fazer a mesma coisa, quando
acabou por colocar seus pastores na mesma posição. Onde está a visão de que cada crente é um
sacerdote? Tg 5.16 e I Pe 2.9.

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Os gnósticos se achavam possuidores de um conhecimento secreto, que não era aberto ou ao alcance de todos.

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O mito do pastor perfeito. Idealizar e mistificar o pastor, acreditando ser ele a voz de Deus na
terra, uma pessoa sempre madura, ética e bem resolvida do ponto de vista emocional, contribui
significativamente para difundir a prática do abuso espiritual. Para muitos descobrir que o pastor é
apenas um ser humano é uma revelação de proporções apocalípticas. Assim como na época de
Moisés, nós ainda temos necessidade de construímos os nossos “bezerros de ouro”. Para fugir
deste estereotipo de perfeição, os pastores poderiam adotar uma postura mais humana. “Meu
querido irmão, me desculpe, mas eu não tenho respostas para isto”. Aqueles pastores que se
permitem ser frágeis, que tratam suas emoções com delicadeza, que desabafam com seus pares,
que se permitem falhar e não posam de semideuses, parecem ter menores chances de se
transformar em autores de abuso”.

O líder é inquestionável. Ser taxado de rebelde por discordar de algo que o pastor disse. Afinal o
cristão é um soldado e soldado não questiona as “ordens”. “Numa noite, comuniquei ao pastor
principal da comunidade que não aprovava o esquema do G12 – uma fórmula de crescimento em
pequenos grupos adotada por muitas comunidades evangélicas visando à expansão exponencial -
Fui chamado, aos berros, de feiticeiro porque estava me colocando contra a vontade de meu guia
espiritual”. Para os abusadores, “pastorear” é uma forma de confinar pessoas a um relacionamento
em que um cristão obedece a outro sem questionar. Muitos não podem questionar nada sob a pena
de serem taxados como “rebeldes”, “bruxos”, “pais de santo” etc. Muitos sofrem humilhações e
ficam calados, afinal não pode contradizer aquele que é a voz de Deus para a igreja.

Quando o conselho ou a opinião do pastor deixa de uma “sugestão” para ser uma “imposição”
com inspiração divina. A opinião do membro não é mais respeitada. O individuo se vê dilacerado
em sua liberdade dada por Deus. A grave conseqüência disto é que as pessoas “sujeitadas” não
desenvolvem autonomia e nem mesmo responsabilidade pelas próprias escolhas. Aliás, muitas
pessoas assim nem tem recursos para poder escolher. Tudo precisa ser submetido à liderança
eclesiástica, pois não são mais capazes de avaliar por elas mesmas o que é certo. Elas se tornam
fracas, um joguete nas mãos dos outros. “Aprendiam com a pastora Sandra a Palavra de Deus de
um jeito autêntico e se acostumaram a orar por tudo, a consultar a Deus e à pastora, também,
claro, antes de dar cada passo”. Quando a palavra do pastor é equiparada à palavra divina, e o
pastor permite que se ouça dessa maneira, isso implica abuso. A palavra de um líder é um
discernimento possível, uma sugestão, uma opinião, uma sabedoria adquirida com o tempo. O que
eles dizem de forma aleatória passa a ser verdade absoluta

A crescimento como justificativa para o abuso - Muitos líderes com o crescimento do rebanho se
tornam abusadores. Acham que se Deus está “abençoando” seu comportamento então está
justificado. No início os relacionamentos eram mais profundos, ele era mais gracioso no falar. É
quando floresce o lado orgulhoso e abusador.

Quando a igreja torna-se mais importante do que a família. Neste caso, rupturas familiares
causadas por causa da devoção a uma igreja ou líder religioso são comuns. O cônjuge e os filhos
são relegados ao segundo plano.

Paternalismo - os adultos passam a ser tratados como crianças e os lideres agem fora de sua
esfera de autoridade. Muitos líderes começam a dar ordens às pessoas como se elas não fossem
mais adultas, “você não vai se casar com esta pessoa!”, “você precisa mudar de casa!”. Ed René
Kivitz, “A autoridade pastoral não pode descer ao detalhamento da vida pessoal: Com quem vou
casar? Que proposta de emprego devo aceitar? Devo vender minha casa e comprar um
apartamento? Isso está fora do campo de autoridade pastoral, porque esse campo é teológico e
ético. Posso descrever para você o que a Bíblia diz sobre como deve ser o caráter do homem com
quem você vai se casar. Mas é você quem vai ter de decidir à luz desses critérios”. O que passar
disso, diz Kivitz, configura abuso.

Quando uma “visão” está acima da pessoa humana.. Foi assim que se deram as grandes chacinas
e as grandes guerras do século XX. “Quando o ideal é maior que a pessoa, as pessoas podem ser,

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sim, sacrificadas em nome dele”. Não é que o líder tenha o desejo sádico de esmagar os outros,
mas porque acha-se responsável por cumprir o chamado de levar o povo à “terra prometida”,
acaba por submeter, a qualquer preço, infiéis e rebeldes à obediência”. Nenhum ideal pode ser
maior do que a vida humana, criada à imagem de Deus.

CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO

Muitos afirmaram que os efeitos de uma manipulação egoísta podem durar anos e deixar cicatrizes
emocionais nos membros de uma congregação. É preciso perceber que o que está sendo roubado é a
liberdade do indivíduo. Todas as formas de manipulação roubam a independência física, emocional ou
espiritual de uma pessoa.

Completa aversão à igreja de Cristo. O abusado pode comportar-se friamente, achando que todo
líder é abusador e uma ameaça.

Revolta profunda contra Deus. Muitos acham que foram lesados.

Perda da fé - “Faz dez meses que não abro a Bíblia e, quando vejo pastores pregando na televisão,
sinto vontade de vomitar”.

Atrofiamento emocional e espiritual. Quando o discipulado é opressor, acabamos produzindo


“escravos”, não líderes autênticos.

Problemas familiares. ‘É uma loucura o dano que meus filhos sofreram por causa disso tudo. Não
há indenização que pague o que esse pastor causou em minha vida”.

Camuflagem dos problemas emocionais. Quando se estabelece uma simbiose, entre o membro e o
pastor, onde este líder tenta ocupar o lugar de “pai” ou “mãe”, ele pode camuflar um problema
mais profundo na vida desta pessoa. A semelhança do filho pródigo que tentou suprir sua fome
aliando-se a um “cidadão da terra”, o resultado final pode ser pior.

Sintomas físicos: depressão, úlceras, gastrites, fibromialgias, síndrome de intestino irritado e


fadiga crônica. Somatizar o abuso, na opinião de Esther, é um dado positivo, porque mostra que o
corpo está ativo, trabalhando para evidenciar que o trem está fora dos trilhos”. A doença é uma
ilustração da sua condição emocional.

APÊNDICE

Sintomas do domínio

Há uma pessoa que exerce controle sobre você por meio de uma exigência enérgica ou sutil?

Você se sente controlado?

Você se sente oprimido ou diminuído por alguém nas suas relações pessoais?

Você sente que expectativas excessivas estão sendo depositadas em você?

Você está se sentindo subjugado por outra pessoa?

Há uma pessoa com quem você não pode conversar sobre as exigências que ela faz?

Você tem medo do seu líder?

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Há uma pessoa que sempre procura desestimulá-lo quando você tenta algo novo?

Você tem um pai na fé que sufoca?

Você tem um pai na fé que nunca admite estar errado?

Você teme discordar do seu líder?

Há uma pessoa com quem você não pode se relacionar a menos que seja subserviente?

Planos são feitos para você sem o seu consentimento?

Como você lida com uma pessoa que não aceita idéias que não sejam dela?

Você conhece uma pessoa que manifesta constantemente a intenção de intimidá-lo?

Alguém costuma pedir-lhe para fazer algo de uma forma que não lhe deixa a alternativa de dizer
não?

Há pessoas que ameaçam constrange-lo revelando coisas sobre você?

Há alguém a quem você teme dizer “não”?

Você depende mais dos outros do que de Deus?

Você deposita confiança absoluta no método de alguém para realizar as coisas e de discernir
pessoas e fatos?

Sintomas do dominador

Você sente compulsão a dirigir as coisas para os outros?

Você usa de ameaças ou faz alguma chantagem quando algum liderado discorda de você?

Você espera que os outros sempre respondam de acordo com sua orientação?

Você tem dificuldade de seguir orientação de outros?

Você acha difícil crer na intervenção e na ajuda de Deus?

Você acha difícil delegar responsabilidade a outras pessoas?

Você acha impossível abrir mão de suas idéias e opiniões?

Você tem uma atitude flexível ou inflexível em relação aos seus pontos de vista?

Você se submete a chantagem financeira de alguns membros?

Você teme discordar de alguns membros?

Você tem o forte desejo de impor aos líderes a palavra de profecia que você traz à reunião? E se
ela for rejeitada, qual é sua reação?

Você espera que seus liderados aceitem qualquer conselho que você lhes der?

Há alguém que depende de você de forma doentia?

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Você admite que o Espírito Santo convença o discípulo do pecado ou sente que você tem que
fazê-lo?

Quando seu cônjuge não cede ou discorda de você, você o ameaça de alguma forma?

Você se recusa a dar atenção ou relacionar-se sexualmente com seu cônjuge na tentativa de fazer
com que ele ou ela faça o que você quer?

Seu filho ou sua filha diz, ou dá a entender que você está interferindo no casamento dele (a)?

Seus filhos respeitam você? Você tem tentado ganhar ou impor respeito?

BIBLIOGRAFIA

Feridos em nome de Deus – Marília de Camargo César

Cura e edificação do líder – Marcos de Souza Borges

Manipulação, dominação e controle – Yinka Oyekan

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