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Fra Angelico, A Disputa de São Domingos e o

Milagre do Livro (1430-1432)

Parece que os maus não podem fazer milagres:

1. Com efeito, os milagres se obtêm pela oração. Ora, a oração do


pecador não merece ser ouvida, conforme diz o Evangelho de João:
“Nós sabemos que Deus não ouve os pecadores” (Jo 9,31), e no livro
dos Provérbios: “Quem desvia os seus ouvidos para não ouvir a Lei,
até a sua oração será execrável” (Pr 28, 9). Logo, parece que os maus
não podem fazer milagres.
2. Além disso, os milagres se atribuem à fé, segundo afirma o
Senhor: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este
monte: Transporta-te daqui para lá, e ele se transportará” (Mt 17, 19).
Ora, “a fé sem obras é morta”, diz a Carta de Tiago (Tg 2, 20); assim
ela não parece ter uma operação própria. Logo, parece que os maus,
que não praticam boas obras, não podem fazer milagres.

3. Ademais, os milagres são testemunhos divinos, pois se lê na Carta


aos Hebreus: “comprovando Deus o seu testemunho por meio de
sinais e maravilhas e vários milagres” (Hb 2, 4). Eis por que, na
Igreja, alguns são canonizados pelo testemunho dos milagres. Ora,
Deus não pode ser testemunha do erro. Logo, parece que os maus não
podem fazer milagres.

4. Ademais, os bons estão mais unidos a Deus que os maus. Ora, nem
todos os bons fazem milagres. Logo, muito menos os maus.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, o Apóstolo escreve na primeira Carta


aos Coríntios: “Ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar
montanhas, se não tiver caridade, não sou nada” (1Cor 13, 2). Ora,
todo aquele que não tem caridade é mau; como escreve Agostinho:
“É só este dom do Espírito Santo que distingue os filhos do Reino
dos filhos da perdição”. Logo, parece que até os maus podem fazer
milagres.

RESPONDO. Entre os milagres, há os que não são verdadeiros, mas


fatos imaginários, que enganam o homem, fazendo-o ver o que não
existe. Outros, são fatos reais, embora não mereçam verdadeiramente
o nome de milagres, pois são produzidos por certas causas naturais.
Ora, essas duas categorias de milagres podem ser feitas pelos
demônios.

Os verdadeiros milagres não podem ser realizados senão pelo poder


divino, pois Deus os produz para a utilidade do homem. E isto de
dois modos:
Primeiro, para confirmar a verdade sagrada.

Segundo, para manifestar a santidade de alguém, que Deus quer


propor como exemplo de santidade.

Ora, no primeiro caso, os milagres podem ser realizados por todos os


que pregam a verdadeira fé e invocam o nome de Cristo, o que, às
vezes, pode ser feito pelos próprios maus. Por isso, a respeito das
palavras de Mateus: “acaso não profetizamos em teu nome?” (Mt
7,22) etc., diz Jerônimo: “Profetizar ou fazer milagres e expulsar
demônios, às vezes não vem do mérito de quem o faz; mas é a
invocação do nome de Cristo que o faz para que os homens honrem a
Deus, por cuja invocação se realizam tantos milagres”.

No segundo caso, só se realizam milagres pelos santos, para


manifestação da sua santidade, seja durante a sua vida, seja depois de
sua morte, tanto por si mesmos, como por meio de outros. Assim,
lemos nos Atos dos Apóstolos: “Deus fazia milagres por mão de
Paulo; de tal modo que, até quando se aplicavam aos enfermos os
lençóis que tinham tocado o seu corpo, saíam deles as doenças” (At
19,11-12). E, deste modo, também nada impede que algum pecador
faça milagres por invocação de algum santo. Porém, tais milagres
não deverão ser atribuídos ao pecador, mas àquele cuja santidade
Deus pretende manifestar por meio deles.

Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:

1. Ao tratar da oração de súplica, se ela é atendida não o é por causa


do mérito de quem a faz, mas da misericórdia divina, que se estende
até os maus. Por isso, às vezes Deus ouve também a oração dos
pecadores. A esse respeito, diz Agostinho: “O cego pronunciou
aquelas palavras antes de ser ungido”, isto é, antes de ter sido
perfeitamente iluminado, “pois Deus ouve os pecadores”. O que diz o
livro dos Provérbios, a saber, “a oração do que não ouve a Lei é
execrável”, é preciso entendê-lo referindo-se ao mérito do pecador.
Contudo, essa oração às vezes alcança a misericórdia de Deus, quer
para a salvação daquele que ora, como aconteceu com o publicano de
que fala Lucas; quer também para a salvação dos outros e para a
glória de Deus.

2. A fé sem as obras é morta, quando aquele que crê não vive por ela
a vida da graça. Mas, nada impede que um vivo opere por um
instrumento morto, como um homem quando age por meio de um
bastão. E é assim que Deus utiliza como instrumento a fé do pecador.

3. Os milagres são sempre verdadeiros testemunhos daquilo que eles


confirmam. Por isso, os maus que ensinam falsas doutrinas não
poderiam jamais fazer verdadeiros milagres para confirmar seu
ensinamento, embora, às vezes, eles possam realizá-los em nome de
Cristo, que eles invocam, e pela virtude dos sacramentos que
administram. Mas aqueles que anunciam doutrinas verdadeiras,
fazem às vezes verdadeiros milagres, para confirmá-las, mas não
para atestar sua santidade. Por isso, Agostinho observa: “Há uma
grande diferença entre os milagres dos magos, os dos bons cristãos e
os dos maus cristãos: os magos os fazem por pactos particulares com
os demônios; os bons cristãos, em virtude da justiça pública; os maus
cristãos, por sinais desta justiça”.

4. Como diz Agostinho: “Não se concede a todos os santos realizar


milagres, para que os fracos não caim no erro perniciosíssimo de
pensarem que em tais fatos haja dons maiores do que nas obras de
justiça, com que se ganha a vida eterna”.

Fonte: ST II-II, 178, 2


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responde-os-maus-podem-fazer-milagres/#more-1550>>

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