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DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA
NITERÓI, RJ
2018
Edinaldo dos Santos Araújo
Niterói, RJ
2018
No artigo "Linguística e Antropologia", capítulo IV de Antropologia
Estrutural, que teve origem em uma adaptação do seu pronunciamento na conferência
de linguístas e antropólogos de 1952, Claude Lévi-Strauss assevera que linguagem e
cultura tiveram desenvolvimentos paralelos no espírito humano, diferenciando, além
disso, os níveis de realidade em que aparecem. Nesse sentido, as atividades sociais
pertencem a um nível mais superficial, acessível à observação empírica, ao passo que a
linguagem pertenceria a um nível mais profundo. Este seria, de acordo com
Lévi-Strauss, mais um motivo para não ser permitido estabelecer uma correlação entre
uma e outra enquanto tais; mas, ao contrário, somente no que diz respeito a suas
estruturas. A preocupação de Lévi-Strauss está, principalmente, voltada para conceber a
existência de leis universais que constituem uma atividade inconsciente, porém sem
condicioná-las á língua, que é tomada apenas como fonte de demonstração da existência
dessas leis, naquilo que sua estrutura¹ é tomada como modelo.
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¹ Usar o termo estrutura desta maneira parece redundante, pois, de certo modo, "estrutura" já pressupõe
um nível profundo. Insistimos em usá-lo desta forma, entretanto, para diferenciar do uso que se faz do
termo no campo da Antropologia, no qual a palavra estrutura, como é usada pelo estrutural-funcionalismo
britânico, serve para descrever relações no nível dos fenômenos.
A aplicação do método estrutural ao estudo dos fenômenos da cultura
conduz Lévi-Strauss a construir uma maneira de explicação da cultura que a concebe
como constituída por ‘sistemas de significação’. Isso nos leva a questionar em que se
sustenta esta possibilidade – apontada por Lévi-Strauss no estudo dos sistemas de
parentesco – de se conceber a cultura como sistema de significação. Ora, essa
concepção de cultura é, em um primeiro momento, resultante de uma tentativa de
aplicação do método estrutural da fonologia nos estudos antropológicos.
Pretendemos mostrar que, sobre esse aspecto, Leach não está em total
desacordo com Lévi-Strauss. Para o autor de Sistemas Políticos da Alta Birmânia, o
sistema, do ponto de vista ‘empírico, não está ordenado. Na verdade, o empírico é
marcado pela contingência. Portanto, segundo ele, não se pode nem afirmar se há
sistema. O sistema é, para e!e, construído na relação entre os conceitos. Desta forma,
então, o sistema é uma construção do pensamento: "A ficção do pensamento é apenas
um meio para atingir um fim" (LEACH, 1996:59).
Ao iniciar sua análise por uma visada sobre a situação ecológica dos
povos estudados, Leach está pretendendo demonstrar, antes de tudo, que "a situação
ecológica é um fator limitante, e não determinante da ordem social" ( LEACH, 1996:
91). Desta maneira, ele rompe ainda com a ideia de que haja qualquer ordem geográfica
naturalmente dada na sociedade.
REFERÊNCIAS