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postado em 23/10/2014
No mundo contemporâneo, a definição do que seja “espaço urbano” não é fornecida única e exclusivamente
pelas características da arquitetura e do conjunto de variadas edificações espalhadas em cidades pelo globo.
A cada dia, um sem-número de objetos etéreos e impalpáveis invade as cidades, como, por exemplo, a
vertiginosa rede de sinais digitais, luminosos e sonoros que vem marcando indelevelmente as paisagens
urbanas para além da concretude física com a qual estamos acostumados a conviver.
É impossível negar que vivemos sob o signo da desmaterialização dos referenciais urbanos, cujo efeito
imediato é o surgimento de novos modos de percepção por meio dos quais os cidadãos entram em contato,
por sua vez, com uma nova experiência de subjetividade. Assim, cabe à “cidade física” compartilhar seus
espaços reais e concretos com essa urbe impalpável, prenhe de sentidos plurais e mergulhada em outras
vivências temporais, fenômeno a que se pode chamar de “urbanismo sem cidade”.
Passadas duas décadas, as Edições Sesc São Paulo colocam à disposição do leitor brasileiro uma obra que
dá continuidade àquela densa e impactante pesquisa. Trata-se de Imaginários, estranhamentos
urbanos na qual Armando Silva procura revisar e ampliar os conceitos da teoria dos imaginários a que ele
vem se dedicando nos últimos anos. Desta forma, a presente publicação tem em vista novos propósitos:
destacar a relação entre imaginários e arquivos cidadãos, revisar o conceito de imaginário e voltar a expô-lo
por meio da condução de uma argumentação lógica e estética mais sólida, bem como apresentar, pela
primeira vez, a construção de um modelo das possíveis formas de produção social do imaginário.
Na obra, Armando Silva dá continuidade ao cuidadoso relato sobre as cidades latino-americanas como
lugares de produção de sentido. Tomando por base uma bem-vinda articulação entre a investigação teórica
e a observação de manifestações socioculturais por meio das quais o imaginário irrompe, chama atenção
para o importante lugar que ele ocupa no mundo contemporâneo. Assim, o autor buscou organizar de modo
integral, em um único livro, seus pontos de vista, que foram tomando corpo enquanto crescia o programa
“cidades imaginadas”, como ele costuma designar cada cidade à qual se aplica a metodologia dos
imaginários urbanos.
A vasta experiência prática e teórica acumulada por Armando Silva faz com que a obra, de modo muito
envolvente, esclareça o leitor em relação a quando e sob que circunstâncias ele está diante de uma
construção de base imaginária, seja na urbe ou numa coletividade social. O expressivo conjunto de fotos e
ilustrações incluídas no cuidadoso projeto gráfico aqui concebido amplia a definição do conceito de
imaginário de modo inventivo e original.
*Wellington de Andrade é doutor em literatura brasileira pela USP, professor e vice-diretor da Faculdade
Cásper Líbero e colunista da Revista Cult.
http://www.sescsp.org.br/online/edicoes-
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