Вы находитесь на странице: 1из 32

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Educação Sociedade e

Desenvolvimento. Sendo um portefólio, contêm todos as nossas reflexões realizadas tendo


em conta os artigos fornecidos pelos docentes da cadeira. Acreditamos que demonstra
claramente a nossa evolução nas áreas estudadas.
Portefólio de Educação Sociedade e Desenvolvimento

INTRODUÇÃO
O nosso trabalho encontra-se dividido em três partes. Na primeira tentaremos explicar a
ideia da ―Escola para Todos‖ e o consequente ensino para todas as crianças
independentemente da sua origem social e económica, assim como a relação professor-
aluno na realidade da escola de massas. Serão abordados temas referentes a outras leituras
relacionadas, efectuadas no contexto da disciplina para a fim de completar o tema
escolhido.
A segunda parte tem como base a adolescência onde focaremos fenómenos do percurso
individual de cada indivíduo com base na teoria psicossocial de Erik Erikson, objecto de
avanços científicos relevantes.
A terceira parte serve para tentarmos explicar o porquê da conjugação dos dois temas das
disciplinas, pois achamos que ambos se encontram intimamente ligados ao trajecto social e
pessoal de cada indivíduo.
ESCOLA PARA TODOS
―A escola é um momento do processo Educativo Global dos Indivíduos e das
colectividades‖ (Trilla, 1993)
Na era da multiculturalidade e globalização, é necessário encontrar novas estratégias
educativas, um novo contexto cultural e educativo que promova a personalização dos
indivíduos, indispensável na construção de uma identidade e na aquisição de saberes e
competências, que permitam o desenvolvimento e sobrevivência das culturas locais face à
massificação e discrepâncias sociais no ensino.
A relação entre o sistema de ensino e o escalão social do indivíduo foi desde sempre, um
grande factor de preocupação no universo escolar. Durante muito tempo este foi o
impulsionador directo no seu percurso de vida. As classes médias e altas desfrutavam de
um certo estatuto financeiro e social, que lhes permitia o acesso de um percurso escolar
mais completo do que os grupos sociais de escalão inferior, que tinham graves dificuldades
em usufruir da igualdade de direitos de aprendizagem na instrução escolar. O privilégio do
ingresso às Universidades era concedido às classes médias e superiores, assegurando
cargos mais altos no mundo laboral, enquanto que, as classes inferiores frequentavam
escolas técnicas comerciais e indust1riais, que davam acesso a cargos nos sectores
terciários e secundários. A organização da estrutura do mundo do trabalho era
hierarquicamente dividida mediante o estatuto social do indivíduo.
Actualmente, todos os alunos provenientes de várias classes sociais assim como de
diferentes etnias usufruem do mesmo sistema de ensino.
A escola massificada é a realidade actual do universo escolar, no entanto, este sistema
apresenta várias questões sociopedagógicas que determinam o sucesso ou insucesso
escolar e a inclusão ou exclusão social do indivíduo.
O processo educativo pode ser ameaçado por elevadas taxas de abandono, de absentismo,
por falta de interesse pelas matérias, por conflitos nas salas de aulas e recreios. Estas são
condições de sobrevivência escolar principalmente adjacentes aos grupos de classes
inferiores, que quando mal conduzidos ou estigmatizados relativamente ao seu extracto
social pelos educadores, podem conduzir a um ciclo vicioso do fracasso.
O sociologista Americano Howard Becker realizou uma investigação, com base em 60
entrevistas, acerca da relação e reacção dos professores, relativamente às diferentes
estruturas sociais dos seus alunos. Através das declarações de uma professora ao longo de
uma entrevista, conseguimos perceber o pensamento gerado por uma série de condições
sociais e educacionais no circuito familiar, que resulta no significado do ‗aluno ideal‘ e no
‗aluno não-ideal‘. Numa referência ao ‗valor escolar‘ das crianças de classe social inferior, a
professora relaciona os factores de influência educacional fora das aulas, tais como a falta
de hábitos de estudo, falta de interesse dos pais, assim como de educação, com a aptidão e
interesse das crianças para a aprendizagem, ―É difícil fazer alguma coisa com crianças
como estas. Elas simplesmente não correspondem.‖ (Carlos Alberto Gomes, ―A Interacção
Selectiva na Escola de Massas‖)
Em oposição surge o atributo contrário relativamente às crianças de classe social superior,
que por uma condição económica mais elevada, lhes é proporcionada a vantagem do
conhecimento e instrução através, por exemplo, de viagens feitas com os pais, de lugares
visitados, que possam surgir como tema educacional em sala de aula, permitindo-lhes uma
melhor interpretação do tema assim como um maior interesse na matéria. ―Elas visitam
lugares, e vêem coisas, e sabem do que tu estás a falar…Tu podes fazer mais com
‗material‘ como este.‖ (Carlos Alberto Gomes, ―A Interacção Selectiva na Escola de Massas‖)
O significado de ‗sucesso‘ para esta professora é determinado perante a classe social do
aluno. Torna-se mais simples e mais gratificante ensinar um aluno que vai de encontro ao
‗aluno ideal‘, onde a metodologia pedagógica se ajusta em conformidade com o
conhecimento do aluno, e justificar assim a ‗inadequação escolar‘ de certos grupos de
estudantes. A interacção entre professor e aluno cujas características socioculturais não
correspondam ao ‗aluno ideal‘ pode desenvolver consequências negativas para o percurso
escolar e social de muitos jovens.
A função de transmissão de referências de conhecimento e competências funcionais, de
forma a habilitar os indivíduos a poderem aprofundar e aplicar os conhecimentos e a
gerirem a sua inserção a nível profissional e social, é atribuída à escola.
As finalidades da escola e os seus efeitos desejados abrangem dimensões diversas, sociais,
culturais, produtivas e personalizadoras.
As funções da escola, para além das que estão apontadas nas suas finalidades, propendem
a assegurar a guarda das crianças enquanto os pais trabalham, assim como a função de
facultar os meios de obtenção de competências e títulos académicos, proporcionando a
possibilidade de mobilidade social ascendente.
O verdadeiro objectivo da escola e dos actores educativos é de mobilizar as finalidades e
funções da escola para que estas possam ir de encontro com a realidade educativa da
comunidade onde está inserida.
Deve haver a necessidade de mudança nas relações entre a instituição escolar e a
sociedade.
A escola deve conseguir dar a todos os alunos igual possibilidade de ter sucesso escolar,
trabalhando a heterogeneidade.
A preparação dos indivíduos a nível profissional na sociedade actual, a preparação para a
competição económica e o domínio de competências para aprender, conviver, colaborar,
etc., é exigido da escola, por isso, é colocado à escola o desafio de aceitar a
heterogeneidade, aceitar as diferenças de cada um, para que estas passem de barreiras a
um contributo ao conhecimento.
Esta instrução permanente deve actuar nos diversos espaços da escola (formais, não
formais ou informais) nos quais se constroem as relações entre os indivíduos, incorporando
a diversidade como elemento constitutivo da realidade humana e a igualdade como eixo
estruturante das relações sociais e interpessoais. Torna-se necessário promover novas
metodologias pedagógicas, que visem desenvolver as capacidades de cada que cada um
deles, de forma a combater o insucesso escolar, e para que possam sentir que algo lhe
compete fazer para o progresso da comunidade.
Embora e educação de um individuo não seja de total responsabilidade da escola, esta é
talvez a de maior importância, assim sendo um professor deve ter consciência da sua
condição de educador, não se limitando apenas a desenvolver um determinado conteúdo
programático, independentemente do grau de ensino em que actue.
O sucesso de um indivíduo é resultante de diferentes variáveis, a flexibilidade de
intervenção tendo em conta o quotidiano do aluno, as suas atitudes e o seu progresso de
desenvolvimento, pode desencadear resultados muito mais produtivos tanto a níveis
escolares como sociais.
Se um professor estabelece à partida um juízo relativamente a um aluno, ele age consoante
o comportamento do mesmo, por efeito dos seus processos de aprendizagem, de modo a
obter uma justificação para o juízo que previamente estabeleceu. Assim, se o juízo for
favorável, haverá da parte do professor uma mudança de atitude num sentido positivo de
modo a suscitar no aluno verdadeiras performances.
Manifestar expectativas positivas em relação aos alunos pode conduzir a um tipo de
relacionamento que reforce a aprendizagem, que incuta incentivos e que promova a
vontade de aprender.
Mas como o insucesso escolar não pode ser analisado apenas do ponto de vista do modo
de intervenção da escola, deve ser tomado como algo complexo que resulta de
disfuncionalidades presentes no indivíduo, escola e sociedade e da forma como se
articulam.
Para termos em conta a complexidade do problema, basta saber que existem alunos
‗inteligentes‘ que fracassam, e alunos mais modestos intelectualmente que obtêm sucesso,
alunos pobres e de meios degradados que são bem sucedidos, enquanto outros mais
abastados e de ambientes favorecidos podem não ter sucesso.
Esta é uma prova de que estão em causa vários factores, que não se encontram isolados
entre si, mas sim inter-relacionados. Podemos assim afirmar que o meio ‗faz‘ a pessoa e a
pessoa ‗faz‘ o meio.
A ADOLESCÊNCIA SEGUNDO A TEORIA PSICOSSOCIAL DE ERIK ERIKSON
No ponto dois, o foco da nossa reflexão recai sobre os adolescentes, porque achamos que
são eles, que mais modificações sofrem ao longo dos estádios de desenvolvimento. E de
uma certa maneira ao chegarem ao 3º ciclo, não chegam todos com a mesma bagagem,
que seria de esperar com a massificação da escola.
Só no século XX é que viria a ser reconhecido um estádio de transição entre a criança e o
adulto, até lá, e durante três séculos não se fazia qualquer distinção particular em termos
de capacidade e da sua problemática típica, o indivíduo adolescente já não é tido como um
adulto em miniatura. A adolescência alcançou então um estatuto de período específico no
percurso de desenvolvimento humano. Período muito mais complexo do que o da infância.
E durante o qual o individuo se desenvolve de maneira especial e caminha gradualmente
para encontrar o seu lugar na sociedade adulta. No decorrer do século XX é que houve
necessidade de manter o indivíduo adolescente afastado do mundo do trabalho e de
prolongar a sua escolaridade. Inicialmente era só uma minoria restrita e privilegiada que
reconhecia essa importância, com o passar do tempo vai progressivamente ser reconhecida
devido a um conjunto de factores de ordem diversa, essencialmente socioeconómica e
cultural.
Um dos mais conhecidos investigadores sobre a problemática da adolescência é Erik
Erikson. Segunda a sua teoria, este período de vida é tido como um período de crucial
significado para todo o percurso de vida posterior. Considera-o como o tempo de
formação da identidade psicossocial. Simultaneamente, considera-o como uma espécie de
pausa forçada, uma ―moratória‖ imposta pela sociedade e em que a experimentação de
papéis pelos indivíduos adolescentes e jovens seria benéfica. Na perspectiva, duramente o
ciclo de vida humana, vão emergindo em certos períodos críticos do desenvolvimento,
‗qualidades do eu‘, através das quais o indivíduo vai adquirindo as capacidades para
integrar as mudanças que se vão operando no seu próprio organismo, no sistema
relacional onde vive e onde se integra. Esses períodos críticos sucedem-se uns aos outros,
como passos sucessivos no processo de desenvolvimento psicossocial do indivíduo. Cada
indivíduo, deve por isso ir ultrapassando cada um desses conflitos de modo a atingir um
equilíbrio entre as memórias e as experiências que possui e já viveu e aquelas que se
apresentam de novo, as novas perspectivas que lhe são proporcionadas pelo complexo
leque de mudanças de que está sendo alvo.
Para Erikson, o conflito nuclear da crise de identidade acontece, precisamente, na
adolescência e corresponde ―à 5ª idade do Homem‖. Nesta crise incorporam-se elementos
de todas as outras crises vividas anteriormente. Já passaram, no percurso de vida anterior,
quatro conflitos nucleares e a atracção regressiva para esses quatro conflitos anteriores
contribui decisivamente para o desenrolar ―da crise de identidade‖, ou seja, a etapa do
desenvolvimento que antecede a entrada no estado adulto. Na perspectiva eriksoniana,
crise tem o significado de uma fase normal de crescente conflito no indivíduo, significando
flutuações na confiança em si próprio e num vasto potencial de crescimento que também
se está a verificar consigo. O indivíduo, ao recapitular quatro conflitos nucleares passados,
encontra, no potencial positivo ou negativo que deles resultou, facilidades ou dificuldades
ou mesmo incapacidades, para a realização do processo de integração indispensável à
formação do sentimento da própria identidade. Sentimento que requer não só o sucesso na
solução dos conflitos relacionados com os estádios ou as idades que antecedem o final da
infância, como, também o sucesso de outros três conflitos respeitantes a estádios que se
seguirão à adolescência. Os sete conflitos a ultrapassar, assim concebidos por Erik Erikson,
são os seguintes:
PERSPECTIVA TEMPORAL / CONFUSÃO TEMPORAL
Deve haver uma coordenação entre passado e futuro procurando ligar a sua história prévia
aos futuros projectos. Os esforços do adolescente para colocar a sua própria vida numa
perspectiva temporal baseiam se no conflito nuclear original. A experiência do tempo
provém da adaptação do bebé aos ciclos iniciais de tensão das necessidades: a partir das
idas e vindas daqueles que cuidam dele, aprende a ‗confiar‘ no facto de que elas
reaparecerão ou será vítima de uma ‗desconfiança‘.
AUTO CERTEZA / INIBIÇÃO
O jovem deve acreditar que, em concordância com todo o seu passado, se propicia o
alcance dos seus objectivos na idade adulta (auto certeza). Ele apoia se no sentimento
básico de autonomia que emergiu durante a Segunda crise de infância e, se não há um
reconhecimento de si mesmo como um ser autónomo, surge a inibição relembrando a
vergonha e dúvida do estágio primitivo.

EXPERIMENTAÇÃO DE PAPEL / FIXAÇÃO DE PAPEL


Durante a adolescência ocorre uma experimentação de papéis geralmente de acordo com
as regras tradicionais das sociedades adolescentes. Estas experimentações relembram as
explorações de papéis infantis, e pode ocorrer a iniciativa que leva a todas as possíveis
escolhas ou o sentido de culpa que impede o sentimento de posse interna, bloqueando as
possibilidades e levando a um tipo de fixação de papel (identidade negativa).
APRENDIZAGEM / PARALISIA OPERACIONAL
A escolha profissional constitui um elemento relevante na emergência da identidade do
jovem, mas apoia se nas capacidades adquiridas durante o estágio anterior. O sentido de
inferioridade leva a uma paralisia operacional no adolescente enquanto que o sentimento
de produtividade leva a uma exploração da sua vocação futura.
POLARIZAÇÃO SEXUAL / CONFUSÃO BISSEXUAL
O adolescente passa por uma antecipação da futura intimidade heterossexual, que deverá
ser alcançada no começo da idade adulta. Ocorre uma polarização sexual que presume a
clara identificação com um dos sexos e que levará ao sentido próprio de identidade. A
confusão bissexual revelada por uma insegurança pode ser expressa por um prematuro
início da intimidade física ou o evitar do contacto sexual. Não são incomuns períodos de
actividade genital promíscua, abstinência sexual ou jogo sexual sem empenho genital,
como períodos de ajustamento temporários, mas que permitirão o estabelecimento de um
equilíbrio, mais em direcção à intimidade do que ao isolamento.
LIDERANÇA E SECTARISMO / CONFUSÃO DE AUTORIDADE
A expansão dos horizontes sociais do adolescente e a sua participação na comunidade,
ajudam-no a determinar como ele enfrentará a crise da generatividade versus estagnação
na meia-idade. Ele aprenderá a tomar a responsabilidade de liderança ou experimentará
um sentido de confusão de autoridade (o estado, a sua namorada, os seus pais, o seu
patrão, os seus amigos têm um impacto sobre ele). Para resolver a confusão, ele deve
comparar os valores divergentes com os seus e formular a sua crença pessoal.
COMPROMETIMENTO IDEOLÓGICO / CONFUSÃO DE VALORES
O Adolescente deve acreditar que os seus próprios objectivos (o que fez, o que faz e o que
pretende fazer) são significativos no contexto da sociedade, que esta os aprova e lhe dá
apoio. Assim poderá chegar a uma ideologia pessoal que o ajuda a evitar a confusão de
valores. Para Erikson esta crise prenuncia o conflito da integridade versus desesperança, na
medida em que uma ideologia ou filosofia pessoal facilita ao jovem resolver conflitos
nucleares do ciclo vital, permitindo um sentido de integridade na velhice.
Para esta teoria não há outro período de vida em que o indivíduo tenha uma capacidade de
avaliação tão precisa e tão intensa da sua condição de ser único, de ter um passado que é
único e de necessitar de um objectivo de vida futuro que compatibilize esta unicidade. É
um estádio do desenvolvimento humano que integra elementos de todos os outros
estádios anteriores e posteriores, onde o indivíduo faz recapitulações e elabora
antecipações. É um período decisivo para o desenvolvimento da personalidade e para a
formação do sentido de identidade.
Um bom e integrado sistema de identidade é experimentado como uma ‗sensação de bem-
estar psicossocial‘ as suas componentes básicas são o sentimento de se ‗estar em casa‘ no
seu próprio corpo, um sentimento de saber para onde se vai e uma certeza íntima de
reconhecimento antecipado por parte daqueles que ‗contam‘. (Erikson, 1973).
CONCLUSÃO
Os temas abordados foram reflectidos como duas partes integrantes da evolução social e
individual da criança e do adolescente. Ambos os percursos parecem ter uma ligação
vinculada no desenvolvimento de cada indivíduo que devem ser tidos em conta como parte
integrante do crescimento psicossocial.
Consideramos que a criança e o adolescente em idade escolar estão numa fase crítica do
seu desenvolvimento e que devemos atender em parte às divergências que podem surgir
no percurso normal escolar, que pode ser provocado por diversos factores como vimos na
primeira parte do trabalho, assim como nas capacidades de cada um na sua transição
natural entre estádios.
A escola é hoje um lugar privilegiado de vivência da adolescência. É o espaço físico, social,
humano e também ideológico, visto ser a escola o lugar das ideias por excelência, o lugar
da sua transmissão, do seu debate da sua assimilação ou rejeição, em que a adolescência
acontece durante muitas horas de quase todos os dias, em inúmeros casos ate aos 17 ou
18 anos de idade.
Nesse sentido, o ambiente educativo a criar na escola, terá que ter necessariamente em
conta desafios tais como, olhar para o adolescente na sua necessidade de desenvolvimento
situado no cruzamento das linhas da consolidação da identidade e da capacidade de inter-
relação, catalisar o seu processo de descoberta de si próprio como pessoa única, valiosa e
digna, possibilitar o contacto pessoal e estável com figuras significativas bem como o
confronto com valores, atitudes e ideias que poderão dar sentido e objectivos à sua vida.
Esse ambiente educativo deverá proporcionar ao adolescente a possibilidade ao encontro
consigo mesmo, num contexto simultaneamente protegido e aberto que lhe dê todo o
tempo necessário para se ir consolidando como pessoa sem ter que esconder ou recalcar,
ou converter em agressividade descontrolada, as suas fragilidades, dúvidas e descobertas.
REFLEXÕES TEXTOS
SOCIOLOGIA
ESCOLA, CIDADANIA E EDUCAÇÃO DE VALORES DEMOCRÁTICOS
CARLOS ALBERTO GOMES
―A cultura política de uma sociedade democrática é sempre marcada por uma diversidade
de doutrinas políticas, religiosas, filosóficas e morais, opostas e irreconciliáveis‖. John
Rawls (1997, p.33)
INTRODUÇÃO
Na história social podemos assinalar vários tipos de democracia, tais como a democracia
representativa multipartidária, democracia representativa unipartidária, democracia
participativa ou democracia directa.
É assente neste facto histórico, que este texto é desenvolvido por Carlos Alberto Gomes,
acerca da relação entre a escola e os regimes políticos democráticos, a partir da sua própria
identificação ideológica e política, com a democracia liberal representativa. Na sua opinião,
Carlos A. Gomes pensa que os valores e ideais em que o governo se fundamenta, podem
constituir uma das mais relevantes referências para o trabalho a desenvolver nas escolas
em proveito do desenvolvimento e consolidação de uma cultura e cidadania democráticas.
DEMOCRACIA POLÍTICA E CIDADANIA DEMOCRÁTICA
Em diferentes áreas geográficas do mundo a democracia liberal representativa é detida
como modelo da democracia. As ―democracias populares‖ que governam sociedades com
estruturas políticas e legais e valores ético-culturais, são muito diferentes das democracias
―ocidentais‖.
Torna-se estranho para um cidadão que vive num regime político pluralista, onde o
governante é eleito por eleições livres e de voto secreto, que os regimes de partido único
se apresentem como democracias, onde não existem os aspectos estruturantes da
democracia política.
A democracia liberal representativa representa uma forma particular (não universalizada) de
organização social e política, que, tal como explica Espada, assenta em cinco regras como
o ―sistema mínimo de garantias‖. A primeira seria que o povo é a única fonte de soberania
que legitima os governantes, a segunda exige que os poderes sejam divididos para que não
haja hipótese de um só homem ou instituição concentrar em si todos os poderes, a terceira
exige que os candidatos não sejam apenas eleitos, mas que sejam eleitos em candidaturas
alternativas entre si e que estejam em igualdade para disputar o eleitorado, a quarta exige
a disponibilidade de alternância entre os eleitorados para que ninguém prolongue
definitivamente a sua passagem pelo poder, e por último a quinta regra exige que os
poderes sejam permeáveis à observação e controlo público.
Perante estas regras, a questão proposta é se torna possível desenvolver uma cultura e uma
cidadania democráticas, em regime de partido único, sem a presença de direitos, como por
exemplo o de liberdade de opinião. No entanto também só podemos falar de cidadania
democrática quando um cidadão está ligado um conjunto de direitos e deveres políticos e
sociais.
Popper explica que a democracia política é absolutamente decisiva, e que não pode ser
considerada um mero artifício formal. A ‗simples liberdade formal‘, como descrevem
depreciativamente os Marxistas, é a democracia, os direitos do povo para a protecção do
abuso do poder político, ― …é o controlo dos governantes pelos governados.‖ Popper
(1993, p.125)
A FORMAÇÃO DEMOCRÁTICA DAS JOVENS GERAÇÕES
As sociedades organizadas com base na democracia, devem-se auto-preservar. Os jovens
conquistados para os valores e os ideais democráticos, podem evitar ser ideologicamente
manipulados por ideologias antidemocráticas.
Para Bouthoul (1976, p.97), a actividade da democracia está unida à educação de massas,
através de dinamismos em vários contextos sociais, como em âmbito familiar, rádio,
televisão, associações, etc., que contribuam para a formação cívica e democrática dos
cidadãos, para que possam formar uma opinião livre e bem formada.
Entre estes contextos sociais salienta-se um dos maiores agentes de socialização, que é a
escola, onde é fornecida a possibilidade de uma acção formativa consistente e duradoura.
Ao determinar uma ligação entre cidadania democrática e democracia, Paixão (2000, p.11)
diz que é às instituições de socialização que compete formar as crianças e jovens para a
cidadania democrática. Embora alguns regimes políticos autoritários tivessem usado a
educação escolar para fins ideológicos, hoje os valores de direitos políticos e sociais devem
ser cultivados a fim de contribuir para um consenso social.
Torres (2001, p.183), realça a importância da acção educativa para a formação de gerações
aconselhadas de cultura e convicções democráticas, afirmando que ―…a construção do
cidadão democrático implica a construção de um sujeito pedagógico.‖. Assim o cidadão,
através de uma atitude responsável e apta, pode escolher o seu governo e fiscalizá-lo.
ESCOLA E EDUCAÇÃO DE VALORES DEMOCRÁTICOS
Segundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, o ponto 2 do capítulo 1.º explica que o
sistema educativo garante uma permanente acção formativa, a fim de favorecer o
desenvolvimento global da personalidade.
A escola pode tornar-se num contexto favorável, numa acção persistente no plano da
formação cívica democrática e humanística das jovens gerações prestando um importante
serviço à democracia, sabendo no entanto, que processos pedagógicos podem ser
utilizados para se desenvolver a cultura democrática.
Recorrendo a dispositivos pedagógicos que sejam apelativos e que façam sentido na
realidade actual dos jovens, é possível fazer com que jovens e crianças de grupos sociais e
culturais heterogéneos terem a oportunidade de serem integradas numa estratégia de
construção do cidadão democrático.
São muitas as práticas que podem trilhar o caminho do espírito democrático e pluralista,
fazer os jovens conhecer as diferentes realidades sociais democráticas, promover o debate
e o funcionamento de lógicas democráticas, conhecer a história da democracia, perceber as
diferenças entre ditadura e democracia, etc., são algumas das alternativas de acção dos
quais se podem esperar resultados positivos na construção e consolidação de uma cultura
democrática e da formação cívica das jovens gerações.
CONCLUSÃO
Seria muito importante para uma auto-preservação da sociedade democrática, que uma
estratégia educativa resultasse em gerações de cidadãos cultural e ideologicamente
identificados com as sociedades organizadas, com base num quadro de referência ético-
política estruturado em valores democráticos e humanistas.
A INTERACÇÃO SELECTIVA NA ESCOLA DE MASSAS
CARLOS ALBERTO GOMES
INTRODUÇÃO
Um Estudo realizado por Howard Becker (com base em 60 entrevistas a professores), a fim
de revelar a capacidade de interacção professor-aluno, mediante o escalão da estrutura
social do aluno, e a compreensão do complexo mundo da educação escolar através das
questões aqui propostas, são a base desta reflexão desenvolvida por Carlos Alberto Gomes.
Na actualidade, a escola de massas junta lado a lado crianças e jovens de várias classes
sociais e provenientes de diversos grupos étnicos. No entanto, no passado, o escalão social
dos jovens estudantes, traçava a linha de progressão nas suas estruturas ocupacionais e
sociais. As classes inferiores eram instruídas em escolas industriais, comerciais ou técnicas,
e as classes médias e superiores usufruíam do privilégio ao acesso Universitário, tendo
assim a oportunidade de uma ascensão a níveis superiores. A própria estruturação do
sistema educativo contribuía para a diferenciação na composição social.
Existem muitos outros factores que contribuem para a diferenciação social, como por
exemplo, o nível de intensidade de ‗investimento‘ a realizar pela escola para a consolidação
e compreensão da diversidade social e cultural no ensino.
O acesso generalizado à escola, revela novos problemas, o consecutivo fracasso escolar, de
crianças e jovens pertencentes, principalmente, às classes inferiores, as mudanças do
processo educativo com que os professores se deparam perante a população escolar
heterogénea, assim como a diferenciação de relação entre professor-aluno estabelecida
perante os diversos tipos sociais dos estudantes.
OS CLIENTES ―IDEAIS‖ DA ESCOLA DE BECKER
Embora se possa pensar que a escola massificada serviria apenas para ensinar, Howard
Becker mostra-nos através do seu estudo, que não as coisas não são assim tão simples.
Para Becker, a adaptação dos educadores aos diversos grupos sociais pode causar alguns
problemas, já que alguns alunos se distanciam dos padrões de ‗cliente ideal‘, que consiste
num aluno que corresponde às expectativas do professor, facilitando assim a relação entre
ambos, e o modo como os professores concebem e organizam o seu trabalho. Se o aluno
se aproxima deste modelo, não haverá complicações entre a relação professor-aluno, tanto
a nível de ensino como de aprendizagem. No entanto, a diversidade de culturas de várias
classes sociais, podem tornar o trabalho do professor extremamente difícil.
Durante o decorrer de uma entrevista a uma professora de alunos de classes diversificadas,
comparando o ‗potencial académico‘ dos seus alunos refere que os alunos de escalão social
inferior, pela falta de hábitos de estudo, o desinteresse dos pais, etc., são factores que
destabilizam a prática de aprendizagem e ensino, ficando assim estabelecido pela
professora as características do ‗aluno não ideal‘.
Por outro lado, os alunos pertencentes às classes médias e altas usufruem dos privilégios
económicos dos pais, que lhes proporciona uma vantagem de conhecimento, relativamente
aos colegas de escalão inferior, através de experiencias, como por exemplo viagens a locais
que possam surgir como matéria em sala de aula. Estes são os ‗alunos ideais‘, muito mais
receptivos acerca dos temas dados pelo professor, facilitando assim amplamente o seu
trabalho como educador. A professora demonstra que ela própria desvaloriza a capacidade
que certos grupos sociais têm de produzir ‗bons clientes‘, alunos que correspondam à sua
definição de ‗sucesso‘, não se trata de duvidar da capacidade profissional, mas sim
justificar tais resultados com base na suposta ‗inadequação escolar‘ de certos grupos de
estudantes.
Oliver Banks refere que é frequentemente referido que os professores descriminam
inconscientemente, especialmente aquelas de estratos mais baixos, provavelmente devido
à sua própria posição social e à adopção de valores da classe média.
Na investigação de Becker, podemos perceber quais os valores, hábitos e modelos de
comportamento, que são valorizados pelo professor na construção de imagens sócio-
escolares sobre os alunos, e os principais problemas apontados foram, o da instrução,
cujos hábitos e ausência de treino familiar para a escola não facilitavam a actividade da
professora, da falta de disciplina, associada principalmente a grupos sociais inferiores onde
desde cedo contactam com variadas formas de violência, resultando num certo potencial de
conflito com o professor, e da aceitabilidade moral, porque frequentemente adquirem
certos hábitos como fumar e beber, que ultrapassam certas barreiras morais. A conjugação
de vários aspectos referenciados possibilita a formação de imagens polarizadas.
Concluindo este ponto e fazendo a ligação para a parte seguinte do artigo, Carlos A.
Gomes questiona se os alunos a que são atribuídas expectativas positivas e sucesso
académico, vêm acrescidas as suas possibilidades de êxito, se no caso contrário se
desenvolve um processo que conduz ao fracasso e se a avaliação intuitiva dos professores
aos estudantes, condiciona os seus resultados escolares.
A INTERACÇÃO NA SALA DE AULA – A PROFECIA QUE SE AUTO-REALIZA
Procurando explicar o fracasso escolar que afectava as crianças e jovens de certos grupos
sociais e étnicos (maioritariamente criança negra e porto-riquenha) no sistema norte-
americano, Robert Rosenthal e Leonore F. Jacobson, editaram um artigo intitulado ―Teacher
expectations for the disadventeged‖, onde colocam a questão de serem as características
económicas e culturais que explicam as deficiências ou se será pelas reacções dos
professores a essas características.
Estes mesmos autores realizaram uma experiência em Oak Schoool para explicar o fracasso
escolar desses grupos, insistindo na ideia que este se devia a um conjunto de factores
ligados ao tipo de socialização familiar das crianças, assim novas estratégias foram
desenvolvidas para as crianças com dificuldades de integração, consideradas essenciais
para uma bem sucedida integração escola, a chamada educação compensatória. A escola e
a sociedade global ficaram fora de questão, o termo privação cultural tornou-se popular
entre os pedagogos para definir o complexo de variáveis no atraso da criança, o argumento
é que a escola serve para transmitir valores dominantes e que o fracasso da recepção das
crianças resulta da falta da capacidade educativa. No entanto, Basil Bernstein, critica esta
educação compensatória, afirmando que se as expectativas em relação às crianças forem
baixas, elas certamente corresponderão a essas expectativas.
O modo como os professores concebem o seu trabalho, são estruturados por indicadores
de classe social e status social dos alunos, o sexo, a religião, os padrões de linguagem, e
que constituem aquilo que Goffman chamou de ―fachada pessoal‖.
Para Sara Delamont, estes indicadores, são sem dúvida usados pelos professores como
reforço de estereótipos, que variam consoante a geografia, nos U.S.A. são os alunos
mexicanos, porto-riquenhos e negros que carecem desta estigmatização, mas na Grã-
Bretanha por exemplo, são os jovens vindos das Caraíbas ou asiáticos, ou seja, os tipos de
interacção diferenciada, variam consoante a valorização ou não da cultura dos diversos
grupos sociais do alunos pelos professores.
Um sociólogo norte-americano Ray C. Rist, conduziu uma investigação que consistia em
ficar uma hora e meia numa sala de aula, duas vezes por semana com as crianças e a
professora e através de informações acerca dos alunos, tais como nome, idade, local de
residência, recursos económicos, hábitos comportamentais, etc., de modo a perceber a
relação concebida pela professora segundo o status social das crianças. A professora não
só já tinha a estabelecido a relação entre o seu próprio conceito de ―cliente ideal‖, como
organizava a interacção da sala de aula com base num deliberado modelo de estratificação
social.
Perante estes dados, o que se percebe é que os alunos que são rotulados negativamente
desde o inicio, dificilmente se despegarão deste estigma, assim sendo, como raramente
terão possibilidade de ascender a um estatuto escolar superior, serão sempre maus alunos.
Para concluir, compreendemos as implicações das expectativas dos professores no
desempenho das suas funções, a ‗interacção selectiva‘ – tratamento humano e pedagógico
diferenciado em função do estatuto social, consoante os alunos se ajustarem ou não aos
estereótipos de ‗bom‘ e ‗mau‘ aluno – se concretizam ao nível da interacção na sala de
aula, que faz com que as oportunidades de sucesso sejam conduzidas pelo seu estatuto
social.
Assim a escola desempenharia um papel fortemente selectivo e discriminatório a uma parte
da população, contribuindo para a descriminação e para a desigualdade social e para a
impossibilidade de realização pessoal e concretização social que a escolarização poderia
tornar realidade.
CONCLUSÃO
No contexto da escola de massas, a carreira escolar e social de muitos jovens pode correr o
risco de falhar porque a sua condição social não corresponde aos parâmetros do ‗aluno
ideal‘ e a interacção dos professores com os mesmos também não ajuda à sua inclusão.
Interessa saber também, se os profissionais do ensino estão preparados para enfrentar
humana e pedagogicamente os problemas da escola de massas.
Embora nem tudo dependa da formação, a organização de esquemas de funcionamento
contribui igualmente para as desigualdades, mas desenvolver estas questões na formação
profissional dos professores, para que antecipadamente se desenvolvam atitudes e
metodologias pedagógicas para uma melhor adaptação às realidades pode ser o ponto de
partida para o fim de todas estas estigmatizações.
FUTUROS PROVÁVEIS
UM OLHAR SOCIOLÓGICO SOBRE OS PROJECTOS DE FUTURO NO 9.º ANO
SANDRA MATEUS
Neste artigo analisam-se os projectos escolares e profissionais de alunos do 9º ano e a
forma como a própria escola tende a potenciar o papel da família relativamente às opções
escolares e profissionais.
Ao finalizarem o percurso da escolaridade obrigatória e caso os estudantes pretendam
prosseguir os seus estudos, o 9º ano de escolaridade é o ano decisivo para a continuação
do seu caminho formativo – continuar o ensino geral, ou optar pelo ensino tecnológico ou
profissional. Assim, a escola apresenta-se como um ―lugar de transmissão e aquisição de
saberes mas, também, da construção de futuros socioprofissionais‖ (p.117).
Na projecção do futuro educativo e profissional, não só é importante a influência cultural e
simbólica, geradas principalmente no seio das famílias de origem, mas também noutros
contextos de socialização, como a escola ou o grupo de amigos.
Para se verificar até que ponto todos estes elementos são importantes, a autora fez um
estudo numa escola, e seleccionou duas turmas do 9º ano de uma escola de Lisboa, uma
caracteristicamente constituída por alunos com ―Bom aproveitamento escolar‖, com um
baixo índice de reprovação e outra, caracterizados por ―Insucesso escolar‖ e reprovação. A
conclusão tirada é que a primeira integra jovens provenientes de famílias com elevado nível
intelectual e científico, a segunda, alunos com origens no operariado.
Os jovens com proveniências sociais mais favoráveis preferem dar continuidade à sua
carreira escolar no ensino secundário através do ensino geral e ambicionam obter um título
académico, ―a relação estreita entre a condição da família de origem e a condição social dos
próprios jovens, ajuda a compreender as trajectórias que os mesmos projectam‖ (p.121).,
em contra partida, os filhos de famílias operárias, que desejam seguir os estudos pela via
do ensino tecnológico e profissional, apenas visam concluir o ensino secundário ―já que os
jovens de meios populares conhecem menos profissões prestigiadas, valorizam-nas menos
e atribuem a si mesmos menos competências para as desempenhar‖ (Huteau,1992, p.121).
Conforme a autora analisa e de acordo com Machado Pais (1994, p.127), para alguns
jovens menos favorecidos, a maior preocupação nestes grupos é obtenção de
compensações monetárias, para ajudar o rendimento familiar e ter acesso a um
determinado consumismo. Muitas das vezes ―os que desejam prosseguir os seus estudos
ao nível superior não são necessariamente os que detêm o melhor nível de aproveitamento,
o que levanta novas interrogações sobre quais os referentes condicionantes destas
aspirações‖ (p.127).
Mas acima de tudo, as disposições de classe, a forma como o aproveitamento escolar ―a
influência da origem social nas opções é tanto maior quanto mais baixo for o
aproveitamento‖ (p.126) vêm originar o modo como os alunos representam as suas
capacidades e possibilidades formativas. O tipo de actividades profissionais que desejam
realizar e o tempo que estão dispostos a esperar para acederem ao mercado de trabalho,
são factores determinantes para a
explicação a diferença de objectivos de cada turma.
A família, a orientação escolar, pessoas que estejam afectivamente relacionados aos jovens
no quotidiano são os principais impulsionadores para as decisões dos jovens no seu
prosseguimento futuro (p128).
As realidades profissionais dos pais, nas classes mais favorecidas, constituem uma fonte de
inspiração nos jovens que os vai transformar em pessoas mais seguras e determinadas o
que não acontece nas classes com menos recursos.
―A escola assume um papel incontornável e estruturante nos processos de escolha dos seus
alunos. Os currículos propostos e a sua maior ou menor complexidade são um dos
elementos considerados de maior peso na consideração das escolhas escolares. Para
alguns autores, será através dos currículos que os alunos procederão ao que denominam
como ―escolha negativa‖: o fenómeno da selecção por eliminação (Berthelot, 1993; Duru e
Mingat, 1987; Dubet, 1994, Coleman e Husén, 1990‖.
Após traçar uma tipologia dos projectos formativos e dos perfis sociográfico que subjazem
aos mesmos, a investigadora conclui que as sociabilidades na escola poderiam assumir
uma maior relevância no polimento das disposições dos alunos e no alargamento do
sistema de referências que herdaram por via familiar, na medida em que as sociabilidades
escolares parecem assumir um papel de relevo na definição dos seus projectos escolares e
profissionais.
Pelo facto de as turmas serem, muitas vezes, elaboradas de acordo com a área de
residência e com o aproveitamento escolar dos alunos, elas acabam por homogeneizar o
perfil sociográfico destes e privar a possibilidade de existir um enriquecimento dos seus
projectos e expectativas (pelo menos, dos alunos com proveniências sociais mais
desfavoráveis).
REFLEXÃO
A autora, Sandra Mateus através do seu estudo e investigação, pretendeu levar-nos a
reflectir acerca papel fulcral que a família ainda continua a ter no desenvolvimento dos
jovens, não só no desenvolvimento intelectual como também na projecção do seu próprio
futuro.
A escola, através da socialização é também um trampolim para que os jovens consigam
atingir os seus objectivos mas poderia ser um veículo mais activo na projecção do futuro
dos jovens.
IDENTIDADES JUVENIS E DINÂMICAS DE ESCOLARIDADE
A relação entre jovens, «identidades juvenis» e escolas, «dinâmicas de escolaridade» vai ser
a articulação central deste estudo.
Segundo Pedro Abrantes a escola está cada vez mais presente no quotidiano juvenil.
Parte deles sentem o processo de escolaridade como uma imposição, uma violência a que
se resiste ou que se abandona, para outros esse processo é um suporte fundamental na
construção do percurso de vida e do projecto identitário. Para cada um destes casos, a
escola constitui hoje um alicerce fundamental no desenvolvimento dos jovens na medida
em que é nela que planificam o seu trajecto e projectos.
O primeiro conceito «identidade juvenil», é definido como «o processo extremamente
complexo através do qual os indivíduos se constroem a si próprios (…) no decorrer da sua
vida quotidiana» (p.94) (Gidddens, 1994).
A escola é, enquanto realidade social, construída pelas relações e respectivas acções entre
alunos, professores e funcionários.
A sociologia da educação e a sociologia da juventude são dois campos sub disciplinares da
sociologia que estudam o tratamento dos jovens alunos. Como Pedro Abrantes afirma, «as
referências, linguagens e descrições são tão divergentes que, por momentos, se chega a
suspeitar que os alunos dos estudos sobre educação e os jovens dos estudos culturais não
são os mesmos actores» (p.93).
O autor privilegia a «experiência escolar» como contexto de observação adequado ao
apuramento das posições e disposições dos jovens relativamente à escola. Nesta pesquisa,
posições e disposições são entendidas como resultantes da interacção quotidiana entre
jovens e a escola, o que se por um lado, permite circunscrever um núcleo de conceitos
centrais, por outro, sugere pistas metodológicas mais adequadas à captação do objecto.
Como afirma, «as referências, linguagens e descrições são tão divergentes que, por
momentos, chega-se a suspeitar que os estudantes dos trabalhos sobre educação e os
jovens dos estudos culturais não se tratam dos mesmos actores» (p. 93).
Pedro Abrantes procede à justificação desta afirmação, recorrendo a uma análise crítica de
algumas das mais consagradas teorias desenvolvidas quer pela sociologia da educação,
quer pela sociologia da juventude, mobilizando ainda pesquisas e desenvolvimentos
teóricos mais recentes. Daqui resulta uma viagem pela teoria da reprodução, pelos
trabalhos da «nova sociologia da educação», pelos estudos associados às «novas
desigualdades» — como o género e a etnia — no espaço escolar, pelas teorias relativas ao
universo cultural juvenil, concluída pela apresentação de novas tendências e correntes que,
sobretudo originadas do lado da sociologia da educação, tentam reflectir articuladamente
contextos escolares, condições estudantis e identidades juvenis, abrindo novas pistas para
a pesquisa empírica.
Inspirando-se no trabalho homólogo de Dubet e Martuccelli (1996), Pedro Abrantes
privilegia a «experiência escolar» como contexto de observação adequado ao apuramento
das posições e disposições dos jovens face à escola. Nesta pesquisa, posições e
disposições são entendidas como resultantes da interacção quotidiana entre os jovens e a
escola, o que, se, por um lado, permite circunscrever um núcleo de conceitos centrais, por
outro, sugere pistas metodológicas mais adequadas à captação do objecto.
O conceito «identidade juvenil», é definido como «o processo extremamente complexo
através do qual os indivíduos se constroem a si próprios […] no decorrer da sua vida
quotidiana» (p. 94), passível de assumir múltiplos contornos resultantes dos diversos
campos sociais em que, simultaneamente, o indivíduo se move.
De acordo com Abrantes, o contexto de origem, o universo juvenil e a própria escola é
hoje primordial no processo da estruturação das identidades juvenis.
É no decorrer das práticas quotidianas, socialização, que os indivíduos vão adquirindo
linguagens e disposições que lhes vai permitir definir a sua própria identidade para se
integrarem num grupo social ou comunidade. Assim, o percurso escolar em que se dá o
processo de socialização por excelência é marcado não por uma interiorização passiva de
normas e valores, mas pela participação cultural e consequente construção de identidades
e estratégias através de processos de integração, exclusão e distinção.
Quanto às «dinâmicas de escolaridade», elas referem-se aos «fluxos cruzados que se
desenvolvem nos estabelecimentos de ensino e que enformam e condicionam o percurso
escolar dos jovens» (p. 97). Elas podem impulsionar e estruturar identidades, culturas e
trajectórias juvenis.
A relação dos jovens com a escola é sempre desenvolvida por dinâmicas estruturais
(económicas, culturais, politicas) que provenham da sociedade. Pode-se referir a título
representativo, o facto de os jovens, devido a um mercado de trabalho cada vez mais
competitivo, exigente e grande número da taxa de desemprego, prolongarem os seus
percursos escolares. Os jovens mostram-se cada vez mais satisfeitos com a escola e
prosseguindo os estudos até ao ensino superior.
Uma vez que o objectivo central da investigação é a análise das experiências (escolares)
dos intervenientes bem como das entidades, disposições e sentidos envolvidos nestas
experiências, privilegiou-se a técnica da «pesquisa de terreno» (p.97) efectuada na escola
secundária Braamcamp Freire, periferia de Lisboa (Pontinha) inserida num meio socialmente
desfavorecido, cuja população possui escassos recursos económicos e culturais com
trabalhos desqualificados ou precários.
São jovens que na maioria estão desinteressados em relação ao futuro, onde prevalece a
sociedade de consumo e da informação, constroem a sua própria cultura (Lopes, 1996,
p.98).
Alguns destes jovens têm a consciência da importância da escola através de afirmações por
eles feitas ―quero fazer a escola toda‖, ―quem desiste da escola não pensa‖, ―sem o 12.º não
se é ninguém‖ para o seu futuro profissional e por isso vão tentando concluir o ensino
básico, frequentar o secundário e talvez chegar ao superior‖ (p.98).
Numa análise mais fina, contemplando a dimensão estrutural (a origem social dos jovens),
a dimensão longitudinal (o decurso da escolaridade) e a dimensão interaccional (as
sociabilidades na escola), detectam-se disposições significativamente mais plurais.
Um forte eixo de diferenciação, no contexto escolar, é o género, ao qual o autor privilegia,
ou seja, a melhor integração das raparigas, contrastando com a distância e o cepticismo
com que os seus pares masculinos encaram as propostas escolares, em média obtêm
melhores resultados do que os rapazes e alcançam níveis de escolaridade mais elevados
(Baudelot, 1992;Crácio,1997, p.105).
Dimensão fulcral na construção da experiência escolar e dos sentidos atribuídos à escola, a
sociabilidade juvenil é também aqui objecto de análise. Embora revelando-se um universo
fragmentado, o mundo das trocas afectivas e das amizades não é estanque e permite
transacções múltiplas, de acordo com as circunstâncias ou ocasiões. Mesmo os
interlocutores podem não se confinar ao mundo juvenil, como o provam os laços de
sociabilidade estabelecidos entre professores e alunos para além do espaço da sala de aula.
Estas sociabilidades podem ser encaradas como «campos de possibilidade» para a acção e,
no que se refere a este estudo, Pedro Abrantes capta a importância de que elas se revestem
aquando, nomeadamente, das escolhas escolares ou na construção de projectos de futuro
[...essas relações privilegiadas com professores ou funcionários estabelecem um elo de
ligação de ligação efectivo e afectivo...tendo muitas vezes um papel decisivo como suporte
base de projectos e trajectos escolares] (p.108)
Nem todos os jovens que deixam a escola seguem percursos de exclusão social, alguns até
são bem sucedidos e servem como exemplo para outros jovens como provam os
futebolistas e as modelos, assim, as redes familiares e de sociabilidade tendem a assumir
uma importância primordial.
A maioria dos jovens têm consciência que a falta de qualificações escolares se convertem
em limitações no que diz respeito à instabilidade do mercado laboral assim, em termos
estruturais isto conduziu à expansão dos cursos profissionais que são muitas das vezes
opções positivas que os jovens fazem para obterem uma qualificação. Esta realidade vai
conduzir, quer no plano prático, quer no plano teórico a uma concepção utilitarista, em que
a escola é entendida como um bem de consumo para a valorização no mercado de trabalho
(Perrenoud, 1995 e Cartmel,1997)
A perspectiva dinâmica adoptada neste estudo permite ao autor descobrir um espaço
escolar onde, para lá de dimensões de cristalização de práticas refractárias à inovação —
como as que se prendem com a «fabricação» segregacionista de turmas, ou com os
mecanismos de selectividade na orientação escolar dos alunos — coexistem igualmente
dimensões de inovação potencialmente geradoras, em alguns jovens, de um reencontro
positivo com a escola — como seja o envolvimento em clubes de ciência, no centro de
recursos/biblioteca ou na animação cultural.
As conclusões finais sublinham as respostas que, através deste estudo, foi possível obter
para as questões de partida. Em primeiro lugar, a confirmação de que jovens e escola se
constroem mutuamente, o que significa que «os jovens não vão simplesmente à escola:
apropriam-se dela, atribuem-lhe sentidos e são influenciados por ela».
Os estudos clássicos da sociologia da educação revelam que a maioria dos jovens
permanece hoje numa «situação indefinida» face à escola, «sendo sensíveis às dinâmicas
cruzadas que rodeiam o seu processo de escolaridade». Se essa ambiguidade se expressa
na manifestação de graus de envolvimento escolar muito diferenciados consoante as
situações, por parte de cada aluno, não há dúvida também de que o tipo de experiências
escolares genericamente possibilitadas — nas quais se incluem as interacções com os
professores — revela-se também decisivo na definição dos sentidos atribuídos pelos jovens
à escola e na delimitação dos seus projectos de futuro.
Este estudo sublinha a importância fulcral que as redes de sociabilidade assumem na
«estruturação de projectos e trajectos escolares» dos jovens, tanto mais decisivos quanto
estes provêm de contextos sociais desfavorecidos.
Concluindo, o facto de a escola criar ambientes de integração, em que os jovens se
envolvem na construção legítima da realidade escolar, pode facilitar o desenvolvimento da
valorização quotidiana e a valorização no futuro. A aplicação de ―novos modelos
pedagógicos‖ concedendo mais poderes e oportunidades aos alunos pode-se privilegiar
aqueles que possuem já recursos (culturais) que lhes permitam utilizá-los.
REFLEXÃO
A complexidade do texto disponibilizado pela professora levou a que a leitura fosse de
difícil compreensão. Por esta razão, considera-se que este trabalho tenha sido um pouco
complicado.
POLÍTCA EDUCATIVA: UMA ESTRANHA COERÊNCIA
JOSÉ MADUREIRA PINTO
Este texto de José Madureira Pinto é uma dura crítica à política educativa.
De facto, ironizando o autor começa por dizer que a politica educacional tem como único
objectivo retirar direitos, poder e auto-estima aos professores do ensino básico e
secundário. Tenta perceber o porquê deste ódio, desprezo e ressentimento contra a figura
do professor achando que o Governo está equivocado e que descreve uma Sociedade
Portuguesa e uma escola que de facto não existem.
Este texto é de fácil leitura, visto tratar-se de um artigo de jornal. As ideias são claras e já
por si resumidas.
ESCOLA, DESIGUALDADES SOCIAIS E DEMOCRACIA: AS CLASSES SOCIAIS E A QUESTÃO
EDUCATIVA EM PIERRE BOURDIEU
JOSÉ MANUEL MENDES E ANA MARIA SEIXAS
Este texto é muito confuso porque contém muitas palavras técnicas e elaboradas, com as
quais não lidamos todos os dias. Foi muito difícil compreendê-lo e foi preciso ler, reler e
voltar a reler os capítulos para perceber o seu significado geral. Tivemos que recorrer a
alguns textos tirados da internet para torná-lo mais acessível.
O inicio do texto resumo o que os autores pretendem fazer:
―Este artigo aborda a teoria do espaço social em Pierre Bourdieu, procurando explicar o
papel crucial dos sistemas de ensino e do capital na reprodução das desigualdades sociais
nas sociedades capitalistas avançadas. É privilegiada uma perspectiva crítica, mas
construtiva, dos fundamentos desta teoria que permitem pensar e construir um mundo
comum mais igualitário e democrático‖.
Desenvolvem então o tema iniciando dizendo que para Bourdieu a escola é ―o ponto fulcral
das dinâmicas de reprodução social e de denominação simbólica‖. Os autores propõem-se
a apresentar a teoria de Pierre Bourdieu em suas secções a primeira sobre a estrutura do
espaço social segunda sobre as relações das diferentes classes sociais com o sistema de
ensino.
Em Bourdieu, o espaço social é um espaço virtual teórico onde se organizam as diferenças
sociais. É nele que se articulam as posições sociais dos agentes (indivíduos) com as
disposições (habitus) e as tomadas de posição (práticas). As diferenças e distâncias no
espaço social são relacionais. Quer isto dizer que elas só existem umas em relação às
outras, e não de forma absoluta.
A posição no espaço define-se pela incorporação de dois capitais fundamentais, embora
existam outros na teoria bourdiana. São eles o capital económico e o capital cultural.
Assim, conseguimos encontrar correspondências entre a ―posse‖ destes capitais e as
práticas efectivas: gostos, consumos, ―decisões‖ dos indivíduos. São os habitus que
intermedeiam a relação entre uma posição e uma acção social. Isto porque face às mesmas
condicionantes sociais, pela posição, se produzem habitus idênticos, predispostos a tomar
o mesmo tipo decisões.
O espaço social define-se em três dimensões: capital global (capital económico + capital
cultural) no eixo vertical; peso relativo dos dois capitais (+/-) no eixo horizontal; e por fim,
o eixo temporal, que prevê a trajectória dos sujeitos no espaço social.
É deste modo que Bourdieu concebe as classes sociais. Não enquanto classes reais, no
sentido marxista, com objectivos comuns e com indivíduos mobilizados para os atingir,
mas como classes teóricas que têm a potencialidade de se tornaram reais em certos
momentos. Negar a existência de classes sociais é, em última análise, ―negar a existência
de diferenças e de princípios de diferenciação‖. Espaço social é sinónimo de espaço
simbólico, espaço de lutas, um local teórico de diferenças objectivas e subjectivas.
AS CLASSES SOCIAIS E A ESCOLA

Nos primeiros capítulos, Bourdieu e Passeron defendem a ideia de que a escola não é
neutra, não é justa, não promove a igualdade de oportunidades, e também não transmite
da mesma forma determinados conhecimentos, pois é a cultura da classe dominante. A
escola, ao tratar de maneira igual tanto em direitos quanto em deveres, aqueles que são
diferentes socialmente, acaba privilegiando os que por sua herança cultural já são
privilegiados.
O terceiro capítulo da obra, chamado ―eliminação e selecção‖, descreve de forma crítica e
analítica o exame na estrutura de ensino, sobretudo francês.
É a partir deste pensamento que os autores começam a caracterizar o exame como um
instrumento de selecção, classificação, e também a mostrar o seu peso e valor no ambiente
escolar.
Segundo Bourdieu e Passeron, o exame impõe uma definição social do conhecimento e da
maneira de manifestá-lo, ou seja, padroniza respostas e reacções relacionadas a
determinados conteúdos e limita de certa forma, o conhecimento e as capacidades
adquiridas e desenvolvidas ao longo dos anos.
A escola utiliza o exame para seleccionar os indivíduos tecnicamente mais competentes e
os classifica desde os primeiros anos de vida escolar, colocando-os sob o status de
nobreza escolar.
Já aqueles originários de classes populares, muitas vezes são eliminados do sistema antes
mesmo de serem examinados e avaliados, o que mostra o quanto as desigualdades são
fortes e influentes no ingresso e êxito escolar do indivíduo.
Neste ponto, os autores utilizam os termos probabilidade de passagem e probabilidade de
êxito para ressaltar o quanto as diferenças culturais podem intervir na vida e no sucesso
escolar de determinada pessoa. Aqueles que vieram ou passaram por uma estrutura social
pobre em condições básicas de sobrevivência e informação de qualidade, tem
possibilidades menores de obter êxito escolar e ingressar no ensino superior.
Os que conseguem, tendem a começar a reproduzir tudo aquilo que aprenderam no
sistema social em que estavam inseridos e acabam, muitas vezes, recebendo o diploma
sem ter desenvolvido as competências básicas exigidas pelo sistema escolar.
O exame não pode ser reduzido a apenas um serviço ou uma prática escolar, pois ele
determina a vida do sujeito em todos os aspectos, e sua sobrevalorização é resultado do
sistema de oportunidades em que a sociedade contemporânea está baseada, uma falsa
estrutura de igualdade social regida pela hierarquia dos êxitos escolares.
O sistema de oportunidades é explicado pelos autores conforme o excerto:
―Eis porque a estrutura das oportunidades objectivas da ascensão pela Escola, condiciona
as disposições relativamente à Escola e à ascensão pela Escola, disposições que contribuem
por sua vez de uma maneira determinante para definir as oportunidades de ter acesso à
Escola, de aderir às suas normas e de nela ter êxito, e, por conseguinte as oportunidades
de ascensão social‖. (Bourdieu e Passeron, 1970 p. 190)
No excerto acima, os autores caracterizam a Escola e sua estrutura como uma
oportunidade de ascensão social, ou um meio, um caminho para isso, e esse pensamento é
decorrente da democratização do ensino e da elevação de diplomados com o tempo, que
leva a escola a substituir progressivamente as desigualdades de acesso ao ensino pelas
desigualdades de currículos para manter a sua função social de reprodutora social.
Com isso, pode-se notar que as escolhas de cursos e instituições de ensino passam a ser
fortemente hierarquizadas e repletas de valores atribuídos socialmente graças ao capital e
poder simbólico das instituições, agentes escolares e seus usuários.
Neste cenário, o que é valorizado não se restringe a apenas o quanto o indivíduo sabe ou
estudou sobre determinado assunto, mas também onde e qual o curso prestigiado pela
sociedade cursou, efectivando mais uma vez as desigualdades, agora, de currículos.
Desta forma, a partir deste capítulo e da obra como um todo, Bourdieu e Passeron foram
capazes, de demonstrar que as características sociais, culturais e políticas do sistema
educacional francês, de facto, reproduziram as hierarquias existentes e as formas de
dominação social, assim revelando o esvaziamento real das noções de igualdade
propagadas por um sistema que seria democrático, e que a todos ofereceria tais
oportunidades.
Por isso, o conceito de reprodução, na obra destes autores, é igualmente decisivo, pois
permite compreender porque os indivíduos, envoltos de discursos e ideologias dominantes,
acreditam que as possibilidades existam para todos quando, de facto, as estruturas
existentes e as práticas sociais que permeiam a estrutura social, ao contrário, apenas
reproduzem a situação actual da sociedade, e o exame é um instrumento claro de
perpetuação da contraposição entre igualdades e desigualdades no âmbito social.
Neste artigo, como referimos, muito difícil de entender, apesar de tudo elucidou-nos sobre
vários aspectos que no entanto já sabíamos: a igualdade para todos no ensino à partida é
desigual, não partimos com a mesma bagagem neste percurso escolar.
TEXTO – JÓSE MADUREIRA PINTO DEFENDE QUE OS PROFESSORES NÃO SÃO O ELO MAIS
FRACO DO SISTEMA EDUCATIVO.
―Não se pode exigir ao sistema educativo níveis de qualidade que muitos outros domínios
da sociedade portuguesa não alcançaram.‖
José Madureira Pinto defende que os professores são acusados injustamente de serem a
parte mais fraca do sistema educativo em Portugal. Ao longo da sua entrevista refere quais
as possíveis medidas na requalificação do ensino.
―É bom não esquecer qual foi o ponto de partida após várias décadas de ditadura.‖
―Não se pode Deixar de questionar a incapacidade do sistema económico em absorver o
conjunto dos licenciados saídos do sistema, problema que, não minha opinião, finge-se
não existir.‖
― (…) algumas das limitações que ainda subsistem no sistema educativo decorrem mais das
debilidades e dificuldades da sociedade portuguesa em geral do que propriamente da
incapacidade do sistema e dos seus próprios actores, os professores, que não são, ao
contrário do que se afirma, o elo mais frágil do sistema educativo.‖
―Poder-se-á argumentar que são medidas financeiramente dispendiosas, mas se queremos,
de facto, apostar seriamente na educação, fazer dela o vector estratégico para o país sair
da situação difícil em que se encontra, então é preciso investir.‖
―Na prática escolar quotidiana é o professor quem continua a estar numa posição charneira,
no sentido em que é ele que se encarrega de gerir em tempo real – e esta dimensão do
tempo real é muito importante – uma série de problemas que se condensam na sala de
aula.‖
―Não é justa a existência de formações que dão mais facilidade a um conjunto de alunos só
porque têm uma herança cultural que lhes é mais favorável.‖
―Em vez de se atacar os problemas de fundo que se colocam à prática profissional diária
dos professores, invoca-se o argumento da gestão.‖
Na opinião de José Madureira Pinto as medidas que foram tomadas levaram a uma quebra
de confiança entre os professores e o Ministério da Educação. Tendo sido essa relação
quebrada, o funcionamento do ensino não é positivo, já que os principais investidores não
estão de acordo.
―Acho que se deveu sobretudo a uma muita errada estruturação e sequenciação das
medidas da reforma educativa. Tudo tem evoluído de forma inversa àquela que deveria ter
sido a solução. Considero que antes de mais, devia-se ter avançado com medidas que
levassem a uma relação de confiança entre os professores e o ministério. O que o
ministério fez desde o início, porém, foi contribuir para quebrar essa relação de confiança.
Porque se partiu do princípio que os únicos responsáveis pelas dificuldades do sistema
educativo são os professores, apenas por serem ele os agentes mais visíveis.‖
REFORMA EDUCATIVA OU A LEGITIMAÇÃO DO DISCURSO SOBRE A PRIORIDADE EDUCATIVA
Ao longo deste artigo são analisados numa perspectiva crítica, os pressupostos da reforma
educativa iniciada com a Lei de Bases, aberta com o 1º Governo Constitucional.
―Pode-se afirmar, que a reforma educativa atribui ao professor sobretudo a condição de
agente e não a de actor, o que conduziu a uma evidente incapacidade de mobilização dos
professores para o processo da reforma.‖
―Através da reforma educativa, o sistema educativo é apresentado como estando a
responder ao desafio da integração na CE e da construção do mercado único, dando o seu
contributo à modernização da economia portuguesa através da elevação da qualificação
dos recursos humanos.‖
REFLEXÕES TEXTOS
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
PSICOLOGIA EVOLUTIVA: CONCEPTO, ENFOQUES, CONTROVÉRSIAS Y MÉTODOS.
CONTROVÉRSIAS CONCEPTUAIS:
Herança – Meio
O perfil maturativo dos seres humanos
A Hereditariedade dos traços psicológicos individuais
Sincronia – Heterocronia
Continuidade – Descontinuidade
O PERFIL MATURATIVO DOS SERES HUMANOS:
Distinção entre o fechado e o aberto no código
genético
Fechado: é o que nos caracteriza como seres humanos, como membros da nossa espécie. -
Calendário maturativo determina um surgimento gradual de destrezas e capacidades, prevê
também o envelhecimento e uma série e uma série de acabamentos biológicos que têm
influência sobre capacidades e destrezas psicológicas.
Aberto: A inteligência, as capacidades linguísticas assim como as relações emocionais,
desenvolvemos com quem nos rodeia, não estão no código genético nem no calendário
maturativo.
CONCEITO DE CANALIZAÇÃO
Existe uma canalização maturativa que determina que certos feitos de natureza biológica
ou biopsicológica ocorram aproximadamente com determinada cronologia, mas não
determina os conteúdos concretos.
A epigénese humana tem um desenvolvimento não determinante, mas sim probabilístico e
aberto às influências ambientais.
A HEREDITARIEDADE DOS TRAÇOS PSICOLÓGICOS INDIVIDUAIS
*Relações passivas.
*Relações evocativas ou reactivas.
*Relações activas ou de selecção de contextos.
*Importância do carácter individual que o ambiente desempenha.
*Valorização de conceitos como margem de reacção.
*Instabilidade do conhecimento genético.
SINCRONIA – HETEROCRONIA
Conceito de Estado:
Trocas qualitativas ao longo do desenvolvimento
Conteúdos homogéneos, desenvolvem-se de forma sincrónica.
Sequência de estado é sempre a mesma seguindo uma cronologia.
Estados superiores supõem a integração e superação das realizações anteriores.
Os conteúdos estanques em secções
Conteúdos heterogéneos e independentes
Controvérsias
Comboio que segue uma trajectória com horários estabelecidos e que pára em todas as
estações e apeadeiros.
Vários vagões todos eles independentes que seguem destinos diferentes, a velocidades
diferentes e horas diferentes.
CONTINUIDADE – DESCONTINUIDADE
Podemos predizer o desenvolvimento de uma pessoa num determinado momento se
sabemos como foi o seu desenvolvimento num momento anterior?
Podemos libertar-nos do nosso passado evolutivo, particularmente se este foi adverso?
Continuidade:
*Estilo de apego.
*Alguns aspectos de competência social.
*Determinados conteúdos do sistema cognitivo.
Parecem apresentar um considerável grau de continuidade ao longo do tempo, no entanto
estão longe de ser imutáveis.
*Princípio de acentuação
*Pontos de inflexão
Concluindo, ainda que estejamos abertos à mudança, ao longo do tempo, tendemos a
parecermo-nos a nós mesmos. A manutenção dos traços de perfil pode ver-se acentuado
em algumas circunstâncias e modificado noutras; introduzindo neste caso uma
descontinuidade mais ou menos acentuada.
CHILD CARE AND ITS IMPACT ON YOUNG CHILDREN

O presente artigo fala da importância da existência de ajuda não-parental no


desenvolvimento das crianças ao longo da sua vida.
A natureza e o alcance do apoio público às estruturas de cuidado não-parental dependem
dos seguintes factores:
*A ausência do acompanhamento às crianças é considerada necessária para promover a
participação da mulher no mundo do trabalho.
*O acompanhamento às crianças é encarado como uma responsabilidade pública ou uma
preocupação privada.
*O acompanhamento às crianças visto como uma espécie de programa de apoio social ou
programa educacional precoce.
ATTACHMENT THEORY
O desenvolvimento sócio-emocional precoce depende do desenvolvimento de relações de
confiança com figuras de referência como por exemplo os pais. Inicialmente, os
investigadores sugeriam que era necessário um cuidado contínuo para construir e manter
essas ligações primárias, e que essas ligações influenciam a regulação dos
comportamentos sociais e emocionais numa etapa de desenvolvimento mais avançada.
PONTO FULCRAL DA INVESTIGAÇÃO:
Os investigadores exploraram os efeitos do cuidado infantil em muitos aspectos do seu
desenvolvimento, apesar da pesquisa recair maioritariamente no desenvolvimento cognitivo
e sócio-emocional. A linguagem foi também outro dos factores mais interessantes.
Os investigadores concluíram que a palavra-chave no desenvolvimento da criança é
equilíbrio; neste caso entre as estruturas de cuidado infantil e o lar.
O lar é o centro emocional da criança mas os cuidados não parentais permitem que a
criança desenvolva as suas redes sociais.
INFANT TODDLER DEVELOPMENT AND RESPONSIVE PROGRAM PLANNING
O presente artigo serve de apoio à compreensão e utilização de teorias acerca do
desenvolvimento da criança nos diversos meios possíveis.
As teorias são explanações de informação, observações e experiências de vida. A base
teórica deste livro engloba a Relationship-based Theory, Transactional Theory e
Bioecological Theory.
-Relationship-based Theory:
* Recém-nascidos e crianças não existem como entidades separadas mas como parte de
redes sociais.
* Recém-nascidos e crianças requerem relações significativas e duradouras.
* As relações diferem num número de dimensões e intimidade, reciprocidade e
compromisso são factores importantes em determinar a qualidade e utilidade de uma
relação.
-Transactional Theory:
* As relações são bidireccionais: os adultos afectam as crianças e vice-versa.
* As transacções o comportamento do bebé ou aparência como um estímulo e o significado
dado pelo adulto ao comportamento do bebé e a resposta do adulto.
* As relações que são problemáticas podem responder à intervenção de três pontos: o bebé
por remediação, o significado de redefinição e a resposta pela reeducação.
-Bioecological Theory:
* O desenvolvimento pode ser afectado por diferentes níveis de relações, desde família
chegada até as politicas nacionais.
* Todos os sistemas se afectam uns aos outros.
- As teorias de desenvolvimento emocional e cognitivo estão a evoluir constantemente.
Algumas das teorias importantes nos dias de hoje são:

 Teoria do desenvolvimento psicossocial


 A hierarquia das necessidades humanas
 Separação e Individuação
 Attachment Theory
 Construtivismo
 Teoria Sociocultural

A observação e a documentação são elementos que irão permitir um aprofundamento na


compreensão das teorias, das crianças e da programação de resposta. Os modos de
observação incluem:
*Notas objectivas com ou sem inferências
*Amostras de eventos
*Documentação
ERIK ERIKSON
O texto disponibilizado a fim de percebermos algumas abordagens teóricas do
desenvolvimento emocional e social é bastante preciso sem no entanto ser maçudo. Neste
texto sobre Erik Erikson dá-nos uma breve biografia do autor que nos ajuda a perceber
melhor a sua teoria sobretudo sobre as suas próprias crises de identidade que o levaram
depois a tentar generalizar. A explicação fornecida dos estágios psicossociais de
desenvolvimento, forças e fraquezas básicas estão explicadas de uma forma clara,
independentemente de ser um texto em português do Brasil.
O crescimento da personalidade é dividido em oito estádios ou fases sequenciais. Em cada
estádio do desenvolvimento (estádios psicossociais) ocorrem pressões do ambiente social e
vão ser geradores de conflito ou crise. A crise ofereça á pessoa em desenvolvimento a
possibilidade de uma saída (Erikson tem uma visão optimista da natureza humana), uma
forma de lidar mais ou menos adaptativa. É possível influenciar e dirigir conscientemente o
desenvolvimento em cada estádio. Acontecimentos ou experiências que não foram bem
resolvidas em estádios anteriores podem ser resolvidos em estádios posteriores.
Resumidamente as oito fases ou estádios são os seguintes:
1º ESTÁDIO: ORAL-SENSORIAL – confiança básica versus Desconfiança (do nascimento até
1º ano)
- A mãe é a pessoa mais importante para o bebé, e é na interacção entre ambos que
emerge esta crise;
- Pólo positivo: se a relação for positiva, o bébé desenvolve sentimentos de confiança nos
outros;
- Pólo negativo: se a mãe não atende as necessidades do bébé, ele desenvolve sentimentos
de medo, suspeita, desconfiança.
Força básica – esperança
Fraqueza básica – desajuste sensorial / afastamento
2º ESTÁDIO: MUSCULAR- ANAL – Autonomia versus Vergonha e Duvida (1-3 anos)
- A criança começa a explorar o meio;
- Pólo positivo: se for encorajada, desenvolve autonomia e controle sobre si;
- Pólo negativo: se for muito controlada exteriormente pode criar um sentimento de
vergonha de se ―expor‖ demasiado e sentimentos de dúvida de conseguir fazer coisas
sozinha, sendo incapaz de tomar decisões autonomamente.
Força básica – vontade
Fraqueza básica – obstinação sem acanhamento/ compulsão
3º ESTÁDIO – LOCOMOTORA GENITAL - Iniciativa versus Culpa (3-5 anos)
- A criança vai começar a desenvolver as suas próprias actividades;
- Pólo positivo: desenvolve o sentido da iniciativa, tem objectivos e procura realizar tarefas
e actividades, o que lhe da prazer;
- Pólo negativo: se os pais são excessivamente punitivos, não permitindo que a criança
desenvolva as suas próprias iniciativas, então ira sentir-se culpada, com relutância em agir
de acordo com os seus próprios desejos e em ser independente.
Força Básica: objectivo
Fraqueza básica: crueldade / inibição
4º ESTÁDIO: LATÊNCIA – Industria versus Inferioridade (6-11 anos)
- A criança começa a desenvolver aprendizagens escolares, a testar limites, a estabelecer
os seus objectivos, a fazer aprendizagens sociais;
- Pólo positivo: se obtêm sucesso, passa a ter prazer no trabalho, curiosidade e interesse
por aprender, produtividade e competência.
- Pólo negativo: se se sente menos capaz do que os seus colegas pode desenvolver
sentimentos de inferioridade, não estando segura das suas capacidades nem do seu papel
no grupo social e perde o interesse pelas tarefas.
Força Básica : objectivo
Fraqueza básica : crueldade / inibição
5º ESTÁDIO: ADOLESCÊNCIA – Identidade versus Confusão (12-18 anos)
- Na adolescência, o indivíduo experimenta varias alternativas, confrontando-se com novas
vivências, no sentido da construção de uma identidade;
- Pólo positivo: a pessoa assume uma identidade (sabe quem é, o que quer fazer da
vida…);
- Pólo negativo: o indivíduo vive uma confusão de papéis, sem saber quem realmente é, o
que quer da vida, que papeis deve desempenhar e, por conseguinte, como agir.
Força Básica: fidelidade
Fraqueza básica: fanatismo / repúdio
6º ESTÁDIO: IDADE JOVEM ADULTO – Intimidade versus Isolamento (18-35 anos)
- O jovem adulto procura o envolvimento em relações de intimidade com outra pessoa;
- Pólo positivo: estabelece relações de intimidade, afecto e partilha com os outros, o que
requer, idealmente, o relacionamento sexual com alguém que ame;
- Pólo negativo: corresponde as pessoas que não conseguem estabelecer relações de
intimidade e que podem chegar ao isolamento, distanciando-se e evitando assumir
compromissos.
Força Básica: amor
Fraqueza básica: promiscuidade / exclusividade
7º ESTÁDIO: ADULTO – Generatividade versus Estagnação (35-55 anos)
- As pessoas procuram definir objectivos e motivações para o que querem produzir nas
suas vidas;
- Pólo positivo: as pessoas têm uma motivação para tornar o mundo melhor, contribuindo
para um futuro mais próspero, para o bem comum, para desenvolver as suas
potencialidades no mundo do trabalho e nas relações com os outros, para criar uma nova
geração a qual possam transmitir uma mensagem.
Pólo negativo: as pessoas que não tem interesses, nem tentam expandir as suas
capacidades de trabalho e de relacionamento com os outros, tornando-se inactivas e
fechadas sobre si próprias.
Força Básica: carinho
Fraqueza básica: superexpansão / rejeição
8º ESTÁDIO: MATURIDADE E VELHICE – Integridade versus desespero (+ de 55 anos)
- As pessoas fazem um balanço e uma reflexão acerca do seu percurso;
- Pólo positivo: sentem-se satisfeitas com o que realizaram ao longo da sua vida,
compreendem o seu sentido e aceitam a morte, deixando de se preocupar ansiosamente
com a vida;
- Pólo negativo: encontram pouco significado no que fizeram, considerando as suas vidas
como desperdiçadas, com um sentimento de desgosto face a vida e de desespero perante a
morte.
Força Básica: sabedoria
Fraqueza básica: presunção / desdém
Os estádios do desenvolvimento psicossocial permitiu-nos perceber melhor o nosso
próprio desenvolvimento. Experimentamos situações durante as nossas etapas da vida,
sem nunca nos apercebermos de que de facto esse estudo já tinha sido realizado. Quando
começamos a ler este estudo a frase que mais nos vinha a ideia era: ― Pois é. É isso
mesmo…!‖
VYGOTSKY
A TEORIA DE VYGOTSKY E A ZONA DE DESENVOLVIMENTO PRÓXIMO
O principal objectivo da teoria formulada por Vygotsky é que as funções psicológicas do ser
humano são de origem sociocultural e não do biológico isto é, são desenvolvidas ao longo
do tempo através da interacção com membros mais experientes da cultura. Inicialmente, a
criança apenas dispõe da sua actividade motora, do acto, para agir sobre o mundo, sem ter
consciência da acção e dos processos nela envolvidos.
Gradualmente e através da interacção com indivíduos mais experientes, ela vai
desenvolvendo uma capacidade simbólica e reunindo-a à sua actividade prática, tornando-
se mais consciente de sua própria experiência. Isto dá origem às formas puramente
humanas de inteligência prática e abstracta.
As interacções da criança com as pessoas de seu ambiente desenvolvem-lhe, pois, a fala
interior, o pensamento reflexivo e o comportamento voluntário. A construção do real parte,
pois, do social (da interacção com outros, quando a criança imita o adulto e é orientada por
ele) e, posteriormente interiorizada pela criança.
Assim, no pensamento silencioso, a criança executa mentalmente o que originalmente era
uma operação baseada em sinal, presente no diálogo entre duas pessoas. A interiorização
da fala, assim como dos papéis de falante e de respondente, ocorre, aproximadamente, dos
três aos sete anos. Tal diálogo interno liberta a criança de raciocinar, a partir das
exigências da situação social imediata, e permite-lhe controlar seu próprio
pensamento.Vygostsky cria um conceito para explicar o valor da experiência social no
desenvolvimento cognitivo. De acordo com esse conceito há uma ―Zona de
Desenvolvimento Proximal‖ (ZPD).
— ZPD: distância entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, determinado pela
capacidade de resolver problemas independentemente, e o nível de desenvolvimento
proximal, capacidade de solucionar problemas com a ajuda de um parceiro mais
experiente.
Concluindo, são as aprendizagens que ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se
desenvolva ainda mais, ou seja, o desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais
desenvolvimento, por isso esses processos são indissociáveis.
REFLEXÃO
A bibliografia recomendada pela professora para este trabalho demonstrou-se ser um
pouco difícil de interpretar.
Para melhor compreensão foi necessário recorrer à internet.
FREUD
FUNDADOR DA PSICANÁLISE
Salienta a influência determinante do inconsciente (conteúdos psicológicos como impulsos,
desejos, tendências, medos, de cuja existência o próprio individuo não tem consciência)
para a vida psíquica do ser humano.
Explica o desenvolvimento humano pela evolução da psicossexualidade, salientando o
papel da sexualidade infantil (que, no entanto, não coincide com a noção de sexualidade
do senso comum).
Introduz uma nova concepção de ser humano, dando ênfase aos processos inconscientes e
à sexualidade, contrastando com a noção que prevalecia na época, segundo a qual o ser
humano era visto como essencialmente racional e controlando e controlando os seus
impulsos através da razão.
Atribui à criança uma vivencia de sexualidade alterando profundamente a concepção
existente na sexualidade.
Pressupõe a existências de processos inatos para além dos aprendidos. Introduz uma
concepção dinâmica da personalidade (fruto de um jogo de forças em permanente
interacção).
Utiliza métodos subjectivos de simbolização (ex: interpretação de sonhos)
O DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL
A sexualidade infantil manifesta-se logo nos primeiros anos de vida e vai ter um papel
importante na construção do nosso psiquismo.
Determinismo (não se pode fugir ao inconsciente).
A partir de Freud o conceito de processos mentais não é apenas os processos conscientes
mas também os inconscientes (desejos, impulsos, motivações, etc.) que determinam a
nossa vida psíquica.

1ª TÓPICA
DISTINÇÃO DO CONSCIENTE, O PRÉ-CONSCIENTE E O INCONSCIENTE:
Consciente: zona mais pequena de todas. Temos um conhecimento directo com todo o
material que a constitui. Ex: Ter fome

Pré-consciente: é o nível do psiquismo que não há conhecimento imediato, mas que


através das lembranças, recordações, memorias, podemos trazer para o consciente, é
lembrado voluntariamente. Zona de ligação entre o consciente e o inconsciente.
Inconsciente: é a zona mais importante pois forma o psiquismo e é também a maior pois só
temos consciência de uma parte dos conteúdos da nossa mente, é no inconsciente que
emanam os processos psíquicos e é ele que determinam os nossos comportamentos. Nela
não existe conhecimento directo, apenas indirecto, ou seja, o inconsciente manifesta-se
nos sonhos, nos actos falhados e nas neuroses.
Infantil – porque a etapa mais importante é a infancia e no nosso inconsciente reside
expreencias infantis traumatizantes. Ex: manu mais velho. Ciúmes.
Recalcado – o materias do inconsciente é activo/dinamico pois tende a passar á
consciencia, a manifestar-se. Para passar ao estado consciente é submetido á censura. Esta
recusa-lhe a passagem, o que significam que foram recalcados.
Recalcamento é o processo mediante o qual se impede o acesso á consciencia de impulsos
indesejaveis.
Pulsões – são energias ou forças inatas que exprimem necessidades biologicas e que
exigem satisfação, orientam e precionam o organismo para determinados afectos,
comportamentos e atitudes. A pulsão visa reduzir a tensão proveniente de uma exitação
corporal e a manutenção do equilibrio homeostático (equilibrio interno). Ex: fome.
Para explicar a fome a biologia, fála-nos no instinto de nutrição.
Da mesma forma para esplicar as necessidades sexuais do homem e do animal admite-se
em biologia a existencia de um instinto/impulso sexual e serve-se do termo libído.
Tipos de Pulsões:
Conservação do EU- (Fome sede, sono). Se não as satisfazermos pomos em risco a nossa
sobrevivência.
Pulsões sexuais ou libido - Não põem em risco a nossa sobrevivência. São as mais
importantes para Freud, pois, controlam o nosso comportamento, tendem a manifestar
desejos afectivos – sexuais

2ª TÓPICA
Freud ao aperceber-se que o inconsciente não se reduz aos conteúdos psíquicos
recalcados e que em todas as instancias psíquicas há elementos inconscientes em maior ou
menor grau, cria a 2ª tópica, que, mostra o dinamismo do psiquismo através dos seus
conflitos intra psíquicos onde esta envolvida a sexualidade infantil que influência a
personalidade.
Na 2ª tópica existem 3 instâncias psíquicas:
O Id – (infra-ego, infra-eu)
É a partir do Id que se formam as outras 2 instâncias.
É formado por tudo o que herdamos e está presente à nascença (pulsões de vida e pulsões
de morte).
É totalmente inconsciente (totalmente desligado do mundo real) mas não é todo o
inconsciente.
Não actua segundo princípios lógicos (porque nele coabitam pulsões de vida e de morte) e
morais (porque pretende realizar tudo o que lhe agrada sem se preocupar com o facto de
isso ser bom ou mau), é ilógico, imoral e dominado pela fantasia.
Rege-se pelo princípio do prazer. Procura satisfazer imediatamente os seus impulsos e
instintos, desconhecendo o certo e errado.
Não tendo qualquer conhecimento do que é a realidade o Id procura satisfazer as suas
pulsões (descarregar a tensão, reduzi-la de modo a que o organismo se sinta confortável)
mediante um processo irrealista.
Este processo consiste em formar uma imagem mental do objecto desejável. Este processo
somente ilude a satisfação do desejo, não o realiza.
O Id é, em grande parte, animado pelo impulso sexual. É um grande reservatório da libido.
Tem, por isso, uma forte ligação ao corpo, à nossa dimensão biológica.
O EGO – (eu) representante da realidade.
O Id para entrar em contacto com a realidade precisa do Ego. O Ego não é inimigo do Id,
esta de certa forma (realista), ao seu serviço.
O Ego começa a desenvolver-se por volta dos 6 meses e funciona segundo princípios
lógicos e racionais embora, paradoxalmente, seja em parte inconsciente.
Actua segundo o princípio de realidade, adiando a satisfação dos impulsos do Id até que o
objecto apropriado a essa satisfação surja na realidade. Esta suspensão temporária
significa que o Ego está realisticamente ao serviço do princípio de prazer.
O Ego desempenha o papel de executivo e de mediador em relação ao Id, decide que
instintos e pulsões podem, na realidade, ser satisfeitos e de que modo. O Ego, na verdade,
desenvolve-se a partir do Id e existe para satisfazer as necessidades deste e não as
frustrar. Mas é realista, sabe que nem tudo é possível, que para termos certas coisas temos
de renunciar a outras. Não podemos fazer tudo o que queremos.
Assim, o Ego visa impedir não o prazer mas sim uma descarga imediata da energia
pulsional, isto é, uma satisfação que não tenha em conta os limites característicos do meio
ambiente.
Superego – Representante da moralidade –
Diz-nos não o que podemos ou não fazer mas sim que devemos ou não fazer.
O Superego – (supereu)
Desenvolve-se por volta dos 3-5 anos (complexo Édipo).
Resulta da educação dada pelos pais, professores, etc. É o representante interno dos
valores, normas e ideias morais de uma sociedade, que são transmitidos à criança (através
dos pais e educadores) que os interioriza de tal modo que se tornam inconscientes.
Um superego demasiado repressivo (fruto de uma educação severa) é uma ameaça ao
nosso desenvolvimento saudável, tornando-nos inibidos, complexados, vítimas de
sentimentos de culpa exagerados, etc.
O superego vigia-nos dentro de nós. Reprime certos actos, favorece outros e, em certa
medida, é indispensável para uma vida equilibrada no seio da sociedade.
O papel do superego é triplo:
- Inibir ou refrear os impulsos, sobretudo de natureza sexual e agressiva, que provenientes
do Id podem arrastar o Ego em virtude da sua forte pressão.
- Persuadir o ego a substituir objectivos realistas por objectivos morais e moralistas.
- Procurar perfeição moral.

A vida psíquica desenrola-se sob o regime do conflito. O Id concentra-se no prazer, na


gratificação imediata dos impulsos e ignora a realidade. O superego sobrepõe a moralidade
à realidade.
O Ego tem de agradar os dois ―senhores‖ em luta um com o outro.
O Ego tem que satisfazer os desejos do Id tendo em conta o que a realidade permite e o
que a moralidade admite, de maneira a haver um equilíbrio entre o prazer, a realidade e a
moral.

OS ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL


Segundo Freud, o impulso sexual e a procura do prazer erótico determinam de forma
poderosa o desenvolvimento afectivo do ser humano. Em cada estádio psicossexual a fonte
de satisfação sexual é uma zona diferente do corpo (zona erógena) ou, em rigor uma
diferente orientação da libido. Freud por satisfação erótico entende que é toda a sensação
agradável cuja fonte é um determinado órgão ou região corporal.
Estádios
Estádio Oral A relação com a mãe assume especial significado, estabelecendo-se essencialmente
0-1 Ano através do seio materno que não simplesmente alimenta mas dá prazer.
Z.E – Boca Com o desmame, começa a confrontar-se com uma frustração (não obter de imediato o prazer oral),
vivenciando um conflito entre o que deseja e a realidade.
Estádio Anal A criança começa a controlar as fezes e descobre prazer na sua retenção e expulsão. A
1-3 Anos criança terá de aprender que não pode aliviar-se onde e quando quer, que existem
Z.E – Região momentos e lugares apropriados par tal efeito.
anal Existem pressões sociais no sentido do controlo fecal, e a criança vive também aqui um conflito de
ambivalência, na medida em que tanto se sente inclinado a ceder como a opor-se ás regras de higiene.
Estádio Fálico Dedicando bastante tempo a examinar o seu aparelho genital, a criança manifesta uma
3-5 Anos curiosidade extrema por questões sexuais apesar dessa curiosidade ultrapassar a sua
Z.E – Órgãos capacidade de compreensão.
sexuais A sexualidade deixa de ser exclusivamente auto-erótica para se dirigir ás pessoas mais próximas, questão os
pais, originando aqui o complexo de Édipo/Electra. A superação desse complexo é importante para a formação
dos conceitos de masculinidade e feminilidade. O superego fica formado após essa superação, que se dá com a
Identificação da criança com o progenitor do mesmo sexo.
Estádio Recalcadas no inconsciente, as conturbadoras experiências emocionais do estado fálico
Latência não a aprecem perturbar, como se não tivessem acontecido. Esta amnésia infantil
6-12 Anos consiste no facto da criança esquecer todos os sentimentos vividos no estádio anterior e
liberta a criança da pressão dos impulsos sexuais.
A criança centra agora a sua energia na escola (e na socialização em geral), ao nível das aprendizagens, dos
relacionamentos sociais, da compreensão de dimensões culturais, do desenvolvimento dos papéis sexuais.
No final deste estádio, o aparelho psíquico está completamente formado.
Estádio As questões sexuais que estavam latentes vão ser reactivadas, existe uma reactivação do
Genital complexo de Édipo/Electra e à sua liquidação.
Adolescencia Já não encaram os pais como pessoas quase perfeitas mas passam a ter uma imagem mais realista.
Z.E – Órgãos Adquire capacidade de canalizar a sua afectividade para os outros, pois a libido começa a orientar-se para
sexuais pessoas exteriores ao universo familiar e oriente-se progressivamente para o relacionamento sexual adulto.

O MÉTODO PSICANALÍTICO
Caracteriza-se pela utilização de técnicas de observação clínica, que visam aceder a
conteúdos inconscientes.

Técnicas
Livre associação de ideias à Para tornar mais fácil a livre associação de ideias, o paciente
deve estar à vontade: deita-se num divã ou senta-se numa cadeira confortável enquanto o
analista, que falo só quando estritamente necessário, se senta fora do seu campo de visão.
O paciente conversa com o psicanalista conscientemente e através das palavras o paciente
diz tudo o que lhe vai na cabeça sem que haja por parte do paciente qualquer atitude
critica porque a partir desse assunto existe uma Livre associação de ideias, e são elas que
dão ao psicanalítico elementos para chegar ao inconsciente.

Interpretação dos sonhos e análise dos actos falhados à O psicanalítico pede ao paciente
que através do conteúdo manifesto (o que nos lembramos dos nossos sonhos (símbolos do
inconsciente, ponto de partida para a interpretação dos sonhos)) faça uma associação de
ideias sobre esses elementos para poder conhecer o conteúdo latente, ou seja, o
verdadeiro sentido/significado das sonhos, para poder chegar ao inconsciente.
Para Freud, o conteúdo manifesto do sonho inclui muitos símbolos que representam o seu
conteúdo latente. Estava convicto de que a maioria dos símbolos no sonho é de natureza
erótica porque julgava que a maior parte dos impulsos e desejos reprimidos no
inconsciente tinha a ver com a nossa vida sexual. A sexualidade encontra no sonho uma
representação rica e variada.
A IMPORTÂNCIA DA INFÂNCIA
Os conflitos e incidentes mais marcantes na nossa evolução psíquica remontam, segundo
Freud, à época da infância (primeira infância, sobretudo).
Os conflitos muitas vezes são mal resolvidos ou não resolvidos, o que quer dizer que são
recalcados e reprimidos, afastados para longe da nossa inconsciência, todavia eles não
deixam de existir, apenas não se manifestam directamente ao nível da consciência, tais
conflitos e incidentes continuam a afectar o nosso comportamento e a nossa personalidade
sem disso termos consciência. Manifestam-se de forma indirecta, provocando perturbações
psíquicas, desordem no comportamento e sofrimentos físicos. Como esses conflitos foram
recalcados (tornam-se inconscientes), são, sem que saibamos, a causa depois nossos
actuais padecimentos físicos e psíquicos. É possível recordar/reviver esses conflitos
(viagem à infância), pois agora que se é adulto pode-se perceber que esses conflitos não
tem razão de ser, antes era-se criança e via-se as coisas de maneira diferente, agora já as
vê de outra forma, pois o ego esta formado.
Freud estava convicto que à medida que o inconsciente se torna consciente, o doente pode
aperceber-se do modo como certos acontecimentos da sua infância determinam o seu
comportamento actual. Relembrar os traumas da infância, torna o paciente capaz de
resolver conflitos que não pode resolver no passado.
A terapia psíquica afirma que as perturbações psíquicas e as desordens comportamentais
derivam de conflitos inconscientes.
MECANISMOS DE DEFESA DO EGO
Os mecanismo de defesa do Ego, são forma de resolução ilusória, pois, não resolvem o
problema, apenas o disfarçam, são em grande parte inconscientes de conflitos
intrapsiquicos que permitem ao Ego lidar com sentimentos desconfortáveis devidos à
ansiedade e à tensão.
Segundo Freud, a nossa vida psíquica desenrola-se sob o signo do conflito, isto é, entre a
necessidade de satisfação do Id e os impedimentos e proibições que emanam na sociedade
e são interiorizadas pelo Superego. Este conflito é geralmente e sempre que possível
resolvido pelo Ego, que agindo segundo o principio da realidade, procura conciliar forças
pulsionais opostas e moderar o conflito.
O Ego desencadeia mecanismos de defesa quando ocorre a ansiedade, ou seja, o Id e o
Superego emanam mensagens extremamente opostas. Esses mecanismos visam reduzir a
ansiedade intrapsiquica e actuando principalmente de forma inconsciente protegem o
individuo da angustia, não o fazendo tomar consciência do conflito.
OS PRINCIPAIS MECANISMOS DE DEFESA SÃO:
Recalcamento: Consiste em reprimir e afastar da consciência impulsos e desejos
inaceitáveis como recordações traumáticas, contudo, o que é recalcado não é eliminado,
podendo voltar disfarçadamente. Ex.: Madalena ficou traumatizada na infância com a morte
da irmã. Não consegue lembrar-se de ter ido ao funeral embora todos os familiares
garantam que sim.
Racionalização: Visa proteger a nossa auto-estima e evitar complexos de inferioridade
mediante argumentos ou justificações que mascaram a verdadeira realidade dos factos
(predomina no estádio genital). Ex.: A Ana não quis ser minha namorada. No fundo, ainda
bem porque não faz o meu género.
Projecção: Consiste em atribuir a outros sentimentos e desejos que são nossos, mas que
recusamos por serem, regra geral, inaceitáveis ou pouco apropriados. É uma forma de nos
libertarmos de problemas, defeitos e deficiências que são nossos. Ex.: André, que passa o
tempo a lisonjear os seus patrões, queixa-se que os seus colegas são graxistas.
Deslocamento: O indivíduo substitui o objecto original de um impulso por outro sobre o
qual liberta tensão. Ex.: Zangado com o patrão, Nuno chega a casa e insulta a mulher.
Regressão: Consiste em o indivíduo adoptar formas de comportamento características de
estádios anteriores do seu desenvolvimento psicossexual, sobretudo os estádios infantis,
esse regresso ocorre frequentemente após uma experiência traumática. Ex.: O Carlos, de
seis anos, voltar a fazer chichi na cama porque vi pela primeira vez à escola.
Compensação: Visa superar situações de inferioridade (real ou sentida) através do
envolvimento em actividades que as compensem e possibilitem a nossa auto-afirmação.
Envolve, em certa medida, o recurso à ficção, uma fuga é realidade que somos. Ex.: Infeliz
na sua vida sentimental, Jorge escreve histórias de amor com final feliz.
Sublimação: O indivíduo canaliza ou dirige para actividades socialmente desejáveis e
aprovadas impulsos libidinais e agressivos considerados indesejáveis e perigosos, isto é,
desviar impulsos que são considerados pelo sujeito como inaceitáveis para actividade
socialmente úteis e gratificantes. Ex.: Sérgio vai praticar jogging quando se sente irritado e
nervoso.
A IMPORTÂNCIA DO PASSADO E DA SEXUALIDADE:
O desenvolvimento infantil e o modo como se processa são decisivos para a formação da
personalidade do indivíduo e determinam aquilo que o indivíduo será. O passado infantil,
principalmente o complexo de Édipo/Electra, e as marcas que esse passado deixa no
inconsciente década individual explicam, em grande parte, os seus comportamentos
enquanto adultos e as características que definem a sua personalidade.
Freud afirmava que os problemas de que sofriam os seus pacientes seriam, em grande
parte, o resultado de experiências traumáticas vividas nos primeiros anos de vida.
Examinando as recordações dos seus pacientes, descobriu as suas motivações
inconscientes e construiu a sua teoria psicossexual do desenvolvimento da personalidade.
O papel dos pais nos primeiros anos de vida e a maneira como lidam com os impulsos
sexuais e agressivos dos filhos é fundamental para o desenvolvimento da personalidade.
Para Freud existem cinco estádios de desenvolvimento psicossexual, em cada estádio o
prazer deriva de uma determinada zona do corpo (zona erógena). Sexualidade, para Freud,
é fundamental para a realização do ser humano. Para Freud sexualidade não se reduz à
sexualidade genital, essa, é apenas um aspecto da sexualidade, sexualidade é pois, toda a
actividade corporal que, centrando-se em zonas erógenas, em diferentes momentos,
tendem para o prazer.
Em cada estádio psicossexual o indivíduo vive o conflito entre os seus impulsos biológicos
e as expectativas sociais. A forma como resolvemos tais conflitos entre as seduções das
zonas erógenas e as exigências da realidade é determinante para a personalidade adulta.
Quando os conflitos não são resolvidos, o indivíduo pode fixar-se em dado estádio do seu
desenvolvimento, não passando para o estádio seguinte. Pode, então, ocorrer a repressão,
ou seja, o indivíduo regressa a um estádio onde se fixa com o objectivo de fugir aos
conflitos, o que revela, falta de autonomia e incapacidade de enfrentar a realidade e
experiências frustrantes.
A zona erógena muda de estádio para estádio (boca, ânus e órgãos sexuais). Nos três
primeiros estádios (oral, anal e fálico) os ais são muito importantes, pois, se permitem uma
auto-satisfação excessiva ou inibem em demasia o prazer erótico da criança, estarão a
pedir um desenvolvimento psicossexual saudável.
A RELAÇÃO COM A ANSIEDADE:
Para Freud, lidar com a ansiedade é o tema central da existência humana.
As forças e pulsões que moldam o nosso comportamento e o nosso modo de ser são
fundamentalmente inconscientes e de natureza sexual e agressiva.
Na 2ª tópica Freud considera o Id a base dinâmica de toda a vida psíquica, inconsciente e
inato, tende para a auto satisfação, procurando sem ter em consta a realidade, obter o
prazer e evitar a dor. O Ego tenta encaminhar esses impulsos para uma satisfação que seja
uma solução de compromissos entre o que desejamos e o que realmente podemos obter,
dados os obstáculos e as restrições do meio. Ainda existe o superego, a instancia psíquica
que, muitas vezes, se opõe, de forma excessiva, aos desejos do Id, procurando obter a
perfeição moral.
Desenrola-se então, o conflito. A ansiedade é uma vivência do Ego que se preocupa com
esse conflito. Tenta satisfazer os desejos do Id, tendo em conta o que a realidade permite e
a moralidade admite.
O recalcamento dos desejos e pulsões inconscientes não significam que eles fiquem
―desactivados‖.
Procuram muitas vezes exprimir-se e subir á superficie. Para ultrapassar a censura
disfarçam- se, tornando-se irreconheciveis. Isto é, o inconsciente transforma-se e
manifesta-se nos sonhos, nos actos falhados e nas neuroses.
Sonhos – É a realização ilusória (simbólica) de desejos inconscientes (recalcados). Para
Freud o sonho é a via real de acesso ao inconsciente. O sonho não segue uma linguagem
lógica racional.
Actos Falhados – São satisfações substitutivas que resultam de um compromisso
entre Intenções. Uma consciente (socialmente aceite), e outra inconsciente (espreme um
pensamento que o individuo não aceita conscientemente – regresso do recalcado -). Ex:
Está encerrada a sessão (em vez de esta aberta a sessão). Esta intenção recalcada interfere
com a intenção consciente e esta surge deformada, originando o acto falhado.
Neuroses – Manifestações de algo que foi recalcado. Neuroses são doenças psíquicas
que traduzindo-se em perturbações físicas resistem à medicação. Muitas neuroses derivam
segundo Freud, da repressão dos impulsos sexuais e agressivos.
REFLEXÃO
A bibliografia recomendada pela professora para este trabalho demonstrou ser longa de
interpretar.
Para melhor compreensão foi necessário recorrer à internet.
Este trabalho veio enriquecer ainda mais os conhecimentos anteriormente adquiridos.
REFLEXÃO CRÍTICA
Ao longo deste semestre, foi-nos dada a oportunidade de conjugar as matérias leccionadas
na unidade curricular de Educação, Sociedade e Desenvolvimento, que se divide em duas
partes: Psicologia e Sociologia. Estas duas partes colaboram eficientemente, na construção
da unidade curricular que se preocupa em elucidar os alunos acerca da importância e da
interligação entre estes três elementos: Educação, Sociedade e Desenvolvimento.
O trabalho autónomo desenvolvido ao longo das aulas e fora delas foi de extrema
importância porque nos permitiu utilizar ferramentas de pesquisa, de forma a obter a
informação necessária. Na nossa opinião, essa metodologia é de grande valia, já que
permite aos alunos desenvolverem outras capacidades; o aluno deixa de estar dependente
da informação que o professor fornece, sendo o aluno o principal responsável pelo
aumento ou não do seu conhecimento.
A capacidade de todos nós, como alunos, conseguirmos desenvolver um trabalho
autónomo bem-sucedido, só irá aumentar as nossas possibilidades como futuros
integrantes no competitivo mundo do trabalho.

Вам также может понравиться