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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

A família Bromeliaceae na floresta atlântica da Paraíba, Brasil

Ricardo Ambrósio Soares de Pontes

2005
2

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro


Escola Nacional de Botânica Tropical

A família Bromeliaceae na floresta atlântica da Paraíba, Brasil

Ricardo Ambrósio Soares de Pontes

Dissertação apresentada e aprovada no


Programa de Pós-graduação em Botânica,
Escola Nacional de Botânica Tropical, do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do título de
mestre em botânica.

Dra. Rafaela Campostrini Forzza


(Orientadora)

Rio de Janeiro
2005
3

A família Bromeliaceae na floresta atlântica da Paraíba, Brasil:

Ricardo Ambrósio Soares de Pontes

Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical,


Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de mestre.

Aprovada por:

Prof. Dra. Rafaela Campostrini Forzza (Orientador) ___________________

Prof. Dr. Gustavo Martinelli (JBRJ) ___________________

Prof. Dra. Andréa Costa (Museu Nacional/UFRJ) ____________________

em __/__/2005

Rio de Janeiro
4

2005

Pontes, Ricardo Ambrósio Soares de


P814f A família Bromeliaceae na floresta atlântica da Paraíba,
Brasil / Ricardo Ambrósio Soares de Pontes. – Rio de
Janeiro, 2005.
ix, 126 f. : il. ; 28 cm.

Dissertação (mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim


Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica
Tropical, 2005.
Orientadora: Rafaela Campostrini Forzza.
Banca examinadora: Gustavo Martinelli, Andréa Costa.
Bibliografia.

1. Bromeliaceae. 2. Mata Atlântica. 3. Paraíba I.


Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical.

CDD
584.22098133
5

AGRADECIMENTOS

● À Sra. Maria de Lourdes (Mãe), pelo apóio emocional e financeiro, por ter substituído as
agências de fomento e patrocinado este projeto;
● Ás minhas irmãs Patrícia, Paula e Poliana, pela força e estímulo, sempre;
● Á minha esposa, Nathália Lima, pelo companheirismo e apóio durante algumas viagens de
campo, e paciência na ausência em tantas outras;
● À Dra. Rafaela Campostrini Forzza, pela orientação, amizade e oportunidade na realização
deste mestrado. Por tudo que fez por mim, não posso concidera-la uma mãe, pois a idade
não me deixa pensar assim, mas com certeza foi uma amável irmã;
● À Dra. Maria de Fátima Agra, pela co-orientação e ensinamentos durante toda minha
formação;
● Ao Dr. George Sidney Baracho, pela amizade e horas de conversa sobre o mundo das
bromélias;
● Á Márcia Toscano de Brito Aquino, gerente do Jardim Botânico de João Pessoa, pelo
constante apóio na realização deste trabalho, viagens ao campo, participação em
congressos e implementação do Bromeliário do JBJP;
● Á Dra. Ariane Luna Peixoto, por sempre ter me apoiado e confiado no aluno, até aquele
momento, desconhecido;
● Á diretora da Escola Nacional de Botânica Tropical, Dra. Denise Costa, pela companhia em
uma das minhas coletas, amizade e empenho na direção da escola;
● Á Escola Nacional de Botânica Tropical e a toda equipe da pós-graduação, Márcia, Abílio e
Jussara, pelo apóio institucional e paciência;
● Aos estudiosos em Bromeliaceae, Dra. Rafaela Campostrini Forzza, Dra. Andréa Costa, Dr.
Gustavo Martinelli, Dr. George Sidney Baracho, Dr. Elton Leme, doutorando Bruno R.
Silva;
● Aos amigos, Pedro Gadelha, Diego Dantas e Augusto Santiago, pelas proveitosas e
divertidas coletas em toda Paraíba;
● Á Polícia Militar Florestal do Estado da Paraíba, pelo apóio e segurança nas coletas em área
de risco;
● Aos biólogos e amigos, Emerson Lucena, Pedro Gadelha, e ao fotógrafo Luiz Bronzeado,
pelas belas e proveitosas fotografias de bromélias;
6

● Ao amigo Diego Lins pela confecção dos painéis de congresso;


● As pessoas que muitas vezes são essenciais ao nosso trabalho, os mateiros, Sr. Paulo (Pico
do Jabre), Sr. Tita (Jussara e Jussarinha), André (Mata do Pau-Ferro), Sr. Manoel (ARIE
Goiamunduba), Paulinho (Natuba), Sr. Gilvan (Usina São João) e Sidão (APA das
Onças);
● Aos amigos da UFPB, Kiriaki Nurit, Victor Coelho, Ionaldo Basílio, Patrícia França,
Raquel e a técnica de herbário Dulce Gonçalves, pelo companheirismo;
● Aos amigos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Juan Gabriel, Henrique Dias, Pedro
Habibe, João Condak, Alex Solarzóno, Leonardo Schum, Flávio Peixoto, Marcelinho,
Dunley, Rubem e Ronaldo Marquete, pela grande amizade e ótima convivência na
temporada nesta cidade;
● As amigas, Ravena Dias, Erika, Melissa Bocayuva, Noa, Jakeline, Raquel, Adriana Lobão,
Daniele Fernandes, Mariana, Marianinha e Maria de Paula, pela ajuda e momentos de
descontração;
● Aos(as) curadores(as) dos herbários JPB, EAN, IPA, UFP e RB, pelo livre acesso às suas
instalações;
● À todos, que de alguma forma me ajudaram na realização deste trabalho.....

...meus sinceros agradecimentos


7

Didicatória

Aos meus pais, Valdemir M. Pontes (in


memorian), saudades eterna painho, e minha
mainha Maria de Lourdes, pela força e formação
da pessoa que hoje sou. E as minhas três lindas
irmãs.

A minha amável esposa, Nathália Lima,


por compreender-me, e ao Nathan, nosso
8

bebe que está chegando, pela incrível força


que tem me dado neste final de trabalho.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL.............................................................................................................1
OBJETIVOS.................................................................................................................................4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................4
CAPÍTULO 1. A família Bromeliaceae na Floresta Atlântica da Paraíba, Brasil
RESUMO/ABSTRACT...........................................................................................................1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................2
MATERIAL E MÉTODOS.....................................................................................................3
Área de Estudo......................................................................................................................3
Trabalhos de campo e laboratório.........................................................................................5
TRATAMENTO TAXONÔMICO..........................................................................................5
Chave para identificação dos gêneros de Bromeliaceae.......................................................6
Aechmea.......................................................................................................................7
Chave para identificação das espécies de Aechmea..................................................8
1. Aechmea aquilega (Salisb.) Griseb. ........................................................8
2. Aechmea emmerichii Leme ...................................................................10
3. Aechmea eurycorymbus Harms ............................................................12
4. Aechmea fulgens Brong. .......................................................................13
5. Aechmea lingulata (L.) Baker ...............................................................15
6. Aechmea mertensii (G. Mey) Schult. & Schult. f. ...............................17
7. Aechmea nudicaulis Griseb. .................................................................19
8. Aechmea stelligera L. B. Sm. ...............................................................20
Ananas........................................................................................................................22
1. Ananas ananassoides............................................................................22
Billbergia...................................................................................................................23
1. Billbergia morelii...................................................................................24
Bromelia.....................................................................................................................25
1. Bromelia karatas...................................................................................26
Cryptanthus ...............................................................................................................27
Chave para identificação das espécies de Cryptanthus...........................................28
1. Cryptanthus alagoanus..........................................................................28
9

2. Cryptanthus sp. .....................................................................................29


Hohenbergia...............................................................................................................30
1. Hohenbergia ridleyi...............................................................................30
Orthophytum..............................................................................................................33
Chave para identificação das espécies de Orthophytum ........................................33
1. Orthophytum jabrense...........................................................................33
2. Orthophytum disjunctum.......................................................................35
Potea..........................................................................................................................36
1. Portea leptantha....................................................................................36
Tillandsia...................................................................................................................38
Chave para identificação das espécies de Tillandsia .............................................39
1. Tillandsia bulbosa.................................................................................40
2. Tillandsia gardneri................................................................................41
3. Tillandsia geminiflora...........................................................................42
4. Tillandsia juncea...................................................................................43
5. Tillandsia kegeliana...............................................................................45
6. Tillandsia loliacea.................................................................................46
7. Tillandsia paraensis...............................................................................47
8. Tillandsia polystachia............................................................................48
9. Tillandsia recurvata ..............................................................................50
10. Tillandsia streptocarpa..........................................................................51
11. Tillandsia stricta....................................................................................52
12. Tillandsia tenuifolia...............................................................................54
13. Tillandsia usneoides..............................................................................55
Vriesea.......................................................................................................................56
1. Vriesea procera.....................................................................................57
DISTRIBUIÇAÕ GEOGRÁFICA........................................................................................58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................59

CAPÍULO 2. Diversidade e status de conservação das Bromeliaceae na floresta atlântica da


Paraíba, Brasil
RESUMO/ABSTRACT...........................................................................................................1
INTRODUÇÃO.......................................................................................................................2
MATERAIL E MÉTODOS.....................................................................................................3
10

Área de Estudo......................................................................................................................3
Métodos.................................................................................................................................4
RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................................4
Diversidade das Bromeliaceae da floresta atlântica na Paraíba............................................4
Status de conservação das Bromeliaceae da floresta atlântica da Paraíba............................5
AGREDECIMENTOS.............................................................................................................9
REFERÂNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................9
DISCUSSÃO E CONCLUSÕES FINAIS..................................................................................5
ANEXOS 1
Lista das espécies de Bromeliaceae ocorrentes no estado da Paraíba, Brasil
ANEXOS 2
Figuras das espécies, vegetação e degradação ambiental no estado da Paraíba.

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

CAPÍTULO 1. A família Bromeliaceae na Floresta Atlântica da Paraíba, Brasil


Figura 1. Remanescentes florestais da Floresta Atlântica Nordestina (FAN).......................64
Figura 2. Localização da área de estudo................................................................................65
Figura 3. Influência do relevo e do clima sobre a vegetação dos brejos de altitude..............66
Figura 4. Aechmea aquilega e Aechmea emmerichii.............................................................67
Figura 5. Aechmea lingulata, A. stelligera e A. eurycorymbus..............................................68
Figura 6. Aechmea fulgens, A. nudicaulis e A. mertensii.......................................................69
Figura 7. Cryptanthus alagoanus, Cryptanthus sp. ..............................................................70
Figura 8. Orthophytum disjunctum e O. jabrense..................................................................71
Figura 9. Tillandsia juncea, T. polystachia, T. kegeliana e T. bulbosa.................................72
Figura 10. Tillandsia tenuifolia, T. gardneri e T. stricta.......................................................73
Figura 11. Tillandsia usneoides, T. loliacea e T. recurvata...................................................74
Figura 12. Tillandsia paraensis.............................................................................................75
Figura 13. Tillandsia streptocarpa.........................................................................................76
Figura 14. Mapa de distribuição geográfica das espécies de Aechmea da floresta atlântica na
Paraíba..................................................................................................................77
Figura 15. Mapa de distribuição geográfica das espécies de Ananas, Billbergia, Bromelia,
Cryptanthus, Hohenbergia, Orthophytum, Portea e Vriesea da floresta atlântica
na Paraíba.............................................................................................................78
11

Figura 16. Mapa de distribuição geográfica das espécies de Tillandsia da floresta atlântica
na Paraíba.............................................................................................................79
Tabela 1. Distribuição dos táxons de Bromeliaceae da floresta atlântica no estado na Paraíba
.................................................................................................................................80
CAPÍULO 2. Diversidade e status de conservação das Bromeliaceae da floresta atlântica na
Paraíba, Brasil
Figura 1. Remanescentes florestais do Centro Endemismo Pernambuco .............................12
Figura 2. Grandes blocos florestais do Centro Pernambuco e as áreas prioritárias para
conservação.............................................................................................................12
Figura 3. Remanescentes florestais do bioma mata atlântica no estado da Paraíba...............13
Tabela 1. Comparação entre as áreas remanescentes / número de espécies na floresta
atlântica nordestina e paraibana..............................................................................14
Tabela 2. Remanescentes de floresta atlântica na Paraíba e as espécies ocorrentes..............15
Tabela 3. Espécies de Bromeliaceae na floresta atlântica da Paraíba, considerando novas
citações para o estado, status de conservação, ocorrência em UC’s, habitat e
distribuição..............................................................................................................16
12

RESUMO GERAL
A família Bromeliaceae conta atualmente com 56 gêneros e cerca de 3270 espécies, sendo
Pitcairnia, Tillandsia e Aechmea os gêneros mais diversificados. Dos 56 gêneros, cerca de
80% ocorrem no território brasileiro, sendo que destes, aproximadamente 22% são restritos ao
mesmo. O estado da Paraíba, que localiza-se na porção oriental do Nordeste do Brasil, entre
os meridianos 34º45’54” e 38º45’45” oeste, e entre os paralelos de 6º02’12” e 8º19’18” sul, é
composto por dois grandes biomas brasileiros, a caatinga e a mata atlântica. A vegetação pode
ser classificada em nove tipos de formações: vegetação pioneira, campos e matas de restinga,
manguezais, matas úmidas (latifoliada perenifólia costeira e latifoliada perenifólia de altitude
ou “brejos de altitude”), cerrado ou “tabuleiros”, agreste, mata subcaducifolia de transição,
caatinga e matas serranas. A floresta atlântica paraibana possui uma área de aproximadamente
566.09 km2 o que corresponde a 1% da área total do estado. Faz parte do Centro de
Endemismo Pernambuco, que constitui um dos centros de endemismo da América do Sul.
Este trabalho teve como objetivo inventariar a flora de Bromeliaceae na floresta atlântica do
estado da Paraíba e avaliar o status de conservação das espécies neste bioma. Foram
realizadas expedições nas áreas de floresta atlântica do estado, incluindo as unidades de
conservação, estaduais e particulares, identificando as principais áreas de diversidade do
grupo. As plantas coletadas foram incorporadas ao acervo dos herbários JPB, IPA, RB e US, e
exemplares vivos encontram-se em cultivo no Jardim Botânico de João Pessoa. As espécies
foram fotografadas in situ, a fim de se construir um banco fotográfico. Registrou-se a
ocorrência de 31 espécies, dentre as quais nove são novas ocorrências para a floresta atlântica
paraibana. Cerca de 36% das espécies citadas para o Centro de Endemismo Pernambuco
ocorrem na floresta atlântica paraibana. Os brejos de altitude são os locais de maior
diversidade, com 22 espécies (71%), sendo 14 (45%) exclusivas desta formação. Dentre os
brejos de altitude, os brejos de Natuba e Areia, apresentaram maior diversidade, com 14
espécies cada área, sendo que seis ocorrem apenas nesta área, Aechmea eurycorymbus, A.
fulgens, A. nudicaulis, A. stelligera, Tillandsia juncea e Orthophytum disjunctum. O brejo de
altitude do Pico do Jabre, também mostra-se bastante diverso com 11 espécies. De acordo
com os critérios adotados, foram incluídas 13 espécies na categoria vulnerável (VU), sete em
presumivelmente ameaçadas (PA), sete em perigo (EP), três com baixo risco (RI) e uma
espécie está criticamente ameaçada (CR) na floresta atlântica paraibana.
13

ABSTRACT
The Bromeliaceae family possesses nowadays 56 genera and about 3270 species, Pitcairnia,
Tillandsia and Aechmea being the most diversified genera. Of the 56 genera, about 80% occur
in the brazilian territory, from those, approximately 22% are restricted to this territory. The
state of Paraíba, which is located at the oriental portion of the Northeast, between the
meridians 34º45’54” and 38º45’45” W, and the parallels 6º02’12” and 8º19’18” S, is
composed by two great brazilian biomes, the caatinga and the atlantic forest. The vegetation
can be classified in nine kinds of formations: pioneering vegetation, fields and restinga
forests, mangroves, humid forests (latifoliate coastal evergreen and latifoliate altitude
evergreen or “brejos de altitutde”, altitude bogs), cerrado or “tabuleiros”, transitional dry
forest, subdeciduous transition forest, caatinga and mountain forests. The Atlantic forest in
Paraiba possesses na área of approximately 566.09 km2 which corresponds to 1% of the total
área of the state. It is part of Pernambuco`s Center of Endemism, which makes up one of the
centers of endemism of South America. This work had the objective of inventorying the
Bromeliaceae flora of the atlantic florest in the state of Paraíba and evaluate the conservation
status of the species in this biome. Expeditions to the areas of atlantic florest in the state were
performed, including the conservation units, state and private, identifying the main areas of
diversity in the group. The plants collected were incorporated to the holdings of the herbaria
JPB, IPA, RB and US, the living specimens are cultivated at the João Pessoa Botanic Garden.
The species were photographed in situ, in order to build a photographic database. The
occurrence of 31 species was registered, among which nine are new occurrences to the
atlantic forest of Paraíba. About 36% of the species cited for the Pernambuco Center of
Endemism occur in the atlantic forest of Paraíba. The altitude bogs are the places with greater
diversity, with 22 species (71%), of which 14 (45%) are exclusive to this formation. Among
the altitude bogs, the ones in Natuba and Areia, present the greater diversity, with 14 species
in each area, of which six are exclusive to this area, Aechmea eurycorymbus, A. fulgens, A.
nudicaulis, A. stelligera, Tillandsia juncea and Orthophytum disjunctum. The altitude bog of
Pico do Jabre, is also very diverse with 11 species. According to the criteria adopted, 13
species were included in the vulnerable category (VU), seven in presumably threatened (PA),
seven in danger (EP), three with low risk (RI) and one species is critically threatened (CR) in
the atlantic forest of Paraíba.
14

INTRODUÇÃO GERAL
Bromeliaceae conta atualmente com 56 gêneros e cerca de 3270 espécies, sendo
Pitcairnia, Tillandsia e Aechmea os gêneros mais diversos (Grant & Zijlstra, 1998, Luther,
2002). A família apresenta distribuição essencialmente neotropical, com apenas um táxon,
Pitcairnia feliciana (A. Chev.) Harms & Mildbraed, no oeste do continente africano (Smith &
Downs, 1974). Possui três centros de diversidade genérica: a costa leste do Brasil, nos
domínios da floresta atlântica, o escudo das guianas e planalto andino. No primeiro,
predominam grupos intimamente associados a ambientes florestais e, nos outros dois, grupos
relacionados à vegetação aberta (Forzza, 2001). Estima-se que do total de espécies, cerca de
40% podem ser encontradas no Brasil, colocando nosso país entre os mais importantes em
termos de diversidade na família (Leme, 1997). Dos 56 gêneros, cerca de 80% ocorrem no
território brasileiro, sendo que destes, aproximadamente 22% são restritos ao mesmo (Forzza
& Nadruz, 2005).
Considerado um grupo fascinante pela beleza e importância ecológica nos diversos
ecossistemas, os membros da família Bromeliaceae têm sido estudados pelas diversas áreas
do conhecimento biológico. Assim, uma vasta literatura sobre a família vem sendo acumulada
ao longo dos anos. Trabalhos envolvendo aspectos ecológicos, fisiológicos, bioquímicos,
morfológicos e taxonômicos, dentre outros, vêm se somando na busca de informações sobre
as espécies de Bromeliaceae. No entanto, apesar de um acúmulo relativamente alto de
conhecimentos, muitas questões ainda permanecem não elucidadas. A complexa taxonomia
da família ainda está longe de ser solucionada. Muitas questões quanto ao número real de
espécies e gêneros ocorrentes nos diversos ecossistemas brasileiros, ainda hoje causam
dúvidas. Por outro lado, o acelerado processo de destruição desses ecossistemas, somado ao
extrativismo predatório tem levado a reduções drásticas das populações e conseqüente perda
de diversidade (Forzza, 1998, 2001; Rocha et al., 1997).
Na Região Nordeste do Brasil alguns trabalhos tem sido realizados envolvendo a
família Bromeliaceae. Entre os estudos taxonômicos podemos citar Luther & Leme (1998),
Sousa & Wanderley (2000), Siqueira-Filho & Leme (2000, 2002), Wanderley & Sousa
(2002), Pontes & Agra (2005), Silva & Luther (2002), Leme & Luther (2003a, 2003b) e Leme
(2002). Também merecem destaque os estudos em biologia floral e reprodutiva (Siqueira-
Filho, 1998; Siqueira-Filho & Machado, 2001) e ecológicos (Siqueira-Filho, 1997; Santos &
Almeida, 1998; Santos et al., 2002, 2003). Apesar do considerável número de trabalhos para a
15

Região, as informações ainda são escassas para Sergipe, Alagoas, Paraíba, Maranhão e Rio
Grande do Norte.

Segundo Salgado et al. (1981), o sistema fitoecológico do Nordeste do Brasil,


corresponde os tipos bioclimáticos, Ombrófilo e Estacional. No primeiro a forma de vida
caracteriza-se por fanerófitas arbóreas sem proteção do broto foliar, enquanto que no tipo
estacional predominam as fanerófitas e caméfitas com adaptações a um perído desfavorável,
além das herbáceas hemicriptófitas e geófitas e ervas anuais (terófitas).
O estado da Paraíba, que localiza-se na porção oriental do Nordeste do Brasil, entre os
meridianos 34º45’54” e 38º45’45” oeste e entre os paralelos de 6º02’12” e 8º19’18” sul, é
composto por dois grandes biomas brasileiros, a caatinga e a mata atlântica. O primeiro
compõe aproximadamente 80% da cobertura vegetal do estado, enquanto que a mata atlântica
ocupa atualmente apenas 1% do território paraibano. A vegetação pode ser classificada em
nove tipos de formações: vegetação pioneira, campos e matas de restinga, manguezais, matas
úmidas (lataifoliada perenifólia costaeira e latifoliada perenifólia de altitude ou “brejos de
altitutde”), cerrado ou “tabuleiros”, agreste, mata subcaducifolia de transição, caatinga e
matas serranas (Carvalho e Carvalho, 1985).
A mata atlântica pode ser definida como o conjunto de formações florestais extra-
amazônicas, com ocorrência desde “ilhas” isoladas no interior do Nordeste brasileiro,
chegando até sua costa, e daí seguindo até o nordeste-norte do Rio Grande do Sul, ocupando
uma faixa de largura variável que percorre toda a costa do Brasil
(http://www.bdt.fat.org.br/workshop/mata.atlantica/BR/rp_flora).
Compreendem o bioma da mata atlântica na Paraíba, a vegetação pioneira, os
manguezais, os campos e matas de restinga, a mata úmida e manchas de cerrado (Carvalho e
Carvalho, 1985). Neste trabalho não foram observadas espécies de Bromeliaceae nas
formações vegetais pioneira e manguezal, portanto, estas áreas não foram incluídas neste
trabalho.
Os campos e matas de restinga ocorrem logo após a linha de preamar, em solos
arenosos, mais profundos e menos salinizados. Os campos são caracterizados por uma
vegetação arbustiva de densidade variável. A mata de restinga é subcaducifólia, com árvores
de porte médio (10-15m), com copas largas e irregulares. As epífitas são raras, conseqüência
da carência de umidade (Carvalho & Carvalho, 1985). No estado ocorrem principalmente no
litoral norte, divisa com o estado do Rio Grande do Norte, sobre dunas que alcançam 90 m de
altura.
16

Sobre os baixos planaltos costeiros, coincidindo com os capeamentos arenosos, de solos


pobres, mal drenados, ocorre a vegetação de cerrado que recebe, no Nordeste, a denominação
particular de tabuleiro (Carvalho e Carvalho, 1985), sendo tratado assim neste trabalho.
Nestes locais, a mata é substituída por uma vegetação arbustiva-arbórea, composta por
espécies de restinga e de cerrado (Barbosa & Thomas, 2002), além da cooparticipação de
elementos da mata, caatinga e cerradão, tornando-se um complexo florístico (Fernandes,
1998). Caracteriza-se por um estrato herbáceo formado predominantemente por gramíneas, e
um arbustivo que apresenta indivíduos esparsos ou agrupados de porte baixo, com troncos e
ramos tortuosos e córtez espesso e fendido (Carvalho e Carvalho, 1985).
A mata úmida, segundo Carvalho & Carvalho (1985), compreende dois tipos de
formações, a vegetação latifoliada perenifólia costeira e a latifoliada perenifólia de altitude ou
“brejo de altitude”. Localiza-se no domínio quente e úmido e, tem como características altas
médias mensais de temperatura (23-28ºC) e altos índice pluviométricos (1.200-1.800 mm),
com chuvas de outono a inverno (Lima & Heckendorff, 1985) e um período seco de dois a
quatro meses. A primeira, denominadas aqui como matas costeiras, caracteriza-se por uma
formação densa, sempre verde, de árvores altas (até 30 m), apresentando muitas lianas e
epífitas nos setores mais úmidos e ocupando cotas altimétricas não superiores a 200 m s.m. A
mata latifoliada perenifólia de altitude, tratada aqui como brejos de altitude, é uma formação
vegetal arbórea de grande porte, densa, com muitas palmeiras e cotas altimétricas entre 500-
600 m s.m., podendo alcançar 1.197 m s.m. e médias anuais de precipitação de 1.400 mm.
Apresenta espécies comuns às da mata costeira e, por sua semelhança fisionômica e florística,
é considerada como uma disjunção das mesmas (Carvalho e Carvalho, 1985).
Segundo Andrade-Lima (1966), os brejos de altitude são áreas com vegetação do tipo
florestal inseridas na caatinga, podendo ser emissões contínuas do maciço florestal costeiro ou
manchas isoladas nos topos das serras. Nestas áreas, as taxas pluviométricas e higrométricas
mais elevadas, que as da caatinga, somada a maior variação de temperatura (mínimo de 16º(-
11º)), altitude, solo, umidade do solo e do ar, propiciam a formação dos brejos de altitude.
Essas condições tornam estes remanescentes áreas de elevada biodiversidade (Barbosa et al.,
2004). Estas áreas podem ser consideradas, de acordo com a definição do IBGE (2004), como
refúgios vegetacionais ou comunidades relíquias, sendo encontrados nestes locais
endemismos específicos de gêneros com ampla distribuição.
Na Paraíba, são considerados brejos de altitude as áreas de florestas úmidas situadas
nos municípios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Bananeiras, Borborema, Pilões, Serraria e
Areia (Andrade-Lima, 1966, Mayo & Fevereiro, 1982, Barbosa et al., 2004, Tabarelii &
17

Santos, 2004). Outras áreas também consideradas como brejos de altitude estão localizadas
nos municípios de Maturéia (Agra et al., 2004) e Natuba (Pôrto et al., 2004). As principais e
mais estudadas áreas de brejo de altitude na Paraíba são os fragmentos do município de Areia
Mata do Pau-Ferro) e Maturéia (Pico do Jabre). A mata do Pau-Ferro localiza-se a 5 km da
sede do município de Areia (6º58’12”S e 35º42’15”W), é considerada a mata de brejo mais
representativa no estado (Barbosa et al., 2004). Possui uma área de 600 ha, ocupando cotas
entre 400-600 m de altitude com média anual de 22ºC, 85% de umidade relativa do ar e
precipitação media anual de 1400 mm (Mayo & Fevereiro, 1982). O Pico do Jabre,
remanescente localizado no município de Maturéia (37º20’ e 37º22’W, 7º12’e 7º15’S),
encontra-se sobre o Planalto da Borborema, atingindo cota de 1197m de altitude. Possui uma
área de 500 ha, composta por vegetação florestal, formado por elementos da mata úmida e da
caatinga (Agra et al., 2004). Seu clima é quente e semi-úmido (AW’) de acordo com a
classificação de Köppen, com precipitação média anual variando entre 800-1000 mm,
temperatura média superior a 20ºC e umidade relativa do ar de 65% (Sudema, 1994).
Levantamentos florísticos devem ser considerados prioritários para um maior
conhecimento dos táxons e sua distribuição, facilitando a captação de recursos para projetos
visando à conservação dos mesmos (Forzza & Nadruz, 2005).

OBJETIVOS
 Catalogar as espécies da família Bromeliaceae que ocorrem na floresta atlântica da
Paraíba;
 Ilustrar, elaborar chaves de identificação e descrições para as espécies de Bromeliaceae
ocorrentes na floresta atlântica na Paraíba;
 Elaborar mapas de distribuição geográfica das espécies de Bromeliaceae na floresta
atlântica da Paraíba;
 Levantar informações sobre as populações, habitats e dados ecológicos que possam
subsidiar estudos posteriores no grupo;
 Contribuir no Projeto Flora da Paraíba;
 Contribuir para os estudos taxonômicos da família Bromeliaceae;
 Contribuir, através da implantação de um bromeliário, para posteriores projetos de
conservação ex situ.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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21

CAPÍTULO I
22

A família Bromeliaceae na floresta atlântica da Paraíba, Brasil 1

Ricardo Ambrósio Soares de Pontes 2

Maria de Fátima Agra 3

Rafaela Campostrini Forzza 4

1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.

2
Pós-graduando da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisa do Jardim

Botânico do Rio de Janeiro. e.mail: ricardoapontes@jbrj.gov.br

3
Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade Federal da Paraíba, Caixa Postal

5009, CEP. 58051-059. João Pessoa, PB, Brasil. e.mail: mfagramf@ltf.ufpb.br.


23

4
Correspondência: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, R. Pacheco Leão, 915, Rio de Janeiro,

RJ. CEP. 22460-030. e.mail: rafaela@jbrj.gov.br

RESUMO - A família Bromeliaceae conta atualmente com 56 gêneros e cerca de 3270


espécies, sendo Pitcairnia, Tillandsia e Aechmea os gêneros mais diversificados. Dos 56
gêneros, cerca de 80% ocorrem no território brasileiro, sendo que destes, aproximadamente
22% são restritos ao mesmo. A Paraíba localiza-se na porção oriental do Nordeste do Brasil,
entre os meridianos 34º45’54”e 38º45’45” oeste, e entre os paralelos de 6º02’12” e 8º19’18”
sul. A floresta atlântica compreende o conjunto de formações florestais extra-amazônicas,
com ocorrência desde “ilhas” isoladas no interior do Nordeste. Compreende o bioma da mata
atlântica no estado, a vegetação pioneira, os manguezais, os campos e matas de restinga, a
mata úmida e cerrado. Foram realizadas expedições nas áreas de floresta atlântica do estado,
incluindo as unidades, estaduais e particulares, identificando as principais áreas de
diversidade do grupo, a fim de subsidiar a conservação das espécies e seus ambientes naturais.
As plantas coletadas foram incorporadas ao acervo dos herbários JPB, IPA, RB e US. As
plantas foram fotografadas in situ, a fim de se construir um banco fotográfico. Foi registrada a
ocorrência de 31 espécies distribuídas em dez gêneros, das quais nove são novas citações para
a floresta atlântica paraibana.
Palavras chaves: Nordeste, florística, diversidade, distribuição.

ABSTRACT - The Bromeliaceae family possesses nowadays 56 genera and about 3270
species, Pitcairnia, Tillandsia and Aechmea being the most diversified genera. Of the 56
genera, about 80% occur in the brazilian territory, from those, approximately 22% are
restricted to this territory. The state of Paraíba, which is located at the oriental portion of the
Northeast, between the meridians 34º45’54” and 38º45’45” W, and the parallels 6º02’12” and
8º19’18” S. The atlantic forest encompasses the group of extra-amazonian forest formations,
with occurrence starting at isolated “islands” in the interior of the Northeaster region of
Brazil. Includes the atlantic forest biome in the state, pioneering vegetation, the mangroves,
the fields and forests of restinga, the humid forest and cerrado. Expeditions to the areas of
atlantic florest in the state were performed, including the conservation units, state and private,
identifying the main areas of diversity in the group, in order to subsidize the conservation of
24

the species and their natural habitat. The plants collected were incorporated to the holdings of
the herbaria JPB, IPA, RB and US. The species were photographed in situ, in order to build a
photographic database. The occurrence of 31 species was registered, among which nine are
new occurrences to the atlantic forest of Paraíba.
Key words: Northeast, floristics, diversity, distribution.

INTRODUÇÃO
Representada por aproximadamente 3270 espécies e 56 gêneros (Grant & Zijlstra,
1998, Luther, 2000), a família Bromeliaceae apresenta distribuição essencialmente
neotropical, com um táxon disjunto, Pitcairnia feliciana (A. Chev.) Harms & Mildbraed, que
ocorre na costa oeste do continente africano (Smith & Downs, 1974). Possui três centros
principais de diversidade genérica: a costa leste do Brasil, nos biomas da floresta atlântica, o
escudo das guianas e planalto andino. No primeiro, predominam grupos intimamente
associados a ambientes florestais e, nos outros dois, grupos relacionados à vegetação aberta
(Forzza, 2005). Estima-se que do total de espécies, cerca de 40% podem ser encontradas no
Brasil, colocando nosso país entre os mais importantes em termos de diversidade na família
(Leme, 1997). Dos 56 gêneros, cerca de 80% ocorrem no território brasileiro, sendo que
destes, aproximadamente 22% são restritos ao mesmo (Forzza, 2005).
Na Região Nordeste do país a família encontra-se bastante diversificada nos estados da
Bahia, principalmente nas áreas florestadas do sul do estado e nas chapadas do interior e, em
Pernambuco nas matas litorâneas, brejos de altitude e caatinga. Para os outros estados do
Nordeste, poucos estudos foram realizados envolvendo a família, por este motivo poucas
conclusões podem ser tiradas acerca da distribuição das espécies de Bromeliaceae.
Muitos trabalhos têm sido realizados envolvendo a família no Brasil. Para a Região
Nordeste podemos citar os estudos taxonômicos de Luther & Leme (1998), Sousa &
Wanderley (2000), Siqueira-Filho & Leme (2000, 2002), Wanderley & Sousa (2002), Pontes
(2002), Silva & Luther (2002), Leme & Luther (2003ª e 2003b) e Leme (2002). Também
merecem destaque os estudos em biologia floral e reprodutiva (Siqueira-Filho, 1998;
Siqueira-Filho & Machado, 2001) e ecológicos (Siqueira-Filho, 1997; Santos & Almeida,
1998; Santos et al., 2002, 2003). Contudo, a grande maioria destes trabalhos são para
Pernambuco e Bahia e as informações sobre as espécies de Bromeliaceae ainda são escassas
para os estados de Sergipe, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Maranhão.
A floresta atlântica pode ser definida como o conjunto de formações florestais extra-
amazônicas, com ocorrência desde “ilhas” isoladas no interior do Nordeste brasileiro,
25

chegando até sua costa, e daí seguindo até o nordeste-norte do Rio Grande do Sul, ocupando
uma faixa de largura variável que percorre toda a costa do Brasil
(http://www.bdt.fat.org.br/workshop/mata.atlantica/BR/rp_flora).
Uma das unidades biogeográficas que compõem a floresta atlântica é a mata localizada
ao norte do rio São Francisco, abrangendo os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio
Grande do Norte, com encraves no Ceará e Piauí (Tabarelli & Santos, 2004). Esta unidade
tem sido reconhecida como um importante centro de endemismo, Centro de Endemismo
Pernambuco (Prance, 1982) (Figura 1).
Este trabalho teve como objetivo contribuir para um maior conhecimento florístico dos
remanescentes de floresta atlântica no estado da Paraíba, bem como ampliar o conhecimento
sobre a taxonomia e distribuição geográfica das espécies de Bromeliaceae do Centro
Endemismo Pernanbuco. Vem ainda, fornecer subsídios para posteriores pesquisas
envolvendo este importante grupo de plantas nas florestas neotropicais.

MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
O Estado da Paraíba, que localiza-se na porção oriental do Nordeste do Brasil, entre os
meridianos 34º45’54” e 38º45’45” oeste e entre os paralelos de 6º02’12” e 8º19’18” sul, é
composto por dois grandes biomas brasileiros, a caatinga e a mata atlântica. O primeiro
compõe aproximadamente 80% da cobertura vegetal do estado, enquanto que a mata atlântica
ocupa atualmente apenas 1% do território paraibano. A vegetação pode ser classificada em
nove tipos de formações: vegetação pioneira, campos e matas de restinga, manguezais, matas
úmidas (Lataifoliada Perenifólia Costaeira e Latifoliada Perenifólia de Altitude ou “brejos de
altitutde”), cerrado ou “tabuleiros”, agreste, mata subcaducifolia de transição, caatinga e
matas serranas (Carvalho e Carvalho, 1985).
Compreendem o bioma da mata atlântica na Paraíba, a vegetação pioneira, os
manguezais, os campos e matas de restinga, a mata úmida e cerrado. Neste trabalho não foram
amostradas as formações vegetais pioneira e manguezal, pela ausência de espécies de
Bromeliaceae nestas áreas.
Os campos e matas de restinga ocorrem logo após a linha de preamar, em solos
arenosos, mais profundos e menos salinizados. Os campos são caracterizados por uma
vegetação arbustiva de densidade variável. A mata de restinga é subcaducifólia, com árvores
de porte médio (10-15m), com copas largas e irregulares. As epífitas são raras, conseqüência
da carência de umidade (Carvalho e Carvalho, 1985). No estado ocorrem principalmente no
26

litoral norte, divisa com o estado do Rio Grande do Norte, sobre dunas que alcançam 90 m de
altura.
Sobre os baixos planaltos costeiros, coincidindo com os capeamentos arenosos, de solos
pobres, mal drenados, ocorre a vegetação de cerrado que recebe, no Nordeste, a denominação
particular de tabuleiro (Carvalho e Carvalho, 1985), sendo tratado assim neste trabalho.
Nestes locais, a mata é substituída por uma vegetação arbustivo-arbórea, composta por
espécies de restinga e de cerrado (Barbosa & Thomas, 2002), além da coparticipação de
elementos da mata, caatinga e cerradão, tornando-se um complexo florístico (Fernandes,
1998). Caracteriza-se por um estrato herbáceo formado predominantemente por gramíneas, e
um arbustivo que apresenta indivíduos esparsos ou agrupados de porte baixo, com troncos e
ramos tortuosos e córtez espesso e fendido (Carvalho e Carvalho, 1985).
A mata úmida, segundo Carvalho & Carvalho (19850, compreende dois tipos de
formações, a vegetação latifoliada perenifólia costeira e a latifoliada perenifólia de altitude ou
“brejo de altitude”. Localiza-se no domínio quente e úmido, tem como características altas
médias mensais de temperatura (23-28ºC), e altos índice pluviométricos (1.200-1.800 mm),
com chuvas de outono a inverno (Lima & Heckendorff, 1985) e um período seco de dois a
quatro meses. A primeira, denominadas aqui como matas costeiras, caracteriza-se por uma
formação densa, sempre verde, de árvores altas (até 30 m), apresentando muitas lianas e
epífitas nos setores mais úmidos, ocupando cotas altimétricas não superiores a 200m s.m. A
mata latifoliada perenifólia de altitude, tratada aqui como brejos de altitude, é uma formação
vegetal arbórea de grande porte, densa, com muitas palmeiras, entre 500-600 m s.m. podendo
alcançar 1.197 m s.m. e médias anuais de 1.400 mm. Apresenta espécies comuns às da mata
costeira e, por sua semelhança fisionômica e florística, é considerada como uma disjunção das
mesmas (Carvalho e Carvalho, 1985).
Segundo Andrade-Lima (1966), os brejos de altitude são área com vegetação do tipo
florestal inseridas na caatinga, podendo ser emissões contínuas do maciço florestal costeiro ou
manchas isoladas nos topos das serras. Nestas áreas, as taxas pluviométricas e higrométricas
mais elevadas, que as das caatingas, somada a maior variação de temperatura(mínimo de 16º(-
11º)), altitude, solo, umidade do solo e do ar, propiciam a formação dos brejos de altitude
(Figura 2). Essas condições tornam estes remanescentes áreas de elevada biodiversidade
(Barbosa et al., 2004).
Estas áreas podem ser consideradas, de acordo com a definição do IBGE (2004), como
refúgios vegetacionais ou comunidades relíquias, sendo encontrados nestes locais
endemismos específicos de gêneros com ampla distribuição.
27

No Estado da Paraíba, são consideradas como áreas de brejos de altitude as áreas de


florestas úmidas situadas nos municípios de Alagoa Grande, Alagoa Nova, Bananeiras,
Borborema, Pilões, Serraria e Areia, região conhecida com “brejo paraibano”, principal área
deste tipo de vegetação (Andrade-Lima, 1966; Mayo & Fevereiro, 1982: Barbosa et al., 2004,
Tabarelii & Santos, 2004). Outras áreas consideradas como brejos de altitude estão
localizadas nos municípios de Maturéia (Agra et al., 2004) e Natuba (Pôrto et al., 2004).
(Figura 1b).

Trabalho de campo e laboratório


Foram realizadas expedições sistemáticas nos municípios que ainda possuem áreas de
floresta atlântica, entre agosto de 2004 e agosto de 2005. As coletas abrangeram
principalmente áreas com vegetação ainda conservada e em localidades indicadas na literatura
para espécies. As plantas coletadas foram prensadas em campo e incorporadas ao acervo dos
herbários JPB, IPA, RB e US (siglas segundo Holmgren et al 1990). Dados relevantes como
ambiente, tamanho das populações, possíveis ameaças e coloração das estruturas, foram
anotados no momento da coleta. Inflorescências, flores e frutos, quando possível foram
armazenados em álcool a 70% para posteriores estudos morfológicos e ilustrações. Espécimes
vivos encontram-se em cultivo no Jardim Botânico de João Pessoa.
A análise do material coletado em campo foi realizada com auxílio de microscópio
estereoscópico. A identificação do mesmo foi realizada através de bibliografia especializada,
por comparação com coleções-tipo, fotos de material tipo e descrições originais. As espécies
foram descritas utilizando-se as terminologias propostas por Lawrence (1951) e Radford et al.
(1974).
Foram preparadas ilustrações, com caneta nankin 0.1 sobre papel vegetal 90mg. São
apresentadas chaves de identificação, descrições enfocando principalmente características
para reconhecimento dos taxa, mapas com a distribuição das espécies da área de estudo, além
de comentários sobre a taxonomia. As plantas foram fotografadas in situ, a fim de se construir
um banco fotográfico das espécies da floresta atlântica na Paraíba.
Para elaboração dos mapas de distribuição geográfica das espécies foram analisadas as
coleções depositadas nos herbários EAN, JPB, UFP, IPA, HB e RB. Informações adicionais
foram obtidas através da literatura. Para fins de agrupamento e distribuição das espécies
dentro da floresta atlântica na Paraíba, foram consideradas três formações vegetacionais, mata
úmida, subdividida em mata latifoliada costeira ou mata costeira e mata latifoliada perenifólia
de altitude ou brejo de altitude, campos e matas de restinga e cerrado ou tabuleiro. As
28

espécies foram classificadas como de ampla distribuição, quando ocorrem nas três formações,
distribuição restrita, quando encontradas em duas formações e distribuição muito restrita,
quando ocorre em apenas uma das formações.

TRATAMENTO TAXONÔMICO

Para a floresta altântica do estado da Paraíba, foram resgistradas neste trabalho a


ocorrência de 31 espécies de Bromeliaceae subordinadas a dez gêneros.

Bromeliaceae A. L. Juss. Gen. 49. 1789


ERVAS , terrestres, rupícolas ou epífitas. FOLHAS em geral dispostas em espiral, em
rosetas, algumas vezes dísticas, margens inteiras ou aculeadas, recobertas por tricomas
(escamas) funcionais e especializadas, ápice evidentemente mucronado ou não. BAINHAS
inconspícuas ou amplas. INFLORESCÊNCIAS terminais ou axilares, com ou sem escapo,
simples ou compostas, em espigas subglobosas a cilíndricas, panículas densas ou laxas,
racemos ou simplesmente flores isoladas ou reunidas em pequenos fascículos. FLORES
trímeras, três sépalas e três pétalas livres ou conatas, heteroclamídeas, monoclinas, ou muito
raramente diclinas, actinomorfas, raramente zigomorfas. APÊNDICES PETALÍNEOS na
base ou na região mediana das pétalas e/ou calosidades que acompanham os filetes
antipétalos. ANDROCEU diplostêmone (3+3), antipétalos e antisépalos, os grãos de pólen
variados na forma, biporados a poliporados, exinas reticuladas com lúmen regular ou
irregular. ESTILETE trilobado, lobos desenvolvidos ou inconspícuos. ESTIGMA espiral-
conduplicado, ereto-simples, convoluto-laminar, cupulado e coraliforme. OVÁRIO súpero a
ínfero, sincárpico, trilocular, tricarpelar, nectários septais, placentação axilar, óvulos caudados
ou com rafe dilatada ou alada. FRUTOS capsulares septicidas ou loculicidas (raro), bacáceos.
SEMENTES aladas, plumosas ou nuas, embrião pequeno e endosperma amiláceo.

Chave para identificação dos gêneros de Bromeliaceae


1. Folhas armadas; ovário ínfero; fruto bacáceo; sementes sem apêndices.
2. Escapo presente; inflorescência em panícula, panícula da espiga, fasciculada ou
estrobiliforme.
3´. Escapo pêndulo; roseta tubulosa.................................................................. 3. Billbergia
3. Escapo ereto ou pouco recurvado; roseta aberta.
29

4. Inflorescência estrobiliforme; coma de brácteas estéreis no ápice da inflorescência;


ovário coalescente com o adjacente; brácteas florais duplo carenadas...... 2.
Ananas
4´. Inflorescência em panícula, panícula de espiga ou fascículo; ausência de coma de
brácteas estéreis no ápice da inflorescência; ovário livre; brácteas florais com
carena simples ou ecarenadas.
5. Sépalas simétricas; pétalas alvas.................................................. 7. Orthophytum
5´. Sépalas fortemente assimétricas; pétalas amarelas, alaranjadas ou azuis.
6. Flores sésseis ou raro subsésseis, pedicelo ≤ 2 mm.
7. Flores reunidas em espiguetas.......................................... 6. Hohenbergia
7´. Flores nunca reunidas em espiguetas..................................... 1. Aechmea
6´. Flores pediceladas, pedicelo ≥ 5 mm............................................... 8.
Portea
2´. Escapo ausente; inflorescência corimbosa, nidular ou axilar.
8. Flores 9-10 cm compr., pediceladas; pétalas lilases; ovário lepidoto-ferrugíneo
.......................................................................................... 4. Bromelia
8´. Flores 4,5-5 cm compr., sésseis; pétalas alvas; ovário glabro
..................................................................................................................... 5.
Cryptanthus
1´. Folhas inermes; ovário súpero; fruto capsular; sementes com apêndices plumosos.
9. Inflorescência até 30 cm compr.; apêndices petalíneos ausentes.........................9. Tillandisa
9´. Inflorescência > que 50 cm compr.; apêndices petalíneos presentes na base das
pétalas...................................................................................................................10. Vriesea

1. Aechmea Ruíz & Pav., Fl. Peruv. Prodr. 47. 1794.


Terrestres, epífitas ou rupícolas. Folhas dispostas em rosetas abertas ou subabertas;
bainhas elípticas, elíptico-ovais, ovais ou subovais, castanha, creme ou alvas; lâmina linear ou
lanceolada, ápice agudo, arredondado, apiculado, geralmente mucronado; inflorescência em
panícula piramidal ou cilíndrica; raque verde, amarelo-pálido ou vermelho, lanuginoso,
farinosos ou glabro; bráctea floral oval, oval-elíptica, arredondadas, triangulares ou ausentes,
verdes, amarelas, creme, rósea-amarelada, menores que as sépalas; flores sésseis a subsésseis,
eretas; sépala oval a suboval, verde, amarelo-esverdeada, amarela, creme, lilás ou vermelha
com porção superior lilás, livres, carenadas ou ecarenadas, fortemente assimétricas com alas
desenvolvidas; apêndices petalineos, ligulados, truncados, franjados ou cupuliformes, margem
30

recortada ou erosa; estigma espiral-conduplicado, amarelo, lilás ou alvo; fruto bacáceo, oval a
esférico, elípticos ou claviforme, verdes, amarelos, creme, azuis ou vermelhos.
O gênero Aechmea engloba cerca de 240 espécies (Luther, 2000), agrupadas em oito
subgêneros, Aechmea, Podaechmea, Lamprococcus, Platyaechmea, Macrochordion,
Pothuava, Ortigesia e Chevaliera. No Brasil ocorrem cerca de 70% das espécies do gênero,
tendo como centro de diversidade a floresta atlântica (Smith & Downs, 1979).
Na floresta atlântica paraibana foram identificadas oito espécies: A. aquilega, A.
lingulata, A. stelligera, A. mertensii, A. emmerichii, A. nudicaulis, A. fulgens e A.
eurycorymbus.
Chave para identificação das espécies de Aechmea
1. Inflorescência simples ou com ramificações apenas na base.
2. Brácteas florais ausentes; escapo ereto a subereto, vermelho, glabro; pétalas lilases com
margem alva, ápice cuculadas; ovário cilíndrico, vermelho, glabro .............. 4. A.
fulgens
2´. Brácteas florais presentes; escapo ereto ou recurvado, esverdeado, farinoso; pétalas
amarelas, ápice ereto; ovário oval-elíptico, verde farinoso ................... 7. A. nudicaulis
1´. Inflorescência composta com ramificações da base ao ápice.
3. Pêdunculo do ramo maior que 3 cm comprimento.
4. Brácteas florais 1,5-2 cm compr., oval-triangulares a oval-elípticas; flores
subsséseis; sépalas carenadas, glabras.
5. Ramos com flores laxas; entrenó 1-1,5 cm compr.; sépalas 1,3-1,5 cm; sementes
2,5 mm diâm. ................................................. 3. A. eurycorymbus
5´. Ramos com flores congestas; entrenó ca. 5 mm compr.; sépalas 2,5-2,7 cm;
sementes 4 mm diâm. ................................................ 2. A. emmerichii
4´. Brácteas florais 1-2 mm compr., triangulares; flores sésseis; sépalas ecarenadas,
tomentosas....................................................................................... 8. A. stelligera
3´. Pêdunculo do ramo até 1,5 cm compr.
6. Bráctea floral 1-2 cm compr., não excedendo as sépalas; flores 3,5-4 cm compr.;
sépalas maiores que 1,5 cm, carenadas, subovais; ovário verde......... 1. A. aquilega
6´. Bráctea floral 2,5-6 mm compr., menores ou do mesmo comprimento que as
sépalas; flores 1-1,5 cm compr.; sépalas até 5 mm, ecarenadas, ovais; ovário
amarelo ou creme.
7. Inflorescência laxa; pétalas alvas; ovário cilíndrico ...................... 5. A. lingulata
7´. Inflorescência congesta; pétalas amarelas; ovário oval-elíptico .. 6. A. mertensii
31

1. Aechmea aquilega (Salisb.) Griseb., Fl. Brit. W. I.: 592. 1864.


Tipo: Jamaica, D. Hurlock s.n. (Lectotipificada por Smith & Downs, 1979).
Figura 4, a-f
TERRESTRE ou EPÍFITA, 60-125 cm alt., heliófita, propagando-se vegetativamente
por rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 90-124 cm compr., dispostas em rosetas
abertas. BAINHA 10-14 x 5-8 cm, elíptica, castanha em ambas as faces, cartácea, indumento
ferrugíneo, puvirolento. LÂMINA 80-110 x 2,5-3,5 cm, lineare, levemente nervada, ápice
agudo, mucronado, mucro 4-6 mm compr., margem espinescente até o terço médio, acúleos
antrorsos, 4-5 mm compr., espaçados 0,5-1 cm, margens serrilhada no terço superior, acúleos
diminutos 0,5-1 mm compr., espaçados 1-3 mm, castanho-claros. ESCAPO 65-80 cm compr.,
cilíndrico, verde, leve farinoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO ca. 18 x 3,5 cm,
lanceoladas, róseas com base esverdeada, imbricadas, recobrindo todo o escapo,
submembranáceas, ápice acuminado, mucronadas, mucro ca. 2 mm compr., levemente
nervadas, inteiras, indumento inconspícuo. INFLORESCÊNCIA 15-18 cm compr., em
panícula piramidal, laxa, 5-15 flores por ramo, ramos inferiores ca. 1,5 cm compr., superiores
ca. 5 mm compr. ou ausentes, congestos. RAQUE amarela, alvo-lanuginosas, pênduculo do
ramo até 1,5 cm compr. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS ca. 14 x 3 cm, lanceoladas, róseo-
avermelhadas, maiores que os ramos, ápice agudo, glabras, levemente nervadas. BRÁCTEAS
FLORAIS 1-2 cm compr., oval-elípticas, amarelas, não excedendo as sépalas, carenadas,
membranáceas, mucronadas, mucro ca. 1,5 mm compr. FLORES 3,5-4 cm compr., tubulosas,
eretas, sésseis. SÉPALAS 1,5-1,7 x 0,9-1 cm, subovais, amarelas, livres, mucronadas, mucro
ca. 0,5 mm compr., carenadas, glabras, assimétricas, aladas, alas membranáceas, translúcidas.
PÉTALAS 2,2-2,4 x 0,3-0,4 cm, unguiculadas, lâmina trulada, amarelas, livres, ápice
emarginado, mucronado, mucro inconspícuo, ereta na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS
ca. 2 mm compr., basais, ligulados, margem irregularmente recortada. ESTAMES da série
interna ca. 6 mm compr., com filetes livres por ca. 1 mm, os da série externa ca. 2,8 cm
compr., com filetes livres por ca. 2,6 cm, compressos, amarelos. ANTERAS ca. 4 mm compr.,
lineares, amarelas. OVÁRIO 0,8-1,4 cm compr., 5-7 mm diâm., elíptico-linear, verde, glabro,
placentação axial. ESTILETE ca. 1,7 cm compr., amerelo, cilíndrico. ESTIGMA globoso,
espiral-conduplicado, amarelo. ÓVULOS ca. 0,5 mm compr., muitos, assimétricos,
apiculados. FRUTOS em formação.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Bayeux, ESEC Mata do Xem-Xém,
23.VIII.2004, R. A. Pontes 81 (JPB); Caaporã, BR-101, 16.XI.2004, fl., R. A. Pontes & N. T.
32

Lima 131 (RB), Idem, fl., 134 (US); Idem, fl., 149 (RB); Mamanguape, Mata do Peru,
1.V.2005, fr., R. A. Pontes & Gadelha Neto 215 (JPB); idem, fr., 216 (RB); idem, fr., 217
(JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Recife sentido Cabo, km-96,
1.V.1997, G. S. Baracho & J. A. Siqueira-Filho 590 (UFP); Recife, Jardim Botânico Curudo,
25.II.1992, fl, R. Pereira et al. 766 (IPA). Sergipe: Itabaianinha, 19.IX.1974, fl., M. Fonseca
(RB 173008); Carmópolis, 29.IV.2003, fl., B. R. Silva (RB). Bahia: Paulo Afonso, Raso da
Catarina, 2.II.1979, D. A. Andrade-Lima 79-8770 (IPA); 14.X.2000, J. A. Siqueira-Filho
1102 (UFP); Castro Alves, 26.I.1956, D. A. Andrade-Lima 56-2498 (IPA); s.l., próximo a
Muritiba, 23.I.1986, fl., E. M .C. Leme et al. s.n. (RB 259219); 32 km de Serrinha,
14.VII.1964, fl., L. Duarte & E. A. Castellanos 419 (US).
Aechmea aquilega pertence ao subgênero Aechmea, e possui ampla distribuição na
América Central, norte e leste da América do Sul. No Brasil ocorre desde o Amapá
estendendo-se por toda costa leste do país (Smith & Downs, 1979). No Nordeste é referida
para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia
(Sousa & Wanderley, 2000; Siqueira Filho, 2002). Com base no material examinado neste
trabalho, foi verificado a acorrência desta espécie também para o estado de Sergipe.
Na Paraíba foi encontrada em áreas de tabuleiro no sul do estado, ocorrendo nestas
áreas como terrestre sobre solo arenoso em pequena população, juntamente com Hohenbergia
ridleyi e A. lingulata. Foi encontrada apenas um exemplar em fragmentos florestais no litoral,
mata costeira, ocorrendo como epífita em mata de ciliar. Observada com flores nos meses de
janeiro, fevereiro, abril, julho, setembro, novembro e em frutificação em maio.
Aechmea aquilega, sengundo Smith & Downs (1979), possui duas variedades, A.
aquilega var. aquilega e A. aquilega var. chrysocoma. Estas variedades são diferenciadas,
segundo estes autores, pela coloração das brácteas primárias e secundárias, sendo esverdeadas
e amarelas brilhantes, respectivamente. Porém, nos exemplares examinados este carácter se
mostrou pouco consistente, sendo seguida à proposta de Read & Luther (1991) de
sinonimização deste taxa.
Aechmea aquilega pode ser diferenciada das demais espécies da área de estudo por
apresentar flores congestas dispostas em fascículos no ápice dos ramos, inflorescência com
ramos congestos, os inferiores curtos, e superiores ausentes, tornando a inflorescência
piramidal e pelas flores maiores que 3,5 cm de coloração amarela.

2. Aechmea emmerichii Leme, Bradea 5:39.1987.


33

Tipo: Brasil. Bahia: Seabra, s.d., Alvim Seidel 1048 (Holótipo HB).

Figura 4, g-l
EPÍFITA ou RUPÍCOLA, 70-115 cm alt., propagando-se vegetativamente por rizomas
basais curtos e robustos. FOLHAS 66-115 cm compr., dispostas em rosetas abertas. BAINHA
16-20 X 8-10 cm, elíptica, creme em ambas as faces, cartácea. LÂMINA 55-95 x 3-5,5,
lanceolada, levemente nervadas, ápice fortemente agudo, mucronada, mucro 0,8-1 cm compr.,
castanho, margem serreada até o terço superior, acúleos antrorsos, 1-3 mm compr., espaçados
0,5-2 cm, margem serrilhada no ápice, acúleos diminutos 0,5-1 mm compr., antrorsos,
espaçados 0,3-1 cm, castanhos. ESCAPO 60-100 cm compr., cilíndrico, róseo-alaranjado,
espasamente lanuginoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 4-10 x 2,5-4,5 cm, lanceoladas,
róseo-alaranjadas, glabrescente, imbricadas, cartáceas, não recobrindo completamente o
escapo, as inferiores iguais ou pouco maiores que os entrenós, as superiores menores, margem
lisa, ápice mucronado, mucro 1-3 mm compr., não rígido, levemente nervadas.
INFLORESCÊNCIA ca. 30 cm compr., em panícula piramidal laxa, ramificações da base ao
ápice, 5-15 flores por ramo, congestas, eixo entre as flores ca. 5 mm compr, pêdunculo do
ramo maior que 3 cm compr. RAQUE amarela, levemente lanuginosa. BRÁCTEAS
PRIMÁRIAS 7-8 x 2-2,2 cm, lanceoladas, róseo-alaranjadas, menores que os ramos,
brilhantes, glabras, margem inteira, ápice acuminado, mucronadas, mucro ca. 2 mm compr.,
castanhos. BRÁCTEAS FLORAIS ca. 2 x 1 cm, ovais, róseo-amareladas, ápice longo
apiculado, carenadas, cartáceas, excedendo o ovário e menores que as sépalas, margem
inteira, nervadas. FLORES 4-4,5 cm compr., tubulosas, subsésseis, pedicelo 4 mm compr.,
eretas, dispostas em 3-4 no ápice dos ramos. SÉPALAS 2,5-2,7 x 1-1,2 cm, ovais, verde-
amareladas, brilhantes, leve tomentosas, livres, mucronadas, mucro 1,5-3 mm compr.,
carenadas, fortemente assimétricas, aladas, alas membranáceas, translúcidas. PÉTALAS 3,5 x
0,5 cm compr., espatuladas, amarelo-alaranjadas, livres, ápice inconspicuamente apiculado,
eretas na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS 2-2,5 mm compr., basais, truncados, ápice
recortado. ESTAMES da série interna ca. 1 cm compr., com filetes livres por ca.1 mm
compr., os da série externa ca. 3 cm de compr., com filetes livres por ca. 2,5 cm compr.,
amarelos, inclusos, compressos. ANTERAS ca. 5 mm compr., elípticas, amarelas. OVÁRIO
0,8-1 cm compr., ca. 1 cm diâm., oval, verde, levemente lepidoto, placentação apical.
ESTILETE ca. 2,5 cm compr., amarelo-alaranjado, cilíndrico, retorcido na porção superior.
ESTIGMA espiral-conduplicado, amarelo. ÓVULOS ca. 1,5 mm compr., elípticos,
34

apiculados, muitos. FRUTOS 2-2,5 cm, ovais, verdes com ápice amarelo, sublanatos.
SEMENTES ca. 4 mm compr., elípticas, castanho-claros.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Maturéia, Pico do Jabre, 8-9.XII.2004, fl., R.
A. Pontes & N. T. Lima 142 (JPB), fl., 143 (JPB), fr., 144 (RB), fr., 145 (RB); fr., 148 (RB);
Idem, 15.IV.2005, fr., R. A. Pontes & E. A. Rocha 193 (US), fr., 194 (JPB), fl., 195 (RB), fl.,
196 (JPB), fr., 197 (RB), fr., 198 (JPB), fr., 199 (US); Idem, 28.V.2005, fr., R. A. Pontes &
Gadelha Neto 268 (JPB); Idem, 19-20.X.1997, fr., M. F. Agra et al. 4549, fr. 4559, fr., 4560,
fr., 4561, fr., 4562 (JPB); Idem, 20-23.XII.1997, fl., M. F. Agra et al. 4390 (JPB); Idem, 27-
29.IX.1997, M. F. Agra et al. 4286 (JPB).
Aechmea emmerichii é um representante do subgênero Aechmea, sendo descrita por E.
M. Leme em 1987, a partir de material cultivado procedente do estado da Bahia. Segundo este
autor, esta espécie possui afinidades morfológicas com A. dowsiana Pittendrigh e A.
milsteiniana Smith & Read, diferindo destas por apresentar a inflorescência mais longa,
bráctea floral 1,5-2 cm, igualando ou pouco excedendo o ovário, flores curtamente
pediceladas e pétalas com 3 cm de comprimento.
Aechmea emmerichii foi encontrada na Paraíba no brejo de altitude do Pico do Jabre,
entre 1.000 e 1.197m s.m., onde ocorre em afloramentos rochosos expostos a pleno sol.
Porém, pode ser observada como epífita facultativa no interior da vegetação arbórea. Foi
observada em floração nos meses de outubro, novembro, dezembro e janeiro. Frutos foram
observados nos meses de novembro, dezembro e janeiro.
Pode ser diferenciada das demais espécies da área de estudo por apresentar
inflorescência com ramos inferiores longos e laxos, e superiores curtos e congestos, tornando
a inflorescência piramidal e de coloração róseo-alaranjada e pelas flores maiores que 4,5 cm,
amarelas.
Esta espécie está sendo aqui referida pela primeira vez para o estado da Paraíba, antes
conhecida apenas para o estado da Bahia.

3. Aechmea eurycorymbus Harms, Notizbl. Bot. Gart. Berlin-Dahlen 12: 528. 1935.
Tipo: Brasil. Pernambuco: Floresta, 3.1932, Werdermann 2931 (Holótipo B).
Figura 5, l-m
RUPICOLA, 60-70 cm alt., heliófita, propagando-se vegetativamente por rizomas
basais curtos e robustos. FOLHAS 60-70 cm compr., dispostas em rosetas abertas. BAINHA
10-14 x 8-10 cm, elíptico-oval, alva em ambas as faces, cartácea. LÂMINA 50-56 x 3,5-4,5
cm, lanceolada, levemente nervadas, ápice agudo, mucronado, mucro 3-5 mm compr.,
35

margem serreada até o terço superior, com acúleos antrorsos, 2-7 mm compr., espaçados 0,3-2
cm, castanho-claros. ESCAPO 60-80 cm compr., cilíndrico, avermelhado, levemente
farinoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 11-15 x 2,5-3,5 cm, elíptico-lanceoladas,
avermelhadas, levemente farinosas, imbricadas, recobrindo todo o escapo, cartáceas, ápice
acuminado, mucronadas, mucro 2-6 mm compr., levemente nervada, inteira.
INFLORESCÊNCIA 30-40 cm compr., em panícula piramidal, laxa, ramificações da base ao
ápice, 10-65 flores por ramo, pêdunculo do ramo maior que 3 cm compr. RAQUE
avermelhada, glabrescente. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS 10 x 2 cm, elíptico-lanceoladas,
avermelhadas, levemente farinosas, ápice agudo, menores que os ramos, levemente nervadas.
BRÁCTEAS FLORAIS 1,5-1,7 x 0,6-0,7 cm compr., oval-elípticas, amareladas, carenadas,
mucronadas, mucro 3-5 mm compr., maiores que o ovário e menores que as sépalas. FLORES
3,5-4 cm compr., tubulosas, eretas, subsséseis, pedicelo 1-2 mm compr. SÉPALAS 1,3-1,5 x
0,8-1 cm, subovais, amarelas, livres, mucronadas, mucro 2 mm compr., carenadas, glabras,
fortemente assimétricas, aladas, alas menbranáceas, translúcidas. PÉTALAS, ANDROCEU E
GINECEU não vistos. FRUTOS 2,5 x 0,8 cm, ovais a esféricos, amarelos, glabros.
SEMENTES 2,5 mm diâm., elípticas, castanhas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Natuba, sítio Pau-D`arco, 7º28´00”W e
35º29´46”S, 14.V.2005, fr., R. A Pontes 230 (RB), fr., 231 (JPB), fr., 232 (US), fr., 233
(JPB), fr., 234 (RB), fr., 260 (JPB), fr., 261 (IPA).
Aechmea eurycorymbus pertence ao subgênero Aechmea, composto atualmente por 107
espécies (Faria, 2002). É uma espécie exclusiva da Região Nordeste do Brasil, sendo citada
para os estados de Pernambuco e Paraíba (Sousa & Wanderley, 2000; Siqueira Filho, 2002).
Foi citada para a região do agreste da Paraíba por Smith & Downs (1979), coletada por
Foster em 1948, último registro da espécie no estado. No presente estudo foi recoletada na
floresta atlântica, apenas no município de Natuba, divisa com Pernambuco. Pode ser
encontrada como rupícola heliófita, ocorrendo juntamente com Hohenbergia ridleyi e
Orthophytum disjunctum. Foi observada em frutificação no mês de maio.
Segundo Sousa & Wanderley (2000), A. eurycorymbus está relacionada com A.
werdemannii Harms, pelo padrão de inflorescência amplamente ramificado, porém apresenta
brácteas florais significativamente maiores. Na área de estudo esta espécie é
morfologicamente semelhante a Aechmea emmerichii, que ocorre no Pico do Jabre, entre
1000-1197 m s.m., município de Maturéia. Porém, pode ser diferenciada pela inflorescência
notadamente mais laxa, pelo alongamento do eixo entre as flores e por um tufo de brácteas
florais estéreis no ápice de alguns ramos.
36

4. Aechmea fulgens Brong., Ann. Sci. Nat. Bot. II.15:371.1841.


Tipo: Paris Hortus. Quesnel s.n. (Holótipo, P).
Figura 6, a-e
TERRESTRE, 22-77 cm alt., mesófita, propagando-se vegetativamente por rizomas
basais longos e delgados. FOLHAS 22-77 cm compr., dispostas em rosetas abertas. BAINHA
9-13 x 5-8 cm, oval, alvas em ambas as faces, membranácea. LÂMINA 13-64 x 3-4,5 cm,
lanceolada, face abaxial cinérea, mais larga na porção superior, ápice apiculado, margem
serrilhada até o terço superior, com acúleos antrorsos, incosnpícuos, castanho-claros.
ESCAPO 27-30 cm compr., cilíndrico, verde a vermelho, glabro, ereto a subereto.
BRÁCTEAS DO ESCAPO 4,5-6 x 2-1,5 cm, subtriangulares, vermelhas, glabras, não
imbricadas, cobrindo parcialmente o escapo, membranáceas, cartáceas, inermes, ápice
acuminado, mucronadas, mucro 1,5-2 mm compr., levemente nervadas. INFLORESCÊNCIA
20-25 cm compr., em panícula piramidal, ramificada apenas na base, 6-9 flores por ramo.
RAQUE vermelha, grabra. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS ca. 5 x 1 cm, iguais as do escapo.
BRÁCTEAS FLORAIS ausentes. FLORES 1,5-2 cm compr., tubulosas, sésseis, eretas.
SÉPALAS 4-5 x 3-4 mm, ovais, vermelhas com porção superior lilás, glabras, livres,
ecarenadas, assimétricas, aladas, alas membranáceas. PÉTALAS 1-1,2 x 0,2-0,3 cm,
liguladas, lilases com margem alva, livres, ápice cuculado. APÊNDICES PETALÍNEOS ca. 1
mm compr., ligulados, alvos. ESTAMES da série interna ca. 0,7 cm compr., com filetes livres
por ca. 5 mm, os da série externa ca. 1,2 cm de compr., com filetes livres por ca. 9 mm,
compressos, alvos. ANTERAS 4-5 mm compr., elíptico-lineares, alvas. OVÁRIO 6-7 mm
compr., 4-5 mm diâm., cilíndrico, vermelho, glabro, placentação apical. ESTILETE 1,2 cm
compr., base alva, porção superior lilás, cilíndrico. ESTIGMA espiral-conduplicado, lilás.
ÓVULOS 0,3 mm compr., muitos, elípticos, longo-apiculados. FRUTOS 1-1,5 cm compr.,
ovais, vermelho-intenso com ápice negro, glabros. SEMENTES não vistas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Natuba, Antena da Telemar, 15.V.2005, fr.,
R. A. Pontes 244 (JPB), fr., 245 (JPB), fr., 248 (US), fl., 250 (JPB), fr., 251 (JPB), fr., 246
(RB), fr., 247 (RB); fr., 249 (RB); fr., Gadelha Neto s.n. 153 (US).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: São Vicente Ferrer, Mata do
Estado, 28.IV.1995, fr., G. M. Sousa et al. 97 (UFP); Tapera, V.1927, fl., D. Bento Pickel s.n.
(IPA 1281); Quipapá, Eng. Brejinho, 23.III.1967, fl., D. A. Andrade-Lima 67-4977 (IPA).
Alagoas: Murici, Itamaracá, 29.X.2002, fr., J. A. Siqueira-Filho 1286 (UFP). Minas Gerais,
Januária, 12.IX.2003, fl., M. O. Bovini et al. 2316 (RB).
37

Aechmea fulgens pertence ao subgênero Lamprococcus. Possui distribuição nos estados


de Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro (Sousa & Wanderley, 2000) e com base nos estudos
de herbário, verificou-se a ocorrência desta espécie também para os estados de Alagoas e
Minas Gerais e Paraíba.
Smith & Downs (1979), consideram duas variedades para esta espécies, A. fulgens var.
fulgens, com folhas totalmente verdes, e A. fulgens var. discolor com folhas de face abaxial
vinácea. Neste tratamento estas variedades não foram aceitas.
Na floresta atlântica paraibana A. fulgens foi coletada em apenas um fragmento de brejo
de altitude no município de Natuba, divisa com o estado de Pernambuco, habitando o solo em
mata úmida.
Pode ser diferenciada das demais espécies de Aechmea da área de estudo por apresentar
pequeno porte, folhas verdes recobertas por escamas alvas, formando um “pó” que recobre
toda folha. A raque intensamente vermelha, com ramificações apenas na base, glabra,
contrastando com as flores azuis sem brácteas, pode ser utilizada para identificar a espécie.
Aechmea fulgens trata-se de uma nova referência para a Paraíba, ampliando seu limite
norte de ocorrência, que anteriormente era até o estado de Pernambuco.

5. Aechmea lingulata (L.) Baker, Jour. Bot. London 17: 164. 1879.
Tipo: Plumier s.n. (Holótipo P, foto US).
Figura 5, a-f
TERRESTRE ou EPÍFITA, 45-175 cm alt., mesófita ou heliófita, propagando-se
vegetativamente por rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 46-174 cm compr., dispostas
em rosetas abertas. BAINHA 18-22 x 9-12 cm, elíptica a oval, castanha em ambas as faces,
cartácea. LÂMINA 28-152 x 5-7,5 cm, lanceolada, levemente nervadas, ápice agudo a
arredondado, mucronada, mucro 0,8-2 cm compr., castanho a negros, geralmente fortemente
enrrugados, margem serreada o terço superior, com acúleos patentes, 0,5-2 mm compr.,
espaçados 1-4 mm compr. entre si, margens serrilhada no ápice, com acúleos diminutos 0,5-1
mm compr., antrorsos, espaçados 0,5 mm compr. entre si, às vezes unidos, castanhos-claros.
ESCAPO 40-55 cm compr., cilíndrico, amarelo, leve tomentoso, ereto. BRÁCTEAS DO
ESCAPO 6,5-10 x 1,5-3,2 cm, elípticas a elíptico-lanceoladas, creme a amareladas, levemente
tomentosas, imbricadas, recobrindo o escapo, cartáceas, as inferiores com margem serrilhada,
as superiores com margem inteira, ápice longo-acuminado, mucronadas, mucro 1-4 mm
compr., levemente nervadas. INFLORESCÊNCIA 20-65 cm compr., em panícula de espiga
subpiramidal, laxa, ramificações da base ao ápice, 15-75 flores por ramo. RAQUE amarelo-
38

pálida, levemente lanuginosa, pêdunculo do ramo até 1,5 cm compr. BRÁCTEAS


PRIMÁRIAS 4-8,5 x 0,7-2,2 cm, elíptico-lanceoladas a triangulares, creme a amareladas,
levemente lanuginosas, margem serrilhada, ápice agudo, mucronadas, mucro 5 mm compr.
BRÁCTEAS FLORAIS 2,5-4,5 mm compr., triangulares, creme, ápice longo-acuminado,
diminutas, menores que o ovário e as sépalas, margem inteira, nervadas. FLORES 1,2-1,5 cm
compr., claviformes, tubulosas, sésseis, eretas. SÉPALAS 4-5 x 2-3 mm, ovais, creme,
brilhantes, glabras, livres, ápice agudo, mucronadas, mucro 0,2 mm compr., castanho,
ecarenadas, fortemente assimétricas, aladas, alas membranáceas, translúcidas. PÉTALAS 8 x
1,5 mm, liguladas, alvas, livres, ápice apiculado, patentes na antese. APÊNDICES
PETALÍNEOS não observados. ESTAMES da série interna ca. 4 mm compr., com filetes
livres por ca. 2,5 mm, os da série externa ca. 6 mm compr., com filetes livres por ca. 5 mm,
compressos, alvos. ANTERAS 1,5-2 mm compr., elípticas, alvas. OVÁRIO 4-5 mm compr.,
2-2,5 mm diâm., cilíndrico, creme, glabro, placentação apical. ESTILETE ca. 8 mm compr.,
alvo, cilíndrico. ESTIGMA espiral-conduplicado, alvo. ÓVULOS ca. 1 mm compr., muitos,
obtusos. FRUTOS ca. 1 cm compr., claviformes, creme, glabros. SEMENTES não vistas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Campus Universitário, 26.X.2004, fl.,
R. A. Pontes 121 (JPB); Serraria, Baixa Verde, 19.I.1993, fl., L. P. Félix et al. 5549 (EAN);
Mamanguape, Sema II, 17.V.1989, fr., Miranda et al. 3505 (EAN); Idem, Reserva Florestal
do Incra, 26.X.1982, fl., Miranda et al. 177 (JPB); Idem, Mata Escura, 11.VIII.2004, fl., R. A.
Pontes et al. 97 (US), 98 (RB); Idem, Rebio Guaribas, Lagoa Caiana, 29.X.2004, fl., R. A.
Pontes 126 (RB); Rio Tinto, Estação Ecológica, 19.VIII.1988, fl., L. P. Félix & Miranda s.n
(JPB 15661); Sapé, RPPN Fazenda Pacatuba, 17.I.2001, fr., E. César 88 (JPB); João Pessoa,
Mata do Buraquinho, 17.II.2004, fr., R .A. Pontes et al. 51 (JPB), fr., 52 (JPB); Idem,
19.I.2005, fr., R. A. Pontes & N.T. Lima 139 (RB), 140 (IPA), 141 (RB); Caaporã, BR-101,
16.XI.2004, fr., R. A. Pontes & N.T. Lima 132 (US); Capim, usina Monte Alegre, 29.IV.2005,
fr., R. A. Pontes & Gadelha Neto 223 (JPB); Rio Tinto, 22.VIII.1998, fr., G. Martinelli 15084
(RB).
Material adicional examinado: BRASIL. Ceará: Serra de Maranguape, 24.XI.1955,
fl., D. Andrade-Lima 55-2382 (IPA); Pernambuco: Entre Palmares e Catende, 5.IX.1997, fl.,
G. S. Baracho et al. 687 (UFP); Maraial, Eng. Nabuco, 12.V.1996, J. A. Siqueira-Filho 595
(UFP); Alagoas: União dos Palmares, 6.XI.1966, fl., I. Pontual 66/262 (IPA); Bahia: Iaçu,
14.III.1985, fr., L. R. Nublick 3712 (RB); Pará: Santa Julia, 18.III.1924, fl., Kuhlman s.n
(RB).
39

Aechmea lingulata pertence ao subgênero Aechmea e distribui-se por toda a América


Central e do Sul. No Brasil ocorre desde o Amapá estendendo-se por toda costa leste do país
(Smith & Downs, 1979). No Nordeste é referida para os estados do Ceará, Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia (Sousa & Wanderley, 2000; Siqueira Filho,
2002).
Na Paraíba pode ser encontrada desde a faixa litorânea, onde é frequente, até os brejos
de altitude. Habita formações vegetacionais variadas, desde os campos e matas de restinga,
tabuleiro, mata costeira e brejo de altitude, ocorrendo como epífita ou terrestre, em grande
densidade de indivíduos. Foi observada a presença de flores nos meses de janeiro, fevereiro,
março, agosto, setembro, outubro e novembro, e frutos nos meses de janeiro, fevereiro,
março, abril, maio, outubro e novembro.
Smith & Downs (1979), reconhecem três variedades, A. lingulata var. lingulata, A.
lingulata var. patenssima e A. lingulata var. froesii, diferenciando-as pela forma e mucro das
brácteas florais e tamanho das sépalas. Porém, observa-se que estes caracteres são muito
variáveis nos espécimes examinados, portanto, esta proposta não foi seguida neste trabalho.
Aechmea lingulata na Paraíba apresenta variação morfológica quando comparada com
o material descrito em outros trabalhos, especialmente com relação a coloração das estruturas
reprodutivas. Sousa & Wanderley (2000), referem-se à tendência da variação para a cor
vináceas de algumas estruturas como folhas, brácteas do escapo, brácteas primárias e fruto.
No material examinado da Paraíba estes estruturas apresentaram-se sempre de coloração
creme a amarelada. Tal variação na coloração pode ser ainda mais evidente no material
apresentado por Holst (1997) para a Guiana Venezuelana, onde as brácteas possuem
coloração vermelha e os frutos são negros.
Aechmea lingulata pode ser facilmente destinguida das demais espécies pela presença
de um mucro robusto e negro no ápice da lâmina foliar, em associação com a inflorescência
amarelada, com flores de pétalas alvas, pequenas, e com sépalas com mucro evidente.

6. Aechmea mertensii (G. Mey) Schult. & Schult. f., in Roemer & Schultes Syst. veg. 7:
1272. 1830.
Tipo: Guiana. Essequibo River: E. K. Rodschied s.n. (GOET).
Figura 6, l-q
TERRESTRE ou EPÍFITA, 20-55 cm alt., mesofíta ou heliófita, propagando-se
vegetativamente por rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 20-56 cm compr., dispostas
em rosetas subabertas. BAINHA 3-10,5 x 2,5-3,5 cm, elíptica a oval, castanho-claro em
40

ambas as faces, cartácea. LÂMINA 17-46 x 1,5-2,5 cm, linear, levemente nervada, estreitada
bruscamente na base, ápice agudo, mucronado, mucro ca. 2 mm compr., margem
espinescentes até o terço superior, acúleos antrorsos e reflexos, 1-2 mm compr., espaçados
0,3-2,5 cm, margem serrilhada até o mucro da lâmina, acúleos diminutos 0,5-1 mm compr.,
espaçados 2 mm, castanho-claros. ESCAPO 10-30 cm compr., cilíndrico, esverdeado, glabro,
ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 2-15 x 0,7-2 cm, elípticas a elíptico-lineares, vermelho-
brilhante, levemente tomentosas, não recobrindo o escapo, menores que os entrenós,
membranáceas, ápice acuminado, mucronadas, mucro 2-5 mm compr., levemente nervadas,
serrilhadas. INFLORESCÊNCIA 3,5-18 cm compr., em panícula de espiga, laxa,
subpiramidal, ramificações da base ao ápice, 6-15 flores por ramo. RAQUE verde, levemente
farinosa, pêdunculo do ramo até 1,5 cm compr. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS 2,5-6 x 1,2-1,8
cm, elípticas a elíptico-ovais, vermelhas, levemente nervadas. BRÁCTEAS FLORAIS ca. 6 x
5 mm compr., arredondadas, amarelas, glabras, ½ do comprimento das sépalas, mucronadas,
mucro 0,5-1 mm compr., membranáceas. FLORES 1-1,3 cm compr., tubulosas, eretas,
sésseis. SÉPALAS ca. 5 x 3 mm, ovais, amarelas, livres, mucronadas, mucro 1 mm compr.,
ecarenadas, glabras, fortemente assimétricas, aladas, alas menbranáceas, translúcidas.
PÉTALAS ca. 7 x 1,5 mm, liguladas, amarelas, livres, ápice mucronado, eretas na antese.
APÊNDICES PETALÍNEOS inconspícuos, franjados, conatos no terço inferior da pétala.
ESTAMES da série interna ca.5 mm compr., com filetes livres por ca. 4 mm, estames da série
externa 6 mm compr., com filetes livres por 4-5 mm, amarelo-pálidos, hialinos na porção
basal, compressos. ANTERAS ca. 1 mm compr., elípticas, amarelo-pálidas. OVÁRIO 4-5
mm compr., 2-3 mm diâm., oval-elíptico, amarelo, glabro, placentação apical. ESTILETE ca.
6 mm compr., amerelo-pálido, cilíndrico. ESTIGMA espiral-conduplicado, amarelo.
ÓVULOS ca. 2 mm compr., elípticos, 2-4, simétricos. FRUTOS 0,9-1 x 0,4-0,5 cm, ovais,
azuis. SEMENTES ca. 3 x 1 mm, elípticas, castanhas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, Mata do Peru, 1.V.2005, fl.,
R. A. Pontes & P. Gadelha Neto 218 (RB), fl., 219 (US), fl., 220 (JPB); Rio Tinto, Estação
Ecológica, 19.VIII.1988, fr., L. P. Félix & Miranda s.n. (JPB 15658); Tarama, Sema II,
12.VI.1991, fl., L. P. Félix et al. 3.923 (JPB); Idem, Cabeça de Boi, Sema II, 24.V.1990, fr.,
L. P. Feliz & Sanatana 3065 (JPB); Sapé, RPPN Fazenda Pacatuba, 23.III.2001, fl., E. César
124 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Jaqueira, Usina Colônia,
1.VIII.1999, fr., J. A. Siqueira-Filho & J. A. Vicente 999 (UFP); Maraial, 23.III.1997, fl., fr.,
J. A. Siqueira-Filho & G. S. Baracho 497 (UFP); Jaboatão, Engenho Camacuru, 19.V.1932,
41

fl., fr., D. Bento Pickel s.n. (IPA 3495); Pará: Oriximiná, 7.VII.1980, fl., G. Martinelli 7301
(RB).
Aechmea mertensii pertence ao subgênro Aechmea e tem distribuição geográfica por
todo o norte da América do Sul e Brasil (Smith & Downs, 1979). No Brasil ocorre desde a
Região Norte até o Nordeste, nos estado de Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Paraíba
(Sousa e Wanderley, 2000).
Na Paraíba ocorre como epífita nas matas costeiras (50-200 m.s.m), geralmente em
agrupamentos de 6-8 indivíduos. Possui associação com agressivas formigas do gênero
Azteca, que utilizam suas raízes como abrigo (obs. pessoal).
Os espécimes coletados na Paraíba não apresentaram variações morfológicas
significativas quando comparado ao material coletado em outros estados. Verifica-se, no
entanto que os exemplares procedentes da Região Norte do país apresentam hábito e
inflorescência maiores. Este fato já havia sido observado por Sousa & Wanderley (2000), para
Pernambuco.
Aechmea mertensii pode ser facilmente distinguida das outras espécies da área de
estudo por apresentar porte reduzido, folhas fortemente armadas, brácteas do escapo
vermelhas, membranáceas e pêndulas, flores pequenas e com pétalas amarelas, além de frutos
azuis.

7. Aechmea nudicaulis Griseb. Fl. Brit. W. Ind. 593. 1864.


Tipo: West Indies, s.d., Plumier s.n. (Holótipo P)
Figura 6, f-j
EPÍFITA, 50-100 cm alt., mesofíta ou heliófita, propagando-se vegetativamente por
rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 50-102 cm compr., dispostas em rosetas suberetas.
BAINHA 20-29 x 6-8,5 cm, suboval, castanho-claro em ambas as faces, cartácea. LÂMINA
30-73 x 3,5-6,5 cm, lanceolada, levemente nervadas, ápice arredondado, mucronado, 5-8 mm
compr., margem espinescente até o terço superior da lâmina, com acúleos antrorsos, 1-2,3
mm compr., espaçados 4-6 mm compr. entre si, margem tornando-se serrilhada próximo ao
mucro, acúleos diminutos 0,5-1 mm compr., espaçados ca. 1 mm compr. entre si, castanho-
claros. ESCAPO 40-55 cm compr., cilíndrico, esverdeado, farinoso, recurvado. BRÁCTEAS
DO ESCAPO 5-6,5 x 1,4-1,8 cm, elípticas a elíptico-lineares, amarelas, levemente farinosas,
não recobrindo o escapo, membranáceas, ápice acuminado, mucronada, mucro 3-8 mm
compr., levemente nervadas, inteiras. INFLORESCÊNCIA 9-13 cm compr., simples,
subcilíndrica, 30-45 flores por ramo. RAQUE amarelada, levemente farinosa. BRÁCTEAS
42

PRIMÁRIAS ausentes. BRÁCTEAS FLORAIS 1,5 mm compr., triangulares, amarelo-


pálidas, ca. ¼ do comprimento das sépalas, mucronadas, mucro ca. 0,5 mm compr.,
membranáceas. FLORES ca. 2 cm compr., tubulosas, eretas, sésseis. SÉPALAS 6-8 x 3-4
mm, ovais, amarelo-esverdeadas, livres, mucronadas, mucro ca. 0,5 mm compr., ecarenadas,
glabras, fortemente assimétricas, aladas, alas membranáceas, translúcidas. PÉTALAS 1,2 x
0,3 cm, espatuladas, amarelas, livres, ápice arredondado, ápice ereto. APÊNDICES
PETALÍNEOS ca. 1 mm compr., franjados, conatos no terço inferior da pétala. ESTAMES da
série interna ca, 0,8 cm comprç., com filetes livres por ca. 6 mm, os da série externa ca. 1 cm
compr., com filetes livres por ca. 7 mm, amarelo-pálidos, hialinos na porção basal,
compressos. ANTERAS 4-5 mm compr., triangulares, amarelo-pálidas. OVÁRIO 6-8 mm
compr., 4-5 mm diâm., oval-elíptico, verde, farinoso, placentação axial. ESTILETE ca. 1 mm
compr., amerelo-pálido, cilíndrico. ESTIGMA espiral-conduplicado, amarelo. ÓVULOS ca. 3
mm compr., obovais, muitos, simétricos. FRUTOS 1,7-2 x 0,7-0,8 cm, ovais, verdes.
SEMENTES ca. 2 mm, elípticas à sub-reniformes, amarelas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Salgado de São Félix, Serra dos Campos,
Sítio Pau-D`arco (7º28´34” W e 35º28´33” S), 16.IV.2005, fr., R. A. Pontes 164 (IPA), fr.,
165 (RB), fr., 166 (JPB), fl., 167 (RB); Natuba, Fazenda Sr. Geraldo, 14.V.2005, fr., R. A.
Pontes 254 (JPB), fl., 255 (JPB).
Material adicional examinado: Costa Rica. Província de Heredia: Puerto Viejo de
Sarapiqui, 5.I.1978, T. B. Croat 44281 (Foto MO).
Aechmea nudicaulis pertence ao subgênero Pothuava e tem distribuição por toda a América
Central e do Sul. Para o Brasil era citado de Pernambuco ao do Rio Grande do Sul (Smith &
Downs, 1979, Siquira Filho, 2002).
Na Paraíba a espécie foi somente encontrada nos limites dos municípios de Salgado de São
Félix e Natuba, brejo de altitude, à 630 m s.m., divisa com Pernambuco. É encontrada como
epífita formando aglomerados sobre árvores isoladas em ambiente fortemente antropizado.
Observada em floração e frutificação nos meses de abril e maio.
A espécie pode ser diferenciada das demais Aechmea da área de estudo, por apresentar uma
inflorescência simples com raque amarelada, brácteas do escapo amarelo-pálidas e florais
inconspícuas, flores sésseis com pétalas amarelas.
Esta é a primeira informação da ocorrência de A. nudicaulis na Paraíba, aumentando sua
área de distribuição geográfica mais ao Norte do país.

8. Aechmea stelligera L. B. Sm., Smithson. Misc. Collect. 126: 18. 1955.


43

Tipo: Brasil. Paraíba: Areia, 15.IX.1944, J. M. Vasconcellos s.n.( Holótipo US 2059452!;


Isótipo SP 52358).
Figura 5, g-k
TERRESTRE ou EPÍFITA, 55-190 cm alt., propagando-se vegetativamente por
rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 56-190 cm cpr., dispostas em rosetas abertas.
BAINHA 14-20 x 9-12 cm, elíptico-oval, castanha em ambas as faces, cartácea. LÂMINA
42-170 x 4-10 cm, lanceolada, levemente nervadas, ápice agudo, mucronada, mucro 3-5 mm
compr., margem serreada até a porção média, acúleos antrorsos, 4-5 mm compr., espaçados
0,5-1 cm, margem serrilhada na porção superior, acúleos diminutos 0,5-1 mm compr.,
espaçados 1-3 mm, castanho-claros. ESCAPO 55-80 cm compr., cilíndrico, vermelho,
farinoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 19 x 5,5 cm, elíptico-lanceoladas, vermelhas,
levemente tomentosas, imbricadas, recobrindo o escapo, submembranáceas, ápice acuminado,
mucronadas, mucro ca. 7 mm compr., levemente nervadas, inteiras. INFLORESCÊNCIA 30-
40 cm compr., em panícula piramidal, ramificações da base ao ápice, 5-40 flores por ramo,
pêdunculo do ramo maior que 3 cm compr. RAQUE verde, farinosa. BRÁCTEAS
PRIMÁRIAS 15 x 4,5 cm, elíptico-lanceoladas, róseo-avermelhadas, levemente nervadas,
glabrescentes, menbranáceas, ápice agudo. BRÁCTEAS FLORAIS 1-2 mm compr.,
triangulares, verdes, menores que o ovário e as sépalas. FLORES 3-4,5 cm compr., tubulosas,
eretas, sésseis. SÉPALAS 1,5-1,7 x 0,9-1 cm, subovais, verde-escuras, livres, ápice agudo,
mucronadas, mucro 0,5 mm compr., ecarenadas, tomentosas, fortemente assimétricas, aladas,
alas menbranáceas, translúcidas. PÉTALAS 2,5-3,5 x 0,3-0,4 cm, lanceoladas, amarelas,
livres, ápice agudo, eretas na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS 1,5-2 mm compr.,
cupuliformes, margem erosa, conatos na base da pétala. ESTAMES da série interna ca. 1,2
cm compr., com filetes livres por ca. 8 mm, os da série externa ca. 2,8 cm compr., com filetes
livres por ca. 2,5 cm, amarelos, hialinos na porção basal, compressos. ANTERAS 6-7 mm
compr., elípticas, amarelas. OVÁRIO 0,8-1 cm compr., 4-5 mm diâm., elíptico-linear, verde,
farinoso, placentação axial. ESTILETE ca. 2,5 cm compr., amerelo, cilíndrico. ESTIGMA
subgloboso, espiral-conduplicado, amarelo. ÓVULOS ca. 2 mm compr., muitos, assimétricos,
apiculados. FRUTOS em formação.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Escola Agronômica do Nordeste,
10.VI.1953, fl., C. Morais 862 (IPA); Idem, 15.IX.1944, fl., J. Coelho de Moraes s.n. (EAN
68); Idem, 1939, fr., L. P. Xavier s.n. (JPB 9); Idem, Parque Ecológico da Mata do Pau-Ferro,
28.XI.1990, fl., V. P. B. Fevereiro et al. 134 (EAN); Idem, 3.X.2004, fr., R. A. Pontes et al
107 (RB); fr., 108 (JPB); Idem, 23.VIII.1998, fl., G. Martinelli et al. 15087 (RB); Idem, Mata
44

da Jussara, 26.X.2004, fr., R. A. Pontes et al. 110 (JPB); Idem, Mata da Jussarinha,
26.X.2004, fr., R. A. Pontes et al. 111 (JPB); Idem, R. A. Pontes et al. 113 (RB); Idem,
Campus Universitário da UFPB, 3.X.2004, fr., R. A. Pontes et al. 106 (IPA), fr., 105 (US);
Idem, 29.VIII.2004, fr., R. A. Pontes 84 (RB); Idem, fl., R. A. Pontes et al. 85 (JPB);
Bananeira, Área de relevante interesse ecológico fazenda Goiamunduba, 20.VI.2005, fl., R. A.
Pontes et al. 318 (US); Idem, 19.I.1993, fr., L. P. Félix et al. s.n. (EAN 8233); Esperança-
Pocinhos, 1939, L. P. Xavier s.n. (JPB 7).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Bonito, 31.VIII.1992, fl., V.
C. Lima et al. 828 (IPA); Buenos Aires, 8.VIII.2002, fr., J. A. Siqueira-Filho 1250 (UFP).
Alagoas: Ibateguara, Usina Serra Grande, 16.III.2003, fr., Viana et al. 264 (UFP).
Aechmea stelligera pertence ao subgênero Aechmea e tem ocorrência restrita a Região
Nordeste do Brasil, sendo citada para os estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba (Sousa &
Wanderley, 2000).
Segundo Sousa & Wanderley (2000), esta espécie possui afinidade morfológica com A.
tomentosa, sendo diferenciada pelo indumento denso branco-tomentoso do escapo,
inflorescência congesta e flores maiores (5 vs. 2,5 cm). Comparando-se o material da área de
estudo com o material descrito para Pernambuco, foram observadas algumas variações
morfológicas, como brácteas basais do escapo com margem serreada, flores até 3 cm e ovário
clavado, contrapondo-se às brácteas inteiras, flores com até 4,5 cm e ovário cilíndrico dos
espécimes examinados para a floresta atlântica paraibana.
Na Paraíba foi coletada nos brejos de altitude dos municípios de Areia, localidade do
espécime tipo, Bananeiras e Esperança, região conhecida como brejo paraibano. Pode ser
encontrada como epífita ou terrestre em local sombreado e em grande densidade de
indivíduos, porém em áreas pouco conservadas e com grande pressão antrópica. Ocorre em
simpatria com A. lingulata, Hohenbergia ridleyi, Portea leptantha, Vriesea procera e várias
espécies de Tillandsia. Foi coletada em floração em agosto e com frutos jovens em agosto e
outubro.

2. Ananas Miller, Gard., Dict., Abr. Ed. 4. 1754.


Terrestres; folhas dispostas em roseta aberta, armadas; bainha linear, alva; lâmina linear,
ápice longo-atenuado; escapo ereto; inflorescência simples, estrobiliforme, oval, recoberta
pelas brácteas florais, com uma coma de folhas reduzidas no ápice, farinosa; bráctea floral
triangular, rósea, maior que as sépalas, duplo carenada; flores sésseis, patentes; sépala oval-
arredondada, verdes, canatas na base, ecarenadas, assimétricas, aladas; apêndices petalíneos
45

na base interna da pétala, cupuliforme, margem erosa; estigma espiral-conduplicado, azul;


ovário ínfero, coalescente com o adjacente.
O gênero Ananas possui de sete espécies e nove táxons (Luther, 2000), distribuídas por
toda a América do Sul. Possui centro de diversidade no Escudo das Guianas e no Brasil
central e região Sudeste (Smith & Downs, 1979).
Durante a realização deste trabalho foi coletada apenas uma espécie para este gênero,
A. ananassoides.

1. Ananas ananassoides (Baker) L. B. Sm., Bot. Mus. Leafl. Hervard 7: 70. 1939
Tipo: Brasil. Minas Gerais, Caldas, Regnell 1261 (Holótipo P).
TERRESTRE, 80-100 cm alt., mesofítica, propagando-se vegetativamente por rizomas
basais curtos e robustos. FOLHAS ca. 100 cm compr., dispostas em rosetas abertas. BAINHA
ca. 3 x 3,5 cm, linear, alvas em ambas as faces, membranácea. LÂMINA ca. 97 x 4 cm,
linear, levemente nervadas, ápice longo-atenuado, margem serreada até o terço superior,
acúleos antrorsos, ca. 1 mm compr., espaçados ca. 3 mm, castanho-claros. ESCAPO ca. 30
cm compr., cilíndrico, verde, levemente farinoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 9-40 x 2-
2,2 cm, triangulares, vermelhas, glabras, não recobrindo o escapo, cartáceas, ápice longo-
atenuado, mucronadas, mucro ca. 5 mm compr., serrilhadas. INFLORESCÊNCIA ca. 8 cm
compr., estrobiliforme, oval, farinosa, ca. 120 flores. BRÁCTEAS FLORAIS 1,8-2 x 1,1-1,2
cm, triangulares, róseas, excedendo as sépalas, do mesmo comprimento que as pétalas,
farinosas, duplo carenadas, cartáceas. FLORES ca. 2,5 cm compr., patentes, sésseis.
SÉPALAS 0,8-1 x 0,7-0,8 cm, oval-arredondadas, verdes, conatas na base, ecarenadas,
farinosas, assimétricas, aladas, alas membranáceas, translúcidas. PÉTALAS ca. 1,7 x 0,6 cm,
espatuladas, azuis, livres, ápice arredondado, patente na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS
ca. 2 mm compr., cupuliforme, margem erosa, conatos na base da pétala. ESTAMES ca. 1 cm
compr., inclusos. FILETES ca. 8 mm compr., compressos, alvos. ANTERAS ca. 2 mm
compr., elípticas, amarelas. OVÁRIO ca. 1 x 0,5 cm largura, elíptico, alvo, coalescente com o
adjacente, glabro, placentação axial. ESTILETE 1,3 cm compr., alvo, cilíndrico. ESTIGMA
subgloboso, espiral-conduplicado, azul. ÓVULOS 0,5 mm compr., ovais, muitos, simétricos.
FRUTOS não vistos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, Rebio Guaribas, 29.X.2004,
fl., R. A. Pontes et al. 127 (JPB); Idem, 22.VIII.1998, fl., G. Martinelli et al. 15082 (RB).
46

Ananas ananassoides tem distribuição no Brasil, Argentina e Paraguai. No Brasil


ocorre nos estado do Amazonas, Amapá, Pará, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e São Paulo
(Smith & Downs, 1979).
Foi coletada em apenas uma localidade em mata no litoral do estado, no município de
Mamanguape, como terrestre em pequenas populações no interior da mata.
Pode ser diferenciada das demais espécies da área de estudo pelas folhas estreitas,
verdes com porção inferior vinácea, inflorescência estrobiliforme, com brácteas róseas e
flores com sépalas verdes e pétalas azuis.

3. Billbergia Thunb., Decad. Pl. Brasil. 3: 30. 1821.


Epífita; folhas dispostas em roseta tubulosa, formando um longo e estreito tubo,
armadas; bainha elíptica, verde; lâmina ligulada, ápice agudo, revoluto, mucronado; escapo
pêndulo, delgado; inflorescência panícula, pêndula; brácteas florais elíptico-lanceolada, rósea-
avermelhada, maiores que as sépalas; flores sésseis, patentes; sépalas lineares, creme, livres,
ecarenadas, simétricas; apêndices petalineos dois na base da pétala, fimbriados; estigma
espiral-conduplicado, lilás; ovário ínfero; fruto bacáceo; sementes sem apêndices.
O gênero distribuí-se pela América Central, escudo das Guiana e costa atlântica
brasileira, tendo maior diversidade no Sudeste do Brasil. Está dividido em dois subgênero,
Billbergia e Helicoidea (Smith & Downs. 1979). Possui 63 espécies e 90 táxons (Luther,
2000).

1. Billbergia morelii Brong., Portef. Hort. 2:97, pl. 1848.


Tipo: Brasil. Bahia (cultivada) 1848, Porte s n (Holótipo P !; foto, GH)
EPÍFITA, 50-60 cm alt., mesofítica, propagando-se vegetativamente por rizomas basais
longos aderente ao forófito. FOLHAS 23-55 cm compr., dispostas em rosetas tubulares.
BAINHA 8-15 x 3,5-8 cm, elíptica, verdes em ambas as faces, as das folhas jovens vináceas
internamente, submembranáceas. LÂMINA 15-40 x 2-6,5 cm, ligulada, verde brilhante,
levemente nervadas, ápice agudo, revoluto, mucronado, mucro 2-3 mm compr., margem
serrilhada, acúleos antrorsos, ca. 0,5 mm compr., espaçados 3-4 mm compr. entre si,
castanho-claros. ESCAPO 30-35 cm compr., delgado, róseo-avermelhado, recurvado.
BRÁCTEAS DO ESCAPO inferiores ca. 7 x 1,5 cm, elíptico-lanceoladas, róseas,
membranáceas, ápice acuminado, nervadas, margem inteira, farinosas, as superiores
semelhantes as inferiores, porém, maiores ca. 10,5 x 2,5 cm. INFLORESCÊNCIA 10-12 cm
compr., em panícula, piramidal, 25-28 flores. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS ca. 10 x 2,5 cm,
47

elíptico-lanceoladas, róseo-avermelhadas, nervadas. BRÁCTEAS FLORAIS 5-10,5 x 1,5-2,5


cm, semelhantes às brácteas primárias, elíptico-lanceoladas, róseo-avermelhadas, excedendo o
ovário e as sépalas, nervadas, membranáceas, as do ápice da inflorescência inconspícuas ou
ausentes, margem inteira, ápice agudo. FLORES 5-6 cm compr., tubulosas, patentes, sésseis.
SÉPALAS 1,5-2,5 x 0,7-0,9 cm, lineares, creme, livres, ápice agudo, mucronadas, mucro 0,5-
1 mm compr., ecarenadas, nervadas, farinosas, simétricas. PÉTALAS 4,5-5,5 x 0,3-0,5 cm,
espatuladas, liláses, livres, ápice subagudo ou arredondado, reflexo na antese. APÊNDICES
PETALÍNEOS 6 mm compr., fimbriados, fimbrias menores ca. 3,5 mm compr., a maior ca.
5,5 mm compr. sobressaindo as menores. ESTAMES ca. 5 cm compr., exsertos. FILETES 4,5
cm compr., compressos, hialinos, adnatos a base das pétalas na altura dos apêndices
petalíneos. ANTERAS 6-6,5 mm compr., elípticas, amarelas. OVÁRIO 7-8 mm compr., 5-7
mm diâm., oval-linear, farinoso, placentação axial. ESTILETE 5 cm compr., lilás, cilíndrico.
ESTIGMA subgloboso, espiral-conduplicado, lilás. ÓVULOS e FRUTOS não vistos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Bayeux, Parque Estadual Mata do Xém-
Xém, 23.VIII.2004, fl., R. A. Pontes 83 (RB, JPB); Idem, 1.V.2005, fl., R. A. Pontes &
Gadelha Neto 221 (JPB), fl., 222 (RB).
Material Examinado Adicional BRASIL. Pernambuco: Tapera, 15.II.1933, fl., D.
Andrade Filho s.n. (IPA 3238); Idem, 12.III.1925, D. Bento Pickel s.n. (IPA 6319); São
Lourenço da Mata, Tapacurá, 28.VI.1998, fl., J.A. Siqueira-Filho 806 (UFP); Quipapá, Eng.
Brejinho, 17.V.1972, fl., D. Andrade-Lima 72-6879 (IPA); Recife, Dois Irmãos, 2.III.1995,
C. Araújo s.n. (IPA 55179); Jaqueira, RPPN Frei Caneca, 22.IV.2003, fl., Viana et al. 326.
(UFP). Alagoas: União dos Palmares, Eng. Stº. Antônio, 2.III.1965, fl., I. Pontual 65-98.
(IPA); Ibateguara, Usina Serra Grande, 16.III.2003, fl., Viana et al. 256 (UFP).
Billbergia morelii pertence ao subgênero Billbergia, que se diferencia do subgênero
Helicoidea por apresentar pétalas levemente patentes, contrapondo-se as pétalas fortemente
espiraladas na antese no subgênero Helicoidea. No Brasil o subgênero Billbergia, ocorre na
costa atlântica (Sudeste e Nordeste), sendo encontrado desde o estado de São Paulo até
Pernambuco (Smith & Downs, 1977). Para o Nordeste, Billbergia morelii, foi citada para os
estados da Bahia, Alagoas e Pernambuco, ocorrendo neste último na caatinga (Siqueira-Filho,
2002).
Na floresta atlântica paraibana ocorre em um único remanescente de mata costeira,
município de Bayeux (Parque Estadual da Mata do Xém-Xem). Está espécie foi coletada em
apenas uma população, localizada próximo a borda da reserva, que vem sofrendo grande
pressão antrópica ao longo dos últimos anos.
48

Billbergia morelii pode ser facilmente diferenciada das demais por apresentar folhas
verdes brilhantes, que formam um longo tubo, ápices das lâminas reflexos, escapo fortemente
recurvado com inflorescência pendente, raque róseo-avermelhada, farinosa, flores com pétalas
lilases.
Esta é a primeira citação do gênero Billbergia para a Paraíba, anteriormente conhecida
até Pernambuco, ampliando sua distribuição mais ao Norte no país.

4. Bromelia L., Sp. Pl. 285. 1753.


Terrestre; folhas dispostas em rosetas abertas; bainha oval, alva; lâmina linear, ápice
longo-atenuado, base denso-lepidoto, indumento ferrugíneo-dourado; escapo ausente;
inflorescência nindular, inserida na roseta da planta, densamente lepidota; bráctea floral
linear, vermelha, menores que as sépalas; flores pediceladas, eretas; sépala linear, creme,
livre, ecarenada, simétrica; fruto bacáceo, fusiforme, denso-lepidoto, suculento, comestível.
Com cerca de 51 espécies (Luther, 2000), o gênero Bromelia distribui-se por toda a
América Central, Caribe e América do Sul. Tem centro de diversidade localizado no Centro-
Sul do Brasil e Uruguai e Argentina (Smith & Downs, 1979).
Na Paraíba são reconhecidas duas espécies Bromelia laciniosa Mart. ex Schult. &
Schult. f., que ocorre na caatinga e B. karatas L. que ocorre na floresta atlântica.

1. Bromelia karatas L. Sp. Pl. 285. 1753.


Tipo: Plumier Gen. 10, pl. 33.1703.
TERRESTRE, 270-300 cm alt., mesofítica, propagando-se vegetativamente por rizomas
basais curtos e robustos. FOLHAS 168-299 cm compr., dispostas em roseta aberta. BAINHA
3-4 x 7-8 cm, oval, alvas em ambas as faces, cartácea, tenra. LÂMINA 165-295 x 3-3,5 cm,
linear, levemente nervadas, ápice longo atenuado, base denso-lepidota, indumento ferrugíneo-
dourado, margem serreada, acúleos antrorsos, 2-3 mm compr., espaçados 1-3 cm compr, forte
recurvados, castanhos. ESCAPO ausente. INFLORESCÊNCIA inserida na roseta, nindular,
denso-lepidota, ca. 45 flores. BRÁCTEAS FLORAIS ca. 7 x 1,2 cm, lineares, vermelhas,
ápice agudo, denso-lepidoto, serreadas no ápice, nervadas, excedendo o ovário e menores que
as sépalas. FLORES 9-10 cm compr., tubulosas, eretas, pediceladas, pedicelo ca. 1 cm compr.
SÉPALAS 2,8-3 x 1,6-1,8 cm, lineares, alvas, livres, ápice arredondado, ecarenadas, denso-
lepidota na base, simétricas. PÉTALAS 4-5 cm compr., oblongo-lanceoladas, lilases em
direção ao ápice, conatas 1,5-2 cm. OVÁRIO ca. 1,5 cm, densamente lepidoto-ferrugíneo;
49

óvulos subesféricos. FRUTOS 5-6 cm compr., fusiformes, alvacentos, parcialmente denso-


lepidoto. SEMENTES 4 mm diâm., esféricas, castanho-escuras, rígidas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Alagoa Grande 20.IX.1945, J. C. Moraes
s.n. (EAN 494); Cabedelo, Mata da AMEM, 7.IV.2000, fr., A. F. Pontes 501, fr., 502, fr., 503
(JPB); Maturéia, Pico do Jabre, 19-20.X.1997, fl., M. F. Agra et al. 4587 (JPB); Idem, s.d.,
fr., M. F. Agra et al. 3911 (JPB); Mamanguape, Rebio Guaribas, 29.X.2004, fr., R. A. Pontes
124 (JPB); Idem, 22.VIII.1998, fr., G. Martinelli et al. 15083 (RB); Idem, Sema II,
25.IV.1990, fl., L. P. Félix & Santana 2926 (EAN); Natuba, estrada para São Vicente Ferrer,
16.IV.2005, fl., R. A. Pontes 168 (JPB); Sapé, RPPN Pacatuba, 6.IV.2001, fr., E. A. César
155 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Ceará: Cultivada no JB do Rio de Janeiro,
1934, fl., Castellanos s.n. (RB 24801). Pernambuco: Goiana, Usina Nazaré das Maravilhas,
15.VI.1955, fr., D. Andrade-Lima 55-2074 (IPA); Tapera, 1926, fl., D. Bento Pickel s.n.
(IPA); Alagoas, Ibateguara, 16.XIII.2003, fr., Oliveira & Grillo 1.497 (IPA).
Bromelia karatas distribuí-se por toda a América Central, Escudo das Guianas e Brasil.
No território brasileiro pode ser encontrada nos estados do Maranhão, Pernambuco, Bahia e
Goiás (Smith & Downs, 1979, Siqueira Filho, 2002).
Na área de estudo pode ser encontrada em todas as formações vegetais estudadas.
Terrestre, habita interior de matas úmidas como também áreas abertas e antropizadas. Única
espécie que registe a alteração drástica de seu habitat, vegetando em áreas totalmente
alteradas, como áreas de cultivo abandonadas.
Pode ser reconhecida por suas longas folhas (até 3,5m compr.) fortemente serreadas,
verdes, inflorescência séssil, inserida no centro da roseta, denso-lepidota, flores com pétalas
liláses emergindo da inflorescência e frutos grandes (5-6 cm compr.), bacáceos e suculentos.
Foi observada em floração nos meses de abril e outubro e em frutificação nos messes de abril,
outubro e dezembro.
É conhecida popularmente como “banana-de-raposa” e seu fruto adocicado é
consumido por mamíferos e humanos.

5. Cryptanthus Otto & Dietrich, Allg. Gartenzeit. 4: 297.1836.


Terrestre, estolonífera; folhas dispostas em roseta abertas; bainha oval, elíptico-oval,
vinácea ou alva; lâmina linear, ápice longo-atenuado; escapo ausente; inflorescência, nindular
ou axilar, fasciculada; báctea floral triangular ou triangular-ovalada, alvas, maiores que as
sépalas; flores sésseis, eretas; sépala triangular, alva, carenada, simétrica ou assimétrica, livres
50

ou conatas na base; apêndices cupuliformes ou calosos, margem irregular; estigma 3-lobado,


alvo, lobos eretos ou reflexos; ovário trígono, alvo.
Cryptanthus é um gênero com distribuição restrita ao território brasileiro, ocorrendo
somente nas Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, com centro de diversidade nos estados de
Minas Gerais e Espírito Santo (Smith & Downs, 1979). Ocorre na floresta atlântica, campos
rupestres, restingas e caatinga (Ramírez, 1996). De Acordo com Cândido (1996) e Ramírez
(1996, 1998), o gênero ocorre do estado da Paraíba ao Rio de Janeiro.
O gênero abriga 58 espécies (Luther, 2002), e é dividido em dois subgêneros,
Cryptanthus e Hoplocryptanthus subdivididos em nove seções (Ramírez, 1996).
Para a floresta atlântica paraibana são reconhecidas duas espécies, C. alagoanus e
Cryptanthus sp., sendo ambas novas referências para a Paraíba.

Chave para identificação das espécies de Cryptanthus


1. Lâmina verdes com base vinácea, região central nunca crassa, margem serrilhada reta,
acúleos diminutos; sépalas ca. 2 cm compr.; pétalas ca. 3,5 cm compr., conatas ½, ápice
arredondado; apêndices petalinos ca. 4 mm compr., cupuliforme; lobos do estigma 2 mm
compr.............................................................................................................1. C. alagoanus
1’. Lâmina completamente verde ou vinácea, região central crassa, margem serreada
fortemente onduladas, acúleos 1-2 mm compr.; sépalas ca. 8 mm compr.; pétalas ca. 4 cm
compr., conatas 2/3, ápice agudo; apêndices petalineos ca. 2 mm compr., calosos; lobos
do estigma ca. 4 mm compr............................................................................2. Cryptanthus
sp.

1. Cryptanthus alagoanus Leme & J. A. Siqueira, Selbyana 22(2). 2001.


Tipo: Brasil. Alagoas, Paripuera, 17.I.2001, Artur Frassy s.n. (Holótipo HB).
Figura 7, a-f
TERRESTRE, 30-65 cm alt., mesofítica, propagando-se vegetativamente por estolões
basais longos e delgados. FOLHAS 18,5-65,5 cm comp., dispostas em rosetas abertas.
BAINHA 1,5-2,5 x 2,5-3,5 cm, oval a oval-elíptico, vinácea em ambas as faces, cartácea.
LÂMINA 17-63 x 2-4 cm, linear, verde com base vinácea, lepidota, levemente nervada,
estreitada na base, ca. 1,3 cm larg., ápice longo atenuado, margem finamente serrilhada até o
terço superior, acúleos antrorsos diminutos, castanhos. INFLORESCÊNCIA nidular ou axilar,
3-4 flores por fascículo. BRÁCTEAS FLORAIS 2,4-2,7 x 1,2-1,5 cm, triangulares a
triangular-lineares, alvas com ápice esverdeado, ápice agudo, levemente nervadas, excedendo
51

o ovário e sépalas. FLORES 4,5-5 cm compr., eretas, sésseis. SÉPALAS ca. 2 x 0,3 cm,
triangulares, alvas com ápice esverdeado, escamas ferrugíneas esparsas, carenadas, livres 8
mm, ápice agudo, simétricas, membranáceas. PÉTALAS ca. 3,5 x 0,6 cm, liguladas, alvas,
conatas ca. ½, ápice arredondado, reflexas na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS ca. 4 mm
compr., cupuliformes, margem irregular. ESTAMES 1,5-1,9 cm compr., exsertos. FILETES
1,2-1,5 cm compr., alvos. ANTERAS 4-5 mm compr., triangulares, alvas. OVÁRIO 1-1,5 x
0,4-0,5 cm, elíptico-linear, alvo, trígono em corte tranversal, glabro, placentação axial.
ESTILETE ca. 3,5 cm compr., alvo, cilíndrico. ESTIGMA 3-lobado, lobos 2 mm compr.,
alvos, patentes, papilosos. ÓVULOS ca. 0,5 mm compr., ovais, alvos, muitos, simétricos.
FRUTOS não vistos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Santa Rita, Mata da Usina São João,
X.2001, fl. em cult., R. A. Pontes & G. S. Baracho 50, fl., 53 (JPB); Rio Tinto, mata do Pau-
Brasil, 28.IV.2005, fl.em cult., R. A. Pontes & P. C. Gadelha Neto 205. (RB); fl., 206 (JPB).
Cryptanthus alagoanus pertence ao subgênro Cryptanhus seção Cryptanthus. Está
espécie era ciatada apenas para o estado de Alagoas.
Segundo Leme & Siqueira Filho (2001), C. alagoanus é uma espécie morfologicamente
relacionada a C. pseudopetiolatus Philcox, diferindo deste pelos estolões longos (vs. brotos
basais) e brácteas florais acuminadas e inteiras (vs. aguda e espinulosa).
Na floresta atlântica paraibana foi coletado somente em fragmentos de mata costeira,
sempre como terrestre em solos úmidos e sombreados, geralmente formando grandes
populações.
Pode ser reconhecida pelas folhas longas finamente serrilhadas, verde-vinácea, base da
lâmina estreitada, inflorescência em fascículos inserida no centro e axilas das folhas.
Esta espécie está sendo citada pela primeira vez para o estado da Paraíba.

2. Cryptanthus sp.
Figura 7, g-l
TERRESTRE, 17-42 cm alt., mesófita ou heliófita, propagando-se vegetativamente por
rizomas basais curtos e delgados. FOLHAS 17,5-42,5 cm compr., dispostas em rosetas
abertas. BAINHA 2,5-2,5 x 3,5-4,5 cm, triangular, alva em ambas as faces, membranácea.
LÂMINA 15-40 x 3-3 cm, linear, verde ou vinácea, cartácea, com região central crassa, 3-4
mm de espessura, estreitada na base, ápice longo-atenuado, margem fortemente ondulada,
serreada até o terço superior, acúleos 1-2 mm compr., retos, espaçados 1-4 mm compr., verdes
com ápice castanho. INFLORESCÊNCIA nidular ou axilar, 3-4 flores por fascículo.
52

BRÁCTEAS FLORAIS 2-2,5 x 1,2-1,5 cm compr, triangulares a oval-triangulares, alvas,


nervadas, ápice agudo, serreado, tomemtoso, mucrunadas, mucro 2-3 mm compr., rígido,
excedendo o ovário e sépalas. FLORES ca. 5 cm compr., eretas, sésseis. SÉPALAS ca. 8 x 4
mm, triangulares, alvas, escamas esparsas, carenadas, livres, ápice agudo, mucronadas, mucro
ca. 0,2 mm compr., assimétricas, aladas, alas membranáceas. PÉTALAS ca. 4 cm compr.,
liguladas, alvas, conatas ca. 2/3, ápice agudo, reflexas na antese. APÊNDICES
PETALÍNEOS ca. 2 mm compr., calosos, margem irregular. ESTAMES 1,6-2,2 cm compr.,
exsertos. FILETES 1,4-1,8 cm compr., alvos. ANTERAS 3-4 mm compr., triangulares, alvas,
retorcidas. OVÁRIO ca. 1 x 0,7 cm, oboval, alvo, trígono em corte tranversal, glabro,
placentação axial. ESTILETE ca. 3 cm compr., alvo, cilíndrico. ESTIGMA 3-lobado, lobos
ca. 4 mm compr., alvos, patentes, papilosos. ÓVULOS ca. 0,6 mm compr., globosos, alvos,
muitos, simétricos. FRUTOS não vistos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Mataraca, empresa mineradora Millenium
Chemical do Brasil, XII.2004, fl. em cult., R. A. Pontes & Gadelha Neto 201, 202 (JPB); fl.,
224 (RB); fl., 325, 326 (JPB).
Cryptanthus sp. é morfologicamente relacionado C. zonatus (Vis.) Beer, diferenciando-
se deste pelos estolões basais longos, flores bigestas e brácteas florais triangular-laceoladas e
de C. fosterianus L. B. Sm. por apresentar estolões basais longos, brácteas florais
triangulares-lanceoladas e sépalas não serrilhadas.
Foi coletada na Paraíba no litoral norte do estado, divisa com Rio Grande do Norte.
Ocorre como terrestre em vegetação de mata de restinga sobre dunas, entre 30-90 m s.m.
Trata-se de uma nova referência de ocorrência para o estado da Paraíba. É uma nova espécies
que está sendo descrita para o estado do Rio Grande do Norte, sendo tratada aqui como
Cryptanthus sp.
Pode ser reconhecida pelas folhas curtas, robustas, margens serreadas e fortemente
onduladas, verdes com eixo central crasso, podendo ocorrer indivíduos com folhas vináceas.

6. Hohenbergia Schult. & Schultes f. in Roemer & Schults


Terrestre, rupícola ou epífita; folhas dispostas em roseta aberta; bainha oval ou oval-
elíptica, castanho-escura; lâminas lanceoladas, ápice agudo, mucronado; inflorescência em
panícula de espiga, lanuginosa; bráctea floral arredondada, creme ou rósea, iguais ou menores
que as sépalas; flore séssil, patente; sépala arredondada, verde-amarelada, carenada, livre,
assimétrica, alada; apêndice petalineos espatulados, margem recortada; estigma espiral-
conduplicado, alvo; fruto bacáceo, oval, azul, lanuginoso.
53

O gênero Hohenbergia distribui-se do Caribe, Escudo das Guianas até costa leste do
Brasil. São reconhecidos dois subgêneros, Wittmackiopsis e Hohenbergia, sendo que, apenas
o último ocorre no Brasil. Seu centro de diversidade localiza-se principalmente no estado da
Bahia (Smith & Downs, 1979). Conta atualmente com 49 espécies (Luther, 2000).
Na floresta atlântica paraibana o gênero está representado por apenas uma espécie, H.
ridleyi.
1. Hohenbergia ridleyi (Baker) Mez, Fl. bras. 3(3): 266. 1891.
Tipo: Brasil. Pernambuco: Igaraçu, Ridley & Ramage s.n. (Holótipo BM; foto US !).
TERRESTRE ou EPÍFITA, 80-200 cm alt., mesofita ou heliófita, propagando-se
vegetativamente por rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 50-178 cm compr., dispostas
em roseta aberta. BAINHA 20-28 x 10-13 cm, oval a oval-elíptica, castanho-escura em ambas
as faces, cartácea. LÂMINA 30-150 x 4,5-12 cm, lanceolada, verde-brilhante ou amarela,
coriácea, levemente nervada, ápice agudo, mucronada, mucro 1-1,5 cm compr., margem
serreada até o terço superior, acúleos antrorsos, 2-5 mm compr., espaçados 0,3-6 cm compr.,
margens serrilhadas próximo ao mucro da lâmina, acúleos diminutos 0,5 mm compr.,
espaçados 1-3 mm compr., negros. ESCAPO 40-95 cm compr., cilíndrico, creme a róseo,
lanuginoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 5-14 x 2,5-4 cm, triangulares, creme,
levemente tomentosas, ferrugíneas, imbricadas, recobrindo o escapo, submembranáceas, ápice
acuminado, mucronadas, mucro 5-8 mm compr., levemente nervada. INFLORESCÊNCIA
45-85 cm compr., panícula de espiga, piramidal, 10-80 flores por ramo. RAQUE creme ou
róseo, fortemente lanuginoso. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS ca. 4 x 1,5 cm, triangulares, creme,
levemente nervadas. BRÁCTEAS FLORAIS 0,5-1 x 0,6-1,3 cm, arredondadas, creme ou
róseas, iguais ou menores que o ovário e as sépalas. FLORES ca. 1,5 cm compr., patentes,
sésseis. SÉPALAS 5-7 x 5-6 mm, ovais, verde-amareladas, livres, ápice arredondado,
mucronadas, mucro ca. 0,5 mm compr., carenadas, glabras, assimétricas, aladas, alas
membranáceas, translúcidas. PÉTALAS 1-1,2 x 0,4-0,5 cm, espatuladas, azuis, livres, ápice
arredondado a retuso, patentes na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS ca. 1 mm compr.,
espatulados, margem recortada, conatos no terço médio da pétala. ESTAMES da série interna
ca. 6 mm de compr., com filetes livres por ca. 4 mm, os da série externa ca. 1 cm de compr.,
com filetes livres por ca. 7 mm, amarelos, hialinos no terço médio, inclusos, compressos.
ANTERAS ca. 3 mm compr., lineares, amarelas. OVÁRIO 3-4 mm compr., 2-4 mm diâm.,
oval a arredondado, verde, leve lanuginoso, placentação basal. ESTILETE ca. 1 cm compr.,
azul, cilíndrico. ESTIGMA globoso, espiral-conduplicado, azul. ÓVULOS ca. 2 mm compr.,
54

poucos, simétricos, com apêndice lateral filiforme. FRUTOS ca. 1 x 0,5 cm, ovais, azuis,
lanuginosos. SEMENTES ca. 3 mm compr., elípticas, castanho-escuras.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, 5.III.1944, J. V. Sobrinho 208 (RB);
Idem, 6o58’12”S, 35o42’15”W, Mata de Pau Ferro, Picada dos Postes, 30.XII.1980, V. P. B.
Fevereiro et al. M 420 (EAN); Idem, 21.II.2000, G. S. Baracho 931 (JPB); Baia da Traição,
Barra de Camaratuba, 30.IV.2005, fr., R. A. Pontes 214 (JPB); Caaporã, margem da BR-230,
16.XI.2004, fl., R. A. Pontes & N. T. Lima 133 (RB); Cabedelo, Intermares, 15.II.2002, G. S.
Baracho & R. A. Pontes 1100 (JPB); Cruz do Espírito Santo, Mata do Ferreiro, 5.III.2004, fl.,
R. A. Pontes fl., 54, 59 (JPB); João Pessoa, 13.IV.2001, G. S. Baracho 989 (JPB); Idem,
14.IV.2001, G. S. Baracho 990 (JPB); Mamanguape, entre Mamanguape e Rio Tinto,
20.IX.2001, G. S. Baracho 1001 (JPB); próximo a Fontainha, 29.X.2004, fl., R. A. Pontes 125
(RB), 152, fl. (RB); Salgado de São Félix, Serra dos Campos, 16.IV.2005, fr., R. A. Pontes
169 (JPB); Santa Rita, Mata do Ciesp, 1.IV.2000, G. S. Baracho 920 (JPB); Natuba, Sítio
Pau-D’arco (7º29’2.3”W e 35º29’41”S), 14.V.2005, fr., R. A. Pontes 229 (JPB); Idem, lajedo
dos Zacarias, fr., R. A. Pontes 259 (JPB); Sapé, próximoa Pacatuba, 21.VI.2005, fr., R.A.
Pontes & Gedlha Neto 319 (RB); 320 (JPB); Fagundes, pedra de Santo Antônio, 29.V.2005,
fr., R.A. Pontes & Gadelha Neto 283 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Ceará: Aracati, 9.I.2001, G. S. Baracho
s.n. (JPB). Rio Grande do Norte: BR 101, em direção à Baía Formosa, 7.I.2001, G. S.
Baracho 808 (JPB); Baía Formosa, RPPN Mata da Estrela, 7.I.2001, G. S. Baracho 809
(JPB); bairro do Tirol, 7.I.2001, G. S. Baracho 810 (JPB). Pernambuco: Garanhuns, Dist.
Frexeiras, (8o55’12”S, 36o24’31”W), 18.II.2000, J. A. Siqueira-Filho 1044 (UFP); Goiana,
Estação Meteorológica de Itapirema, 27.XII.1996, J. A. Siqueira-Filho 594 (UFP); Gravatá,
6.I.1999, J.A. Siqueira-Filho & G.S. Baracho 802 (UFP); Igaraçú, Campina dos Marcos,
13.II.2000, G. S. Baracho 819 (UFP); Jaqueira, Usina Colônia (8o42’37”S, 36o50’01”W),
28.VI.1999, J. A. Siqueira-Filho & J. A. Vicente 961 (UFP); Maraial, Engenho Cachoeira do
Curtume, (8o48’S, 35o50’W), 20 V.1996, J. A. Siqueira-Filho 589 (UFP); Idem, 20.VI. 1996,
J. A. Siqueira-Filho 587 (UFP); idem. 24.IV. 1997, G. S. Baracho & J. A. Siqueira-Filho 576
(UFP); Recife, Reserva Ecológica de Dois Irmãos (8o7’30”S, 34o52’30”W), 27.IV.1955, D.
Andrade-Lima 55-2042 (IPA); Idem, Mata da Compesa, 9.IV.1996, J. A. Siqueira-Filho 580
(UFP); Idem, 19.IV.1996, J. A. Siqueira-Filho 583 (UFP); Idem, 19.VI.1996, J. A. Siqueira-
Filho 584 (UFP); São Lourenço da Mata, 7.III.1925, J. B. Pickel 2503 (IPA); Idem, “Mattas
do Engenho Veneza”, V.1936, J. V. Sobrinho s.n. (IPA); Bonança (“Tapera”), II.1929, J. B.
Pickel 1921 (IPA).
55

Hohenbergia ridleyi pertence ao subgênero Hohenbergia que diferencia-se do


subgênero Wittmackiopsis, principalmente pelo tipo de inflorescência e coloração das pétalas,
sendo púrpuras, azuis, róseas, amarelas ou verdes no subgên. Hohenbergia e brancas em
Wittmackiopsis.
Esta espécie ocorre na Paraíba como terrestre nas formações litorâneas, campos e matas
de restinga, tabuleiros e mata costeira, como também nos brejos de altitude, exceto no Pico do
Jabre. Também ocorre como epífita em grandes árvores nas formações vegetais mais úmidas
do litoral e brejos de altitude. Apresenta grande plasticidade com relação ao porte e coloração
das folhas e estruturas reprodutivas, quando comparado os espécimes de mata úmida e
tabuleiro costeiro.
Espécimes coletados em locais ensolarados e com baixa pluviosidade apresentam porte
menor com folhas amarelas e rígidas, escapo e inflorescência de coloração róseo com
indumento lanuginoso alvo e flores menores. Já o material coletado em áreas úmidas
apresenta um maior porte, folhas verde-brilhantes, escapo e inflorescência maiores de
coloração amarelo-pálido com indumento lanuginoso de mesma cor e flores maiores.
Estas diferenças morfológicas levou a publicação de dois táxons, H. ridleyi e H.
ramageana, ambas coletadas por Ridley e Ramage no estado de Pernambuco em 28 julho de
1887, a primeira em formação aberta e a segunda em mata úmida, sendo separadas pelo
tamanho das brácteas florais e sépalas. Recentemente foi proposta a sinonimização de H.
ramageana, durante a realização da revisão do gênero Hohenbergia subgênero Hohenbergia
(Baracho, 2004), sendo esta proposta seguida neste trabalho.

7. Orthophytum Beer, Flora 37:347.1854.


Saxícola; folhas dispostas em roseta subaberta ou patente; bainha oval ou linear, alva,
indistinta; lâmina triangulares, ápice longo-atenuado; inflorescência fasciculada, congesta ou
disjuncta, farinosa; bráctea floral oval, elíptica a elíptico-oval, cinérea, menores, iguais ou
maiores que que as sépalas; flores sésseis, eretas ou patentes; sépala triangular, verde-
cinéreas, carenada, livres, simétricas; apêndices petalíneos fimbriados ou franjados, margem
erosa; estigma espiral-conduplicado, alvo; fruto bacáceo, oval, esférico, verdes, farinosos ou
lanuginosos.
O gênero Orthophytum tem distribuição restrita à costa leste do Brasil, distrubuindo-se
pelos estados da Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro,
com centro de diversidade na Bahia (Smith & Downs, 1979). Possui 34 espécies e 41 táxons
(Leme & Paula, 2003). Diversas espécies têm sido descritas recentemente a exemplo de O.
56

falcomii Leme, O. toscanoi Leme, O. grossiorum Leme & Paula e O. jabrense Baracho & J.
A. Siqueira, este último descrito recentemente na Paraíba.

Chave para identificação das espécies de Orthophytum


1. Folhas ereto-recurvas, coriáceas, concolores, fortemente onduladas; brácteas florais do
mesmo compimento ou menores que as sépalas; inflorescência congesta; flores 2-2,5 cm;
óvário linear; frutos esféricos...........................................................................1. O. jabrense
1’. Folhas patentes ao eixo da planta, crassas, discolores, planas; brácteas florais maiores que
as sépalas; inflorescência disjuncta; flores até 1,5 cm; ovário oval; frutos
ovais..............................................................................................................2. O.
disjunctum

1. Orthophytum jabrense G. S. Baracho & J. A. Siqueira, Vidalia 2(1). 2004.


Tipo: Brasil: Paraíba. Maturéia, Pico do Jabre, G. S. Baracho & M. F. Agra 1110 (Holotipo
JPB).
Figura 8, g-m
SAXÍCOLA, 8-20 cm alt., heliófita, propagando-se vegetativamente por rizomas basais
curtos e delicados. FOLHAS 12,5-39 cm compr., dispostas em roseta subaberta, eretas-
recurvas. BAINHA 0,5-1 x 2-4 cm, oval, alvas em ambas as faces, cartácea. LÂMINA 11-38
x 1-2,5 cm, triangular, concolor, fortemente cinérea, coriácea, levemente nervada, ápice
longo-atenuado, margem serreada até o terço superior, acúleos retrorsos, 2-3 mm compr.,
espaçados 0,7-1 cm compr., castanho-claros. ESCAPO 3-6 cm compr., cilíndrico, verde-
cinéreo, farinoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 8-19 x 0,8-1,5 cm, triangulares,
semelhantes ás folhas, cinéreas, farinosas, imbricadas, não recobrindo o escapo, coriáceas,
levemente nervadas, margem serreada, ápice longo-atenuado. INFLORESCÊNCIA 3,5-10 cm
compr., fasciculada, congesta, farinosa, 10-25 flores. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS 6-15 x 0,8-
0,9 cm, semelhantes às brácteas do escapo. BRÁCTEAS FLORAIS 1,3-1,4 x 0,6-0,9 mm
compr., triangulares, cinéreas, carenadas, excedendo o ovário e do mesmo comprimento ou
menores que as sépalas, ápice apiculada. FLORES 2-2,5 cm compr., tubulosas, eretas ou
patentes, sésseis. SÉPALAS 1,3-1,5 x 0,3-0,4 cm, triangulares, verde-cinéreas, livres,
carenadas, farinosas, simétricas, margem hialina. PÉTALAS 1,5-1,8 x 0,2-0,3 cm,
espatuladas, alvas, livres, ápice agudo, patentes na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS ca. 1
mm compr., fimbriados, margem erosa, conatos na base da pétala. ESTAMES ca. 1,5 cm
compr., inclusos. FILETES 1-1,2 cm compr., cilíndricos, alvos. ANTERAS ca. 3 mm compr.,
57

elípticas, alvas. OVÁRIO ca. 7 x 4 mm, linear, trígono, alvo, farinoso, placentação axial.
ESTILETE 1,5 cm compr., alvo, cilíndrico. ESTIGMA globoso, espiral-conduplicado, alvo.
ÓVULOS 0,5-0,8 mm compr., muitos, elípticos, obovais ou reniformes, simétricos. FRUTOS
6-8 x 5-7 mm, esféricos, verdes, fortemente lanuginosos. SEMENTES 1,5 mm compr.,
reniformes, amarelas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Maturéia, Pico do Jabre, 8-9.XII.2004, fl.
em cult, R. A. Pontes & N. T. Lima 154 (US); fl., 155 (RB); Idem, 15.IV.2005, fr., R. A.
Pontes & E. A. Rocha 183, fr., 184 (JPB).
Material adicional examinada: BRASIL. Paraíba: Tavares, lajedo Bonito,
28.V.2005, fl., fr., R.A. Pontes & Gadelha Neto 263 (JPB), 264 (IPA), 265 (RB), 266 (JPB),
267 (RB).
Segundo Baracho & Siqueira Filho (2004), O. jabrense, trata-se de uma espécie
microendêmica, habitando afloramentos rochosos entre 1100-1.197 m s.m. no brejo de
altitude do Parque Estadual do Pico do Jabre, Serra de Teixeira, complexo do Planalto da
Borborema.
Orthophytum jabrense está relacionada morfologicamente com O. disjunctum pelo seu
aspecto vegetativo, mas difere deste pelas folhas arqueadas longas (25-40 vs. 17 cm), escapo
curto e compacto, flores em fascículos complanados (vs. subglobosos), brácteas florais
triangulares (vs. ovais) e carenadas.
Esta espécie pode ser reconhecida por seu pequeno porte, folhas fortemente cinéreas
(“prateadas”) e armadas, de lâmina irregular, inflorescência curta com flores de pétalas alvas.

2. Orthophytum disjunctum L. B. Sm., Smithsonian Misc. Collect. 126: 33. 1955.


Tipo: Brasil. Paraíba. Queimada para Caruarú (Pernambuco), 11. X. 1948, Foster 2.419
(Holótipo US !).
Figura 8, a-f
SAXÍCOLA, 6-48 cm alt., heliófita, propagando-se vegetativamente por rizomas basais
curtos e robustos. FOLHAS 5,8-17,5 cm compr., dispostas em roseta aberta, patentes ao eixo
da planta. BAINHA 0,3-1,5 x 1-3,5 cm, linear, alva, membranáceas. LÂMINA 5,5-16 x 0,8-1
cm, triangular, discolor, fortemente cinérea, crassa, levemente nervadas, ápice longo-
atenuado, margem serreada até terço superior, acúleos patentes, 1-2 mm compr., espaçados 1-
5 mm compr, castanho-claros. ESCAPO 3,5-28 cm compr., cilíndrico, vináceo, cinéreo,
farinoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 4-14 x 1-1,5 cm, triangular-ovais, semelhantes às
folhas, cinéreas, farinosas, não imbricadas, não recobrindo o escapo, membranáceas,
58

levemente nervadas, margem serreada, ápice longo-atenuado. INFLORESCÊNCIA 1,5-16 cm


compr., fasciculada, disjunta, farinosa, 10-30 flores. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS 4-8 x 0,8-1
cm, semelhantes as brácteas do escapo. BRÁCTEAS FLORAIS 1,5-2 x 1-1,5 mm compr.,
ovais, cinéreas, carenadas, excedendo o ovário e sépalas, ápice atenuado, mucronadas, mucro
1-2 mm compr. FLORES ca. 1,5 cm compr., tubulosas, eretas ou patentes, sésseis. SÉPALAS
1-1,2 x 0,3-0,5 cm, triangulares, verde-cinéreas, livres, carenadas, farinosas, simétricas,
margem hialina. PÉTALAS 1,2-1,5 x 0,2-0,25 cm, espatuladas, alvas, livres, ápice
arredondado, patentes na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS 1-1,5 mm compr., frimbriados,
margem erosa, conatos na base da pétala. ESTAMES da série interna ca. 7 mm compr., com
filetes livres ca. 5 mm compr., os da série externa ca. 1,5 cm compr., com filetes livres ca. 9
mm compr., alvos, inclusos. ANTERAS ca. 3 mm compr., elípticas, alvas. OVÁRIO ca. 5 x 6
mm, oval, trígono, alvo, farinoso, placentação axial. ESTILETE 1-1,3 cm compr., alvo,
cilíndrico. ESTIGMA globoso, espiral-conduplicado, alvo. ÓVULOS 0,4-0,5 mm compr.,
muitos, elípticos, obovais ou reniformes, simétricos. FRUTOS 5-6 x 6-7 mm, ovais, verdes,
farinosos. SEMENTES 1,6-1,8 mm compr., reniformes, castanhas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Natuba, Sítio Pau-D´arco, 14.V.2005, fl., fr.,
R A. Pontes 227 (JPB), 228 (RB), fl., 256 (JPB), fl., 257 (RB), fl., 258. (JPB);
Material adicional examinado: BRASIL. Paraíba: Fagundes, Pedra de Stº Antonio,
29.V.2005, fl., R. A. Pontes et al. 279 (JPB), fl., 280 (IPA), fr., 281 (US); Araruna, Parque
Estadual da Pedra da Boca, 28.VIII.2004, fl., R.A. Pontes 103 (JPB); São João do Tigre, APA
das Onças, 5.VII.2005, fr., R.A. Pontes et al. 291 (RB), fl., 292 (JPB), fl., 293 (JPB).
Orthophytum disjunctum, é uma espécie com distribuição restrita ao Nordeste. Smith &
Downs (1979), descrevem duas variedades, O. disjunctum var. disjunctum e O. disjunctum
var. minus, separando-as com base no porte da planta florida e tamanho das sépalas. No
presente estudo não foram consideradas tais veriadades.
Na área de estudo foi encontrada apenas no brejo de altitude do município de Natuba
(630 m s.m.), em aflramentos rochosos juntamente com Hohenbergia ridleyi e Aechmea
eurycorymbus, porém ocorre com freqüência em toda caatinga.
Pode ser diferenciada de O. jabrense, pela coloração forte vinácea das folhas (vs.
cinérea), crassas (vs. cartáceas), perpendiculares (vs. arqueadas), escapo longo (vs. curto) e
inflorescência laxa (vs. congesta).

8. Portea Brong. ex Koch, Ind. Sem. Hort. Berol. 1856: 7. 1857.


59

Terrestre ou epífita; folhas dispostas em roseta aberta; bainha oval, castanha; lâmina
linear a lanceolada, ápice agudo, mucronada; inflorescência em panícula, piramidal, laxa,
glabra; bráctea floral triangular, alaranjada, menor que as sépalas; flores pediceladas; sépalas
subovais, alaranjadas, carenadas, livres, assimétricas, aladas, alas não ultrapassando a altura
da sépala; apêndices petalíneos truncados, margem erosa; estigma espiral-conduplicado,
alaranjado; fruto bacáceo, oval-arredondado, verde-amarelados, glabros.
Distribui-se na costa leste do Brasil, nas Regiões Sudeste e Nordeste, com centro de
diversidade no sul da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O gênero é composto por nove
espécies (Coffani-Nunes, 2004).
Na Paraíba foi registrada a presença de apenas uma espécie P. leptantha, ocorrendo nas
mata costeiras e brejos de altitude.

1. Portea leptantha Harms, Notizblatt 10: 786. 1929.


Tipo: Brasil: Pernambuco. Tapera, II.1929, D. B. Pickel 1919 (Holótipo B, foto F).
TERRESTRE ou EPIFÍTA, 100-180 cm alt., propagando-se vegetativamente por
rizomas basais curtos e robustos. FOLHAS 68-180 cm compr., dispostas em rosetas abertas.
BAINHA 18-20 x 12-14 cm, oval, castanha, cartácea. LÂMINA 50-160 x 3-5, linear a
lanceolada, concolor, verde, coriácea, levemente nervadas, ápice agudo, mucronada, mucro 2-
3 cm compr., castanho, margem fortemente serreada, acúleos antrorsos, 1-5 mm compr.,
espaçados 0,3-2,5 cm compr., margem serrilhadas no terço superior, acúleos 0,5 mm compr.,
antrorsos, espaçados 0,3-1 cm compr., castanhos. ESCAPO 90-100 cm compr., cilíndrico,
vermelho, levemente tomentoso, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 13-14 x 3-4 cm, linear-
lanceoladas, vermelhas, levemente pilosas, imbricadas, recobrindo o escapo, cartáceas,
margem inteira, ápice agudo, mucronada, mucro 1-2 mm compr. INFLORESCÊNCIA 30-40
cm compr., panícula, laxa, piramidal, 25-60 flores por ramo. RAQUE vermelho-alaranjada,
glabra. BRÁCTEAS PRIMÁRIAS 5-9 x 1,2-2 cm, elíptico-lanceoladas, vermelhas,
glabrescentes, margem inteira, ápice agudo. BRÁCTEAS FLORAIS 3-4 mm compr,
triangulares, inconspícuas, menores que as sépalas e o ovário, alaranjadas, ápice agudo,
mucronadas, mucro 1-2 mm compr., margem inteira, nervadas. FLORES 2,5-2,8 cm compr.,
tubulosas, pediceladas, pedicelo 5-8 mm compr., eretas. SÉPALAS 6-8 x 5-6 cm, subovais,
alaranjadas, glabras, livres, ápice agudo, mucronadas, mucro 0,8-1 mm compr., carenadas,
fortemente assimétricas, aladas, alas não ultrapassando a altura da sépala, membranáceas,
translúcidas. PÉTALAS 1,5 x 0,4 cm compr., espatuladas, amarelo-alaranjadas, livres, ápice
agudo, eretas na antese. APÊNDICES PETALÍNEOS ca. 2,5 mm compr., truncados, ápice
60

eroso. ESTAMES da série interna ca. 1 cm de compr., com filetes livres ca. 0,8 cm compr., os
da série externa ca. 1,5 cm de compr., com filetes livres ca. 1 cm compr., amarelos, inclusos.
ANTERAS ca. 3 mm compr., elípticas, amarelas. OVÁRIO 0,8-1 x 3-4 mm, oval, verde,
glabro, placentação axial. ESTILETE ca. 1,3 cm compr., alaranjado, cilíndrico. ESTIGMA
espiral-conduplicado, alaranjado. ÓVULOS ca. 0,2 mm compr., arredondados, apiculados,
numerosos. FRUTOS 2-2,5 x 0,6-0,7 cm, oval-arredondados, verde-amarelados, glabros.
SEMENTES 2,5-3 mm compr., subreniformes, castanho-claras.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Parque Estadual Mata do Pau-Ferro,
1.V.2004, fr., P. C. Gadelha Neto 1133 (JPB); Idem, 23.VIII.1998, estéril, G. Martinelli et al.
15088 (RB); Idem, Chã de Jardim, 1939, fr., L. P. Xavier s.n. (JPB 2); Esperança, 1939, fl., L.
P. Xavier s.n. (JPB 8); Mamanguape, Sema II, Tarama, 26.IV.1990, fl., fr., L. P. Félix &
Santana 2870 (JPB); Itapororoca, Macacas, 1.II.1987, fl., L. P. Félix & O. Dornelas 882
(EAN); Idem, Faz. Santíssimo, 30.IV.2005, fr., R. A. Pontes & Gadelha Neto 207, 208 (JPB);
fr., 209 (RB); fr., 210 (JPB); Salgado de São Félix, Serra dos Campos, Sítio Pau-D’arco
(7º28’34”W e 35º28’33”W), 16.IV.2005, fr., R. A. Pontes 162 (JPB); fr., 163 (EAN).
Material adicional examinado: Brasil. Pernambuco: Caruaru, Brejo dos Cavalos,
21.III.1998, fr., R. Pereira & Montenegro 114 (JPB); Tapera, 10.V.1929, fl., D. Bento Pickel
s.n. (IPA 3489); Ribeirão, Usina Caxangá, 7.VIII.1954, fl., D. Andrade-Lima 54-1895 (IPA);
Recife, 7.XIII.1982, fl., M. Melo 82-064 (IPA); Caruaru, 21.V.1992, fl., F. Guedes 108 (IPA);
Ferreiros, estrada para Timbaúba, 16.IV.2005, fl., fr., R. A. Pontes 156, 157 (JPB); fr., 158
(IPA); fr., 159 (JPB); fr., 160 (EAN); fr., 161 (RB).
Potea leptantha é uma espécie de distribuição restrita ao Nordeste do Brasil, ocorrendo
nos estado da Paraíba, Pernambuco e Alagoas (Coffani-Nunes, 2004).
Segundo Coffani-Nunes (2004), é uma espécie relacionada com P. filifera,
diferenciando-se desta pela coloração (amarelo vs. creme) e curvatura do ápice das pétalas
(ereto vs. recurvado), e pelo tamanho do pedicelo (0,8-1,3 vs. 0,1-0,3 cm).
Na Paraíba, esta espécie pode ser comumente encontrada desde os campos e matas de
restinga, tabuleiros e matas costeiras até os brejos de altitude, exceto no Pico do Jabre. Ocorre
como epífita ou terrestre em solo com acúmulo de matéria orgânica, sendo observada em
grande número de indivíduos. Observada florida nos meses de fevereiro e abril e em
frutificação nos meses de abril e maio.
Pode ser diferenciada das demais espécies estudadas pelas flores laxamente distribuídas
na inflorescência, pediceladas, ramos delgados alaranjados e flores de pétalas amarelas.
61

9. Tillandsia L., Sp. pl. 286. 1753.


Saxícolas, rupícolas ou epífitas; folhas polísticas ou dísticas; bainha elíptica ou linear,
verde-cinéreas ou alvas; lâminas liguladas, lanceolada, triangular ou linear-filiformes, verde,
ou fortemente argenteo-cinéreo, inermes; escapo bem distinto até ausente; inflorescências
simples ou compostas, espiga, subglobosas, globosas ou complanadas ou raramente reduzidas
a uma única flor; bráctea floral oval, elíptica, elíptico-lanceolada ou oval-lanceolada, verde,
cinérea, rósea, vermelho-alaranjada, ápice agudo ou apiculado, maiores ou menores que as
sépalas; flores sésseis, eretas; sépalas elípticas, ovaais ou lanceoladas, verdes, róseas,
carenadas ou ecarenadas, livres ou as posteriores subconatas, simétricas; pétalas sem
apêndices petalineos; ovário súpero; estigma ereto-simples ou espiral-conduplicado, alvo,
róseo, amarelo, lilás ou vináceo; fruto capsular com sementes com apêndices plumosos.
O gênero compreende 616 espécies (Luther, 2000). Ocorre desde o sul da América do
Norte até o norte da Argentina, sendo a América do Sul o principal centro de diversidade. No
Brasil, o gênero Tillandsia encontra-se bem representado, principalmente na Região Sudeste
do país (Smith & Downs, 1977), com grande número de espécies ocorrendo em diversos
ecossistemas.

Chave para identificação das espécies de Tillandsia


1. Estames exsertos.
2. Folhas com bainhas distintas; ovário elíptico a oval-elíptico, ca. 6 mm de compr.
3. Estames e estilete maiores que 4 cm compr. ........................................ 8. T. polystachia
3´. Estames e estilete iguais ou menores que 3,5 cm compr.
4. Inflorescências não complanada; cápsulas menores que 3-5 cm compr.
5. Inflorescência ereta; sépalas carenadas menores que 2 cm compr. .... 1. T.
bulbosa
5`. Inflorescência recurvada; sépalas ecarenadas maior que 2 cm ...... 7. T. paraënsis
4´. Inflorescência complanada; cápsula maior que 5 cm compr. ............ 5. T. kegeliana
2´. Folhas com bainhas indistintas; ovário cônico, ca. 8 mm compr. .................. 3. T. juncea
1´. Estames inclusos.
6. Folhas polísticas; escapo densamente bracteado.
7. Brácteas do escapo longo-caudatas com ápice espiralado; lâmina petalínea orbicular;
estigma espiral-conduplicado ....................................................... 10. T. streptocarpa
7´. Brácteas do escapo curto-caudatas com ápice reto; lâmina petalínea espatulada,
suborbicular; estigma ereto-simples.
62

8. Estames maiores que 8 mm; ovário 3-4 mm compr.; estilete evidente maior que 7
mm compr.
9. Inflorescência em espiga ereta.
10. Pétalas 1,2 cm compr., alvas, ápice obtuso, patente na antese. 12
.................................................................................................. T. tenuifolia
10´. Pétalas 1,7 cm, púpuras; ápice arredondado, ereto na antese
................................................................................................. 11. T. stricta
9´. Inflorescência subglobosa a globosa, recurvada ou pendular.
11. Folhas fortemente cinéreas, laminares, as inferiores reflexas; escapo maior
que 7 cm compr.; brácteas do escapo maiores que 11 cm compr.;
inflorescência, pendular, não excedendo as folhas, ramos com 3-6 flores;
sépalas ovais; cápsula maior que 4,4 cm compr. .................... 2. T. gardneri
11’. Folhas verdes-cinéreas, canaliculadas, eretas; escapo até 6 cm compr.;
brácteas do escapo até 6,5 cm compr.; inflorescência ereta, excedendo as
folhas, ramos com 2 flores; sépalas lanceoladas; cápsula até 3,5 cm compr.
............................................................................................. 3. T.
geminiflora
8´. Estames menores que 5 mm; ovário menor que 1,5 mm; estilete diminuto ca. 1
mm compr. ..................................................................................... 5. T. loliacea
6’. Folhas dísticas; escapo ausente ou quando presente com apenas uma bráctea.
12. Raízes presentes; escapo presente; flores em espiga; pétalas lilases; ovário ca. 3
mm compr. ........................................................................................ 9. T. recurvata
12’. Raízes ausentes; escapo ausente; flores solitárias; pétalas verde-amareladas;
ovário ca. 1,5 mm compr. ............................................................. 13. T. usneoides

1. Tillandsia bulbosa Hook., Exot. Fl. 3: 173. 1826.


Tipo: Material não preservado, De Schach s.n.
Figura 9, p-s
EPÍFITA, 12-18 cm alt., mesófita ou heliófita, caule inconspícuo. FOLHAS 4,5-12 cm
compr. BAINHA 1,5-2 x 1,7-1,8 cm, elíptica, verde-cinérea, distinta, cartácea. LÂMINA 3-16
cm compr., linear filiforme, verde-brilhante, as internas verdes-vináceas quando floridas,
crassas, polísticas, ápice longo-atenuado. ESCAPO 8-10 cm compr., cilíndrico, verde, glabro,
ereto ou recurvado. BRÁCTEAS DO ESCAPO, 7-8 x 0,2-3 cm compr., oval-lineares, verdes
com base vinácea, glabras, fortemente imbricadas, recobrindo o escapo, cartáceas.
63

INFLORESCÊNCIA 4-7 cm compr, em espiga, composta, leve tomentosa, excedendo as


folhas. BRÁCTEAS FLORAIS ca. 2 x 1,7 cm, elípticas, verdes, ápice apiculado, excedendo o
ovário e as sépalas, leve tomentosas. SÉPALAS 1,7-1,8 x 0,3-0,4 cm, elípticas, verdes,
glabras, subconatas, carenadas, ápice agudo. PÉTALAS 3 x 0,5 cm, elíptico-lanceoladas,
lilases, livres, ápice agudo, eretas na antese. ESTAMES 3,4 cm compr., exsertos. FILETES
ca. 3 cm compr., compressos, lilases. ANTERAS ca. 3 mm compr., elípticas, amarelas.
OVÁRIO ca. 5 x 1,5 mm, elíptico, subtriangular, esverdeado, glabro, axial. ESTILETE 2,5-
2,6 cm compr., cilíndrico, lilás. ESTIGMA espiral-conduplicado, lilás. ÓVULOS 0,8-1 mm
compr., elíptico-lanceolados. FRUTO 3,5-3,6 cm compr., valvas retorcidas na deiscência.
SEMENTES 2-2,5 mm compr., apêndices 2-2,3 cm compr.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, Estação Ecológica Capim
Azul, 18.VIII.1988, fl., L. P. Félix & Miranda s.n. (JPB 15659); idem, 5.IV.1989, L. P. Félix
& Miranda 9344 (JPB); idem, Reserva Biológica de Guaribas, Área II, 28.IX.2001, fr., M. S.
Pereira s.n. (JPB 28365); idem, 28.X.2004, fr., R. A. Pontes et al. 128 (RB); fr., 130 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Cabo, Gurjaú, 6.II.2003, fr.,
L. P. Félix et al. 9808 (UFP). Alagoas: União dos Palmares, fazenda Stº Antonio, 29.X.2002,
J. A. Siqueira-Filho 1293 (UFP).
Tillandsi. bulbosa possui ampla distribuição na América Central, Caribe e América do
Sul. No Brasil esta espécie ocorre nas Regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Para o Nordeste foi
citada por Smith & Downs (1977) para Pernambuco, Alagoas e Bahia.
Esta espécie foi coletada apenas em áreas de tabuleiro no litoral norte do estado,
ocorrendo como epífita obrigatória, juntamente com T. paraensis, ambas heliófitas. Foi
observada com flores em agosto e frutos em setembro.
Pode ser reconhecida por seu aspecto peculiar, bainhas das folhas fortemente alargadas
formando um´´bulbo``, lâminas lineares-filiformes, verde-escuras, fortemente onduladas,
inflorescência verde com flores de pétalas lilases.

2. Tillandsia gardneri Lindl., Bot. Reg. 28: t. 63. 1842.


Tipo: Brasil: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Gardner 134 (Holótipo K; foto F, GH).
Figura 10, f-l
EPÍFITA OU RUPÍCOLA, 12-20 cm alt., heliófita. FOLHAS 12,5-18 cm de compr.,
as inferiores reflexas, as superiores eretas, polísticas. BAINHA ca. 0,5 x 2 cm compr., alva,
membranácea. LÂMINA 12-16 x 1,4-1,6 cm, triangular, fortemente cinérea, concolor,
laminar, membranácea, ápice longo-atenuado. ESCAPO 7-9 cm compr., cilíndrico, pêndulo.
64

BRÁCTEAS DO ESCAPO 12-16 cm compr., elíptico-lanceoladas, cinéreas, margem hialina,


imbricadas, recobrindo o escapo, membranáceas, ápice curto-caudatas. INFLORESCÊNCIAS
5-8 cm de compr., subglobosa a globosa, cinérea, não excedendo as folhas, ramos com 3-6
flores. BRÁCTEAS FLORAIS 2,4-2,6 x 1,1-1,2 cm, oval-elípticas, cinéreas, carenadas, ápice
cuspidado, excedendo o ovário e as sépalas. SÉPALAS ca. 1,2 x 0,7 cm compr, ovais,
cinéreas, glabras, conatas na base, carenadas, ápice subcuspidado. PÉTALAS ca. 1,6 x 0,3 cm
compr., espatuladas, róseas, livres, ápice arredondado, eretas na antese. ESTAMES ca. 8,5
mm compr, soldados na base da pétala, inclusos. FILETES ca. 1 cm compr., fortemente
plicados, alvos. ANTERAS 2,5-3 mm compr., lineares, alvas. OVÁRIO 2-3 mm, elíptico,
glabro, placentação axial. ESTILETE 7,5-8 mm compr, cilíndrico, alvo. ESTIGMA ereto-
simples, róseo. ÓVULOS ca. 0,5 mm compr., elípticos, muitos. FRUTO ca. 4,5 cm compr.,
valvas retas na deiscência. SEMENTES 2,5-3 mm compr., apêndices 2,4-2,8 cm compr.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Campus Universitário, 19.XI.1986,
fl., L. P. Félix & Dornelas 362 (EAN); idem, 29.VIII.2004, fl., R. A. Pontes 102 (JPB); idem,
26.X.2004, fl., R. A. Pontes et al. 115 (IPA), fl., 117 (US), fr., 118 (JPB), fl., 119 (RB);
Alagoa Grande, 18.X.1994, L. P. Félix & Lima 6388 (EAN); Bananeiras, RPPN
Goiamunduba, s.d., fr., Gadelha Neto 1158 (JPB); Mamanguape, Estação Ecológica,
17.VIII.1988, L. P. Félix & Miranda s.n. (JPB 15660); Maturéia, Pico do Jabre 18.I.1997, M.
F. Agra et al. 3907 (JPB); idem, 27-29.IX.1997, fr., M. F. Agra et al. 4225, 4229 (JPB); idem,
27-29.X.1997, M. F. Agra et al. s.n. (JPB 21995); idem, 18.I.1997, M. F. Agra et al. 3.907
(JPB); Natuba, Pedra do Navio (7º27’52”W e 35º31’29”S), 14.V.2005, fr., R. A. Pontes 235
(JPB), fr., 235 (IPA), fr., 237 (RB).
Material adicional examinado: BRASIL. Paraíba: Matinhas, Fazenda Morada
Tartyou, 06.XII.2000, fr., R.A. Pontes et al. 06 (JPB); Fagundes, Pedra de Santo Antônio,
29.V.2005. fr., R.A. Pontes 278 (JPB); São João do Tigre, APA das Onças, 05.V.2005, fr.,
R.A. Pontes et al. 294 (JPB). Pernambuco: Jaqueira, 29.IX.1997, fl., J. A. Siqueira-Filho &
M. J. A. Campelo 746 (UFP). Alagoas: União dos Palmares, 29.X.2002, fr., J. A. Siqueira-
Filho 1289 (UFP).
Tillandsia gardneri pertence ao subgênero Anoplophytum. Ocorre em toda América do
Sul. No Brasil é encontrada do Piauí ao Rio Grande do Sul (Smith & Downs, 1977; Tardivo,
2002).
Segue-se neste trabalho a proposta de Tardivo (2002), que sininimizou as variedades de
T. gardneri var. virescens Pereira, T. gardneri var. rupicola Pereira e T. gardneri var.
cabofriensis Weber & Ehlers em T. gardneri.
65

Na Paraíba, T. gardneri tem sido encontrada em remanescentes de floresta atlântica,


matas serranas e na caatinga, ocorrendo geralmente como epífita. Foi coletada como rupícola
apenas em afloramentos rochosos localizados nos brejos de altitude do Pico do Jabre e
Natuba. Nestas populações, T. gardneri possui uma morfologia diferenciada, com porte
menor, mais robusto, longo caulescente e folhas fortemente recurvadas.
Pode ser diferenciada da espécie morfologicamente relacionada, T. geminiflora, pelo
padrão das folhas, as inferiores reflexas, fortemente cinéreas, inflorescência globosa e flores
róseas. Na Paraíba floresce em agosto, outubro e novembro e frutifica em setembro.

3. Tillandsia geminiflora Brong. In Duperrey, Voy. Co. Bot. 186.1829.


Tipo: Brasil: Santa Catarina, Florianópolis, D’Urville s.n. (Holótipo P, foto GH!).
EPÍFITA, 14-17 cm alt., heliófita. FOLHAS 9,5-13 cm compr., eretas, polísticas.
BAINHA 1,5-2 x 0,5-0,8 cm compr., alva, membranácea. LÂMINA 8-11 x 0,8-1 cm,
triangular, verde-cinérea, canaliculada, cartácea, ápice longo-atenuado. ESCAPO 5-6 cm
compr., verde, cilíndrico, glabro, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 4,5-6,5 x 0,9-1 cm
compr., elíptico-lanceoladas, verde-cinéreas, margem hialina, imbricadas, recobrindo o
escapo, membranáceas, ápice longo-atenuado. INFLORESCÊNCIA 5-8 cm compr.,
subglobosa, excedendo as folhas, ramos com 2 flores, verde. BRÁCTEAS FLORAIS 1-1,7 x
0,7-0,8 cm, oval-elípticas, verde-cinéreas, carenadas, ápice agudo, menores que as sépalas.
SÉPALAS 1,4-1,6 x 0,4-0,5 cm compr., lanceoladas, verde-cinéreas, levemente farinosas,
livres, carenadas, ápice agudo. ANDROCEU e GINECEU não vistos. FRUTO 3-3,5 cm
compr., valvas retas na deiscência. SEMENTES ca. 3 mm compr., apêndices 2,6-2,9 cm
compr., plumosos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Maturéia, Pico do Jabre, 15.XII.2004, fr., R.
A. Pontes & N. T. Lima 204 (JPB), Idem, 15.IV.2005, fr., R.A. Pontes 188 (JPB), 203 (RB),
idem, 28.V.2005, fr., R. A. Pontes 269 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Saloá, RPPN Faz. Brejo,
9.VI.2003, fr., J. A. Siqueira-Filho 1397 (UFP); Brejo da Madre de Deus, 20.I.2001, fl., J. A.
Siqueira-Filho 1135 (UFP); Pesqueira, Serra do Ororubá, 26.IV.1995, fr., G. Sousa et al. 124
(UFP).
Tillandsia geminiflora pertence ao subgênero Anoplophytum. Tem distribuição no
Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil ocorre da Paraíba ao Rio Grande do Sul
(Smith & Downs, 1977; Tardivo, 2002).
66

Smith & Downs (1977), consideram duas variedades para T. geminiflora, T. geminiflora
var. geminiflora e T. geminiflora var. incana, separando-as pelo tipo de escama. Neste
trabalho adotou-se a proposta de Tardivo (2002) que sinonimizou T. geminiflora var. incana.
Na Paraíba a espécie é encontrada apenas nos brejos de altitude, entre 500-1.197 m s.m.
Ocorre como epífita mesófita ou heliófita, geralmente isolada e pouco comum nas áreas
amostradas.
Tillandsia geminiflora é uma espécie relacionada morfologicamente com T. gardneri.
Segundo Tardivo (2002), é diferenciada de T. gardneri pelo escapo que ultrapassa as folhas,
forma das brácteas florais e sépalas, além das escamas que não ultrapassam a margem da
lâmina foliar e grão de pólen com exina lisa, característica esclusiva desta espécie dentro do
subgênero. Na área de estudo, também podem ser citados a coloração das verde das folhas, o
indumento lepidoto e inflorescência ereta, contrapondo-se cor as folhas fortemente cinéreas,
indumento escamoso, e inflorescência pêndula de T. gardneri.

4. Tillandsia juncea (Ruíz & Pav.) Poir., Encycl. Suppl. 5: 309. 1817.
Tipo: Peru. Huánuco: Muna, Ruiz & Pavon s.n. (MA).
Figura 9, a-d
EPÍFITA, 35-40 cm alt., mesófita. FOLHAS 15,5-33 cm compr., eretas. BAINHA 0,5-1
cm compr., elíptica, alva, indistinta, membranácea. LÂMINA 15-32 cm compr., triangular-
linear, verde-vinácea, cartácea, polísticas, ápice longo-atenuado. ESCAPO 14-17 cm compr.,
cilíndrico, cinéreo, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 8-10 x 1-1,2 cm, elíptico-lanceoladas,
cinéreas, imbricadas, recobrindo o escapo, cartáceas. INFLORESCÊNCIA 8-9 cm compr,
espigas, congestas, composta, não excedendo as folhas. BRÁCTEAS FLORAIS 2-2,5 x 1,2-
1,4 cm, ovais, cinéreas, carenadas, ápice agudo a apiculado, exedendo o ovário e as sépalas.
SÉPALAS 1,6-1,8 x 0,35-0,45 cm, elíptico-lanceoladas, esverdeadas, glabras, conatas,
carenadas, ápice acuminado. PÉTALAS ca. 3,0 x 0,5 cm compr., lanceoladas, lilases, livres,
ápice agudo, eretas na antese. ESTAMES ca. 1,3 cm compr., soldados na base das pétalas,
exsertos. FILETES não vistos. ANTERAS não vistas. OVÁRIO ca. 8 mm compr., cônico,
placentação não vista. ESTILETE ca. 2,8 cm compr., cilíndrico. ESTIGMA espiral-
conduplicado, lilás. ÓVULOS não vistos. FRUTO 2,5-2,7 cm compr., valvas retas na
deiscência. SEMENTES 2-2,2 mm compr., apêndices 2,2-2,5 cm compr., plumosos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, 15.VI.1999, fr., G. S. Baracho & J.
A. Siqueira Filho 839 (UFP); idem, Mata do Bujari, 4.XII.1980, V. P. B. Fevereiro et al. 172
(EAN); Gurinhém, s. d., fl., G. S. Baracho et al. 748 (UFP).
67

Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Brejo da Madre de Deus,


Faz. Bitury, 13.XI.2003, fr., J. A. Siqueira-Filho 1418 (UFP). Alagoas: São João da Lage,
31.VII.2003, fr., J. A. Siqueira Filho 1370 (UFP); União dos Palmares, 29.X.2002, J. A.
Siqueira Filho 1291 (UFP).
Tillandsia juncea é uma espécie com ampla distribuição, sendo encontrada desde o
México até a Bolívia (Smith & Downs, 1977).
É considerada de ocorrência rara na área de estudo, só conhecida de três coletas, sendo
uma no agreste e duas no brejo de altitude de Areia. Devido a pouca representatividade de
espécimes nos herbários locais, não foi possível descrever mais detalhadamente esta espécie.
Durante a realização deste trabalho esta espécie não foi coletada na área de estudo. Floresce e
frutifica em junho.
Pode ser facilmente diferenciada das outras espécies do gênero por apresentar pequeno
porte, folhas finamente triangular-linear e inflorescência congesta com flores de pétalas
lilases.

5. Tillandsia kegeliana Mez, DC. Monogr. Phan. 9: 725. 1896


Tipo: Suriname. Paramaribo: Kegel 881 (Lectótio GOET, foto US).
Figura 9, l-o
EPÍFITA, 11-14 cm alt., mesófita. FOLHAS 8-12 cm compr., as internas arroxeadas
quando floridas, reflexas. BAINHA 2-4 x 2,2-3,2 cm, oval, cinérea, membranácea. LÂMINA
6-8 x 0,5-0,8 cm, triangulares, verde-cinére, cartácea, polística, ápice aciculado a longo-
atenuado. ESCAPO 4-7 cm compr., compresso, glabro, recurvado. BRÁCTEAS DO
ESCAPO 2,5-2,7 x 0,5-0,8 cm, elípticas a oval-elípticas, imbricadas, recobrindo o escapo,
membranáceas, ápice leve caudado. INFLORESCÊNCIA 4,5-6,5 cm compr., complanada,
glabra, excedendo as folhas. BRÁCTEAS FLORAIS 2,6-3,3 x 1,3-2,1 cm, ovais a oval-
elípticas, vermelho-alaranjadas, ápice apiculado, as inferiores fortemente carenadas, maiores
que o ovário e as sépalas. SÉPALAS 2,3-2,5 x 0,9-1 cm, elípticas, subconatas, ecarenadas,
ápice apiculado. PÉTALAS ca. 3 x 0,4 cm compr., elípticas, violetas (Andrade-Lima!), ápice
agudo. ESTAMES ca. 3,2 cm compr., amarelos, soldados na base das pétalas, exsertos.
FILETES ca. 3 cm compr., amarelos, compressos. ANTERAS ca. 3 mm compr. OVÁRIO ca.
5 mm compr., oval-elíptico, placentação não vista. ESTILETE 2,4-2,6 cm compr., cilíndrico.
ESTIGMA espiral-conduplicado. ÓVULOS não vistos. FRUTO 5,5 cm compr., valvas
retorcidas na deiscência, negra no interior, com as bordas mais claras. SEMENTES não
vistas.
68

Material examinado: BRASIL. Paraíba: BR-101, Km 78 de Goiana (PE) em direção


a João Pessoa (PB), 01.V.1967, fl., fr., D. Andrade-Lima 67-4998 (IPA); Areia, Reserva
Ecológica Mata do Pau-Ferro, 3.X.2004, R. A. Pontes et al. s.n. (JPB); Lagoa Seca, faz.
Ipuarana, rodovia PB-097, 6.XII.2000, fr., R. A. Pontes 5 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Alagoas: Murici, fazenda Itamaracá,
6.VIII.2003, J. A. Siqueira-Filho 1395 (UFP).
Tillandsia kegeliana é uma espécie rara na Paraíba, anteriormente conhecida de apenas
três coleções, sendo a mais antiga a de Dárdano de Andrade-Lima (67-4.998), cujo material
está depositado no herbário IPA. As outras coleções são mais recentes, realizada após 35
anos, em um remanescente de mata semicaducifólia e brejo de altitude. Wanderley & Sousa
(2002) registraram a ocorrência de T. kegeliana para a caatinga paraibana, entretanto, com
base no material examinado para o estado, verificou-se que está espécie somente foi coletada
em remanescentes de floresta atlântica e mata semicaducifólia (Pontes & Agra, no prelo).
Durante a realização deste trabalho foram coletadas duas amostras estéreis de T.
kegeliana, ambas na Reserva Ecológica Estadual da Mata do Pau-Ferro, localizada no brejo
de altitude do município de Areia, sendo mantidas em cultivo.
Pode ser reconhecida pelas folhas estreitas com bainha larga e, principalmente, quando
florida, pela inflorescência complanada, que a distingue de todas as outras espécies da área de
estudo. Foi observada com flores em maio e em frutificação em maio e dezembro.

6. Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. & Schult. f., Syst. Veg. 7: 1204. 1830.
Tipo: Brasil. Bahia: Joazeiro, Monte Santo, 1818, P. von Martius s.n. (Holótipo M, foto GH)
Figura 11, f-i
EPÍFITA ou RUPÍCOLA, 5-8 cm alt., heliófita. FOLHAS 1,2-3,4 cm compr., eretas.
BAINHA 2-4 mm compr., linear, alva, indistinta, membranácea, polística. LÂMINA 1-3 cm
de compr., triangular, cinérea, crassa, ápice atenuado. ESCAPO 2,5-5 cm compr., cilíndrico,
cinéreo, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 7-15 x 3-4 mm, elípticas, cinéreas, imbricadas,
recobrindo parcialmente o escapo. INFLORESCÊNCIA 1-2 cm de compr., em espiga,
simples, excedendo as folhas. BRÁCTEAS FLORAIS 5,0-6,0 x 4,0-5,0 mm, oval-elípticas,
cinéreas, ápice agudo, menores que o ovário e as sépalas. SÉPALAS ca. 7 x 2 mm, elíptico-
lanceoladas, verdes-cináreas, glabras, conatas, ecarenadas, ápice acuminado. PÉTALAS ca. 8
x 1,5 mm compr., espatuladas, amarelas, livres, ápice rotundo. ESTAMES ca. 4 mm compr.,
soldados na base da pétala, inclusos. ANTERAS ca. 2 mm compr., elípticas, amarelas.
FILETES ca. 2 mm compr., cilíndricos, alvos. OVÁRIO ca. 1,2 x 1 mm, suboboval,
69

amarelado, glabro, placentação axial. ESTILETE ca. 1 mm, subtriangular, amarelado.


ESTIGMA ereto-simples, amarelado. ÓVULOS ca. 0,2 mm compr., oval-elípticos,
numerosos. FRUTO 2,1-3,7 cm compr., valvas retas na deiscência. SEMENTES ca. 2 mm
compr., apêndices 1,5-3 cm compr.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Maturéia, Pico do Jabre, 18-21.I.1998, fl.,
M. F. Agra et al. 4660 (JPB); idem, 3-6.XI.2003, fr., M. F. Agra et al. 6019 (JPB);
Nazarezinho, Cantil, 2.VIII.1982, fl., fr., Sousa et al. 5374 (JPB); Ingá, Pedra do Ingá,
27.IX.1992, fl., O. T. Moura 5412 (JPB); Juazerinho, 25.VI.1983, L. P. Xavier 5521 (JPB);
São Gonçalo, Sítio Terra Nova, 22.VI.1999, O. T. Moura s.n. (JPB 24896); Serra Branca,
Serra Branca, na base do inselberg, 4.IV.1996, M. F. Agra et al. 3554 (JPB); Sousa,
23.V.1936, P. von Luetzelburg s.n. (IPA 47555); Matinhas, fazenda Morada Tartyou,
6.XII.2000, fl., R. A. Pontes et al. 10 (JPB); Araruna, Parque Estadual da Pedra da Boca,
28.VIII.2004, fl., R. A. Pontes et al. 94 (JPB); São João do Tigre, APA das Onças,
06.VII.2005, fr., R.A. Pontes et al. 290 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Alagoinha, fazenda. Cajueiro
Seco, 8.VI.2003, fr., Maciel et al. 43 (UFP). Alagoas: Piranhas, Faz. Picos, 22.X.1999, fl., O.
T. Moura & Silva 958 (UFP).
Tillandsia loliacea pertence ao subgênero Diaphoranthema, é uma espécie da América
do Sul ocorrendo no Peru, Brasil, Bolívia, Paraguai e Argentina (Smith & Downs, 1977).
Na mata atlântica paraibana, T. loliacea foi encontrada apenas no brejo de altitude do
Pico do Jabre, porém pode ser encontrada no agreste, matas serranas e na caatinga, ocorrendo
entre 400 a 1.197 m de altitude. É uma espécie típica da caatinga, sendo pouco coletada
provavelmente por seu pequeno porte, que não ultrapassa 8 cm de altura, quando florida
(Pontes & Agra, no prelo). Foi coletada com flores em janeiro, agosto e setembro, e em
frutificação em agosto e setembro.

6. Tillandsia paraensis Mez in Martius, Fl. bras. 3(3): 586, pl. 109. 1894.
Tipo: Brasil. Pará: 1826, Sieber 68 (Holótipo BR).
Figura 12, a-l
EPÍFITA, 18-20 cm alt., formando touceiras de 5-8 indivíduos. FOLHAS 6-20 cm
compr., as externas recurvadas, as internas suberetas, polística. BAINHA 1-4 x 2-3,5 cm,
oval, castanho-escuro, coriácea, externamente levemente cinérea. LÂMINA 5-16 x 1,5-2 cm,
triangular, verde, opaca, levemente carenada, algumas com margens vináceas, ápice atenuado,
crasso. ESCAPO 5-7 x 3-4cm, recurvado, formando um ângulo de 90º com o eixo da planta,
70

vináceo, levemente lepidoto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 4-5, as inferiores foliáceas, 6 x 1,5


cm, bainha oval, lepidota, lâmina aciculada, verde-vinácea, as superiores 1,5 x 2,5 cm, ovais,
verdes com margens vináceas, nervadas, apiculadas, lepidotas. INFLORESCÊNCIA 3,5-7 cm
compr., em espiga, recurvada, lepidota, 2-4 flores, dispostas disticamente, alternas.
BRÁCTEAS PRIMÁRIAS ca. 1,5 x 3 cm, oval-triangulares, vináceas, nervadas, ecarenadas,
lepidotas, ápices agudos, membranáceas. BRÁCTEAS FLORAIS ca. 3 x 1,7 cm, ovais,
vináceas, excedendo as sépalas, nervadas, ecarenadas, lepidotas, ápices agudos. FLORES ca.
3,5 cm compr., sésseis, eretas, a terminal atrofiada. SÉPALAS 2-2,2 x 0,8-0,9 cm, elíptico-
lanceoladas, róseas com base verde, crassas, livres, glabras, nervadas, ecarenadas, ápices
agudos. PÉTALAS ca. 3 x 0,6 cm, lineares, com base estreitada, róseas com base alva,
enervadas, patentes, ápice agudo. ESTAMES ca. 3,5 cm compr., exsertos, excedendo as
pétalas, adnatos na base da pétala. FILETES ca. 3,3c m compr., cilíndricos, livres, porção
superior rósea. ANTERAS ca. 2 mm compr., lineares, negras, dorsifixas. OVÁRIO ca. 6 x 2
mm, oval-elíptico, verde, glabro, placentação axial. ESTILETE ca. 3,5 cm compr., cilíndrico,
vináceo na porção superior. ESTIGMA subgloboso, espiral-conduplicado, vináceo, na altura
dos estames. ÓVULOS 0,8-1 mm compr., ovais, alvos, caudados, muitos. FRUTO 3-5 cm
compr., linear, verde-escuro. Sementes ca. 2 mm, elípticas, castanhas, com apêndices.
Material examinado: Brasil: Paraíba, Município de Mamanguape, Rebio Guaribas,
28.X.2004, fr., R. A. Pontes 129 (RB), botão, 151 (US), fl. cult., R. A. Pontes 146 (JPB);
idem, Área II, 29.VI.2002, fr., R. N. A. Brasil et al. 99 (JPB).
Tillandsia paraënsis pertence ao subgênero Tillandsia. Possui distribuição no norte da
América do Sul, Colômbia, Bolívia e Venezuela. No Brasil ocorre no estremo oeste, nos
estados do Amazonas, Rodônia, Acre, Pará e Mato Grosso, com ocorrência disjunta no
Nordeste do país, nos estados de Pernambuco e Paraíba.
Na Paraíba é conhecida de apenas uma localidade no litoral norte do estado, em área de
tabuleiro. Ocorre como epífita heliófita (ca. 50 m.s.n.m), formando pequenos agrupamentos
de indivíduos fortemente associados a agressivas formigas, que utilizam as bainhas foliares
como abrigo. É considerada rara na área de ocorrência. É encontrada juntamente com T.
bulbosa. Floresceu em cultivo em janeiro e abril, e foi coletada em fruto no mês de outubro.
Esta espécie é morfologicamente relacionada com T. limarum E. Pereira, diferenciando-
se principalmente por apresentar um tamanho significativamente menor quando florida,
escapo fortemente recurvado, inflorescência conspicuamente reduzida a duas ou quatro flores,
raro uma, não ultrapassando 7 cm compr., flores sésseis, as sépalas menores que as brácteas
florais, e pétalas com 3 cm compr.
71

Pode ser reconhecida pela coloração verde das folhas, com ápices recurvados e bainhas
formando um pseudobulbo, escapo curvo, inflorescência simples com duas a quatro flores,
não ultrapassando a altura das folhas. Foi coletada e está sendo referida pela primeira vez para
o estado da Paraíba.

8. Tillandsia polystachia (L.) L., Sp. pl. (2)1: 410. 1762.


Tipo: West Indies. Sem localidade: Plumier s.n. (Holótipo P).
Figura 9, e-j
EPÍFITA, 12-82 cm alt., mesófita ou heliófita. FOLHAS 8-41 cm compr., dispostas em
roseta abertas, acumulando água, polísticas. BAINHA 2-11 x 1,3-7,5 cm, elíptica, castanha,
coriácea. LÂMINA 6-30 cm compr., triangular, cinéreo-esverdeada, cartácea, ápice atenuado.
ESCAPO 3,5-33 cm, cilíndrico, verde, glabro, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 7-27 x 1-3,8
cm, elíptico-lanceoladas, cinéreo-esverdeadas, imbricada, cobrindo o escapo, cartáceas.
INFLORESCÊNCIA 5-35 cm compr., em espiga, compostas, excedendo as folhas.
BRÁCTEAS FLORAIS ca. 2,4 x 1,2 cm, ovais, verdes-vináceas, ápice apiculado, excedendo
o ovário e as sépalas. SÉPALAS ca. 1,8 x 0,6 cm, elíptico-lanceoladas, verdes, glabras,
conatas, carenadas, ápice agudo, simétricas. PÉTALAS ca. 4 x 0,6 cm, lineares, lilases, livres,
ápice subagudo a rotundo, eretas na antese. ESTAMES ca. 4,5 cm compr., exsertos, adnatos a
base da pétala. FILETES 3,5-4 cm compr., cilíndricos, lilases. ANTERAS 1,5-3 mm compr.,
elíptico-lineares, negras. OVÁRIO ca. 5 x 2,5 mm, elíptico a oval-elíptico, esverdeado,
glabro, placentação axial. ESTILETE 4-4,5 cm, cilíndrico, lilás. ESTIGMA espiral-
conduplicado, lilás. ÓVULOS ca. 0,8 mm compr., lineares, longo-apiculados, numerosos.
FRUTO 2,3-3,7 cm de compr., valvas retorcidas na deiscência. SEMENTES 2-3 mm compr.,
apêndices 1,5-2,9 cm compr.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Campus Universitário, 29.VIII.2004,
fr., R. A. Pontes 88 (JPB); idem, Campus Universitário, 26.X.2004, fl., R. A. Pontes 114
(IPA), fl., 120 (RB, JPB); Lagoa Seca, fazenda Ipuarana, 7.VIII.200, estéril, R. A. Pontes 2
(JPB), fr., 3 (JPB); Matinhas, Faz. Tartyou, 6.XII.2000, R. A. Pontes et al. 7 (JPB); Maturéia,
Pico do Jabre, 27-29.IX.1997, fl., fr., M. F. Agra et al. 4209 (JPB); idem, 18.I.1997, M. F.
Agra et al. 3908 (JPB); idem, 18.I.1997, M. F. Agra et al. s.n. (JPB 21748); idem,
18.VII.1997, fr., M. F. Agra et al. 4118 (JPB); Natuba, Mata do Esquecido (7º34’32”W e
35º31’46”S), 15.V.2005, fr., R. A. Pontes 252 (JPB); Gurinhém, Serra do Cajá, 27.VIII.1998,
fr., G. S. Baracho s.n (JPB 21984); Queimadas, Serra do Bodopitá, 08.XII.1998, fl., G. S.
72

Baracho s.n. (UFP 22814); São João do Tigre, APA das Onças, 6.VII.2005, fr., R.A. Pontes et
al. 289 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Brejo da Madre de Deus,
6.I.1999, J. A. Siqueira-Filho & G. S. Baracho 868 (UFP); Altinho, 20.XII.2000, fr., J. A.
Siqueira-Filho 1148 (UFP).
Tillandsia polystachia pertence ao subgênero Tillandsi, este apresenta ampla distribuição,
ocorrendo no sul da América do Norte (sul dos Estados Unidos e México), América Central,
Caribe e América do Sul (Colombia, Equador, Venezuela e Brasil).
Esta espécie tem sido coletada como epífita nas matas dos brejos de altitude, porém
podendo ser encontrada também nas matas serranas da caatinga.
É facilmente diferenciada das demais espécies por possui o maior porte entre as espécies
de Tillandsia da área, chegando a 80 cm, quando florida. A disposição das suas folhas
proporciona o acúmulo de água, formando um prototanque, característica única entre as
espécies do grupo na área de estudo. Foi observada com flores em setembro, outubro,
dezembro e com frutos nos meses de julho e agosto, setembro.

9. Tillandsia recurvata (L.)L., Sp. pl. ed. 2 1: 410. 1762.


Tipo: Jamaica, sem localidade, Sloane s.n. (Holótipo BM, foto GH).
Figura 11, j-p
EPÍFITA ou RUPÍCOLA, 8,0-12 cm alt., heliófita, dísticas; raízes presentes. FOLHAS
8,5-10,5 cm compr., recurvadas. BAINHA 4-5,5 x 3-4 mm, oval-linear, membranácea.
LÂMINA 4,5-5 cm compr., aciculada, fortemente cinérea, crassa, ápice agudo. ESCAPO 3,5-
8,5 cm compr., cilíndrico, verde-vinéceo, glabro, ereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO, reduzida
a apenas uma, basal. INFLORESCÊNCIA 1-1,5 cm compr., em espiga, simples, glabra,
excedendo as folhas. BRÁCTEAS FLORAIS 7,5-8 x 3-3,5 mm, elíptico-lanceoladas,
vináceo-cinéreas, ápice agudo, menores que o ovário e as sépalas. SÉPALAS 2 x 7,5 cm,
elípticas, verdes-vináceas, glabras, subconatas, ecarenadas, ápice acuminado, simétricas.
PÉTALAS 0,9 x 0,12 cm, lineares, lilases, livres, ápice rotundo, patentes na antese.
ESTAMES ca. 4,5 mm compr., inclusos, soldados na base da pétala. FILETES ca. 3,5 mm
compr., cilíndricos, lilases. ANTERAS ca. 1 mm compr., lineraes, amarelas. OVÁRIO ca. 3 x
1 mm, subcilíndrico, esverdeado, glabro, placentação axial. ESTILETE 0,8-1 mm compr.,
capitado, lilás. ESTIGMA ereto-simples, lilás. ÓVULOS ca. 0,5 mm compr., oval-elípticos,
numerosos. FRUTOS 2,3-2,6 cm compr., valvas retas na deiscência. SEMENTES ca. 2 mm
compr., apêndices 1,8-2 cm compr.
73

Material examinado: BRASIL. Paraíba: Araruna, parque Estadual da Pedra da Boca,


28.VIII.2004, fr., R. A. Pontes 89 (JPB), fr., 93 (JPB); Areia, 11.IV.1986, O. T. Moura s.n.
(JPB 15890); Idem, Campus Universitário, 26.X.2004, fl., R. A. Pontes 116 (JPB); Aroeiras,
24-27.IX.1994, M. F. Agra et al. 3281 (JPB); Boa Vista 27-29.IV.1994, M. F. Agra et al.
2932 (JPB); Cabaceiras, 29-30.V.1994, fl., M. F. Agra et al. 3563 (JPB); Idem, 29.VI-
01.VII.1993, M. F. Agra et al. s.n. (JPB 20035); Cacimba de Dentro, 27.VII.1998, fr., G. S.
Baracho et al. s.n. (UFP 21432); Campina Grande, distrito de São José da Mata, 23.VI.1996,
M. F. Agra 3402 (JPB); Idem, M. F. Agra s.n. (JPB 21581); Idem, 23.VI.1990, M. F. Agra
s.n. (JPB 19332); Fagundes, Pedra da Santa, 29.V.2005, fr., R.A.Pontes & Gadelha Neto 277
(JPB); Gurinhém, 27.VII.1998, fr., G. S. Baracho et al. s.n. (UFP 21979); Ingá, 27.IX.1982,
fl., fr., O. T. Moura 5411 (JPB); Lagoa Seca, Faz. Ipuarana, 7.XII.2000, fr., R. A. Pontes et al.
12 (JPB); Matinhas, faz. Tartyou, 6.XII.2000, fr., R. A. Pontes 8 (JPB); Maturéia, Pico do
Jabre, 15.IV.2005, fl., R. A. Pontes & E. A. Rocha 189 (RB); fl., 190. (US); Idem, 28.V.2005,
fr., R. A. Pontes 270 (JPB); Natuba, sítio Pau-d’arco, 14.IV.2005, fr., R.A. Pontes 226 (JPB),
fl., 242 (JPB), 243 (JPB); Queimadas, 08.XII.1998, fr., G. S. Baracho et al. s.n. (UFP 22813);
São João do Cariri, 22-3.X.1993, M. F. Agra et al. s.n. (JPB 20033); idem, 22.V.1997, Luna
s.n. (JPB 22945); Serra Branca, Serra Branca, 14.IV.2005, fl., 191 (JPB); fl., 192 (JPB);
Soledade, BR-230, 6.XII.2000, fr., R. A. Pontes 9 (JPB); São João do Tigre, APA das Onças,
6.VII.2005, estéril, R.A. Pontes et al. 287 (JPB); Sumé, 29-30.I.1994, fl., M. F. Agra et al.
2807 (JPB); Umbuzeiro, 13.XI.1984, Silva 6507 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Alagoinha, 8.VI.2003, fr.,
Maciel et al. 42 (UFP). Sergipe: Curitiba, 16.XI.1999, fr., O. T. Moura & Silva 928 (UFP).
Bahia: Mucugê, 22.VI.1996, fr., Luceño et al. 293 (UFP).
Tillandsia recurvata, que pertence ao subgênero Diaphoranthema, apresenta ampla
distribuição na América tropical, ocorrendo no Sul da América do Norte, América Central,
Caribe e América do Sul.
Esta espécie é comum nos brejos de altitude, ocorrendo como epífita ou rupícola em
grandes populações. Também ocorre em toda a caatinga, tem ampla distribuição por todo o
estado, exceto no litotal.
Possui um conjunto de caracteres morfológicos que a separa facilmente das demais
espécies, como folhas aciculadas fortemente recurvadas, escapo com apenas uma bráctea
remanescente e flores lilases. Foi coletada com flores em janeiro, maio e setembro, e com
frutos em julho, setembro e dezembro.
74

10. Tillandsia streptocarpa Baker, Jour. Bot. London 25. 241. 1887.
Tipo: Paraguai. Luque: VIII.1876, Balansa 615 (Holótipo K, Isótipo P, S, foto GH)
Figura 13, a-h
EPÍFITA ou RUPÍCOLA, 8,5-35 cm alt., heliófita. FOLHAS 7,5-29 cm compr.,
abertas, não acumulando água, polísticas. BAINHA 1-2 cm compr., linear, alva,
membranácea. LÂMINA 6,5-27 cm compr., triangular-linear, fortemente cinérea, crassa,
ápice aciculado, espiralado. ESCAPO 6-17 cm compr., cilíndrico, esverdeado, tomentoso,
ereto a recurvado. BRÁCTEAS DO ESCAPO 2-14 x 0,4-0,9 cm, oval-elípticas a elíptico-
lanceoladas, cinéreas, longo-caudatas com ápice espiralado, imbricadas, recobrindo o escapo,
membranáceas. INFLORESCÊNCIA 2,5-12 cm compr., em espiga, composta, excedendo as
folhas. BRÁCTEAS FLORAIS 1,8-0,6 cm compr., elíptico-lanceoladas, cinéreas, ápice
acuminado, maiores que o ovário e as sépalas, enervadas. SÉPALAS ca. 1,3 x 0,6 cm,
elíptico-lanceoladas, verdes, glabras, subconatas, ecarenadas, ápice agudo. PÉTALAS ca. 2 x
0,6 cm, orbiculares, lilases, livres, ápice obtuso, reflexas. ESTAMES ca. 0,7 cm compr.,
adnatos na base da pétala ovário, inclusos. FILETES ca. 5 mm compr., compressos, alvos.
ANTERAS ca. 2 mm compr., lineares, amarelas. OVÁRIO ca. 3 x 1,5 mm, oval-elíptico,
esverdeado, glabro, placentação axial. ESTILETE ca. 0,2 mm compr., cilíndrico, alvo.
ESTIGMA espiral-conduplicado, alvo. ÓVULOS ca. 0,8 mm compr., numerosos, obovais.
FRUTO 3,2-4,7 cm compr., valvas retas na deiscência. SEMENTES 2-3,5 mm compr.,
apêndices 2,8-3,7 cm compr.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Maturéia, Pico do Jabre, 18.I.1996, fl., M.
F. Agra et al. 3912 (JPB); idem. 27-29.IX.1997, fl., M. F. Agra et al. 4216 (JPB); idem. 19-
20.X.1997, fl., M. F. Agra et al. 4573 (JPB); idem. 27-29.IX.1997, fr., M. F. Agra et al. 4233
(JPB); Serra Branca, Serra Branca, 04.IV.1996, fl., M. F. Agra et al. 3546 (JPB); Cabaceiras,
29.VII – 01.VIII.1993, M. F. Agra et al s.n. (JPB 20036); Boa Vista, 22.VI.1996, M. F. Agra
et al. 3837 (JPB); São João do Cariri, 29- 31.X.1993, M. F. Agra et al. 2364 (JPB); idem,
18.IX.1997, Luna s.n., (JPB 24903); Soledade, 27.I.1971, Carvalho 3484 (JPB); Queimadas,
08.XII.1998, G. S. Baracho s.n (JPB 22812); Cabaceiras, 01.VII.1993, M. F. Agra et al. s.n.
(JPB 20036); Serra Branca, 04.IV.1996, fl., M. F. Agra et al. s.n. (JPB 21600).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Belo Jardim, 18.X.2000, fl.,
J. Cantarelli et al. 498 (UFP); Triunfo, 19.VII.1998, J. A. Siqueira-Filho 810 (UFP).
Tillandsia streptocarpa pertence ao subgênero Phytharhyza. É uma espécie exclusiva
da América do Sul, ocorrendo na Bolívia, Brasil e Paraguai. No Brasil, ocorre desde o
75

Nordeste até o Paraná (Smith & Downs, 1977), habitando áreas de campo rupestre, cerrado,
restinga e caatinga.
Na floresta atlântica paraibana, T. streptocarpa foi coletada apenas no brejo de altitude
do Pico do Jabre, provavelmente por esta área estar inserida no centro da caatinga paraibana,
propiciando a ocorrência desda espécie neste local, já que se trata de uma espécie típica do
semi-árido. Ocorre principalmente nos afloramentos rochosos, graníticos e gnáissicos, que
formam um microhabitat, sendo também encontrada eveltualmente como epífita, quando
assim foi observada uma forte redução de seu porte. Floresce em março, setembro e outubro.
Frutifica em janeiro e setembro.

11. Tillandsia stricta Sol. ex Sims, Bot. Mag. 37: pl. 1529. 1813.
Tipo: Brasil: Rio de Janeiro, Banks & Solander s.n. (BM).
Figura 10, m-n
EPÍFITA, 13-15 cm alt., mesófita. FOLHAS 3-12,5 cm compr., recurvadas. BAINHA
1-1,5 cm compr, suboval, alva, membranácea, polística. LÂMINA 2-11 cm compr.,
triangular, cinérea, cartácea, ápice aciculado. ESCAPO 4-5 cm compr., cilíndrico, erverdeado,
glabro, subereto. BRÁCTEAS DO ESCAPO 5-6 x 0,4-0,6 cm, subelípticas a elípticas,
cinéreas, imbricadas, recobrindo o escapo, cartáceas. INFLORESCÊNCIA ca. 8 cm compr.,
espiga, excedendo as folhas. BRÁCTEAS FLORAIS 2,2-2,4 x 0,6-0,9 cm, oval-elípticas,
cinéreas, ápice cuspidado, excedendo o ovário e as sépalas. SÉPALAS 1,1-1,2 x 0,3-0,4 cm,
elípticas, salmon, subconatas, glabras, conatas, carenadas, ápice acuminado. PÉTALAS ca.
1,7 x 0,4 cm, espatuladas, púpuras, livres, ápice arredondado, patentes na antese. ESTAMES
ca. 1,3 cm compr., adnatos na base da pétala, inclusos. FILETES ca. 7 mm compr.,
compressos, alvos, plicados. ANTERAS ca. 1,5 mm compr., lineares, amarelas. OVÁRIO ca.
4 x 1,5 mm, oval, verde, glabro, placentação axial. ESTILETE 1,2-1,3 cm compr., cilíndrico,
lilás. ESTIGMA ereto-simples, lilás. ÓVULOS ca. 0,3 mm compr., lineares, numerosos.
FRUTOS ca. 2 cm compr., valvas retas na deiscência. SEMENTES ca. 2 mm compr.,
apêndices ca. 1 cm compr., plumosos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Mata da Jussara, 27.X.2004, fr., R. A.
Pontes et al. 112 (JPB); Fagundes, Pedra de Santo Antônio, 29.V.2005, fr., R.A. Pontes &
Gadelha Neto 275 (JPB); Mamanguape, Estação Ecológica, 17.VIII.1988, fl., L. P. Felix &
Miranda s.n. (JPB 15660); Mamanguape, estrada para Barra de Camaratuba, 11.IX.2004, fl.,
R. A. Pontes et al. 100 (RB), fl., 101 (JPB); idem, 30.IV.2005, fr., R. A. Pontes & Gadelha
76

Neto 211 (RB), fr., 212 (JPB), fr., 213 (JPB); Natuba, sítio Pau-D’arco (7º29’2” W e
35º29’41”S), fr., R. A. Pontes 253 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: São Lourenço da Mata,
Tapacurá, 10.VII.1997, fr., G. S. Baracho & J. A. Siqueira-Filho 484 (UFP); Entre Inajá e
Floresta, Rebio Serra Negra, 15.VIII.2002, fl., J. A. Siqueira-Filho 1272 (UFP). Alagoas:
União dos Palmares, Faz. Santo Antônio, 29.X.2002, fr., J. A. Siqueira-Filho 1292 (UFP);
Ibateguara, Usina Serra Grande, 31.VII.2003, fr., J. A. Siqueira-Filho 1377 (UFP).
Tillandsia stricta pertencente ao subgênero Anoplophytum, possui uma ampla
distribuição na América do Sul, ocorrendo na Guiana, Trindad, Suriname, Venezuela, Brasil,
Uruguai, Paraguai e Argentina. No Brasil ocorre na Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia,
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(Smith & Downs, 1977; Tardivo, 2002).
Neste trabalho segui-se a proposta de Tardivo (2002), que sinonimizou as variedades e
formas, devido os caracteres pouco consistentes utilizados por seus autores, como coloração
das folhas em Tillandsia stricta var. albifolia Hromadnik, disposição das flores em Tillandsia
stricta var. disticha Smith, e coloração da inflorescência na f. nivea Leme.
Esta espécie assemelha-se com os exemplares de T. tenuifolia que ocorrem como
mesofítas nas matas de brejo de altitude, sendo diferenciadas destas pelo aspecto mais
acizentado, brácteas florais salmon, inflorescência ultrapassando o comprimento das folhas.
Na Paraíba a espécie é encontrada nas matas costeiras do litoral norte, ocorrendo como
epífita. Floresce em agosto e setembro e floresce nos meses de abril e outubro.

12. Tillandsia tenuifolia L., Sp. Pl. 286, 1753; Syst. Nat. Ed. 10.974.1759.
Tipo: América Meridional, s.d., Royen s.n. (Holótipo L).
Figura 10, a-e
EPÍFITA ou RUPÍCOLA, 14-25 cm alt., mesófita ou heliófita. FOLHAS 4-10 cm
compr., arqueadas, polísticas. BAINHA 1,5-2 cm compr., oval, alva, membranácea. LÂMINA
2,5-8 cm compr., triangular, verdes ou vinácea, cartácea a coriácea, ápice acuminado.
ESCAPO 3-6 cm compr., cilíndrico, glabro, ereto ou recurvado. BRÁCTEAS DO ESCAPO
5-1 x 3-6 mm, elípticas a subovais, verdes, ápice agudo, excedendo o ovário e as sépalas.
INFLORESCÊNCIA ca. 10 cm compr., espiga, simples, ereta, excedendo as folhas.
BRÁCTEAS FLORAIS 0,7-2 x 0,3-0,7 cm, oval-elípticas, róseas, ápice levemente cuspidado,
excedendo o ovário e as sépalas. SÉPALAS 0,8-1 x 0,15-0,2 cm, elíptico-lanceoladas, verdes,
glabras, conatas, carenadas, ápice acuminado. PÉTALAS 1,2 x 0,3 cm, espatular, alvas,
77

livres, ápice obtuso, eretas na antese. ESTAMES ca. 1,3 cm compr., adnatos na base da
pétala, inclusos. FILETES 0,8-1 cm compr., compressos, alvos, plicados. ANTERAS ca. 1,5
mm compr., lineares, alvas. OVÁRIO ca. 3 x 1,5 mm, oval, verde, glabro, placentação axial.
ESTILETE 1-1,3 cm compr, cilíndrico, alvo. ESTIGMA ereto-simples, alvo. ÓVULOS ca. 1
mm compr., lineares, numerosos. FRUTOS ca. 2 cm compr., valvas retas na deiscência.
SEMENTES ca. 1 mm compr., apêndices 1,5-1,8 cm compr., plumosos.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Areia, Mata da Jussarinha, 27.X.2004, fr.,
R. A. Pontes et al. 111 (JPB); Fagundes, Pedra de Santo Antônio, 29.V.2005, fr., R.A. Pontes
7 Gadelha Neto 276 (JPB); Lagoa Seca, fazenda Ipuarana, 7.XII.2000, estéril, R.A. pontes et
al. 4 (JPB); Maturéia, Pico do Jabre, 27-29.IX.1997, M. F. Agra et al. 4292 (JPB); Idem. 19-
20.X.1997, M. F. Agra et al. 4564 (JPB); Natuba, Fervedouro, 15.V.2005, fl., R. A. Pontes
s.n. (RB), fl., 262 (JPB); Sapé, Fazenda Pacatuba (RPPN), 06.IV.2001, fl., E. César s.n. (JPB
28267); São João do Tigre, APA das Onças, 6.V.2005, fl., 296 (JPB), 297 (RB); São João do
Tigre, 5.V.2005, fl., R.A. Pontes et al. 296 (JPB), 297 (JPB), 298 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Jaqueira, Serra do Quengo,
29.IX.1997, fr., J.A. Siqueira-Filho & M.J.A. Campelo 745 (UFP); Taquaritinga do Norte,
Sítio Cafundó, 21.IX.1998, G.S. Baracho & J.A. Siqueira-Filho 758 (UFP). Alagoas:
Ibateguara, Usina Serra Grande, 01.VIII.2003, J. A. Siqueira-Filho 1391 (UFP).
Tillandsia tenuifolia, que pertence ao subgênero Anoplophytum, é uma espécie de
ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo no Escudo das Guianas, Venezuela, Bolívia,
Brasil, Paraguai e Argentina. No Brasil ocorre nos estados do Pará, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Smith & Down, 1977;
Tardivo, 2002; Siqueira-Filho, 2002).
Segundo Tardivo (2002), a grande plasticidade morfológica de T. tenuifolia resultou na
criação de vários táxons, T. tenuifolia var. tenuifolia, T. tenuifolia var. didisticha, T. tenuifolia
var. surinamensis, T. tenuifolia var. saxicola, T. tenuifolia var. vaginata, T. tenuifolia var.
dungsiana, T. tenuifolia var. strobiliformes. Tais variedades foram tratadas como sinônimos
de T. tenuifolia por esta autora.
Na área de estudo ocorre nas matas costeiras e brejos de altitude. Entretanto, a espécie
também foi registrada por Smith & Downs (1977) para as microrregiões dos Cariris Velhos e
agreste da Borborema. Ocorre como epífita no interior da mata ou como rupícola em
afloramentos rochosos.
78

Tillandsia tenuifolia pode ser diferenciada das demais espécies do gênero pelas folhas
verdes, rígidas ou cartáceas, brácteas florais róseas que contrastam com pétalas alvas.
Amostras floridas foram observadas com flores em abril, maio, setembro e outubro e
frutificado em outubro.

13. Tillandsia usneoides (L.)L., Sp. pl. 2. 411. 1762.


Tipo: Jamaica, sem localidade, 1687-90, Sloane s.n. (Holótipo BM, Foto GH).
Figura 11, a-e
EPÍFITA, até 15 m compr., pendente, mesófita ou heliófita, acaule; raízes ausentes.
FOLHAS 5,8-8 cm compr., dísticas. BAINHA 8-10 x 3-4 mm, cilíndrica, vinácea-cinérea,
membranácea. LÂMINA 5-7 cm compr., aciculare, cinérea, crassa, ápice aciculado,
recurvada. ESCAPO ausente. FLORES solitárias, sésseis. BRÁCTEAS FLORAIS ca. 5 x 3
mm, suborbiculares, marrons a vináceas, ápice agudo, menores que as sépalas. SÉPALAS ca.
7 x 2 mm, elíptico-lanceoladas, cinéreas, glabras, subconatas, carenadas, ápice agudo a
apiculado. PÉTALAS ca. 9 x 1,2 mm, lineares, verdes-amareladas, livres, ápice agudo,
patentes na antese. ESTAMES ca. 5 mm compr., soldados na base da pétala, inclusos.
FILETES ca. 4 mm compr., cilíndricos, amarelados. ANTERAS ca. 1 mm compr., lineares,
amarelas. OVÁRIO ca. 1,5 x 1 mm, suboboval, esverdeado, glabro, placentação axial.
ESTILETE 1,4-1,5 mm compr., cilíndrico, amarelo. ESTIGMA ereto-simples, amarelo.
ÓVULOS ca. 0,2 mm compr., lineares, numerosos. FRUTO 1,6-2 cm compr., valvas
retorcidas na deiscência. SEMENTES ca. 2 mm compr., apêndices ca. 1,5-1,8 cm compr.
Material examinado: BRASIL. PARAÍBA: Areia, 11.XII.1958, J. C. Moraes s.n.
(EAN 2007); Fagundes, Pedra de Santo Antônio, 29.V.2005, estéril, R.A. Pontes & Gadelha
Neto 273 (JPB), 274 (IPA); Maturéia, Pico do Jabre, 15.IV.2005, fl., R. A. Pontes & E. A.
Rocha 185 (JPB), 186 (RB), 187, (US); idem, 27-29.IX.1997, fr., M. F. Agra et al. 4228
(JPB); idem. 18.I.1997, M. F. Agra et al. 3913 (JPB); idem. 27-19.IX.1997, M. F. Agra et al.
4219 (JPB); idem. 16.IV.1993, fr., M. F. Agra et al. 2002 (JPB); idem. 25-27.II.1997, M. F.
Agra et al. 2 659 (JPB); idem. 25-27.III.1994, fr., M. F. Agra et al. 2589 (JPB); Natuba,
Fervedouro, 15.V.2005, R. A. Pontes 238 (JPB), 239 (IPA), 240 (RB), 241 (JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Ceará: Serra da Aratanha, 1.X.1979, P.
Martins & J. A. Castro s.n. (UFP). Pernambuco: Buenos Aires, engenho Cavalcanti,
8.VIII.2002, fr., J. A. Siqueira-Filho 1251 (UFP); Entre Inajá e Floresta, 15.VIII.2002, fr., J.
A. Siqueira-Filho, 1267 (UFP).
79

Tillandsia usneoides pertence ao subgênero Diaphoranthema, e tem ampla distribuição,


ocorrendo desde o Sul da América do Norte, Caribe, América Central até o Sul da América do
Sul (Smith & Downs, 1979).
Na floresta atlântica paraibana, T. usneoides ocorre como epífita nos brejos de altitude,
entre 500-1.197 m s.m. Habita o dossel da mata onde formam grandes cortinas que podem
chegar a 15 m, provavelmente pela grande umidade atmosférica na área.
Pode ser diferenciada por sua morfologia atípica, ausência de raízes e escapo floral, e
flores isoladas esverdeadas. Foi coletada com frutos em março, abril e setembro.

10. Vriesea Lindl., Edward’s Bot. Reg. 29: 10. 1843.


Terrestre ou epífita; folhas dispostas em roseta aberta; bainha elíptica a suboval,
castanha; lâmina lanceolada, convoluta, inerme, ápice agudo; inflorescência em panícula,
piramidal; raque amarela, glabra; brácteas florais elípticas, amarelas a verde-amareladas,
iguais ou menores que as sépalas; flores curto pediceladas, patentes; sépalas lineares,
amarelas com base verde, carenadas, livres, simétricas; apêndices petalineos laminares, ápice
recortado; ovário súpero; estigma ereto-simples, amarelo-pálido; fruto capsular com sementes
com apêndices plumosos.
Distribui-se por toda a América Central e do Sul (Smith & Downs, 1979), com centro de
diversidade no leste do Brasil. Possui 259 espécies e ca. de 300 táxons (Luther, 2000).
Na Paraíba apenas uma espécie foi registrada para a floresta atlântica, Vriesea procera,
ocorrendo desde os tabuleiros costeiros até os brejos de altitude.

1. Vriesea procera (Mart. ex Schult. & Schult. f.) Wittm., Bot. Jahrb. 13: 21. 1891.
Tipo: Brasil. Bahia: Rio Itaipé, XII.1818, Martius s.n. (Holótipo M, foto F 18750).
TERRESTRE ou EPÍFITA, 60-100 cm alt., mesófita ou heliófita, propagando-se
vegetativamente por rizomas basais curtos e delicados. FOLHAS 36-45 cm compr., dispostas
em rosetas abertas, levemente recurvadas. BAINHA 16-19 x 6-10 cm, elíptica a suboval,
castanhas em ambas as faces, cartácea. LÂMINA 20-26 x 2,5-5 cm, lanceolada, concolor,
verde-amarelada, membranácea, brilhante, glabra, ápice agudo. ESCAPO 40-55 cm compr.,
cilíndrico, vináceo ou amarelo, ereto, glabro. BRÁCTEAS DO ESCAPO 5,5-18,5 x 1,8-4,5
cm, lanceoladas, verde-amareladas, algumas com máculas vináceas, glabras, brilhantes, ápice
agudo, apiculadas, a porção basal envolvendo fortemente o escapo. INFLORESCÊNCIA 50-
80 cm compr., em panícula piramidal, laxa, 7-12 flores por ramo. RAQUE amarela, glabra.
BRÁCTEAS PRIMÁRIAS semelhantes às brácteas superiores do escapo, verde-amareladas,
80

envolvendo a base dos ramos. BRÁCTEAS FLORAIS 2,2-2,5 x 1-1,5 cm compr, elípticas,
amarelas a verde-amareladas, ápice agudo, apiculadas, menores ou iguais as sépalas, margem
lisa, enervadas, ecarenadas. FLORES 3,5-3,7 cm compr., tubulosas, curto pediceladas, eretas.
SÉPALAS 2,5-2,7 x 0,7-0,9 cm, lineares, amarelas com base verde, brilhantes, glabras, livres,
carenadas, simétricas. PÉTALAS 2,5 x 0,4 cm compr., lineares, amarelas, ápice agudo.
APÊNDICES PETALÍNEOS ca. 3 mm compr., laminares, ápice recortado. ESTAMES ca. 2
cm de compr., exsertos. FILETES ca. 1,7 cm compr., compressos, hialinos. ANTERAS ca. 3
mm compr., lineares, amarelas. OVÁRIO ca. 7 x 2 mm, cônico, amarelo-pálido, glabro,
placentação axial. ESTILETE ca. 1,6 mm compr., cilíndrico, amarelo-pálido. ESTIGMA
lâmina convoluta, amarelo-pálido. ÓVULOS ca. 0,5 mm compr., ovais, numerosos. FRUTOS
3,8-4,5 x 0,5-0,6 cm compr., lineares, castanhos, glabros. SEMENTES 1,5-2 mm compr.,
lineares, castanhas.
Material examinado: BRASIL. Paraíba: Mamanguape, Mata Escura, 11.VIII.2004,
fr., R. A. Pontes et al. 99 (JPB); idem, Sema II, 12.VI.1991, fr., L. P. Félix & N.A. Sousa 3739
(EAN); Areia, Parque Estadual Mata do Pau-Ferro, 2.XI.2004, fr., R. A. Pontes et al. 135
(RB), botão, 136 (RB); idem, Campus Universitário, 26.X.2004, fl., R. A. Pontes et al. 122
(IPA); idem, fl., R. A. Pontes et al. 123 (RB); idem, 15.VIII.2004, fl., R. A. Pontes et al. 109
(JPB).
Material adicional examinado: BRASIL. Pernambuco: Recife, Dois Irmãos,
XII.1997, J. A. Siqueira-Filho & G. S. Baracho 774 (UFP); Cabo, Gurjaú, 7.II.2003, fl., L. P.
Félix et al. 9840 (UFP). Bahia: Ilhéus, Itabuna, 23.VI.1997, fr., J. A. Siqueira-Filho & G. S.
Baracho 622 (UFP).
Vriesea procera pertence ao subgênero Vriesea seção Vriesea que diferencia-se da
seção Xiphion por apresentar estames exsertos com brácteas coloridas. Tem distribuição por
toda a América do Sul, desde o escudo das Guianas até o Paraguai e o norte da Argentina. No
Brasil ocorre do Piauí até Santa Catarina (Smith & Downs, 1977).
Smith & Downs (1979), citam quatro variedades, V. procera var. rubra L. B. Sm., V.
procera var. tenuis L. B. Sm., V. procera var. debilis Mez e V. procera var. procera (Mart. ex
Schult. & Schult. f.) Wittm. As principais diferenças apresentadas por estes autores na
separação destas variedades são tipo de inflorescência, tamanho das brácteas florais em
relação às sépalas e disposição dos ramos da inflorescência.
Na Paraíba pode ser encontrada nos tabuleiros do município de Baía da Traição (ca.
100 m s.m.), e nos brejos de altitude dos municípios de Areia e Natuba, entre 500 e 620 m
s.m. Nos tabuleiros é encontrada como terrestre ou epífita, ocorrendo em solo arenoso ou
81

sobre arbusto em pleno sol. Nas matas de brejo, somente são encontradas como epífitas no
topo das árvores a pleno sol ou meia sombra. Neste ambiente observa-se um grande número
de indivíduos. A espécie foi observada com flores em agosto, outubro e novembro, e em
frutificação nos meses de agosto e novembro.
Vriesea procera na área de estudo, pode ser identificada por suas folhas de coloração
verde-amarelada, brilhante, glabra. Inflorescência laxa, com ramos delgados, amarelos.
Escapo floral vináceo ou amarelo contrastando-se com as brácteas florais verde-amareladas
esparsadas, menores que as sépalas e flores amarelas.

DISTRIBUIÇAO GEOGRÁFICA
Neste trabalho observou-se a ocorrência de 31 espécies de Bromeliaceae distribuídas
nas diferentes formações da Floresta Atlântica no Estado da Paraíba. Os resultados da
distribuição geográfica das espécies são apresentados na tabela 1, ressaltando a distribuição
das espécies para a área estudada e seus ambientes preferenciais.
Algumas espécies apresentam padrão com ampla distribuição entre as formações da
mata atlântica como Aechmea lingulata (Figura 14), Hohenbergia ridleyi e Portea leptantha
(Figura 15), que ocorrem nas matas costeiras, brejos de altitude e nos tabuleiros, e Tillandsia
tenuifolia que ocorre nas matas costeiras e brejos de altitude, porém a espécie que apresentou
maior distribuição foi Bromelia karatas ocorrendo desde os brejos de altitude, até os
tabuleiros e campos e matas de restinga, com altitude variando entre 50 à 1.197 m s.m.
As espécies Tillandsia gardneri, T. polystachia, T. recurvata e T. usneoides
apresentaram distribuição nos brejos de altitude, porém ocorrem em quase toda Paraíba
(Figura 16). Vriesea procera foi coletada nas matas de brejos de Areia e Natuba, e em áreas
de tabuleiro.
As espécies que apresentaram distribuição restrita foram Aechmea aquilega, A.
mertensii (Figura 14), ocorrendo nos tabuleiros e matas costeiras, além de Tillandsia
kegeliana e T. stricta, que ocorrem nas matas costeiras e brejos de altitudes (Figura 16).
Apresentaram padrão de distribuição muito restrito, Cryptanthus alagoanus que ocorre
apenas em alguns fragmentos da mata costeira, como na mata do Buraquinho, município de
João Pessoa, mata do Pau-Brasil em Mamamguape e mata da Usina São João em Santa Rita e,
Ananas ananassoides no tabuleiro da Reserva Biológica Guaribas (Figura 15). Outras
espécies com distribuição muito restrita são Aechmea stelligera (Figura 14) e Tillandsia
juncea, coletadas nos remanescentes dos brejos de altitude, entre 500 a 600 m s.m, como nas
matas da Jussara, Jussarinha, Bujari, mata do campus da UFPB e na mata do Pau-Ferro,
82

localizados no município de Areia. Billbergia morelii foi coletada em uma única população
no fragmento florestal da Mata do Xém-xem, no litoral paraibano (Figura 15).
Aechmea emmerichii, Tillandsia streptocarpa, T. geminiflora, T. loliacea e
Orthophytum jabrense, foram registradas apenas para o brejo de altitude do Pico do Jabre,
localizado no município de Maturéia, entre 1.000 e 1.197 m.s.n.m, porém T. streptocarpa e T.
loliaceae podem ser encontradas em toda caatinga paraibana.
Cryptanthus sp. que ocorre em matas de restinga, Tillandsia bulbosa e Tillandsia
paraensis, que ocorrem apenas nos tabuleiros do litoral norte do estado, também posuem
distribuição muito restrita, e em pequenas populações.
Orthophytum jabrense é considerada uma espécie microendêmica do Parque Estadual
do Pico do Jabre. Orthophytum disjunctum (Figura 15), A. eurycorymbus, A. fulgens e A.
nudicaulis (Figura 13), foram coletadas apenas no brejo de altitude de Natuba, na Serra do
Pirauá, sendo as duas últimas somente encontradas nesta área.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Escola Nacional de Botânica Tropical do JBRJ, pelo apóio
institucional; À gerente do Jardim Botânico de João Pessoa, Márcia T. de Brito Aquino, pelo
apóio nas expedições e logística; À estagiária Nathalia T. Lima, pelo apóio nas coletas e no
bromeliário; Ao Msc. Bruno R. Silva pelo abstract; Ao Dr. George Sidney Baracho, pelas
sugestões durante a pesquisa; Aos curadores dos herbários EAN, JPB, IPA, UFP, RB e HB,
pelo livre acesso as suas instalações.

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87

Figura 1. Remanescentes florestais ao norte do rio São Francisco, Floresta Atlântica


Nordestina (FAN) (retirado de Siqueira Filho, 2003).

Rio Grande do Nort


6º e
O c e a n o
A t l â n t i
c o

7º João

8º 10 20 30
40Km
Fonte: Sudema P e r n a m b u c o

38º 37º 36º


35º
Domínio da Mata

Capital


Rio Grande do Norte
O c e a n o
A t l â n t i
c o

Arei
a
Maturéia
7º João

Natub
a


P e r n a m b u c o

38º 37º 36º


35º

Áreas de “Brejos de Altitutde”


Capital
88

Figura 2. Localização da área de estudo. A – Floresta atlântica. B – Áreas de brejos de


altitude.
66

Brejo Mata
Caatinga Altitude Caatinga Atlântica Mangue

Oeste Leste

Altitude (m)

Massa de ar úmida

60
50
Planalto da Borborema

20
Oceano Atlântica
10

0 50 100Km João Pessoa

Figura 3. Influência do relevo e do clima sobre a vegetação dos brejos de altitude, Areia, Paraíba (adaptado de Mayo & Fevereiro, 1982).
67

Figura 4. Aechmea aquilega: a – inflorescência; b – detalhe do ramo; c – flor; d – pétala com


estame e apêndices petalinos; e – bráctea floral; f – sépala. Aechmea emmerichii.: g –
inflorescência; h – detalhe do ramo; i – flor; j – bráctea floral; l – sépala; k – pétala com
estame e apêndices petalinos (escalas - a-l= 1 cm).
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Figura 5. Aechmea lingulata: a – inflorescência; b – detalhe do ramo; c – bráctea floral; d –


flor; e- pétala com estame e calos petalinos; f – sépala. Aechmea stelligera.: g –
inflorescência; h - pétala com estame e apêndices petalinos; i – flor; j – bráctea floral; k –
sépala. A. eurycorymbus: l – detalhe do ramo; m – sépala; n – bráctea floral (escalas - a, b, d,
e, g, h, i, k, l, m, n= 1 cm / c, f= 5 mm / j= 1 mm).
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Figura 6. Aechmea fulgens: a – inflorescência; b – detalhe do ramo; c – flor; d – sépala; e-


pétala com estame e apêndices petalinos. Aechmea nudicaulis.: f – inflorescência; g – flor; h –
bráctea floral; i – sépala; j - pétala com estame e apêndices petalinos. A. mertensii: l –
inflorescência; m - detalhe do ramo; n – flor; o - sépala; p – bráctea floral; q - pétala com
estame e apêndices petalinos (escalas - a, b, c, e, f, g, i, j, l, m, n, o= 1 cm / d, p, q= 5 mm /
h= 1 mm).
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Figura 7. Cryptanthus alagagoanus: a – hábito, b – fascículo, c – sépalas, d – pétala com


estames e apêndices, e – detalhe dos apândices petalíneos, f – ovário em corte longitudinal,
estilete e estigma. Cryptanthus sp.: g – hábito, h – fascículo, i – sépalas, j – pétala com
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estames e apêndices, k – detalhe dos apãndices petalíneos, l - ovário em corte longitudinal,


estilete e estigma.

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