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FITOTERAPIA
título sumário
PÓS GRADUAÇÃO
Unidade Temática 1
APRESENTAÇÕES FARMACÊUTICAS
EM FITOTERAPIA E ASPECTOS
DA BIOFARMACOTÉCNICA
título sumário
sumário
Introdução 4.
47. Prescrição de fitoterápicos
Desde 2006 a Política Nacional de Plantas Neste sentido, a apostila preparos e técni-
Medicinais e Fitoterápicos, aprovada por cas de formulação e prescrição traz ao pro-
meio do Decreto Nº 5.813, de 22 de junho fissional da saúde uma visão generalizada
de 2006, estabelece as diretrizes e as acerca dos tópicos que merecem atenção e
linhas prioritárias para garantir o acesso cuidado no ato da prescrição de fitoterápi-
seguro e o uso racional de plantas medici- cos, tanto no eixo farmacológico quanto no
nais e fitoterápicos (BRASIL, 2006). eixo farmacotécnico, considerando permitir
seu uso racional e seguro.
A garantia da segurança e uso racional
desses produtos conta com a participação Esta apostila, assim como o material com-
dos diversos eixos que formam o complexo plementar e demais fontes, permitem a os
produtivo da saúde e, dentre eles, está a estudantes o aprofundamento dos tópicos
atuação do profissional prescritor. aqui abordados visando a solidificação do
conhecimento no assunto proposto.
RELEMBRANDO
CONCEITOS
6.
Remédio ou Medicamento?
Matérias-primas vegetais
Esta planta medicinal (Figura 1a), após Somente após o processo de extração, que
passar pelos processos de coleta, secagem visa a retirada seletiva dos componentes de
e estabilização, fundamentais para garantia dentro das células da planta para o líquido
da sua qualidade, eficácia e segurança, extrator, é que se obtém uma concentração
passa então a ser denominada droga vege- suficientemente alta de moléculas, as quais
tal (Figura 1b). A droga vegetal pode ser estão livres para serem absorvidas pelo
apresentada na forma íntegra, rasurada (pe- corpo. Em geral, a primeira extração gera o
quenos pedaços) ou pulverizada (pó). Uma extrato fluido (Figura 1d), e sua secagem
vez retirado o aporte de água e outros com- gera o extrato seco (Figura 1e). Uma vez
ponentes voláteis pela secagem, a droga que a primeira extração é realizada por afi-
vegetal passa então a se apresentar mais nidade química entre o agente extrator em-
concentrada do que a planta medicinal, en- pregado e os fitoquímicos, a composição
tretanto, sua unidade celular se mantém química do extrato fluido depende direta-
intacta (Figura 1c) e, portanto, indigerível mente desse líquido extrator utilizado (solu-
pelo trato gastrointestinal humano (baixa ção hidroalcoólica, propilenoglicol e água,
absorção sistêmica dos fitoquímicos). dentre outros). Assim, a composição do ex-
trato seco também é correlacionada com o
líquido extrator aplicado na etapa anterior
de sua obtenção.
9.
Chás
A prescrição de chás medicinais é uma das A prescrição de chás deve levar em consi-
alternativas para o acesso ao tratamento de deração a matéria-prima vegetal emprega-
enfermidades de baixa gravidade a partir da (restritamente a planta medicinal fresca
do uso das plantas medicinais. A RDC ou a droga vegetal) e as metodologias de
26/2014 da Anvisa conceitua o chá medici- preparo (a ser realizada pelo consumidor),
nal como denominadas de infusão, decocção ou ma-
“droga vegetal com fins medicinais a ser pre- ceração (Figura 2). Para qualquer um
parada por meio de infusão, decocção ou desses métodos, se a planta medicinal for
maceração em água pelo consumidor” utilizada, esta deve ser previamente lavada
com água corrente para retirada das sujida-
Ainda de acordo com esta resolução, para des mais grosseiras. Além disso, inde-
que um chá possua apelo terapêutico é ne- pendente da matéria-prima vegetal utili-
cessário que ele seja registrado perante a zada, é indicado o emprego de recipientes
ANVISA a partir da apresentação de dados de vidro, porcelana, barro ou inox quando
que atestem seu controle de qualidade o aquecimento da água for requerido, uma
como um produto com esta finalidade (con- vez que outros materiais podem reagir com
sultar RDC n. 26/2014). Os chás registrados os diversos componentes do matéria-prima
no Ministério da Agricultura seguem as nor- vegetal.
matizações para registro de produtos
alimentícios e, portanto, tem a função de
alimento, sem finalidade terapêutica.
10.
Fitoterápico
Intra-arterial Intracanal
Intra-articular
Peridural
Intratecal
Intracárdica
16.
Quadro 2. Principais aspectos das vias de administração mais convencionais em Fitoterapia.
Oral É o método mais comum de prescrição de um fármaco, por ser mais seguro e mais conveniente. Através desta
Intestinal via, os fitoquímicos serão encaminhados para o fígado onde podem sofrer metabolização (inativação ou
ativação de compostos). Além disso, essa via pode ocasionar irritação da mucosa gástrica, sofrer interferência
do processo digestivo e dificultar a adesão ao tratamento por pacientes com dificuldade de deglutição.
Parenteral Pode ser dividida em diversas vias de administração, considerando como as mais importantes: Intradérmi-
ca, Subcutânea, Intramuscular, Intravenosa. Vantagens: a disponibilidade é mais rápida e mais previsível. No
tratamento de emergências. Desvantagens. Pode ocorrer uma injeção intravascular acidental, pode vir
acompanhada de forte dor e, às vezes, é difícil para um paciente injetar o fármaco em si mesmo se for neces-
sária a automedicação. Alto custo.
Tópica Via tópica ou por administração epidérmica, aplicação de substâncias ativas diretamente na pele, ou em áreas
de superfície de feridas, com efeito local, tais como, pomadas, cremes, sprays, loções, colutórios, pastilhas
para a garganta.
Transdérmica Via de aplicação na pele com objetivo de ação sistêmica (absorção do fármaco até a corrente sanguínea). Os
locais de aplicação mais são aqueles ricos em vascularização. Depende da superfície em que foi aplicada e
da liossolubilidade do fármaco, uma vez que a epiderme funciona como uma barreira lipofílica. O uso de
veículos oleosos, fricção do produto na pele, hidratação e oclusão são fatores que aceleram esse processo.
Otológica O tratamento local das patologias do ouvido baseia-se na utilização de medicamentos líquidos, as gotas
óticas, que devem ser aplicadas mediante a utilização de um conta-gotas, no canal auditivo externo.
17.
Pós e Grânulos
Cápsulas
Forma farmacêutica na qual o princípio desintegram no intestino. Isso faz com que
ativo e/ou os excipientes estão contidos em a formulação mantenha-se intacta durante o
um invólucro solúvel duro ou mole, de for- percurso no estômago, sendo portando
matos e tamanhos variados, usualmente muito indicadas para princípios ativos que
contendo uma dose única do princípio sofrem degradação em pH ácido. Para ofe-
ativo. recer esta preparação ao paciente, é ne-
cessário prescrever o extrato na forma
Os invólucros duros são constituídos por seca.
um corpo e uma tampa (Figura 4). Insere-se
no corpo o pó vegetal e os excipientes, pre-
viamente misturados. São contituídos de
gelatina, água e corantes (se houver cor).
Uma vez que é de origem vegetal, pacien-
tes veganos não aderem ao tratamento.
Devido a isso, já encontra-se disponível as
cápsulas derivadas de celulose (hidroxipro-
pilmetilcelulose), cuja origem é vegetal.
Ambas as cápsulas são deglutidas e desin-
tegradas no estômago, local onde os princí- Figura 4. Cápsula gelatinosa dura.
Pastilhas
Emulsões
Leites
Loções cremosas
Cremes
% de cera
Figura 11. Apresentações farmacêuticas de acordo com o percentual de cera (fase oleosa). Fonte: VANZIN; CAMARGO, 2009
Se a intenção é a aplicação em grandes
áreas do corpo, deseja-se um produto de
espalhabilidade melhor. As emulsões são,
também, a melhor opção se a intenção é a via
de administração transdérmica, pois, devido
ao seu caráter misto, existe tanto a afinidade
pela pele quanto diferença de polaridade
considerável, facilitando a migração de um
fármaco muito lipofílico da preparação farma-
cêutica para a pele. Nesses casos, a hidrata-
ção também é crítica, e quanto maior o per-
centual de cera, maior o poder de oclusão da
pele e menor a perda de água transepider-
mal. O aumento da hidratação da camada
córnea da pele facilita o processo de difusão
do ativo para uma penetração mais eficiente.
Essa oclusão também pode ser alcançada
por meio de curativos. Dependendo da
carga oleosa da emulsão, pode-se obter dife-
rentes apresentações farmacêuticas (Figura
10). Conforme a quantidade de óleo vai
aumentando, reduz-se a capacidade de
espalhabilidade da preparação e aumenta-se
o toque oleoso.
35.
Géis
Pomadas
As formas farmacêuticas líquidas são pre- que não conseguem administrar cápsulas
parações destinadas, majoritariamente, à ou comprimidos devido ao incômodo da de-
administração por via oral. Essas prepara- glutição e, nesse caso, as formas líquidas
ções apresentam as vantagens de terem a podem ser úteis.
dose ajustável, pois o paciente irá aferir
essa dose no momento da administração
do medicamento. Entretanto, essa aferição Elixir
pode ser incorreta, levando a desvantagem
da dose inexata. O transporte dessas pre- Solução hidroalcoólica de sabor agradável
parações é também menos favorável do e adocicado, contendo princípio(s) ativo(s)
que as formas farmacêuticas sólidas: é dissolvido(s). Devido à composição alcoóli-
mais fácil carregar consigo um frasco de ca, deve ser evitada em crianças e em adul-
xarope ou um blister? Essa pergunta torna- tos alcoólatras. Ainda, essas preparações
-se ainda mais importante quando o medi- necessitam manter-se muito bem vedadas,
camento deve ser administrado 3 ou mais para evitar a evaporação do álcool e o au-
vezes durante o dia, e pode reduzir a mento da concentração do produto.
adesão ao tratamento. Porém, há pacientes
38.
Xarope
Suspensões Tintura
São formas farmacêuticas obtidas por um São formas farmacêuticas obtidas por um
ou mais processos extrativos anteriormente ou mais processos extrativos anteriormente
mencionados, diferindo da tintura pela con- mencionados, diferindo da tintura pela con-
centração e pelo método de obtenção (no centração e pelo método de obtenção (no
caso dos extratos, é possível o emprego do caso dos extratos, é possível o emprego do
calor). Dessa forma, são mais concentrados calor), de proporção diferente de 1:1.
do que as tinturas: para cada 1 mL da pre-
paração, utiliza-se 1 g da droga vegetal
(100% ou 1:1). Devido à possibilidade de
conter álcool, deve ser evitada em crianças
e em adultos alcoólatras. Ainda, essas pre-
parações necessitam manter-se muito bem
vedadas, para evitar a evaporação do
álcool e o aumento da concentração do pro-
duto.
41.
A prescrição de chás medicinais é uma das A prescrição de chás deve levar em consi-
alternativas para o acesso ao tratamento de deração a matéria-prima vegetal emprega-
enfermidades de baixa gravidade a partir da (restritamente a planta medicinal fresca
do uso das plantas medicinais. A RDC ou a droga vegetal) e as metodologias de
26/2014 da Anvisa conceitua o chá medici- preparo (a ser realizada pelo consumidor),
nal como denominadas de infusão, decocção ou ma-
“droga vegetal com fins medicinais a ser pre- ceração (Figura 14). Para qualquer um
parada por meio de infusão, decocção ou desses métodos, se a planta medicinal for
maceração em água pelo consumidor” utilizada, esta deve ser previamente lavada
com água corrente para retirada das sujida-
Ainda de acordo com esta resolução, para des mais grosseiras. Além disso, inde-
que um chá possua apelo terapêutico é ne- pendente da matéria-prima vegetal utili-
cessário que ele seja registrado perante a zada, é indicado o emprego de recipientes
ANVISA a partir da apresentação de dados de vidro, porcelana, barro ou inox quando
que atestem seu controle de qualidade o aquecimento da água for requerido, uma
como um produto com esta finalidade (con- vez que outros materiais podem reagir com
sultar RDC n. 26/2014). Os chás registrados os diversos componentes do matéria-prima
no Ministério da Agricultura seguem as nor- vegetal.
matizações para registro de produtos
alimentícios e, portanto, tem a função de
alimento, sem finalidade terapêutica.
Parte 1 44.
Uma vez que o produto é destinado ao consumo, água tratada ou filtrada é requerida
no preparo dos chás. Estes devem ser consumidos em até 24h após o seu preparo
visando garantir a integridade dos princípios ativos da planta bem como a não conta-
minação do chá pelos microrganismos presentes no ambiente.
Figura 15. Informações que devem estar contidas na prescrição de chás medicinais.
Parte 1 46.
O quantitativo de erva a ser utilizada pelo paciente deve empregar formas caseiras de
medida (Ex.: colher, xícara...). O Quadro 2 apresenta algumas conversões importantes.
A Instrução Normativa (IN) n. 2 de 2014 traz em seu anexo a lista de medicamentos fito-
terápicos de registro simplificado. Nela, constam nove plantas de prescrição exclusiva
médica (Quadro 4).
Quadro 4. Plantas medicinais cuja prescrição é exclusivamente realizada pela profissão médica.
Uma vez que na prescrição de fitoterápicos há maior variedade tanto das matérias-
primas vegetais empregadas quanto da forma farmacêutica selecionada, a prescrição
destes deve ser realizada com mais detalhes (Figura 16 ), sobretudo quanto ao deta-
lhamento da matéria-prima vegetal empregada, incluindo a relação do derivado de
droga vegetal com a concentração do extrato, já que este dado possui interferência
direta com a dose real de princípios-ativos a ser administrada.
Por exemplo:
Aspectos da patologia
Aspectos do medicamento
De acordo com a ANVISA, em se tratando Por outro lado, uma vez que as farmácias
do registro de medicamentos industrializa- magistrais não estão sujeitas ao registro do
dos, a recomendação é que os produtos medicamento, é a elas que os profissionais
apresentem apenas uma planta medicinal recorrem quando necessitam prescrever
presente no medicamento (denominada de formulações compostas não disponíveis
principal), podendo este medicamento ter pela indústria. Estas formulações podem
ainda em sua composição mais outras duas trazer benefícios ao paciente pois permitem
plantas medicinais (denominadas de com- uma prescrição específica e com foco no
plementar ou excipiente) desde que o uso indivíduo. Entretanto, vale salientar aqui que
de cada uma delas seja justificado. Isto se este tipo de prescrição deve ser realizada
dá devido a complexidade de fitocomplex- com respaldo em estudos científicos impor-
tos presentes em cada espécie vegetal, que tantes sobre a associação pretendida,
aumenta o risco de interação tanto entre os visando garantir a eficácia e segurança do
fitocomplexos das plantas utilizadas no pro- tratamento.
duto, quanto com nutrientes e outros medi-
camentos ou terapias que o paciente já A associação de fitoterápicos deve levar em
possa estar utilizando. Adicionalmente, consideração as espécies mais indicadas e
estes produtos precisam possuir os relató- mais conhecidas, visando agregar o
rios dos estudos de eficácia e segurança, máximo de informações possíveis e conferir
seja ele simples ou composto. Isso explica ao prescritor o discernimento necessário
porque os medicamentos industrializados sobre restrições de associação e demais
apresentam, em sua maioria, uma restrição riscos ao paciente.
na sua composição.
60.
Principais referências utilizadas
ANVISA. Instrução Normativa nº 2, de 13 de maio de 2014. Gobbo-Neto L, Lopes N P. (2007). Plantas medicinais:
Fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários.
ANVISA. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 26, de 13 de Química nova, 30(2):374-381.
maio de 2014.
Leite J P V. Fitoterapia – bases científicas e tecnológicas. 1a ed.
ANVISA. Resolução da diretoria colegiada – RDC CFN n. Editora Atheneu. 2009.
525/2013
Souza-Moreira T M, Salgado H R N, Pietro R C L R. (2008). O
ANVISA. Resolução da diretoria colegiada – RDC CFN n. Brasil no contexto de controle de qualidade de plantas medi-
556/2015 cinais. Revista brasileira de farmacognosia, 20(3):435-440.
Boorhem R L, Lage E B.(2009). Drogas e extratos vegetais VAZIN, S. B.; CAMARGO, C. P. Entendendo cosmecêuticos:
utilizados em fitoterapia. diagnósticos e tratamentos. Editora Santos. 2009.
FITOTERAPIA
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