Os Transtornos Alimentares são doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações
dramáticas do comportamento alimentar. São caracterizados pela prática de dietas restritivas e aleatórias, uso de produtos dietéticos sem recomendação e uso de métodos inadequados para perda e manutenção de peso. Há também uma série de cognições errôneas sobre conceitos nutricionais e relação de repulsa, ódio e incompetência para lidar com o alimento. Os quadros mais comuns são a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.Dentre os diversos critérios diagnósticos existentes, o "Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders" (DSM) da "American Psychiatric Association" (APA) oferece uma definição de utilidade clínica para a identificação de casos com o objetivo de pesquisa.Os Transtornos Alimentares, dadas as prevalências, podem ser caracterizados como um problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, a Anorexia Nervosa é descrita como a terceira doença mais comum entre adolescentes e a Bulimia Nervosa como "o maior problema de saúde pública.” Além da magnitude do problema, também é de importância seu impacto sobre vários aspectos da vida do paciente: pessoais, familiares, emocionais, sociais, sexuais e ocupacionais. O "culto ao corpo" - característica marcante da atualidade - tem como sinalizador o desejo da magreza que, associado às dietas de emagrecimento, configura-se como importante fator de risco para os Transtornos Alimentares. O uso de dietas inadequadas, produtos dietéticos não aprovados e padrões arbitrários de peso ideal estão tipicamente incluídos no desenvolvimento do Transtorno Alimentar.No entanto, mesmo sendo uma cultura das dietas restritivas, onde o indivíduo quer ser cada vez mais magro, a oferta de alimentos é cada vez maior. Com isso, a sensação natural é de frustração que pode caminhar para a obsessão. Algumas pessoas chegam a ficar severamente doentes por conta destas preocupações, apresentando os Transtornos Alimentares.Os transtornos alimentares são doenças antigas. A primeira descrição da anorexia nervosa data de 1694 e a bulimia nervosa recebeu nomes alternativos ao longo da história por falta de uma definição diagnóstica que só aconteceu em 1980. São doenças de etiologia multifatorial, onde fatores genéticos, familiares, psicológicos e sócio-culturais se somam. A incidência aumentada das últimas décadas (estima-se que a prevalência da bulimia nervosa seja algo em torno de 1-4 por cento das mulheres jovens em países do primeiro mundo) está estreitamente relacionada aos padrões estéticos atuais, que relacionam a magreza com sucesso e felicidade, principalmente, para as mulheres. Tanto a bulimia nervosa, como a anorexia nervosa são mais comuns em mulheres do que em homens, sendo que menos de 10 por cento dos casos são constituídos de homens. O início dos sintomas na bulimia nervosa ocorre entre os 16 e 19 anos de idade, mas observa-se que a procura por tratamento médico demora, em média, cerca de 5 anos. Esse fato decorre, freqüentemente, de sentimentos de culpa e vergonha, bem como da idéia de que este não seja um problema médico.