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Os gêneros televisivos no cotidiano da recepção de televisão

Marcia Perencin Tondato

Resumo
Neste artigo são discutidos os hábitos de consumo e a recepção do conteúdo dos meios de
comunicação, com foco em gêneros televisivos, entendida a recepção como produto de um
hábito condicionado social e circunstancialmente construído pelo simbolismo. Os resultados nos
mostram que vivemos em uma sociedade mediática, que depende da televisão para a
informação, mas cuja recepção é negociada a partir do cotidiano.
Palavras-chave: Gêneros, Televisão, Recepção, Violência.

Abstract
This article discusses mass media consumer habits and reception, mainly TV genres,
understanding reception as a habit, socially conditioned, based on symbolism. Results show us a
society centered in the media, that depends on television for information, information that is
elaborated according to everyday live and social and cultural environment.
Key words: Genres, Television, Reception, Violence.

Introdução
O desenvolvimento das tecnologias da informação a cada dia abre mais
perspectivas de transformação dos produtos comunicacionais, seja no formato quanto no
conteúdo, o que nos leva a pensar no estudo destes ‘novos’ produtos e suas audiências.
Por outro lado, embora aumentem as oportunidades de segmentação e a oferta e das
diversas transformações da sociedade, os meios de comunicação de massa e sua
recepção continuam sendo foco de atenção, em torno do que fala-se sobre
interatividade, intertexto, novos gêneros. A televisão, transformada na principal
instituição de produção e transmissão das formas simbólicas, vê reforçada sua posição
de “bode expiatório” (McQUAIL, 2000, p. 38) ou de panacéia, sendo seu conteúdo a
principal forma de disseminação dos valores hegemônicos, percebidos como “naturais”
graças ao “controle social que pode ser exercido sem violência física, simplesmente
catalogando todo protesto e questionamento como fora do senso comum e dentro dos
domínios do insano, do irracional” (WHITE, 1995, p. 53).
Toda y Terrero e colaboradores (1997) apontam aspectos a serem considerados
quando o assunto é a qualidade da programação televisiva. Este grupo considera
importante avaliar o assunto, especificamente em relação à violência, tanto em termos
de seu contexto na televisão e na vida real, quanto em termos de sua importância ética à
luz desses contextos, tomando como base afirmações de que a violência na mídia não
poderá ser resolvida com eficiência se não se tentar, ao mesmo tempo, reduzir o nível de
violência na sociedade.

1
Os resultados de pesquisas sobre o tema não respondem de maneira suficiente às
indagações sobre a real motivação para o consumo de conteúdos violentos, sobre a
percepção em relação aos mesmos. As mediações, desenvolvidas por Martín-Barbero e
trabalhadas por Orozco Goméz e García Canclini e, por que não, Morley quando
relaciona recepção com gêneros e ambiente doméstico em seus estudos etnográficos; as
condições socioeconômicas e a realidade em que os indivíduos estão inseridos, como
em Rangel, são algumas das variáveis a serem consideradas nesta relação. É provável
que a saturação da oferta de programas violentos faça com que as pessoas percam a
sensibilidade e se tornem brutalizadas em longo prazo, por outro lado, uma ideologia de
segurança é estimulada pela mídia em sua constante promoção da insegurança,
legitimando o consumo de métodos de autodefesa e sistemas de proteção, promovendo
uma espiral de violência na sociedade (TODA y TERRERO; AGUIRRE e CERVERA,
1997, pp. 45-52).

1. Meios de comunicação de massa e violência


Conforme McQuail (2000, p. 38), a difusão dos conteúdos dos meios de
comunicação de massa, sejam eles os tradicionalmente definidos, jornal, revista, rádio,
televisão e cinema, seja a ainda indefinida Internet, “tem conseqüências para a
organização política e vida cultural das sociedades contemporâneas nos seus diversos
aspectos”. No contexto político e ideológico, “a emergência e o desenvolvimento da
comunicação de massa podem ser vistos como uma transformação fundamental e
contínua das maneiras como as formas simbólicas são produzidas e circulam nas
sociedades modernas” (THOMPSON, 1999, pp. 23-24).
No caso específico da representação da violência, ainda que a sociedade atual
seja menos violenta em termos estatísticos, a atuação dos meios de comunicação de
massa a torna mais vulnerável às representações dos acontecimentos, como
conseqüência da valorização das formas simbólicas. Fruto da interação social, a
violência é representada por meio de simplificações das complexidades de uma
sociedade individualista, trabalhadas paradoxalmente em conteúdos com base em
situações relacionais (ROCHA, 1995), em que alguém é sempre filho ou conhecido de
alguém, “disseminando uma cultura centralizada em dois atores estereotipados: o
verdugo e a vítima” (TRIVINHO, 2000, p. 34).
A ampliação dos horizontes pela tecnologia não teve efeito nas necessidades
psíquicas de realização dos desejos. Acidentes, crimes e atos violentos, reais ou

2
fictícios, continuam a exercer atração sobre a maioria das pessoas. Pereira (1975, p.107)
questiona esta atração argumentando que isso só acontece “porque a confrontação
elementar da vida e da morte sempre irrompe na superfície da experiência convencional
e fascina as pessoas ávidas de drama”, lembrando que “embora, o drama grego ou os
quadros de Rembrandt sejam atualmente apreciados, seus substitutos reais são o crime,
o assassinato e a violência, diretamente visíveis na televisão ou nas reportagens dos
jornais”. O apelo ao imaginário para difusão dos acontecimentos se faz com elementos
que dispensam a necessidade de pensamento.
Para Kehl (2000), a recepção das imagens da televisão está relacionada ao
conceito de ‘banalidade do mal’, o que nos leva à reflexão sobre o vazio do pensamento
para compreensão da audiência à violência. Segundo Arendt (apud SOUKI, 1998), o
mal absoluto é produto da ausência de reflexão, que surge no vazio de pensamento, da
banalização da nossa condição. Essa premissa é reforçada por Kaplun (apud
SILBERMAN, 1998, p. 157,160) que fornece perspectivas para o desenvolvimento de
um consumo televisual sem significado ou com baixo nível de significância, justificado
não mais pelo pressuposto básico do paradigma das gratificações, mas pela aquisição de
um hábito, condicionado social e circunstancialmente. A privação material, toda uma
seqüela de exclusão social, falta de segurança e angústia, características do grupo
receptor, segundo a hipótese de constituição dos conteúdos a partir do gosto das classes
populares, alimentaria uma necessidade de símbolos de evasão. Aproximamo-nos,
então, da idéia de que vivemos em uma sociedade regida por formações imaginárias,
nomeadamente, cenas chocantes, incomuns, sensacionais, ou seja, uma sociedade
violenta.
A TV, nesta perspectiva, é um meio privilegiado para veicular a violência
(WHITE, 1995, p. 45). Por suas características de trabalho com o imaginário, tem
efeitos sobre a subjetividade, fazendo surgir uma nova forma de violência – a violência
do imaginário, uma mudança que “incide de forma quase hegemônica sobre as culturas
em que a televisão tem um lugar muito predominante” (KEHL, 2000, p. 133). Quando
os meios divulgam cenas chocantes, tratando assuntos diversos em seqüências rápidas,
provoca uma ruptura com o estado normal da vida, atraindo o telespectador pelo
inusitado, pois “num dia calmamente banal fica difícil fazer um jornal ou noticiário de
TV para anunciar que não aconteceu nada” (MICHAUD, 1989, pp. 49-51). Lembrando
que a 'anormalidade' e a 'diferença' são critérios de seleção de pauta dos noticiários.
(MORAN, apud TEMER, 2002, p. 139).

3
2. A televisão no cotidiano: perfil de consumo televisivo
Entender os processos comunicativos é tarefa que vai além de procedimentos
operacionais, de metodologias específicas. Significa verificar a interação entre discurso,
subjetividade e contextos, o que implica a reflexão sobre questões epistemológicas do
campo da comunicação, teóricas da efetivação dessa comunicação e metódicas da
observação e apreensão de todo o processo (LOPES, 1990). Tendo isso em mente,
buscou-se conhecer o processo de construção de significados segundo um modelo em
que abordagens qualitativas e quantitativas são empregadas, permitindo a apreensão das
interações dos ambientes micros, constituintes do contexto macro. Partindo de
informações prestadas pelos sujeitos-receptores sobre suas percepções e opiniões sobre
a programação de televisão, mapeou-se quantitativamente o consumo de TV,
focalizando aspectos relevantes a uma programação polêmica, centralizada na
exploração dos acontecimentos cotidianos em bases sensacionalistas.
O mapeamento quantitativo foi realizado com a aplicação de questionários
estruturados, com perguntas fechadas, junto a um público composto pelas classes AB, C
e DE, morador na região do ABC paulista, pois entendemos que este perfil contempla a
média da população urbana, pela diversidade de origens, profissões e atividades,
características dos moradores desta região. Foram entrevistadas 418 pessoas,
selecionadas de maneira não probabilística por cotas, representadas pelas cidades de
aplicação. Anteriormente ao estudo quantitativo foram realizados grupos focais para
identificação das variáveis envolvidas na recepção dos conteúdos com apelos
sensacionalistas. Foram também analisados os discursos de três programas
representativos do aspecto da “exploração” da violência assim nomeados pelo receptor
na pesquisa quantitativa (Programa do Ratinho, Cidade Alerta e Brasil Urgente), tendo
em vista uma comparação entre emissão e leitura. 1
A descrição dos hábitos de consumo dos meios de comunicação dos
entrevistados revela uma freqüência regular de leitura de jornais e revistas, com 20,6%
lendo jornal “todos os dias” e 27,3% “pelo menos uma vez por semana”, enquanto
revistas são lidas “toda semana” por 37,7% e “pelo menos uma vez por mês” por 21,2%.
O instrumento utilizado não levou em consideração a origem desses jornais e revistas,
se comprados pela própria pessoa, ou emprestados. Esse aspecto, entretanto, era

1
Pesquisa de campo realizada entre outubro e dezembro de 2002.

4
ocasionalmente revelado durante a aplicação por meio de comentários como “leio no
serviço”, “empresto de conhecidos”, “leio na manicura”. A maioria (68,8%) ouve rádio
“todos os dias”. Essas informações são condizentes com o perfil escolar e
socioeconômico dos entrevistados, reforçando o conhecimento de que a população,
regra geral, não tem o hábito de leitura freqüente, por questões culturais e financeiras.
Em se tratando de televisão, apenas 12,5% assistem à TV “menos de uma hora
por dia”, sendo que 45,8% assistem “entre 1 e 3 horas por dia” e 19,7% entre “3 e 4
horas” e o restante, 22%, têm um consumo diário de televisão “acima de 4 horas”, o que
consideramos um alto índice tendo em vista a concentração etária destes respondentes,
entre 18 e 37 anos.
Ainda que nem todas as pessoas tenham a televisão como elemento regulador de
suas atividades diárias, mais da metade delas (52,8%) dizem que só assistem ao que
interessa na televisão, e aí têm uma audiência regular. Outras têm uma rotina de
audiência de televisão bem definida, com programas específicos pela manhã, tarde e
noite. Entre os 38,5% que dizem ter uma regularidade de programação televisiva, 64,4%
têm uma rotina a partir das 19h, quando assistem principalmente à telejornais em geral
(17,4%), ao Jornal Nacional (15,7%) e à novela da Globo (13,9%). À tarde, os
programas preferidos são os esportivos, em geral, e Malhação. Pela manhã o programa
Mais Você (Ana Maria Braga) se destaca em audiência regular (33,3%). Nessa rotina
geralmente está incluído um ou outro programa com as características objeto do estudo
realizado, seja ele Cidade Alerta, Brasil Urgente ou Hora da Verdade. O Programa
do Ratinho não faz parte desta rotina, mas, embora considerado um dos piores
programas da atualidade, todos fazem menção a um de seus quadros, ainda que seja
pelas chamadas de divulgação.
Estes hábitos de consumo de televisão tornam-se relevantes ao considerarmos a
opinião das pessoas em relação ao papel da televisão em suas vidas. A programação de
TV como um todo é considerada falha, porém é a única opção de lazer da população.
Faltam opções e isso, em parte, justifica a audiência do que existe. Essa é a opinião das
pessoas e o argumento para a audiência de uma programação considerada deficiente em
proporcionar conhecimento e diversão. Para 63,8% dos entrevistados, a televisão
representa um “meio de informação”, embora também considerem que seja “distração”
(50%). É considerada “fonte de diversão” por 20,5% e “um hábito” por 19,6%.
O consumo dos meios de comunicação de massa, especificamente jornais,
revistas, rádio e televisão é caracterizado pela rapidez e necessidade de informação

5
sobre o ambiente social, econômico e político, nessa ordem. Dos meios impressos, o
jornal dá uma visão geral dos acontecimentos e só se busca a revista quando há
necessidade de ‘detalhamento’ e aprofundamento das informações. Os meios
eletrônicos, rádio e TV, fazem parte do cotidiano. O rádio, opção para os horários em
que não é possível ver a TV, por questões físicas (deslocamento, trabalho) e a TV,
centro do relacionamento receptor-meios, principal fonte de informação, paliativo para
diversão e lazer. Com todos os meios, respeitados os limites de acesso temporal e
financeiro, a relação é constante, contínua, rotineira, mas superficial.
Em observações sobre a mídia e violência, Rondelli (1996, p. 34-37) chama a
atenção para a dissociação entre crimes econômicos ou de corrupção e a criminalidade
mais geral, difundida na sociedade. Segundo a autora, “os chamados crimes contra a
pessoa são mais visíveis, detectáveis e passíveis de serem transformados em imagens
dos noticiários”. Os resultados do estudo aqui apresentado mostram que os temas
‘política’ e ‘economia’, mesmo citados entre os preferidos, são assuntos acompanhados
quase por ‘obrigação’, percebendo-se uma certa desconfiança em relação à atuação
governamental. As pessoas lêem para ficar informadas, e essa ‘informação’ não é
suficiente para provocar uma reflexão sobre os motivos da criminalidade comum, que
podem, muitas vezes estar relacionados à desvios de verbas, por exemplo.
Confirmando o conceito de “justaposição de audiência” (WRIGHT, 1973, p. 67),
quem tem o hábito de consumo de um veículo, regularmente consome outros, na busca
por detalhes, complementação da informação. Dificilmente basta um veículo, o que,
entretanto, não reflete um desejo de aprofundamento, mas sim diversidade – ler Veja e
Caras, por exemplo. O mais importante é a quantidade e não a qualidade. Veículos que
aprofundem os comentários são considerados “cansativos”. No processo de avaliação, o
que é dizível é melhor expressado no lúdico. O jornalismo não precisa ser ‘inteligente’,
“jornal comentado é chato, longo”,2 basta informar sobre os acontecimentos. Já o
humorismo tem que ser “inteligente”, os filmes, “interessantes” e as novelas “coerentes”
com os valores e experiências de cada um.
Pessoas das classes socioeconômicas AB usam mais estereótipos para
expressarem suas percepções e opiniões, o que atribuímos a um maior acesso aos meios,
que se reflete em uma maior assimilação de critérios hegemônicos. Os comentários
desse grupo demonstram que seus componentes supõem ter um senso crítico mais

2
Declaração de entrevistados.

6
desenvolvido, ou pelo menos mais alerta, porém, isso não se reflete em uma prática
diferenciada. Consomem os mesmos programas, com rotinas semelhantes aos demais
grupos. Pessoas da classe D são mais ‘espontâneas’, descrevem seus hábitos com mais
liberdade, o que resulta em um perfil de maior aproximação dos meios, especialmente
rádio e TV: gostam de ouvir rádio e assistir à televisão, e somente fazem isso quando há
forte identificação com os conteúdos, caso contrário, “vão dormir, ou conversar com os
vizinhos”.
Buscando o sentido dado aos conteúdos televisivos, focados no sensacionalismo,
a partir do questionamento sobre ‘o que há de pior na televisão’, descobrimos que a
dramatização e a manipulação são os principais fatores de desagrado. No delineamento
da presença da violência na TV fica claro que a exploração de situações fora do comum
(aberrações e exotismo) e o uso de vocabulário vulgar constituem-se nos aspectos mais
citados, sendo que na relação imagem x palavras, as palavras adquirem maior peso entre
as pessoas com maior diversidade de acesso aos meios, enquanto aquelas com acesso
restrito praticamente não fazem a diferenciação.
Educação é uma das funções menos consideradas relevantes à televisão, sendo
que por educação entendem programas que “ensinem a fazer alguma coisa” (67,3%),
uma visão instrumental que não inclui a formação cidadã do telespectador. Entretanto,
existe uma grande expectativa em relação ao papel da televisão como educadora junto
às mães. As donas-de-casa se ressentem da falta de programas que conversem com elas,
que lhes dêem dicas sobre como cuidar da família. A opinião geral é que “é difícil
educar filhos hoje em dia”, existe um saudosismo de como as coisas eram diferentes e
boas antigamente. Neste caso, é preciso considerar que entre o que as pessoas lembram
de vivências passadas e o que foi real existe uma diferença além das mudanças de
parâmetros ao ser feita a comparação com o que vivem hoje.
Apesar da importância dada à informação, a maioria das pessoas (56,1%) só se
sente informada “de vez em quando” ao assistir à TV. Um estado de nervosismo quando
assistindo à televisão é considerado acontecer “de vez em quando” para 48,7%,
enquanto 43,9% dizem “nunca” terem esse sentimento em relação aos conteúdos da
televisão, o que interpretamos como uma relação momentânea e superficial a
estabelecida entre a TV e seus telespectadores. O discurso dos receptores nos mostra um
cotidiano caracterizado por um contexto cultural em que a presença da televisão é
interpretada como parte constituinte natural. A televisão ‘faz parte’ da rotina, sem,
contudo, ‘ser a rotina’. Percebe-se que a relação com esse meio é dialógica, as pessoas

7
ligam e desligam a TV, ou a deixam ligada o tempo todo, conforme suas necessidades
de entretenimento e informação. Assistem à televisão porque ela está lá, de fácil acesso,
bem ou mal, informando sobre o que acontece na cidade e no mundo.
O fato de ser a TV a principal opção de lazer não significa que seja a única.
Dentre as atividades “para passar o tempo” mencionadas, aquelas que promovem a
interação social são as de maior destaque: sair de casa, praticar esportes, fazer
atividades com netos, passeio e bate-papo. Ainda que nessas ocasiões manifestem-se
subprodutos do consumo televisivo, seja nas temáticas das conversas, ou nos padrões de
consumo de bens, o que observamos é que a maneira como isso ocorre não se constitui,
em momento algum, uma via de mão única. Retomando Martín-Barbero, verificamos
nesse processo que a recepção extrapola o momento da audiência, fazendo parte do
estabelecimento do indivíduo como ser social.

3. Os gêneros e os produtos dos meios de comunicação de massa


Gêneros são categorias a partir das quais podemos agrupar trabalhos
semelhantes, que refletem um momento da sociedade, auxiliando a produção e leitura
desses trabalhos. Autores diversos (FISKE, FEUER, MARTIN-BARBERO, WOLF,
BORELLI, BALOGH, LOPES) concordam que esta definição pode ser feita a partir das
estruturas, da estética, como nos gêneros literários, embora, em alguns casos, salientem
a necessidade de diferenciação quando o assunto é meios de comunicação de massa. Da
mesma maneira que na literatura os textos são categorizados como dramáticos, líricos e
épicos, a produção dos meios de comunicação também segue uma categorização: filmes
de ação, musicais, filmes de terror, comédias de situação, shows, programas
informativos, telenovelas, música pop, música erudita, reggae, rock, revista de
variedades, revista de culinária, livros de ficção, de autoajuda, literários, didáticos, entre
outros. Ao falar em preferências pela programação de televisão, no estudo realizado,
implica em classificar os programas, o que foi feito a partir da estrutura do discurso
televisivo, resultando em: narrativos (filmes, telenovelas, telejornais - justificativa: têm
um texto pré-concebido), de auditório (também tem um texto-guia, porém existe a
intervenção que, ainda que programada, interrompe a narração, criando um efeito de
espontaneidade).
Feuer (1987, pp. 113-116) considera que os gêneros nos meios de comunicação
de massa devem ser estudados de forma distinta dos gêneros literários na medida em
que “drama e lírica, tragédia e comédia abrangem trabalhos diversos e várias culturas e

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séculos”, enquanto filmes (referindo-se ao cinema) e televisão são culturalmente
específicos e limitados temporalmente. Entretanto, se entendemos os gêneros como
atitudes em face do mundo, podemos abordar as diversificações a partir da concepção
de transformação ou mutação que ocorreriam por inversão, deslocamento ou
combinação (TODOROV, 1980, p. 46), caracterizadas no meio televisivo por uma
maior velocidade, reflexo da “aceleração da temporalidade, da voracidade no consumo
dos produtos veiculados, da obsolescência programada desses mesmos produtos”
(BALOGH, 2002, p. 93), sem necessidade de uma distinção radical. Nesse aspecto,
Feuer (1987, p. 115-117) prefere a diferenciação feita por Todorov que vê os gêneros
literários como produtos de uma teoria literária existente em oposição aos gêneros do
cinema e televisão, que tendem a ser históricos no sentido de serem derivados de
observação de fatos literários pré-existentes, o que faz com que “alguns gêneros sejam
aceitos pela cultura,3 enquanto outros são definidos pelos críticos”. Em linguagem de
mercado, isso significa entender gêneros nos meios de comunicação de massa como
recurso para atender às necessidades de padronização de produto, oposto ao conceito
literário de um trabalho de autoria.
A dimensão numérica do grupo receptor e a sua importância dentro de um
contexto industrial que no caso “assegura uma audiência para a publicidade” implica em
uma maior preocupação com a utilização desta ou daquela categoria. Entre as
abordagens do conceito em referência à cultura de massa, encontram-se aquelas que
consideram a questão estética, mais relacionada ao trabalho de autoria e a abordagem
ritual que vê gênero como uma “troca entre indústria e audiência, por meio da qual a
cultura toma voz” (FEUER 1987, p. 119), visto por Martín-Barbero (1997, p. 301) como
“estratégia de comunicabilidade”, sendo o gênero na cultura de massa algo que ocorre
“pelo texto”, que é reconhecido culturalmente pelos grupos, dependendo, portanto, mais
de competência do que de estruturas. Os gêneros, nesse sentido, “constituem uma
mediação fundamental entre as lógicas do sistema produtivo e a do sistema de consumo,
entre a do formato e a dos modos de ler, dos usos” (MARTIN-BARBERO, 1997, p.
298).
A inserção do grupo receptor/audiência na problemática, entretanto, traz à tona
questões ideológicas, entendendo gêneros “não como categorias neutras, mas como
construtos ideológicos que fornecem e reforçam uma pré-leitura” (FEUER, 1987, p.

3
Aqui utilizada no sentido elitista, uma vez que tudo faz parte de uma cultura.

9
118), uma terceira abordagem, segundo a qual, as leituras seriam orientadas por
condições de produção que buscam, num contexto hegemônico, levando os leitores a
naturalizarem a ideologia dominante. Essa é uma interpretação do conceito que
considera gênero como “sistemas de orientação, expectativas e convenções que
circulam entre a indústria, o texto e o sujeito” (NEALE apud FEUER, 1987, p. 118), ou
seja, como “um projeto ideológico cujo objetivo é controlar as reações da audiência
fornecendo-lhe um contexto interpretativo” (ALTMAN apud FEUER, 1987, p. 118).
A palavra-chave para entender a atuação do gênero, tanto do lado da produção
quanto da recepção, é competência. Competência para reciclar e semantizar em gêneros
televisivos as demandas dos públicos que buscam entretenimento (MARTIN-
BARBERO, 19979, p. 298), ainda que nesse processo ocorra a limitação do campo da
comunidade interpretativa na medida em que lhe é dado pronto “um contexto para a
interpretação de filmes, ao nomear um conjunto de intertextos, de acordo com o qual um
novo filme deve ser lido” (WOLF apud BALOGH, 2002, p. 91), e competência para ler
os gêneros a partir do contexto do cotidiano.
Os gêneros tornam-se, assim, a matriz da leitura, que necessita competência para
ser entendida como tal. E quem propicia esta competência? A cultura em que o
leitor/receptor está inserido, caracterizada pela cotidianidade, pela repetição, e a
emissão que devem considerar as matrizes culturais do cotidiano na elaboração de sua
programação. Os produtos televisivos podem ser idealizados em função de um mercado,
porém, se o consumo acontece a partir do cotidiano, o tempo do cotidiano deve ser um
aspecto visível na construção dos produtos, um tempo repetitivo, constituído de
fragmentos, contrário ao tempo medido, base da produção capitalista. Nesse sentido,
então, a questão do gênero no meio televisivo pode ser entendida sob a perspectiva do
tempo e da cultura do cotidiano, perspectiva que nos facilita o trabalho na medida em
que permite resolver algumas questões polêmicas dentro dos parâmetros teóricos
existentes. Martín-Barbero (1997, p. 302) diz que os gêneros “não são abordáveis em
termos de semântica ou sintaxe: exigem a construção de uma pragmática, que possa dar
conta de como opera seu reconhecimento numa comunidade cultural”, enfatizando que
no caso da televisão deve ser considerado "tanto por sua arquitetura interna quanto por
seu lugar na programação: na grade de horários e na trama do palimpsesto".
O mesmo autor explica que a base da competência de leitura do telespectador é o
cruzamento de gêneros e tempos; em que, enquanto gêneros, os textos são replicados e
enviados “uns aos outros nos diferentes horários do dia e da semana”, enquanto tempo,

10
cada “texto remete à seqüência horária daquilo que o antecede e daquilo que o segue, ou
àquilo que aparece no palimpsesto nos outros dias, no mesmo horário” (MARTIN-
BARBERO, 1997, p. 296). O palimpsesto, caracterizado pela superposição de
experiências, de textos, que se transformam a cada leitura, conforme as demandas, se
configura nos gêneros televisivos como uma retomada de conhecimentos, contribuindo
para o
equilíbrio entre desejos dos sujeitos e aparato da indústria cultural,
possibilitando que o público receptor incorpore não o falseamento, a
ilusão que distorce ou a imagem que aliena, e sim - na expressão de
Dudley Andrew - o 'prazer conhecido' (LOPES, BORELLI e
RESENDE, 2002, p. 250).

A recepção da televisão não se dá apenas pela aceitação de uma seqüência de


programas, organizada a partir da repetição e intercalação de gêneros, é preciso que os
textos, conteúdos destes gêneros, sejam lidos e aceitos. Borelli aborda a questão dos
gêneros no meio televisivo, em especial os gêneros ficcionais, a partir da construção de
um imaginário contemporâneo e de uma mitologia moderna. Para a pesquisadora, “os
gêneros ficcionais são matrizes culturais universais recicladas e transformadas na
cultura de massa (...) que continuam 'a reproduzir' a grande tradição imaginária de todas
as culturas”; nesse sentido, “os gêneros - com suas tramas, personagens e temáticas,
familiares e reconhecidas pelo público receptor - entram como alternativas exemplares
na constituição dos mitos, verdadeiros ‘modelos de cultura’” (BORELLI, 1994, p. 132).
Ao relacionar cultura e produção em série é preciso, entretanto, nos afastarmos o
máximo possível do senso comum de que os produtos dos meios de comunicação de
massa são característicos e construídos para uma massa sem cultura. Produzidos para o
consumo massivo, não podemos esperar que os conteúdos televisivos, na emissão ou na
recepção, respondam às mesmas exigências daqueles elaborados e realizados dentro de
uma perspectiva de fruição única, 4 os gêneros televisivos são aqui comentados a partir
da proposta de distinção entre cultura textualizada e cultura gramaticalizada, entendidas
como
aquela que remete à intelecção e à fruição de uma obra às regras
explícitas da gramática de sua produção, e uma cultura textualizada,
na qual o sentido e a fruição de um texto remete sempre a outro texto,
e não a uma gramática, como ocorre no folclore, na cultura popular, na
cultura de massa (MARTIN-BARBERO, 1997, p. 298).

4
Não são aprofundadas as questões colocadas por Walter Benjamin em "A obra de arte na época de sua
reprodutibilidade técnica".

11
É a noção de gênero que permite a serialidade, tão importante na cultura de
massa, pois permite uma produção contínua, por meio do uso de formatos consagrados,
a “reiteração de fórmulas e esquemas que foram sendo sedimentados pela aceitação do
público” (BALOGH, 2002, p. 90), lembrando a partir de Fiske (1999, p. 111), que “os
gêneros são populares quando suas convenções têm uma relação próxima da ideologia
dominante do momento”.
Assistimos hoje, ou digamos nos últimos dez anos, à programas de televisão
constituídos por textos caracterizados “por uma bricolagem de gêneros e subgêneros, de
materiais de arquivo e outros especialmente filmados para o programa, de imagens
estáticas reaproveitadas e imagens em movimento, etc.” (BALOGH, 2002, p. 94). Essa
dinâmica dos conteúdos televisivos, entretanto, não deve ser interpretada do mesmo
modo que na cultura culta, ou seja, a partir da ruptura e transgressão. Muito pelo
contrário, deve ser vista como inerente ao próprio sistema produtivo, que se transforma
internamente e externamente, atravessado pela intertextualidade dos outros meios
(WOLF, 1986) e pela dinâmica da sociedade em que está inserido, atendendo às
questões ideológicas anteriormente mencionadas, o que reforça a centralidade do gênero
nos produtos televisivos, pois é a partir de um conjunto de formatos e regras que ocorre
toda a construção, mudança e recepção.

4. A leitura dos gêneros: identificação dos programas e preferências pela


programação
De um modo geral, os programas são identificados espontaneamente pelos seus
apresentadores e pelo gênero. Os nomes dos programas somente são mencionados com
maior freqüência na abordagem mais aproximativa, ou seja, nas entrevistas. Também
são identificados pelo horário de exibição. Falam que pela ‘manhã’ e à ‘tarde’ são
apresentados programas com mulheres, que ensinam receitas e dão conselhos dos
médicos. Aos ‘domingos’ não há uma programação, só os programas musicais. Um
aspecto relevante no discurso de classificação é o reconhecimento da programação a
partir das atividades cotidianas. Aos domingos, os programas musicais proporcionam
lazer, o mesmo acontecendo com alguns programas exibidos à tarde, entre 14h e 17h,
que para algumas pessoas, é um momento de relaxamento.
Telejornais, filmes, telenovelas e esportes são os gêneros de programas
preferidos dos entrevistados, sendo que telejornais são os mais assistidos (74,6%). Os
telejornais são considerados diferentes uns dos outros, pois mostram os assuntos sob

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diferentes pontos de vista. O papel representado pela televisão como principal meio de
informação transparece também na classificação dos programas considerados os
melhores: Jornal Nacional (27,3%), Jô Soares (10,3%), Globo Repórter (9,6%) e
Fantástico (9,3%). Nesse resultado fica clara a intertextualidade na leitura da
programação reforçada na mistura de gêneros: Jornal Nacional e Globo Repórter
fornecem a informação pura, enquanto Jô Soares e Fantástico propiciam um misto de
informação e entretenimento, ajudando a ‘fechar’ o dia e iniciar a semana.
Na classificação da programação por gênero, a distribuição de audiência, 38,6%
para telenovelas e 34,5% para esportes, explica-se pela distribuição de homens e
mulheres da amostra. Especificamente, as mulheres preferem novelas (58,44%) e os
homens preferem esportes (62,3%). Outros gêneros em que há diferenciação de
preferência são programas de fofocas, preferidos pelas mulheres (20,35%) e
humorísticos, preferidos pelos homens (20,22%). Essa diferença de preferência reflete
uma questão cultural do papel da mulher na sociedade. Ainda que os costumes tenham
se modificado, com a inserção da mulher no mercado de trabalho, com algumas
mudanças de valores, notamos, nesses resultados, que, no cotidiano do lar, os
comportamentos estereotipados persistem: mulheres gostam de fofocas e homens,
esportes e sexo (representado aqui pelos programas humorísticos brasileiros, com forte
conteúdo de apelação sexual, exploração do corpo feminino e situações sexistas).
Programas que “ajudam a população a resolver problemas”, SPTV aqui
mencionado como exemplo, são preferidos por 17,8% da amostra. O acompanhamento
dos acontecimentos diários, ao vivo, ou mesmo gravados, com ênfase no inusitado,
como acontece em Cidade Alerta e Brasil Urgente, é considerado informativo por
15,9% dos entrevistados. Essa preferência concretiza-se no reconhecimento da Rede
Globo como tendo o jornalismo mais informativo e mais diversificado, na perspectiva
dos telespectadores. Os noticiários das outras emissoras, Bandeirantes, Record e SBT,
são citados a partir de uma necessidade de complementação de informações, a exemplo
daquilo já comentado em relação à justaposição de fontes. Ao ser ‘bombardeado’ por
informações, o telespectador sente-se instrumentalizado para o convívio social.
Cidade Alerta e Brasil Urgente, após a entrada de José Luís Datena como
apresentador, são programas vistos, em alguns casos, como fonte de informação sobre
os acontecimentos da cidade, sendo considerados também programas que orientam a
população para a “sobrevivência nas grandes cidades”. São classificados como

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‘programas policiais’, ficando a denominação ‘telejornais’ para o Jornal Nacional,
Jornal da Record, Jornal do SBT e Jornal da Band.

Conclusão
O homem constrói os significados a partir da Cultura em que está inserido,
intercambiando com a Ideologia os parâmetros de interpretação. Hoje vivemos num
contexto mais do que ideológico, em que o ‘real’ é orientado por interesses que
compactuam em alianças com bases na dinâmica de escolhas culturais. A análise dos
significados dados aos conteúdos dos programas de televisão, os comportamentos
notados: a aversão (nada presta), em alguns casos a des-sensibilização (o mundo é assim
mesmo), em outros até a apatia ou mesmo a elaboração (eu converso sobre os
programas), nos mostra a superfície de uma leitura que reflete, acima de tudo, uma
assimilação hegemônica da representação dos acontecimentos. Interpretamos as
representações do que se vê na televisão a partir de um contexto no qual interagem
interesses ideológicos que dirigem os sentidos para a facilitação da aceitação das
situações. Retomando Rondelli (1996, p. 35), “a mídia torna-se uma caixa de
ressonância da opinião pública”, sensibilizando as pessoas em relação à existência e
freqüência da violência, ao que acrescentamos que não necessariamente no sentido da
mobilização em prol de uma solução.
A guerra pela audiência não permite mais que as intenções da emissão sejam
restritas a grupos muito específicos, principalmente em uma televisão generalista como
a brasileira, em um país de dimensões territoriais como o Brasil, dominado por dois, no
máximo três, grupos de comunicação. Os conteúdos, ainda que produzidos para um
perfil específico de público, devem, na medida do possível, contemplar as expectativas
de públicos secundários. Isso aponta caminhos para entendermos como pessoas
supostamente diferentes consomem os mesmos conteúdos. Cada grupo lê no conteúdo
aquilo que melhor convier para sua posição no contrato hegemônico, ou nas palavras de
Arendt, conforme a ‘camada que ocupa na cebola’ (SOUKI, 1998).
Esta assimilação hegemônica a que chegamos, entretanto, não reflete os
pressupostos de uma abordagem “apocalíptica”, que vê os receptores como um grupo à
mercê de um sistema simbólico dominante, que alimenta a passividade e o
conservadorismo (TODA y TERRERO, 1996, p.41), pelo contrário, cada um ‘se vê na
televisão’ a partir de um ponto de vista, vítima ou algoz, reflexo ou fonte. A televisão
funciona como uma oportunidade de sentir-se parte do contexto maior, concorrendo

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para a identificação popular na cultura hegemônica, permitida pelas indústrias culturais,
posição explicitada por Martín-Barbero.
Percebe-se que a matriz social do discurso dos entrevistados se constitui dos
aspectos percebidos pelo receptor, de acordo com seu ambiente social e cultural,
fazendo uma leitura emocional, individualizada, das narrações, “os apresentadores
mostram os fatos, e eu aproveito o que interessa”. Separa informação de entretenimento,
quando requisitado a fazer uma avaliação conjunta, sem que isso, entretanto, se reflita
no consumo geral, quando emoção e razão não se separam. O discurso do receptor
reflete o discurso do emissor: meios de comunicação de massa significam informação,
que não necessita ser detalhada. A tecnologia significa a possibilidade de captação do
fato, na sua forma mais real. O controle interacional é exercido pelos recursos
lingüísticos, por silêncios e pelos intervalos comerciais, traduzidos em oportunidade
para mudar de canal.
Quando o receptor diz que a televisão “não faz nada além do que retratar a
realidade”, ele está em consonância com um contexto ideológico que mostra uma
sociedade violenta como nunca, sem que isso se confirme nas estatísticas históricas. Tal
interpretação é fruto do bombardeio de informações. Os fatos são vistos isoladamente,
não há contextualização ou reflexão. Daí a interpretação da violência apenas como
sendo atos individuais (as pegadinhas, a falta de respeito ao ser humano praticada no
Programa do Ratinho). A exploração de imagens e relatos que retratam sangue, morte,
atos físicos é considerada elemento necessário a um conteúdo fragmentado.
A partir das descobertas aqui apresentadas, verificamos que cada vez mais se
confirma o que Martin-Barbero (1997, p. 281) fala sobre a necessidade de uma reflexão
sobre os meios de comunicação mais aprofundada e ao mesmo tempo abrangente, tendo
em vista levantar questionamentos livres de análises que reduzem o processo de
comunicação ao da transmissão de uma informação, reproduzindo as abordagens
metodológicas a preocupações com a análise da mensagem ou da recepção,
separadamente, quando muito, problematizando efeitos e reações.

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