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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PATOS – PB

EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA 14ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DA


PARAÍBA

OPERAÇÃO RECIDIVA

IPL n. 44/2018 (autos n. 0805430-14.2018.4.05.8205)


IPL n. 57/2019 (autos n. 0801028-50.2019.4.05.8205)
Ação Cautelar Penal n. 0800820-66.2019.4.05.8205 (Medidas Pessoais)
Ação Cautelar Penal n. 0800828-43.2019.4.05.8205(Buscas e Quebra)

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, por intermédio do órgão de execução


oficiante na Procuradoria da República em Patos – PB, no uso de suas atribuições
constitucionais e legais, inscritas, respectivamente, nos arts. 127 e 129, inciso I, da
Constituição da República e nos arts. 24 e 41 do Decreto-Lei n. 3.689/41 – Código de
Processo Penal, com fulcro nos elementos de prova colhidos nos procedimentos em
epígrafe, vem oferecer

DENÚNCIA

em desfavor de JOSÉ EDIVAN FÉLIX, brasileiro, casado, funcionário


público do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Norte, CPF 299.205.404-63,
nascido em 30/07/1960, é filho de Amélia Félix de Souza, título de eleitor n.
0006802241295, residente na Rua Rio Meiarim, n. 103, Parque Industrial, Parnamirim,
RN, CEP 59150000, podendo ser encontrado também na Rua Antônio Palmeira, n. 480,
Maternidade, Patos, PB, e na Rua José Pires Sobrinho, s/nº, Centro, Catingueira, PB,

Av. Dr. Pedro Firmino, n. 55, Centro, Patos, PB, CEP 58700-070
(83) 3422-1753 – www.mpf.mp.br/pb
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telefone (83) 999685507, atualmente recolhido no Presídio Regional de Patos, pelos


fatos e fundamentos adiantes descritos.

1. Dos Crimes Antecedentes


O denunciado José Edivan Félix foi prefeito do Município de Catingueira
(mandato: 2005 a 2012) e chefe de um grupo criminoso naquela edilidade, constituído
com o objetivo de desviar recursos públicos, que foi investigado e denunciado em
dezenas de processos nesta 14ª Vara Federal, no curso das chamadas “Operação Dublê” e
“Operação Recidiva”.

As essas investigações apontaram que o núcleo criminoso atuante no


Município de Catingueira foi orquestrado pelo então Prefeito José Edivan Félix, que
desviava recursos do erário por meio da acumulação de saldo de caixa e posterior
realização de saques mediante pagamentos à tesouraria (cheques nominais à
tesouraria), cuja aparência de legalidade era conferida por meio de notas fiscais “frias” 1
ou “clonadas”2.

Nas ações judicais decorrentes da “Operação Dublê”, José Edivan Félix foi
condenado a mais de 41 anos de pena privativa de liberdade, a saber:

• 0800688-09.2019.4.05.8205 (Ação Penal);

1 Para efeito de precisão conceitual, em todo o texto se usa a expressão “notas fiscais frias” para designar
aquela nota fiscal que, embora documentalmente verdadeira, possui informações sobre serviços não
prestados ou sobre uma operação não realizada pela empresa, em verdadeiro crime de falsidade
ideológica (art. 299, CP). Como a nota fiscal se tornou no Brasil a base de toda transação comercial e
base para aplicação de impostos, realização de pagamentos e prestação de contas, a utilização desse
documento fiscal se tornou também estratégico para as fraudes praticadas contra a administração. A
experiência tem demonstrado que a produção de notas fiscais “frias” se tornou uma profissão,
praticada por aqueles que se aprofundaram em técnicas de obtenção desses documentos e nos
procedimentos de abertura de empresas “fantasmas” com a utilização de laranjas e documentos falsos.
2 A nota fiscal “clonada” significa aquela é submetida a falsificação documental . Ao contrário de nota
fiscal “fria”, em que a falsificação é apenas ideológica, a nota fiscal “clonada” é produto de falsificação
documental.

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• 0800640-50.2019.4.05.8205 (Ação Penal);


• 0800513-15.2019.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800152-95.2019.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800048-06.2019.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0805655-34.2018.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0805654-49.2018.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801027-36.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801026-51.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801009-15.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801008-30.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801005-75.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801004-90.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0801003-08.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0801002-23.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800987-54.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800986-69.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800985-84.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800983-17.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800981-47.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800980-62.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800979-77.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800973-70.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800972-85.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800926-96.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800924-29.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800923-44.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800922-59.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800921-74.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800846-35.2017.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0000144-34.2017.4.05.8202 (Ação de Improbidade Administrativa);

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• 0800757-12.2017.4.05.8205 (Ação Penal);


• 0800676-63.2017.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800204-62.2017.4.05.8205 (Ação Penal): condenação de cinco anos de reclusão,
pela prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº nº 201/67;
• 0000537-81.2016.4.05.8205 (Ação Penal): condenação de quatro anos de reclusão,
pela prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;
• 0000495-32.2016.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800056-85.2016.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800320-39.2015.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0000545-92.2015.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0800319-54.2015.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800259-81.2015.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres da União da importância de R$ 5.201,26; multa civil no valor de R$
5.201,26; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 6 (seis) anos; perda da função
pública, pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, caput, da Lei nº 8.429/92;
• 0000286-97.2015.4.05.8205 (Ação Penal): condenação de cinco anos de reclusão,
pela prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;
• 0800303-37.2014.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
multa civil no valor de R$ 50.000,00 e perda da função pública, pela prática de atos
ímprobos tipificados no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92;
• 0800045-27.2014.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa);
• 0800140-91.2013.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres FUNASA da importância de R$ 120.000,00; multa civil no valor de
R$ 120.000,00; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 5 anos; perda da função
pública; indisponibilidade de bens móveis e imóveis até o limite de R$ 120.000,00; pela
prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, caput, da Lei nº 8.429/92;
• 0000477-16.2013.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres públicos da importância de R$ 38.280,00; multa civil no valor de R$
38.280,00; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 7 anos; perda da função pública,
pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, VIII, da Lei nº 8.429/92;
• 0000478-98.2013.4.05.8205 (Ação Penal): condenação a cinco anos de reclusão, pela
prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;
• 0000192-23.2013.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0000191-38.2013.4.05.8205 (Ação Penal): condenação a 8 anos 4 meses de reclusão,
pela prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;
• 0000186-16.2013.4.05.8205 (Ação Penal): condenação a cinco anos de reclusão, pela

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prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;


• 0000195-75.2013.4.05.8205 (Ação Penal);
• 0000144-64.2013.4.05.8205 (Ação Penal): condenação a 4 anos e 6 meses anos de
reclusão, pela prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;
• 0000107-37.2013.4.05.8205 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
multa civil no valor de R$ 20.000,00 e suspensão dos direitos políticos por 4 anos, pela
prática de atos ímprobos tipificados no art. 11, caput, da Lei nº 8.429/92;
• 0003235-45.2011.4.05.8202 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres públicos da importância de R$ 243.750,00; multa civil de R$
243.750,00; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 6 anos; perda da função
pública, pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, caput, da Lei nº 8.429/92;
• 0003017-51.2010.4.05.8202 (Ação Penal): condenação a cinco anos de reclusão, pela
prática do crime do art. 1º, inciso I, do Decreto-Lei nº 201/67;
• 0002534-21.2010.4.05.8202 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres públicos da importância de R$ 46.538,92; multa civil no valor de R$
46.538,92; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 7 anos; perda da função pública,
pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, XI, da Lei nº 8.429/92;
• 0000856-68.2010.4.05.8202 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres públicos da importância de R$ 11.329,86; multa civil no valor de R$
35.271,86, pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, XI, da Lei nº 8.429/92;
• 0000422-79.2010.4.05.8202 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres públicos da importância de R$ 38.729,60; multa civil no valor de R$
38.729,60; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 6 anos; perda da função pública,
pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, I e XII, da Lei nº 8.429/92;
• 0000890-77.2009.4.05.8202 (Ação de Improbidade Administrativa): condenação a
reposição aos cofres públicos da importância de R$ 100.000,00; multa civil no valor de R$
100.000,00; suspensão dos direitos políticos pelo prazo de 6 anos; perda da função
pública, pela prática de atos ímprobos tipificados no art. 10, VIII, da Lei nº 8.429/92.

Os valores desviados do erário por José Edivan Félix e seus comparsas,


nos processos em que é investigado e/ou condenado apenas na 14ª Vara Federal da
Paraíba, somam a quantia de R$ 7.789.788,87 (sete milhões, setecentos e oitenta e nove
mil reais e oitenta e sete reais), conforme discriminado na tabela abaixo:

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PROCESSOS VALORES (ATUALIZADOS)


0800688-09.2019.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 260.668,04
0800048-06.2019.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 85.383,28
0801003-08.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 429.208,00
0800981-47.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 214.530,12
0800980-62.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 1.388.508,16
0800979-77.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 52.861,85
0800973-70.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 142.819,63
0800923-44.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 1.988.936,79
0800922-59.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 319.282,16
0800921-74.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 51.896,81
0800757-12.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 1.642.352,66
0800676-63.2017.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 492.579,61
0000495-32.2016.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 103.311,76
0000545-92.2015.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 154.293,75
0000192-23.2013.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 206.000,00
0000195-75.2013.4.05.8205 (Ação Penal) R$ 257.156,25
TOTAL R$ 7.789.788,87

Tal contextualização se fez necessária para indicar na presente peça os


elementos da ocorrência dos crimes antecedentes de organização criminosa, fraude
licitatória e desvios de recursos públicos descritos em pormenores nas diversas ações
judiciais em que José Edivan Félix figura como réu.

2. Da Lavagem de Capitais
2.1. Da Investigação Patrimonial e do Arrolamento de Bens

O Inquérito Civil 1.24.003.000108/2017-31, posteriormente transformado


no IPL 0044/2018, foi instaurado inicialmente com o objetivo de documentar
investigação patrimonial para efeito de confisco de bens e ativos pertencentes, direita ou
indiretamente, a ex-Prefeito do Município de Catingueira, José Edvan Félix, como
decorrência natural dos enormes desvios de recursos públicos verificados na chamada
“Operação Dublê”.

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Logo na primeira reunião de dados constantes de fontes abertas, o MPF se


deparou com atos utilizados para encobrimento de origem e destino de recursos obtidos
por meio ilícito, em típica atividade de lavagem de capitais. Tendo Edvan Félix pilhado a
Prefeitura da qual era mandatário máximo, ele precisaria esconder os produtos e
proveitos de seus crimes, em atividade que perdura até os dias atuais, dada a
natureza permanente do crime de lavagem de dinheiro.

Buscando confirmar esses indicativos de escamoteamento de bens por


parte de Edvan Félix, o MPF apresentou ação cautelar penal para aplicação de medidas
pessoais ao ex-Prefeito, tombada sob o número 0800760-64.2017.4.05.8205 na 14ª Vara
Federal. Nela, o magistrado federal determinou a seguinte medida, na decisão de id.
4058205.1914664 daqueles autos:

Diante o exposto, aplico ao Sr. JOSÉ EDIVAN FÉLIX, em substituição à fiança, a medida
cautelar de arrolamento de bens, estabelecendo abaixo as regras gerais a serem
observadas:
a) devem ser relacionados todos os bens (móveis, imóveis, créditos, depósitos bancários,
investimentos, quotas em cooperativas etc.) com valor de mercado (individual) superior a
R$ 10.000,00 (dez mil reais), no Brasil ou no exterior;
b) fixo como termo inicial do arrolamento o dia 01/01/2005, devendo ser apresentado,
referente àquela data, demonstrativo inicial com descrição pormenorizada dos bens (v.g.,
terreno situado na rua X, com área total de Y, objeto de registro no cartório de imóveis de
Patos/PB - matrícula Z, avaliado em R$ 50.000,00, figurando como proprietário FULANO
DE TAL, em posse de filha do requerido);
c) sempre que houver movimentação patrimonial, deve ser apresentado, no prazo
máximo de 10 (dez) dias, demonstrativo atualizado, com indicação da alteração e
origem/destino dos recursos (v.g., a par dos dados acima, aquisição de terreno, na data
tal, a FULANO, pelo valor de R$ 100.000,00, quitado com recursos próprios mantidos na
caderneta de poupança nº X, agência Y, CEF);
d) devem constar dos demonstrativos bens em nome do requerido, de seus parentes até
terceiro grau e de pessoas de seu convívio íntimo (esposas, companheiras e namoradas -
atuais ou passadas) ou negocial (v.g., pessoa de quem o requerido é mandatário -
procuração com a cláusula "ad negotia"), assim como todos aqueles que, sob qualquer
título (v.g., posse, comodato, uso, usufruto etc.), possam representar ocultação de
patrimônio;
e) se detectado que o requerido ocultou do juízo patrimônio (i.e., descumpriu a ordem de
arrolamento salvo equívoco escusável), poderá ser aplicada outra medida cautelar mais

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gravosa ou até mesmo a prisão (CPP, art. 312, parágrafo único), incumbindo ao MPF
fiscalizar a veracidade das informações;
f) pode o MPF, a qualquer tempo, pedir que seja comprovado documentalmente o acerto
das informações prestadas, devendo, após decisão judicial, o requerido apresentar os
elementos necessários (v.g., extratos bancários, escrituras públicas etc.);
g) os demonstrativos e documentos acima devem ser autuados com numeração própria
(apenas um processo), classe petição, por dependência à presente;
h) fixo o prazo de 20 (vinte dias) para a apresentação dos primeiros demonstrativos (o
inicial e os passados).

Em cumprimento a esta decisão José Edivan Félix apresentou petição em


juízo (id. 4058205.2246108 daqueles autos), indicando os seguintes bens supostamente
seus e de seus familiares:

Bens de José Edivan Félix:

◦ Um imóvel, tipo casa, localizado à Rua Rio Meiarim, n.º 103, Parque
Industrial/Emaús, Cidade de Parnamirim/RN – Sem escritura;

◦ Um prédio, tipo residencial, em construção Rua Rio Meiarim, s/n, Parque


Industrial/Emaús, Cidade de Parnamirim/RN – Sem escritura;

◦ Possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB,


decorrente dos autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix
de Sousa

Bens da Mãe de José Edivan Félix:

◦ AMÉLIA FÉLIX DE SOUZA – Possui 68,0 hectares, na propriedade Sítio Serra


Branca, Catingueira/PB, decorrente da meação dos bens constantes nos autos de
Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa.

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Bens dos filhos de José Edivan Félix:

◦ EVERTON FELIPE DE SANTANA FÉLIX – é proprietário de um veículo Gol 1.0,


ano 2009, placa: KHB-7930;

◦ LARISSA EMMANUELE DE SANTANA FÉLIX – não possui bens;

◦ MARCELO HENRIQUE DE SANTANA FÉLIX – não possui bens.

• Bens da esposa e da ex-companheira de José Edvan Félix:

◦ EDINEIDE CAVALCANTI DE SANTANA FÉLIX – é proprietária de um veículo


Ecosport, ano 2009;

◦ MARIA FRANCIVALDA LEITE LACERDA – é proprietária de um veículo Gol.

Bens dos irmãos de José Edvan Félix:

◦ RITA FÉLIX DE SOUSA – reside na casa pertencente ao espólio de Albino Félix de


Sousa, localizada à Rua Oscar Torres, Santo Antônio, Patos/PB e possui 05,23 hectares, na
propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos autos de Inventário e
Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ EDILSON FÉLIX DE SOUSA – é proprietário de um veículo Fiat Uno, ano 2006 e


possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos
autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ SEBASTIÃO FÉLIX DE SOUSA – possui uma casa financiada em João Pessoa/PB e


possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos
autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ ERIVALDO FÉLIX DE SOUSA – e possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio


Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos autos de Inventário e Partilha deixados pelo
falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ ERINALDO FÉLIX DE SOUSA – é proprietário de um veículo Fiat Uno, ano 2006 e

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possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos
autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ EGRINALDO FÉLIX DE SOUSA – é proprietário de um veículo Fiat Uno, ano 2008


e possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente
dos autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ EVANALDO FÉLIX DE SOUSA – é proprietário de uma casa localizada à Rua


Jardim Aeroporto, n.º 460, Parnamirim/RN e de um veículo Renault Sandreiro, ano 2011 e
possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos
autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ RIVÂNIA FÉLIX DE SOUSA – e possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra


Branca, Catingueira/PB, decorrente dos autos de Inventário e Partilha deixados pelo
falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ RISOLENE FÉLIX DE SOUSA – e possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio


Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos autos de Inventário e Partilha deixados pelo
falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ RAQUEL FÉLIX DE SOUSA reside na casa pertencente ao espólio de Albino Félix


de Sousa, localizada à Rua Oscar Torres, Santo Antônio, Patos/PB e possui 05,23 hectares,
na propriedade Sítio Serra Branca, Catingueira/PB, decorrente dos autos de Inventário e
Partilha deixados pelo falecimento de Albino Félix de Sousa;

◦ ANTÔNIO FÉLIX DE SOUSA – é proprietário de uma casa financiada no Estado


do Mato Grosso e possui 05,23 hectares, na propriedade Sítio Serra Branca,
Catingueira/PB, decorrente dos autos de Inventário e Partilha deixados pelo falecimento
de Albino Félix de Sousa;

◦ ERASMO FÉLIX DE SOUSA – é proprietário de uma casa no município de


Catingueira/PB e só possui uma parte da herança deixada por Albino Félix de Sousa, haja
vista que vendeu a sua parte no Sítio Serra Branca, Catingueira/PB.

Na primeira análise que o MPF fez sobre os bens arrolados por Edivan
Félix já de percebeu que ele agia de forma desleal com a Justiça.

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Efetivamente, o demandado ao fazer o arrolamento de seus bens descreve


"um imóvel, tipo casa, localizado à Rua Rio Meiarim, n. 103, Parque Industrial/Emaús,
Cidade de Parnamirim/RN - Sem escritura " e "um prédio, tipo residencial, em construção
Rua Rio Meiarim, s/n, Parque Industrial/Emaús, Cidade de Parnamirim/RN - Sem
escritura ".

Ora, sabe-se que todo imóvel urbano possui uma matrícula no registro de
imóveis da cidade e, no caso, os dois mais importantes imóveis de Edvan Félix foram
indicados como “sem escritura”. É evidente que, mesmo não estando em nome do
demandado, tais bens estão matriculados no registro de imóveis sob um número,
supondo-se também que existam ao menos contratos de compra e venda dos mesmos
em nome de Edivan Félix. Isso é de conhecimento de todos, desde o mais leigo cidadão,
não podendo Edivan Félix, analista da Justiça do Trabalho e formado em Direito, alegar
o desconhecimento de tal fato.

Instado a se manifestar sobre os dois imóveis sem escritura em seu nome,


José Edivan Félix informou que reside no imóvel há mais de 20 anos, adquirido o
terreno por volta de 1990, por C$ 800,00, de Everaldo Sérgio de Santana Filho, mas não
possui contrato. Também informou que os dois primeiros imóveis acima mencionados
estão situados no mesmo terreno e local, juntando uma certidão vintenária do imóvel.

Em seguida, a deslealdade de José Edvan Félix se verificou com a omissão


de bens de Eliane Cavalcante de Santana (CPF n. 500.695.864-20), esposa de Antônio
Félix de Sousa Neto (CPF n. 02997111455) – portanto, cunhada de Edivan Félix – que
não teve seus bens listados no arrolamento de bens determinado pela Justiça Federal.

Em diligências realizadas no Inquérito Civil 1.24.003.000108/2017-31 foi


descoberto que Eliane Cavalcante de Santana está registrada como responsável do
imóvel localizado na Av. Maria de Amélia Machado, n. 07, Emáus, Paranamirim/RN, CEP
59149-260, conforme informado no Ofício nº CA/JUD – 242/2017 da Companhia
Elétrica do Rio Grande do Norte (fls. 145/146) e em ofício da Companhia de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte – CAERN (fl. 163). Em diligência realizada pela Polícia
Federal no IPL 0044/2018, os vizinhos confirmaram que o imóvel de fato pertenceria à
cunhada de José Edivan Félix, Eliane Cavalcante de Santana.

No âmbito da chamada “Operação Recidiva”, por ocasião do cumprimento

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de mandado de busca e apreensão expedido no processo n. 0800828-43.2019.4.05.8205,


foi apreendido na residência de José Edivan Félix dois aparelhos celulares Apple Iphone
A1778, número de habilitação 5584981836211 e Motorola Moto C Plus, modelo XT1726,
IMEI 356491084811117, e número de habilitação não detectado.

De posse dos dados extraídos por cópia forense (espelhamento) dos


aparelhos celulares, foi então elaborado, pelo Ministério Público Federal o Relatório de
Informações nº 14/2019, em anexo. Em uma das conversas do aplicativo de mensagens
WhatsApp, extraídas do celular iPhone, o interlocutor é Albino Félix de Sousa Neto
(tópico 5.1 do relatório), ex-prefeito de Catingueira/PB e sobrinho de José Edivan. Nela,
Edivan Félix está oferecendo uma casa para Albino Félix morar com a esposa, casa essa
que ficaria situada no município de São José de Mipibu/RN.

No diálogo José Edivan diz: “Se você não quiser ficar no sítio, lá em
Parnamirim, já fica no município de São José de Mipibu, mas tudo pegado, Natal,
Parnamirim, São José, ERLON foi embora e abandonou uma casa daquelas, do [programa]
Minha Casa Minha Vida. Aí o pessoal tinha entrado lá, eu ajeitei a casa, a casa é bem
arrumadinha, dois quartos. Novinha a casa, então tá lá e tá desocupada. Quando você
chegar, você pode dar uma olhada, aí se você quiser, pode trazer Paulinha e ficar lá e
procurar botar um comércio em Parnamirim ou Natal, por ali, lá não paga aluguel, só vai
pagar luz, que a água tem lá, não paga não.”

Fica claro pelo teor da conversa que José Edivan Félix possui um imóvel
em São José do Mipibu/RN que não declarou quando do arrolamento dos bens.

2.2. Da Ocultação da Propriedade de Bens e Direitos

Os bens arrolados por José Edivan Félix na Ação Cautelar Penal n.


0800760-64.2017.4.05.8205 apenas arranham a superfície do seu real patrimônio, com
o ex-Prefeito fazendo o uso de laranjas para escondê-los ou simplesmente escamoteando
bens de sua propriedade.

Conforme a seguir exposto, o acervo patrimonial de José Edivan Félix é


bem maior do que o declarado por ele e encontra-se ocultado em nome de terceiros, por

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serem produtos e proveitos dos crimes de desvio de recursos públicos cometidos por ele
quando a frente da Prefeitura Municipal de Catingueira, desvendados na “Operação
Dublê” e “Operação Recidiva”, cujo montante estimado é de R$ 7.789.788,87.

2.
2.2. 1. Da Ocult
2.1. ltaação da Propriedade de Bem e Direito em nome de Geane Lu
Luccena
Ferreira

No âmbito da chamada “Operação Recidiva”, por ocasião do cumprimento


de mandado de busca e apreensão expedido no processo n. 0800828-43.2019.4.05.8205,
foi apreendido na residência de José Edivan Félix dois aparelhos celulares Apple Iphone
A1778, número de habilitação 5584981836211 e Motorola Moto C Plus, modelo XT1726,
IMEI 356491084811117, e número de habilitação não detectado.

De posse dos dados extraídos por cópia forense (espelhamento) dos


aparelhos celulares, foi então elaborado, pelo Ministério Público Federal o Relatório de
Informações nº 14/2019, em anexo.

Em diálogo obtido do celular Apple Iphone de Edivan Félix, ele conversa


com um contato nomeado “Nelma Pedro” (tópico 5.8 do relatório) sobre uma carta de
crédito no nome de Geane Lucena Ferreira, entre os dias 01 de agosto a 15 de outubro de
2019. Precisamente, no dia 01 de agosto de 2019, José Edivan fala “Boa tarde; Quando
puder, fale sobre a assembleia e contemplação”. Em seguida Nelma diz “Boa tarde; Estou
em viagem mas o resultado sai hoje”; José Edivan, então, responde “Ótimo”.

Dando seguimento a conversa, no dia 03 de agosto de 2019, Nelma fala


“Bom dia e Saiu a contemplação. Agora vou dar andamento a p processo de transferência e
faturamento.” No dia 05 de agosto de 2019, José Edivan diz: “Diga quando devo
apresentar Geane para assinatura e pagamento do consórcio”. Nelma responde “Na sexta”.
José Edivan então diz “Ok; Estarei aí”.

Geane Lucena Ferreira foi ouvida na Procuradoria da República em


Patos/PB e, ao ser perguntada sobre essa carta de crédito, inicialmente mentiu e disse
que a carta de crédito era sua, oferecendo inclusive o seu telefone celular ao Procurador
da República para que ele olhasse as conversas no aplicativo WhatsApp que

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confirmariam sua versão.

Aos 48 minutos da gravação, registra-se que o Procurador da República


encontra na conversa entre José Edivan Félix e Geane Lucena, em 14 de outubro de
2019, um áudio em que o denunciado manda para Geane Lucena, com o seguinte teor:
“Quando a moça do consórcio entrar em contato com você, ela vai ligar pra dizer tudo
direitinho, pra caixa... atenda o telefone que ela vai dizer como é que você vai dizer quando
a Caixa ligar pra você, viu? Aí você responde... anota se for o caso, viu? Tudo direitinho,
porque eu já paguei 8 mil daquele negócio já pra dar conta a essa mulher, se der errado
eu vou perder os 8 mil”.

Posteriormente, no mesmo depoimento (55min55s), Geane Lucena muda


sua versão e informa que o consórcio não é dela e sim de Edivan Félix, bem como que
ele pediu para ela figurar como titular dos direitos porque ele está com “o nome na
Justiça”. Geane Lucena diz ainda que José Edvan pediu para fazer esse consórcio para
comprar um carro para ele e que era o denunciado quem pagava todas as parcelas do
consórcio. Foi, ademais, José Edvan que foi com ele na sede do consórcio, localizado no
bairro do Salgadinho, e declarou uma renda incompatível com o que ela realmente
ganhava. Por fim, foi Edivan Félix quem levou todos os documentos do referido
consórcio para sua casa em Parnamirim, RN.

De fato, confirmando o depoimento da testemunha, na Busca e Apreensão


realizada na casa de Edivan Félix no âmbito da “Operação Recidiva” (processo n.
0800828-43.2019.4.05.8205), foi apreendida uma “Proposta de Participação em Grupo
de Consórcio por Adesão – Bens Móveis, Imóveis e Serviços” da empresa Investbank, em
nome de Geane Lucena Ferreira, acompanhados de dois boletos da Caixa Econômica
Federal. Tais documentos foram analisados pela Controladoria-Geral da União em
relatório de análise de material apreendido, a seguir transcrito:

8.1) Uma via (Segunda via – Administradora) da Proposta de Participação em Grupo de


Consórcio por Adesão – Bens móveis, Imóveis e Serviços da empresa INVESTBANK, n°
00005793279, Grupo 002092, em nome de GEANE LUCENA FERREIRA, CPF n°
039.667.574-35, residente na Rua Alexandrino Bezerra de Lima, 129, Santa Irene, no
município de Santa Isabel/PB, referente a um crédito para aquisição de um automóvel no
valor de R$ 60.000,00, com prazo de amortização de setenta meses, cuja adesão data de
03/10/2019.

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No referido documento consta a informação de que a consorciada exerce a profissão de


vendedora, com renda mensal de R$ 2.850,00, mas não há nenhum dado acerca da
empresa empregadora nos campos destinados à apresentação dessa informação.
Para efeitos de devolução de valores de que trata a legislação pertinente foi informada a
conta poupança da Caixa Econômica Federal n° 00157854-1, agência n° 43.
A empresa comercializadora do consórcio, INVESTCOMPANY ASSESSORIA,
CONSULTORIA EMPRESARIAL E NEGOCIO, CNPJ nº 24.758.232/0001-71, possui
domicílio na Rua da Consolação, n° 65, Consolação, na cidade de São Paulo/SP, CEP
01301-000 e o negócio foi indicado/vendido por Débora Dantas Santos, matrícula
RLL02707.
Consta no documento, em referência, assinaturas da consorciada e no campo
referente à assinatura da Administradora, CAIXA CONSÓRCIOS S/A ADMINISTRADORA
DE CONSÓRCIOS, foi aposta uma rubrica onde não é possível identificar a autoria.
Encontra-se grampeado ao documento um pedaço de papel contendo anotação do
telefone n° 3004-4000, que se refere a número utilizado pela CAIXA SEGURADORA para a
venda de títulos de capitalização, conforme pesquisa realizada na internet no sítio
https://www.caixaseguradora.com.br/paravoce/capitalizacao/Paginas/home-
capitalizacao.aspx.
8.2) Três vias (Consorciado, Administradora e Agência) da Proposta de Participação em
Grupo de Consórcio por Adesão – Bens móveis, Imóveis e Serviços da empresa
INVESTBANK, n° 00005784699, Grupo 002093, em nome de GEANE LUCENA FERREIRA,
CPF n° 039.667.574-35, residente na Rua Felizardo Leite, 997, Liberdade, no município de
Patos/PB, referente a um crédito para aquisição de um automóvel no valor de R$
40.000,00, com prazo de amortização de setenta e um meses, cuja adesão data de
16/09/2019.
No referido documento consta a informação de que a consorciada exerce a profissão de
vendedora, com renda mensal de R$ 4.000,00, mas não há nenhum dado acerca da
empresa empregadora nos campos destinados à apresentação dessa informação.
Para efeitos de devolução de valores de que trata a legislação pertinente foi informada a
conta poupança da Caixa Econômica Federal n° 00157854-1, agência n° 43.
A empresa comercializadora do consórcio, INVESTCOMPANY ASSESSORIA,
CONSULTORIA EMPRESARIAL E NEGOCIO, CNPJ nº 24.758.232/0001-71, possui
domicílio na Rua da Consolação, n° 65, Consolação, na cidade de São Paulo/SP, CEP
01301-000 e o negócio foi indicado/vendido por Beatriz Ferreira Rosa, matrícula
RLL44744.
Não consta no documento em referência nenhuma assinatura da consorciada e tampouco
dos representantes da Administradora do consórcio.
Na primeira via da proposta (consorciado) se encontra anexada uma relação de
documentos a serem anexados ao processo de adesão e encaminhados à Administradora.
8.3) Três vias (Consorciado, Administradora e Agência) da Proposta de Participação em

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Grupo de Consórcio por Adesão – Bens móveis, Imóveis e Serviços da empresa


INVESTBANK, n° 00005784706, Grupo 002094, em nome de GEANE LUCENA FERREIRA,
CPF n° 039.667.574-35, residente na Rua Felizardo Leite, 997, Liberdade, no município de
Patos/PB, referente a um crédito para aquisição de um automóvel no valor de R
$ 40.000,00, com prazo de amortização de setenta e um meses, cuja adesão data
de 16/09/2019.
No referido documento consta a informação de que a consorciada exerce a profissão de
vendedora, com renda mensal de R$ 4.000,00, mas não há nenhum dado acerca da
empresa empregadora nos campos destinados à apresentação dessa informação.
Para efeitos de devolução de valores de que trata a legislação pertinente foi informada a
conta poupança da Caixa Econômica Federal n° 00157854-1, agência n° 43.
A empresa comercializadora do consórcio, INVESTCOMPANY ASSESSORIA,
CONSULTORIA EMPRESARIAL E NEGOCIO, CNPJ nº 24.758.232/0001-71, possui
domicílio na Rua da Consolação, n° 65, Consolação, na cidade de São Paulo/SP, CEP
01301-000 e o negócio foi indicado/vendido por Beatriz Ferreira Rosa, matrícula
RLL44744.
Não consta no documento em referência nenhuma assinatura da consorciada e tampouco
dos representantes da Administradora do consórcio.
Na primeira via da proposta (consorciado) se encontra anexada uma relação de
documentos a serem anexados ao processo de adesão e encaminhados à Administradora.
8.4) Dois boletos emitidos pela Caixa Econômica Federal tendo como beneficiário CAIXA
CONSORCIOS S.A. ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS, CNPJ n° 05.349.595/0001-09 e
como pagador GEANE LUCENA FERREIRA, CPF n° 039.667.574-35, ambos no valor de R
$ 755,20, referentes à primeira parcela das propostas 0005784699 e 0005784706. Não
consta nos respectivos boletos a comprovação de sua quitação.
Mediante consulta da documentação em referência, verifica-se divergências entre o
endereço da consorciada indicado na proposta 00005793279 e nas demais, e que
também divergem do cadastrado na Receita Federal do Brasil, Rua Alderico Pessoa de
Oliveira, 162, casa - Catolé - Campina Grande/PB - 58.410-430.
Há divergências também quanto à renda mensal da consorciada, R$ 2.850,00 na
proposta 00005793279 e R$ 4.000,00 nas demais.
Consulta realizada na base de dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)
apontou que a consorciada não possui registro de vínculos empregatícios com pessoas
jurídicas no período compreendido entre 01/01/2004 a 31/12/2018. Além disso, é
beneficiária do programa Bolsa Família, com dois dependentes, percebendo mensalmente
o valor de R$ 447,00.
Assim sendo, verifica-se que a consorciada não possui renda suficiente para arcar
com as parcelas do consórcio que teria adquirido, as quais, considerando apenas os
dois boletos apreendidos, somam R$ 1.510,40, o que caracteriza indícios de que
teria sido usada como “laranja” por JOSÉ EDIVAN FÉLIX para fins de ocultação de

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patrimônio.
(grifo nosso)

Na mesma “Operação Recidiva”, foi encontrado ainda na residência de José


Edivan Félix um recibo da BV CONSORCIO, no valor de R$ 3.000,00, em nome de Geane
Lucena Ferreira. Segue a análise feita pela CGU sobre o documento apreendido:

A documentação constante neste Item refere-se a um recibo sem data emitido pela
empresa VIA CONSÓRCIO, CNPJ 17.243.930/0001-09, no valor de R$ 3.000,00 que teria
sido pago pela Sra. GEANE LUCENA FERREIRA, CPF n° 039.667.574-34, na compra de
consórcio em andamento no valor de R$ 6.000,00, ficando a diferença de R$ 3.000,00 a
ser paga dentro do prazo de quinze dias, ocasião em que seria dado andamento ao
processo de transferência para seu nome e processo de faturamento e aprovação de
crédito.
O exame do documento em análise revelou que se trata da aquisição de um consórcio de
veículo, visto que no corpo do recibo, abaixo do nome de fantasia da empresa, BV
CONSÓRCIO, encontra-se a frase “A certeza do seu carro”.
Consulta realizada no sítio da Receita Federal na internet demonstrou que o CNPJ
17.243.930/0001-09 é inválido, assim como também não existe nenhum registro da
existência dessa empresa na cidade de Recife/PE, cujo domicílio, de acordo com o recibo,
seria Rua Pantaleão, 88, Liberdade – Recife/PE. Contudo, ao realizar pesquisas na Internet
(Google), utilizando apenas a raiz do CNPJ “17.243.930”, verificou-se tratar-se da empresa
PEDRO GENTIL CORDEIRO DE OLIVEIRA (VIA CONSÓRCIO) – CNPJ 17.243.930/0001-79,
com endereço de sede no município de Patos-PB e está na condição de INAPTA desde
31/01/2019.
Constam no documento em análise duas assinaturas em que não é possível identificar os
autores. A primeira seria do Gerente do consórcio e na segunda não há qualquer
referência de quem se trata.
Assim como relatado no item anterior, destaca-se que a Sra. GEANE LUCENA FERREIRA
não possui meios financeiros de realizar esses pagamentos, o que caracteriza
indícios de que GEANE está sendo utilizada como “laranja” pelo JOSÉ EDIVAN FÉLIX.
(grifo nosso)

Ainda durante o seu depoimento no MPF (1h00min14s), Geane Lucena

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informa que foi orientada a mentir por Rita Félix, irmã de Edivan Félix. Diz que ligou
para Rita após receber a intimação do MPF para oitiva e foi orientada por Rita Félix para
dizer que o consórcio era seu (1h12min26s). Ao final, Geane Lucena arremata que se
resumia a assinar os papéis que Edivan Félix colocava na sua frente, como uma
marionete.

Assim agindo, José Edvan Félix praticou, por três vezes, em concurso
material, o fato típico previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/98 – Lavagem de
Dinheiro, ao ocultar a propriedade de bens e direitos (relativos aos contratos de
consórcio n° 00005793279, n° 00005784699 e n° 00005784706), no valor total de R$
120.000,00, em nome de Geane Lucena Ferreira.

2.2.2. Da Ocultação da Propriedade de Bem e Direito em nome de Maria


Francivalda Leite de Lacerda

Em outra conversa encontrada no aplicativo de mensagens WhatsApp do


celular de Edivan Félix (“Operação Recidiva”, processo n. 0800828-43.2019.4.05.8205),
o denunciado mantém diálogo com Jordânia Alves Medeiros entre os dias 19 de
novembro de 2018 a 17 de julho de 2019 (tópico 5.3 do relatório em anexo) sobre o
consórcio que Jordânia Alves fez e estava para ser contemplada.

Nesse diálogo Edivan Félix diz que Jordânia Alves precisa depositar R$
1.700,00 reais para concorrer na assembleia do dia 28 de novembro de 2018. Em
seguida, para provar que o depósito é realmente necessário Edivan Félix envia
comprovante de transferência do banco Bradesco, tendo como favorecido a RN
Consórcios LTDA ME, data 19 de novembro de 2018, debitado na conta de Aselmo Alves
de Almeida e diz “Esse foi o meu que fiz hoje”. Dessa forma, pelas próprias palavras do
denunciado, ver-se que Edivan Félix usou a conta bancária de Aselmo Alves (ag. 1729,
c/c. 28966-3) para realizar pagamentos de consórcio de sua propriedade.

A conversa com Jordânia Alves segue e, após dar algumas orientações do


que fazer para finalizar as pendências para que Jordânia Alves consiga retirar a carta de
crédito dela, Edivan Félix, no dia 27 de dezembro de 2018, envia um áudio para Jordânia
Alves, às 11:02:17, dizendo: “o meu sai hoje, o de NOVA, já comprei até o carro,

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entendeu? Ontem fui fazer a documentação de NOVA, aquela mesma coisa que você
passou, pra poder regularizar a questão de renda, fiz a declaração de imposto de renda
dela ontem, fui na SERASA pra tirar como ela não tem pendência nenhuma, comprei um
DUSTER por 35 mil e graças a Deus vamos estar de carro agora em janeiro”.

A pessoa referida pelo apelido de “Nova” é, em verdade, a ex-esposa de


José Edivan Félix, Maria Francivalda Leite de Lacerda.

Em outra conversa, desta feita com Dayse Miranda dos Santos, funcionária
da RN Consórcios LTDA ME, travada entre os dias 22 de novembro de 2018 e 03 de
janeiro de 2019 (tópico 5.5 do relatório em anexo), José Edivan Félix fala: “O que eles
vão perguntar pra ela, por que eu falei com ela agora dizendo que o consórcio da DISAO
[Consórcio Tradição] vai ligar, o que mais ou menos eles perguntam?; Lá tem o valor da
carta correta, o valor do lance, passe aí pra mim, pra eu dizer pra ela não dizer coisa
destoante das que a gente botou aí”.

Em seguida, a funcionária da RN Consórcios LTDA ME responde: “Eles só


vão perguntar as informações as quais estão contidas no cadastro, referente ao salário
dela, renda, vão perguntar a ela as informações dela, se é solteira se é casada, conforme se
encontra no cadastro, o nome dela correto…; Vão perguntar se garantiram contemplação a
ela, só informar que a gente não garante contemplação…” e “se ela compreende como é que
funciona consórcio..., vão saber referente ao e-mail dela, que ela não passou nenhum e-mail
pra mim.”. Nota-se pelo teor da conversa que Edivan Félix fez o consórcio no nome de
outra pessoa e está pedindo orientações para que o laranja usado por ele possa se passar
pelo real contratante do consórcio.

No dia 30 de novembro de 2018, José Edivan fala para a funcionária da RN


Consórcios LTDA ME: “Peça pra [Eliezer] Miranda [dono da RN Consórcios] passar o
nome da minha mulher, pra ver se tem alguma restrição; Maria Francivalda Leite Lacerda”.
Nesse contexto, José Edivan indica Maria Francivalda como esposa, mas, em verdade, ela
é sua ex-esposa – a atual esposa do denunciado é Edneide Cavalcanti Félix.

No dia 15 de dezembro de 2018 Dayse, funcionária da RN Consórcios, fala:


“Sr Edvan Bom dia; O contrato já foi enviado pra ela; sua carta e para o dia 20/12 o
vencimento o qual vi-lhe entreguei em mãos; Ok.” Ao que José Edivan diz “Vou pagar e vc
dê o lance. Quero ser contemplado esse mês”. José Edivan envia então o comprovante do

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pagamento do boleto, tendo como pagador Maria Francivalda Leite de Lacerda, com o
valor de R$ 879,82, pago no dia 20 de dezembro de 2018.

Nos depoimentos gravados em vídeo, em anexo, Dayse Miranda e Eliezer


Miranda, confirmaram que todas as tratativas para a celebração do contrato de consórcio
foram feitas com José Edvan Félix. De todo o exposto, percebe-se que o denunciado
usou o nome de sua ex-esposa Maria Francivalda, vulgo “Nova”, para contratar um
consórcio com a RN Consórcios LTDA ME, objetivando comprar um veículo para seu uso
pessoal. Ademais, fez isso realizando pagamentos através da conta bancária de Aselmo
Alves De Almeida e a própria Maria Francivalda Leite de Lacerda.

Assim agindo, José Edvan Félix praticou o fato típico previsto no art. 1º,
caput, da Lei n. 9.613/98 – Lavagem de Dinheiro, ao ocultar a propriedade de bens e
direitos, relativos ao contrato de consórcio em nome de Maria Francivalda, vulgo “Nova”,
valendo-se de pagamentos realizados através da conta bancária de Aselmo Alves De
Almeida e a própria Maria Francivalda Leite de Lacerda.

2.
2.2. 3. Da Ocult
2.3. ltaação da Propriedade de Bem em nome de Marcelo Henriqu
quee
La
Laccerda Félix

Em mais uma conversa travada por meio do aplicativo de mensagens


WhatsApp (“Operação Recidiva”, processo n. 0800828-43.2019.4.05.8205), recuperada
do celular Apple iPhone de Edivan Félix, entre este e Hélcio Patrício Cordeiro Ribeiro
(CPF 090.190.874-60) (tópico 5.14 do relatório em anexo) é discutido um investimento
em criptomoedas, especificamente as moedas virtuais Bitcoin e Megacoin.

A transação foi realizada por José Edvan Félix por meio da empresa Fifty
Club Exchange e Marketplace EIRELLI (CNPJ 28.831.009/0001-63) e do contato “Adelson
Japonês”, em nome de Marcelo Henrique Lacerda Félix, filho do denunciado.

Para efetivar a transação, José Edvan Félix entregou um veículo no valor


de dezenove mil reais, sendo que parte desse valor deveria ser investido em
criptomoedas e o restante devolvido ao denunciado. Não foi possível sequer determinar
qual a origem desse veículo em pagamento ao investimento.

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Todavia, o fato de carro pertencer a Edivan Félix fica comprovado no


desenrolar da conversa, quando o denunciado questiona Hélcio Patrício sobre a
devolução da parte do dinheiro da venda que não seria investido. De fato, em 27 de maio
de 2018, José Edivan envia áudio, às 20:26:49: "… Eu queria que você me dissesse sobre o
restante do dinheiro do carro, falta 4500 reais, ele (Adelson) tem a conta de NEIDE
[Edneide, atual esposa de José Edvan], eu gostaria que fosse resolvido isso..., queria que
você me informasse se o carro ficou aí pra vocês, ou se passaram pra alguém..., na quarta
quero receber o carro, vou levar o dinheiro..., espero que a aplicação dê certo, fique lá
rendendo o que a gente combinou, tá bom?". No dia seguinte, Hélcio Patrício manda áudio
dizendo “Prefeito não fui eu que vendi o carro não..., seu carro foi vendido por 17 mil...,
Adelson tava até com o contrato da loja..., senta com ele e resolve isso aí, porque isso aí não
foi comigo não”.

No mesmo dia 28 de maio, José Edivan fala “Olha, pois eu não autorizei
vender carro meu por 17 mil não, eu quero receber o carro, ele disse a mim que mesmo
pagando o emplacamento ficava por 19 mil..., quero receber essa diferença, senão receber
aí numa camaradagem, vou procurar os meios que ele sabe que vou atrás, pra receber meu
dinheiro”. Em seguida Hélcio Patrício diz: “quem ficou com seu carro, quem ficou com o
recibo pra pegar com sua esposa foi Adelson, não fui eu, inclusive sua esposa até me pediu
pra fazer uma transferência pra ela, fiz sem problema nenhum”.

Na continuação da conversa Hélcio diz “A aplicação tá tudo correto, saca


dia primeiro, pode ser final de semana, feriado o que for, saca dia primeiro vai cair dia 15,
em moeda criptografada em megacoin, e aí vou ensinar a ele [Marcelo Félix, filho do
denunciado] converter pra real e ele bota pra qualquer conta bancária dele, beleza, tá tudo
certinho.” No dia 02/06/2018 Edivan Félix diz “Elcinho tu entra em contato com
Marcelo..., pra fazer o saque da aplicação...” no que Hélcio responde “Edivan, ontem eu
liguei pro seu filho umas dez vezes pra ele fazer o saque. Liguei várias vezes pra ele me
mandar o login e senha pra fazer o saque ensinar a ele e ele veio me mandar agora de
manhã, o saque é todo dia primeiro de cada mês.”. Em seguida Hélcio manda um print
screen da conversa com Marcelo Félix.

O modelo de negócio da Fifty Club consistia em que os participantes, além


de comprarem uma cota inicial (no caso de Edivan Félix, no valor de R$ 10.000,00),
ainda pagavam uma mensalidade e mensalmente faziam o saque dos dividendos em
criptomoedas. Esse saque seria feito usando o login e senha, por isso a necessidade do
login enviado por Marcelo Félix, filho do denunciado. Os boletos das mensalidades eram

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emitidos em nome de Marcelo Henrique Lacerda Félix e pagos por Edivan Félix,
conforme se vê no dia 28 de junho de 2018 quando Edivan Félix manda uma foto do
boleto pago e pergunta a Hélcio se está tudo correto.

Além disso, conforme relatório complementar nº 03, elaborado em


complemento ao item 5.14 do Relatório de Informações nº 14/2019, em conversa
ocorrida no dia 29/07/2018, entre Adelson (+55 83 8670-7120) e Edivan Félix (Item 2
do relatório complementar nº 03), Adelson questiona Edivan: “o dinheiro da aplicação
[em criptomoedas] caiu?” no que Edivan responde: “Ñ caiu nada; Quarta-feira entrego
eles ao Luizinho”. Então Adelson responde com uma mensagem de aúdio: "Liguei pro
Ledson aqui e falei coisa que você nem imagina viu véi, você nem imagina; Pediu pra me
dar um tempo porque ele tava saindo da igreja, que não tinha como conversar, ai é veio
puxando coisa que não tinha... Eu falei: 'deixa eu te falar aqui, o homem pegou o dinheiro,
com toda boa fé, colocou o dinheiro na conta de vocês e até agora absolutamente nada,
nenhum um só rendimento. Eu acho que vocês querem isso, Vocês querem problema pra
depois resolver, da solução. Fica mais barato a solução do que o problema, pois então tá
certo, então brigado então.'"

Edivan então manda um áudio em resposta: "Iaí! Pois é japonês, não


esquenta com isso não, ele não quer fazer nada não, a gente resolve, eu vou entregar...
Agora mesmo eu tou saindo da casa de Luizinho, já conversei com luizinho, com novinho.
Terça-feira é dia 31, quando passar o dia 31, não entrou nada, não vou depositar mais
nada, porque eu não vou tá depositando nada em quem eu não tenho nada e ficar ainda
por cima depositando, ae eu vou fazer os cálculos, você mesmo vai me ajudar aí a dizer
quanto é que dá, ae já falei pá Luizinho aqui que eu sou quero que ele me pague os 6 mil... 6
mil e 600 que eu botei. Ae vai da aí algo em torno de 11 mil, ae Luizinho vai lá e recebe e
os rendimentos fica pra Luizinho e eu quero receber somente o que eu botei, porque eu não
quero mais promessa deles, pra eles tá me botando 2 mil e eu ficando me humilhando pra
receber o que é meu, então não tem negócio com moeda..."

Já em conversa ocorrida no dia 22/12/2018, entre Luzenildo Amaro (+55


84 9929-4969) e Edivan Félix (item 3 do relatório complementar nº 03), Edivan diz
“Olhe, nesse início de ano eu tenho dinheiro pra... um cabra não tá me pagando lá em João
Pessoa e talvez eu vá... eu passe pra... pra você arranjar alguém pra fazer essa cobrança lá
viu? Tem jeito não, ele só é prometendo paga, paga, paga, num paga, ae eu vou dizer que
tou devendo a você, ae você vai lá receber pra nós dois, é pouco, mas paga a viagem.”. Então
Luzenildo responde: "Tá certo. Tá beleza. Eu tou indo lá em João Pessoa hoje, ae vou

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passar o ano por lá, ae lá pro dia 05 eu volto, mas ae se avisar eu volto lá de novo.". Edivan
então diz: “Beleza, não tem pressa não. Olhe tem duas coisas: é um cara que pegou um
carro meu, fez eu fazer uma aplicação lá e hoje acho que dá mais de 20mil pra ele me
pagar". Por fim, em uma conversa no dia 04/06/2019 envia uma imagem para Luzenildo
que é uma foto do próprio Luzenildo com a seguinte legenda: “este está foragido
Luzenildo silva compartilhe este cara precisa ser preso que a justiça seja feita. ele tirou a
vida de um pai família.”

Por todo o exposto fica claro que Edivan Félix possuía um carro de origem
desconhecida, que nunca esteve no seu nome (conforme relatório da Secretaria de
Pesquisa e Análise do MPF descrito no item 2.2.4 da presente denúncia) e entregou esse
veículo a empresa Fifty Club Exchange para que esta, por sua vez, vendesse o carro, e
investisse R$ 10.000,00 (dez mil reais) em criptomoedas em nome de Marcelo Henrique
Lacerda Félix, filho de Edivan Félix. P

Pode-se inferir ainda que quando José Edivan Félix conversa com Adelson
dizendo que vai entregar o problema para “Luizinho” ele se refere a Luzenildo Amaro da
Silva e que ele usa essa pessoa para fazer a cobrança de forma mais enérgica e incisiva
daqueles que não horam suas dívidas com Edivan, podendo-se dizer que Luzenildo atua
como um “capanga” de Edivan Félix. Pela imagem que o próprio Edivan envia, pode-se
notar que o Luzenildo é uma pessoa perigosa sendo, no mínimo, suspeito de estar
envolvido em um assassinato. Além disso, fica comprovado mais uma vez que José
Edivan Félix realmente entregou um carro que era seu, mas não estava no seu nome,
para realizar o investimento em criptomoedas.

Assim agindo, José Edvan Félix praticou o fato típico previsto no art. 1º,
caput, da Lei n. 9.613/98 – Lavagem de Dinheiro, ao ocultar a propriedade de bens e
direitos, relativos ao investimento em criptomoedas em nome de Marcelo Henrique
Lacerda Félix.

2.2.4. Da Ocultação da Propriedade de Bem em nome de Maria do Carmo Nunes da


Silva Pereira

Quando a medida cautelar de busca e apreensão foi efetuada na residência

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do José Edivan Félix (“Operação Recidiva”, processo n. 0800828-43.2019.4.05.8205) foi


encontrado um veículo NISSAN/FRONTIER, ano 2013/2014, placa PGS 5742, cor prata,
chassi 94DVCUD40EJ755566, registrado em nome de Maria do Carmo Nunes da Silva
Pereira (CPF 053.585.534-60).

Em oitiva realizada na sede da PRM-Patos, vídeo em anexo, Maria do


Carmo afirmou ter sido procurada por certo “João”, proprietário da concessionária JN
Veículos, para ser colocado no seu nome um carro que teria sido comprado por Suélio
Félix, concunhado de Maria do Carmo. Nesse ponto, importante ressaltar que Suélio Félix
é correligionário político de José Edivan Félix, fazendo parte do mesmo grupo político
em Catingueira, tendo inclusive anunciado recentemente sua pré-candidatura a Prefeito
nas eleições de outubro próximo3.

Todavia, em verdade, o veículo pertencia a Edivan Félix e se encontrava


ocultado em nome de terceiros. De fato, em conversa (tópico 5.9 do relatório em anexo)
no aplicativo de mensagem WhatsApp (“Operação Recidiva”, processo n. 0800828-
43.2019.4.05.8205) ocorrida entre os dias 25 de junho de 2018 e 14 de novembro de
2019, encontrada no iPhone de Edivan Félix, este recebe uma mensagem no dia 25 de
junho de 2019 da corretora de seguros que informa: “Sr. Edivan, é da corretora de
seguros. Sobre a Frontier”.

Já no dia 23 de julho a corretora de seguros manda a seguinte mensagem


“Bom dia!!” e em anexo envia um boleto do Santander, tendo como beneficiário a Azul
Companhia de Seguros Gerais, CNPJ 33.448.150/0001-11, tendo como pagador
Uberlânio Pereira Nunes (CPF 030.864.244-94), com data vencimento 29/07/2019 e
valor R$ 1.148,68. No dia 29 de julho, a corretora fala: “Bom dia!! Passando para lembrar
ao sr sobre a parcela do seguro”, ao que José Edivan diz “Mandei pagar; Parcela paga”.
Em seguida, no dia 12 de agosto, a corretora envia a segunda parcela do seguro feito por

3 “A política do município de Catingueira-PB está bem movimentada, pois a oposição volta a dar as caras,
promovendo uma grande festa e acolhendo o nome do empresário Suélio Félix como pré-candidato a
prefeito da terra do poeta Inácio da Catingueira. Neste sábado (18) ocorreu uma grande festa na
Fazenda Bela Vista, em Catingueira, para acolher a todos aqueles munícipes que estão insatisfeitos com
a administração do prefeito Dr. Odir. A festa dos amigos de Suélio foi regada a muita comida, bebida e
muito calor humano por parte do anfitrião. A oposição do município afirmou no evento que está unida,
pois conta com apoio de cinco vereadores, suplentes de vereadores, dois ex-prefeitos e muitos
catingueirenses que relataram na festa que querem mudança na gestão do município”. Fonte:
https://www.blogdojordanbezerra.com/noticia/gerais/9374/oposicao-de-catingueira-faz-festa-e-
acolhe-suelio-felix-como-pre-candidato-a-prefeito-do-municipio- [acesso em 13 de fevereiro de 2020].

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Edivan em nome de Uberlânio Pereira. O detalhe é que Uberlânio Pereira é


esposo de Maria do Carmo e cunhado de Suélio Félix.

Em oitiva realizada na sede desta PRM-Patos, em anexo, Uberlânio Pereira


informou que foi procurado pelo dono da concessionária JN, para passar um carro que
Suélio Félix teria comprado para o nome de Uberlânio. Uberlânio informou então que
pediu para que o veículo fosse colocado no nome de sua esposa, embora soubesse que o
carro era usado por Edivan Félix. Uberlânio disse ainda que o seguro realmente foi feito
no seu nome, mas não foi pago por ele, não sabendo dizer quem teria pago os boletos.

Embora Maria do Carmo e Uberlânio Pereira afirmem que o veículo seria


de Suélio Félix, fica claro que o bem pertencia, em verdade, a Edivan Félix, tendo sido
apreendido judicialmente em sua residência e tendo todos os boletos de seu seguro
veicular pagos pelo denunciado. Além disso as fotos do veículo no celular de José Edivan
Félix comprovam que ele o utilizava com animus domini.

O próximo tópico demonstrará que a ocultação de veículos pertencentes a


Edivan Félix em nome de terceiros é prática corriqueira, com os veículos nunca sendo
registrados no seu nome ou de seus familiares.

Assim agindo, José Edvan Félix praticou o fato típico previsto no art. 1º,
caput, da Lei n. 9.613/98 – Lavagem de Dinheiro, ao ocultar a propriedade do veículo
FRONTIER, placa PGS 5742, em nome de Maria do Carmo Nunes da Silva Pereira.

2.
2.2. 5. Da Ocult
2.5. ltaação sdV
oesículo
loss

Além das cartas de consórcio de veículos que José Edivan Félix costumava
adquirir no nome de terceiros, como narrado nos tópicos acima, diversos são os veículos
que orbitam em torno do denunciado. Todos eles gozam de uma característica em
comum: nenhum está registrado em nome do ex-Prefeito de Catingueira.

Causa estranhamento como um servidor público federal de 60 anos de


idade, com carteira de habilitação, que tem o hábito de fazer várias viagens de automóvel
entre Catingueira/PB, Patos/PB, João Pessoa/PB, Parnamirim/RN e Natal/RN não possui

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nenhum dos veículos que adquiriu, para si ou para sua família, no seu nome ou no nome
dos seus familiares mais próximos. A conduta contumaz de Edivan Félix ao não
transferir a propriedade dos veículos adquirido para o seu nome é reflexo da sua
necessidade de ocultar o patrimônio adquirido com dinheiro proveniente de desvio de
recursos públicos.

Ao sempre buscar veículos que, devido as condições do vendedor ou do


negócio, permitam a não formalização da transferência de propriedade, Edivan Félix
busca ludibriar a Justiça ocultando seu real patrimônio enquanto goza dos bens
adquiridos.

Vários são os exemplos dessa conduta, quais sejam:

a) Chevrolet S-10: Em conversa encontrada no celular iPhone


(tópico 5.3 do relatório em anexo) de José Edivan Félix entre este
e Albino Félix, José Edivan diz o seguinte: “aquela camioneta
branca era no nome de IZIDRO, como você sabia, aí depois da
campanha, tinha muita multa que deu 14 mil só de multa, aí eu não
pude pagar a prestação e tudo, aí SUÉLIO pagou pra eu tirar ela de
lá, ele gastou 16 mil, pra eu tirar ela de lá. Aí pra eu emplacar, aí
ADERBAL me deu 1300, aí eu emplaquei e entreguei a IZIDRO e
IZIDRO vendeu. Tirou o que tava devendo ainda dela e me deu um
trocozinho, uma besteria.”

O veículo em questão é uma Chevrolet S-10, placa OGA 8028/PB,


com o qual Edivan Félix aparece em várias fotos encontradas no
seu celular. O “Izidro” mencionado é Izidro Pires de Souza Neto
(CPF 057.889.114-00), ex-Secretário de Transportes do município
de Catingueira.

Ouvido na sede da PRM-Patos, Izidro Pires afirma que comprou a


S10 em 2015 (entrada de R$ 40.000,00 e financiamento de R$
45.000,00) e que a vendeu a Edivan Félix, ficando o carro
registrado em nome de Izidro Pires, com José Edivan se
comprometendo a pagar as parcelas do financiamento. Afirmou,
ainda, que José Edivan começou a atrasar as parcelas do

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financiamento e então Izidro Pires teria comprado de volta a S-10


por R$ 29.500,00, tendo entregue o dinheiro a “Nova”, ex-esposa de
Edivan. Todavia, não há nenhum documento registrando a venda
para José Edivan e todas as transações teriam sido feitas em
dinheiro vivo.

O caso dessa Chevrolet S-10 exemplifica bem o modus operandi de


Edivan Félix: o denunciado compra um veículo, mas não faz a
transferência do registro para o seu nome; usa o veículo por um
período bastante logo, depois se desfaz do carro e começa o ciclo
novamente. Ou seja, ele adquire bens ou no nome de terceiros ou
apenas mantendo o bem no nome do proprietário anterior,
usufruindo assim do bem sem que ele tenha nenhum vínculo
formal consigo e assim oculta seu real patrimônio.

b) Renault Duster: conforme demonstrado no tópico 2.2.2. da


presente denúncia, José Edivan Félix fez uso dos documentos de
Maria Francivalda Leite de Lacerda, vulgo “Nova”, sua ex-esposa,
para adquirir um consórcio e, com a carta de crédito resultante,
comprou uma Renault Duster. O veículo é adquirido de César
Barreto, pessoa com quem Edivan Félix mantém contato através
do WhatsApp (tópico 5.9 do relatório em anexo). No dia 08 de
dezembro de 2018, José Edivan fala: “Bom dia; Mande fotos dos
carros”. César Barreto envia fotos de dois veículos e diz “Jaja mando
do resto; Eu ainda não to em Natal; Qd chegar eu mando; O Duster e
esse”. José Edivan então manda o seguinte aúdio: “Tá tudo bem, eu
tô indo pra João Pessoa e volto na terça à tarde, aí eu procuro você
pra gente conversar, eu ver os carros e a gente vê como fazer o
negócio viu?”.

Em outra conversa (tópico 5.3 do relatório em anexo) encontrada


no WhatsApp de Edivan ele mantém um diálogo com Jordânia
Alves, a quem ele está ajudando a obter a carta de crédito de um
consórcio. Para acalmá-la, no dia 27 de dezembro de 2018, José
Edivan manda áudio para Jordânia e diz: “O meu sai hoje, o de
NOVA, já comprei até o carro, entendeu? Ontem fui fazer a
documentação de NOVA, aquela mesma coisa que você passou, pra

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poder regularizar a questão de renda, fiz a declaração de imposto de


renda dela ontem, fui na SERASA pra tirar como ela não tem
pendência nenhuma, comprei um DUSTER por 35 mil e graças a
Deus vamos estar de carro agora em janeiro”. Assim, José Edivan
além de ter usado seu nome da ex-esposa no consórcio, também
adquiriu o carro no nome dela.

c) Fiat Uno Sporting (NQK-5063): Na mesma conversa com a


corretora de seguros, já citada no item 2.2.3, no dia 27 de agosto de
2019, José Edivan manda a seguinte mensagem: “Qual valor do
seguro de Fiat Sport 2013, excelente estado? É de uma filha minha,
aqui em Natal”. José Edivan está se referindo a um Fiat Uno
Sporting, placa NQK-5063 que está no nome de Polianna Michelle
Evangelista da Silva.

Ouvida no MPF, Polianna Michelle informou que já possuiu esse


veículo, mas não soube dizer qual o atual destino, pois seu marido
teria vendido o bem a muitos anos. Esse é mais um exemplo de
como Edivan Félix compra veículos e não transfere a propriedade
formalmente para seu nome, ocultando assim seu patrimônio.

d) Peugeot 207 Passion (NPZ-3279): Em outra conversa (tópico


5.13 do relatório em anexo) encontrada no Iphone de Edivan Félix,
ele dialoga com Valmir Avelino. Nessa conversa Edivan pede a
Valmir para atuar como intermediário na negociação de um veículo
Peugeot 207 Passion XR, placa NPZ-3279. No dia 12 de julho de
2018, José Edivan envia o CRLV do veículo e em seguida diz:
“Valmir, Tudo bom, amigo? To mandando aí, já mandei aliás, esse
documento desse carro, eu quero que você dê uma olhada nele, pra
segunda feira, se você tiver em Patos, eu transferir um dinheiro
pra você pagar..., é de mano lá de Olho Dágua..., dá uma analisada
no documento pra eu não entrar numa fria..., aí fica só pra nós
mesmo..., Você pega o recibo e o carnê, que eu quero pagar, você
me dá uma conta aí da caixa, uma conta que possa receber, vou
mandar R$ 8.500,00 aí você entrega a ele, mediante ele
entregar o recibo e o carnê, ok amigo?”.

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Continuando a conversa, José Edivan manda áudio, às 18:41:55 e


fala “Aí na segunda feira, depois das 10h, quando o banco abrir, aí eu
faço a transferência pra ti..., você marca com ele olha bem direitinho
e pega o carro”. Em seguida Valmir envia seus dados bancários, Ag
1156-8, conta 5943-9, conta corrente no Banco do Brasil. No dia 16
de julho de 2019, José Edivan envia foto comprovante de depósito
em dinheiro, efetuado na conta corrente indicada, no valor de R$
8.600,00, finalizando assim a aquisição de mais um veículo em
nome de terceiro. Cabe ressaltar que o veículo, como os demais,
adquiridos por Edivan Félix, ainda se encontra registrado no nome
do antigo proprietário: Ramon Campos Barros.

e) Hyundai HB20 (PGY6J54): Ainda na conversa com a corretora de


seguros, no dia 31 de outubro de 2019, José Edivan envia a
seguinte mensagem: “Bom dia; É sobre o seguro do HB20; O valor
informado divide em quantas parcelas”. Em seguida corretora diz
“Divido em 4 boletos; Pra vc”. Em seguida José Edivan completa “E
marcar pra fazer a vistoria; Quero sair de Natal com o carro
segurado”. O carro em questão é um Hyundai HB20, mais um
veículo que, apesar de estar na posse de Edivan Félix, encontra-se
em nome de terceiro – no caso em questão, em nome de Katiane
Almeida dos Santos. Trata-se de mais uma vez um veículo ligado a
José Edivan Félix cujo proprietário formal do veículo obviamente
não é mais o proprietário de fato, o que demonstra uma conduta
deliberada e reiterada de Edivan Félix em ocultar os veículos que
possui.

Assim agindo, José Edvan Félix praticou, por cinco vezes, em concurso
material, o fato típico previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/98 – Lavagem de
Dinheiro, ao ocultar a propriedade dos veículos descritos acima em nome de terceiros.

3. Da Imputação Jurídica

Pelo exposto, José Edivan Félix praticou por nove vezes, em concurso

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material, o fato típico previsto no art. 1º, caput, da Lei n. 9.613/98 – Lavagem de
Dinheiro, ao ocultar, na forma de bens titularizados pelos terceiros (“laranjas”),
conforme descrito acima, a propriedade de bens e direitos provenientes de infração
penal, para o qual a pena é de 03 a 10 anos e multa, para cada um dos crimes.

4. Do Pedido
Por tais razões, requer o MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL o recebimento
da presente peça inaugural e o recebimento físico em secretaria das mídias contendo os
depoimentos prestados em vídeo.

Em seguida, requer-se o processamento da ação penal, intimando-se as


seguintes testemunhas de acusação:

1. Geane Lucena Ferreira, CPF n.


039.667.574-35, residente e domiciliada no Conjunto
Itatiunga, Rua Projetada, Qd. 16, Lt 29, Patos/PB. Telefone: 83
99637-7435;

2. Poliana Michelle Evangelista da Silva, CPF


n. 050.365.524-40, residente e domiciliada na Rua Maria Facunda
de Oliveira Dias, 337, Apto. 1201, Brisamar, João Pessoa/PB;

3. Izidro Pires de Souza Neto, CPF n.


057.889.114-00, residente e domiciliado na Vila Itajubatiba
(mina do ouro), Catingueira/PB. Telefone: 83 99645-1420;

4. Maria do Carmo Nunes da Silva Pereira, CPF n.


053.585.534-60, residente e domiciliada na
Rua Severino Tibúrcio, S/N, Centro,
Catingueira/PB. Telefone: 83 99615-2780;

5. Uberlânio Pereira Nunes, CPF n.


030.864.244-94, residente e domiciliado na Rua
Severino Tibúrcio, S/N, Centro, Catingueira/PB.
Av. Dr. Pedro Firmino, n. 55, Centro, Patos, PB, CEP 58700-070
(83) 3422-1753 – www.mpf.mp.br/pb
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PATOS – PB

Telefone: 83 99621-7957;

6. Josué Fernandes Neto, CPF n.


544.812.014-87, residente e domiciliado no Conjunto
Vila da Cruz, s/n, Centro, Catingueira/PB. Telefone:
83 99698-2327;

7. Deyse Miranda dos Santos, CPF n.


045.113.894-54, Rua das Carnaúbas, 7912, PITIMBU, NATAL/RN,
CEP 59067630.Telefone 84 98740-8602;

8. Eliezer Miranda da Silva, CPF n. 506.891.184-49, Rua


Catolé Do Rocha, 32, Cidade Da Esperança, Natal/RN,
CEP: 59071330. Endereço Comercial: Rua Marcílio Furtado,
n Sala 103, Lagoa Nova, Natal/RN, CEP: 59063360 Telefone (84)
(84) 3213-3607;
98883-1089 / (84) 99983-9104 /
9. Katiane Almeida dos Santos, CPF n. 010.175.764-67, Rua São Jorge,
539, Rocas, Natal/RN, CEP: 59010660. Telefone: 84 3211-0570;

10. João Imperiano Filho, CPF 019.647.824-30, Rua Capitão Crizante,


02, Casa, Santo Antônio, Patos/PB CEP: 58701090. Telefone: (0083)
34212863. Endereço Comercial: Rua Pedro Firmino, Número 1090, Térreo
Salgadinho, Patos/PB, CEP: 58701190. Telefone(s): 83 34212863, 83
34212863;

11. Aselmo Alves De Almeida, CPF 768.662.704-72, Rua Alcides De M


Henrique, 122, José Américo, João Pessoa/PB, CEP: 58073150 e/ou Rua
Jose Real, 66, - J A Almeida, João Pessoa/PB, CEP 58073-250.

Ao final, requer-se o julgamento condenatório, no qual se pugna por:

a) a aplicação da pena privativa de liberdade, em montante a ser proposto


em alegações finais;

b) A aplicação da perda de cargo, emprego ou função pública do réu junto

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ao Tribunal Regional do Trabalho 4);

c) Tendo em vista que parte dos documentos necessários para


comprovação dos fatos descritos nos itens 2.2.1 e 2.2. depende de acesso
aos contratos e extratos de consórcio que são abrangidos pelo sigilo
bancário, o MPF pugna pela expedição de ordem judicial para as empresas:

1. RN CONSÓRCIOS (CNPJ 26353440/0001-16), Rua


Marcílio Furtado, 2081, Sala 103, Lagoa Nova – Natal/RN, CEP:
59063360. Telefone: 84 32133607 / 84 99839104 Email:
tavarescontadores@gmail.com

2. INVESTCOMPANY ASSESSORIA, CONSULTORIA


EMPRESARIAL E NEGOCIO (CNPJ nº 24.758.232/0001-71),
Rua Da Consolação, 65, Andar 8, Sala 81, Consolação - São
Paulo/SP. CEP: 01301000. Telefone: 11 3120-3001 Email:
administrativo@investbankcompany.com.br

3. CAIXA CONSORCIOS S.A. ADMINISTRADORA DE


CONSORCIOS (CNPJ n° 05.349.595/0001-09), Setor SHN,
Quadra 1, Bloco E, S/N, Conj. A Sala 1101, Asa Norte – Brasília/DF.
CEP: 70701050. Telefone: 61 21922400 Email:
atendimentotributario@caixaseguros.com.br

4. TRADIÇÃO ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO LTDA


(CNPJ 59.956.185/0001-55), Alameda Rio Negro, 1084, Conj.
125/128, Andar 12, Alphaville Industrial - Barueri/SP CEP:
06454000. Telefone: 11 2928-4800 Email:
laercio@consorciotradicao.com.br

5. DISAL ADMINISTRADORA DE CONSORCIOS LTDA(CNPJ


59.395.061/0014-62), Avenida Antônio Carlos Magalhães 3244
16 Andar Salas 1611/ 1614 Edf. Thome De Souza, Caminho Das
4 Art. 92. São também efeitos da condenação: I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: a)
quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, nos crimes
praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública

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Arvores – Salvador/BA. CEP: 40280000. Telefone: 71 3345-5756 /


71 96271405. Email: disalcontab@grupo-disal.com.br

6. VIA CONSÓRCIO - PEDRO GENTIL CORDEIRO DE


OLIVEIRA(CNPJ 17.243.930/0001-79), Rua Presidente JK, 364
Sala 03, Brasília – Patos/PB, Cep: 58700420. Telefone: 83
87107894.

para que apresentem todos os contratos assinados e extratos de


pagamento e contemplação dos consórcios firmados formalmente
em nome de Maria Francivalda Leite de Lacerda(CPF
029.964.844-36), Josué Fernandes Neto (CPF n.
544.812.014-87) e Geane Lucena Ferreira (CPF n.
039.667.574-35).

Patos, data e horário da assinatura no sistema PJe.

(assinado eletronicamente)
TIAGO MISAEL DE J. MARTINS
Procurador da República

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