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esclarecer: como conhecer o passado de “alta instrução”, aquele que “lhe dá alta
tal modo que o conhecimento produzido valia”. Porém, ao mesmo tempo, o ex-
seja importante para aqueles que o jagunço sabe que, sem seu conhecimento,
consomem? Penso que a relação da o escritor nunca vai conseguir escrever
História com a Memória pode uma história do sertão como contraponto
compreender isso. Investigar memórias é dos livros e dos materiais escritos que o
encontrar novas narrativas e outros escritor lê em sociólogos e intérpretes do
sentidos de História, inclusive sentidos Brasil. O ex-jagunço sabe que, na pesquisa,
mais inclusivos para muitos que estão fora o único que ainda guarda histórias do
de narrativas memorialísticas consagradas sertão como arquivo vivo é ele, que tem
de História. Só a pesquisa pode fazer isso. outra memória do sertão para contar, tão
Os que resistem à História Pública válida como a do escritor. Que também
guardam sua dose de razão. entende e reconhece a autoridade do ex-
jagunço. O mestre não é quem sempre
O fundamento social da História
ensina, mas quem de repente aprende. Eis
pode ser entendido como a convicção de
que o passado é matéria viva encarnada em o epíteto do romance rosiano.
narrativas que contam, do princípio ao O início da História ciência
fim, o que teriam sido acontecimentos e contou com conflitos assemelhados a uma
processos sociais, de tal forma a significar disputa por memórias e lugares. Quando
para outros públicos sobre o que são suas instituída a ciência histórica no século XIX
vidas individuais e/ou coletivas. Se numa europeu, como modo de exaltar sua
tradição intelectualista – que põe o relevância social, os cientistas quiseram
intelectual como consciência do público a fazer passar pelo seu crivo a validação de
quem falta a compreensão que, ele, qualidade das narrativas do passado
intelectual, deve suprir - e mesmo numa produzidas, como se só houvesse valor
tradição científica – em que o cientista é naquilo que eles escreviam. Pois todos
aquele que chega a resultados para o aqueles que escreviam do ou sobre o
conhecimento mais bem acabados e passado, e cujos públicos não faziam
firmados na convicção de que suas questão da chancela científica, foram
verdades sejam mais precisas e exatas por aqueles públicos que aceitavam, por outro
causa de seus métodos e o rigor de sua sistema de autoridade, a validade de
análise validada pela autoridade da ciência conhecimento dos que escreviam história
– tais tradições podem ocultar um risco. O por modos que não eram autorizados pela
de que o cientista ou o intelectual mais universidade (Bann, 1994). Talvez
bem conhecem o passado para fazer registrem-se aí os acontecimentos ligados
aquela narrativa - é ele quem sabe. E a um passado da disciplina histórica que
ninguém mais saberia. A questão da firmou as bases de sua validação e de sua
especialização em História é bem explicação auto-centrada: uma vez que
imbricada com a pesquisa sobre o públicos diversos não aceitavam a
humano, uma vez que tratar do humano autorização de historiadores formados e
para o humano não deve pretender dizer treinados pelos rigores da ciência, então
ao humano o que ele é, desdenhando seu desprezem-se os públicos. Mesmo fossem
conhecimento. eles “homens de letras”, que foram
aqueles quem, até antes da cientifização da
Na obra-prima Grande Sertão:
história, compunham as academias e
Veredas, de João Guimarães Rosa, o
grêmios intelectuais onde se escreviam
protagonista, um ex-jagunço, Riobaldo
sobre o passado de um lugar, um povo,
Tatarana, é o sertanejo que concede uma
uma nação. E que eram reconhecidos
entrevista ao homem da cidade que vai
publicamente.
publicar um livro. O ex-jagunço entende o
homem da cidade como alguém que lhe dá Para um saber de valor e uso
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