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Evolução Cultural

da Humanidade

Fátima Fonseca - Estudante nº 43 540


Antropossociologia Evolutiva
Curso Superior de Educação Sócioprofissional
Escola Superior de Educação Jean Piaget

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Introdução

No âmbito da disciplina de Antropossociologia Evolutiva do curso de Educação


Sócioprofissional da Escola Superior de Educação Jean Piaget, elaborei o presente trabalho sobre a
evolução cultural da Humanidade.

Desenvolvi a pesquisa para este trabalho tendo como ponto de partida a seguinte frase: «de
onde viemos e para onde caminhamos».

Um trabalho sobre a evolução cultural da Humanidade começa, inevitavelmente, por definir


«cultura».

Tylor defende que “A cultura ou civilização, num sentido etnográfico alargado, é aquele tudo
complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e quaisquer
outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade”.

Também Cresswell disse que a cultura é "a configuração particular que adopta cada sociedade
humana não só para regular as relações entre os factos tecno-económicos, a organização social e as
ideologias, porém também para transmitir os seus conhecimentos de geração em geração”.

Depois da leitura destas e outras definições apresentadas por grandes personalidades que se
debruçaram sobre este tema tão lato, entendo que a cultura é a essência de uma sociedade.

Essência, porque a essência é o conjunto das qualidades pelas quais um ser existe e se define,
ou seja a cultura é o elemento constitutivo de uma sociedade, sem a qual não teria realidade alguma.
A cultura é o carácter distintivo de uma sociedade, logo a sua essência.

Assim, o desenvolvimento deste trabalho passa por relatar os factos históricos da evolução
humana, pois é o retrato fiel à sua evolução cultural. Dividi a exposição em três fases, sendo elas:

a) Até ao século XX;

b) Século XX;

c) Século XXI.

Muito mais haveria para dizer sobre a história da Humanidade. Mesmo assim, penso que as
informações adoptadas para este trabalho dão uma visão global, concisa, clara e objectiva sobre a
temática desenvolvida.

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Até ao Século XX

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As primeiras referências à Humanidade datam de há cinco milhões de anos. Século após
século as sociedades e o Homem foram adaptando-se à evolução dos tempos. O desejo despertou o
poder e assim se multiplicaram impérios e guerras. Toda a história da Humanidade tem momentos
marcantes, acabando por se identificar diferentes culturas na grande evolução da Humanidade.

O Recolector e o Caçador

A origem dos primeiros hominídeos, ancestrais do Homem moderno, aconteceu como


consequência de uma mudança do meio ambiente. Há cinco milhões de anos, aproximadamente, a
floresta foi substituída por uma savana, após um aquecimento global do clima.

O Homo sapiens sapiens, o primeiro Homem moderno, nasceu em África segundo estudos de
ADN. Os mesmos estudos apontam que o primeiro Homem moderno tem entre os 140000 e os
200000 anos de existência.

Embora permaneçam muitas lacunas sobre a sua origem e difusão no Mundo, o Homo sapiens
sapiens impôs-se, cerca de 15000 anos antes da nossa era, como a única espécie do Globo e a
primeira a colonizar a totalidade do planeta.

Há 10000 anos, no fim da última glaciação, a espécie humana já tinha colonizado quase todo
o mundo habitável.

O povoamento das Américas fez-se pela migração em diversas vagas vindas da Ásia.
Entretanto, os modos de vida e as formas de organização social evoluíram de maneira comparável
no Velho e no Novo Mundo, embora as línguas, os costumes e parte das técnicas tenham sido
diferentes.

As primeiras populações a tocarem o solo australiano vieram do Sudoeste Asiático,


aproveitando um abaixamento do nível das águas em consequência das glaciações do Quaternácio.
Há 5000 anos, a elevação das águas do mar isolou a Austrália, a Nova Guiné, a Nova Zelândia, as
Ilhas da Melanésia e da Polinésia.

O homem de hoje é produto desse longo processo de adaptação às diferentes condições da era
glaciária.

O Agricultor

Os primeiros vestígios de agricultura e de construções humanas surgem no ano de 9000 a.C.,

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na chamada era Neolítica. A passagem da caça e da recolecção à agricultura transforma
irreversivelmente a sociedade humana, ainda que no início a actividade agrícola abrangesse um
número reduzido de plantas e de animais. A agricultura começou a ser praticada na região do
Levante, antes de se estender à Europa, Norte de África e Ásia Central.

Oriunda do Próximo Oriente, a agricultura começou a expandir-se pelo Sudoeste Europeu por
volta do ano 7000 a.C., antes de alcançar a Bacia do Mediterrâneo, a Europa Central e os Países
Baixos. Cerca do ano 4000 a.C. ela havia atingido as Ilhas Britânicas e o Norte da Europa e, 2000
anos mais tarde, as regiões mais setentrionais da Rússia Europeia e do Báltico.

Assim, pode concluir-se que, entre 12000 e 3100 a.C., aconteceram três revoluções essenciais
para a Humanidade: o início da sedentarização das populações, o desenvolvimento da agricultura e
o aparecimento das primeiras cidades. Tais mudanças aconteceram progressivamente ao longo de
milhares de anos, antes que se chegasse, por volta do ano 7000 a.C., às primeiras aldeias, cujas
populações dependiam das culturas de víveres.

A transformação da Humanidade – ou, mais precisamente, de alguns grupos humanos em


certas regiões –, marcada pela passagem da caça e da pesca à agricultura e de uma existência
nómada à vida sedentária, constitui a revolução mais importante da história do homem.

Além de permitir um crescimento fenomenal da população, a agricultura deu forma à


paisagem familiar das comunidades camponesas que caracterizou a Europa até meados do século
XIX e que ainda hoje predomina em boa parte do Mundo. Nenhum outro exemplo traduz melhor a
continuidade da História.

O Urbano

Há cerca de 6000 anos, em certas regiões onde se praticava um tipo de agricultura


particularmente intensiva, as povoações dispersas do Neolítico deram lugar a sociedades mais
complexas. Assim nasceram as primeiras civilizações urbanas, que marcaram o início de uma nova
fase da história mundial.

O desenvolvimento das sociedades urbanas parece ter sido consequência das migrações de
populações das montanhas em direcção a certos vales. Essas migrações explicam-se por mudanças
climáticas que teriam tornado as regiões exteriores aos vales menos favoráveis ao habitat humano.

As primeiras civilizações urbanas surgiram na vasta bacia dos rios Tigre e Eufrates. O
desenvolvimento da irrigação permitiu alimentar populações numerosas e manter um sistema
administrativo complexo. A urbanização favoreceu o desenvolvimento da economia e do comércio,
provocando a concorrência e guerras entre cidades, e depois a formação dos primeiros impérios.

Após 1600, as terras férteis da Mesopotâmia, da Palestina e da Síria tornaram-se o teatro de


lutas entre impérios rivais. No século XII, a Assíria retoma o seu lugar de primeira potência da
região até ser derrotada pela Babilónia, logo conquistada, por sua vez, pelos Persas.

O aproveitamento das cheias do Nilo para a irrigação das terras permitiu o desenvolvimento
de uma civilização que durou mais de 25 séculos. A história do Egipto antigo caracterizou-se por

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uma sucessão de fases de unificação e de divisão. A sua língua, a religião e a cultura são provas de
uma continuidade sem equivalente no Próximo Oriente.

No vale do Indo, a Índia foi o berço de uma das civilizações mais antigas do Globo. A cultura
harapense e a cultura védica, que lhe sucedeu e nela se inspirou, serão os fundamentos da futura
sociedade indiana, sobretudo nas suas componentes religiosas: hinduísmo, budismo e jainismo.

Do ponto de vista geográfico e climático, a China beneficiava de condições propícias à


fixação do Homem. Os primeiros sinais dessa fixação datam de há cerca de 500 000 anos. Cerca do
ano 1600 a.C., com o início da Idade do Bronze, surge a civilização chinesa, com a emergência da
escrita, da reflexão filosófica e de estruturas sociopolíticas e económicas estáveis.

Estas quatro civilizações caracterizam-se pelo aparecimento de cidades que impõem o seu
modelo de organização social e avançam pouco a pouco pelo campo, dando origem a cidadelas.

A cidade fortificada, que começou a formar-se nesta época, torna-se frequentemente um reino
e exige uma divisão complexa do trabalho, uma língua escrita e um grupo instruído (geralmente
formado por sacerdotes), edifícios públicos monumentais, uma hierarquia política e religiosa e um
rei descendente dos deuses.

A América, a Oceânia e a África, ao sul do Sara permaneceram afastadas das grandes


correntes da história mundial e assim continuaram por mais um milénio. Se bem que na América
Central e nos Andes Centrais desenvolveram-se sociedades complexas por volta do I milénio antes
da nossa era. Em seguida, elas tiveram fases de expansão e de declínio, marcadas às vezes por
notáveis conquistas intelectuais e artísticas.

As civilizações da Europa e da Ásia formam então uma faixa contínua. Aproximadamente no


ano 100 d.C., no apogeu da época clássica, uma série de impérios estende-se de Roma à China,
passando pelo Império Parto e pelo Império Kushan. O mundo civilizado estende-se do Atlântico ao
Pacífico.

Esta é uma realidade nova e importante no mundo eurasiático. O mundo civilizado


permanecera até então limitado e exposto às incessantes pressões dos Bárbaros, desenvolvendo-se
em diferentes regiões de modo autónomo.

O Mercador

Na Antiguidade, o comércio era exclusivamente uma actividade de mercadores. Embora não


pertencessem às camadas influentes da sociedade e não tivessem sido muito evocados na literatura,
tiveram uma influência profunda no desenvolvimento da Humanidade.

A expansão das grandes civilizações e a criação de vias de comunicação favorecera contactos


inter-regionais e trocas culturais que tiveram uma influência duradoura.

No Ocidente a expansão grega e principalmente a romana criaram uma zona cultural


relativamente unificada que ia das fronteiras da Índia até à Grã-Bretanha.

No Oriente o desenvolvimento das civilizações chinesa e indiana resultou numa espécie de

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simbiose cultural indo-chinesa. Essa evolução facilitou não só a intensificação das trocas
comerciais, mas também a transmissão de ideias e, às vezes, doenças mortais.

O transporte de mercadorias pela Rota da Seda até ao Mediterrâneo teve início no século VI
a.C. e atingiu o seu apogeu entre o ano 200 a.C. e o ano 200 d.C., graças à estabilidade política dos
territórios que eram atravessados pelas caravanas.

O comércio de mercadorias teve profundas consequências culturais. O tesouro do Palácio de


Verão dos imperadores de Kushan em Begram, Gândara, que data do ano 100 da nossa era,
compreendia objectos de laca chinesa e de marfim indianos, além de peças de bronze, vidros e
cerâmicas do Mediterrâneo.

O interesse de Kushan pelos objectos mediterrânicos, como os do tesouro de Begram, teve


profundas consequências nas práticas locais e desempenhou um papel catalisador no
desenvolvimento da arte de Gândara, que apareceu no século II e que foi parcialmente inspirada em
modelos greco-romanos.

O Imperador

O planalto iraniano foi o centro de três grandes impérios cujos territórios se estendiam dos
antigos espaços da civilização mesopotâmia até à Índia. Durante mais de um milénio, o Império
Persa foi governado pelos Arqueméridas, os Ansácidas e os Sassânidas, constituindo uma ameaça
constante para os Estados do Mediterrâneo Oriental.

O século VIII a.C. foi um período de grandes transformações na Grécia. O coração da Grécia
é composto por ilhas e planícies separadas por um relevo montanhoso. Após a queda da civilização
micénica dos palácios, nasceu uma nova forma de comunidade política e religiosa, a Polis ou
Cidade-Estado, que veio a tornar-se o tipo de organização política predominante na bacia do
Mediterrâneo.

A conquista da Pérsia por Alexandre, o Grande, provocou transformações no Mediterrâneo


Oriental e no Médio Oriente. A sua influência na região foi responsável pela disseminação do
modelo cultural grego por um milénio; o grego tornou-se a língua de comunicação entre as
diferentes comunidades, e a Cidade-Estado passou a ser a forma comum de organização social.

O processo de construção da nação e do Império Chinês iniciou-se com um período de


anarquia política, o dos Reinos Combatentes. Em toda a China, essa foi uma época de guerras
incessantes em que se confrontavam entidades políticas poderosas e organizadas.

Este período coincide também com profundas transformações económicas e sociais. A


introdução de utensílios de ferro, cerca do ano 500 a.C., e o recurso à tracção animal aumentaram
muito a produtividade agrícola e a extensão das áreas cultivadas. A população aumentou, o
comércio e a indústria floresceram e grandes cidades surgiram.

Essa foi igualmente uma época de inovações tecnológicas e científicas, de efervescência


filosófica, no decorrer da qual se formaram as maiores escolas de pensamento chinês:
confucionismo, taoísmo e legismo.

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Este processo termina com o estabelecimento de um Estado altamente centralizado e dirigido
por um único monarca e com uma burocracia eficaz. O novo sistema tem o seu apogeu com a
dinastia Han, cujo poder territorial e riqueza podem ser comparados aos do Império Romano.

Por volta do ano 500 a.C. existiam no Norte da Índia 16 entidades políticas. Algumas ainda
eram repúblicas tribais, enquanto noutras haviam já surgido monarquias. Com o aparecimento da
agricultura, a região sofreu profundas transformações que levaram ao surgimento de cidades com
sistemas políticos mais complexos.

Essa evolução relegou progressivamente para o esquecimento o antigo culto sacrificial veda,
originário das comunidades de pastores das tribos arianas. Em sua substituição surgiram no coração
das planícies do Ganges dois novos cultos: o budismo e o jainismo.

Do ano 500 a.C. ao ano 550 d.C., no sul da Ásia sucederam-se vários impérios cujos centros
de poder se encontravam no norte da Índia: Máuria, Kushan e Gupta. Apesar de o poder político
central ter sido frequentemente fraco, o subcontinente indiano integrou-se pela primeira vez num
espaço cultural comum, se bem que bastante diversificado.

O Norte da Europa não conheceu os vastos impérios cujo surgimento marcou a história da
Antiguidade no Próximo Oriente. Até à conquista pelos Romanos, as suas populações viviam em
pequenas comunidades autónomas. Só os Celtas, no final da Idade de Bronze, ameaçaram por
algum tempo o mundo mediterrânico.

Cidade-Estado governada por famílias aristocráticas à frente de um exército de soldados-


camponeses, Roma acabou por administrar um império que se estendia do Atlântico ao Eufrates e
do Canal da Mancha ao Sara. Mas estas conquistas deram origem a grandes perturbações sociais. As
rivalidades entre os chefes militares provocaram guerras civis e as instituições democráticas foram
substituídas por uma autocracia.

O primeiro imperador romano, Augusto, reformou o governo do império. Pôs fim às guerras
civis, criou um exército regular destinado a proteger as fronteiras e estendeu o seu poder. O
enraizamento da cultura e da organização romanas em todo o império contribuiu para o
desenvolvimento do mundo mediterrânico.

No século IV, os imperadores romanos continuavam na liderança de um império que se


estendia da Península Ibérica à Síria. No século V, as duas partes do império seguem destinos
diferentes. A ocidente as invasões bárbaras abalam a administração romana; a oriente prospera a
civilização bizantina, que concilia as práticas e os costumes gregos e romanos.

Por volta do ano 500 da nossa era, o mundo eurasiático sofreu importantes transformações. Os
povos nómadas oriundos das estepes asiáticas avançam para ocidente. Ainda que os valores da
época clássica não tivessem desaparecido completamente, as relações entre a China e o Ocidente,
entre a África do Norte e a Itália e entre Bizâncio e a Europa Ocidental deterioraram-se. Durante os
séculos que se seguiram, as várias regiões fecharam-se sobre si próprias, passando a viver de modo
autónomo.

Na Europa Ocidental, este período é conhecido tradicionalmente por Idade Média. O termo é,
evidentemente, adequado à história europeia, não o sendo a uma perspectiva mais ampla da história
mundial. Dois acontecimentos dominam este período: a ascensão e a expansão do islão após 632 e a
formação do Império Mongol no século XIII. Simultaneamente, regiões que até então tinham vivido
em isolamento conheceram mudanças significativas.

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O aparecimento das civilizações maia, asteca e inca nas Américas, a fundação dos Impérios de
Suirjaya e Majapahit no Sudoeste da Ásia e o surgimento dos Impérios do Gana, Mali e dos Songais
em África comprovam o surgimento de uma nova vitalidade e a expansão da civilização.

Comparativamente, a Europa permanecia atrasada, o que não significa que não atravessasse
uma época plena de novidades em que as sociedades primitivas deram origem a monarquias
feudais. Mas este processo de mutação foi lento e interrompido por invasões bárbaras e crises
económicas. É apenas a partir da segunda metade do século XV que a Europa começa a alcançar o
nível das outras grandes civilizações mundiais, estabelecendo as bases da sua futura expansão
marítima. O Velho Continente continuaria, no entanto, por mais um século à sombra do crescente
poderio do Império Otomano.

O Crente

Até ao I milénio antes da era cristã, o politeísmo era a principal forma de religião em toda a
Eurásia e cada comunidade orava aos próprios deuses. Com o estabelecimento dos primeiros
impérios emergem grandes religiões. Essas religiões, que se caracterizam por um dogma único que
se pretende universal, substituíram os inúmeros cultos politeístas.

Assim, com o budismo, e depois com o judaísmo, o zoroastrismo, o cristianismo e o


islamismo, a religião torna-se uma poderosa força de unificação no mundo eurasiático.

O cristianismo é a religião que tem como sua referência fundadora Jesus de Nazaré,
apresentado como o Messias, esperado pelos Judeus e enviado por Deus para realizar a obra de
Moisés e dos profetas. A nova crença impôs-se a pouco e pouco como uma força intelectual e
religiosa no conjunto do Império Romano. Prometendo a salvação eterna aos fiéis, o cristianismo
porpôs, a partir do século IV, uma visão nova de um império unificado governado por um líder.

Inicialmente implantado no Médio Oriente, o Cristianismo tornou-se a religião dominante da


Europa medieval, constituindo-se, sobretudo a ocidente, como seu fundamento ideológico. Mas as
divisões e as críticas aos seus ensinamentos e instituições abriram as portas à contestação que esteve
na origem da Reforma, no início do século XVI.

O Islão significa «submissão à vontade de Deus». Para os Muçulmanos o homem recebeu a


mensagem divina por intermédio de uma série de profetas, dos quais Maomé foi o maior. Crêem
que Deus falou pela boca de Maomé: o Alcorão, «recitação», é assim o Verbo, ou Palavra de Deus.
Maomé foi o último profeta e nenhum outro o seguiu.

Depois da morte do Profeta, em 632, um século de conquistas árabes levou o islamismo a uma
grande parte do Médio Oriente, do Norte de África e até do Extremo Oriente. No mundo
muçulmano muitos letrados reuniram textos gregos fundamentais que foram por seu intermédio
introduzidos nos meios cultos da Europa.

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O Navegador

Para o historiador indiano K. M. Panikkar, o período que vai da descoberta do caminho


marítimo para a Índia por Vasco da Gama, em 1498, à independência da Índia, em 1947, foi a era da
Europa. Outros consideram esta análise exagerada. Entretanto, segundo certos historiadores, as
condições para uma mudança começam a aparecer já no século XIII. Esse fenómeno vai fazer
pender para o lado da Europa uma balança que se equilibrava até então entre ela e a Ásia. Após
1750, este movimento assumirá uma amplitude considerável, mas o fim da Idade Média vê já os
primeiros frutos com as grandes descobertas que inauguram a época moderna.

Antes de 1500, as civilizações estavam voltadas sobretudo para o interior das terras, e os
contactos marítimos eram relativamente pouco importantes. O ano de 1500 marca uma nova era,
pois, a partir de então, os continentes ficaram ligados por mar, levando não só à integração num
único sistema de regiões que antes se desenvolveram de forma isolada, mas pondo também em
questão o antigo equilíbrio entre civilizações europeias e asiáticas.

Todavia, o impacto da expansão europeia não deve ser sobrestimado. O século XVI é
marcado por uma renovação excepcional do poder muçulmano no Império Otomano, na Pérsia dos
Sefévidas e na Índia mogol. A China, por seu lado, continua a ser o Estado mais avançado do
Mundo. Na Europa do século XVIII, a China e a Turquia ainda representam, para muitos, o
exemplo máximo do refinamento. A Revolução Industrial trará um grande avanço à Europa, mas os
frutos dessa evolução, às vezes envenenados, só serão colhidos no século XIX. Por isso, entre 1500
e 1815, apesar de seu dinamismo e inovações, a Europa permanece uma sociedade de senhores e
camponeses, mais próxima do seu passado agrário do que do seu futuro industrial.

O Industrial

Foi na Grã-Bretanha, no século XVIII, que teve início uma revolução industrial mundial,
consequência do progresso tecnológico, da internacionalização do comércio e do aumento da
procura de bens materiais a preços baixos.

Essa revolução inaugurou a nova era do consumo de massas e foi prenúncio de uma mudança
na economia do planeta.

O desenvolvimento da indústria ocorreu em áreas ricas em matérias-primas industriais,


particularmente nas zonas onde existiam jazidas de ferro e de carvão. O crescimento foi facilitado
pela vias de comunicação costeiras e, na segunda metade do século XVIII, pela construção de uma
vasta rede de canais e estradas. Os industriais dispunham de mão-de-obra abundante que
abandonava o campo em direcção às novas regiões urbanas das Midlands e do Norte.

A revolução da agricultura esteve intimamente ligada à industrialização. O encerramento das


terras comunitárias em Inglaterra e a criação de grandes explorações que utilizavam métodos
agrícolas e pecuários mais modernos contribuíram para tornar os camponeses mais ricos e criaram
um mercado para a produção industrial.

O progresso tecnológico permitiu o aumento da produção de alimentos para as populações


urbanas, e a desertificação dos campos acentuou-se. A Linha de Caird separava as terras de

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pastagens (a oeste) das principais regiões produtoras de cereais (a leste).

Como consequência às revoluções industrial e agrícola surgiu a revolução social. O


crescimento demográfico das cidades, a importância política que os novos senhores da indústria e
do comércio começaram a ganhar e as terríveis condições em que as classes operárias trabalhavam
levou ao aparecimento de grupos organizados de operários, cujas vozes em breve seriam ouvidas.

O «Todo-Poderoso»

Entre 1815 e 1914, a Europa domina o resto do Mundo com base no seu poder industrial.
Milhões de europeus emigraram para o outro lado do Atlântico e para a Ásia Central em busca de
melhores condições de vida. Entre 1880 e 1900, as potências europeias dividiram entre si o
continente africano, cuja superfície é quatro vezes maior que a da Europa. Quando, em 1898, os
Estados Unidos, a exemplo da Europa, anexam as Filipinas, outras ilhas do Pacífico e Porto Rico e
colocam sob a sua tutela a América Latina, a expansão ocidental dá a ideia de um mundo submetido
a uma minoria branca.

Mas o imperialismo carregava o germe de sua própria destruição. Antes mesmo que as
rivalidades europeias mergulhassem o continente na Guerra de 1914-1918, as premissas de uma
reacção antieuropeia já eram perceptíveis. O Japão, cujo soberano escolhera o desenvolvimento
para escapar ao domínio norte-americano e europeu, consegue o feito de vencer a Rússia em 1905.
O mundo de 1914 era radicalmente diferente do mundo de 1815. As transformações foram mais
rápidas num século do que tinham sido durante o milénio precedente. Em 1914, a industrialização
apenas começava a expandir-se para além da Europa e da América do Norte; a Ásia e a África
permaneciam ainda governadas por tradições ancestrais.

O século XIX inaugurou um processo de mudança que coloca em segundo plano uma
sociedade agrícola milenar em benefício de uma sociedade urbanizada, industrializada e
tecnocrática, destinada a tornar-se quase universal. Assim, contribuindo para unificar o Mundo, a
Europa criou as condições para o fim do seu próprio domínio.

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Século XX

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O passado mais recente da história da Humanidade é o século XX. Este foi marcado por
movimentos pela liberdade, grandes rivalidades e alianças mundiais provocadas por nacionalismos
e rivalidades económicas, em especial no espaço europeu.

Movimento Feminista

O Movimento Feminista consistiu num conjunto de mulheres decididas numa luta árdua e
tenaz pela liberdade, igualdade de direitos e o sufrágio universal.

Emily Davison, jovem e entusiasta militante do movimento das sufragistas inglesas, atirou-se,
durante a corrida do Derby Day, a 4 de Junho de 1913, para a frente do cavalo do rei. Pisada pelo
animal, morreu alguns dias depois.

Este acontecimento dramático foi fixado num dos primeiros documentários filmados. Ficou,
porém, por esclarecer se Emily Davison quis realmente suicidar-se ou se pretendia apenas atrair
sobre si as atenções. Contudo, para as sufragistas, o seu acto foi, sem dúvida alguma, um sacrifício
que deu um novo impulso ao movimento pela causa feminista.

Mulheres de todas as categorias sociais uniam-se agora para, cada vez com mais empenho,
lutar pelos seus direitos.

Uma das figuras mais destacadas do movimento das sufragistas foi Emmeline Pankhurst. Em
poucos meses foi detida e libertada mais de dez vezes, tendo feito, com outras militantes, a greve da
fome.

Emmeline Pankhurst fundou em 1903 a Women's Social and Political Union (WSPU) e
anunciou como objectivo a obtenção imediata do direito de voto para todas as mulheres que
tivessem atingido a maioridade.

Durante a I Guerra Mundial, Emmeline Pankhurst pôs as suas brigadas femininas, bem
organizadas, à disposição dos esforços de guerra. Esta ajuda valiosa contribuiu consideravelmente
para que, em 1918, as mulheres inglesas com mais de 30 anos obtivessem finalmente o direito de
voto, e dez anos mais tarde todas as mulheres com mais de 21 anos pudessem votar e ser votadas.

I Guerra Mundial

No decorrer dos 40 anos que antecederam o início da I Guerra Mundial, as grandes potências
ocidentais dominaram mais do que nunca a política internacional. Baseando-se na supremacia

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militar, lançaram-se numa vaga de conquistas imperialistas.

Esta evolução agravou a rivalidade entre as grandes potências e diminuiu o espírito de


cooperação e da resolução colectiva dos diferendos que caracterizavam as relações europeias desde
1815.

No interior da Europa, a tradição de «diplomacia concertada» foi posta em questão pelas


alterações ocorridas na hierarquia das grandes potências europeias. A ascensão da Alemanha e da
Itália coincidiu com o declínio dos Impérios Áustro-Húngaro e Otomano.

A política de equilíbrio que vigorava desde 1815 foi substituída assim por um sistema de
alianças baseado no confronto de blocos. A aceleração da corrida ao armamento agravou as tensões
no continente europeu, que culminaram em 1914 com o início da I Guerra Mundial.

Quando, em 28 de Junho de 1914, o nacionalista sérvio Gavrilo Princip assassinou o herdeiro


do trono dos Habsburgos, Viena decidiu punir a Sérvia. A Rússia não estava disposta a deixar a
Sérvia sob a tutela da Áustria; a Alemanha, que não queria comprometer a sua aliança com a
Áustria, não podia permanecer afastada da crise por mais tempo.

O rearmamento europeu voltou-se a partir de então contra as potências envolvidas nesta crise.
A Alemanha sentia-se cercada por franceses, russos e ingleses. A Rússia e a França temiam a
supremacia da Alemanha na Europa. A Grã-Bretanha queria manter o equilíbrio de forças e
considerava essencial o seu apoio à França.

Nenhum Estado tinha desejado o conflito europeu generalizado. Mesmo assim, face a esta
nova crise que ocorrera nos Balcãs, as grandes potências reagiram num clima de receio e de dúvidas
em vez de recorrerem à diplomacia concertada, que, com frequência, lhes permitira gerir as crises
no decorrer do século precedente.

Foi uma guerra total, longa e mortífera, que mobilizou civis e militares e provocou milhões de
mortes. As sequelas foram catastróficas: enormes perdas demográficas, milhões de mutilados,
derrocada económica, violência política e um avolumar dos nacionalismos.

A I Guerra Mundial submeteu o regime czarista a pressões insustentáveis. Assim, em 1917, o


czar da Rússia foi afastado e o regime czarista caiu. Durante oito meses, liberais e sociais-
democratas moderados tentaram impor um regime parlamentar, mas, em Outubro, os comunistas
liderados por Lenine tomaram o poder e instauraram uma ditadura que ultrapassou a Guerra Civil, a
a crise económica e criou o primeiro Estado comunista do Mundo: a União Soviética.

A I Guerra Mundial provocou também a fragmentação dos Impérios Alemão e Otomano,


tendo reforçado os Impérios Britânico e Françês. Mesmo assim, a guerra fragilizou as bases do
imperialismo na Ásia e no Médio Oriente, e a recessão da década de 1930 abalou ainda mais
fortemente a estabilidade dos impérios europeus.

O fim da guerra deveria ter inaugurado uma era de paz e de desarmamento, mas o conflito
desestabilizara a economia, lançara as bases de uma revolução comunista e alienara uma geração de
antigos combatentes da política parlamentar.

Em 1929, o Mundo mergulhou na mais grave depressão económica da história moderna. O


comércio e os preços caíram, milhões de pessoas perderam os empregos. À antiga ordem económica
seguiu-se o intervencionismo estatal, que se esforçava por organizar a recuperação da economia.
Assim, a crise económica de 1929 favoreceu o crescimento do extremismo político e abriu caminho

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às ditaduras.

II Guerra Mundial

Na década de 1930, a ordem mundial foi mais uma vez posta em causa por países que
pretendiam instaurar uma «nova ordem» baseada na conquista militar e no imperialismo repressivo.
Violentos conflitos políticos entre democratas, comunistas e fascistas dilaceraram a Europa e
projectaram de novo o Mundo numa espiral de guerra.

Pressionado pelo nacionalismo e o espírito militarista crescentes, o Japão conquistou um


império na Ásia. Em 1931 ocupou a Manchúria, e durante seis anos aproveitou a desintegração
política da China para ganhar terreno. Em 1932 ameaçou o porto de Xangai e a sua importante
comunidade europeia. Depois de um período de paz precária, o Japão e a China entraram em guerra
em 1937. Os Japoneses conquistaram grande parte do Norte e do Leste da China.

Em 1936 o Exército Espanhol, chefiado pelo General Franco, revoltou-se contra a república,
instaurada em 1931. Assim começou uma sangrenta guerra civil entre a direita nacionalista e a
esquerda republicana, que causou 600000 mortos e se tornou um símbolo de confronto entre
fascismo e comunismo e prenúncio da II Guerra Mundial.

Hitler e Mussolini apoiaram os nacionalistas, e Estaline as forças da esquerda. A França e a


Grã-Bretanha fizeram um acordo de não-intervenção para evitar que a guerra se alastrasse ao resto
da Europa, o que não impediu a mobilização de cerca de 40000 voluntários de outros países, as
Brigadas Internacionais, que se juntaram às forças republicanas. A queda de Madrid, na Primavera
de 1939, confirmou a vitória de Franco.

Entre 1935 e 1939 a Itália e a Alemanha iniciaram uma política de expansão imperialista. Em
1936 a Itália concluiu a conquista da Etiópia antes de ocupar, em 1939, a Albânia. Violando os
Acordos de Versalhes, Hitler retomou o Sarre em 1935, remilitarizou a Renânia em 1936, anexou a
Áustria em Março de 1938, obrigou a Checoslováquia a ceder-lhe a região dos Sudetas em Outubro
de 1938 e ocupou a Boémia-Morávia em Março de 1939.

A invasão da Polónia levou a França e a Grã-Bretanha a declararem guerra à Alemanha. A II


Guerra Mundial foi o conflito mais vasto e mortífero da história da Humanidade. Fez mais de 55
milhões de mortos e perturbou a ordem mundial. Em 1945 a Alemanha começou a perder em todas
as frentes: o Exército Vermelho esmagou as tropas de Hitler em Kursk, os Aliados bombardearam o
Reich e destruíram a aviação alemã antes de iniciarem a reconquista da Europa ocupada.

A II Guerra Mundial trouxe ao Mundo a era atómica. Os Estados Unidos da América


ajudaram os Aliados durante a guerra, tendo lançado, a 6 de Agosto de 1945, a primeira bomba
atómica sobre Hiroshima. Três dias mais tarde, Nagasaki teve o mesmo destino. As duas explosões
fizeram 150000vítimas.

Após 1945 a Europa era um continente arrasado e dividido em dois blocos ideologicamente
bem distintos: capitalista no Ocidente e comunista no Leste. Apesar deste antagonismo, acentuado
pelo melhor desempenho económico do Ocidente, o continente europeu conheceu uma estabilidade
e prosperidade crescentes.

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Para comprovar a divisão da Europa está a NATO – Organização do Tratado do Atlântico
Norte, formada em 1949 com os Estados Unidos da América e o Canadá. Esta passou a ser a base
do sistema de defesa do Ocidente. Por seu turno, a União Soviética assinou um acordo militar com
os outros países do bloco comunista, o Pacto de Varsóvia.

Os dois blocos também se opunham através das alianças económicas. A União Soviética
fundou o COMECON em 1949, enquanto no Ocidente a CEE, em 1957, e a EFTA, em 1960,
criaram um bloco capitalista.

O extermínio de judeus ordenado por Hitler precipitou a decisão do movimento sionista de


criar, em 1948, um Estado Judaico no Médio Oriente. Para os Judeus, a Palestina é a pátria
ancestral, enquanto os Árabes se consideram espoliados da sua terra. Esta medida acabou por
provocar um conflito israelo-árabe, que também marcou o século XX.

Guerra Fria

Esta expressão foi usada pelo Jornalista Walter Lippmann para designar o clima de
permanente conflito provocado pela separação do Mundo no bloco capitalista do Ocidente e o bloco
comunista do Leste.

No final da II Guerra Mundial duas potências dominavam o Mundo, os EUA e a URSS. Tal
antagonismo provocou a formação dos dois blocos. O medo que cada um inspirava ao outro deu
origem à «guerra fria», um confronto em que o uso das armas esteve excluído: era o «equilíbrio do
terror», baseado na ameaça recíproca de represália nuclear em caso de agressão.

À divisão do Mundo em dois blocos vem juntar-se, após 1945, uma outra fractura: a
descolonização fez surgir uma ruptura entre os países ricos do hemisfério norte e os países em
desenvolvimento do hemisfério sul.

E surge ainda um novo fenómeno na formação deste novo mundo multipolar: a ascensão da
zona do Pacífico e do Sudoeste Asiático. A Europa, aprendendo por fim a lição com os horrores de
duas guerras, reunifica-se e compromete-se com o objectivo de uma União Europeia.

A «guerra fria» e a rivalidade entre capitalistas e comunistas provocaram várias outras


guerras, as quais armadas em alguns pontos estratégicos do Mundo, tais como Vietname,
Afeganistão, alguns países de África, Médio Oriente, entre outros.

Sinal dos tempos, em Outubro de 1957, a URSS colocou no espaço o Sputnik 1. Como que a
responder, dentro de poucos anos a América enviava astronautas à Lua. Assim, veículos não
tripulados enviavam para a Terra grande quantidade de informação científica acerca de outros
planetas.

No fim da década de 1980, a queda do comunismo reforça a supremacia norte-americana,


sobre a qual se concluíra, um pouco antes de tempo, que caminhávamos em direcção a uma «nova
ordem mundial», de que a ONU seria o garante.

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Desenvolvimento tecnológico

No decorrer da década de 90 o Mundo viveu sem medo da «guerra fria». As duas grandes
potências alcançaram um entendimento frágil, reforçado por acordos de desarmamento nuclear. O
antagonismo entre os dois blocos desapareceu, o que não impediu que houvesse conflitos locais,
muitos dos quais exigiram a arbitragem das grandes potências.

Na década de 60 a religião parecia estar em declínio por todo o Mundo. Mas essa tendência
inverteu-se nas últimas décadas do século XX, levando a um reacender de tensões e violência.

Mesmo assim, a década de 90 foi também marcada pelos progressos da democracia, pelo
tratado de limitação de armas nucleares e por um desenvolvimento económico regular.

O desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação e a abertura aos investimentos e o


marketing a nível mundial criaram uma economia global.

Os meios de comunicação sofreram uma profunda transformação no século XX. Automóveis,


aviões e telefone puseram o Mundo ao alcance de todos, moldaram a expansão económica
contemporânea e revolucionaram a vida social e o lazer.

Esta transformação foi o resultado de um conjunto de descobertas científicas feitas nas quatro
décadas que antecederam a I Guerra Mundial:

− o telefone, inventado por Alexander Graham Bell em 1876;

− os automóveis com motor de combustão interna, de Carl Benz e Gottlieb Daimler, nos anos de
1880;

− o transmissor de rádio, desenvolvido por Marconi em 1896;

− a descoberta do electrão, em 1897, por Joseph Thomson;

− os voos com motor, pelos irmãos Wright, em 1903;

− o desenvolvimento dos circuitos integrados miniaturizados (microchips), na década de 1950.

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Século XXI

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O novo milénio está agora a entrar no décimo ano de vida. O ano de 2010 chegou com uma
crise económica mundial a decorrer, o Homem vive com medo de hecatombes ambientais, de mais
algum ataque terrorista ou com medo de ser uma das muitas vítimas de crimes difíceis de explicar
que vêm a ensombrar a Humanidade do século XXI.

Fundamentalismo Religioso

O ano de 2000 aproximou-se envolvido numa pesada nuvem profética de que o mundo iria
acabar nesse ano e que um «bug» iria destruir todos os dados informáticos, visto os sistemas não
conseguirem suportar a entrada do ano 2000.

O ano de 2000 chegou e o Mundo seguiu o seu caminho. Se bem que a 7 de Março de 2000 se
percebeu que o Mundo estava diferente. O Papa João Paulo II, que viria a falecer no dia 2 de Abril
de 2005, pediu perdão em público pelos erros cometidos pela Igreja Católica nos últimos 2000 anos,
entre eles a Inquisição e as Cruzadas e pelo desrespeito às outras religiões e culturas na
catequização e a hostilização do povo judeu.

Tudo fazia crer que com estas palavras, o Papa João Paulo II conseguisse amenizar o clima de
terror que se vinha a sentir há alguns anos devido a fundamentalismos religiosos. A verdade é que a
11 de Setembo de 2001 o Mundo foi surpreendido por uma notícia de terror, que indicava mais uma
década de conflitos.

O atentado terrorista às torres gémeas do World Trade Center, em Nova York, acabou,
segundo algumas teorias, por confirmar uma das profecias de Nostradamus. Dois aviões haviam
sido desviados da sua rota e foram chocar com as torres gémeas. Poucas horas depois dos ataques o
desabamento das torres deixavam a América e o Mundo em estado de choque.

Os atentados logo foram reivindicados pela rede Al-Qaeda de Osama bin Laden. Morreram
2.973 pessoas neste ataque, deixando muitas outras feridas e em estado de choque. A Al-Qaeda
reivindicou ainda mais duas tentativas de ataque. Ao que foi adiantado outros dois aviões foram
desviados. Um levava a direcção do Pentágono, em Washington. O outro acabou por cair numa área
deserta da Pensilvânia, depois dos passageiros terem atacado os terroristas numa tentativa
desesperada de se libertarem deles.

Em resposta aos ataques, George W. Bush lança a «guerra contra o terror». Esta guerra tem
início no Afeganistão e prossegue no Iraque. A opinião pública estava dividida e mesmo assim a
guerra aconteceu com o apoio da maior parte dos países do Ocidente.

A 11 de Março de 2004 a Al-Qaeda volta a atacar em força. Desta feita Madrid foi o alvo. Um
ano mais tarde, no dia 7 de Julho de 2005 acontece novo atentado terrorista no metro de Londres.

O Mundo Ocidental vive num clima de terror e insegurança que leva ao reforço por todos os
países das suas medidas de segurança e entrada nas fronteiras Europeias e Americanas. Em 2006, no

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dia 31 de Janeiro são publicadas caricaturas sobre o profeta Maomé no jornal dinamarquês Jyllands-
Posten, que desencadeiam mais actos de violência por parte de extremistas islâmicos.

No final do ano de 2009 aconteceram mais tentativas de ataques suicídas e terroristas. Mesmo
assim, devido ao reforço da segurança, as tentativas saíram goradas.

Hecatombe Ambiental

O rápido desenvolvimento da indústria desde a II Guerra Mundial acelerou a poluição das


águas dos grandes rios e dos litorais. A explosão demográfica agravou a destruição das florestas
tropicais, que têm um papel essencial na manutenção do equilíbrio químico da atmosfera.

A par disso está a emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono e de outros resíduos
da produção industrial e de veículos a motor aumentou a temperatura da Terra, criando na atmosfera
um «efeito de estufa». Deste facto poderão resultar modificações das regiões de excedentes
agrícolas e grandes inundações nas regiões costeiras.

Exemplo disso foi o violento terramoto submarino ao largo da Indonésia que, em 26 de


Dezembro de 2004, provocou um tsunami gigante no Oceano Índico, com ondas até 30 metros. A
tragédia deixou 220.000 mortos, a grande maioria na Indonésia. Sri Lanka, Índia e Tailândia
também são duramente atingidos. Trata-se de uma das piores catástrofes naturais do último século.

A partir da década de 1970 a camada do ozono da atmosfera, que filtra os raios ultravioletas,
tornou-se menos densa devido ao efeito das emissões de CFC presentes em aparelhos domésticos,
como frigoríficos, e artigos de consumo, como aerossóis. Isto teve como consequência o
aparecimento de um buraco na camada do ozono sobre a Antárctida, que aumentou durante as
últimas décadas.

Estes descuidos com a Natureza provocou alterações climatéricas com alguma frequência,
tendo sido demonstradas em 29 de Agosto de 2005 pelo furacão Katrina, que engoliu New Orleans
e em 12 de Maio de 2008, o terramoto de 7,9 graus na Escala Richter que abalou a província de
Sichuan, no sudoeste da China. Esta hecatombe deixou mais de 87.000 mortos e desaparecidos.
Milhões de pessoas ficaram desabrigadas.

Economia e Política

As Grandes Guerras serviram de exemplo à Europa, que assumiu como medida pós-guerra a
reunificação através da constituição da CEE, vindo a transformar-se em UE – União Europeia. Esta
unificação começou por ser comercial e a partir do dia 1 de Janeiro de 2002 quase todos os Estados
membros adoptaram o Euro como moeda única.

A entrada em vigor do Euro e respectiva subida nas bolsas de valores trouxe uma
desvalorização do dólar americano durante alguns anos. Com a guerra do Afeganistão e do Iraque o

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encarecimento do petróleo provocou um aumento significativo nos bens de consumo criando uma
crise a nível mundial.

Esta crise teve altos e baixos, no entanto tornou-se impossível impedir a falência do banco de
negócios americano Lehman Brothers no dia 15 de Setembro de 2008. Junto com este outras
entidades bancárias por todo o mundo foram sofrendo os seus reveses.

A quase falência de um símbolo do sistema bancário e as grandes dificuldades encontradas


por outras instituições como a seguradora AIG deflagra uma crise financeira e económica,
mostrando ser a mais grave desde a de 1929.

A crise revela os enormes activos "podres" dos «subprimes», difundidos em todo o mundo
através do sistema financeiro. Eles provocam a queda das bolsas, o bloqueio dos mercados de
crédito, e obrigam os governos a resgatar o setor bancário com fundos públicos.

Começa então uma forte recessão mundial que atinge a maioria dos países, com excepção de
alguns emergentes como o Brasil ou a China. A crise ainda é marcada por escândalos como a
gigantesca fraude - a maior da história de Wall Street - comandada pelo gestor de fundos Bernard
Madoff, que fez com que os seus clientes perdessem mais de 20 bilhões de dólares e foi condenado
a 150 anos de prisão.

Mesmo assim, uma luz surgiu na recuperação da economia americana e mundial. O primeiro
presidente negro dos Estados Unidos, eleito em 4 de Novembro de 2008, Barack Obama assume o
poder.

No fim deste ano, ele consegue convencer o Senado a aprovar uma ampla reforma do sistema
de saúde e decide enviar mais 30.000 soldados ao Afeganistão, assumindo o compromisso de se
retirar do Iraque até 2011 de uma forma progressiva.

Barack Obama recebe o Prémio Nobel da Paz em 2009 em virtude da sua determinação e
forte actividade diplomática para agilizar o processo de paz no Médio Oriente.

Para 2010 os economistas prevêem uma recuperação tímida da crise económica que ainda
assola a Humanidade.

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Conclusão

Depois da pesquisa e análise aos factos reunidos para elaborar este trabalho, sinto
necessidade de voltar à definição de cultura. Como adiantei na introdução a este trabalho, para mim
a cultura é a essência de uma sociedade.

Assim, e tendo em conta os factos reunidos, cheguei à conclusão que até ao século XX a
Humanidade viveu uma cultura de sobrevivência, de subsistência e continuidade. Durante o século
XX a cultura adoptada foi a cultura do poder e do medo.

Actualmente vivemos numa cultura de carência. O ser humano desconhece e nega a própria
identidade, por se sentir impotente para acompanhar o ritmo evolutivo do Mundo, acabando por
venerar e imitar aqueles que lhe parecem adaptados à vivência global.

Assim sendo, parece-me claro que a Humanidade se ressente da falta de conteúdo na sua
vivência actual. Para se lidar com tal situação é fundamental não deixar esgotar o stock de
informação e imaginação.

A imaginação e a informação permitirão ao Homem encontrar substitutos para muitos dos


recursos esgotáveis. Deverá estar também devidamente preparado para os safanões económicos que
essa substituição possa trazer.

Na era do conhecimento, a informação é um recurso cada vez mais importante. Logo, a


reestruturação da educação, da investigação, dos meios de comunicação e dos processos político-
sociais é primordial no desenvolvimento concertado da nova civilização.

Actualmente, a educação e os processos político-sociais estão obsoletos, aumentando assim a


probabilidade de contestação, instabilidade e descontentamento. Os meios de comunicação social de
hoje, sejam impressos ou electrónicos, são inteiramente inadequados para fornecerem a variedade
cultural necessária para a sobrevivência.

Assim surgirão meios de comunicação social interactivos e desmassificados, que fornecerão


imagística extremamente diversa e muitas vezes altamente personalizada para dentro e para fora da
corrente mental da sociedade.

Alguns dos problemas já existentes tendem a agravar-se, como a instabilidade ambiental e as


disputas entre raças, ideologias e classes.

Desta feita, tenho esperança que rapidamente a cultura de carência passe a uma cultura de
optimismo e intervenção consciente, de forma a responder positivamente aos problemas que a
Humanidade enfrenta.

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Bibliografia

História Ilustrada do Mundo – Selecções do Reader's Digest

Dicionário Ilustrado do Conhecimento Essencial – Selecções do Reader's Digest

Atlas da História do Mundo – Selecções do Reader's Digest

Os grandes acontecimentos do século XX – Selecções do Reader's Digest

A Segunda Guerra Mundial – Selecções do Reader's Digest

A Terceira Vaga – Alvin Tofler – Edição Livros do Brasil

Os Novos Poderes – Alvin Tofler – Edição Livros do Brasil

O Choque do Futuro – Alvin Tofler – Edição Livros do Brasil

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