Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA
UIA 1 | A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE ORÇAMENTÁRIA
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 2
Este material é destinado exclusivamente aos alunos e professores do Centro Universitário IESB, contém
informações e conteúdos protegidos e cuja divulgação é proibida por lei. O uso e/ou reprodução total ou
parcial não autorizado deste conteúdo é proibido e está sujeito às penalidades cabíveis, civil e
criminalmente.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Prezado(a) estudante,
É um grande prazer dialogar com você sobre orçamento público e legislação orçamentária.
Tenha certeza que a aquisição de conhecimentos sobre a legislação orçamentária é de fundamental
importância para aqueles que desejam entender como funciona a gestão pública.
O orçamento é a peça, na forma de lei, Lei do Orçamento
Anual, ou simplesmente LOA, que orienta todo o
funcionamento do caixa do governo. É na LOA que
podemos identificar as receitas que financiam o governo e
as despesas com suas respectivas destinações e
classificações orçamentárias. Nossa disciplina tem como
objetivo conhecer a legislação orçamentária, pois toda a
Fonte: http://tinyurl.com/ozpyacs
organização e o processo de elaboração e execução do
orçamento público é conduzido pela legislação que lhe dá respaldo legal.
No Brasil, o orçamento público é tão importante que as normas gerais para sua elaboração estão dispostas
na Constituição Federal, que dedica uma seção inteira ao orçamento. O artigo que inicia essa seção (BRASIL,
1988, Art. 165), diz que: “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: O plano plurianual, as diretrizes
orçamentárias e os orçamentos anuais”.
O curso foi estruturado com foco nessa competência fundamental: entender e descrever a legislação
orçamentária brasileira. Para tanto, algumas habilidades são indispensáveis. Entre elas: gostaria de destacar:
entender a função do Plano Plurianual, como instrumento mediador entre o planejamento de longo prazo e
a Lei Orçamentária Anual; inter-relacionar os principais aspectos legais da Lei de Diretrizes Orçamentárias
com a Lei Orçamentária Anual e, de ambas, com a Constituição Federal; e compreender os principais
aspectos legais da Lei de Responsabilidade Fiscal e suas interfaces com a Lei Orçamentária Anual e com a
Constituição Federal.
Em cada uma das Unidades de Interação de Aprendizagem (UIA), você irá adquirir conhecimentos que irão
lhe propiciar o pleno desenvolvimento das competências fundamentais para entender a legislação e o
orçamento público no Brasil. Com esse objetivo, a UIA 1 destaca a atividade orçamentária, revelando a
participação do Estado na economia, as origens, a evolução, a importância do orçamento público e as
principais classificações teóricas dos orçamentos. A UIA 2 discute a estruturação legal do orçamento público,
tratando do Sistema de Planejamento e Orçamento Federal, dos princípios orçamentários e da estrutura das
receitas e despesas orçamentárias.
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 5
Após a construção desse arcabouço técnico e teórico, você estará habilitado a estudar, na UIA 3, a legislação
orçamentária, aprofundando seus conhecimentos na legislação que regula o Plano Plurianual, as diretrizes
orçamentárias, os orçamentos anuais, a Lei de Responsabilidade Fiscal e demais leis e regulamentos que
regem e fazem o intercâmbio entre as peças do orçamento público.
Finalmente, na UIA 4 você conhecerá a legislação que trata dos aspectos de elaboração, execução e alteração
do orçamento, o que, no jargão técnico, costuma-se chamar de processo de execução orçamentária e
financeira do orçamento público. Serão apresentados aspetos relevantes de atividades administrativas que
decorrem da legislação orçamentária: emendas, créditos adicionais, restos a pagar, ou seja, a execução do
orçamento propriamente dita.
Ao final do curso, estudante, você estará capacitado a entender o funcionamento de toda a legislação que
trata de orçamento público no Brasil, compreendendo a importância específica de cada instrumento legal e
possuindo uma percepção da relevância do conjunto da legislação que funda e dá corpo ao processo de
elaboração, execução e acompanhamento do orçamento público no Brasil.
Bons estudos!
n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n
n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n
Olá, estudante, bem-vindo(a) à primeira Unidade de Interação e Aprendizagem (UIA). Na primeira aula desta
unidade, referente à importância da atividade orçamentária, falaremos sobre a participação do Estado na
economia e o papel do orçamento público.
Não deixa de ser curioso lembrar que, na sua origem, o orçamento foi concebido como
um mecanismo de controle político dos órgãos legislativos sobre o Executivo. Ou seja,
sua função era controlar os gastos do Executivo.
Ao longo do tempo, com a ampliação do papel do Estado, o orçamento também foi ampliando seu papel e
sofreu mudanças no plano conceitual e técnico para acompanhar a própria evolução das funções do Estado.
Uma das áreas que tem sido mais pesquisadas é aquela que tenta fazer uma ligação entre a elevação dos
gastos do governo e o crescimento econômico. A respeito desse tema, Bonelli (2009) acredita que os gastos
públicos podem ter um importante papel naquelas despesas cujo impacto positivo sobre a atividade produtiva
privada é mais direta. Assim, gastos importantes para o crescimento seriam aqueles relacionados à construção
da infraestrutura física. Quando se pensa em respostas de longo prazo no processo de crescimento, estariam as
despesas associadas à construção do capital humano, que, em um conceito flexível, incluem as de melhoria das
condições de educação e saúde. Em outras palavras: o receituário mais geral para acelerar o crescimento
privilegia a expansão dos gastos em infraestrutura (capital físico) e em capital humano.
Entretanto, para Bonelli (2009), a elevação dos gastos públicos é nociva para o objetivo do crescimento, porque
retira do setor privado recursos para inversões em capital fixo. Em outras palavras, o Estado estaria utilizando os
mesmos recursos que as empresas privadas deveriam empregar para fazer investimentos, que, em tese, é o
motor do crescimento da economia. Assim, é como se o Estado estivesse competindo por recursos escassos e
tirando-os do setor produtivo, reduzindo, dessa forma, as possibilidades de crescimento da economia.
É bem verdade que o gasto público possui diversas finalidades, além de alavancar o crescimento da
economia. Entretanto, nossa preocupação não é estudar em detalhes as finalidades do gasto público. Nosso
intuito aqui é mostrar o seu crescimento generalizado, em todos os países do mundo, fazendo uma relação
do gasto com a importância crescente dos orçamentos públicos. Na verdade, o orçamento público é onde,
legalmente, os gastos se materializam.
Também não é objeto de discussão aqui os aspectos inegavelmente bem-sucedidos das políticas públicas
brasileiras como as ações visando a aumentar a inclusão social, reduzir a pobreza e diminuir as
desigualdades, que ainda persistem no Brasil, nem com outras políticas do governo em áreas que não sejam
da macroeconomia.
Enfatizaremos aqui os aspectos macroeconômicos. Ou seja, uma percepção de para
onde caminha o gasto público e, consequentemente, o orçamento público.
Um indicador muito empregado para medir o tamanho da participação do Estado na economia, ou se você
preferir, o gasto público, é compará-lo com o produto total da economia. Assim, o indicador frequentemente
usado para medir o tamanho do Estado na economia é comparar o gasto público com o Produto Nacional
Bruto (PNB). O Gráfico 1 a seguir mostra a tendência de elevação do gasto público em três países
selecionados: Inglaterra, Estados Unidos e Alemanha.
60
50
40
30
20
10
0
1900 1920 1940 1960 1980 1990 2000 2010 2014
Reino Unido Alemanha EUA
Embora pareça que houve, nas últimas décadas, uma certa tendência à manutenção do nível dos gastos
públicos, você pode perceber que eles se estabilizaram em patamares bastante elevados. Uma consequência
direta nos orçamentos públicos dessa elevação do gasto foi o abandono da mística do equilíbrio
orçamentário1, sendo que a necessidade de recursos passou a ser suprida com empréstimos ou colocação de
títulos públicos.
Fonte: http://tinyurl.com/mkabgw7
à medida que cresce o nível de renda em países industrializados, o setor público cresce
sempre a taxas mais elevadas, de tal forma que a participação relativa do governo na
economia cresce com o próprio ritmo do crescimento econômico do país.
(apud GIACOMONI, 2012, p. 7)
1
Uma das três leis em sentido formal (lei ordinária) que compõem o sistema orçamentário brasileiro. A LDO, de duração de um ano, define
as metas e prioridades do governo para o ano seguinte, orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual, dispõe sobre alterações na
legislação tributária e estabelece a política das agências de desenvolvimento. Também fixa limites para os orçamentos dos poderes
Legislativo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com pessoal.
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 9
Richard Bird comprovou empiricamente a Lei de Wagner, apontando três causas determinantes do
crescimento das despesas públicas (GIACONOMI, 2012):
● o crescimento das funções administrativas e de segurança, que acompanham o processo de
industrialização e a demanda por bens públicos decorrentes da urbanização;
● com o crescimento econômico, elevam-se as demandas por mais bem-estar social, especialmente em
educação e saúde;
● intervenção direta e indireta do governo no processo produtivo, devido à criação de monopólios, em
virtude das modificações tecnológicas e dos vultosos recursos necessários ao investimento para
expansão do setor industrial.
Para Peacock e Wiseman (1970) o problema possui caraterísticas bem distintas. Eles formularam o
seguinte enunciado:
O crescimento dos gastos totais do governo em determinado país é muito mais uma
função das possibilidades de obtenção de recursos do que da expansão dos fatores que
explicam o crescimento da demanda de serviços produzidos pelo governo.
(GIACOMONI, 2012, p. 8)
Você consegui observar a diferença das teorias de Wagner e Bird para a teoria de
Peacock e Wiseman?
De modo geral, podemos dizer que, para Wagner e Bird, a pressão sobre a elevação das gastos públicos é
realizada por uma grande demanda insatisfeita. Na análise de Peacock e Wiseman, ocorre o mecanismo
contrário, a pressão é conduzida pelo próprio setor público: é a teoria da oferta de bens públicos. Em outras
palavras, o mecanismo de geração de recursos é indispensável para expansão da oferta.
Para Peacock e Wiseman, os indivíduos têm comportamentos diferentes quanto à demanda de bens
produzidos pelo governo e quanto à disposição de contribuir com tributos. Em períodos normais, a
resistência à elevação da carga tributária seria suficiente para impedir o crescimento dos gastos, a despeito
das pressões da demanda. Em períodos de crise (guerras) ou grande crescimento (boom econômico), a
resistência à elevação dos tributos fica reduzida, o que produz a elevação dos gastos públicos.
Uma explicação que de alguma forma contempla as duas vertentes citadas é a produzida por
Musgrave (1980). Ele explica o crescimento das despesas públicas pelos seguintes fatores:
● o crescimento da renda per capta e o aumento da demanda por bens e serviços
públicos (bens de consumo e investimento);
● mudanças tecnológicas e populacionais;
● os custos relativos aos serviços públicos (trabalho intensivo);
● mudanças no alcance das transferências (previdência social);
● disponibilidade de alternativas para a tributação;
● fatores políticos e sociais.
40
35
30
25
20
15
10
5
0
1900
1905
1910
1915
1920
1925
1930
1935
1940
1945
1950
1955
1960
1965
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
2013
CTB/PIB (Fonte RFB)
Parece nítida também a mudança do patamar de crescimento, ocorrido nos períodos de mais crescimento da
economia. Um primeiro momento ocorre durante o período conhecido como “milagre econômico”, de 1966
a 1975, quando a CTB se eleva de 17% do PIB para quase 26% do PIB. Outro período de destaque é durante o
boom econômico ocorrido nos anos 2000, no qual a CTB sai de 27% do PIB e atinge 33% do PIB.
Você concorda que parece ser mais fácil que ocorra uma elevação dos gastos nos períodos de mais crescimento
econômico? Considerando que a demanda por bens públicos deve ser contínua, ou até mais elevada nos
períodos de crise do que no crescimento da economia, então, não lhe parece que, no caso brasileiro, a elevação
da carga tributária possui mais aderência à teoria da oferta, apresentado por Peacock e Wiseman?
Termina aqui nossa primeira aula desta unidade. Introduzimos conceitos que serão importantes ao longo desta
parte do conteúdo. Continue os estudos desta disciplina e até breve!
n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n
n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n
Nesta aula, falaremos sobre as origens e a evolução da legislação orçamentária em uma aula divida em três
momentos: breve história do orçamento público; os orçamentos e as constituições republicanas; e o orçamento
público depois da edição da Lei nº 4.320/64. Boa aula!
De acordo com Pires e Motta (2006), orçamento público tem as seguintes finalidades:
● materializar ações pensadas e programadas;
● estabelecer os objetivos pretendidos;
● fixar período determinado;
● identificar previamente os recursos disponíveis; e
● priorizar ações em função das políticas públicas de governo.
Historicamente, um registro importante, que pode ser considerado como um dos precursores da ideia de
elaboração de orçamentos públicos, foi realizado pelo artigo 12 da Magna Carta da Inglaterra do ano de 1217.
Nenhum tributo ou auxílio será instituído no reino, senão pelo conselho comum, exceto
com o fim de resgatar a pessoa do Rei, fazer seu primogênito cavaleiro e casar a sua filha
mais velha uma vez e os auxílios para esses fins serão razoáveis em seus montantes.
(apud Giacomoni, 2012, p. 31)
Ainda na Inglaterra, em 1689, com o intuito de resolver um conflito surgido entre o Rei Carlos II e o
Parlamento inglês, que acabou dando origem à chamada Revolução Gloriosa, o Parlamento baixou, em 1689,
a Declaração de Direitos (Bill of Rights) que, dispondo sobre os direitos dos senhores feudais, da Igreja, da
cidade de Londres e da justiça, determinava que:
A partir desta data nenhum homem será compelido a fazer qualquer doação, empréstimo
ou caridade, ou pagar imposto, sem o consentimento comum da Lei do Parlamento.
(apud GIACOMONI, 2012)
Assim, a Bill of Rights dá início à limitação do poder do rei, posteriormente, do Poder Executivo de
implementar impostos de modo discricionário. Em outras palavras, podemos dizer que foi realizada a
separação das finanças do Reino (Estado) e da Coroa (finanças pessoais do rei).
No Brasil, podemos dizer que nossa história orçamentária tem início com a primeira Constituição do Império,
em 1824. Inicialmente, ela previa que a elaboração da proposta orçamentária competia ao Legislativo. Em 1826,
através de uma reforma constitucional, foi realizada a transferência da elaboração da proposta orçamentária
para o Poder Executivo. Assim, o orçamento passou a ser elaborado pelo Ministério da Fazenda, que
consolidava as propostas dos outros ministérios e as encaminhava à Câmara dos Deputados para fins de
apreciação pela Assembleia Geral, composta pela Câmara dos Deputados e Câmara de Senadores.
Como você pode perceber, é antiga a percepção da importância do orçamento público, sendo ele objeto de
matéria constitucional desde os tempos do Império. A Constituição Imperial abordou sobre orçamento em
seus artigos de 170 a 172. O artigo 172 estabelecia que:
http://tinyurl.com/pohtejs
Esse tipo de orçamento (clássico ou tradicional) se caracterizava por ser um documento formal de previsão
de receita e de autorização de despesas. As despesas eram classificadas segundo o objeto de gasto e
distribuídas pelas diversas unidades orçamentárias ou órgãos, para o período de um ano. Durante a sua
elaboração, não se enfatizava o atendimento das necessidades da coletividade e da Administração,
tampouco se destacavam os objetivos econômicos e sociais.
A maior deficiência do orçamento clássico ou tradicional consistia no fato de que ele não tinha ligação com
um programa de trabalho específico ou um conjunto de objetivos a atingir. Os órgãos eram contemplados
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 15
com recursos no orçamento, sobretudo de acordo com o que gastavam no exercício anterior, levando-se em
consideração a inflação do período e não em função do que se pretendia realizar. Você estudará de forma
mais detalhada os diversos tipos de orçamento nas Aulas 03 e 04 desta UIA.
Entretanto, no bojo das reformas administrativas do governo militar, foram criados diversos órgãos de
acompanhamento e controle, dentro da estrutura do Poder Executivo. Em 1964, foi criado o cargo de
Ministro Extraordinário do Planejamento e Coordenação Econômica, com atribuições, entre outras, de
coordenar a elaboração e execução do Orçamento Geral da União e dos orçamentos dos órgãos e entidades
subvencionadas, harmonizando os com o plano nacional de desenvolvimento econômico. Ainda nesse
mesmo ano, as atribuições do Ministério do Planejamento foram ampliadas com a inclusão da Coordenação
Econômica. Em 1965, foi criado o Conselho Consultivo do Planejamento como órgão de consulta desse
ministério. Nessa Constituição, foi criado o princípio do equilíbrio orçamentário, conforme o qual o
montante da despesa autorizada em cada exercício financeiro não poderia ser superior ao total das receitas
estimadas para o mesmo período.
A Constituição de 1988 foi, sem sombra de dúvidas, a mais inovadora e a que contemplou os diversos
avanços conquistados pela sociedade, principalmente, a democratização do planejamento e do orçamento.
Seu capítulo II foi inteiramente destinado às finanças públicas, e a seção II, aos orçamentos.
Essa norma estabeleceu novos instrumentos de planejamento, a exemplo do Plano Plurianual (PPA), antes
denominado de Plano Plurianual de Investimentos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)i e os planos e
programas nacionais, regionais e setoriais. As regras gerais sobre orçamentos estão detalhadas nos artigos
165 a 169 da Constituição Federal. Você estudará esses instrumentos de planejamento na terceira UIA.
Para finalizar esta aula, sugiro que você assista à videoaula do projeto
Saber Direito, produzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e
ministrada pelo professor Caio Bartine. Nesse vídeo, ele faz uma
interligação entre a atividade orçamentária, os gastos públicos, a
atividade financeira do Estado e o funcionamento da ordem econômica.
A aula é um pouco extensa, mas vale a pena! Ela acrescenta muitas
informações ao conteúdo que estudamos. Acesse a aula pelo link a
seguir.
http://tinyurl.com/lge6ut2
Termina aqui nossa segunda aula. Vimos aqui sobre a história do orçamento, principalmente no Brasil. Os
conceitos apreendidos aqui têm grande valia para a formação nessa área. Continue estudando!
Estudantes, veremos aqui as diferentes maneiras de classificar os orçamentos. Continue os estudos desta
disciplina e até breve!
As respostas a esses questionamentos dependem de diversos fatores internos e externos que, em muitas situações,
extrapolam a competência e a soberania do Estado. Entre eles, podemos mencionar: embargos econômicos,
subsídios, incapacidade de investimentos, extensão territorial, vontade política e diversificação cultural.
Giacomoni (2012) emprega uma classificação simples que divide a história da evolução conceitual e técnica
do orçamento público em dois períodos: tradicional e moderno. Assim, nessa classificação, tradicional e
moderno são características “ideais” das situações extremas da evolução do orçamento. Se você considerar
que essa trajetória esteja sobre uma linha reta, o orçamento tradicional está na ponta inicial dessa linha, na
origem. O orçamento moderno está na outra ponta, no final da linha. Entre esses dois pontos estão todos os
orçamentos públicos: uns no meio do caminho, outros mais adiantados e outros ainda mais próximos ao
ponto de partida. Assim:
De um modo geral, podemos dizer que o orçamento tradicional tem como função principal o controle
político. Ele é um instrumento disciplinador das finanças públicas, possibilitando aos órgãos de
representação um controle político sobre o Executivo. Assim, o orçamento se constitui numa forma eficaz de
controle, pois coloca frente a frente as despesas e das receitas.
Além do controle político, ele possui claro aspecto jurídico, pois o orçamento é tratado com uma lei, que
estima a receita e fixa despesa. Essa lei deve ser cumprida. Finalmente, outra característica fundamental do
orçamento tradicional é adotar classificações suficientes apenas para instrumentalizar o controle de
despesas. Para tanto, as despesas são divididas por unidade administrativa2 (o órgão responsável pelo gasto)
e por objeto ou item de despesa (pessoal, material, investimento).
Dessa forma, o orçamento pode ser empregado para auxiliar o desempenho e o planejamento do Estado. É
com base nessas ideias que surgiram as técnicas orçamentárias do orçamento de desempenho, que
privilegia os resultados atingidos pelo orçamento, e dos modelos baseados no PPBS (Planning, Programming
and Budgeting System) ou Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento, que foram pensados como
sistemas auxiliares ao desempenho das funções do Estado.
É por esse motivo que encontramos na literatura diversos tipos ou formas de
orçamento, pois cada um deles dá ênfase ou prioriza um aspecto do problema.
• orçamento de desempenho; e
• orçamento-programa.
• Todos os programas de trabalho devem ser justificados cada vez que se inicia um novo ciclo
orçamentário.
3
Entidade da administração direta, inclusive fundo ou órgão autônomo, da administração indireta (autarquia, fundação ou empresa estatal)
em cujo nome a lei orçamentária ou crédito adicional consigna, expressamente, dotações com vistas à sua manutenção e à realização de um
determinado programa de trabalho.
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 19
A ideia básica do OBZ é a de que cada unidade da Administração Pública, a cada ano, ao elaborar o
orçamento, e o Congresso Nacional, ao debatê-lo e aprová-lo, teriam os elementos de julgamento
necessários para, primeiro, avaliar até que ponto uma certa despesa é necessária ou não e, segundo,
estabelecer uma hierarquia de prioridades para definir o que é mais importante o governo realizar.
Assim, podemos elencar algumas vantagens e desvantagens do emprego do OBZ. Veja a seguir.
Vantagens do OBZ:
• Fornece informações detalhadas relativas aos recursos necessários para se
realizar os fins desejados.
• Chama a atenção para os excessos e para a duplicidade de esforço entre as
unidades orçamentárias.
• Concentra-se nas quantias necessárias para os programas, e não no aumento
ou diminuição percentual em relação ao ano anterior.
• Especifica prioridades dentro das unidades orçamentárias, entre órgãos e
comparações entre as organizações públicas.
• Permite a determinação, por uma auditoria de desempenho, se cada atividade
ou operação teve o desempenho esperado.
Em síntese, podemos dizer que o OBZ é um poderoso instrumento de controle e de melhoria do processo
orçamentário. O fato de cada programa ser questionado obrigaria as diversas unidades orçamentárias e
ministérios a envidarem esforços no sentido de apresentar programas de melhor qualidade técnica e mais
justificados e fundamentados, promovendo uma espécie de seleção natural e criando uma forma de filtro
que implicaria abandonar os programas tecnicamente inviáveis.
O OBZ tende a gerar, como subproduto, uma nova cultura favorável ao aperfeiçoamento sistemático dos
procedimentos, com vistas a mais eficácia na utilização dos recursos e no cumprimento das metas. A
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 20
Estudantes, termina aqui nossa aula. Após fazermos um geral sobre os orçamentos públicos e estudarmos dois
tipos deles (OBZ e orçamento de desempenho), vamos para a próxima aula, na qual estudaremos o orçamento-
programa. Até lá!
AULA 04 | O ORÇAMENTO-PROGRAMA
Esta aula é uma continuação do que começamos a estudar aula passada. Dentro da classificação dos
orçamentos, vamos estudar o orçamento-programa. Os conceitos apreendidos aqui têm grande valia para a
formação nessa área. Continue estudando!
4
Ato administrativo de competência privativa dos chefes do Poder Executivo (presidente, governadores e prefeitos).
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 22
5
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. É a Lei Complementar nº 101/2000.
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 23
Esse tipo de orçamento é entendido como um elo entre o planejamento (PPA) e as ações executivas da
Administração Pública, cuja ênfase é a consecução de objetivos e metas e, para tanto, são considerados os
custos dos programas de ação e classificados a partir do ponto de vista funcional-programático. O termo
“funcional-programático” significa dizer que a despesa se encontra dentro de uma função de governo
(judiciária, legislativa, saúde) e que para cada despesa existe um programa de trabalho, ou seja, toda despesa
pública se encontra dentro de um programa de trabalho.
6
Classificação da despesa segundo estrutura de funções e subfunções, que indicam as áreas de atuação do governo, como saúde, educação,
transporte, entre outras. O código da classificação funcional compõe-se de cinco algarismos, sendo os dois primeiros reservados à função e
os três últimos à subfunção.
7
Classificação da despesa por órgão e unidade orçamentária. O órgão ou a unidade orçamentária pode, eventualmente, não corresponder a
uma estrutura administrativa, por exemplo, Encargos Financeiros da União, Transferência a Estados, Distrito Federal e Municípios, Reserva de
Contingência.
8
Uma das três leis em sentido formal (lei ordinária) que compõem o sistema orçamentário brasileiro. É a lei orçamentária propriamente dita,
possuindo vigência para um ano. Ela estima a receita e fixa a despesa do exercício financeiro, ou seja, aponta como o governo vai arrecadar e
como irá gastar os recursos públicos.
Copyright © 2015 Centro Universitário IESB. Todos os direitos reservados.
LEGISLAÇÃO ORÇAMENTÁRIA | UIA 1 | 25
Existem casos em que a classificação institucional não corresponde a um órgão ou a uma unidade
orçamentária real. Exemplo:
90.000 – Reserva de Contingência
73.000 – Transferências a Estados, Distrito Federal e Municípios
74.000 – Operações Oficiais de Crédito
Na verdade, embora a maioria dos técnicos que trabalham com o orçamento empreguem o termo
institucional-funcional, desde a edição do Manual Técnico de Orçamento de 2005, no qual a classificação
funcional-programática, para atender a nova concepção das atividades de planejamento, passou a ser
chamada simplesmente de funcional (BRASIL, 2005).
A classificação funcional é composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que servem como
agregador dos gastos públicos por área de ação governamental nas três esferas. As funções que são
representadas por um código de dois dígitos (XX) e se identificam com a área de atuação de cada um dos
órgãos ou entidades do governo representam o maior nível de agregação das diversas áreas da despesa que
competem ao setor público. Exemplo:
01 – Legislativa
04 – Administração
10 – Saúde
12 – Educação
As subfunções, cuja codificação é composta de três dígitos (XXX), representam um desdobramento das
funções e têm a finalidade de agregar determinado subconjunto de despesas do setor público e identificar a
natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções.
Exemplo:
031 – Ação legislativa
301 – Atenção básica
361 – Ensino Fundamental
As ações de governo (atividades, projetos e operações especiais) são desdobradas em subtítulos, utilizados,
especialmente, para especificar a sua localização física, não podendo haver, por conseguinte, alteração da
finalidade, do produto e das metas estabelecidas. O subtítulo é composto de quatro dígitos: XXXX e
representa o menor nível de categorias de programação.
Dessa forma, temos a formação do Código do Programa de Trabalho completo. De acordo com a estrutura
utilizada pelo governo federal, elaborada com base no Sistema Integrado de Dados Orçamentários (SIDORF),
além das classificações estudadas até o momento, outras são incorporadas a fim de gerenciar em rede o
processamento das informações do ciclo orçamentário adotado pela União.
Identificador de uso tem a finalidade de completar a informação concernente à aplicação dos recurso e se
destina a indicar se os recursos compõem contrapartida nacional de empréstimos ou de doações ou a outras
aplicações, constando da lei orçamentária e de seus créditos adicionais pelos seguintes dígitos, que
antecederão o código das fontes de recursos.
0 – Recursos não destinados à contrapartida
1 – Contrapartida – BIRD
2 – Contrapartida – BID
3 – Outras contrapartidas
Identificador de operações de crédito (IDOC) identifica a operação de crédito contratual a que se refere a
ação, quando financiada mediante empréstimos de recursos com ou sem contrapartida de recursos da união.
O número do IDOC também será usado nas ações de pagamento de amortização, juros e encargos
contratuais para identificar a operação de crédito a que se referem os pagamentos.
Os gastos serão programados com o identificador de uso igual a 1, 2 ou 3, e o IDOC, com o número da
respectiva operação de crédito. Quando os recursos não forem de contrapartida nem de operações de
crédito, o IDOC será 9999.
O identificador de resultado primário tem como finalidade auxiliar a apuração do resultado primário
constante da LDO, devendo constar no projeto de LOA e na respectiva lei em todos os grupos de natureza de
despesa, identificando, de acordo com a metodologia das necessidades de financiamento, cujo
demonstrativo constará em anexo à LOA, as despesas de natureza:
0. financeira;
1. primária obrigatória, ou seja, aquelas que constituem obrigações constitucionais obrigatórias
ou legais da União e constem da seção I do Anexo IV da LDO;
Estudantes, chegamos ao final da nossa primeira UIA. Você deve estar um pouco assustado com tanta codificação.
Não se preocupe! Em um primeiro contato, tudo parece complicado, principalmente essa montanha de códigos. No
entanto, aos poucos, você irá se familiarizando com esta codificação. Se ficou com alguma dúvida? Retorne ao
conteúdo ou busque esclarecimentos no Fórum de Dúvidas. Senão, passe para a unidade seguinte. Até lá.
n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n
n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n n
Você terminou o estudo desta unidade. Chegou o momento de verificar sua aprendizagem.
Ficou com alguma dúvida? Retome a leitura.
Quando se sentir preparado, acesse a Verificação de Aprendizagem da unidade no menu
lateral das aulas ou na sala de aula da disciplina. Fique atento, essas questões valem nota!
Você terá uma única tentativa antes de receber o feedback das suas respostas, com
comentários das questões que você acertou e errou.
Vamos lá?!
REFERÊNCIAS
BONELLI, Regis. Estado e Economia: Estado e Crescimento Econômico no Brasil. Brasília: CEPAL; IPEA, 2009.
Disponível em: <www.cepal.org/publicaciones/xml/6/35816/lcbrsr201regisbonelli.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2015.
BRASIL. Carta de Lei de 25 de Março de 1824. Manda observar a Constituição Politica do Imperio, offerecida
e jurada por Sua Magestade o Imperador. Rio de Janeiro, 1824. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm>. Acesso em: 15 jan. 2015.
BRASIL. Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Brasília, 2000. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm>. Acesso em: 25 set. 2014.
BRASIL. Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual Técnico de
Orçamento. Brasília, 2005. Disponível em:
<http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/sof/mto/MTO_2005.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2015.
BRASIL. Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão. Secretaria de Orçamento Federal. Manual Técnico
de Orçamento. Brasília, 2014. Disponível em: <http://www.orcamentofederal.gov.br/informacoes-
orcamentarias/manual-tecnico/MTO_2014.pdf>. Acesso em: 15 jan. 2015.
GIACOMONI, James. Orçamento Público. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
MUSGRAVE, Richard A. Teoria das Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 1980.
PEACOCK, Alan T; WISEMAN, Jack. The growth of public expenditure in the United Kigdom. Princeton:
Princeton University Press, 1970.
PIRES, J. S; MOTTA, W. F. A Evolução Histórica do Orçamento Público e sua Importância para a Sociedade.
Enfoque Contábil, v. 25, n. 2, maio/ago. 2006. Disponível em:
<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Enfoque/article/view/3491/3158>. Acesso em: 15 jan. 2015.
GLOSSÁRIO
Classificação funcional: Classificação da despesa segundo estrutura de funções e subfunções, que indicam
as áreas de atuação do governo, como saúde, educação, transporte, entre outras. O código da classificação
funcional compõe-se de cinco algarismos, sendo os dois primeiros reservados à função e os três últimos à
subfunção.
Classificação funcional e programática: Classificação da despesa que combina a classificação funcional
com a classificação programática. Compõe-se de 17 dígitos: 1º e 2º, função; 3º ao 5º, subfunção; 6º ao 9º,
programa; 10º ao 13º, ação; e 14º ao 17º, subtítulo.
Classificação institucional: Classificação da despesa por órgão e unidade orçamentária. O órgão ou a
unidade orçamentária pode, eventualmente, não corresponder a uma estrutura administrativa, por exemplo,
Encargos Financeiros da União, Transferência a Estados, Distrito Federal e Municípios, Reserva de
Contingência.
Decreto: Ato administrativo de competência privativa dos chefes do Poder Executivo (presidente,
governadores e prefeitos).
Equilíbrio Orçamentário: Característica dos orçamentos em que contabilmente as receitas igualam-se às
despesas.
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): Uma das três leis em sentido formal (lei ordinária) que compõem o
sistema orçamentário brasileiro. A LDO, de duração de um ano, define as metas e prioridades do governo
para o ano seguinte, orienta a elaboração da Lei Orçamentária Anual, dispõe sobre alterações na legislação
tributária e estabelece a política das agências de desenvolvimento. Também fixa limites para os orçamentos
dos poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público e dispõe sobre os gastos com pessoal.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF): Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal. É a Lei Complementar nº 101/2000.
Lei Orçamentária Anual (LOA): Uma das três leis em sentido formal (lei ordinária) que compõem o sistema
orçamentário brasileiro. É a lei orçamentária propriamente dita, possuindo vigência para um ano. Ela estima a
receita e fixa a despesa do exercício financeiro, ou seja, aponta como o governo vai arrecadar e como irá
gastar os recursos públicos.
Unidade Administrativa: Unidade organizacional subordinada ou vinculada a órgão da Administração
Pública, conforme sua estrutura organizacional.
Unidade Orçamentária: Entidade da administração direta, inclusive fundo ou órgão autônomo, da
administração indireta (autarquia, fundação ou empresa estatal) em cujo nome a lei orçamentária ou crédito
adicional consigna, expressamente, dotações com vistas à sua manutenção e à realização de um
determinado programa de trabalho.