Вы находитесь на странице: 1из 12

Universidade Federal do ABC

Biotecnologia: Produção de Combustíveis a partir de Fontes


Renováveis – EN 3814

"Aproveitamento Energético da Biomassa X Produção de


alimentos"

Integrantes do grupo:
Amanda Ferri Curti
Anderson Akihiro Kuakino
Felipe Tetsuo Matsushita
Nathan Petrin
Renata Yurie Machado Miaki
Yuri Kirejian Vieira

Docentes:
Profa. Dra. Ana Maria Pereira Neto
Profa. Dra. Juliana Tófano de Campos Leite Toneli

Santo André
Abril - 2010
1) RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo discutir a relação entre o uso do solo
para a produção de biocombustíveis e o uso do solo para a produção de alimentos.
Logo, buscou-se analisar questões envolvendo a inflação no preço dos alimentos e as
causas dessa inflação, o impacto ambiental, a busca pela sustentabilidade, e
problemas políticos. A análise dessas questões foi feita em diversos cenários,
buscando compreender esses temas não só no contexto nacional, mas também
incorporando as vantagens e desvantagens envolvendo outras áreas do globo e os
diferentes tipos de produção de biocombustível, como os derivados a partir da cana-
de-açúcar e os derivados a partir do milho.

2) INTRODUÇÃO
Em toda a evolução socioeconômica do homem, este sempre necessitou de
energia para realização de suas tarefas. No início utilizava a energia mecânica
necessitando do próprio trabalho manual ou de animais. Alguns séculos depois, foram
as energias não renováveis (carvão, petróleo e gás) que transformavam uma
sociedade rural para uma sociedade urbana e industrial. Desde então, a demanda por
energia tem crescido exponencialmente, entre outros fatores, pelo aumento da
população mundial e o crescimento econômico elevado. Porém, a alta nos preços do
combustível fóssil vem alterando as perspectivas econômicas e energéticas, além
disso, o aumento das preocupações ambientais a partir da década de 1990, sobretudo
com as mudanças climáticas, outras fontes (renováveis) têm se destacado no mercado
mundial devido ao seu menor impacto ao ambiente, alem de possuírem custos
reduzidos, conforme há descobertas de novas tecnologias.
Como resultados foram criados incentivos para a produção mundial de
biocombustíveis tais como: subsídios, reduções de taxas, incentivo às pesquisas, até a
instituição de medidas para o consumo. O conjunto dessas medidas conduziu a um
grande aumento na produção mundial, criando-se um debate internacional sobre as
incertezas e controvérsias sobre os impactos causados por tal produção.
Em questionamento, um dos principais objetivos é:
A produção de biocombustíveis poderia ameaçar a segurança alimentar nos
impactos sobre os preços dos alimentos e na desapropriação de solos? Já que ainda
em pleno século XXI a fome ainda é um dos principais fatores que mais mata no
mundo. Tornando um enorme desafio, a tentar integrar de forma sustentável a
produção de alimentos e a produção de biocombustíveis.
3) PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS X PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
Os principais argumentos contra os biocombustíveis apresentados na mesa-redonda
internacional são de que a expansão de sua produção, principalmente em países
como o Brasil, ameaça a preservação de florestas tropicais e pode afetar a produção
de alimentos no mundo, gerando inflação e aumentando a fome.
Em resposta a essas preocupações, a Comissão Européia tem desenvolvido critérios
de sustentabilidade que os biocombustíveis devem atender para poderem ser
contabilizados nas metas nacionais de substituição de combustíveis fósseis assumida
pelo bloco e para receber incentivos como os de desoneração tributária. Como essas
iniciativas variam entre os países europeus, dificulta-se o atendimento de todas elas
pelo exportador de biocombustíveis o que pode tornar o mercado europeu um dos
mais fechados do mundo. Assim, tem-se uma contradição: os combustíveis fósseis
são comercializados livremente, com cerca de vinte países abastecendo
aproximadamente duzentos países, mas os renováveis que apresentam um progresso
para a conquista da segurança energética, com mais de cem países como potenciais
fornecedores, enfrentam mercados altamente protegidos. [1]
Como a fome é ainda uma das maiores causas de morte no mundo, algumas questões
representam a maior controvérsia que envolve a produção de biocombustíveis: ela
realmente representa ameaça a segurança alimentar? Quais são os impactos sobre o
preço dos alimentos? E sobre o uso do solo?
Uma das vertentes que sustentam as controvérsias envolvidas na relação entre
biocombustíveis e segurança alimentar é a influência exercida nos preços dos
alimentos. A alta ocorrida entre 2002 e 2008, concomitante ao avanço da produção de
biocombustíveis, coloca estes no centro das acusações. Entretanto, evidências
apontam para uma variedade de outros fatores também responsáveis pelo
[2]
encarecimento dos alimentos . No Brasil, os preços internos subiram como reflexo
direto da alta no mercado internacional que, segundo o Fundo Monetário Internacional
(FMI), foi da ordem de 53% desde abril de 2007. Internacionalmente, têm-se os
seguintes fatores: o fortalecimento das principais economias emergentes mundiais,
como China e Índia, resultando em um impressionante aumento da demanda por
alimentos (na China, por exemplo, com uma população de 1,3 bilhões de habitantes, o
consumo de carnes passou de 25kg per capita em 1995 para 53kg em 2007); a alta
dos custos de produção das commodities agrícolas que fez com que fertilizantes e
defensivos, responsáveis por cerca de um terço do custo de produção internacional de
culturas como o milho e a soja, tivessem seus preços mundiais elevados; as quebras
de safra registradas na Austrália e Europa; a desvalorização do dólar americano,
impactando todos os produtos cotados nessa moeda; o aumento da especulação, por
parte dos fundos de investimentos sobre essas commodities agrícolas; a redução de
estoques globais de diversos itens agropecuários; e a política protecionista e os
subsídios domésticos praticados pelos países desenvolvidos, que desestimulam a
produção agrícola em outras partes do mundo.
O preço dos alimentos, porém, não é o único fator determinante da segurança
alimentar, como argumenta Ignacy Sachs. Segundo ele, a origem da fome no mundo é
conseqüência da falta de acesso, causada pelo baixo poder aquisitivo e não resultado
do aumento dos preços dos alimentos. A complexidade da questão coloca em
evidência a necessidade de uma análise detalhada sobre contribuição de cada desses
fatores na determinação da segurança alimentar [2].
A possível concorrência por fatores de produção manifesta através da pressão
exercida pelos biocombustíveis no uso do solo ressalta ainda mais as controvérsias
em torno da competição com a produção alimentar. Embora se reconheça a
abundância de terras disponíveis para a expansão da produção de biocombustíveis,
que até então, utiliza uma parcela insignificante, devem ser considerados os demais
usos do solo, que não só a produção de alimentos para atender a demanda
populacional, mas, inclusive, a necessidade de preservação de áreas ecologicamente
[2]
importantes . A agricultura brasileira como um todo, na produção de alimentos e
energia, tem sido um sistema poupador de área, no qual o crescimento tem sido
impulsionado por produtividade e não por mobilidade ou desmatamento. A área
cultivada com cana-de-açúcar destinada à produção de etanol no Brasil equivale a
apenas 7% da atual área utilizada com grãos, se considerar todos os 354 milhões de
hectares de terras agriculturáveis segundo o IBGE, o percentual se reduz a apenas
1%, suficiente para produzir etanol para substituir mais da metade de todo o consumo
nacional de gasolina e ainda gerar excedentes exportáveis da ordem de 15% da sua
produção [1].
A discussão mundial sobre o conflito alimentos versus energia não faz sentido no
Brasil - que é o segundo produtor mundial de etanol depois dos Estados Unidos, e o
primeiro exportador em escala global - como defendeu Allan Kardec Dualibe, diretor da
ANP (Agência Nacional do Petróleo): "O governo brasileiro quer enfatizar que o dilema
estabelecido para tratar a produção de etanol e a produção de alimentos é um falso
dilema (...). A produção de biocombustíveis não compete com a produção de
alimentos”. Além disso, ele negou que a produção de cana-de-açúcar utilizada para
produzir etanol esteja afetando a selva amazônica e afirmou que o governo brasileiro
enviou um projeto ao Congresso para estabelecer um marco regulatório para a
produção, distribuição e venda de etanol e biodiesel, que proíbe a plantação de cana-
de-açúcar na Amazônia e no Mato Grosso. [4]
Embora a produção de cana-de-açúcar nas últimas décadas tenha aumentado de
forma espetacular, o Brasil não reduziu o ritmo de produção de alimentos, a safra de
grãos de 2007/2008 bateu recorde histórico e a produção praticamente dobrou na
última década[1]. Ao contrário do que acontece com o álcool americano, por exemplo, o
biodiesel é um combustível que contribui para a oferta de alimentos. As oleaginosas
são compostas principalmente por uma parte protéica e outra de óleo. O processo de
produção de biodiesel inicia-se pela separação da proteína do óleo, sendo este último
convertido em biodiesel. A proteína restante, chamada de farelo ou torta, é destinada
ao mercado de produção de ração animal para conversão e geração de fontes de
proteína animal (carne e leite). Com isso, a soja - que é o principal grão empregado
para a produção de biodiesel no país- passou a ser convertida em farelo e óleo em vez
de ser exportada na forma natural e o produto resultante (carne ou leite), com valor
agregado muito maior que o grão, aumenta a disponibilidade interna de fontes
protéicas alimentares [3].
São vários os estudos que cercam essa questão, e as divergências de opiniões dos
atores ligados à ela, porém ainda não é possível assegurar que o avanço na produção
de biocombustíveis não ameace a segurança alimentar, do mesmo modo que não
existem argumentos suficientemente convictos para impedir a sua produção.
4) EXEMPLO DE CULTIVOS PARA A MATRIZ ENERGÉTICA
Como explicitado no item anterior, tanto a cana-de-açúcar como outros
insumos agrícolas, como as oleaginosas (soja, milho, entre outros), são utilizados
cada vez mais, tanto para a produção de etanol como para os alimentos. Podemos
verificar os principais cultivos no Brasil no seguinte gráfico (gráfico 1):

Gráfico 1 – Produtividade média de etanol por área para diferentes culturas. [5]

Como, no Brasil, a cana-de-açúcar tem se destaca muito na produção de


biocombustível (exclusivamente o etanol), devido a sua grande produtividade e
menores custos para produção comparado com outros cultivos, podemos estudá-la
mais especificamente, mencionando sua produção e suas principais utilizações,
comparando-a na fabricação de alimentos ou para biocombustíveis.
Primeiramente verificamos as informações gerais sobre este esta fonte (tabela
1), analisando a sua produtividade e as áreas cultiváveis no Brasil.

Tabela 1 – Informações técnicas da cultura. [6]

Como apresentado anteriormente, o Brasil possui cerca de 354 milhões de


hectares de terras agriculturáveis, sendo, somente 2% (cerca de 7,2 milhões de
hectares) utilizados para o cultivo da cana. Porém, aproximadamente de 39% do
Açúcar Total Recuperável (ATR ou quantidade de açúcar disponível na matéria-prima
subtraída das perdas no processo industrial), destes 7,2 milhões de hectares são
utilizados para a produção de açúcar (tabela 2), e a outra metade para os
biocombustíveis (tabela 2). Ou seja, mesmo com outros insumos, como as
oleaginosas ou outras culturas destinadas tanto à produção de alimentos quanto
biocombustíveis, temos,ainda, uma área limitada de 90 milhões de hectares destinado
ao cultivo de cana no Brasil, mostrando que o país, por parte do cultivo de cana, é
capaz de produzir tanto o etanol quanto os alimentos (açúcar, entre outros derivados).
Assim como ocorre com outros insumos como a soja, que há 21 milhões de hectares
cultivados, e o milho, que há 14,4 milhões. [6]
[6]
Tabela 2 – Destinação do ATR, por produto final: açúcar e álcool.
Além destas principais fontes de produção de biocombustíveis, há outras que
possuem menos destaques na mídia, porém há grande importância para a economia
do Brasil (exemplo: girassol, algodão, amendoim, mamona, algas, entre muitas outras
espécies aqui no país), tanto para o consumo interno/externo de alimentos quanto
para a produção de combustíveis (a partir de fontes renováveis) e bioeletricidade (a
partir da queima de biomassa, no caso, por exemplo, da cana-de-açúcar, a queima de
bagaço e palha, em caldeiras de alta pressão), que têm crescido exponencialmente
devido ao seu grande potencial de gerar 14400 megawatts médios até o final da
próxima década, o que representa 15% das necessidades do país ou uma vez e meia
a eletricidade gerada por Itaipu. [7]

5) BIOCOMBUSTÍVEIS NO MUNDO
Em 2007 a produção global de biocombustíveis era constituída de basicamente
85% de etanol e 15% de biodiesel. Os biocombustíveis são produzidos e consumidos
em larga escala no Brasil e Estados Unidos e a Europa é líder mundial na produção de
biodiesel e corresponde a ¾ do mercado de biocombustíveis europeu. A figura 1 e a
figura 2 mostram a produção de biodiesel e etanol (milhões de toneladas) no mundo.
Em 2010 espera-se que a produção global de biodiesel seja três vezes superior aos
dados referentes a 2005 e a produção global de etanol se aproxime de um valor duas
vezes maior que no mesmo período.

Gráfico 2 – Produção Global de biodiesel. [8]


Gráfico 3 – Produção Global de Etanol. [8]

a) Biocombustíveis na Europa
Diretriz (Dir 2003/30/EC) estabelece indicadores de combustíveis na taxa de
2% em 2005 e 5,75% em 2010 e 10% em 2020 (porcentagem de fatia de mercado).
Para atingir o valor de 5,75 será preciso produzir 24 milhões de toneladas de
biocombustíveis que substituirão 18,6 milhões de toneladas de fontes fósseis. A União
européia tem um total de 103,6 milhões de ha agriculturáveis, para atingir a produção
esperada para 2010 serão necessários 18 milhões de ha que representam 17% de
todas as áreas agriculturáveis. Contudo o substrato para a produção de
biocombustíveis não precisa necessariamente ser proveniente de plantio, pode-se
utilizar resíduos sólidos e líquidos de cidades, restos de madeira, esterco de fazendas,
todas com bons rendimentos quanto ao volume produzido e qualidade do produto final
tendo o potencial de reduzir a pressão às áreas agriculturáveis e, consequentemente,
a competição de plantio alimentício e energético.
Apesar de o tamanho das áreas agriculturáveis serem relativamente pequena
na Europa, sua produção de biocombustíveis pode suprir um quarto do consumo de
combustíveis em veículos automotores por volta de 2030 (European Environment
Angency, 2006). A longa experiência americana no plantio de milho mostra que a
produção de 40 bushels (medida de quantidade de grãos equivalente de 35238L nos
EUA) de 1948 aumentou num fator de 4 vezes ate o ano de 2004 chegando a um valor
total de produção de 160 bushels. Isso indica que a produção de biocombustíveis deve
ser melhorada continuamente para otimização do espaço e dos recursos utilizados. [9]

b) Nos EUA [10]


A produção americana de etanol é baseada em grãos de milho e de biodiesel
de soja óleos usados. A percentagem que tem sido mais cogitada para a mistura no
diesel de petróleo é a de 20% de biodiesel, B20. Os padrões para o biodiesel nos
Estados Unidos são determinados e fixados pela norma ASTM D-6751. O Programa
Americano de Biodiesel é baseado em pequenos produtores. Como o diesel
americano possui uma menor carga tributária, apenas a renúncia fiscal não permite
viabilizar o biodiesel. Além das medidas de caráter tributário, têm sido adotados
incentivos diretos à produção como a Commodity Credit Corporation Bioenergy
Program, que subsidia a aquisição de matérias-primas para fabricação de etanol e
biodiesel, e atos normativos que determinam um nível mínimo de consumo de
biocombustíveis, por órgãos públicos e frotas comerciais, como definido no Energy
Policy Act (EPAct).
Contudo nem tudo são flores, no Brasil utiliza-se aproximadamente 125 ml de
combustível fóssil para a produção de etanol enquanto nos Estados Unidos essa
relação é de um litro de combustível fóssil para um litro de etanol, isso inviabiliza a
sustentabilidade oferecida pelos biocombustíveis, pois o objetivo é a independência do
petróleo. [10]

c) Comércio e Política: [12]


A liderança Brasileira quanto à eficiência tecnológica de produção é evidente,
contudo não é o líder mundial nas produções, ambos, EUA e Brasil lideram este
quesito. Em março de 2007, quando o então presidente dos Estados Unidos George
Bush visitou o Brasil, foi assinado um memorando de cooperação na área entre os
dois países, que são responsáveis por 70% da produção mundial de biocombustíveis.
Esse acordo expressa a intenção dos dois países de cooperar no desenvolvimento e
na difusão dos biocombustíveis em uma estratégia de três níveis: bilateral, com
terceiros países e global. Os países em todo mundo tem capacidades agrícolas
diferentes one a produção de alimentos pode entrar em conflito com a produção de
biocombustíveis onde o mediador será o preço de mercado podendo levar milhares de
pessoas a correrem o risco de fome. Por essa razão países com grandes extensões
de terras agriculturáveis tem muito potencial para a exportações (Brasil, Estados
Unidos e Europa por exemplo) para países que tem recursos naturais limitados como
muitos do leste e sudeste asiático (um país com grande potencial importador de
biocombustíveis são a China e a Índia). Isso impulsionará grandemente os esforços
feitos no sentido do uso dos biocombustíveis, pois gera demanda que pode ser
suprida dando força comercial à causa.
Devido ao pioneirismo Brasileiro no setor, parcerias de transferência de
tecnologia e cooperação de produção entre países latino-americanos. Na Colômbia,
por exemplo, a necessidade de diversificação do consumo de energia e da produção
agrária, junto com a possibilidade de criação de novos empregos no campo com a
substituição das plantações de coca, tem impulsionado o país a investir no setor.
A Argentina, um pais extremamente dependente de petróleo tem feito
investimentos, públicos e privados, pesados em pesquisa de tecnologias para
intensificar a produção e diversificar sua matriz energética.
No Paraguai, sua extrema dependência de importações de petróleo e sua
economia excessivamente agrária e legislação favorável (24%de etanol deve ser
misturado à gasolina por força de lei) o tornam um forte candidato a ser um forte
exportador de biocombustíveis.
A Venezuela, que é grande produtor de petróleo, também possui potencial para
ser um significativo produtor de biocombustíveis devido ao seu clima, tamanho,
topografia e quantidade de terras cultiváveis. "No entanto, como ainda não há uma
política oficial do governo para o setor e a indústria de açúcar não possui estrutura
suficiente para abastecer os dois mercados, alimentício e energético, o país parece
permanecer como importador de etanol por mais alguns anos.
O Uruguai tem uma economia extremamente engajada no contexto sul-
americano e portanto há uma grande tendência à acompanhar os avanços na área de
biocombustíveis devido aos avanços econômicos e ambientais que o recurso
proporciona.
O Chile, por sua vez, apesar do interesse de iniciar a exploração do mercado
de combustíveis renováveis por empresas locais e até pela brasileira Petrobras, ainda
não produz biodiesel ou etanol, a exemplo do que ocorre no Equador.
Na Argentina, Colômbia e Peru, os governos estão procurando instituir forte
infra-estrutura regulatória para servir de base para essa nova indústria, sendo na
maior parte dos casos adaptações da experiência brasileira.
Os fatores econômicos mais importantes para a difusão de combustíveis
renováveis estão na Ásia que é onde se concentram os maiores mercados
consumidores. A indústria automobilística chinesa e indiana irão impulsionar
enormemente pois são as que mais crescem no mundo que sem os biocombustíveis
estariam dependentes do petróleo importado.
Índia e Brasil são os dois maiores produtores mundiais de cana-de-açúcar e,
desde 2003, possuem um memorando para cooperação no desenvolvimento
tecnológico do uso de etanol como combustível. O estudo mostra ainda que o Japão e
a Coréia do Sul são os grandes produtores de etanol a partir do arroz para uso na
indústria de bebidas e de alimentos, mas por outro lado os dois são 100%
dependentes da importação de petróleo para movimentar suas indústrias e frotas de
veículos.
Os países do leste asiático têm fatores determinantes como altíssima
densidade demográfica e limitadas áreas agriculturáveis, fatores esses que podem
somar à insegurança alimentícia à insegurança energética o que estimula fortemente
acordos com países sul-americanos que produzem os mesmos insumos básicos para
a produção de etanol ou biodiesel.

6) CONCLUSÃO
Apesar de bastante criticado, o biocombustível vem se mostrando uma
excelente alternativa para a produção de energia.
Os críticos alegam que o espaço e recursos que são usados para a produção
de energia, poderiam ser usados para a produção alimentícia. Essa divisão é a
principal responsável pela grande inflação no preço dos alimentos, fazendo com que o
suíço Jean Ziegler, relator chefe da ONU, declarasse que “a produção em massa de
biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos
preços mundiais dos alimentos”. Outros fatores que podem causar a inflação (o
crescimento da população mundial, o desenvolvimento e distribuição de renda em
países populosos, programas governamentais, a inflação do petróleo e problemas
climáticos) foram curiosamente ignorados.
Em contrapartida, o professor Marcos Fava Neves alega que “pesquisas sérias
atestando experiências positivas em sustentabilidade dos biocombustíveis devem ser
lidas e estudadas antes que se emitam opiniões. Periódicos internacionais publicam
artigos negativos com metodologias obscuras e generalizam os resultados de forma
perigosa”.[13]
E de fato, no Brasil ainda existem imensas áreas agricultáveis ainda não
utilizadas. O mesmo vale para países como Rússia, Índia e China. Por isso é de se
estranhar uma competição entre alimentos e biocombustíveis, sendo que ainda há
espaço sobrando.
A produção de biocombustíveis também pode aumentar bastante com avanços
nas técnicas de preparo do solo, cultivo, colheita, processamento e principalmente
melhorias genéticas, permitindo assim que seja produzido bem mais combustível em
uma área cultivável bem menor. Além disso, o chamado “biocombustível de segunda
geração” poderá aumentar em 60% a produção na mesma área plantada, de acordo
com a Petrobrás, produzindo biocombustível a partir de material que até então é
considerado resíduo agroindustrial.
Com esses dados, fica difícil acreditar que os biocombustíveis sejam um “crime
contra a humanidade”, como afirmado pelo relator da ONU. Talvez com pesquisas e
trabalhos mais sérios essa afirmação faça sentido, mas por enquanto não passa de
especulação.

7) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1]
JANK, Marcos S. & NAPPO, Márcio (2009). “Etanol de cana-de-açúcar: uma solução
energética global sob ataque”. In: ABRAMOVAY, R. – org. Biocombustíveis: a energia
da controvérsia. São Paulo. Ed. Senac.
[2]
SIMAS, Julyana Pereira (2010). “Biocombustíveis e produção de alimentos: uma
análise das controvérsias científicas e sociais”. Texto apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Energia da Universidade Federal do ABC para obtenção da
qualificação no Mestrado.
[3]
CARMÉLIO, Edna C. & Arnoldo Campos (2009). “Construir a diversidade da matriz
energética: o biodiesel. In: ABRAMOVAY, R. – org. Biocombustíveis: a energia da
controvérsia. São Paulo. Ed. Senac.
[4]
http://www.biodieselbr.com/noticias/em-foco/brasil-descarta-dilema-producao
biocombustiveis-alimentos-110310.htm – Acessado em 29/03/2010
[5]
www.bioetanoldecana.org – Acessado em 02/04/2010
[6]
http://www.agricultura.gov.br/images/MAPA/arquivos_portal/anuario_cana.pdf -
Acessado em 02/04/2010.
[7]
http://www.etanolverde.com.br/telas/cartilha/default.aspx
[8]
http://www.europabio.org/positions/Biofuels_EuropaBio%20position_Final.pdf –
Acessado em 05/04/2010
[9]
http://planetasustentavel.abril.com.br/pops/etanol-biodiesel-pop.shtml - Acessado em
05/04/2010
[10]
http://www.biodieselbr.com/biodiesel/mundo/biodiesel-estados-unidos.htm -
Acessado em 05/04/2010
[11]
www.seplan.go.gov.br/energias/news/biocombustível.doc - Acessado em
05/04/2010
[12]
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=mercado-global-
de-biocombustiveis-unira-america-latina-e-asia&id=010115090217 – Acessado em
05/04/2010
[13]
Marcos Favas Neves – A miopia do debate sobre a inflação de alimentos (2008)

Вам также может понравиться