Mecanismos de defesa são estratégias inconscientes da psique humana para, supostamente, nos "proteger" (proteger o ego) de situações estressantes, embaraçosas e até traumáticas. Já nascemos pré-programados de "fábrica" (DNA) com um arsenal de mecanismos de defesa que vão sendo ativados na medida em que o ego/personalidade vai se estruturando e crescendo. O Eneagrama mostra qual o mecanismo de defesa mais comumente usado de acordo com cada tipo de personalidade. Isso não significa que não usemos outros ou só usemos estes, mas estes são os que estão mais atrelados às estratégias padrões (pensar, sentir e se comportar) de cada tipo. São muito mais inconscientes e automáticos. Eneatipo 1 – FORMAÇÃO REATIVA: é um mecanismo de defesa mais atrelado ao superego, que visa reprimir e adequar as reações negativas na forma de um comportamento socialmente adequado e aceito. É acionado quando o Eneatipo 1 fica com raiva de alguém por algum erro, falha moral ou "imprudência" cometidos. Como demonstrar essa raiva explicitamente seria muito embaraçoso e não adequado, o E1 reprime a raiva ou contrariedade, insatisfação, frustração, se comportando de forma diametralmente oposta. O sorriso no rosto aparece, a gentileza aumenta, assim com a paciência, tolerância e o cuidado com as palavras, passando a impressão de que tudo está bem quando, internamente, ele está quase explodindo. O resultado é que o E1 acaba bebendo do próprio veneno e se intoxicando. Várias doenças psicossomáticas aparecem como resultado desse mecanismo de defesa. Eneatipo 2 – REPRESSÃO: é acionado quando o Eneatipo 2 se sente muito carente, sem valor, com a autoestima baixa e, portanto, precisando muito da validação e aprovação dos outros. A repressão é usada para atenuar esse sentimento de desvalor e carência. Como resultado, o E2 reprime o que sente, se desconecta das próprias emoções e necessidades e faz o oposto: se volta cegamente para atender às necessidades dos outros, fazendo algo de produtivo em benefício de alguém, acreditando que assim receberá essa validação e aprovação. Só que essa estratégia reforça e perpetua o círculo vicioso da sua personalidade. Chegará um momento em que o E2 sentirá a mesma carência e desvalorização com o agravante de perceber que não recebeu quase nada em troca de tanta dedicação aos outros. Eneatipo 3 – IDENTIFICAÇÃO: é acionado quando o Eneatipo 3 se depara com algum obstáculo, dificuldade ou sensação de fracasso que machucam sua auto-imagem idealizada e autoestima frágil. Se sua empresa vai mal ou se foi demitido, ou se ele não tem recebido elogios, reconhecimento e feedbacks positivos por algum tempo, imediatamente ele tenta modificar sua auto-imagem como se troca um canal de TV para voltar a se sentir bem. A identificação faz com que o E3 idealize vários papéis ligados à performance para justamente facilitar essa transmutação. "Minha empresa vai mal, mas saiba que minha esposa cansa de dizer que sou um excelente pai e marido. Também sou um palestrante de sucesso. Esse final de semana eu marquei dois gols no futebol, sabia? Pretendo lançar meu livro ainda este ano. Será um best seller". Eneatipo 4 – INTROJEÇÃO: é acionado no Eneatipo 4 como resultado da sua fortíssima identificação com as próprias emoções; "sou o que sinto". Ao ser criticado, rejeitado ou sentir que não é compreendido, o E4 "engole" todos os sentimentos e sensações negativas possíveis, de forma compulsiva e indiscriminada, sem analisá-las ou filtrá-las, como se tudo que sentisse fosse válido e real. Como resultado, o E4 faz com que as pessoas se sintam pisando em ovos com ele. Tudo que disserem ou fizerem pode intensificar essa introjeção. É como se o E4 mergulhasse numa piscina funda sem saber a profundidade e sem saber nadar direito. Depois de provocar a angústia e preocupação de todos nesse "mergulho existencial", eis que de repente aparece o E4 na superfície dando tchauzinho e dizendo: "tá tudo bem, tá tudo bem, não foi nada". Eneatipo 5 – ISOLAMENTO/ALIENAÇÃO: é acionado quando o Eneatipo 5 se sente afogado pelas reações e emoções dos outros ou por situações muito limites ou quando é pressionado para agir diante de uma crise. Ele então se isola fisicamente para recarregar as baterias e poder analisar os fatos da forma mais racional e objetiva possível e só então poder agir. Com esse mecanismo de defesa o E5 "deixa as pessoas falando (e chorando) sozinhas", além de correr o risco de não agir tempestivamente. "O E5 acaba "perdendo o bonde" (timing) ou sendo atropelado pelos fatos e circunstâncias por excesso de análise que o paralisa. Às vezes o afastamento e o distanciamento são tão grandes que não dá tempo para ele voltar e resolver as questões. Eneatipo 6 – PROJEÇÃO: é um mecanismo de defesa que visa atribuir às outras pessoas e aos eventos externos a culpa pelas nossas reações e comportamento. O Eneatipo 6 usa muito esse mecanismo de defesa quando se sente inseguro, ansioso ou pressionado. Ele então projeta sua insegurança e ansiedade nos outros reclamando das atitudes das pessoas. "Eu não decidi ainda porque VOCÊ não me deixa decidir. Pare de me pressionar!". Ironicamente, esse mecanismo de defesa deixa o E6 ainda mais inseguro e ansioso. Uma das estratégias terapêuticas visando o crescimento e o desenvolvimento do E6 é justamente parar de projetar/reclamar. Eneatipo 7 – RACIONALIZAÇÃO: é um mecanismo de defesa que visa reestruturar e justificar de forma artificialmente positiva, situações reais desagradáveis, muito dolorosas e até potencialmente perigosas. É o famoso "há males que vem para o bem". O Eneatipo 7 é "mestre" na racionalização. Quando se depara com algo que potencialmente pode afetá-lo de forma negativa, ele logo reestrutura para suavizar a realidade. "Minha mãe acaba de morrer? Pelo menos ela foi para um lugar melhor. Deve estar feliz agora". "O oficial de Justiça está batendo na porta para confiscar a minha casa? Isso acontece com todo mundo. Quem não tem problema? Tudo vai acabar bem. Isso até me inspirou, sabe? Tive uma ideia brilhante de um projeto que vai nos deixar milionários em um mês. Uhuuuu...!" Eneatipo 8 – NEGAÇÃO: é um mecanismo de defesa que visa deletar da consciência fatos ou subestimar eventos, acontecimentos e até as próprias emoções e pensamentos porque estes, se encarados com consciência, podem provocar uma reação muito negativa ou expor uma forte vulnerabilidade. O Eneatipo 8 nega tudo aquilo que ameaça a sua auto- imagem de poderoso, auto suficiente ou "forte". Com isso, ele não resolve conflitos e questões emocionais importantes para o seu crescimento. Por causa desse mecanismo de defesa, o E8 tranca no seu baú psíquico várias bombas-relógios que explodirão mais cedo ou mais tarde. Eneatipo 9 – ANESTESIAMENTO/NARCOTIZAÇÃO: é um mecanismo de defesa evitativo, primo-irmão da negação, que faz com que a pessoa se desligue da realidade e de si mesma fazendo alguma coisa supostamente confortável ou prazerosa para fugir da realidade, de situações complicadas, sentimentos dolorosos, difíceis e estressantes. Um exemplo clássico de narcotização é a célebre cena do Titanic que afundava enquanto uma orquestra de músicos tocava violino como se nada estivesse acontecendo e alguns ainda assistiam à performance. O Eneatipo 9, quando se sente pressionado a agir ou decidir rapidamente ou quando se depara com uma situação estressante, aciona esse mecanismo. Enquanto a casa está pegando fogo e desmoronando, o E9 vai para o quarto rezar ou jogar uma partida de vídeo-game ou assistir ao último capítulo da novela. Foi demitido da firma: ele sai da empresa direto para uma churrascaria rodízio.
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