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Bioquímica

Do
Metabolismo

2016/2017
Raquel Pinto
Licenciatura em Bioquímica
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

INTRODUÇÃOZECA A
CONCEITOS PRINCIPAIS DA
CADEIRA
CÉLULA ANIMAL
A célula animal encontra-se
organizada em múltiplos
agrupamento/organelos.
Organelos mais importantes
para esta cadeira:
➢ Mitocôndria – produção de
energia a partir de qualquer
nutriente que se transforme
em Acetil-CoA. Nas
membranas da mitocôndria,
através de gradiente do
gradiente eletroquímico de
protões, dá-se a fosforilação
oxidativa de ATP;
➢ Reticulo endoplasmático e
Ribossomas – processos Também somos capazes de produzir
biossintéticos. açúcar, mas não a partir de CO2,
formamo-lo a partir de compostos já
carbonados (piruvato, alguns
aminoácidos como a alanina, etc.)

Termodinâmica dos organismos não é nula nem neutra devido a perdas. A


transformação de nutrientes em maioritariamente CO2 e H2O ocorre em diversas
etapas. Com estes múltiplos saltos, consegue captar mais energia, uma vez que
temos menos perdas.
Mais passo = Menos perdas energéticas!!

CÉLULA VEGETAL

Fototróficos – têm como


fonte de energia a luz

Difere das células vegetais em:


➢ Parede celular;
➢ Vacúolo para reservas
nutricionais;
➢ Cloroplastos – capturam a
energia celular através da luz.

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3 BASIC PARTS OF A CELL


➢ Citoplasma, onde existem os organelos;
➢ Núcleo;
➢ Membrana celular – barreira que controla entradas e saídas através de proteínas
membranares. A membrana contém bombas iónicas e colesterol (controla a
fluidez da membrana, tem função de tampão de fluidez membranar).

A diferença entre o bom e o mau colesterol é a forma como este é transportado e


o seu tamanho. Se for grade tem mais tendência a formar barreiras nas
veias/artérias

A Glicose entra na célula através de recetores na membrana, que ao ser produzida uma
hormona, normalmente a insulina, “chama” moléculas transportadoras de glucose que se
ligam à membrana (GLUT). Este, apesar de tudo, é um processo demorado.
Necessitamos, portanto, de um armazenamento de glicogénio, que responde a
necessidades súbitas de glicose, como algum tipo de choque ou esforço físico.
Ao reverter ao glicogénio em exercício anaeróbio, obtém-se mais energia mais
rapidamente, uma vez que a glicose ao “sair” do glicogénio fosforila-se,
automaticamente, sem gastos energéticos, tendo uma energia potencial superior.

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MITOCÔNDRIA
Quantas mais cristas e invaginações esta tem, mais
capacitada está para produzir energia.
Cria um gradiente que é mais forte quanto menor for
o volume. Cristas mais finas e mais alongadas, têm menor
volume e, portanto, maior gradiente protomotriz. Isto
equivale em mais capacidade para formar energia.

ETAPAS BÁSICAS DO METABOLISMO

Se entenderes
este esquema
tens 20 na
cadeira

VIA RÁPIDA
Lactose = glucose + galactose
➢ Glucose, frutose e lactose
Galactose é um epímero da glucose.
VIA DAS PENTOSES FOSFATO Galactose, pela ação de uma enzima
➢ 5C -> síntese de ácidos nucleicos; transforma-se na glucose
➢ Forma mais ou menos potencial
redutor;

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➢ Via mista entre potencial redutos e


via energética.
VIA GLICEROL-FOSFATO
➢ Síntese de lípidos a partir de glicerol-
fosfato.
CICLO DE KREBS
➢ Entra H2O;
➢ ½ de equivalentes redutores da
glucose e ½ da H2O;
➢ Glucose tem 6 H, isto é, equivalentes
redutores. No final do ciclo de Krebs,
forma-se o dobro dos potenciais
redutores, isto é, 12 H2O.
➢ Entram 3 H2O por ciclo de Krebs,
quando o substrato é a glicose.
➢ Com lípidos é necessária mais água.
Isso depende do substrato. Quanto mais Temos muitos mecanismos para
insaturado, mais água será necessária. combater agentes oxidantes
(oxidação), devido á nossa
CICLO DO GLIOXILATO atmosfera oxidante, mas para
➢ Glioxilato (2C) -> Glioxilato + Acetil-CoA = agentes redutores já não temos.
maltose (esta maltose acaba por voltar ao
ciclo);
➢ Subcinato (4C) -> Produção de glicose.

Acetil CoA pode ser utilizado no ciclo de Krebs ou pode ser armazenado na síntese
de esteróis.
A maior produção de NADH dá-se pela Malato desidrogenase, isocitrato
desidrogenase, etc.
O FADH2 não se desliga do centro ativo da enzima, ao contrário do NADH.

GLICÓLISE E GLUCONEOGÉNESE
Glicólise é um processo do catabolismo.
A Gluconeogénese é um processo de anabolismo.

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O último passo da gluconeogénese é o processo mais complexo, uma vez que


não temos enzimas que o reverta, o salto energético é muito grande, esse passo é,
portanto, dividido em dois passos de forma a facilitar esse salto energético.
O processo de glicose não tem exatamente as mesmas etapas que a
gluconeogénese.
A Glicólise tem o tempo ideal para a formação de ATP.

Blocos 3-7. (O bloco de 3


Em vez de Usam-se pode-se juntar a outro de 3
blocos de 5C e volta a ser metabolizado)
(5-5)

HLC Lípidos
Tirar O e pôr H
➢ Componente biossintética; Combater a segunda lei da
➢ Obtenção de E termodinâmica -> repor a ordem.

Piruvato: muito regulado e controlado porque é um intermediário muito volátil.

Lactato no ciclo de Cori, fica volátil e é libertado do organismo.

PRODUÇÃO DE ATP
➢ Pela força eletromotriz;
➢ Se a membrana for muito fluída, perde-se o gradiente de H e a produção de ATP
reduz.

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LÍPIDOS
Usados para energia em formato de 2C (Acetil-CoA), através da sua oxidação.

Hexanoic acid Glucose


Vs. (C6H12O6)
(C8H12O2)

Menor massa, Está mais oxidada, por


mas mais 4 ATP isso tem menos
energia potencial.

celulose -> hidrocarbonetos.


Desidratação da matéria
Individuo de 70kg apresenta 10 kg de gordura.
orgânica, com temperaturas
Para a mesma energia, há vantagem em
altas, para retirar oxigénios.
termos de peso corporal de armazenar a fonte
Redução e produção de
de energia na forma de gordura
hidrocarbonetos

A síntese lipídica ocorre num complexo enzimático, com 7 locais ativos. As


etapas de todas as reações ocorrem no mesmo complexo.

Apontamentos random:
➢ Anabolismo -> cede eletrões/ equivalentes redutores.
➢ Abundância de energia e blocos -> armazenamento.
➢ Glicólise é uma via rápida. Tem como produto o piruvato e é considerada
uma via linear (isto é, substrato é passado de enzima em enzima).

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ORGANIZATION OF PATH WAYS


➢ Linear (glicólise, síntese de alguns aminoácidos, etc.)– produtos são substratos
para enzimas subjacentes.
➢ Circular (ciclo de Krebs) – os intermediários são reciclados.
➢ Espiral – as mesmas enzimas são utilizadas repetidamente.

Níveis de Creatina elevados são importantes para


Processos de anabolismo têm
quando há muito ATP.
mais gasto energético que o
Creatina + ATP Creatina fosfato + ADP
catabolismo. É menos rentável.
Creatina tem azoto na constituição. Depois de
metabolizado tem de ser excretado – isto provoca
muita pressão nos rins, leva a disfunção renal.

ENZYME REGULATION OF FLUX – COMMON MECHANISM


Enzimas são reguladas por retroativação negativa e positiva.
As atividades anabólicas e catabólicas, e suas respetivas enzimas, nunca estão
completamente “desligadas”. Estas só são “desligadas”, quando se “desliga” uma via
de forma estrutural, se isso acontecesse ia demorar muito a ser ativada quando fosse
necessária, por outro lado se se “desligarem” irreversivelmente levam á morte.

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ATP

A energia da molécula de ATP advém das ligações fosfodiéster.

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Processos hidrolíticos são normalmente termofílicos.

Hidrólise Vs. Fosfólise

Forma ácido fosfórico. Quebra ligação e liga


Liberta energia fosfato, isto leva á formação de compostos
fosforilados de alta energia. Tratam-se de
reações de retenção de energia.

Na molécula de ATP, a quebra da primeira e da segunda ligação fosfodiéster


têm a mesma energia, isto é, as moléculas de ATP e ADP podem ser utilizadas em
processos energéticos e a sua desfosforilação liberta a mesma energia. O ANT não é
utilizado como fonte de energia, costuma ser antes uzados como segundo mensageiro
das células.

Açúcares são aldeídos. Estes compostos são


Parte do corpo que é mais fria é
reativos, e por isso não podemos ter em níveis
a banha. Tem triglicerídeos, estes
muito elevados no nosso organismo, porque são
são degradados para aquecer o
também muito instáveis. Níveis altos de glicose no
corpo -> seguindo este principio
nas proteínas do plasma começam, por exemplo,
os ursos conseguem hibernar
a glicosidar essas mesmas proteínas.
Glucose numa célula muscular, em normoglicémia:
70-90 mg/dL.
Assim que a glucose entra na célula é fosforilada ->
Certos tecidos do nosso na forma livre tanto entra como sai da célula
organismo são capazes através da sua membrana, tendo a carga do
de produzir glicose, são, grupo fosforilo já não consegue atravessar a
por exemplo o fígado e, membrana.
em certa parte, os rins

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TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA


➢ Uniporte (sistema em que apenas um soluto é transportado).
➢ Comtrasporte (sistema em que o transporte de um soluto está acoplado ao
transporte de outro):
• Antiporte (diferentes solutos
transportados em direções opostas) –
ex: Bomba K/Na ATPase.
• Simporte (diferentes solutos
transportados em direções opostas).
➢ Transporte passivo: passagem de soluto a
favor do seu gradiente de concentração
ou potencial eléctrico.
• Difusão simples;
• Difusão facilitada (por intermédio de um
transportador ou permease):
• Rápida
• Saturável (velocidade depende
da [transportador])
• Especifica (depende de
interações entre o soluto e o
transportador)
➢ Transporte ativo:
• Transporte ativo primário – transporte
contra o gradiente de concentração
acoplado diretamente a uma reação
exergónica (ex. hidrólise de ATP);
• Transporte ativo secundário – a
energia da hidrólise de ATP é usada
para gerar um gradiente de outro
soluto, e o transporte desse soluto a
favor do seu gradiente de
concentração é usado para
transportar um soluto diferente
contra o seu gradiente de
concentração.

Podemos fazer reações desfavoráveis


ocorrerem ao associar mais processos
que tornem o conjunto todo de
reações termodinamicamente
favoráveis.

Glucose Vs. Etanol


Glucose -> C6H12O6
Etanol -> 3(C2H6O) = C6H18O3
O etanol tem mais
equivalentes redutores, e por
isso tem mais energia
potencial. É uma super fonte
de energia.

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GLICÓLISE
A glicólise tem como produto o piruvato (C3H4O3) e como reagente a glicose
(C6H12O6). Nota-se uma perda de H’s o que confirma que este se trata de um processo
oxidativo.
No entanto, se fizermos o processo de fermentação lática (ou alcoólica) após a
glicólise, o processo total já não se trata de um processo oxidativo, uma vez que o NADH
se regenera.
Na glicólise uma molécula de glucose é degradada numa série de reações
catalisadas por enzimas para formar duas moléculas de 3 carbonos (piruvatos). Durante
a sequência de reações da glicólise, alguma da energia livre é libertada da glucose na
forma de ATP e NADH/H+.
A quebra da glucose, de 6 carbonos, em 2 moléculas de 3 carbonos, o piruvato,
ocorre em 10 passos, que constituem o processo da glicólise.

GLUCOSE
A glicose ocupa uma posição central no metabolismo. É relativamente rica em
energia potencial e é, por isso, uma boa fonte de energia. A oxidação completada
glucose em dióxido de carbono e água procede-se com uma energia livre de Gibbs de
-2,840kJ/mol.
A glicose é capaz de formar, também uma grande quantidade de
intermediários metabólicos para reações de biossíntese.
Nos animais e plantas vasculares a glucose tem 4 destinos maioritários:
1. Usado para a síntese de
complexos polisacarídicos
destinados ao espaço
extracelular;
2. Armazenado em células (como
um polissacarídeo ou sucrose);
3. Oxidado para um composto de
3 carbonos (o pruvato) pela via
glicosídica para fornecer ATP e
intermediários metabólicos;
4. Oxidado pela via das pentoses
fosfato para formar ribose-5-
fosfato, para a síntese de ácidos
nucleicos, e NADPH para
processos redutivos de
biossíntese.

ABSORÇÃO E TRANSPORTE DE GLUCOSE


A absorção de glucose dá-se no intestino,
quando há carbohidratos na dieta, através de um
conjunto de transportadores, para o plasma
através das proteínas GLUT.
A capação de glucose a nível celular trata-
se de um processo hormonal. Quando há insulina
em quantidades elevadas, devido a níveis
elevados de glicose, os recetores dessa hormona,
“chamam” GLUTs para a membrana (estes
transportadores encontram-se sempre próximos da
membrana, mas não se encontram sempre ligados
a esta, para ao estarem sempre a captar a glicose).
Quanto maior os níveis de glicose, maiores
os níveis de insulina, mais GLUTs há na membrana.

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Há duas enzimas que podem iniciar a glicólise (ao catalisarem a entrada de


glucose na via glicolítica, tratam-se também de enzimas reguladoras): hexocinase e
glucocinase. A glucosinase só é usada para fazer a glicólise quando [glicose] é muito
alta, em tecos que por si só produzem glucose (como o fígado); esses tecidos tendem
a conservar e reutilizar a glicose, unicamente utilizam glicose em períodos de
hiperglicémia (ex. depois da refeição).
A hexocinase é usada para [glucose] normais, está presente em tecidos que
precisam de glucose e adipócitos (armazenam glucose na forma de lípidos). Esta
enzima tem mais afinidade pela glucose que a glucosinase.
A vantagem desta diferença de afinidade é o controlo da quantidade de
glucose no sangue, ou seja, a glucose não é retirada do plasma pela glucocinase e
transportada para o fígado, onde esta não é necessária.
O local ativo da hexocinase apresenta-se bastante fechado quando se
encontra ligado à glucose. Se assim não fosse não haveria fosforilação, mas sim
desfosforilação por hidrólise da glucose pela água.

Enzimas têm mais afinidade quanto maior a interação não covalente) entre os
locais ativos e substrato inicial. Também têm mais afinidade quanto maior for a
complementaridade entre centro ativo e grupos do substrato.

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1ª FASE DA GLICÓLISE (PREPARATÓRIA)

Os primeiros 5 passos da glicólise fazem


parte da fase preparatória. Nestas reações, a Queremos tornar 6C em 1C
glucose é primeiro fosforilada no grupo (glucose em CO2), ao quebrar
hidroxilo no C6 (1º passo). A D-glucose 6- as ligações C-C. (Estas ligações
fosfato assim formada é convertida a D-frutose são muito difíceis de quebrar).
6-fosfato (passo 2), que novamente é A 1ª ligação a ser quebrada na
fosforilada, desta vez no C1, para formar 1,6- glicólise é a C3-C4.
bifosfato (passo 3). Para ambas as
fosforilações a ATP é o dador do grupo
fosforilo. A frutose 1,6-bifosfato é clivada para dar
origem a 2 moléculas de 3 carbonos, a dihidroxiacetona fosfato e o gliceraldeído 3-
fosfato (passo 4), este é o passo de lise que dá à via o seu nome. A dihidroxiacetona
fosfato é isomerizada para uma segunda molécula de gliceraldeído 3-fosfato (passo 5),
acabando a primeira fase da glicólise.
1. Molécula é fosforilada;
2. Grupo aldeído, ao aproximar-se do C3-C4 (na frutose fica ao pé do C2), ajuda
a quebrar a ligação;
Grupo bastante
nucleofílico, através
desta deslocalização
de carga.

Esta deslocalização de carga aproxima-se do local de quebra.


3. Quebra da ligação, formando uma cadeia linear;
4. Hidrólise da cadeia, formando intermediários triosesfosfato.
Anel de frutose – furanose
C1-C2-C3 há inversão Anel de glucose - piranose
C4-C5-C6 na numeração

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Do ponto de vista químico, a isomerização do passo 2 é critica para a


preparação da fosforilação e quebra da ligação C-C, nos passos 3 e 4.
É de notar que 2 moléculas de ATP são investidas antes da clivagem da glucose
em 2 moléculas de 3 carbonos.
Para sumarizar a fase preparatória da glicólise, a energia da ATP é investida para
aumentar a energia livre de Gibbs dos intermediários e todas as cadeias carbonadas
de todas as hexoses metabolizadas são convertidas num produto comum, o
gliceraldeído 3-fosfato.

Uma interação trata-se um um choque colisional eficaz. Nos sistemas temos


enzimas que tornam essas interações eficazes.
As enzimas restringem o espaço entre os reagentes, fazendo diminuir o volume e
assim aumentar a concentração, e por v=k[ ], a velocidade da reação
aumenta, uma vez que o que interessa é a concentração local.

2ª FASE DA GLICÓLISE (PRODUÇÃO DE ATP/OXI DAÇÃO)


O ganho energético vem na fase de
payoff da glicólise. Cada molécula de Formam-se 4 ATP e gastam-se 2.
gliceraldeído 3-fosfato é oxidada e fosforilada Rendimento = 2 ATP
por fosfato inorgânico (NÃO advêm de ATP) para
formar 1,3-bifosfoglicerato (passo 6). Energia é
então libertada quando as 2 moléculas de 1,3-bifofoglicerato são convertidas a 2
moléculas de piruvato (passos 7 a 10). Muita desta energia é conservada pela
fosforilação acoplada de 4 moléculas de ADP para ATP. O rendimento será então 2
moléculas de ATP por cada molécula de glucose, uma vez que 2 ATP foram investidas
na fase preparatória. A energia da fase payoff também é conservada na formação de
2 moléculas do transportador de eletrões NADH/H+ por molécula de glicose.
Relembrar que cada molécula de glucose forma duas moléculas de
gliceraldeído 3-fosfato e que ambas as metades da molécula de glucose seguem a
mesma via na segunda parte. A conversão de 2 moléculas de gliceraldeído 3-fosfato
em duas moléculas de piruvato é acompanhada pela formação de 4 moléculas de ATP
a partir de ADP.

A síntese de ATP é endergónica.


2 das etapas da glicólise em que os intermediários têm energia suficiente para
formar ATP.
No passo 7 dá-se uma fosforilação sem consumo de ATP.
A conversão de NAD+ em NADH/H+ é termodinâmicamente favorável. É bastante
exergónica, o que promove a fosforilação endergónica. Desta forma não se
investe mais ATP. Melhor, estes fosfatos são utilizados para formar ATP.

Fosforilação ao nível do substrato – Usa substrato para produzir ATP.


ADP + substrato fosforilado  ATP
Há uma fosforilação ao nível do substrato no ciclo de Krebs quando se forma o
GTP.
Fosforilação oxidativa  fonte de fosfato é o fosfato inorgânico.

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1º PASSO – FOSFORILAÇÃO DA GLU COSE


A glucose é ativada para as reações subsequentes pela sua fosforilação no C6,
para formar glucose 6-fosfato, com ATP como dador do grupo fosfato.
Esta reação é irreversível em
condições intracelulares.
É catalisada pela hexocinase.

Cinases são enzimas que catalisam a


transferência do terminal fosforilo da ATP
para um nucleófilo aceitador.
Muitas das cinases, incluindo a
hexocinase, necessitam de Mg2+ para a
sua atividade, porque o verdadeiro
Vivemos em meio de não equilíbrio,
substrato da enzima não é ATP4-, mas o
de forma a que as reações de ΔG>0
complexo MgATP2-. O Mg2+ escuda as
possam ocorrer. Fazemos essas
cargas negativas dos grupos fosforilo do
reações ocorrerem, ao atrelá-las a
ATP, tornando mais fácil o ataque
outras reações, de forma a que cada
nucleofílico do –OH da glucose.
vez que se forma produto este seja
retirado.

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2º PASSO – CONVESÃO DA GLUCOSE 6-FOSFATO PARA FRUTOSE 6-FOSFATO


A enzima fosfohexose
isomerase (fosfoglucose isomerase)
catalisa a reação de isomerização
reversível da glucose 6-fosfato,
uma aldose, para frutose 6-fosfato,
uma cetona (reação de equilíbrio
ceto-enólico) – trata-se de uma
etapa estabilizante.
o mecanismo desta reação
envolve um intermediário enólico.
Esta reação procede facilmente
em ambas as direções, como pode
ser confirmado pela relativamente pequena mudança da energia livre de Gibbs. Esta
isomerização tem um papel critico na química total da via glicolítica, uma vez que o
rearranjo dos grupos carbonilo e hidroxilo nos C1 e C2 é necessária para os próximos 2
passos. A fosforilação que ocorre no passo 3 requer que o grupo C1 seja primeiro
convertido de um carbonilo a álcool, e a reação subsequente (passo 4) de clivagem
da ligação entre C3 e C4 requer um grupo carbonilo no C2.

3º PASSO – FOSFORILAÇÃO DA FRUTOSE 6-FOSFATO EM FRUTOSE 1,6-


BISFOSFATO
Fosfofrutocinase-1 (PKF-1) catalisa a
transferência do grupo fosforilo da ATP
para a frutose 6-fosfato para formar
frutose 1,6-bisfosfato.
Esta reação é basicamente
irreversível em condições
intracelulares.

Passo em que se coloca a


molécula na posição em que
podemos levar a cabo a
quebra.

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4º PASSO – CLIVAGEM DA FRUTOSE 1,6-BIFOSFATO


A enzima Frutose 1,6-bisfosfato
Aldolase, também denominada só como
Aldolase, catalisa uma condensação
aldólica reversível. A frutose 1,6-bisfosfato
é clivada, dando origem a 2 moléculas
diferentes de triose fosfatos, o
gliceraldeídp 3-fosfato, uma aldose, e a
dihidroxiacetona fosfato, uma cetona.

Apesar da reação da aldolase ter


uma energia de Gibbs positiva na
direção da quebra da frutose 1,6-bisfosfato, nas concentrações baixas de reagentes
presentes na célula, o verdadeiro valor da energia livre de Gibbs é pequena e a reação
da aldolase é facilmente reversível.
A energia também se perde na forma de calor. Por isso, apesar da energia livre
de Gibbs bastante negativa, não há acoplamento da formação de ATP.

5º PASSO – INTERCONVERSÃO DAS TRIOSE FOS FATO


Unicamente o gliceraldeído 3-fosfato pode ser diretamente degradada nos
passos subsequentes da glicólise. O outro produto, o dihidroxiacetona fosfato, é
rapidamente convertida reversivelmente a gliceraldeído 3-fosfato pela triose fosfato
isomerase.
Nesta etapa de isomerização pode optar-se pela via das pentoses fosfato se for
necessário potencial reduto, ou a via glicolítica se for preciso ATP.
Esta reação completa a fase preparatória da glicólise.

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6º PASSO – OXIDAÇÃO DO GLICERALDEÍDO 3-FOSFATO PARA 1,3-


BISFOSFOGLICERATO
O 1º passo da fase de payoff é a
oxidação do gliceraldeído 3-fosfato para
1,3-bisfosfoglicerato, catalisada pela
gliceraldído 3-fosfato desidrogenase.
Esta é a primeira das duas reações
de
O grupo fosfato “entra”
coadjuvado pelo NAD+.

conservação de energia que


eventualmente levam á formação de ATP.
O grupo aldeído do gliceraldifo é
oxidado, não para um grupo carbonilo livre, mas para um ácido carboxílico anidrido
com ácido fosfórico, isto é, forma-se uma ligação acil-fosfato. Este anidrido,
denominado acil-fosfato tem uma energia livre de Gibbs de hidrolise bastante alta
(AG’º=-49.3 kJ/mol).
Muita da
energia de oxidação É após a síntese deste intermediário que se contêm as
do grupo aldeído do condições para a produção de ATP.
gliceraldeído 3- Quebra de ligações com coadjuvante formação de ATP.
fosfato é conservada Isso trata-se de uma etapa crucial do processo energético.
pela formação de um Dá-se gasto de NAD+ (existe em grande abundância) para a
grupo acil fosfato no formação de NADH/H+ (menos abundante).
C1 o 1,3-
bisfosfoglicerato.
O gliceraldeído 3-fosfato é ligado covalentemente á desidrogenase durante a
reação. O seu grupo aldeído reage com o –SH de um resíduo de cisteína no local ativo,
numa reação análoga à de formação de um hemiacetal, neste caso produzindo um
tioacetal.

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7º PASSO – TRANSFERÊ NCIA DO GRUPO FOSFORILO DO 1,3-


BISFOSFOGLICERATO PARA A ADP
A enzima fosfoglicerato cinase transfere o
grupo fosforilo do grupo carboxílico do 1,3-
bisfosfoglicerato para ADP, formando ATP e 3-
fosfoglicerato.

Notar que a fosfoglicerato cinase


realiza a reação contrária á
especificada no nome, na qual
transfere o grupo fosforilo do ATP para
3-fosfoglicerato. Como a maioria das
enzimas catalisa a reção em ambas
as direções.

As etapas 6 e 7 da glicólise juntas


constituem um processo de acoplamento
energético em que o 3-fosfoglicerato é o
intermediário comum; é formado na primeira reação e o grupo acil-fosfato é transferido
para o ADP na segunda reação. O somatório de ambas as reações é:

Gliceraldeido 3-fosfato + ADP + Pi + NAD+ 3-fosfoglicerato + ATP + NADH + H+

Sendo o ΔG’º= -12. kJ/mol, a reação total é exergónica.


O resultado destas reações acopladas, sendo que ambas as reações são
reversíveis em condições celulares, é que a energia libertada oxidação do aldeído para
um grupo carboxilato é conservada pela formação acoplada de ATP do ADP e Pi.

8º PASSO – CONVERSÃO DO 3-FOSFOGLICERATO EM 2-FOSFOGLICERATO


A enzima fosfogliceato mutase catalisa a mudança reversível do grupo fosforil
entre o C2 e o C3 do glicerato. (O Mg2+ é essencial para esta reação).

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A reação ocorre em 2 etapas:


1. O grupo fosforilo está
inicialmente ligado a um resíduo de
histidina da mutase e é transferido
para o grupo hidroxilo do C2 do 3-
fosfoglicerato, formando 2,3-
bisfosfoglicerato (2,3-BPG).
2. O grupo fosforilo no C3 do
2,3-BPG é, então, transferido para o
mesmo resíduo de histidina,
produzindo 2-fosfolicerato e
regenerando a enzima fosforilada.
Como, ΔGº’= 4,4 kJ/mol, a reação
até é desfavorável, mas o
fosfoglicerato não reage se não se
der este rearranjo.
O fosfoglicerato é também um
intermediário para vários processos
anabólicos (ex: síntese de
aminoácidos).

9º PASSO – DESIDRATAÇÃO DO 2-FOSFOGLICER ATO EM FOSFOENOLPIRUVATO


(PEP)
Na segunda reação glicolítica que
gera composto com grande potencial de
transferência do grupo fosforilo, a enolase
promove a remoção reversível de uma
molécula de água do 2-fofoglicerato
formando fosfoenolpiruvato.

10º PASSO – TRANSFERÊNCIA DO GRUPO FOSFO RILO DO PEP PARA O ADP


O último passo da glicólise é a transferência do
grupo fosforilo do PEP para ADP, catalisada pela
piruvato cinase, que requer K+ e ou Mg2+ ou Mn2+.
Na fosforilação a nível do substrato, o produto
piruvato aparece primeiro na forma enólica e
tautomeriza rapidamente e sem recorrer a enzimas
para a forma cetónica, que predomina pH 7.
A reação tem uma energia livre de Gibbs bastante
alta, sendo a reação mais termicamente favorável do
processo.

~ 21 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

EM SUMA

FONTES DE GLUCOSE

Muitos carbohidratos além da glicólise encontram o seu destino metabólico na


glicólise, depois de serem transformados em um dos seus intermediários glicolíticos.

~ 22 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Os dissacarídeos têm de ser hidrolisados em monossacarídeos antes de entrarem


nas células. Os dissacarídeos intestinais e dextrinas são hidrolisados por enzimas ligadas
á superfície exterior das células epiteliais intestinais.

INTOLERÂNCI A AO LEITE

~ 23 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

ENERGÉTICA DA GLICÓLISE
Agora conseguimos, através do somatório de todas as reações da glicólise,
obter a equação total desse processo:
C6H12o6 (glucose)+ + 2 ATP + 2ADP + 2Pi + 2NAD+  2 CH3COCOO- (piruvato)+ 4ATP +
2H2O + 2NADH + 2H+ <=>
<=> C6H12o6 (glucose)+ 2ADP + 2Pi + 2NAD+  2 CH3COCOO- (piruvato)+ 2ATP + 2H2O +
2NADH + 2H+

Se compararmos o número de H’s da glicose e dos 2 piruvatos, reparamos que


faltam alguns.
Os H´s da glicose estão associados à formação dos potencias redutores.
Quando entra H2O (esta entra na forma de àcido fosfório, ou então mesmo H2O,
por isso vamos ter um rendimento de H2O nulo), sai também H2O, não entram mais
potenciais redutores, isto na glicólise (já não ocorre no ciclo de Krebs).

FORM AÇÃO DE ATP E NADH ACOPLADOS COM A G LICÓLISE


Durante a glicólise alguma da energia da molécula de glicose é conservada em
ATP, enquanto muita ainda se conserva no produto, piruvato.
Por cada molécula de glucose degradada para piruvato, 2 moléculas de ATP
são geradas de ADP e Pi, e 2 moléculas de NADH são produzidas pela redução de NAD +,
sendo que esta ultima é o aceitador de hidrogénios desta reação.
Podemos dividir a equação da glicólise em 2 processos, a conversão de glucose
em piruvato (exergónica) e a formação de ATP (endergónica).

~ 24 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A glicólise pode parecer um processo pouco rentável porque só forma 2 ATPs,


mas ao fazermos estes cálculos concluímos que da energia libertada por estes processos
acoplados, cerca de 86% dessa energia é utilizada para a formação de ATP, sendo até,
então dos processos energéticos mais rentáveis.

Energia do piruvato:
A glicólise só liberta uma pequena fração da energia total da molécula de
glicose. As 2 moléculas de piruvato formadas pela glicólise ainda contêm a maioria do
potencial de energia da glicose, energia essa que pode ser extraída por reações
oxidativas no ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs) e fosforilação oxidativa).

RENDIMENTO DA GLICÓL SE VS RENDIMENTO FERMENTAÇÕES


Após a glicólise e em condições anaeróbias, o piruvato segue a via da
fermentação, podendo esta ser de 2 tipos:
1. Fermentação lática:
Quando os tecidos animais não conseguem ser abastecidos com a quantidade de
oxigénio suficiente para suportar a oxidação aeróbia do piruvato, este é reduzido a
lactato por ação da enzima lactato desidrogenase, sendo que nesta reação se
regenera NAD+ a partir de NADH.

O lactato produzido nos músculos pode ser reciclado, sendo transportado


através da corrente sanguínea para o fígado onde é transformado em glucose. Apesar
da conversão de glucose a lactato apresentar 2 passos de oxidação redução, o estado
de oxidação dos carbonos em ambas as moléculas é o mesmo. A principal vantagem
da fermentação láctica é que se regenera NAD +, essencial para que a glicólise possa
continuar a ocorrer.
2. Fermentação alcoólica:
As leveduras e outros microrganismos dão outro destino ao piruvato ao piruvato
formado durante a glicólise. Na fermentação alcoólica, o piruvato sofre 2 processos. No
primeiro processo, ocorre uma descarboxilação catalisada pela enzima piruvato
desidrogenase. Deste primeiro processo, resulta uma molécula de CO 2 e outra de
acetaldeído. No segundo processo, a molécula de acetaldeído formada transforma-se
em etanol através de uma reação catalisada pela enzima Álcool desidrogenase.

~ 25 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Durante este segundo processo regenera-se o NAD+ para que a glicólise possa
continuar.

Fazendo os cálculos de rendimento para ambas entas reações:

Observa-se que ambas estas


reações são menos rentáveis
que a glicólise em temos de
percentagem de energia
utilizada para a formação de
ATP. A energia que não é
utilizada na formação de ATP é
energia desperdiçada.

TIPOS DE REAÇÃO

Condensação
é o contrário
de lise.

De forma sequencial, as reações que ocorrem na glicólise são:


Fosforilação  Hidratação/desidratação  Fosforilação  Lise 
Hidratação/desidratação  fosforilação/ oxidação (equivalentes redutores) 
Fosforilação de ATP  isomerização (fosforilação/desfosforilação)  desidratação
Fosforilação.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

TABELA RESUMO

ΔG'º Tipo de
Etapa Substrato Produto Enzima ATP
(kJ/mol) Reação
Glicose-6- Consumo
1 Glicose Hexoquinase -16,7 Fosforilação
Fosfato de 1
Isomerização
Glicose-6- Frutose-6- Fosfohexose
2 1,7 - (Hidratação/
Fosfato Fosfato Isomerase
Desidratação)
Frutose-6- Frutose-1,6- Fosfofrutoquin Consumo
3 -14,2 Fosforilação
Fosfato Fosfato ase de 1
Frutose-1,6- G-3-P + P-
4 Aldolase 23,8 - Lise
Fosfato Dihidroxicetona
Gliceraldeído- Triose Fosfato
5 Dihidroxicetona 7,5 - Isomerização
3-Fosfato Isomerase
G-3-P
Giceraldeído-3- 1,3- Oxidação
6 (2x) Desidrogenas 6,3 Pi + NAD+
Fosfato Bifosfoglicerato /Fosforilação
e
1,3-
3- Fosfoglicerato Produção
7 (2x) Bisfosfoglicerat -18,5 Desfoforilação
Fosfoglicerato Quinase de 1 (x2)
o
2- Fosfoglicerato
8 (2x) 3-Fosfoglicerato 4,4 Isomerização
Fosfoglicerato Mutase
2-
9 (2x) PEP Enolase 7,5 Desidratação
Fosfoglicerato
Piruvato Produção Desdosforilaç
10 (2x) PEP Piruvato -31,4
Cinase de 1 (x2) ãp

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

PIRUVATO
DESTINOS DO PIRUVATO

➢ Através de um desidrogenação e
descarboxilação, pela desidrogenase Quando não precisamos de
descarboxilase, formamos Acetil-CoA (para energia, a partir da Acetil-
formar este composto tem de se gastar ATP). CoA, formam-se intermediários
Acetil – C2H3O2H. de armazenamento (lípidos e
CoA – OH do acetil reage com o grupo SH da colesterol).
CoA.

➢ A enzima Piruvato Carboxilase forma intermediários biossintéticos em tecidos


com essa função (ex.: fígado e cérebro (forma meurotransmissores)). Forma
oxaloacetato, que volta para o ciclo de Krebs.
➢ A enzima piruvato descaboxilase forma um aldeído.
➢ O piruvato pode também seguir as vias fermentativas explicitadas no capítulo
da glicólise.
Na fermentação lática dá-se a regeneração do NAD+, pela desidrogenase
lática. Dá-se a quebra de uma ligação química com formação de 2 ATP. O
produto formado é excretado pelos rins, ou ainda mais, pelo fígado ou então
metabolizado em glucose, no ciclo de Cori.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

DESCARBOXILAÇÃO DO PIRUVATO
O piruvato é oxidado para Acetil-CoA pelo complexo piruvato desidrogenase
(PDH). Este complexo trata-se de um agregado de enzimas, com múltiplas cópias de 3
enzimas, localizado na mitocôndria de eucariotas e no citosol das bactérias.
O PDH é um exemplo de um complexo de multienzimas, no qual uma série de
intermediários químicos continua ligado ás moléculas das enzimas até que o substrato
seja transformado no produto final.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A reação total catalisada pela piruvato desidrogenase trata-se de uma


oxidação irreversível, no qual o grupo carboxílico é removido do piruvato como uma
molécula de CO2 e os dois carbonos resultantes transformam-se no grupo acetil do
acetil-CoA.

A desidrogenação e a descarboxilação
combinadas do piruvato para formar o grupo acetil
do Acetil-CoA requer uma ação sequencial de 3
enzimas diferentes e 5 coenzimas: Tiamina trifosfato
(TPP), FAD, Coenzima A (CoA), NAD e Lipoato
A piruvato desidrogenase leva a cabo 5
reações na descarboxilação e desidrogenação do
piruvato:
1. Piruvato sofre descarboxilação por ação da
piruvato descarboxilase, e o acetato formado fica
ligado covalentemente à coenzima TPP, e há a
formação de CO2.
2. O acetato é transferido da TPP para o lipoato,
reduzindo-o parcialmente. O acetato fica ligado
covalentemente ao lipoato. Esta reação ocorre
na 2ª enzima, Dihidrolipoil Transacetilase.
3. A CoA-SH vai-se ligar ao acetato, e o lipoato fica completamente reduzido.
Forma-se acetil-CoA. Ocorre também na Dihidrolipoil Transacetilase.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

4. O lipoato é oxidado ficando na forma S-S (forma funcional para que o


processo possa continuar a ocorrer) pela coenzima FAD, que se reduz a
FADH2. Isto vai ocorrer já na terceira e última enzima, Dihidrolipoil
Desidrogenase.
5. O FADH2 é oxidado novamente a FAD pelo NAD + que se reduz a NADH/H+.
ocorre também na última enzima, Dihidrolipoil Desidrogenase.

A Coenzima A tem um grupo tiol ativo (-SH) que é critico


para o papel do CoA como transportador de acil num
numero de reações metabólicas. Os grupos acil ligam-se
covalentemente ao grupo tiol, formando tioesters.
Devido aos valores altos de energia livre de Gibbs da
hidrolise destas ligações, os tioésteres têm um grande
potencial de transferência do grupo acil. O grupo acil
ligado á coenzima A pode ser, então pensado como um
grupo de transferência “ativado”.

O controlo da ação da enzima é feito pela piruvato desidrogenase cinase, esta


enzima fosforila a piruvato desigrogenase. Estando desfosforilada a piruvato
desidrogenase está ativa, estando fosforilada está parcialmente inactiva.

~ 31 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

CICLO DE KREBS
O ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs),
aceita os grupos acetil, obtidos da glucose,
ácidos grodos ou alguns aminoácidos, e oxida-
os enzimaticamente para a forma de CO2. A
energia libertada é conservada nos
transportadores de eletrões reduzidos NADH/H+
e FADH2.
Esta via é um “hub” (núcleo) de metabolitos
intermediários. Produtos finais de 4 e 5 carbonos
de muitos processos catabólicos são usados
pelo ciclo como “fuels” (combustíveis). Por
exemplo, o oxaloacetato e o β-cetoglutarato
são produzidos a partir de aspartato e
glutamato quando as proteínas são
degradadas.
Em algumas circunstâncias metabólicas, os
intermediários são retirados do ciclo para serem
percursores numa variedade de vias
biossintéticas.

Os aminoácidos essenciais (imagem abaixo),


são aqueles que precisamos
necessariamente de ter na dieta. Os
condicionalmente essenciais, não são
considerados essenciais, contudo os seus
níveis na dieta são baixos e por isso podem
tornar-se essenciais.

Existem 3 tipos de aminoácidos:


-Glucogénicos: Têm estrutura simples e não
ramificada. São produzidos a partir do
piruvato ou algum intermediário do ciclo de
Krebs que forme oxaloacetato.
-Cetogénicos: Lisina e Leucina. Estes
aminoácidos produzem acetil-CoA.
-Mistos: Triptofano, por exemplo. São
ramificados e têm estruturas mais complexas.
São formados, uma parte, a partir dos
Em organismos aeróbicos, o ciclo de Krebs
intermediários do ciclo de Krebs e a outra
é uma via anfibólica, isto é, funciona no
parte pelo Acetil-CoA
sentido catabólico e no sentido
anabólico. Além da sua função de
catabolismo oxidativo, este ciclo fornece
percursores para muitas vias biossintéticas.

~ 32 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Por exemplo, o α-cetoglutarato e o oxaloacetato podem servir de percursores de


aminoácidos e nucleótidos purinas e pirimidinas. O oxaloacetato é convertido em
glucose na gluconeogénese e o succinil-CoA é um intermediário central pata a síntese
de aneos de porfirina dos grupos hemo.

ACETIL-COA: “FUEL” DO CICLO DE KREBS


Em organismos aeróbicos, a glucose e outros
açúcares, ácidos gordos e a maioria dos
aminoácidos são oxidados em CO2 e H2O pelo ciclo
do ácido cítrico e a cadeia respiratória. Antes de
entrar no ciclo de ácido cítrico, no entanto, os
esqueletos carbonados dos açúcares e dos ácidos
gordos têm de ser degradado em Acetil-CoA, a
forma na qual o ciclo tem a maioria do seu “fuel
input”.

Excesso de Acetil-CoA leva á formação de corpos cetónicos (estes cheiram mal e


serão discutidos em mais detalhe mais à frente). Esse exceto advém de uma dieta
com excesso de gorduras. O ciclo de Krebs apresenta pouco poder metabólico e
quando há muito Acetil-CoA não é capaz de o metabolizar.
Como se reverte isto? Colocam-se intermediários do ciclo, para o acionar.

Os carbonos do Acetil-CoA só são metabolizados na 2ª volta do ciclo.

CICLO DE KREBS: VISÃO GERAL


Em eucariotas, todas as reações do ciclo de Krebs ocorrem na mitocôndria. Na
maioria das bactérias, as enzimas do ciclo do ácido cítrico estão no citosol e a
membrana plasmática realiza um papel análogo ao da membrana interna da
mitocôndria da síntese de ATP.

Não está associado a


descarboxilação, é só
associado a uma oxidação.
Associados a
descarboxilaçã
o e oxidação.

O Carbono, do CO2
libertado na primeira
via do ciclo advém
do oxaloacetato.

Energética:
➢ 3(NADH/H+) --------> 3. (2,5 ATP) = 7 ATP
➢ FADH2 (este entra mais tarde no ciclo da cadeia de transporte de eletrões e por
isso dá menos energia) ---------> 1,5 ATP
➢ 1 GTP que é interconvertível em ATP, isto é, ATP e GPT são energeticamente
equivalentes ----------> 1 ATP
Isto traduz-se num total de 10 ATP por cada volta do ciclo de Krebs.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

No ciclo estão incluídas 3


águas (1 delas na forma de fosfato
inorgânico, Pi).
4 equivalentes redutores são
formados no ciclo. A água forma 3
desses redutores e o quarto
advêm do substrato, isto é, do
Acetil-CoA.
O acetil-CoA doa o seu
grupo acetil ao composto de 4
carbonos, oxaloacetato, para
formar o citrato, de 6 carbonos. O
citrato é convertido em isocitrato,
também uma molécula de 6
carbonos, que é desidrogenada,
com a perda de CO2, para formar
α-cetoglutarato, composto de 5
carbonos, este perde outra
molécula de CO2 e finalmente
forma o composto de 4 carbonos,
succinato. O succinato é depois
convertido enzimaticamente em 3
passos numa molécula de 4
carbonos de oxaloacetato, que
está pronto para reagir com outra molécula de Acetil-CoA. Em cada volta do ciclo, um
grupo acetil (2 carbonos) entra no ciclo na forma de acetil-CoA e duas moléculas de
CO2 saem.
Quatro das 8 reações do ciclo são oxidações, nas quais a energia é
eficientemente conservada na forma das coenzimas reduzidas NADH/H + e FADH2.
O ciclo de Krebs é um ciclo neutro a nível de carbonos, o número de carbonos
que entra é equivalente aos que saem. Não se ganham nem se perdem carbonos neste
ciclo.

1º PASSO – CONDENSAÇ ÃO: FORM AÇÃO DO CITR ATO


Condensação do acetil-CoA com o oxaloacetato para formar citrato,
catalisada pela citrato sintase.

Os carbonos
reativos de
ambas as
moléculas
são os C2

O grupo metilo do grupo acetilo é unido ao grupo carbonilo (C2) do


oxaloacetato. A deslocalização de carga, no grupo metilo, forma um carbocatião, ou
pelo menos um eletrófilo.
O citril CoA (citrato condensado à coenzima A) é um intermediário formado no
centro ativo da enzima, este rapidamente sofre hidrólise para libertar CoA e citrato do
centro ativo.
O CoA libertado nesta reação é reciclado para participar na descarboxilação
oxidativa de outra molécula de piruvato.
A citrato sintase trata-se de um homodímero com 2 domínios, um deles largo e
rígido e o outro mais pequeno e mais flexível, com o centro ativo entre os dois domínios.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

O oxaloacetato, o primeiro substrato a ligar-


se à enzima, induz uma mudança
conformacional no domínio flexível, criando
um local de ligação para o segundo
substrato, o acetil-CoA. Quando o citril-CoA
é formado no local ativo, outra mudança
conformacional leva à hidrólise do tioéster,
libertando a CoA-SH. Estas mudanças
conformacionais diminuem a probabilidade
de clivagem prematura e não produtiva da
ligação tioéster. A forma fechada não
permite a hidrólise do acetil-CoA antes da sua condensação com o oxaloacetato.
A citrato sintetase sofre regulação alostérica negativa por NADH/H + e succinil
CoA.

2º PASSO: ISOMERIZAÇ ÃO CITRATO – ISOCITRATO


A enzima aconitase catalisa a
transformação reversível do citrato a
isocitrato, pela formação do
intermediário àcido tricarboxílico cis-
aconitase que normalmente não se
desassocia do local ativo da enzima.
A aconitase pode promover a
adição reversível de H2O à ligação
dupla da cis-aconitase de duas
formas diferentes, uma delas leva a
citrato e a outra o isocitrato.
A desidratação do citrato forma a ligação
dupla, esta fica suscetível de reagir com
outra molécula de H2O, formando isocitrato.
O grupo hidroxilo é mudado do carbono 3
para o carbono 2, portanto a molécula de
isocitrato contem uma componente
assimétrica, o que a torna mais reativa.
A aconitase contêm um centro ativo de
ferro-enxofre, que atua tanto na ligação do
substrato como na adição e remoção
catalítica de H2O. Esta enzima é
estereoespecífica, uma vez que apresenta 2
pontos de contacto com o reagente, nos
grupos OH e COO-.

Inibiçaõ do fluoroacetato
O fluoroacetil é parecido ao grupo acetil, este converte-se em fluorocetil e vai
inibir a aconitase. Esta formação vai bloquear todo o ciclo.

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3º PASSO: DESCARBOXI LAÇÃO OXIDATIV A – OXIDAÇÃO DE ISOCITRATO A A-


CETOGLUTARATO E CO 2
A isocitrato desidrogenase
catalisa a descarboxilação oxidativa
do isocitrato em α-cetoglutarato.
A isocitrato desidrogenase
requer o NAD+ ou NADP+ como
aceitador de eletrões, levando à
formação de NADH/H+ ou NADPH/H+.
O Mg2+ do local ativo da enzima
apresenta um papel importante, já que estabiliza o intermediário que se forma. Este
intermediário trata-se de um β-cetoácido, que é instável e se encontra ligado sempre o
centro ativo da enzima. O a-cetoácido formado, no entanto, trata-se de um bom
abandonante, uma vez que existe uma certa deslocalização de carga.
Dá-se a formação de um
intermediário do ciclo com 5
Estas etapas são essencialmente
carbonos, uma vez que se perde um
irreversíveis e pontos de controlo para
carbono na forma de CO2 – passo de
saber se o ciclo continua ou para.
descarboxilação.
Contudo, em células com alto nível de
Como se dá a produção de
divisão (tumores, células estaminais ou
equivalentes redutores, isto é, trata-se
pluripotentes), com alto teor de
de um passo de produção de
biossíntese, o ciclo ocorre em sentido
energia, leva a níveis elevados de
inverso, isto é com função anabólica.
ATP. A isocitrato desidrogenase é
ativada por ADP e inibida por NADH e
ATP.

4º PASSO: DESCARBOXI LAÇÃO OXIDATIV A – OXIDAÇÃO DE 1-CETOGLUT ARATO


EM SUCCINIL-COA E CO 2
Pela ação do complexo de a-
cetoglutarato desidrogenase, o a-
cetoglutarato é convertido em succinil-
CoA.
O NADH+ serve novamente como
aceitador de eletrões e o CoA serve de
transportador do grupo succinil. A
energia da oxidação do a-cetoglutarato
é conservada com a formação da
ligação tioéster do succinil-CoA.
Nesta descarboxilação também se dá a libertação
Os carbonos perdidos nas de uma molécula de CO2, ficamos com um
descarboxilações são, intermediário do ciclo com 2 carbonos e a
respetivamente, os carbonos 1 formação de NADH/H+.
e 4 do oxaloacetato.

5º PASSO: CONVERSÃO DO SUCCINIL-COA EM SUCCINATO


A ligação tioéster do succinil-CoA
apresenta um valor elevado de energia livre de
Gibbs da sua hidrólise. A energia libertada na
clivagem dessa ligação, neste passo do ciclo, é
usada para a formação de GTP, no processo
succinato é formado.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A enzima que catalisa este processo é a succinil-CoA sintetase. Esta reação de


conservação de energia envolve um passo no qual a própria enzima fica fosforilada
num dos seus resíduos de histidina.
A formação de GTP através da libertação de energia pela descarboxilação
oxidativa do a-cetoglutarato trata-se de uma fosforilação a nível do substrato.

6º PASSO: OXIDAÇÃO DO SUCCINATO EM FUMAR ATO


A flavoproteína, succinato desidrogenase,
oxida o succinato em fumarato. Esta enzima oxida
o succinato criando uma dupla ligação entre os
dois carbonos centrais da molécula, e colocando
os dois carboxilatos em posições trans. Esta
enzima faz parte do complexo II da fosforilação
oxidativa e utiliza a coenzima FAD, que durante o
processo de oxidação se reduz a FADH2.

O fluxo de eletrões do succinato através O malonato, um análogo do


destes transportadores até ao aceitador final, succinato que normalmente não
O2, na fosforilação oxidativa, está acoplado à está presente nas células, é um
síntese de cerca de 1,5 ATP por par de inibidor competitivo da
eletrões, isto é, na maioria dos tecidos succinato desidrogenase, e a
(excluindo o cérebro e o músculo sua adição na mitocôndria
esquelético) o FADH2 forma cerca de 1,5 ATP. bloqueia o ciclo de Krebs.

7º PASSO: HIDRATAÇÃO DO FUMARATO PARA M ALATO


A hidratação reversível do fumarato em
malato é catalisada pela fumarase. Esta enzima
é altamente estereoespecífica e catalisa a
hidratação da ligação dupla, trans, do fumarato,
mas não a cis. O produto formado é sempre o L-
Malato.
O estado de transição desta reação é um carbocatião.

8º PASSO: OXIDAÇÃO DO M ALATO/ REGENERAÇÃO DO OX ALOACETATO


A L-malato desidrogenase, ligada a NAD+,
catalisa a oxidação do L-malato em
oxaloacetato. Esta reação apresenta a
formação de NADH/H+ unicamente
associada a uma oxidação.
Com a formação do oxaloacetato, o ciclo
está pronto para outra volta.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

MARCAÇÃO ISOTRÓPICA
Através do uso de percursores marcados isotropicamente, tal como o
[13C]piruvato e [13C]acetato podemos seguir o rasto de cada carbono individual ao
longo o ciclo do ácido cítrico através de espectroscopia de RMN.
Este assunto das marcações é mencionado com mais destaque na parte das
TPS.
No entanto, aqui fica um esquema que representa a marcação do 1º carbono
de uma molécula de Acetil-CoA em 4 voltas do ciclo de Krebs (Créditos pelo esquema
à Luísa Abreu :D):

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

TABELA RESUMO

Passo Reação Enzima Equivalentes Tipo de Reação


Redutores
Formados
1 Oxaloacetato + Citrato Sintase - Condensação
Acetil-CoA  Citrato
2 Citrato  Isocitrato Aconitase - Isomerização
3 Isocitrato  a- Isocitrato 1 NADH/H+ Descarboxilação
Cetoglutarato Desidrogenase oxidativa
4 a-Cetoglutarato  Complexo a- 1 NADH/H+ Descarboxilação
Succinil-CoA Cetoglutarato oxidativa
Desidrogenase
5 Succinil-CoA  Succinil-CoA 1 GTP Hidrólise com
Succinato Sintetase fosforilação ao
nível do
substrato (Pi)
6 Succinato  Succinato 1 FADH2 Oxidação
Fumarato Desidrogenase
7 Fumarato  Malato Fumarase - Hidratação
8 Malato  Malato 1 NADH/H+ Oxidação
Oxaloacetato Desidrogenase

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FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA

A fosforilação oxidativa é a culminância do metabolismo de formação de energia,


em organismos aeróbicos. Todos os passos oxidativos na degradação de carboidratos,
gorduras e aminoácidos convergem no passo final da respiração celular em que a
energia de oxidação movimenta a síntese de ATP.
A fosforilação oxidativa ocorre na mitocôndria e envolve a redução de O 2 em H2O
com eletrões doados por NADH/H+ e FADH2.
O mecanismo de fosforilação oxidativa envolve o fluxo de eletrões através de uma
cadeia de transportadores inseridos na membrana. A energia que se torna disponível
por este fluxo de eletrões “downhill” está acoplada por um transporte “uphill” de
protões através da membrana impermeável a protões, conservando a energia livre da
oxidação do “combustível” como um potencial eletroquímico transmembranar. Este
fluxo de protões transmembranar no seu gradiente de concentração através de
canais específicos fornece a energia para a síntese de ATP, catalisado pelo complexo
membranar ATP sintetase, que acopla o fluxo de protões à fosforilação de ADP.
A fosforilação oxidativa começa com a entrada de eletrões para a cadeia
respiratória. A maioria destes eletrões provém da ação de desidrogenase que coletam
eletrões das vias catabólicas e que os “alimentam” aos aceitadores de eletrões –
NAD+ ou NADP+ e FMN e FAD.
Nem o NADH nem o NADPH podem atravessar a membrana interna mitocondrial,
mas os eletrões que eles transportam podem ser transportados através desta
indiretamente, este assunto é discutido mais à frente.
A cadeia respiratória consiste numa série de transportadores de eletrões
sequenciais, a maioria sendo proteínas integrais com grupos prostéticos capazes de
aceitar e doar um ou dois eletrões. Existem 3 tipos de transferências de eletrões na
fosforilação oxidativa:
1. Transferência direta: como a redução de Fe2+ em Fe3+;
2. Transferência na forma de um átomo de hidrogénio (H+ + e-);
3. Transferência na forma de um ião hidreto (H-).
Em adição ao NAD e às flavoproteínas (FMN e FAD), 3 outros tipos de
transportadores de eletrões funcionam na cadeia respiratória: ubiquinona, e dois tipos
diferentes de moléculas com ferro, citocromos e clusters de ferro-enxofre.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Na reação geral,
catalisada pela cadeia
respiratória da mitocôndria, os
eletrões movem-se do NADH,
succinato ou outro dador de
eletrões primário através das
flavoproteínas, ubiquinona,
proteínas de ferro-enxofre,
citocromos, e finalmente O2.
Os transportadores estão
distribuídos numa ordem que
aumenta o potencial redutor
ao longo da cadeia, uma vez
que os eletrões têm de fluir
espontaneamente de
transportadores com menos
potencial para aqueles com
maior.
A ordem dos transportadores é, então:
NADH  Q (Ubiquinona)  Citocromo b  citocromo c  citocromo a  O2

MITOCÔNDRIA
A mitocôndria tem 2 membranas. A
membrana exterior é permeável a moléculas
pequenas e iões. A membrana interna é, no
entanto, impermeável à maioria das pequenas
moléculas e iões, as únicas moléculas que
atravessam esta membrana fazem-no através de
transportadores específicos. A membrana interna
também contem os componentes da cadeia
respiratória e da síntese de ATP.
A matriz mitocondrial, rodeado pela
membrana interna, contêm a piruvato
desidrogenase e as enzimas do ciclo do ácido
cítrico, as enzimas da via de β-oxidação das
gorduras e as enzimas da via da oxidação de
aminoácidos (isto é, todas as vias de oxidação de
combustíveis exceto a glicólise, que tem lugar no
citosol). A membrana interna permeável segrega
os intermediários e enzimas das vias metabólicas
que se passam no citosol. Apesar disso,
transportadores específicos transportam piruvato,
ácidos gordos e aminoácidos ou os seus a-ceto
derivados para a matriz de forma a estarem
acessíveis à maquinaria do ciclo do ácido cítrico.
ADP e Pi são também transportados
especificamente para a matriz ao mesmo tempo
que o ATP sintetizado é transportado para fora.

CADEIA TRANSPORTADOR A
Os transportadores de eletrões na cadeia respiratória estão organizados em
complexos supramoléculares embutidos na membrana. Existem 4 complexos
transportadores únicos, cada capaz de catalisar a transferência de eletrões através de
uma porção da cadeia. Os complexos I e II catalisam a transferência de eletrões para
a Ubiquinona a partir de 2 dadores diferentes: o NADH (complexo I) e o succinato

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

(complexo II). O complexo III transporta eletrões da ubiquinona reduzida para o


citocromo c, e o complexo IV completa a sequência ao transferir os eletrões do
citocromo c para o O2.

COMPLEXO I
Este complexo é também chamado de NADH
desidrogenase e catalisa 2 processos em simultâneo, que têm Cada um dos
de estar necessariamente acoplados: o primeiro é a complexos tem
transferência exergónica de um ião hidreto do NADH para a uma “catrefada”
Ubiquinona (forma Ubiquinol), o segundo é a transferência de 4 de subunidades.
protões da matriz para o espaço intramembranar. É uma
grande enzima, composta por 42 cadeias polipeptídicas
diferentes.

COMPLEXO II
Este complexo é
também conhecido como
succinato desidrogenase, e é O NADH não interage com o complexo II, passa
a única enzima ligada ao ciclo automaticamente para a Ubiquinona,
do ácido cítrico. Quando o formando Ubiquinol, que vai logo para o
succinato se liga a este complexo III.
complexo, dá os eletrões ao Como o substrato de FADH2 passa logo para o
FAD , que fica na forma de
+ complexo II, perdem-se os 4 protões que são
FADH2, os eletrões seguem do transferidos no complexo I, isto significa a perda
FAD para os clusters de Fe-S e de energia quando o substrato é FADH2.
destes para o sítio da ligação Isto justifica a diferença na formação de ATP
da Ubiquinona, onde são entre o FADH 2 (1,5 ATP) e o NADH (2,5ATP).
transferidos para esta
formando Ubiquinol. Este é o
único complexo que não
bombeia protões para o espaço intermembranar.
Possui 5 grupos prostéticos de dois tipos diferentes, e 4 subunidades proteicas. As
subunidades C e D são proteínas integrais da membrana, e possuem um grupo hemo b
e um lugar de ligação para a ubiquinona, o aceitador de eletrões final na reação
catalisada pelo complexo II. As subunidades A e B estendem-se para o interior da matriz
mitocondrial e contêm 3 centros Fe-S, um FAD+, e um local de ligação para o succinato.

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COMPLEXO III
Este complexo leva a cabo o processo de
acoplamento da transferência de eletrões do Ubiquinol O complexo III é
para o citocromo c com o transporte de 4 protões da comum a NADH e
matriz mitocondrial para o espaço intermembranar. Nesta FADH2
reação a molécula QH2 (Ubiquinol) é oxidada e os dois
citocromos c são reduzidos. O citocromo c é uma proteína
solúvel que se encontra no espaço intermembranar.
Depois desta proteína receber um eletrão do complexo III, ela move-se para o
complexo IV para dar o eletrão.
O ciclo da ubiquinona acomoda a troca entre o transportador de 2 eletrões,
ubiquinona e os transportadores de 1 eletrão, os citocromos b 562, b566, c1 e c, e explica
o porquê de serem movidos 4 protões por cada par de eletrões que passam pelo
complexo III.
No lado P (zona intermembranar) da membrana interna da mitocôndria, uma
molécula de QH2 é oxidada a Q libertando 2 protões para o espaço intermembranar.
Cada QH2 dá um eletrão ao citocromo c1 e um eletrão a uma molécula de Q que está
perto do lado N (zona da matriz), reduzindo-a em dois passos a QH2. Esta redução
também usa 2 protões por cada Q, que são tirados da matriz.

COMPLEXO IV
O complexo IV transporta os eletrões do citocromo c para o oxigénio molecular
(O2), reduzindo-o a água. O complexo IV é uma grande enzima da membrana interna
da mitocôndria. A subunidade mitocondrial II contem 2 iões de cobre complexados
com grupos -SH de duas cisteínas, formando um centro binuclear de Cu (Cu A). A
subunidade I tem 2 grupos hemo, um a e outro a 3, e outro ião Cu (CuB). o hemo a3 e o
CuB formam um segundo centro binuclear que aceita os eletrões do grupo hemo a e os
transfere para o O2 ligado ao grupo hemo a3. A sequência da transferência dos eletrões
no complexo IV é:
Citocromo c  centro CuA  grupo hemo a  grupo hemo a3CuB  O2

Os complexos I e II transferem os eletrões para a Ubiquinona, que aceita 2


eletrões, o complexo III e IV, no entanto transferem para o citocromo, que
unicamente aceita 2 eletrão, isto vai implicar 2 transportes.
Os vários centros têm diferentes potenciais redutores/oxidantes.
Os complexos de Fe têm diferentes potenciais redutores devido aos seus ligandos.

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MODELO QUIMIOSMÓTICO E SÍNTESE DE ATP


De acordo com o modelo quimiosmótico, a energia eletroquímica, inerente na
diferença de concentração de protões e a separação de cargas ao longo da
membrana interna da mitocôndria, é o que conduz a síntese de ATP, enquanto os
protões fluem de passivamente para a matriz através de um poro de protões associado
com a ATP sintetase.
Esta teoria explica a dependência da transferência de eletrões na síntese de ATP
na mitocôndria. Quando o fluxo de
protões para a matriz pelo poro é
bloqueado, não existe via de retorno
desses protões para a matriz e a
excreção contínua deste pela atividade
da cadeia respiratória gera um grande
gradiente de protões. A força potro-
motriz aumenta até que o custo de
bombear os protões contra o gradiente
igual ou excede a energia libertada
pela transferência de eletrões do NADH
para o O2.

ATP SINTETASE
A ATP Sintetase catalisa a formação de ATP a partir de ADP e P i acompanhado
de um fluxo de protões da zona intermembranar para a matriz. A ATP sintetase, também
conhecida como complexo V, tem 2 componentes distintos: F1, proteína membranar
periférica e F0 que é integrada na membrana.
A ATP sintetase estabiliza o ATP relativamente ao ADP e Pi ao ligar o ATP de forma
mais “apertada”, libertando energia suficiente para contrabalançar o custo de formar
ATP. Isto significa que F1F0 liga ATP com mais afinidade que ADP, isto conduz o equilíbrio
para a formação de ATP.
Apesar de a ATP sintetase formar sempre ATP na presença de ADP e Pi, devido á
sua maior afinidade pelo primeiro, na ausência do gradiente de protões o ATP não é
libertado, conclui-se que é esse que leva a enzima a libertar o ATP formado na sua
superfície.
Para a síntese contínua de ATP a enzima tem de modificar entre as formas que
ligam ATP “apertadamente” e a forma que liberta a ATP.
A componente F1 tem
nove subunidades, de 5 tipos
diferentes, de composição:
α3β3γδε.
Cada uma destas 3
subunidades β tem um local
catalítico para a síntese de
ATP.
O domínio de γ está
associado primariamente a
uma subunidade β,
designada de β-empty (β-
vazio). As subunidades β são
idênticas na sua sequencia,
mas diferem na sua conformação, em parte por causa da associação da unidade γ
com uma das três.
As diferenças conformacionais nas subunidades β estende-se à sua diferença no
seu local de ligação de ATP/ADP. As conformações são designadas: β-ATP (Tight), β-ADP
(Loose) e β-empty (Open).
O complexo F0 constitui o poro de protões.

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A ATP sintetase utiliza


um mecanismo de catálise
rotacional, no qual os 3 locais
ativos da F1 catalisam à vez a
síntese de ATP. Uma
subunidade β começa na
conformação β-ADP, que liga
ADP e Pi do meio. A
subunidade muda de
conformação assumindo a
conformação β-ATP que liga
fortemente e estabiliza o ATP,
existe nova mudança
conformacional e esta
adquire a conformação β-empty. A conformação β-empty, tem baixa afinidade pelo
ATP e essa deixa a enzima.
As mudanças conformacionais centrais para esse mecanismo são conduzidas
pela passagem de protões pela porção F0. Os protões passam pelo poro F0 causam a
rotação da subunidade γ, que é perpendicular ao plano da membrana. A subunidade
γ passa pelo centro da “esfera” formada por α3β3. Cada rotação de 120º de γ, esta
entra em contacto com uma subunidade diferente de β, este contacto força essa
subunidade para a conformação β-empty.
Quando uma subunidade adquire a conformação Se houver muita
β-empty, a sua vizinha deve adquirir a conformação β-ATP energia a ATP sintetase
e a outra a β-ADP. Assim uma rotação completa de γ pode funcionar ao
força cada subunidade β a adquirir as 3 conformações contrário.
possíveis, e, por cada rotação 3 ATP são sintetizados e
libertados da superfície da enzima.

SISTEMA DE BOMBAS (SHUTTLES) QUE TRANSPORTAM NADH CITOSÓLICO


PARA A MITOCÔNDRIA PARA OXIDAÇÃO
A NADH desidrogenase da membrana interna da mitocôndria das células
animais só aceita NADH da matriz. Dado que a membrana interna não é permeável a
NADH, como é que o NADH gerado na glicólise, no citosol, pode ser reoxidado em NAD +
pelo O2 pela cadeia respiratória? Existem sistemas de shuttles especiais que transportam
os equivalentes redutores do NADH citosólico para a mitocôndria.

SHUTTLE M ALATO- ASPARTATO


A shuttle de NADH mais ativa, que funciona no fígado, nos rins e no coração é a
shuttle do malato-aspartato.

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Os 2 equivalentes redutores do NADH citosólico são transferidos para o


oxaloacetato, formando malato, pela ação da malato-desidrogenase. O Malato
atravessa a membrana interna pela ação do transportador malato-a-cetoglutarato
(cotransporte). Na matriz, o malato passa os 2 equivalentes redutores para NAD +, e o
NADH resultante é oxidado pela cadeia respiratória; o
oxaloacetato formado do malato desidrogenado não
consegue passar diretamente para o citosol. Por isso, A reação catalisada
o oxaloacetato é primeiro transaminado (utilizando pelas transaminases é:
uma aspartato transaminase, que transfere um grupo AA1 + CA2 CA1 + AA2
amina) em aspartato. O aspartato já consegue sair da (CA  cetoácido)
matriz pelo transportador glutamato-aspartato. O
oxaloacetato é regenerado no citosol, completando
o ciclo.
O shuttle tem balanço nulo, uma vez que o NADH citosólico é equivalente ao
produzido pela mitocôndria, cada forma 2,5 ATP na cadeia respiratória.

SHUTTLE GLICEROL-3-FOSFATO
O cérebro e os músculos esqueléticos usam um tipo diferente de shuttle de
NADH, o shuttle glicerol-3-fosfato. Difere na shuttle malato-aspartato em que entrega os
equivalentes redutores do NADH para a ubiquinona, no complexo III, ao contrário do
complexo I, fornecendo só energia suficiente para sintetizar 1,5 ATP.
No citosol, a dihidroxiacetona fosfato aceita os dois equivalentes redutores do
NADH numa reação catalisada pela glicerol-3-fosfato desidrogenase citolítica. Uma
isozima do G-3-P ligada à face exterior da membrana interna transfere os dois
equivalentes redutores do glicerol-3-fosfato para a ubiquinona.

De forma aos equivalentes serem transportados para a ubiquinona os


equivalentes são doados ao FAD+, formando FADH2, no complexo II da cadeia
fosforilativa.
É de notar que esta shuttle não envolve sistemas de transportes membranares.

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VIA DAS PENTOSES FOSFATO


A via das pentoses fosfato é uma fonte
crucial de NADPH, usado na biossíntese, e para a
proteção contra o stress oxidativo.
Esta via consiste em duas fases:
1. Geração oxidativa de NADPH;
2. Interconversão, não oxidativa, de
açúcares.
Na fase oxidativa, o NADPH é gerado
quando a glucose-6-fosfato é oxidada para
ribulose-5-fosfato, que é subsequentemente
convertida em ribose-5-fosfato.
A ribose-5-fosfato e os seus derivados são
componentes do RNA e DNA, tal como do ATP,
NADH, FAD e coenzima A.
O NADPH é necessário para a biossíntese
redutiva e para contrariar os efeitos prejudiciais
dos radicais livres de oxigénio. Tecidos com
grande síntese de ácidos gordos, colesterol ou hormonas esteróis, requerem NADPH
obtido por esta via. Eritrócidos e células da córnea que estão expostas diretamente a
oxigénio, ao manter uma atmosfera redutora (alto nível de NADPH e glutationa
reduzida, pode ser oxidada e por isso combate o stress oxidativo), nessas células estas
podem prevenir e até remediar danos oxidativos.
Na fase não oxidativa, a via catalisa a interconversão de açúcares de 2, 4, 5 a 6
carbonos numa série de reações não oxidativas.
Todas estas reações ocorrem no citoplasma.

FASE OXIDATIVA
A reação geral que caracteriza esta fase da via das pentoses fosfato, é:
Glucose 6-fosfato + 2 NADP+ + H2O  Ribulose 5-fosfato + 2 NADPH + 2 H+ + CO2
Isto significa que duas moléculas de NADPH são geradas na conversão de
glucose-6-fosfato em ribulose 5-fosfato.
Nalguns tecidos a via termina no último passo desta fase.

1º PASSO
A fase oxidativa começa com uma desidrogenação da glucose 6-fosfato no 1º
carbono, numa reação catalisada pela glucose 6-fosfato desidrogenase. O NADP+ é o
aceitador de eletrões, e dá-se a formação de uma das moléculas de NADPH.
O produto da reação anterior é 6-fosfoglucona-δ-lactona.

2º PASSO
A 6-fosfoglucona-δ-lactona é hidrolisada, formando 6-fosfogluconato, pela
enzima lactonase.

3º PASSO

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O 6-fosfogluconato sofre descarboxilação oxidativa pela 6-fosfogluconato


desidrogenase, formando ribulose-5-fosfato.
Esta reação forma uma segunda molécula de NADPH.

4º PASSO
Ocorre apenas se o objetivo da célula for a produção de ácidos nucleicos ou
coenzimas. Se o principal objetivo da célula for a síntese de mais NADPH com vista a
biossíntese, este passo não ocorre, sendo a ribulose 5-fosfato novamente transformada
em glucose-5-fosfato através da fase não oxidativa da via das pentoses fosfato.
Neste passo, a molécula de ribulose-5-fosfato é isomerizada em ribose-5-fosfato,
pela fosfopentose isomerase.

TABELA RESUMO DA FASE OXIDATIVA


Passo Substrato Produto Enzima Reação NADPH
1 Glucose 6- 6- Glucose 6- Desidrogenação 1
fosfato fosfoglucona- fosfato
δ-lactona Desidrogenase
2 Lactona Fosfogluconato Lactonase Hidrólise -
3 Fosfogluconato Ribulose 5- 6- Fosforilação 1
fosfato Fosfogluconato Oxidativa
Desidrogenase
4 Ribulose 5- Ribose 5- Fosfopentose Isomerização -
fosfato fosfato Isomerase

FASE NÃO OXIDATIVA


Nos tecidos que necessitam essencialmente de NADPH ocorre a fase não
oxidativa da via das pentoses. Nesta fase, a ribulose-5-fosfato é reciclada a glucose 6-
fosfato. Esta reciclagem dá-se em 4 passos.
A reciclagem contínua leva à conversão da glucose 6-fosfato em CO2.
Duas enzimas únicas à via das pentoses atuam nestas interconversões:
transcetolases e transaldolases. Estas enzimas criam uma ligação reversível entre a via
das pentoses e a via glicolítica ao catalisar 3 reações sucessivas, que constituem os
passos 2, 3 e 4:
1. C5 + C5  C3 + C7 (Transcetolase)
2. C3 + C7  C6 + C4 (Transaldolase)
3. C4 + C5  C6 + C3 (Transcetolase)
O resultado final destas reações é a formação de duas hexoses e uma triose de
3 pentoses:
3 C5  2 C6 + C3

1º PASSO
A ribulose 5-fosfaro é epimerisada a xilulose
5-fosfato por ação da enzima Ribulose 5-fosfato
Epimerase.
O substrato da transcetolase é uma cetose,
em que o grupo hidroxilo se encontra no C-3, isto
encontra-se apenas na conformação de xilulose
em vez da ribulose, por isso se dá este passo.

2º PASSO
O primeiro passo que liga a via das pentoses e a glicólise é a formação de
gliceraldeído 3-fosfato (C3) e sedoheptose 7-fosfato (C7) a partir de duas pentoses.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A Trancetolase catalisa
transferência de um fragmento de
dois carbonos de uma cetose
dadora(xilulose) para uma aldose
aceitadora (ribose). Neste passo, a
Transcetolase transfere os carbonos
C-1 e C-2 da xilulose-5-fosfato para a
ribose-5-fosfato formando o produto
de sete carbonos.
3º PASSO
Os produtos do passo
anterior, Gliceraldeído 3-fosfato e
sedoheptulose 7-fosfato, sofrem
agora a ação da Transaldolase, que
transfere um fragmento de 3
carbonos do sedohetulose 7-fosfato
e o condensa com o Gliceraldeído 3-
fosfato, formando a molécula de 6
carbonos frutose 6-fosfato e uma tetrose (4 carbonos) eritrose 4-fosfato.

4º PASSO
Nesta reação a transcetolase volta
a atuar, formando frutose 6-fosfato e
Gliceraldeído 3-fosfato da eritrose 4-
fosfato e xilulose 5-fosfato.

No final as duas moléculas de Gliceraldeído 3-fosfato podem ser convertidas


para uma molécula de glucose 6-fosfato, pelo mecanismo da gliconeogénese. No total,
temos então, 6 pentoses fosfato que são convertidas em 5 hexoses fosfato, estando o
ciclo completo.

MECANISMOS DA TRANCE TOLASE E DA TRANSALD OLASE


As reações catalisadas por estas duas enzimas são distintas, apesar de muito
similares. A diferença principal é que a transcetolase transfere uma unidade de 2
carbonos, enquanto que a transaldolase transfere uma unidade de 3 carbonos.

TRANSCETOLASE
A trancetolase contem um cofator como grupo prostético, o TPP. A enzima
transfere 2 carbonos glicoaldeídos de um dador cetose para um aceitador aldose. O
local de adição da unidade de 2 carbonos é o anel TPP. O TPP ioniza-se dando origem
a um carboanião. Este carbono com carga negativa ataca o grupo carbonilo da
cetose. Este composto liberta uma aldose de produto que contem uma unidade fe
glicoaldeído ativada. O grupo carbonilo de uma aldose aceitadora condensa-se com
o glicoaldeído ativado para formar uma nova cetose, que é libertada da enzima.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

TRANSALDOLASE
A Transaldolase transfere um uma unidade dihidroxiacetona de três carbonos de
uma cetose para uma aldose aceitadora. Em contraste com a transcetolase, a
transaldolase não contem um grupo prostético. Uma base de Schiff é formada entre o
grupo carbonilo da cetose e o grupo amino do resíduo de lisina no local ativo da
enzima. A base de Shiff protona-se, a ligação entre o C-3 e o C-4 cliva-se e uma aldose
é libertada. A unidade de dihidrociacetona reage com o grupo carbonilo da aldose,
formando uma nova ligação carbono-carbono. O produto cetose é desprotonado e
libertado por hidrólise da base de shiff.

METABOLISMO DA GLUCOSE 6-FOSFARO PELA VIA DAS PENTOSES


FOSFATO COORDENADO COM A GLICÓLISE
A glucose 6-fosfato é metabolizada tanto na via glicolítica como na via das
pentoses fosfato.
O destino da glucose 6-fosfato vai, então, depender da necessidade da célula
e da concentração de NADP+ no citosol. Sem este aceitador de eletrões a 1º reação
da via das pentoses não se pode dar. Quando a célula está rapidamente a converter
NADPH em NADP+ em reduções biossintéticas, o nível de NADP+ aumenta, estimulando
a G6PD e assim aumentando o influxo de glucose 6-fosfato na via das pentoses. Quando
a necessidade de NADPH diminui a via das pentoses desacelera e a glucose 6-fosfato
é por isso utilizada na via glicolítica.
Podemos examinar o metabolismo da glucose 6-fosfato de 4 modos diferentes,
em diferentes situações metabólicas.

MODO 1

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

É requerida mais ribose 5-fosfato que


NADPH. Este modo
Em células de divisão rápida a não produz
necessidade em ribose 5-fosfato é superior, equivalentes
para a produção de percursores redutores
nucleótidos de DNA. A maioria da glucose
6-fosfato é convertida em frutose 6-fosfato
e gliceraldeído 3-fosfato pela via glicolítica. As
transaldolases e transcetolases convertem, então,
2 moléculas de frutose 6-fosfato e uma molécula
de gliceraldeído 3-fosfatoem três moléculas de ribose 5-fosfato.
5 Glucose 6-fosfato + ATP  6 Ribose 5-fosfato + ADP + 2H+

MODO 2
As necessidades de NADPH e Ribose 5-fosfato
estão balanceadas.
A reação predominante nestas
condições é a formação de 2 Este modo, apesar de produzir tanto
moléculas de NADPH e uma molécula NADPH como ribose, tende mais para a
de Ribose 5-fosfato a partir de uma ribose.
molécula de Glucose 6-fosfato na fase Só obtém 3 dos 12 NADPH possíveis.
oxidativa da via das pentoses fosfato.
Glucose 6-fosfato + 2 NADP+ + H2O 
Ribose 5-fosfato + 2 NADPH + 2 H+ + CO2

MODO 3
O NADPH é muito mais necessário
que a Ribose 5-fosfato.
Por exemplo, tecidos adipócitos
requerem altos níveis de NADPH para a
síntese de ácidos gordos. Neste caso, a
glucose 6-fosfato é completamente
oxidada em CO2. Três grupos de reações
estão ativas nesta situação. Primeiramente
a fase oxidativa da via das pentoses fosfato
forma 2 moléculas de NADPH e uma
molécula de Ribose 5-fosfato. Depois, essa
Ribose 5-fosfato é convertida em frutose 6-
fosfato e gliceraldeído 3-fosfato por
transcetolases e transaldolases. Finalmente, a glucose 6-fosfato é resintetisada da
frutose 6-fosfato e gliceraldeído pela via glicolítica.

6 Glucose 6-fosfato + 12NADP+ + 6 H2O  6 Ribose 5-fosfato + 12 NADPH + 12 H+ + 6 CO2


6 Ribose 5-fosfato  4 Frutose 6-fosfato + 2 Gliceraldeído 3-fosfato
4 Frutose 6-fosfato + 2 Gliceraldeído 3-fosfato + H2O  5 Glucose 6-fosfato + Pi

A soma destas reações é:


Glucose 6-fosfato + 12 NADP+ + 7 H2O  6 CO2 + 12 NADPH + 12 H+ + Pi
Assim a glucose 6-fosfato pode ser completamente oxidada a CO2 com a
concomitante produção de NADPH.

MODO 4

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Tanto NADPH e ATP são necessários.


Alternativamente, a Ribose 5-fosfato
formada pela fase oxidativa das pentoses fosfato
pode ser convertida em piruvato. A Frutose 6-fosfato
e o Gliceraldeído 3-fosfato derivados da Ribose 5-
fosfato entram na via glicolítica em vez de
reverterem para glucose 6-fosfato. Deste modo, ATP
e NADPH são concomitantemente produzidos, e
cinco dos seis carbonos da glucose 6-fosfato
emerge como piruvato.

3 Glucose 6-fosfato + 6 NADP+ + 5 Pi + 8 ADP 


5 piruvato + 3 CO2 + 6 NADPH + 5 NADH + 8 ATP + 2
H2O + 8 H+

O piruvato formado nestas reações pode ser oxidado para gerar mais
ATP ou pode ser usado como bloco construtor numa variedade de biossínteses.

Via das
pentoses
fosfato

Ribose 5-
NADPH Piruvato
fosfato

Ciclo de
Nucleótidos Biossíntese
Krebs

DEFICIÊCIAS DA G6DH
Uma anomalia metabólica na enzima glucose 6-fosfato desidrogenase que
causa a deficiência nesta enzima provoca a escassez de NADPH nas células, mas esta
deficiência vai ser mais aguda nos glóbulos vermelhos.
O papel maioritário do NADPH, nas células vermelhas, é reduzir a forma dissulfeto
da glutationa para a forma sufidrilo. A enzima que catalisa a regeneração da glutationa
reduzida é a glutationa redutase, e utiliza o NADPH como dador de equivalentes
redutores.
Glóbulos vermelhos com baixos níveis de glutationa são mais suscetíveis a
hemólise.
Quando em contacto com agentes oxidantes, como os peróxidos, estes são
eliminados pela enzima glutationa peroxidase, que usa a glutationa reduzida como um
agente redutor.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Na ausência da G6DH, os peróxidos continuam a destruir as membranas, uma


vez que nenhum NADPH está a ser produzido para restaurar a glutationa reduzida.
A glutationa reduzida é também essencial para manter a estrutura normal da
hemoglobina. Sem os níveis adequados de glutationa reduzida, forma-se agregados de
hemoglobinas oxidadas (corpos de Heinz) nas membranas celulares. Danos nas
membranas por acumulação de corpos de Heinz e espécies reativas de oxigénio
formam deformações da célula e podem provocar a lise desta.

DEFICIÊNCIA NA TRANSCETOLASE
A síndrome de Wernicke-Korsakoff é causada pela deficiência de tiamina, um
componente da TPP.
Esta síndrome é comum entre pessoas com alcoolismo, uma vez que o consumo
crónico de álcool interfere com a absorção de tiamina no intestino.
Esta síndrome também pode ser causada por uma mutação no gene da
transcetolase, que diminui a afinidade pelo TPP.
O resultado desta síndrome é o retardamento de toda a via das pentoses fosfato.
Isto resulta numa grande perda de memória, confusão mental e paralisia parcial.

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METABOLISMO DE GLICOGÉNIO
O glicogénio é uma das formas mais utilizadas de
armazenamento de glucose. É um polímero largo e ramificado de As ligações
resíduos de glucose que pode ser clivado para dar origem glicosídicas
moléculas de glucose quando é necessária energia. Uma molécula a fazem
de glicogénio tem aproximadamente 12 camadas de moléculas de parte das
glucose. A maioria dos resíduos de glicose, no glicogénio, estão estruturas
ligados através de uma ligação glicosídica α-1,4. As ramificações helicais.
aparecem a cada 10 resíduos e apresentam ligações glicosídicas
a-1,6.

O glicogénio não é tão reduzido como os ácidos


gordos, e por isso, não é tão rico em energia. No entanto,
a libertação de glucose, do glicogénio, mantém os níveis
de glucose no sangue entre as refeições. O sangue
mantem o cérebro abastecido de glucose, considerando
que este é quase o único combustível utilizado por este,
excetuando em períodos de jejum longo. Além disso, a
glucose que é doada rapidamente pelo glicogénio é uma
boa fonte de energia para atividades súbitas e
extenuantes, ao contrário dos ácidos gordos, a libertação
de glucose do glicogénio pode providenciar energia na
ausência de oxigénio e assim pode fornecer energia para
atividades anaeróbicas.
Os maiores locais de armazenamento de
glicogénio são o fígado e os músculos esqueléticos. A
concentração de glicogénio é maior no fígado que nos
músculos, mas os músculos apresentam mais glicogénio
devido à sua maior massa. O glicogénio também se
apresenta no citoplasma, com a molécula a aparecer como grânulos.
No fígado, a síntese e degradação
de glicogénio é regulada para manter
os níveis de glucose no sangue
requeridos para manter as
necessidades do organismo. Em
contraste, nos músculos, estes
processos são regulados de forma a
responder às necessidades do
músculo em si.
A glicose derivada da
degradação do glicogénio tem 3
destinos possíveis: torna-se o substrato
inicial da glicólise; pode ser convertido
em glucose livre que é libertada para

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a corrente sanguínea; e pode ser processado na via das pentoses fosfato para formar
NADH e derivados de ribose.
A síntese de glucose, que ocorre quando a glucose é abundante, requer a
ativação da glucose, UDP-glucose, formada pela reação de UTP com a glucose 1-
fosfato.
Muitas enzimas respondem alostericamente a metabolitos, no metabolismo de
glicogénio, que sinalizam as necessidades das células. Através destas respostas
alostéricas, a atividade enzimática é ajustada às necessidades da célula. Além disso, as
hormonas, podem iniciar cascatas de sinais que levam a fosforilação reversível de
enzimas, o que altera a sua taxa de catalisação. A regulação hormonal ajusta o
metabolismo de glicogénio às necessidades de todo o organismo.

SÍNTESE DE GLICOGÉNI O – GLICOGÉNESE


O ponto de inicio da síntese de glicogénio é a
glucose 6-fosfato. Para iniciar a síntese em si, a glucose É de notar que a enzima
6-fosfato tem de ser convertida em glucose 1-fosfato, na UDP-glucose
reação de fosfoglucomutase. O produto desta reação pirofosforilase tem o
é transformado em UDP-glucose, pela ação da UDP- nome da reação reversa.
glucose pirofosforilase:
Glucose 1-fosfato + UTP  UDP-glucose + PPi

Elevados níveis de glucose no A síntese de UDP-glucose é


sangue são tóxicos  formam reversível, mas é tornada irreversível
glicolisação de células. pela acoplação da outra reação.

A UDP-glucose é o dador imediato de resíduos de glucose, na reação


catalisada pela glicogénio
sintetase, que promove a
transferência do resíduo de
glucose do UDP-glucose
para um terminal não
redutor de uma molécula
de glicogénio ramificada.
A glicogénio
sintetase, apesar de tudo,
não consegue fazer as
ligações (a1-6)
encontradas nos pontos de
ramificação; estes são
formados pela enzima
ramificadora, também
denominada por amilo
(14) para (16)
transglicosilase, ou glicosil
(46) transferase. Esta

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enzima catalisa a transferência do fragmento terminal de 6 ou 7 resíduos de glicose do


terminal não redutor de um ramo de glicogénio (este tem de ter no mínimo 11
resíduos) para o grupo hidroxilo C6 do resíduo de glucose na posição mais interior da
mesma ou outra cadeia de glicogénio, assim criando um novo ramo. Mais resíduos de
glicose poderão ser acrescentados ao novo ramo pela glicogénio sintetase.

O efeito biológico da ramificação é para tornar a molécula de glicogénio mais


solúvel e para aumentar o número de terminais não redutores. Isto incrementa o
número de locais acessíveis à glicogéno fosforilase e à glicogénio sintetase, ambas
que atuam unicamente nos terminais não redutores.
A glicogénio sintetase não consegue iniciar uma nova molécula de glicogénio.
Requer um primer (n=4) de cadeia poliglucose pré-formado (a14) ou uma
ramificação que tenha no mínimo 4 resíduos de glucose. A proteína glicogenina vai
servir tanto de primer onde as cadeias novas são formadas e de enzima que catalisa a
sua junção.

ENERGÉTICA DA GLICOGÉNESE
As reações envolvidas no “crescimento” do glicogénio, pela glicogénio
sintetase, são:
1. Glucose 6-fosfato  glucose 1-fosfato
2. Glucose 1-fosfato + UTP  UDP-glucose + PPi
3. PPi + H2O  2 Pi
4. UDP-Glucose + glicogénion  glicogénion+1 + UDP
5. UDP + ATP  UTP + ADP
Sendo a reação total:
Glucose 6-fosfato + ATP + glicogénion + H2O  glicogénion+1 + ADP + 2 Pi
Existe sempre o consumo de 1 ATP para a incorporação de glicose 6-fosfato em
glicogénio.
A completa oxidação da glicose 6-P forma 31 ATP. O armazenamento da glicose
consome 1 ATP.

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DEGRADAÇÃO DE GLICOGÉNIO – GLICOGENÓLI SE


Nos músculos esqueléticos e no
fígado, as unidades de glucose dos
ramos de glicogénio entram na via
glicolítica pela ação de 3 enzimas:
1. Glicogénio fosforilase;
2. Enzima desramificadora do
glicogénio;
3. Fosfoglucomutase.

A glicogénio fosforilase catalisa a


reação em que a ligação (a1-4)
glicosídica entre dois resíduos de glucose
numa ponta não redutora do glicogénio
sofre o ataque de um fosfato inorgânico
(PPi) removendo o resíduo de glucose terminal na
forma de a-D-glucose 1-fosfato. Nesta reação de A fosforilase cataliza a
fosforólise, alguma da energia da quebra da ligação remoção sequencial de
glicosídica é preservada na formação de um fosfato- resíduos glicosil na
éster, glucose 1-fosfato, sendo que por isso esta extremidade da molécula
reação é energeticamente favorável. Em contraste, (com um grupo 4’-OH)
uma clivagem hidrolítica que iria formar glicose que
teria de ser fosforilada à custa de uma molécula de
ATP para entrar na via glicolítica.

O fosfato piridoxal é um cofator


essencial na reação da glicogénio Trata-se de um papel inusual para o
fosforilase; o seu grupo fosfato atua como fosfato piridoxal, sendo que o seu
catalista àcido geral  é essencial porque papel mais comum é como um
assim não se utiliza água que iria hidrolisar o cofator no metabolismo de
substrato, permitindo uma fosforólise que aminoácidos.
preserva energia da ligação quebrada.
A glicogénio fosforilase atua
Fosforilase repetidamente nas pontas não
– Lisina + redutoras dos ramos do glicogénio até
base de que o ponto a 4 resíduos de distância
Schiff + de um ponto ramificante (a1-6), onde a
grupo sua ação para. Após esse ponto, a
fosfato degradação o glicogénio só pode
continuar quando a enzima
desramificadora (oligo (a1-6) para (a1-
4) glucotransferase) catalisar 2 reações
sucessivas. Na primeira reação a
atividade de transferase da enzima
muda um bloco de 3 resíduos de
glucose para um terminal não redutor
próximo, ao qual esses são ligados
numa ligação (a1-4). O resíduo de
glucose que permanece ponto de
ramificação, numa ligação (a1-6), é

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

então libertado como um resíduo livre de glucose pela atividade desramificadora da


enzima. Após esta ação da enzima de desramificação, a atividade da glicogénio
fosforilase pode continuar.
A fosfoglucomutase é responsável
pela conversão da glucose 1-fosfaro A fosfoglucomutase
Glu-1-P resultante da ação da glicogénio também catalisa a
ionizada não fosforilase, em glucose 6-fosfato, de forma reação contrária.
se difunde a que esta esteja assim disponível para
da célula entra tanto na glicólise como na via das
pentoses fosfato.

“TURNOVER”

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CONTRIBUIÇÃO DO GLICOGÉNIO PARA O PROCESSO DE “HOMEOSTASE”


DE GLICOSE NO ORGANI SMO
A glucose 6-fosfato, resultante da
ação da fosfoglucomutase e produto final
da degradação do glicogénio, formada
nos músculos esqueléticos pode entra na
glicólise e servir como fonte de energia
para a contração muscular. No fígado, dá-
se a libertação da glucose para a corrente
sanguínea quando os níveis de açúcar
descem, no estado pré-prandial.

No fígado e nos rins, há então


necessidade da enzima glucose 6-
fosfatase. Esta enzima é uma proteína
integral da membrana do reticulo endoplasmático. A glucose 6-
fosfato formada no citosol é transportado para o lúmen do RE por
um transportador especifico (T1) e hidrolisado na superfície lumenal
pela glucose 6-fosfatase. O Pi e a glucose resultantes são
transportados de volta para o cistosol por 2 transportadores
diferentes (T2 e T3). A glucose sai do hepatócito pelo transportador
GLUT2.

Como os músculos e tecidos adipócitos não têm a glucose


6-fosfatase, estes não conseguem converter a glucose 6-fosfato em
glucose. Estes tecidos não contribuem para os níveis de glucose no
sangue. No entanto, isto apesenta uma vantagem para os
músculos, que como não têm transportadores nem para glucose 6-
fosfato nem para glucose 1-fosfato, estas moléculas não podem ser
transportadas para fora das células.

REGULAÇÃO DA SÍNTESE E QUEBRA DO GLICOGÉNIO


REGULAÇÃO ALOSTÉRICA E HORMONAL DA GLICO GÉNIO FOSFORILASE
A glicogénio fosforilase apresenta duas formas interconvertíveis: glicogénio
fosforilase a (fosforilada) e b (defosforilada), sendo a forma a cataliticamente ativa e a
b menos ativa. A enzima responsável por ativar a fosforilase é a fosforilase b cinase, e
catalisa a reação de transferência de um grupo fosforilo para a fosforilase, ativando-a.
Esta enzima é por sua vez ativada pela epinefrina e pelo glucagão.

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O segundo mensageiro cAMP, aumenta em concentração em resposta ao


estimulo da epinefrina (músculos) e do glucagão (fígado). Níveis elevados de cAMP
iniciam uma cascata enzimática, na qual um catalista ativa outro catalista, que por sua
vez ativa outro. Este tipo de cascatas permitem uma grande amplificação do sinal
inicial.
O aumento de [cAMP] ativa a proteína cinase A (PKA), que por sua vez fosforila
e ativa a fosforilase b cinase, que catalisa a fosforilação da fosforilase ativando-a e
estimulando a quebra do glicogénio.

No músculo, existem 2 mecanismos de controlo alostérico. O Ca2+, que sinaliza a


contração muscular, liga-se e ativa a fosforilase b cinase, promovendo a conversão da
fosforilase b para a forma ativa a. O AMP, que se acumula em músculos em contração
vigorosa como resultado da quebra de ATP, liga-se e ativa a fosforilase, aumentando a
velocidade de libertação de glucose 1-fosfato do glicogénio. Quando os níveis de ATP
são adequados, o ATP bloqueia o local alostérico ao qual o AMP se liga, inativando a
fosforilase.
Quando o músculo volta ao descanso, uma segunda enzima, fosforilase a
fosfatase, também denominada fosfoproteína fosfatase 1 (PP1), remove o grupo fosforil
da fosforilase a, convertendo-a na sua forma menos ativa, fosforilase b.

A fosforilase também é regulada no fígado. Quando os níveis de glucose no


sangue são baixos, o glucagão ativa a fosforilase b cinase, que por sua vez converte a
fosforilase b na sua forma ativa a, iniciando a libertação de glucose para o sangue.
Quando os níveis de glucose voltam ao normal, a glucose entra nos tecidos hepatócitos
e liga a um inibidor alostérico na fosforilase a. Isto leva a uma mudança conformacional
que expõe o resíduo da fosforilase que se encontra fosforilado à PP1, que catalisa a sua
desfosforilação e a inativa. O local alostérico para a glucose permite à fosforilase do
fígado atuar como o seu próprio sensor de glucose e responder de forma adequada às
mudanças dos níveis de glucose no sangue.

REGULAÇÃO DA GLICOGÉNIO SINTETASE


A glicogénio sintetase também pode existir na forma fosforilada e desfosforilada.
A sua forma ativa, glicogénio sintetase a, é desfosforilada, a fosforilação dos seus
resíduos converte-a à glicogénio sintetase b, que está inativada a não ser que o seu
ativador alostérico, glucose 6-fosfato, esteja presente. A cinase mais importante na
inativação da glicogénio fosforilase é a glicogénio sintetase cinase 3 (GSK3).

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No fígado, a conversão da glicogénio sintetase b para a sua forma ativa é


promovida pela PP1, que está ligada à partícula de glicogénio. PP1 remove os grupos
fosforilo fosforilados pela GSK3.
A glucose 6-fosfato liga-se a um local alostérico na glicogénio sintetase b,
tornando a enzima um substrato melhor para desfosforilação pela PP1 e causando a
sua ativação.
A glicogénio sintetase pode ser considerada um sensor de glucose 6-fosfato.
Nos músculos, uma fosfatase
diferente deve ter o papel da PP1,
ativando a glicogénio sintetase ao Insulina
desfosforilá-la. A insulina ativa uma proteína
cinase (PKB), que por sua vez fosforila e
A glicogénio fosforilase inativa a GSK3. Isto “vira a balança” a
também pode afetar a fosforilação da favor da desfosforilação da glicogénio
glicogénio sintetase: glicogénio sintetase pela PP1.
fosforilase ativa inibe diretamente a
PP1, prevenindo-a de ativar a
glicogénio sintetase.

PP1
A PP1 pode remover grupos fosforilo das 3 enzimas
fosforiladas em resposta ao glucagão (no fígado) e
epinefrina (músculos): fosforilase cinase, glicogénio fosforilase
e glicogénio sintetase.

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SINAIS ALOSTÉRICOS E HORMONAIS QUE COORDENAM O METABOLISMO DE


CARBOHIDRATOS GLOBAL MENTE
Podemos agora considerar as mudanças no metabolismo de carbohidratos que
ocorrem num estado pós-prandial, pré-prandial e na reação “lutar ou fugir” – sinalizados
respetivamente por: insulina, glucagão e epinefrina.
Num estado pós-prandial, após a refeição, os níveis altos de glucose
desencadeiam uma libertação de insulina. Num hepatócito, a insulina tem 2 efeitos
imediatos: inativa a GSK3 e ativa a proteína
fosfatase, talvez a PP1. Estas duas ações,
ativam completamente a síntese de
glicogénio. A PP1 também inativa a
fosforilase a e a fosforilase cinase parando
a quebra de glicogénio.
Num estado pré-prandial, entre
refeições, a diminuição do nível de glucose
estimula a libertação de glucagão, que
ativa a PKA. A PKA fosforila a fosforilase
cinase, ativando-a e levando à ativação
de glicogénio fosforilase. Também fosforila
a glicogénio sintetase inativando-a e
bloqueando a síntese de glicogénio.
Nestas condições, o fígado produz glucose
6-fosfato e maximiza a quantidade de
glucose que pode libertar para o sangue.
Esta libertação de glucose só é possível no
fígado e nos rins, uma vez que os outros
tecidos não têm a glucose 6-fosfatase.
Quando a epinefrina é libertada uma situação de “lutar ou fugir”, a PKA é
ativada pelo aumento de [cAMP], que por sua vez fosforila e ativa a glicogénio
fosforilase cinase. Esta ativação resulta numa quebra mais rápida de glicogénio.
A insulina elevada também estimula o aumento da síntese de glicogénio em
células musculares ao ativar a PP1 e inativar a GSK3. Ao contrário dos hepatócitos, as
células musculares contêm uma reserva de GLUT4 em vesículas intracelulares. A insulina
desencadeia o seu movimento para a membrana plasmática, permitindo o uptake de
glicose. Em resposta à insulina, então, as células musculares, diminuem o nível de
glucose no sangue ao aumentar a sua taxa de uptake de glicose, síntese de glicogénio
e glicólise.

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Cascatas de fosforilação:

GLICOGENOSE
GLICOGENOSE TIPO I – DOENÇA DE VON GIERKE
Pacientes com esta doença não apresentam glucose 6-fosfatase no fígado. Esta
foi a primeira deficiência enzimática no fígado herdada descoberta.
O glicogénio, no fígado destes pacientes, é normal em estrutura, mas apresenta-
se em quantidades bastante largas. A carência da enzima glucose 6-fosfatase causa
hipoglicémia, uma vez que a glucose não pode ser formada a partir da glucose 6-
fosfato. O glicogénio não sai do fígado, uma vez que não pode passar a membrana

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plasmática. O excesso de glucose 6-fosfato, no fígado, desencadeiam o aumento da


taxa de glicólise, levando a níveis altos de lactato e piruvato no sangue.
Esta doença também pode ser causada por uma mutação no gene que
codifica o transportador de glucose 6-fosfatase.
Sintomas:
• Abdómen largo, devido ao alargamento do fígado  armazenamento
excessivo de glicogénio no fígado.
• Hipoglicémia pronunciada em períodos entre refeições.
• Hiperlactemia.
• Hiperlipemia  concentrações de lípidos elevadas no sangue.
• Gota.
• Níveis de glucose no sangue não aumentam com a administração de epinefrina
e glucagão.
• Crianças com esta doença podem sofrer de convulsões.
• Dependência no metabolismo de gorduras  depósitos lipídicos cutâneos.

GLICOGENOSE TIPO II – DOENÇA DE POMPE


Nesta doença os lisossomas ficam saturados e dilatados com glicogénio, uma
vez que estes pacientes não contêm a-1-4-glucosidase, uma enzima hidrolítica
confinada a estes organelos.
A formação de lisossomas grandes acaba por comprometer a função celular no
músculo.
A glicogenose do tipo IIa é a forma infantil em que a criança apresenta fraqueza
muscular, com a morte próxima dos 2 anos de idade, associada à disfunção do músculo
cardíaco.
A glicogenose do tipo IIb mais leve (juvenil) e IIc (adulto) são formas que tem
uma manifestação tardia e progressiva e são caracterizadas pela fraqueza do músculo
esquelético.
Sintomas:
• Cardiomegalia;
• Fraqueza muscular.

GLICOGENOSE TIPO III – DOENÇA DE CORI


Esta doença não pode ser distinguida da glicogenose tipo I por exame físico.
Nesta doença a estrutura do glicogénio no fígado e nos músculos é anormal,
sendo os ramos exteriores do glicogénio bastante curtos.
Os pacientes não apresentam a enzima desramificadora (a-1-6-glucosidase) e,
por isso, só os ramos exteriores do glicogénio podem ser utilizados. Assim, unicamente
uma pequena fração do glicogénio é funcionalmente ativo como uma fonte acessível
de glucose.
A glicogenase tipo IIIa é a deficiência de ambas as enzimas hepáticas e
muscular e manifesta-se com hepatomegalia, hipoglicémia durante o jejum e miopatia.
A situação é gerida realizando pequenas refeições com frequência (menor
espaçamento temporal entre refeições) ou alimentação por sonda nasogástrica
contínua.
A glicogenase tipo IIIb é o mais raro e é devido a uma deficiência única da
enzima hepática, não havendo alteração na forma muscular.
Sintomas:
• Hipoglicemias;
• Hepatomegalia.

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CATABOLISMO DE ÁCIDOS
GORDOS
A oxidação completa de ácidos gordo e CO2 e H2O dá-se a cabo em 3 passos:
1. Oxidação dos ácidos gordos de cadeia longa em fragmentos de 2 carbonos
(acetil-CoA)  β-oxidação.
2. Oxidação do acetil-CoA em CO2  ciclo do ácido cítrico.
3. Transferência de eletrões de transportadores de eletrões reduzidos para a
cadeia respiratória mitocondrial.

TRANSPORTE DE ÁCIDOS GORDOS


Os triacilgliceróis ingeridos, antes de serem absorvidos através da parece
intestinal, devem ser convertido de partículas gordas macroscópicas e insolúveis para
micelas microscópicas. Esta solubilização é conseguida pelos sais biliares, composto
amfipáticos que atuam como detergentes
biológicos, convertendo gorduras da dieta em
micelas mistas de triacilgliceróis e sais biliares. A
formação destas micelas aumenta a fração de
moléculas lipídicas acessíveis à atuação de lípases
solúveis, no intestino. A ação das lípases converte
os triacilgliceróis para monoacilgliceróis,
diacilgliceróis, ácidos gordos livres e glicerol. Estes
produtos da lípase difundem-se através das células
epiteliais da superfície do intestino, onde são
reconvertidos em triglicerídeos e guardados com o
colesterol obtido da dieta e proteínas especificas
em agregados lipoproteicos denominados
quilomicrons.

As apolipoproteínas, proteínas existentes no sangue que ligam lípidos, são


responsáveis pelo transporte de triacilgliceróis, fosfolípidos e colesterol entre órgãos. A
apolipoproteínas combinam-se com lípidos para formar várias classes de lipoproteínas
(agregados esféricos com lípidos hidrofóbicos no centro e cadeias laterais de proteínas
hidrofílicas e cabeças de lípidos na superfície.
As lipoproteínas são reconhecidas por
Nos músculos, os ácidos gordos
recetores na superfície das células. Desta forma
são oxidados para formar energia;
nos tecidos adipócitos são
reconvertidos em triglicerídeos
para armazenamento.

os quilomicrons movem-se
através do sistema
linfático e corrente
sanguínea até os tecidos.
Nos capilares destes
tecidos, uma enzima

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

extracelular, lipoproteína lípase, hidrolisa os triacilgliceróis em ácidos gordos e glicerol,


que são adsorvidos pelas células do tecido alvo.
Os quilomicrons, sem a maioria dos seus triacilgliceróis mas ainda contendo
colesterol e apolipoproteínas, viajam na corrente sanguínea até ao fígado onde são
adsorvidos por endocitose, mediada por recetores.

ESTIMULAÇÃO DA B-OXIDAÇÃO
Quando as hormonas sinalizam a necessidade de
energia metabólica, os triacilgliceróis nos tecidos adipócitos
são mobilizados (#Digam não à praxe #A praxe é fascista) e
transportados para os tecidos nos quais este podem ser
oxidados para produção de energia.
As hormonas glucagão e epinefrina, segregadas em
resposta ao baixo nível de glucose no sangue, ativam a
enzima adenil ciclase na membrana plasmática dos
adipócitos, que por sua vez produz o segundo mensageiro
cAMP. A proteína cinase dependente de cAMP, PKA, ,
fosforila as perilipinas (proteínas que rodeiam as gotículas de
lípidos, forma na qual estes são armazenados nos adipócitos).
As perilipinas fosforiladas levam as lípases sensíveis a
hormonas a moverem-se na superfície da gotícula de lípidos,
onde começa a hidrolisar os triacilgliceróis. A PKA também
fosforila as lípases aumentando a sua atividade, no entanto
está demonstrado que células com deficiência nos genes
das perilipinas não têm quase resposta ao aumento da
concentração de cAMP, uma vez que as suas lípases não se
associam às gotículas de lípidos.

7TM (7 domínios
transmembranares)
captam a hormona, no
período pré-prandial,
principalmente nos
adipócitos.

Os ácidos gordos libertados após a hidrolise por parte das lípases passam dos
adipócitos para o sangue, onde se ligam à proteína sanguínea, albumina sérica. Esta
proteína liga até 10 ácidos gordos por molécula. Ligados a esta molécula, os ácidos
gordos, de outra forma insolúveis, são transportados para os tecidos. Nos tecidos alvo,
os ácidos gordos dissociam-se da albumina e são movidos por transportadores da
membrana plasmática para as células para servirem de combustível.

Glicerol:
95% da energia disponível nos triacilgliceróis reside nas suas 3 cadeias de ácidos gordos,
só 5% reside no glicerol. O glicerol libertado pela lípase é fosforilados pela glicerol cinase,
e o resultante glicerol 3-fosfato é oxidado em dihidroxiacetona fosfato. A enzima
glicolítica triose fosfato isomerase converte esse composto em gliceraldeido 3-fosfato,
que é oxidada na glicólise.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Na formação de gliceraldeído através do glicerol, gasta-se 1 ATP para ativação,


mas ganha-se 1 NADH/H+  ganho final de 1,5 ATP aquando da formação do
gliceraldeído. Do glicerol até Acetil-CoA ganha-se 8,5 ATP, e este acetil-CoA no ciclo
de Krebs dá origem a 10 ATP  ganho, por cada glicerol, de 18,5 ATP.

TRANSPORTADOR ACIL-CARNITINA/CARNITINA
As enzimas de oxidação dos ácidos gordos encontram-se, em animais, na
mitocôndria. Ácidos gordos com cadeias até 12 carbonos entram na mitocôndria sem
ajuda de transportadores na membrana. No entanto, aqueles com 14 ou mais carbonos
(a maioria dos libertados pelos adipócitos e dos ácidos gordos livres obtidos na dieta)
não conseguem passar diretamente para a mitocôndria têm de sofrer as 3 reações
da shuttle de carnitina.
A primeira reação é catalisada por uma família de isozimas (isozimas diferentes
especificas para ácidos gordos de cadeia carbonada pequena, intermédia e grande)
presentes na membrana exterior mitocondrial, as acil-CoA sintetases, que promovem a
reação:
Ácido gordo + CoA + ATP  acil gordo-CoA + AMP + 2Pi
Acil-CoA sintetases catalisam a formação de uma ligação tioéster entre o grupo
carboxílico do ácido gordo e o grupo tiol da coenzima A, formando do acil gordo-CoA,
acoplado à quebra de ATP em AMP e PPi. A reação ocorre em 2 passos e involve m
intermediário acil-adenilato.

Os acil gordos-CoA são altamente energéticos e a sua hidrólise tem uma energia
livre de Gibbs bastante negativa. A formação do acil gordo-CoA é tornada mais
favorável com o acoplamento da hidrólise de 2 ligações da ATP, formando portanto 2P i.
Os ésteres acil gordos-CoA formados no lado citolítico da membrana exterior da
mitocôndria podem ser transportados para a mitocôndria e oxidados em ATP, ou
podem ser usados no citosol para sintetizar lípidos da membrana.
Ácidos gordos destinados à oxidação mitocondrial são ligados transientemente
ao grupo hidroxilo da carnitina, formando acil gordo-carnitina – a segunda reação da
shuttle. Esta transesterificação é catalisada pea carnitina aciltransferase I, na
membrana exterior.
A passagem para o espaço intramembranar é feita, depois, por poros largos na
membrana exterior. O éster acil gordo-carnitina entra na matriz por difusão facilitada
pelo transportador acil carnitina/carnitina, da membrana interna da mitocôndria.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Na terceira e última reação da shuttle de carnitina, o grupo do ácido gordo é


transferido enzimaticamente da carnitina para a coenzima A mitocondrial,
regenerando acil gordo-CoA e libertando-o, juntamente com carnitina livre. A carnitina
volta para o espaço intramembranar através do transportador.

B-OXIDAÇÃO
Na β-oxidação, os ácidos gordos sofrem a remoção oxidativa e sucessiva de
unidades de dois carbonos, na forma de acetil-CoA, começando no terminal
carboxílico do ácido gordo.
Por cada ciclo de β-oxidação, uma molécula de acetil-CoA, 2 pares de eletrões
e 4 protões (1 NADH/H+ e um FADH2) são retirados da cadeia de ácidos gordos,
diminuindo-a em 2 carbonos. Cada ácido gordo sofre o número de ciclos necessários
para a sua completa transformação em acetil-CoA.
Os ácidos gordos sofrem (n/2)-1 ciclos de β-oxidação e formam n/2 moléculas
de Acetil-CoA, sendo n o número de carbonos que o ácido gordo tem.

É de notar que também pode ser produzida água neste processo. A


transferência de eletrões do NADH e FADH2 para o O2 forma uma H2O por par
1
de eletrão (NADH/H+ + O2  NAD+ + H2O). Em animais a hibernar, a oxidação
2
de ácidos gordos fornece energia metabólica, calor e água – todos essenciais
para a sobrevivência de um animal que nem come nem bebe durante longos
períodos.

Ácidos gordos mais importantes:


➢ Palmitato C16:0
➢ Palmitoleico C16:1
➢ Esteárico C18:0
➢ Oleico C18:1
➢ Linoleico C18:2
➢ Linolenico C18:3
Os acetil-CoAs produzidos na β-oxidação são oxidados a CO2 no ciclo do ácido
cítrico e os NADH/H+ e os FADH2 doam eletrões à cadeia respiratória mitocondrial.
A β-oxidação dos ácidos gordos tem 4 reações básicas:

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

1. Oxidação;
2. Hidratação; O processo contrário à β-
3. Oxidação; oxidação sofre as seguintes
4. Lise. reações:
1. Condensação
B-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GORDOS SATURADOS 2. Redução por NADPH
E CADEIA DE NÚMERO P AR 3. Desidratação
4. Redução
A desidrogenação/oxidação do acil-CoA
produz uma ligação dupla entre os carbonos α e β,
formando trans-∆2-enoil-CoA. É de notar que a nova
ligação dupla tem uma configuração trans, onde, normalmente as ligações duplas que
ocorrem naturalmente têm a configuração cis. Este primeiro passo é catalisada por 3
isozimas, acil-CoA desidrogenase, cada especifica para um comprimento do acil-CoA
(longa cadeia, entre 12 a 18 carbonos e cadeia curta). Estas isozimas tratam-se de
flavoproteinas com FAD como grupo prostético.
No segundo passo da β-oxidação, água é
adicionada à dupla ligação do trans-∆2-enoil-CoA,
formando o estereoisómero L do β-hidroxiacil-CoA. Esta
reação é catalisada pela enoil-CoA hidratase.
No terceiro passo, a L- β-hidroxiacil-CoA é
desidrogenada/oxidada em β-cetoacil-CoA, pela ação
da β-hidroxiacil-CoA desidrogenase que tem o NAD+
como aceitador de eletrões. Esta enzima é
completamente especifica para o isómero L.
O quarto e último passo da β-oxidação é
catalisado pela acil-CoA acetiltransferase, mais
comumente chamado tiolase, o que promove a reação
do β-hidroxiacil-CoA com uma molécula de coenzima A
de forma a clivar o fragmento de 2 carbonos do terminal
carboxílico do ácido gordo inicial, na forma de Acetil-
CoA. Esta reação é denominada tiolise.
Os últimos 3 passos desta sequencia de 4 passos é
realizado num de 2 conjuntos de enzimas, dependendo
do tamanho do ácido gordo. Com ácidos gordos de 12
ou mais carbonos estas reações são catalisadas num
complexo multienzimatico, associado com a membrana
interna da mitocondria, a proteína trifuncional (TFP).
Quando o ácido gordo tem uma cadeia de 12 ou menos
carbonos estas reações são catalisadas por um conjunto
de 4 enzimas solúveis na matriz.
Este trata-se de um mecanismo de destabilização
e clivagem de ligações simples entre grupos metilenos
em ácidos gordos. A função cetona do carbono β faz
dele um bom alvo para uma taque nucleofílico do gruo -
SH da coenzima A, catalisada pela tiolase.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

B-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GORDOS SATURADOS


Os ácidos gordos podem encontrar-se insaturados,
tendo uma ou duas ligações duplas. Estas ligações
têm configuração cis e não podem sofrer a ação da
enoil-CoA hidratase.
São necessárias 2 enzimas adicionais para a β-
oxidação de ácidos gordos insaturados comuns: uma
isomerase e uma redutase.
Os ácidos gordos insaturados são transformados
em acil-CoA tal como os saturados, e entra na
mitocôndria pela shuttle de carnitina. Depois esse
ácido gordo sofre a β-oxidação normal até encontrar
a ligação dupla se encontrar no carbono 3 do acil-
CoA. Este produto não pode servir de substrato para a
enoil-CoA hidratase, que atua somente em ligações
duplas trans. A enzima auxiliar ∆3,∆2-enoil-CoA
isomerase, isomeriza a cis-∆3-enoil-CoA em trans-∆2-
enoil-CoA, que é convertida pela enoil-CoA hidratase
no correspondente β-hidroxiacil-CoA. As outras
enzimas da β-oxidação atuam depois sobre este
intermediário para dar origem a acetil-CoA.

A outra enzima auxiliar (a redutase) é requerida na oxidação de polinsaturados.


Esses ácidos gordos sofrem a β-oxidação normal até encontrar a primeira ligação dupla
no 3º carbono. Este intermediário na pode ser utilizado pelas enzimas da β-oxidação,
uma vez que as suas ligações duplas se encontram nos locais errados e têm a
configuração errada. No entanto, a ação conjunta da enoil-CoA isomerase e a 2,4-
dienoil-CoA redutase, permitem a reentrada do intermediário na β-oxidação e a sua
degradação em acetil-CoA.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

B-OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GORDOS COM NÚMERO Í MPAR DE CARBONOS


Ácidos gordos de cadeia longa e com número ímpar de carbonos são oxidados
na mesma via que os ácidos com número par de carbonos, começando no terminal
carboxilo. No entanto, o último substrato a sofrer a β-oxidação é um acil-CoA com um
ácido gordo de 5 carbonos. Quando este é oxidado e clivado, os produtos são acetil-
CoA e propionil-CoA (ácido gordo com 3 carbonos). O acetil-CoA pode ser oxidado no
ciclo de Krebs, mas o propionil entra numa nova via que envolve 3 enzimas.
O propionil-CoA é carboxilado para formar o estereoisómero D do metilmalonil-
CoA, pela propionil-CoA carboxilase. A D-metilmalonil-CoA é epimerizada
enzimaticamente no seu estereoisómero L pela metilmalonil-CoA epimerase.

O L-metilmalonil-CoA sofre um rearranjo molecular para formar succinil-CoA, que


pode entrar no ciclo de Krebs. Este rearranjo é catalisado pela metilmalonil-CoA mutase,
que requer a coenzima B12.
Na reação da metilmalonil-CoA mutase, o grupo -CO-S-CoA no C-2 do
propinato muda de posição com o átomo de hidrogénio do C-3 do propionato original.
A coenzima B12 é a forma de cofator da vitamina B12. O complexo contem um
anel de corrina coordenado a Co3+. A quinta posição de coordenação está ocupada
por dimetilbenzimidazol ribonucleótico, ligado covalentemente pelo seu grupo 3’-
fosfato ao grupo lateral do anel de corrina, pela aminoisopropanol. A sexta posição de
coordenação está o 5’-deoxiadenosil, ligado covalentemente através do C-5 ao
cobalto.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A reação de rearranjo
catalisada pela coenzima B12,
tratam-se da troca de 2 grupos
ligados a carbonos adjacentes
no substrato. Um átomo de
hidrogénio migra de um
carbono para o seguinte, com
um grupo R se move na direção
inversa. O primeiro passo neste
rearranjo molecular é a quebra
da ligação C-Co para gerar a
forma da conzima Co2+ e o
radical 5’-deoxiadenosil, -CH2º.
Nesta reação de clivagem
homolítica, um eletrão da
ligação Co-C fica no Co
(reduzindo da forma +3 para a
+2), enquanto que o outro
eletrão fica no carbono, gerando um radical livre.
Este radical livre resultante, trata-se de uma espécie altamente reativa que
“rouba” o átomo de hidrogénio do substrato para formar 5’-deoxiadenosina e um
radical do substrato. Este radical substrato rearranja-se espontaneamente: o grupo
carbonilo do CoA migra para a posição anteriormente ocupada pelo H do carbono
vizinho para produzir um radical diferente. Este radical “rouba” o átomo de hidrogénio
do grupo metilo do 5’-deoxiadenosil para completar o rearranjo e devolver o
deoxiadenosil à sua forma redicalar. o papel da coenzima B 12 nestas migrações
intramoleculares é para servir de fonte de radicais livres para os “roubos” de átomos de
hidrogénio.

Uma propriedade essencial da coenzima B12 é a sua ligação Carbono-Cobalto


fraca, que é facilmente quebrada para gerar um radical.

OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS G ORDOS NOS PEROXISSOM AS


A matriz mitocondrial é o maior local de oxidação de ácidos gordos, no entanto
certas células contêm compartimentos com enzimas capazes de oxidar ácidos gordos

~ 73 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

em acetil-CoA, por uma via similar à da mitocôndria. Nas células de plantas, o maior
local de oxidação de ácidos gordos são os peroxissomas.
Os peroxissomas são organelos envolvidos por membrana de células animais e
vegetais. Nestes organelos os intermediários para a β-oxidação são derivados da
coenzima A e o processo consiste de 4 passos:
1. Oxidação/desidrogenase;
2. Hidratação (resulta numa ligação dupla);
3. Oxidação;
4. Clivagem tiolítica pela coenzima A.
Uma diferença entre as vias peroxissomal e mitocondrial encontra-se na química
do primeiro passo. Nos peroxissomas, a flavoproteína acil-CoA oxidase que introduz a
ligação dupla passa os eletrões diretamente para o O2, produzindo H2O2. Este é
imediatamente clivado em H2O e O2 pela catalase. Nos peroxissomas, a energia
libertada no primeiro passo oxidativo não é conservada em ATP, sendo dissipado por
calor.

Outra diferença importante é que nos mamíferos há uma especificidade pelos


acil-CoA. O sistema peroxissomal é mais ativo para ácidos gordos de cadeia muito
comprida como o ácido hexacosanoico (26:0) e em ácidos gordos com ramificações.
O catabolismo destes ácidos gordos envolve muitas enzimas auxiliares que são únicas a
este organelo. Em mamíferos, uma dieta com alta concentração de gorduras resulta
num aumento da síntese de enzimas de peroxissomas no fígado. Peroxissomas do fígado
não contêm as enzimas do ciclo de Krebs e não conseguem catalisar a oxidação do
acetil-CoA em CO2. Então, as cadeias longas ou com ramificações são catabolizadas
em cadeias mais curtas que são exportados para a mitocôndria e completamente
oxidados.

CORPOS CETÓNICOS
Nos humanos e na maioria dos outros mamíferos, o acetil-CoA formado no
fígado durante a oxidação de ácidos gordos pode entrar no ciclo de Krebs ou pode
sofrer conversão em corpos cetónicos (acetona, acetoacetato e β-hidorxibutirato) para
ser transportado para outros tecidos.
A acetona é produzida em quantidades menores que os outros corpos
cetónicos, e é exalada. Acetoacetato e β-hidorxibutirato são transportados no sangue
para tecidos extrahepáticos (isto é, fora do fígado), onde são convertidos em acetil-
CoA e oxidados no ciclo de Krebs, formando muita da energia necessária por estes
tecidos (como o cérebro e o músculo cardíaco e o córtex renal).
O cérebro usa normalmente e preferencialmente a glucose como combustível,
no entanto, pode adaptar-se para a utilização de acetoacetato e do β-hidorxibutirato
em condições de fome extrema, quando a glucose não se encontra disponível.
A produção e transporte de corpos cetónicos do fígado para outros tecidos
permite a oxidação contínua dos ácidos gordos quando a acetil-CoA não está a ser
oxidada no ciclo de Krebs.

O primeiro passo na formação do acetoacetato, que ocorre no fígado é a


condensação enzimática de duas moléculas de acetil-CoA, catalisada pela tiolase;

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

este trata-se simplesmente do contrário do último passo da β-oxidação. O acetoacetil-


CoA condensa com uma terceira molécula de acetil-CoA para formar β-hidorxi-β-
metilglutaril-CoA (HMG-CoA), que é clivado em acetoacetato e acetil-CoA llivres. O
acetoacetato é reduzida pela D-β-hidorxibutirato desidrogenase, uma enzima
mitocondrial, para formar D-β-hidorxibutirato.

Em pessoas saudáveis a acetona é produzida em quantidades muito pequenas


a partir do acetoacetato, que é descarboxilado (ou espontaneamente ou pela ação
da acetoacetato descarboxilase). Indivíduos com diabetes não tratado produzem
grandes quantidades de acetoacetato, o seu sangue contem grandes quantidades de
acetona, que é tóxica. A acetona é volátil e impõe um odor característico ao hálito.
Concentração de acetoacetato e β-hidorxibutirato no sangue leva a acidose, uma vez
que diminui o pH do sangue (acidose extrema pode levar a coma e morte).

Em tecidos extrahepáticos, D-β-hidorxibutirato é oxidado a


acetoacetato pela D-β-hidorxibutirato desidrogenase. O
acetoacetato é ativado ao seu éster de coenzima A, pela
transferência de CoA do succinil-CoA, numa reação
catalisada pela β-cetoacil-CoA
transferase, também O fígado é o produtor de
denominada tioforase. O acetoacetil-CoA é depois corpos cetónicos, mas
clivado pela tiolase em duas moléculas de acetil-CoA, não é consumidor.
que entram no ciclo de Krebs.
Assim, os corpos cetónicos são utilizados como
combustível em todos os tecidos, exceto o fígado (não tem tioforase).
A produção e exportação de corpos cetónicos pelo fígado permite a oxidação
contínua de ácidos gordos com a mínima oxidação de acetil-CoA. Quando os
intermediários do ciclo de Krebs estão a ser utilizados, por exemplo para a síntese de
glucose, o consumo de acetil-CoA diminui. Além disso, o fígado contêm uma
concentração limitada de CoA e quando a sua maioria está ligada a acetil-CoA, a β

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

oxidação diminui por necessidade de coenzima livre. A produção e exportação de


corpos cetónicos liberta coenzima A, permitindo desta maneira a oxidação contínua
de ácidos gordos.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

BIOSSÍNTESE DE LÍPIDOS
Como noutras vias de biossíntese, este conjunto de reações são endergónicas e
redutoras. É utilizado, portanto, o ATP como fonte de energia metabólica e o
transportador de eletrões reduzido (normalmente NADPH) como um agente redutor.

A síntese de ácidos gordos e a sua oxidação ocorrem em vias diferentes e são


catabolizados por diferentes conjuntos de enzimas. Além disso, a biossíntese precisa da
participação de do intermediário de 3 carbonos, malonil-CoA, que não está presente
na oxidação.

FORMAÇÃO DO MALONIL-COA/ ACETIL-COA CARBOXILASE


A formação irreversível do malonil-CoA a partir do acetil-CoA é catalisada pela
acetil-CoA carboxilase. A enzima bacteriana tem 3 subunidades polipeptídicas
separadas; nas células animais, todas as 3 partes ativas são parte de um único e
multifuncional polipeptídeo; as plantas contêm ambos os tipos da acetil-CoA
carboxilase. Em todos os casos, a enzima contém um grupo prostético de biotina ligado
covalentemente, numa ligação amida, ao ε-grupo amida de um resíduo de lisina num
dos 3 domínios da enzima. A reação de 2 passos catalisada por esta enzima começa
com a transferência de um grupo carboxílico (proveniente do bicarbonato, HCO3-) para
a biotina, numa reação dependente de ATP. O grupo biotinil serve de transportador
temporário de CO2, transferindo-o para o acetil-CoA, na segunda reação, para formar
malonil-CoA.

A energia livre conservada no malonil (vinda do ATP) é libertada na


descarboxilação.
O HCO3- é necessário à síntese de ácidos gordos, mas o seu C não fica no ácido
gordo. Todos os carbonos dos ácidos gordos pares derivam de acetil-CoA.

A acetil-CoA carboxilase tem 3 regiões funcionais: proteína transportadora da


biotina; biotina carboxilase, que ataca o CO2 ao ligá-lo a azoto do anel de biotina numa
reação dependente de ATP; e a transcarboxilase, que transfere o CO 2 ativado da
biotina para o acetil-CoA, produzindo malonil-CoA. O “braço” da biotina, como é longo
e flexível, transporta o CO2 ativado da região da biotina carboxilase para o local ativo
da transcarboxilase.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Em todos os organismos, as longas correntes de ácidos gordos são construídas


numa sequência de repetições de 4 passos, catabolizados por um sistema ao qual nos
referimos como ácidos gordos sintetase. Um grupo acil saturado produzido por cada
série de reações de 4 passos torna-se o substrato para a subsequente condensação
com um grupo malonil ativado. Com cada passagem pelo ciclo, a cadeia é
aumentada em 2 carbonos.
O agente redutor na sequência de síntese é o NADPH e os grupos ativadores são
duas enzimas diferentes com grupos -SH.
O polipeptídeo da ácidos gordos sintetase dos mamíferos funciona como um
homodímero. As subunidades parecem funcionar de forma independente. Quando
todos os centros ativos de uma subunidade se encontram desativados por alguma
mutação, a síntese de ácidos gordos é apenas moderadamente reduzida.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Neste sistema, a síntese de ácidos gordos leva a um único produto, sem a


libertação de intermediários. Quando o comprimento da cadeia se encontra em 16
carbonos, esse produto (palmitato, 16:0) deixa o ciclo. Os carbonos C-16 e C-15 derivam
dos grupos metil e carboxilo, respetivamente, da acetil-CoA. Os restantes carbonos da
cadeia são derivados da acetil-CoA, através do malonil-CoA.
Os múltiplos domínios da sintetase dos mamíferos funcionam como enzimas
distintas, mas ligadas. Ao longo do processo de síntese dos ácidos gordos, os
intermediários mantem-se ligados covalentemente (como tioésteres) a 1 ou 2 grupos
tiol. Um dos locais de ligação é o grupo -SH de um resíduo de cisteína num dos domínios
da sintetase, o outro é um grupo -SH da proteína transportados de acil, um domínio
separado do mesmo polipeptídeo. A hidrolise dos tioésteres é bastante exergónica e
ajuda tornar 2 passos diferentes (1 e 5) da síntese de ácidos gordos (condensação)
favoráveis.
A Acyl carrier protein (proteína transportadora de acil, ACP) é uma bomba que
mantem o sistema unido.

Antes das reações de condensação começar, os dois grupos tiol no complexo


da enzima têm de ser carregados com os grupos acil corretos. Primeiro o grupo acetil
do acetil-CoA é transferido para a ACP, numa reação catalisada pelo domínio
malonil/acetil-CoA-ACP transferase do polipeptídeo. O grupo acetil é depois transferido
para o grupo -SH da cisteína do β-cetoacil-ACP sintase (KS). A segunda reação transfere
o grupo malonil da malonil-CoA para o grupo -SH da ACP, que é catalisado pelo
primeiro domínio. No complexo de sintetase carregado, os grupos acetil e malonil são
ativados para o processo de aumento da cadeia.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

CICLO DE CONDENSAÇÃO REDUÇÃO


Por cada ciclo de condensação redução, ocorrem 4 reações diferentes:
1. Condensação;
2. Redução do grupo carbonilo;
3. Desidratação;
4. Redução da ligação dupla.

PASSO 1- CONDENSAÇÃO
A primeira reação de formação da cadeia de ácidos gordos é um consensação
de Claisen evolvendo os grupos acetil e malonil ativados para formar acetoacetil-ACP,
com a libertação de uma molécula de CO2. Esta reação
catalisada pela β-cetoacetil-ACP sintetase, o grupo Não se usam 2 acetil-
acetil é transferido da cisteína para o grupo malonil da CoA porque o equilíbrio
ACP. da reação de
O átomo de carbono do CO2 formado nesta reação é o condensação 2C+2C é
mesmo que foi originalmente introduzido no malonil-CoA desfavorável.
a partir do HCO3- pela reação de carboxilase do Acetil-
CoA. O CO2 é unicamente transiente na ligação

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

covalente durante a síntese de ácidos gordos; é


removido com cada unidade de 2 carbonos que são
adicionados.
Porque se usa o CO2 para ativar o malonil, se
depois o vamos perder? A simples condensação de 2
grupos acil é altamente endergónica; o uso do malonil
ativado torna a condensação termodinamicamente
favorável. O carbono metileno (C-2) do grupo malonil,
entre os carbonos carboxilo e carbonilo, é considerado
um bom nucleófilo. No passo da condensação, a
descarboxilação do grupo malonil facilita o ataque
nucleofílico do carbono metileno na ligação tioéster do
grupo acetil do β-cetoacil-ACP sintetase. O
acoplamento da condensação à descarboxilação do
grupo malonil, torna o processo total exergónico.

Ao usar o grupo malonil ativado na síntese de


ácidos gordos e acetato ativado na sua degradação, a
célula torna ambos os processos favoráveis. A energia
extra requerida para a síntese de ácidos gordos é
providenciada pelo ATP usado para sintetizar malonil-
CoA de acetil-CoA e HCO3-.

PASSO 2 – REDUÇÃO DO GRUPO CARBONILO


O acetoacetil-ACP formado na condensação
sofre uma redução do grupo carbonilo (C-3) para
formar D-β-hidroxibutiril-ACP. Esta reação é catalisada
pela β-cetoacil-ACP redutase (KR) e tem como dador
de eletrões o NADPH.

PASSO 3 – DESIDRATAÇ ÃO
A água é removida do C-2 e C-3 do D-β-
hidroxilbutirato-ACP para formar uma ligação dupla do
produto, trans-Δ2-butenoil-ACP. A enzima que catalisa
esta desidratação é a β-hidroxiacil-ACP desidrogenase.

PASSO 4 – REDUÇÃO DA LIGAÇÃO DUPLA


A dupla ligação é reduzida (saturada) para formar butiril-ACP, pela ação da
enoil-ACP redutase (ER). Novamente o NADPH é o dador de eletrões.

A produção de um ácido gordo saturado, acil-ACP, de 4 carbonos marca uma


passagem pelo complexo da ácidos gordos sintetase. O grupo butiril é transferido do
grupo -SH do ACP para o grupo -SH da cisteína da β-cetoacil-ACP sintetase, que
constinha inicialmente o grupo acetil. Para iniciar o próximo ciclo de 4 reações que
aumenta o tamanho da cadeia, outro grupo malonil liga-se ao grupo -SH da ACP.
A condensação dá-se, atuando o grupo butiril como o grupo acetil no primeiro
ciclo. Este liga-se aos dois carbonos do malonil-ACP, com a perda de CO2. O produto
desta condensação é um grupo acil de 6 carbonos, ligado ao grupo -SH. O grupo β-
ceto é reduzido nos passos seguintes do ciclo da sintetase para formar um grupo acil
saturado, exatamente como na primeira volta do ciclo – neste caso formando um
produto de 16 carbonos.
7 ciclos de condensação e redução produz o grupo palmitoil, saturado e com
16 carbonos, ainda ligado ao ACP. A elongação da cadeia pelo complexo da sintetase

~ 81 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

para neste ponto e o palmitato é libertado do ACP pela atividade hidrolítica da proteína
multifuncional.
Podemos considerar a reação completa para a síntese do palmitato do acetil-
CoA em 2 partes. Primeiramente a formação das 7 moléculas de malonil-CoA:
7 acetil-CoA + 7 CO2 + 7 ATP  7 malonil-CoA + 7 ADP + 7 Pi
E depois os 7 ciclos de consensação e redução:
Acetil-CoA + 7 malonil-CoA + 14 NADPH/H+  palmitato + 7 CO2 + 8 CoA + 14 NADHP+
+ 6 H2O
É de notar que apenas 6 águas são produzidas no total uma vez que uma delas
+e usada para hidrolisar a ligação tioéster que liga o produto palmitato à enzima. O
processo total é:
8 Acetil-CoA + 7 ATP + 14 NADPH + 14 H+  palmitato + 8 CoA + 7 ADP + 7 Pi +
14 NADP+ + 6 H2O
A biossíntese de ácidos gordos como o palmitato requer Acetil-CoA e o input de
energia química de duas formas: potencial de transferência de grupo do ATP e o poder
redutor do NADPH. O ATP é necessário para ligaro o CO2 ao acetil-CoA, na formação
do malonil-CoA; o NADPH é necessário para reduzir as ligações duplas.

Em eucariotas não fotossintéticos há um custo adicional na síntese de ácidos


gordos, uma vez que o acetil-CoA é formado na mitocôndria e tem de ser transportado
para o citosol. Este passo extra consome 2 ATPs por molécula de acetil-CoA
transportada, aumentando o custo da síntese para 3 ATPs por cada unidade de 2
carbonos.

A síntese de ácidos gordos ocorre


Nos adipócitos e hepatócitos, o no citosol de muitos eucariotas, mas
NADPH citosólico é gerado nas plantas ocorre no cloroplasto.
maioritariamente pela via das Uma vez que a produção do
pentoses fosfato e pela enzima NADPH ocorre nos cloroplastos pela
málica. reação dependente de luz da
fotossíntese.

ÀCIDOS GORDOS SATURADOS DE CADEIA LONGA


O palmitato, é o percursor de outros ácidos gordos de cadeia longa. Pode ser
alongado para dar origem a estearato (18:0) ou ácidos gordos saturados ainda maiores
por adição de grupos acetil, pela ação do sistema de elongação de ácidos gordos,
presentes no reticulo endoplasmático liso e na mitocôndria. A elongação mais ativa do
sistema do ER estende a cadeia de 16 carbonos do palmitoil-CoA em 2 carbonos,
formando estearoil-CoA.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Apesar de estarem envolvidos muitos


sistemas enzimáticos, uma coenzima A, em
vez do ACP, é o transportador de acil na
reação. O mecanismo de elongação é,
apesar disso, idêntico à síntese de palmitato:
doação de 2 carbonos pelo malonil-CoA,
seguidos de redução, desidratação, e
redução do produto de 18 carbonos
saturado, estearoil-CoA.

DESATURAÇÃO DE ÁCIDOS GORDOS


O palmitato e o estearato servem de
percursores para dois dos mais comuns
ácidos gordos monosaturados dos tecidos
animais: palmitoleato (16:1, Δ9) e oleato
(18:1, Δ9); ambos têm um única ligação
dupla cis entre o C-9 e o C-10. A ligação
dupla é introduzida na cadeia através de
uma reação oxidativa catalisada pela acil-
CoA dessaturase, uma oxidase de função
mixa. Os dois substratos, o ácido gordo e o
NADPH ou NADH, sofrem simultaneamente
oxidações de 2 eletrões. A via seguida pelos
eletrões inclui o citocromo b5 e uma
flavoproteína (citrocomo b5 redutase),
ambas se encontram no ER liso.

Nas plantas o oleato é produzido por uma estearoil-ACP dessaturase no estroma


do cloroplasto, que usa uma ferredoxina como dador de eletrões.
Os hepatócitos de mamíferos podem
introduzir duplas ligações na posição Δ9 dos
Vários ácidos gordos
ácidos gordos, mas não podem introduzir duplas
insaturados podem formar-
ligações adicionais entre o C-10 e o terminal
se de oleato por
metil. Assim, os mamíferos não conseguem
combinação de reações
sintetizar linoleato (18:2, Δ9,12), ou α-linolenato
de alongamento e
(18:3, Δ9,12,15). As plantas, no entanto, podem
insaturação.
sintetizar ambos; dessaturases podem introduzir
ligações duplas nas posições Δ12 e Δ15 (estas
dessaturases encontram-se no ER e no
cloroplasto). Os enzimas localizadas no ER não atuam no ácido gordo livre, mas num
fosfolípido, fosfatidilcolina, que contém no mínimo um oleato ligado ao glicerol. Tanto
as plantas como as bactérias devem sintetizar ácidos gordos polinsaturados para
manter a fluidez da membrana a temperaturas baixas.

~ 83 ~
Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Como eles são percursores para a


síntese de outros produtos, o linoleato e o Palmitato (16:0) pode ser oxidado
α-linoleato são considerados ácidos para palmitoleato (16:1, cis Δ9), o
gordos essenciais em mamíferos, uma vez qual pode ser alongado para
que têm de ser obtidos da dieta em vacenato (18:1, cis Δ11).
plantas. Uma vez ingeridos, o linoleato Nos mamíferos, os ácidos gordos
pode ser convertido para obter outros insaturados são derivados de
ácidos polinsaturados, particularmente o palmitoleato (16:1), oleato (18;1),
γ-linoleato, eicosatrienoato e linoleato (18:2) ou linolenato (18:3)
araquidonato, todos que são feitos
unicamente a partir do linoleato. Os
ácidos gordos de 20 carbonos são
sintetizados a partir do linoleato por mecanismos de elongação de ácidos gordos
análogas às descrevidas anteriormente.
O número de carbonos desde o terminal ω dum ácido gordo insaturado até à
dupla ligação mais próxima identifica o seu precursor.

“SHUTTLE” DO CITRATO
Em eucariotas não fotossintéticos, a maioria do Acetil-CoA usado na síntese de
ácidos gordos é formado na mitocôndria a partir da oxidação do piruvato e do
catabolismo do esqueleto carbonado dos aminoácidos.
A membrana interna da mitocôndria é impermeável ao acetil-CoA, por isso, é
necessária uma bomba/”shuttle” indireta para transferir os equivalente dos grupo acetil
através da membrana. O acetil-CoA intramembranar reage com o oxaloacetato para
formar citrato, na reação do ciclo de Krebs catalisada pela citrato sintetase. O citrato
passa através da membrana interna no transportador de citrato. No citosol, o citrato é
clivado pela citrato liase, regenerando o acetil-CoA e oxaloacetato, numa reação
dependente de ATP. O oxaloacetato não pode voltar para a matriz da mitocôndria
diretamente, uma vez que não existe nenhum transportador. Contrariamente, a malato
desidrogenase reduz o oxaloacetato em malato, que pode voltar para a matiz da
mitocôndria pelo transportador malato-β-cetoglutarato, em troca de citrato. Na matriz
o malato é reoxidado em oxaloacetato para completar o ciclo. Apesar disso, a maioria
do malato produzido no citosol é utilizado para gerar NADPH citosólico, pela atividade
da enzima málica. O piruvato formado é transportado para a mitocôndria pelo
transportador de piruvato, e convertido de volta a oxaloacetato pela piruvato
carboxilase na matriz. O ciclo resultante leva ao consumo de 2 ATPs (pela citrato liase e
piruvato carboxilase) por cada molécula de acetil-CoA transportada para a síntese de
ácidos gordos. Após a quebra do citrato para regenerar acetil-CoA, a conversão dos 4
carbonos restantes em piruvato e CO2 pela enzima málica gera cerca de metade dos
NADPH necessários para a síntese de ácidos gordos. A via das pentoses fosfato contribui
com os restantes NADPH necessários.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

REGULAÇÃO DA SÍNTESE DE ÁCIDOS GORDOS


Quando uma célula ou organismo tem mais do que o combustível metabólico
necessário para as suas necessidades energéticas, o excesso é transformado em ácidos
gordos e armazenado na forma de lípidos, como os triacilgliceróis. A reação catalisada
pela acetil-CoA carboxilase é o passo limitador da reação na biossíntese de ácidos
gordos, e esta enzima é um local importante da
regulação desse processo.
Em vertebrados, o O citrato apresenta um papel
palmitoil-CoA, o produto importante em divergir o
principal da síntese, é um combustível metabólico para
inibidor da enzima; o citrato, no o armazenamento como
entanto, é um ativador ácidos gordos.
alostérico, aumentando a Vmáx.

Quando as concentrações de acetil-CoA e ATP


aumentam, o citrato é transportado para fora da mitocôndria;
torna-se, portanto, o percursor do acetil-CoA citosólico e um sinal
alostérico para a ativação da acetil-CoA carboxilase. Ao mesmo
tempo, o citrato inibe a atividade da fosfofrutocinase, diminuindo
o flucxo de carbono na glicólise.
A acetil-CoA também é regulada por modificações covalentes. A fosforilação,
desencadeada pelas hormonas glucagão e epinefrina, inativam a enzima e reduzem a
sua sensibilidade para ativação pelo citrato, assim diminuindo a síntese de ácidos
gordos. Na sua forma ativa (desfosforilada), a acetil-CoA carboxilase polimeriza-se em
longos filamentos; a fosforilação é acompanhada por dissociação em subunidades
monoméricas e perda de atividade.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Em adição à regulação momento a momento da atividade enzimática, esta via


é regulada ao nível da expressão genética.
Se a síntese de ácidos gordos e a β-oxidação se procedessem ao mesmo tempo,
os dois processos constituiriam um ciclo fútil, desperdiçando energia. Como foi referido
anteriormente, a β-oxidação é bloqueada pelo malonil-CoA, que inibe a carnitina
aciltransferase. Assim, durante a síntese de ácidos gordos, a produção do primeiro
intermediário, malonil-CoA, bloqueia a β-oxidação ao nível do sistema de transporte na
membrana interna da mitocôndria.

SÍNTESE DE COLESTEROL
O colesterol é uma molécula essencial em mamíferos, mas não é requerida na
dieta uma vez que todas as células o podem sintetizar a partir de percursores simples.
Todos os 27-carbonos deste composto
são provenientes de um único percursor, o
acetato. As unidades de isopreno, que são os
intermediários essenciais na via do acetato
até ao colesterol, são também percursores
essenciais para muitos outros lípidos naturais e
o mecanismo no qual as unidades de isopreno
são polimerizadas são similares em todas essas
vias.
O colesterol é, como os ácidos gordos de cadeia longa, feito a partir de acetil-
CoA. A síntese ocorre em 4 passos:
1. Condensação de 3 unidades de acetato, para formar o intermediário de 6
carbonos, mevalonato;
2. Conversão do mevalonato em unidades de isopreno ativadas;
3. Polimerização das unidades de isopreno, de 5 carbonos, para formar o
esqualeno linear, de 30 carbonos;
4. Ciclização do esqualeno para formar os 4 anéis do núcleo de esteroides, com
mudanças adicionais (oxidações, remoção ou migração de grupos metil) para
formar o colesterol.

PASSO 1 – SÍNTESE DE MEVALONATO A PARTIR DE


ACETATO
O primeiro passo na biossíntese de colesterol
leva ao primeiro intermediário: mevalonato. 2 moléculas
de acetil-CoA condensam para formar acetoacetil-
CoA, que condensa com outra molécula de acetil-CoA
para formar o intermediário de 6 carbonos, β-hidroxi-β-
metilglutaril-CoA (HMG-CoA). Estas primeiras reações
são catalisadas pela tiolase e HBG-CoA sintetase,
respetivamente.
A terceira reação é a redução do HMG-CoA
para mevalonato, no qual duas moléculas de NADPH
doam 2 eletrões. A HMG-CoA redutase, uma proteína
membranar integral do ER liso é o maior ponto de
regulação da via de síntese de colesterol.

PASSO 2 – CONVERSÃO DO MEVALON ATO EM 2


ISOPRENOS ATIV ADOS
3 grupos fosfatos são, depois, transferidos de 3
ATPs para o mevalonato. O fosfato no grupo hidroxilo do
C-3 do mevalonato é um bom grupo abandonante; no
passo seguinte, tanto este fosfato como o grupo

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

carboxilo próximo saem, dando origem a uma ligação dupla no produto de 5 carbonos,
Δ3-isopentenil fosfato. Este é o primeiro de dois isoprenos ativados centrais na síntese do
colesterol.
A isomerização do Δ3-isopentenil fosfato forma um segundo isopreno ativado,
dimetilalil pirofosfato.

PASSO 3 – CONSENSAÇÃO DE 6 ISOPRENOS ATIVADOS PARA FORM AR O


ESQUALENO
O isopentenil pirofosfato e dimetilalil pirofosfato sofrem uma condensação
“head-to-tail”, em que um grupo pirofosfato é deslocado e uma cadeia de 10 carbonos,
geranil pirofosfato, é formada. Este produto sofre uma condensação “head-to-tail”,
dando origem ao intermediário de 15 carbonos, farnesil pirofosfato. Finalmente, duas
moléculas pirofosfato ligam-se “head-to-head”, com a eliminação de ambos os grupos
pirofosfato, para formar o esqualeno.
PASSO 4 – CONVERSÃO DO ESQUAL ENO NO NÚCLEO DE 4 ANÉIS DOS ESTERÓIS
Todos os esteróis têm a forma com os 4 anéis fundidos que constituem o núcleo
dos esteróis. Todos são álcoois, com um grupo hidroxilo no C-3.
A esqualeno monooxigenase adiciona um átomo de oxigénio de O2 ao final da
cadeia do esqualeno, formando um epóxido. Esta enzima trata-se de outra oxidase de
função mista; o NADPH reduz o outro átomo de oxigénio para H2O.
As ligações duplas do produto, esqualeno 2,3-epoxido, são posicionadas para
que a reação possa converter o esqualeno epóxido linear numa estrutura cíclica. Em
células animais, esta ciclização resulta na formação de lanosterol, que contém os 4
anéis característicos do núcleo de esteróis. O lanosterol é convertido em colesterol,
numa série de 20 reações que incluem a migração de alguns grupos metil e a remoção
de outros.

REGULAÇÃO DA SÍNTESE DE COLESTEROL


Em mamíferos, a produção de colesterol é regulada pela concentração de
colesterol intracelular e pelas hormonas glucagão e insulina. O passo limitante na via de
síntese do colesterol é a conversão de HMG-CoA em mevalonato, na reação catalisada
pela HMG-CoA.
A regulação em resposta dos níveis de colesterol é mediada por um sistema de
regulação transcricional do gene que codifica a HMG-CoA. Este gene, junto com outros
20 genes que codificam enzimas que medeiam o uptake e a síntese de colesterol e

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

ácidos gordos insaturados, são


controlados por proteínas
denominadas de SREBPs (sterol
regulatory elemento-binding
proteins). Quando são sintetizadas
estas proteínas estão embutidas no
ER. Apenas o terminal amina solúvel
destas proteínas funciona como um
ativador transcricional. No entanto, este domínio não tem acesso ao núcleo e não pode
participar na ativação do gene enquanto continua a ser um domínio da molécula
SREBP. Para ativar a transcrição do gene da HMG-CoA redutase e outros genes, o
domínio que ativa a transcrição das SREBPs é separada desta por clivagem proteólica.
Quando os níveis de colesterol são altos, os SREBPs estão inativos, ligados ao ER
num complexo com outra proteína, SCAP (SREBP cleavage-acivating protein). A SCAP
liga-se ao colesterol e a outras moléculas, ativando o sensor de esteróis. Quando os
níveis de esteróis estão altos, o complexo SCAP-SREBP interage com outra proteína que
retém o complexo ao ER. Quando os níveis de esteróis estão baixos, dá-se uma
mudança conformacional da SCAP que causa a libertação do complexo SCAP-SREBP
do ER; o complexo migra dentro de vesículas até ao complexo de Golgi. No complexo
de Golgi, SREBP é clivada por 2 proteases, sendo que a segunda clivagem liberta o
domínio do terminal amina, para o citosol. Este domínio viaja até ao núcleo e ativa a
transcrição dos genes alvo. Este terminal tem um tempo de vida curto e rapidamente é
degradada por proteossomas. Quando os níveis de esteróis voltam a aumentar, a
libertação proteólica do domínio terminal-amina é bloqueado e a degradação
proteossómica dos terminais ainda existentes resulta num shut-down bastante rápido
dos genes alvos.
O controlo hormonal é mediado por modificações covalente da HMG-CoA
redutase. A enzima existe no seu estado fosforilado (inativo) e a forma desfosforilada
(ativa). O glucagão estimula a fosforilação (inativação), e a insulina promove a
desfosforilação, ativando a enzima e favorecendo a síntese de colesterol.
Concentrações elevadas de colesterol ativam a ACAT, que aumenta a esterificação
do colesterol para armazenamento. Finalmente, um nível celular elevado de colesterol
diminui a transcrição do fene que codifica o recetor de LDL, reduzindo a produção do
recetor e desta forma reduzindo o uptake de colesterol do sangue.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

GLICONEOGÉNESE
Em mamíferos, alguns tecidos dependem quase completamente de glucose,
para a sua energia metabólica. O cérebro humano e o sistema nervoso, tal como os
eritrócitos, medula renal e tecido embrionário, a glucose do sangue é o combustível
maioritário.
Mais de metade da glucose encontra-se armazenada no fígado e músculos na
forma de glicogénio. No entanto, a glucose armazenada deste modo nem sempre é
suficiente; entre as refeições e durante períodos de jejum maiores, ou após exercício
rigoroso, o glicogénio armazenado é esgotado. Nestes períodos, o organismo precisa
de um método de síntese de glucose a partir de percursores não carboidratos. Isto é
conseguido por esta via, denominada de gliconeogénese, que converte piruvato e
compostos de 3 a 4 carbonos relacionados em glucose.
A gliconeogénese ocorre em todos os animais, plantas, fungos e microrganismos.
Os percursores da glucose em animais são compostos de 3 carbonos como o lactato,
piruvato e glicerol, tal como certos aminoácidos.

Nos mamíferos, a gliconeogénese ocorre maioritariamente no fígado, e em


menos extensão, no córtex renal e nas células epiteliais existentes no intestino delgado.
A glucose produzida passa para o sangue para suprir outros tecidos.
A gliconeogénese e a glicólise não são processos idênticos a ocorrerem em
sentidos opostos, apesar que eles partilham vários passos. 7 de 10 reações da
gliconeogénese são o reverso das reações da glicólise. Contudo, 3 das reações da
glicólise são essencialmente irreversíveis in vivo e não podem ser usadas na
gliconeogénese: a conversão de glucose em glicose 6-fosfato pela hexocinase, a
fosforilação da frutose 6-fosfato em frutose 1,6-bifosfato pela fosfofrutocinase-1, e a
conversão do fosfoenolpiruvato em piruvato pela piruvato sinase. Estes 3 processos são
ultrapassados, na gliconeogénese, por conjuntos diferentes de enzimas, que catalisam
reações que são exergónicas o suficiente para serem irreversíveis na direção da síntese
de glucose. Assim, tanto a glicólise como a gliconeogénese são processos irreversíveis
nas células.
Nos animais, ambos os processos ocorrem no citosol e, por isso, precisam de uma
regulação recíproca.

1ª REAÇÃO – CONVERSÃO DO PIRUV ATO EM FOSFOENOLPIRUV ATO


Esta reação na ocorre numa simples reversão da reação da piruvato cinase da
glicólise, que tem uma energia de Gibbs bastante negativa e é, assim, irreversível nas
células.
Contrariamente, a fosforilação do piruvato é conseguida com uma sequência
de reações que, em eucariotas, precisa de enzimas do citosol e da mitocôndria.
O piruvato é transportado do citosol para a mitocôndria (ou é gerado da
alanina, na mitocôndria, por transaminação). Aí, a piruvato carboxilase, enzima
mitocondrial que requer a coenzima biotina, converte o piruvato em oxaloacetato:
Piruvato + HCO3- + ATP  oxaloacetato + ADP + Pi
A reação de carboxilação involve o centro de biotina como um transportador
do bicarbonato ativado. O HCO3- é fosforilado pelo ATP para formar um anidrido,
depois, a biotina desloca o fosfato na formação de carboxibiotina.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A piruvato carboxilase é a primeira enzima regulatória na via gliconeogénese,


precisando de acetil-CoA como efector positivo (este é produzido durante a oxidação
de ácidos gordos e a sua acumulação sinaliza a disponibilidade de ácidos gordos como
combustível.
Uma vez que a membrana
mitocondrial não tem transportador para o
oxaloacetato, antes de o exportar para o
citosol, o oxaloacetato formado do
piruvato tem de ser reduzido a malato pela
malato desidrogenase mitocondrial, com
custo de NADH:
Oxaloacetato + NADH + H+  L-malato +
NAD+
O malato deixa a mitocôndria num
transportador especifico na membrana
interna da mitocôndria, e no citosol é reoxidado para oxaloacetato, com a produção
de NADH citosólico:
Malato + NAD+  oxaloacetato + NADH + H+
O oxaloacetato é convertido em PEP pela fosfoenolpiruvato carboxilase. Esta
reação dependente de Mg2+, requer GTP como dador de grupo fosforilo:
Oxaloacetato + GTP  PEP + CO2 + GDP
A reação é reversível em condições intracelulares, a formação de um composto
altamente energético (PEP) é balanceada pela hidrólise de outro (GTP).

A equação total da junção destas reações, é a soma das reações:


Piruvato + ATP + GTP + HCO3-  PEP + ADP + GTP + Pi + CO2
Dois equivalentes de fosfato altamente energéticos (um de ATP e um de GTP),
têm de ser gastos para a fosforilar uma molécula de piruvato para PEP. Em contraste,
quando o PEP é convertido em piruvato durante a glicólise, unicamente um ATP é
gerado.
É de notar que o CO2 adicionado ao piruvato no passo da piruvato carboxilase
é a mesma molécula que é perdida na reação catalisada pela PEP carboxicinase.
Uma segunda reação que converte piruvato em PEP predomina quando o
lactato é o percursor gliconeogénico. Esta via usa o lactato produzido pela glicólise em
eritrócitos e músculos anaeróbicos. A conversão de lactato em piruvato no citosol de
hepatócitos forma NADH, e a exportação de equivalentes redutores (como o malato)
da mitocôndria é desnecessária. Depois do piruvato produzido pela lactato
desidrogenase ser transportado para a mitocôndria, é convertido em oxaloacetato
pela piruvato carboxilase. Este oxaloacetato, no entanto, é convertida diretamente
para PEP pela isozima mitocondrial da PEP carboxilase, e o PEP é transportado para fora
da mitocôndria para continuar a via de gliconeogénese.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

2ª RE AÇÃO – CONVERSÃO DE FRUTOSE 1,6-BIFOSFATO PARA FRUTOSE 6-


FOSFATO
A formação de frutose 6-fosfato de frutose 1,6-bifosfato é catalisada por uma
enzima diferente, dependente de Mg2+, a frutose 1,6-bifosfatase (FBPase-1), que
promove a hidrolise essencialmente irreversível do fosfato C-1 (NÃO se trata de uma
transferência do grupo fosforil para o ADP):
Frutose 1,6-bifosfato + H2O  frutose 6-fosfato + Pi

3ª REAÇÃO – CONVERSÃO DA GLUCOSE 6-FOSFATO PARA GLUCOSE


A reversão da reação da hexocinase iria requerer transferência de um grupo
fosforilo da glucose 6-fosfato para o ADP, formando ATP. A reação catalisada pela
glucose 6-fosfatase não requer a síntese de ATP; é uma simples hidrolise de um éster
fosfato:
Glucose 6-fosfato + H2O  glucose + Pi
Esta enzima ativada por Mg2+ é encontrada no reticulo endoplasmático dos
hepatócitos, células renais e células epiteliais do intestino delgado, mas não noutros
tecidos, que são, por isso, incapazes de fornecer glucose ao sangue.
Se outras enzimas tivessem esta enzima, a atividade desta hidrolisava a glucose
6-fosfato necessária nesses tecidos para a glicólise.

ENERGÉTICA DA GLUCONEOGÉNESE
A soma das reações biosintéticas que levam do piruvato à glucose livre, no
sangue, é:
2 piruvato + 4 ATP + 2 GTP + 2NADH + 2 H+ + 4 H2O  glucose + 4 ADP + 2 GTP + 6 Pi +
2 NAD+
Por cada molécula de glucose formada do piruvato, 6 grupos fosfato altamente
energéticos são requeridos, 4 de ATP e 2 de GTP. Em adição, 2 moléculas de NADH são
requeridas para a redução de 2 moléculas de 1,3-bifosfoglicerato.
Claramente, a reação anterior não é simplesmente o reverso da equação de
conversão da glucose em piruvato, na glicólise, a qual só iria precisar de 2 moléculas
de ATP:
Glucose + 2 ADP + 2 Pi + NAD+  2 piruvato + 2 ATP + 2 NADH + 2 H+ + 2 H2O
A síntese da glucose a partir do piruvato é um processo relativamente caro. Mas
muito deste custo energético é necessário para a irreversibilidade da gliconeogénese.

INTERMEDIÁRIOS GLUCOGÉNICOS
A síntese de glucose dá.se a partir de piruvato, mas também a partir de
intermediários do ciclo de Krebs de 4, 5 e 6 carbonos. Também alguns dos átomos de
carbono da maioria dos aminoácidos são ultimamente catabolizados em piruvato ou

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

algum intermediário do ciclo de Krebs (tais aminoácidos que podem sofrer conversão
para a glucose são ditos glicogénicos – alanina e glutamina são os mais importantes).
Não há conversão de ácidos gordos nos mamíferos. O catabolismo da maioria
dos ácidos gordos forma acetil-CoA, sendo que os mamíferos não conseguem usar o
acetil-CoA como percursor da glucose. As plantas, leveduras e muitas bactérias têm
uma via (o ciclo do glioxilato) que converte acetil-Coa em oxaloacetato, para que estes
organismos possam usar ácidos gordos como o material inicial da gliconeogénese.
Apesar dos mamíferos não converterem ácidos gordos em carboidratos, podem usar
uma pequena quantidade de glicerol, produzido na clivagem de triacilgliceróis, para a
gliconeogénese. A fosforilação do glicerol pela glicerol cinase, seguida de oxidação do
carbono central forma um intermediário da gliconeogénese no fígado (dihidroxiacetato
fosfato).

CICLO DE CORI E CICLO GLUCOSE-ALANINA


Após exercício vigoroso, o lactato produzido pela glicólise anaeróbica, nos
músculos esqueléticos, retorna ao fígado e é convertido em glucose, que se move
novamente para o músculo e é convertido em glicogénio. Este circuito é denominado
de ciclo de Cori.

Nos músculos e outros tecidos que degradam aminoácidos como forma de


combustível, os grupos amino são conservados na forma de glutamato, por
transaminação. O glutamato pode ser convertido em glutamina para ser transportado
para o fígado, ou pode transferir o grupo α-amino para o piruvato para formar alanina
pela ação da alanina aminotransferase, esta alanina passa para o sangue e viaja para
o fígado. No citosol dos hepatócitos, a alanina aminotransferase transfere o grupo
amino da alanina para o a-cetoglutarato, formando piruvato e glutamato.
O glutamato entra na mitocôndria , onde a glutamato desidrogenase liberta
NH4+, ou pode sofrer transaminação com oxaloacetato para formar aspartato, um
dador de nitrogénio na síntese de ureia. Este ciclo descrito agora trata-se do ciclo da
glucose-alanina.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Músculos esqueléticos em contração vigorosa operam anaerobiamente,


produzindo piruvato e lactato da glicólise e amónio da clivagem das proteínas. Estes
produtos têm de encontrar o seu “caminho” para o fígado, onde o piruvato e o lactato
são incorporados em glicose, que volta aos músculos, e a amónia é convertida em ureia
para excreção. O ciclo da glucose-alanina em conjunto com o ciclo de Cori,
conseguem levar a cabo esta transação.

REGULAÇÃO RECÍPROCA DA GLICÓLISE E DA GLICONEOGÉNESE


Se a glicose e a gliconeogénese se dessem simultaneamente, o resultado seria
o consumo de ATP e a produção de calor, isto leva a hidrolise de ATP sem qualquer
trabalho metabólico útil  ciclo fútil.
Estes processos são, portanto, controlados nas 3 reações em que estes processos
divergem:
• Hexocinase IV  liberta glucose para o sangue quando a glucose sanguínea é
baixa e capta e metaboliza a glucose quando os níveis de glucose são altos.
Esta enzima é regulada ao nível da transcrição: concentrações baixas de ATP
ou níveis de glucose altos no sangue aumentam a transcrição da hexocinase IV.
• PFK-1 é inibida alostericamente inibida por ATP e citrato. Na maioria dos tecidos
dos mamíferos, incluindo o fígado, a frutose 2,6-bifosfato é um ativador alostérico
desta enzima
• Piruvato cinase é alostericamente inibida por O controlo alostérico
ATP, e a isozima do fígado também é inibida por e recíproco de
fosforilação dependente de cAMP. ambos os processos é
• Piruvato carboxilase é ativada pelo acetil-CoA. maioritariamente
• FBPase-1 é inibida pela frutose 2,6-bifosfato e conseguido pelo
AMP. efeito oposto da
• O glucagão e a epinefrina diminuem a frutose 2,6-bifosfato
concentração da frutose 2,6-bifosfato, e na PFK-1 e FBPase-1
aumentando a concentração de cAMP,
levando à fosforilação da enzima bifuncional
PFK-2/FBPase-2. A insulina aumenta a
concentração de frutose 2,6-bifosfato ao ativar a fosfoproteína fosfatase que
desfosforila e, consequentemente, ativa a PFK-2.
• Xilulose 5-fosfato, um intermediário da via das pentoses fosfato, ativa a
fosfoproteína fosfatase PP2A, que desfosforila a PFK-2/FBPase-2, levando ao
uptake da glucose, à síntese de glicogénio e a síntese de lípidos no fígado.
• Fatores de transcrição atuam no núcleo para regular a expressão de genes
específicos que codificam enzimas da glicólise e da gliconeogénese. A insulina
e o glucagão atuam de forma antagónica em ativar estes fatores de
transcrição, ligando e desligando um número largo de genes.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

METABOLISMO DE
AMINOÁCIDOS

Todos os aminoácidos são derivados de intermediários da glicólise, do ciclo de


Krebs e da via das pentoses fosfato. O nitrogénio entra nesta via pelo glutamato ou
glutamina.
O organismo é muito variado na sua habilidade de sintetizar os 20 aminoácidos
mais comuns. Apesar que a maioria das bactérias conseguem sintetizar os 20, os
mamíferos só conseguem sintetizar cerca de metade.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Os aminoácidos que podem ser sintetizados no organismo, ao serem formado


por transaminação e reações subsequentes e, por isso, estes não são requeridos na
dieta. Esses aminoácidos são: Alanina, Asparagina, Aspartato, Glutamato, Glutamina,
Glicina, Prolina, Serina, Cisteína (este é sintetizado a partir da Metionina, que apesar de
tudo é um aminoácido essencial) e Tirosina (sintetizado a partir da Fenilalanina, que
também se trata de um aminoácido essencial).
Os restantes aminoácidos, que os humanos são incapazes de sintetizar, tratam-
se dos aminoácidos essenciais e têm de ser obtidos a partir da dieta. Estes aminoácidos
são: Arginina e Histidina (estes 2 são essenciais em crianças, mas já não o são em
adultos), Isoleucina, Leucina, Valina, Lisina, Metionina, Treonina, Fenilalanina e
Triptofano.
O catabolismo dos 20 aminoácidos converge para formar 6 produtos
maioritários, todos que entram no ciclo de Krebs. A partir daí, os esqueletos carbonados
de 7 aminoácidos são clivados para formar acetil-CoA. 5 aminoácidos são convertidos
em a-cetoglutarato, 4 em succinil-CoA, 2 em fumarato, 2 em oxaloacetato. Partes ou o
aminoácido completo de 6 aminoácidos são convertidos diretamente em piruvato, que
pode ser convertido, por sua vez, em acetil-CoA ou oxaloacetato.

AMINOÁCIDOS CETOGÉNI COS


Os 7 aminoácidos que são degradados completamente, ou em parte, em
acetoacetil-CoA e/ou acetil-CoA, podem formar corpos cetónicos no fígado, onde o
acetoacetil-CoA é convertido em acetoacetato e depois para acetona e β-
hidroxibutirarto. Estes aminoácidos são, por isso, denominados de cetogénicos.
A habilidade destes aminoácidos em formar corpos cetónicos é particularmente
evidente em diabetes melitos não controlada, em que o fígado produz grandes
quantidades de corpos cetónicos a partir de ácidos gordos e aminoácidos cetogénicos.
Os aminoácidos cetogénicos são:
✓ Isoleucina
✓ Leucina
Aminoácidos puramente cetogénicos
✓ Lisina
✓ Treonina
✓ Triptofano
✓ Fenilalanina
✓ Tirosina

AMINOÁCIDOS GLUCOGÉNICOS
Os aminoácidos que são
degradados em piruvato, a-
cetoglutarato, succinil-CoA, fumarato
e/ou oxaloacetato, podem ser
convertidos em glucose e glicogénio.
Estes tratam-se dos aminoácidos
glucogénicos, que são:
✓ Aspartato
✓ Asparagina
✓ Arginina
✓ Fenilalanina
✓ Tirosina
✓ Isoleucina
✓ Metionina
✓ Valina
✓ Glutamina
✓ Glutamato
✓ Prolina
✓ Histidina
✓ Alanina

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✓ Serina
✓ Cisteína
✓ Glicina
✓ Treonina
✓ Triptofano

A divisão dos aminoácidos em glucogénicos e cetogénicos não é precisa; 5 dos


aminoácidos – Triptofano, Fenilalanina, Tirosina, Treonina e Isoleucina – são tanto
glicogénicos como cetogénicos.

DESTINO DE ESQUELETOS CARBONADOS

AMINOÁCIDOS DEGRADAD OS EM PIRUVATO


O esqueleto carbonado de 6 aminoácidos pode ser convertido em piruvato. O
piruvato pode, depois, ser convertido em acetil-CoA e ser eventualmente oxidado no
ciclo de Krebs, ou pode ser oxidado em oxaloacetato e ser levado para a
gliconeogénese.
Os seis aminoácidos são: Alanina, Triptofano, Cisteína, Serina, Glicina e Treonina.
A Alanina forma piruvato diretamente por transaminação com um a-
cetoglutarato.
O Triptofano é clivado para formar Alanina e subsequentemente forma piruvato.
A Cisteína é convertida em piruvato por 2 passos: o primeiro remove o átomo de
enxofre e o segundo trata-se de uma transaminação.
A Serina é convertida em piruvato pela serina desidrogenase, em que ambos os
grupos a-amina e β-hidroxilo são removidos numa única reação.
A Glicina é convertida em Serina pela adição enzimática de um grupo
hidroximetil, sendo esta reação catalisada serina hidroximetil transferase. A Glicina pode
também sofrer clivagem oxidativa em CO2, NH4+ e um grupo metileno. Na última via que

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a Glicina pode sofrer, este é substrato para a D-aminoácido oxidase, neste processo a
Glicina é convertida em glioxilato, um substrato alternativo para a lactato
desidrogenase hepática, sendo que o glioxilato é oxidado em oxalato numa reação
dependente de NAD+.
A Treonina pode ser convertida em Glicina em dois passos ou pode ser
convertida em succinil-CoA.

AMINOÁCIDOS DEGRADAD OS EM ACETIL-COA


Porções dos esqueletos carbonados de 7 aminoácidos – Triptofano, Lisina,
Fenilalanina, Tirosina, Leucina, Isoleucina e Treonina – formam Acetil-CoA e/ou
acetoacetil-CoA, sendo que este último é convertido em acetil-CoA.
Triptofano forma acetil-CoA via acetoacetil-CoA. Alguns dos intermediários da
degradação do triptofano são percursores na síntese de outras biomoléculas, incluindo
nicotinato (percursor de NAD e NADP), seretonina (neurotransmissor) e indoleacetato
(fator de crescimento em plantas).
A Fenilalanina e o seu produto de oxidação, Tirosina, são degradados em 2
fragmentos, ambos que podem entrar no ciclo de Krebs: 4 dos 9 carbonos formam
acetoacetato, que é convertido em acetoacetil-CoA e consequentemente acetil-CoA,
e outros 4 carbonos formam fumarato. 8 dos 9 carbonos destes 2 aminoácidos entram
no ciclo de Krebs, o carbono restante perde-se na forma de CO2. A Fenilalanina, depois
da sua hidroxilação em tirosina, continua a ser percursor da dopamina
(neurotransmissor) e a da norepinefrina e a epinefrina (hormonas). A melanina é
derivada da tirosina.

AMINOÁCIDOS DEGRADAD OS EM A-CETOGLUTARATO


Os esqueletos carbonados de 5 aminoácidos – Prolina, Glutamato, Glutamina,
Arginina, Histidina – entram no ciclo de Krebs na forma de a-cetoglutarato.
A Prolina, o Glutamato e a Glutamina têm esqueletos de 5 carbonos
A estrutura cíclica da Prolina é aberta por oxidação do carbono mais distante
do grupo carboxílico para formar uma base de Schiff, que depois é hidrolisada para
formar um semialdeído linear, glutamato γ-semialdeído. Este intermediário é oxidado no
mesmo carbono para formar Glutamato. A ação da glutaminase converte a Glutamina
em Glutamato (glutamina doa o seu nitrogénio amida para um aceitador).
A transaminação ou deaminação do Glutamato produz o a-cetoglutarato.
A Histidina e a Arginina, contém 5 carbonos adjacentes e um 6º carbono ligado
através de um átomo de azoto. A conversão catabólica destes aminoácidos em
glutamato é, portanto, mais complexa. A Arginina é convertida em ornitina (esqueleto
com 5 carbonos) no ciclo de Ureia, e a ornitina é transaminada em glutamato γ-
semialdeído. A conversão da Histidina no Glutamato, de 5 carbonos, ocorre em vários
passos em que o carbono extra é removido.

AMINOÁCIDOS DEGRADAD OS EM SUCCINIL-COA


Os esqueletos carbonados da Metionina, Isoleucina, Treonina e Valina são
degradados por vias que dão origem a succinil-CoA, um intermediário do ciclo de Krebs.
A Metionina doa o seu grupo metilo e 3 dos seus 4 carbonos restantes são
convertidos no propionato do propionil-CoA, um percursor do succinil-CoA.
A Isoleucina sofre transaminação, seguida de descarboxilação oxidariva que
resulta no a-cetoglutarato. Os restantes 5 carbonos do esqueleto são oxidados para
acetil-CoA e propionil-CoA.
A Valina sofre transaminação e descarboxilação, numa série de reações de
oxidação que convertem os restantes 4 carbonos em propionil-CoA.
A Treonina é convertida em 2 passos em propionil-CoA.
O propionil-CoA derivado destes 3 aminoácidos é convertido em acetil-CoA:
carboxilação em metilmalonil-CoA, epimerização do metilmalonil-CoA e converção em
succinil-CoA pela metilmalonil-CoA mutase dependente da coenzima B12.

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AMINOÁCIDOS DEGRADAD OS EM OX ALOACET ATO


A Asparagina e o Aspartato entram no ciclo de Krebs na forma de oxaloacetato.
A enzima asparagina catalisa a hidrólise da asparagina em aspartato, que sofre, por
sua vez, transaminação com a-cetoglutarato para formar glutamato e oxaloacetato.

AMINOÁCIDOS RAMIFICADOS NÃO SÃO DEGRADADOS NO FÍGADO


Apesar de o
catabolismo dos aminoácidos
ocorrer maioritariamente no
fígado, mas os 3 aminoácidos
ramificados (Leucina,
Isoleucina e Valina) são
oxidados como combustível
em músculos, adipócitos, rins e
cérebro. Estes tecidos
extrahepáticos têm
aminotransferases, ausentes
no fígado, que atuam nos
aminácidos ramificados para
produzirem o respetivo a-ceto
ácido. O complexo de a-ceto
ácidos de cadeias
ramificadas desidrogenase
catalisa a oxidação
descarboxilativa dos 3 a-ceto
ácidos, libertando o grupo
carboxílico na forma de CO2,
produzindo derivados de acil-
CoA.

FORMAÇÃO DE GABA
Em adição ao seu papel como blocos de construção das proteínas, os
aminoácidos são percursores de muitas biomoléculas especializadas, incluindo
hormonas, coenzimas, nucleótidos, alcaloides, polímeros de paredes celulares,
porfirinas, antibióticos, pigmentos e neurotransmissores.
Muitos neurotransmissores são aminas primárias ou secundárias, derivadas de
aminoácidos.
A descarboxilação do glutamato dá origem a gama-aminobutirato (GABA), um
neurotransmissor inibitório. A sua subprodução está associada com ataques de
epilepsia. Análogos de GABA são usados no tratamento de epilepsia e hiperventilação.
Os níveis de GABA também podem ser aumentados com a administração de inibidores
da enzima degradadora de GABA, a GABA aminotransferase

TRANSAMINAÇÃO
O primeiro passo do catabolismo de L-aminoácidos, assim que estes chegam ao
fígado, é a remoção do grupo a-amino, promovido pelas enzimas aminotranferases ou
transaminases.

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Nestas reações de transaminação, o grupo a-amina é transferido para o


carbono a do a-cetoglutarato, deixando para trás o a-ceto ácido análogo ao
aminoácido.
Não se dá a perda de grupos amina nestas reações, uma vez que o a-
cetoglutarato se torna aminado assim que o a-ceto ácido é desaminado. O efeito da
reação de transaminação é recolher o grupo amina de muitos aminoácidos na forma
de L-glutamato. O Glutamato depois funciona como um dador do grupo amina para
vias de síntese ou vias de excreção que levam à eliminação de produtos nitrogenosos.

As células contêm diferentes tipos de aminotransferases. Muitas são especificas


para a-cetoglutarato como aceitador do grupo amina, mas diferem na sua
especificidade pelo L-aminoácido. As enzimas são denominadas pelo dador do grupo
amina (alanina aminotransferase, etc.).

As reações catalisadas por transaminases são reversíveis.


Todas as transaminases têm o mesmo grupo
prostético e o mesmo mecanismo de reaçõa. O grupo
prostético é o piridoxal fosfato (PLP), a forma de coenzima
da piridoxina, ou vitamina B6. O PLP funciona como um
aceitador intermediário do grupo amina, no local ativo da
transaminase. Sofre transformações reversíveis entre a forma
aldeído e piridoxal fosfato, que pode aceitar o grupo
amina, e a sua forma aminada, piridoxamina fosfato, que
pode doar o seu grupo amina.
O PLP encontra-se normalmente ligado covalentemente ao local ativo da
enzima por uma ligação de base de Schiff (aldiamina) ao grupo amina de um resíduo
de Lisina.
O PLP participa numa
variedade de reações nos carbonos
a, β e γ do aminoácido. Reações no
carbono a incluem a racemização,
descarboxilação e transaminação.
O PLP tem o mesmo papel em cada
uma destas reações. A ligação do
carbono a ao substrato é
quebrada, removendo um protão
ou um grupo carboxilo. O par de
eletrões deixados para trás, no
carbono a, formariam um
carboanião altamente instável, mas
o PLP provoca uma estabilização de
ressonância deste intermediário. A
estrutura conjugada do PLP permite
a deslocalização de carga.

As aminotransferases são exemplos de enzimas que catalisam reações Ping-


Pong, em que o primeiro substrato reage e o produto tem de abandonar o local ativo

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antes da ligação do segundo substrato. Assim, o aminoácido liga ao local ativo, doa o
seu grupo amina ao PLP e sai na sua forma de a-ceto ácido. Só depois é que o a-ceto
ácido aceitador se liga, aceita o grupo amina do PLP e sai na forma de um aminoácido.

RELAÇÕES INTER-ORGÃOS
• Intestino – Absorção dos aminoácidos da dieta;
• Fígado – metabolismo principal dos aminoácidos/ produção de ureia;
• Músculos – ciclo glucose-alanina;
• Rins – excreção de ureia.

CICLO DE UREIA
Se não for reutilizado para a síntese de novos aminoácidos ou outros produtos
nitrogenados, os grupos amina são canalisados para um único produto excretório.
A maioria dos mamíferos terrestres são uretéricos, isto é, excretam azoto na forma
de ureia. Nestes organismos, a amónia depositada na mitocôndria dos hepatócitos é
convertida em ureia no ciclo de ureia.
A produção de ureia dá-se exclusivamente
no fígado e é o destino da maioria da amónia que
para lá é canalisada. A ureia passa para a
corrente sanguínea e é excretada na urina.
O ciclo da ureia começa dentro de
mitocôndrias do fígado, mas 3 dos passos
subsequentes ocorrem no citosol.

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O primeiro grupo amina que


entra no ciclo da ureia é derivado de
amónia da matriz mitocondrial (NH4+). O
fígado também recebe amónia
diretamente de uma veia que vem do
intestino, proveniente da oxidação
bacteriana de aminoácidos.
Independentemente da fonte, o NH4+
gerado na mitocôndria do fígado é
imediatamente usada, junto com CO2,
na forma de HCO3-, produzido pela
respiração mitocondrial, para formar
carbamoil fosfato na matriz. Esta trata-se de uma reação dependente de ATP,
catalisada pela carbamoil fosfato sintetase I.
O carbamoil-fosfato que funciona como um dador ativado do grupo carbamoil,
entra no ciclo da ureia.
O ciclo tem 4 passos enzimáticos:
1. O carbamoil fosfato doa o seu grupo carbamoil à ornitina para formar citrulina,
com a libertação de um grupo Pi. Esta reação é catalisada pela ornitina
transcarbomoilase. A citrulina passa da mitocôndria para o citosol.
2. O segundo grupo amina entra a partir do aspartato (generado na mitocôndria
por transaminação e transportado para o citosol). Uma reação de
condensação entre o grupo amina do aspartato e o grupo carbonil da citrulina,
formando arginosuccinato. Esta reação é catalisada pela arginosuccinato
sintetase, que requer ATP.
3. O arginosuccinato é clivado, pela arginosuccinase, para formar arginina e
fumarato na forma livre, este último entra na mitocôndria para se juntar aos
intermediários do ciclo de Krebs. Este é o único passo reversível no ciclo da ureia.
4. No último passo, a enzima arginase cliva a arginina para dar origem a ureia e
ornitina. A ornitina é transportada para a mitocôndria para inicia outra volta do
ciclo de ureia.

Uma vez que o fumarato formado é um intermediário do ciclo de Krebs, os dois ciclos
estão interconectados. Apesar de tudo, estes ciclos operam independentemente e a
comunicação entre eles depende do transporte de intermediários chave entre a
mitocôndria e o citosol.
Se considerarmos o ciclo de ureia em isolado, vemos que uma molécula de ureia
requer 4 grupos fosfato altamente energéticos. 2 moléculas de ATP para formar o

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carbamoil fosfato e uma para fazer a argininosuccinato, o último ATP sofrendo uma
clivagem pirofosfato em AMP e PPi. A reação total é:
2 NH4+ + HCO3- + 3 ATP4+ + H2O  ureia + 2 ADP3- + 4Pi2- + AMP2- + 2 H+
No entanto, o ciclo de ureia leva a uma conversão net de oxaloacetato em
fumarato (via aspartato), e a regeneração do oxaloacetato produz NADH na reação
da malato desidrogenase. Cada molécula de NADH pode gerar até 2,5ATP durante a
respiração mitocondrial, reduzindo o custo total do ciclo da ureia.

Hiperamonémia:
• Deficiência em enzimas do ciclo da ureia (CPS, OTC, etc.);
• Problemas neurológicos severos em recém-nascidos;
• Tratamento: parar o consumo de proteínas, diálise e aumentar a
excreção de amónia (benzoato, phenilbutirato, L-arginina, L-citrulina).
--“—“—“—
Ureia:
• Gama normal: 7-18 mg/dL;
• Elevada em maior catabolismo de aminoácidos
• Mais glutamato, leva a maior quantidade de N-acetilglutamato, que
por sua vez leva à ativação da CPS-1;
• Elevada na insuficiência rena;
• Diminuída em deficiência hepática.

SÍNTESE DO ÓXIDO NÍTRICO


O óxido nítrico é um radical livre relativamente estável , que se forma a partir de
oxigénio molecular e o azoto da arginina numa reação catalisada pela NO sintase:
Arginina + ½ NADPH + 2 O2  NO + Citrulina + 2 H2O + ½ NADP+

O NO é um mensageiro celular, implicado numa gama larga de eventos


fisiológicos e fisiopatológicos, tal como neurotransmissores, a coagulação do sangue e
a vasodilatação: o NO entra na célula alvo ativando a enzima citosólica guanilil ciclase
, que catalisa a formação do segundo mensageiro cGMP.

BIOSSÍNTESE DE AMINO ÁCIDOS


AMINOÁCIDOS FORMADOS A PARTIR DE A-CETOGLUTARATO

O glutamato e a glutamina são pontos cruciais de entrada para grupos amina.


O glutamato é a fonte de grupos amina para a maioria dos aminoácidos, através de
reações de transaminação.
A assimilação de NH4+ no glutamato requer duas reações. Primeiramente, a
glurtamina sintetase catalisa a reação do glutamato com o NH4+ para formar glutamina.
Esta reação tem como intermediário ligado à enzima a γ-glutamil fosfato:
(1) Glutamato + ATP  γ-Glutamil fosfato + ADP

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(2) γ-Glutamil fosfato + NH4+  Glutamina + Pi + H+


A glutamina sintetase é encontrada em todos os organismos. Em adição á sua
importância na assimilação de amónia nas bactérias, tem um papel central no
metabolismo de aminoácidos em mamíferos, convertendo amónia livre, que é toxica,
em glutamina para o seu transporte na corrente sanguínea.
Em bactérias e plantas, o glutamato é produzido a partir da glutamina, numa
reação catalisada pela glutamato sintetase. O a-cetoglutarato, um intermediário do
ciclo de Krebs, sofre aminação redutiva com a glutamina como dador de azoto:
a-Cetoglutarato + Glutamina + NADPH + H+  2 Glutamato + NADP+
A reação net da glutamina sintetase e glutamato sintetase é:
a-Cetoglutarato + NH4+ + NADPH + ATP  L-Glutamato + NADP+ + ADP + Pi
A glutamato sintetase não se encontra presente em animais, que por outro lado
mantêm altos níveis de glutamato com processos como a transaminação de a-
Cetoglutarato durante o catabolismo de aminoácidos.
O Glutamato também pode ser formado por um processo menor: a reação de
a-cetoglutarato com NH4+ para formar glutamato num único passo. Esta reação é
catabolizada pela L-Glutamato desidrogenase. O poder redutor é doado pelo NADPH.
a-Cetoglutarato + NH4+ + NADPH  L-Glutamato + NADP+ + H2O

A Prolina é um derivado cíclico do glutamato. No primeiro passo da síntese de


Prolina, ATP reage com o grupo γ-carboxilo do glutamato para formar um acil fosfato,
que é reduzido por NADPH ou NADH em glutamato γ-semialdeído. Este intermediário
sofre uma ciclização rápida e espontânea e depois é continuamente reduzida para
produzir prolina.

A Arginina é sintetizada a partir de glutamato via ornitina e o ciclo de ureia, em


animais.

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FORM AÇÃO DA SERINA


A serina é formada a partir de 3-fosfoglicerato. No primeiro passo, o grupo
hidroxilo do 3-fosfoglicerato é oxidado por uma desidrogenase (usando NAD +) para
formar 3-Fosfo-hidroxipiruvato. A transaminação do glutamato forma 3-fosfoserina, que
é hidrolisada em serina livre pela fosfoserina fosfatase.

FORM AÇÃO DA GLICINA


A serina (3 carbonos)é o percursor da glicina (2 carbonos) através da remoção
de um carbono pela serima hidroximetil transferase. O tetrahidrofolato (FH4) aceita o
carbono β da serina, que forma uma ponte metileno entre o N-5 e o N-10 para formar
N5,N10-Metileno FH4. A reação total, que é reversível, também requer o piridoxal fosfato.

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FORM AÇÃO DE AMINOÁCI DO COM ENXOFRE


As plantas e bactérias
produzem o enxofre reduzido requerido
para a síntese da cisteína e da Homocisteinúria:
metionina, de sulfatos ambientais. O • Rara;
sulfido é depois utilizado na formação • Deficiência em cistationina β-sintetase;
de cisteína a partir de serina. • Lentes ópticas deslocadas;
Os mamíferos sintetizam cisteína • Atraso mental;
a partir de 2 aminoácidos: metionina • Osteoporose;
que fornece o átomo de enxofre e a • Doença cardiovascular que leva a morte;
serina que fornece o esqueleto
carbonado. A metionina é, primeiro, Elevados níveis associados a doença
convertida em S-adenosil metionina, cardiovascular:
que pode perder o seu grupo metil, - podem estar relacionados com deficiência de
formando a L-Homocisteína. Este último folato;
sofre uma reação com a serina, - folato aumenta a conversão de homocisteína em
catalisada pela cistationina β-sintetase, metionina.
para formar cistationina. Finalmente, a
γ-cistationina liase, uma enzima
dependente de PLP, catalisa a
remoção de amónia e cliva a
cistationina para formar cisteína livre.

A metionina, depois de formar S-adenosil metionina, além de perder o grupo


metilo, também pode ser descarboxilada, pela S-adenosil metionina descarboxilada,
para formar essa espécie descarboxilada.

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FORM AÇÃO DA TIROSINA


Os animais produzem tirosina diretamente da fenilalanina, através de uma
hidoxilação do C-4 do grupo fenil pela fenilalanina hidroxilase; esta enzima também
participa na degradação da fenilalanina.

BIOSSÍNTESE DE POLIAMINAS
Poliaminas como a spermina e a spermidina, envolvidas no empacotamento de
DNA, são derivados de metionina e ornitina. O primeiro passo é a descarboxilação de
ornitina, um percursor da arginina. A ornitina descarboxilase, uma enzima dependente
de PLP, esta enzima é alvo de vários inibidores usados em agentes farmacológicos. O
mecanismo de formação destas poliaminas está especificado na imagem:

CREATINA E CREATININA
A creatina é sintetizada a partir de glicina e arginina, sendo a metionina, na
forma de S-adenosil metionina, o dador do grupo metilo.

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METABOLISMO DE HISTI DINA


A histidina sofre descarboxilação em histamina, um vasodilatador poderoso em
tecidos animais. A histamina é libertada em grandes quantidades como parte de uma
resposta alérgica, que também estimula a secreção de ácido no estômago. Uma
grande quantidade de agentes farmacológicos está a ser desenvolvidos para interferir
com a síntese ou ação da histamina.

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FOTOSSÍNTESE
O processo que converte a radiação
eletromagnética em energia química trata-se
da fotossíntese, um processo que usa a energia
da luz para converter dióxido de carbono e
água em carboidratos e oxigénio.
CO2 + H2O  (CH2O) + O2
Organismos fotossintéticos são
denominados de autotróficos, porque eles
conseguem sintetizar combustíveis químicos,
como glucose, de dióxido de carbono e água
usando a luz solar como fonte de energia e
conseguem depois recuperar alguma da sua
energia através da via glicólica e do
metabolismo anaeróbio.
A fotossíntese é constituída por 2 partes: as reações da luz e reações no escuro.
Nas reações de luz, a energia da luz é transformada em 2 formas de energia bioquímica:
poder redutor e ATP. Os produtos das reações da luz são depois usados nas reações no
escuro para levar à redução de CO2 e a sua conversão em glucose e outros açúcares.
As reações no escuro são também denominadas de ciclo de Calvin.

REAÇÕES DE LUZ
A fotossíntese usa a energia da luz para impulsionar eletrões de um estado de
baixa energia para um estado de maior energia. Estes eletrões são depois utilizados para
produzir poder redutor e são usados indiretamente, por uma cadeia transportadora de
eletrões e uma força potro-motriz ao longo de uma membrana, que leva à síntese de
ATP.
Fotossíntese em plantas verdes, é mediada por 2 tipos de reações de luz. O
fotossistema I gera o poder redutor na forma de NADPH mas, no processo, fica
deficiente em eletrões. O Fotossistema II oxida água e transfere os eletrões para o
fotossistema I. Um produto lateral destas reações é O2. O fluxo de eletrões do
fotossistema II para o I gera um gradiente de protões transmembranar, aumentado pela
libertação de protões na oxidação da água, que leva à síntese de ATP.

CLOROPLASTROS
A fotossíntese ocorre em organelos
denominados de cloroplastos. Como uma
mitocôndria, estes organelos têm uma membrana
interna e uma externa, com um espaço
intermebranar. A membrana interna rodeia o
estroma, que é onde se dão as reações na fase
escura da fotossíntese. No estroma encontram-se
as estruturas membranares, chamadas tilacoides,
que são uma espécie de sacos achatados, ou
discos. Os tilacoides estão empilhados e
interligados. Os tilacoides são análogos às cristas
da mitocôndria e, como estas, são locais de
acoplamento de reações redox das reações
dependentes de luz que geram a força proto
motriz.
As membranas dos tilacoides contêm a maquinaria de transformação da
energia: proteínas captadoras de luz, centros reativos, cadeias transportadoras de
eletrões e ATP sintetase.

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A membrana dos tilacoides e a membrana interna dos cloroplastos são


impermeáveis à maioria das moléculas e iões.
O estroma contém todas as proteínas que utilizam o NADPH e o ATP para
converter CO2 em açúcares.

O primeiro evento da fotossíntese trata-se da absorção de luz por uma molécula


fotorecetoras. O principal fotorecetor dos cloroplastos da maioria das plantas verdes é
a clorofila a, uma molécula pigmento com um anel tetrapirrólico. Os 4 azotos do anel
estão coordenados a um ião magnésio.
As clorofilas são fotorecetores muito eficazes porque têm uma rede de ligações
duplas conjugadas. Neste tipo de compostos, os eletrões não estão localizados em
locais específicos e por isso estão mais preparados para absorver energia na forma de
luz. As clorofilas têm, por isso, bandas de absorção na zona do visível bastante intensas.
Quando a energia da luz excita algum eletrão, este pode ter 2 destinos: para a
maioria de compostos que absorvem luz, o eletrão simplesmente volta ao estado
fundamental e a energia absorvida é convertida em calor; no entanto, se algum
aceitador de eletrões se encontrar por perto, o eletrão excitado pode mover-se da
molécula inicial para o aceitador.
Nos cloroplastos, os locais em que a separação de carga acontece, isto é, esta
transferência do eletrão do pigmento para o aceitador, dentro de cada fotossistema é
denominado de centro de reação. O aparato fotossintético está arranjado de forma a
maximizar a separação de cara e a minimizar o retorno, improdutivo, do eletrão ao
estado fundamental. O eletrão, extraído do seu local inicial de absorção de luz, tem
poder redutor, podendo reduzir outras moléculas para armazenar a energia obtida
inicialmente da luz.

FOTOSSISTEM AS
Nas plantas verdes, a fotossíntese depende da interplay de 2 complexos ligados
à membrana e sensíveis à luz – fostossistemas I e II.
Estes requerem luz para energizar os seus centros reacionais, constituídos por
pares especias, denominados P680 no fotossistema I e P700 no fotossistema II, e ambos
transferem eletrões usando cadeias transportadoras de eletrões.
O fluxo de eletrões, nas plantas, progride do fotossistema II para o I, na maioria
das situações.
O fotossistema I responde a luz com comprimento de onda menor que 700nm,
usa eletrões de alta energia derivados da luz para criar um poder redutor biossintético,
na forma de NADPH. Os eletrões para criar uma molécula de NADPH são tirados de duas
moléculas de água pelo fotossistema II, que responde a comprimentos de onda
menores que 600nm. Uma molécula de O2 é gerada como produto lateral da ação do
fotossistema II. Os eletrões viajam do fotossistema II para o fotossistema I através do
citocromo bf, um complexo ligado a membrana. O citocromo bf gera um gradiente
através da membrana dos tilacoides que leva à formação de ATP. Assim os 2
fotossistemas cooperam para produzir NADPH e ATP.

O fotossistema II, de mais de 20 subunidades, catalisa a transferência de eletrões,


provocada pela luz, da água para a platoquinona. Este aceitador de eletrões circula
entra a sua forma oxidada (Q) e a sua forma reduzida (QH 2, plastoquinol). A reação
catalisada pelo fotossistema II é:
2 Q + 2 H2O  O2 + 2 QH2
Os eletrões em QH2 têm um potencial redox superior ao dos eletrões presentes
na água. O fotossistema II conduz a reação numa direção crescente de
termodinâmica, usando a energia livre da luz.
A fotoquímica do fotossistema II começa com a excitação de um par especial
de moléculas de clorofila que estão ligadas às subunidades D1 e D2 do fotossistema.
Como a clorofila a deste par especial absorvem a 680nm, este par é chamado de P680.
Quando excitado, o P680 transfere rapidamente o eletrão para uma feofitina perto. Daí

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

o eletrão é transferido para uma plastoquinona ligada fortemente no local QA e depois


para uma platoquinona móvel no local QB. Com a chegada do segundo eletrão e o
uptacke de 2 protões, a platoquinona móvel é reduzida em QH 2.
O fotossistema II atravessa a membrana dos tilacoides de tal forma que o local
da redução da quinona é no lado do estroma, enquanto que o local da oxidação da
água se encontra voltado para o lúmen do tilacoide. Assim, os 2 protões que são usados
na redução de Q em QH2 vêm do estroma e os 4 protões libertados na oxidação da
água são libertados para o lúmen. Esta distribuição de protões gera um gradiente de
protões através da membrana dos tilacoides, caracterizado pelo excesso de protões no
lúmen dos tilacoides quando em comparação com o estroma.

Os eletrões fluem do fotossistema I para o fotossistema I através do complexo


citocromo bf. Este complexo caracteriza-se pela transferência de eletrões do
plastoquinol (QH2) para a platocianina (Pc), uma proteína de cobre pequena e solúvel
que se encontra no lúmen dos tilacoides.
QH2 + 2 Pc(Cu2+)  Q + 2 Pc(Cu+) + 2 H+
Os 2 protões do plastoquinol são libertados para o lúmen dos tilacoides.
O complexo citocromo bf inclui 2 subunidades: um citocromo com 2 hemo tipo
b, uma proteína Fe-S, um citocromo f com um citocromo tipo c, e uma cadeia.
Este complexo catalisa a reação ao proceder através do ciclo Q. na primeira
parte do ciclo Q, plastoquinol (QH2) é oxidado a plastoquinona (Q), um eletrão de cada
vez. Os eletrões do plastoquinol atravessam a Fe-S proteína para converter a
plastocianina oxidada na sua forma reduzida. Na segunda parte do ciclo Q, o
citocromo bf reduz uma molécula de plastoquinona em plastoquinol, usando 2 protões
de um lado da membrana e depois reoxida plastoquinol para libertar estes protões no
outro lado. A enzima está orientada para que liberte os protões no lúmen dos tilacoides,
contribuindo ainda mais para o gradiente de protões.

O fotossistema I, um complexo transmembranar de 14 cadeias polipeptídicas e


com múltiplas proteínas e cofatores associados. O núcleo deste fotossistema é um par
de subunidades similares, psaA e psaB. Um par especial de clorofilas a encontra-se no
centro da estrutura e absorve maximamente a 700nm, formando o centro P700, que
inicia a separação de carga fotoinduzida. O eletrão viaja do P700 por uma via que
atravessa as clorofilas no local A0 e a quinona no local A1 até ao conjunto de clusters
4Fe-4S. o passo seguinte é a transferência do eletrão para ferredoxina (Fd), uma
proteína solúvel que contém um cluster 2Fe-2S coordenado a 4 resíduos de cisteína. A
ferredoxina transfere os eletrões para o NADP+. No entretanto, o P700+ captura um
eletrão da plastocianina reduzida voltando ao estado P700, para que este possa ser
excitado novamente.
A reação catalisada pelo fotossistema I, é:
Pc(Cu+) + Fdox  Pc(Cu2+) + Fdred
A cooperação entre o fotossistema I e o fotossistema II cria um fluxo de eletrões
da H2O para NADP+.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

SÍNTESE DE ATP
Os princípios da síntese de ATP nos cloroplastos são idênticos aos da mitocôndria.
A formação de ATP é conduzida por uma força potro-motriz.
A luz induz a transferência de eletrões pelo fotossistema I e II e o complexo
citocromo bf. Em vários passos deste processo, os protões são libertados para o lúmen
dos tilacoides ou retirados do estroma, criando um gradiente de protões.
A força proto-motriz gerada pelas reações de luz é convertida em ATP pela ATP
sintase dos cloroplastos, também denominada de CF1-CF0 complexo. Este complexo é
similar ao complexo F1-F0 da mitocôndria. CF0 conduz os protões através da membrana
dos tilacoides, enquanto que o CF1 catalisa a formação de ATP e Pi.
É de notar que a orientação do CF1-CF0 está revertida quando em comparação
com a ATP sintase da mitocôndria.
Como o CF1 se encontra na superfície do tilacoide virada para o estroma, o ATP
sintetizado é libertado diretamente para o estroma. De forma idêntica, o NADPH
formado pelo fotossistema I é também libertado para o estroma. Assim, o ATP e NADPH,
produtos das reações dependentes de luz, estão posicionados de forma apropriada
para as reações no escuro subsequentes, em que o CO2 é convertido em carboidratos.

ESTEQUIOMETRIA
A absorção de 4 fotões pelo fotossistema II gera uma molécula de O 2 e liberta 4
protões para o lúmen dos tilacoides. 2 moléculas de plastoquinol são oxidadas pelo ciclo
Q do complexo citocromo bf para libertar 8 protões para o lúmen. Finalmente, os
eletrões de 4 moléculas de plastocianina reduzida são conduzidas para a ferredoxina
pela absorção de 4 fotões adicionais. As 4 moléculas reduzidas de ferredoxina geram 2
moléculas de NADPH. Assim a reação total é:
2 H2O + 2 NADP+ + 10 H+estroma  O2 + 2 NADPH + 12 H+lúmen
Os 12 protões libertados para o lúmen podem fluir através da ATP sintase, e
sabendo que 13 protões têm de passar pelo complexo CF0 para uma rotação completa
de CF1 (1 rotação forma 3 ATP), a reação total é:
2 NADPH+ + 3 ADP3- + 3 Pi2- + H+  O2 + 2 NADPH + 3 ATP4- + H2O

PIGMENTOS ACESSÓRIOS
Os pigmentos acessórios, tanto clorofilas adicionais como outras classes de
moléculas, estão associados com os centros reacionais. Estes pigmentos absorvem luz e
passam a energia para o centro reacional para conversão para a forma química. Os
pigmentos acessórios previnem que o centro reacional fique parado, ao absorverem a
luz a comprimentos de onda diferentes daquele a que a clorofila a absorve.
A clorofila b e os carotenoides são os pigmentos acessórios mais importantes.
Estes pigmentos acessórios aumentam a eficiência da captação de luz,
permitindo que a planta absorva luz de todo o espectro visível.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

REAÇÕES DO ESCURO
As reações do escuro usam o ATP e o NADH produzidos nas reações da luz para
reduzir os átomos de carbono do dióxido de carbono para um estado mais reduzido
como hexoses.
Juntas, as reações da luz e do escuro, cooperam para transformar energia da
luz em combustíveis de carbono.
As reações no escuro são também denominadas de ciclo de Calvin, e ao
contrário das reações de luz são independentes da luz.

CICLO DE CALVIN
Este ciclo tem 3 etapas:
1. Fixação de CO2 pela ribulose 1,5-bifosfato para formar 2 moléculas de 3-
fosfoglicetato;
2. Redução do 3-fosfoglicerato para formar açúcares hexoses;
3. Regeneração da ribulose 1,5-bifosfato para que mais CO2 possa ser fixado.
Este conjunto de reações ocorre no estroma dos cloroplastos.

1ª ETAPA
O primeiro passo do ciclo de Calvin é a fixação do CO2. Isto começa com a
conversão de ribulose 1,5-bifosfato num intermediário altamente reativo enediol. A
molécula de CO2 condensa com o enediol para formar um composto de 6 carbonos,
instável, que é rapidamente hidrolisado em 2 moléculas de 3-fosfoglicerato.

Esta reação altamente exergónica é catalisada pela ribulose 1,5-bifosfato


carboxilase/oxigenase (rubisco), uma enzima localizada na superfície da membrana
dos tilacoides voltada para o estroma. A rubisco, em cloroplastos, consiste em 8
subunidades largas (L), cada com 8 subunidades pequenas (S). Cada subunidade L
contém um local catalítico e um local regulatório. As cadeias S aumentam a atividade
catalítica de L. Rubisco é a enzima mais abundante nos cloroplastos.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

A rubisco requer uma ligação a um


ião divalente para a sua atividade,
normalmente o Mg2+. Este ião serve para
ativar a molécula de substrato ligada, ao
estabilizar uma carga negativa. O CO 2 é,
além do substrato, necessário para
completar o local ativo da rubisco. Esta
molécula de CO2 liga-se ao grupo amino
da lisina para formar um carbamato. Este
aducto negativo liga ao ião de Mg2+. A
formação do carbamato é facilitada pela
enzima rubisco ativase.
O ião metálico tem um papel na
ligação da ribulose 1,5-bifosfato e a ativá-lo para que reaja com o CO2.

A ribulose 1,5-bifosfato liga ao Mg2+ através do seu grupo ceto e adjacente


grupo hidroxilo. Este complexo é desprotonado para formar o intermediário enediolato.
Esta espécie reativa, acopla com o CO2, formando uma nova ligação carbono-
carbono. O produto resultante está coordenado ao Mg2+ através de 3 grupos, incluindo
o acabado de formar grupo carboxilato. Uma molécula de H2O é adicionada a este β-
cetoácido para formar um intermediário que se cliva para formar 2 moléculas de 3-
fosfogliceraldeído.

O intermediário reativo gerado no ião


Mg2+, por vezes, reage com O2 (quando as
concentrações deste são altas) em vez de
reagir com CO2. Assim, a rubisco também
catalisa uma reação de oxigenase. Neste
processo dá-se a oxidação da enzima
rubisco e a clivagem de açúcares, em vez da
sua formação  fotorrespiração.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

O passo catalisado pela Rubisco é o passo determinante da reaçõa, sendo que


esta enzima é altamente regulada. A rubisco é indiretamente ativada pela luz: através
da enzima rubisco activase, que usa ATP para ativar (fosforilando) a rubisco.

2ª ETAPA

O produto da rubisco, 3-fosfoglicerato, é convertido em frutose 6-fosdato que


rapidamente isomeriza em glucose 1-fosfato e glucose 6-fosfato. Os passos destas
conversões são idênticos ao da via gliconeogénica. Estas reações e as catalisadas pela
Rubisco levam o CO2 ao nível das hexoses, convertendo o dióxido de carbono num
combustível químico às custas de NADPH e ATP gerado nas reações dependentes de
luz.

3ª ETAPA
A terceira fase do ciclo de Calvin é a regeneração da ribulose 1,5-bifosfato, o
aceitador de CO2 no primeiro passo. O problema é que para construir um açúcar de 5
carbonos de açúcares de 6 ou 3 carbonos. Uma transcetolase e uma aldolase têm um
papel bastante importante no rearranjo dos átomos de carbono, sendo que a
formação de ribulose 1,5-bifosfato a partir de uma hexose ocorre num processo
semelhante ao que se dá, em animais, na conversão de pentose fosfato em hexose
fosfato na fase não oxidativa da via das pentoses fosfato.
Frutose 6-fosfato + 2 gliceraldeído 3-fosfato + dihidrociacetona fosfato + 3 ATP 
3 ribulose 1,5-bifosfato + 3 ADP

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

Esta série de reações completa o ciclo de Calvin.


Para sintetizar uma hexose são necessárias seis voltas do ciclo de Calvin, porque
um átomo de carbono é reduzido em cada volta. 12 moléculas de ATP são gastas na
fosforilação de 12 moléculas de 3-fosfoglicerato em 1,3-bisfosfoglicerato e 12 moléculas
de NADPH são consumidas na redução de 12 moléculas de 1,3-bisfosfoglicerato em
gliceraldeído 3-fosfato. 6 moléculas de ATP adicionais são gastas na regeneração da
ribulose 1,5-bifosfato.
A equação de reação net do ciclo de Calvin é:
6 CO2 + 18 ATP + 12 NADPH + 12 H2O  C6H12O6 + 13 ADP + 18 Pi + 12 NADP+ + 6 H+
Assim, 3 moléculas de ATP e 2 de NADPH são consumidas na incorporação de
uma única molécula de CO2 numa hexose.

PLANTAS C 4
A atividade de
oxigenase da rubisco torna-se
um desafio para plantas
tropicais, uma vez que a
atividade da oxigenase
aumenta mais rapidamente
com a temperatura do que a
atividade de carboxilase.
Como é que estas plantas
previnem o desperdício da
fotorrespiração? A sua solução
a este problema é conseguir
uma concentração local alta
de CO2 no local do ciclo de Calvin nas suas células fotossintéticas. A essência deste
processo é que moléculas de 4 carbonos como o oxaloacetato e o malato transportam
CO2 das células mesófilas, que estão em contacto com o ar. A descarboxilação dos
compostos de 4 carbonos mantém uma alta concentração de CO 2 no local do ciclo
de Calvin. Os produtos de 3 carbonos voltam à célula mesófila para outra ronda de
carboxilação.
A via C4 para o transporte de CO2 começa na célula mesófila com a
condensação do CO2 e fosfoenolpiruvato para formar oxaloacetato, na reação
catalisada pela fosfoenolpiruvato carboxilase. Em algumas espécies, o oxaloacetato é
convertido em malato pela malato desidrogenase. O malato entra nas células e é
descarboxilado oxidativamente nos cloroplastos por uma malato desidrogenase. O CO 2
libertado entra no ciclo de Calvin na forma usual ao condensar com a ribulose 1,5-
bifosfato. O piruvato criado na reação de descarboxilação volta para a célula mesófila.
Finalmente, fosfoenolpiruvato é formado do piruvato pela pruvato-Pi dicinase.
A reação net para a via C4 é:
CO2 (célula mesófila) + ATP + 2 H2O  CO2 (bundle-sheath célula) + AMP + 2 Pi + 2 H+
O equivalente energético a 2 ATP é consumido no transporte de CO 2 para o
cloroplastos de células bundle-sheath. Em essência, este processo é um transporte ativo.
Quando a via C4 e o ciclo de Calvin operam ao mesmo tempo, a reação net é:
6 CO2 + 30 ATP + 12 NADPH + 24 H2O  C6H12O6 + 30 ADP + 30 Pi + 12 NADP+ + 18 H+
É de notar que são consumidas 30 moléculas de ATP por hexose quando a via
C4 fornece CO2 ao ciclo de Calvin, em contraste com as 18 moléculas quando à a
ausência da via C4. A concentração alta de CO2 nas células das plantas C4, que existe
graças ao gasto de 12 moléculas de ATP adicionais, é critica para a sua rápida taxa
fotossintética, uma vez que o CO2 é baixo quando a luz é abundante. Uma
concentração alta de CO2 também minimiza a energia perdida por fotorrespiração.

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

PLANTAS CAM
Muitas plantas que vivem em ambientes quentes e secos, mantém o estroma
das suas folhas fechado durante o dia, para prevenir perda de água. Como
consequência, CO2 não é absorvido durante o dia, quando é necessário para a síntese
de glucose. No entanto, o CO2 entra na folha quando o estroma se abre nas
temperaturas mais baixas da noite. Para guardar CO2 até que possa ser usado durante
o dia, estas plantas usam uma adaptação celular chamada de crassulacean acid
metabolismo (CAM). O dióxido de carbono é fixado pela via C4 em malato, que é
guardado em vacúolos. Durante o dia, o malato é descarboxilado e o CO 2 torna-se
disponível para o ciclo de Calvin. Em contraste com plantas C4, plantas CAM separam
a acumulação de CO2 da utilização desse temporalmente, contrariamente a
espacialmente.

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CICLO DO GLIOXILATO
Os vertebrados não conseguem
converter ácidos gordos, ou os derivados
de acetato, em carboidratos. A
conversão do fosfoenolpiruvato em
piruvato e do piruvato em acetil-CoA são
tão exergónicas que são essencialmente
irreversíveis. Se as células não conseguem
converter acetato em fosfoenolpiruvato,
o acetato não pode servir de material de
inicio para a gliconeogénese. Sem esta
capacidade as células não são capazes
de converter em combustível metabolitos
que se degradam em acetato.
No entanto, o fosfoenolpiruvato
pode ser sintetizado a partir de
oxaloacetato, numa reação reversível
catalisada pela PEP carboxilase:
Oxaloacetato + GTP 
Fosfoenolpiruvato + CO2 + DGP

Como os carbonos do acetato


que entram no ciclo de Krebs aparecem
8 passos depois na forma de
oxaloacetato, pode parecer que esta via
podia gerar oxaloacetato de acetato e
depois generar fosfoenolpiruvato para a
gliconeogénese. No entanto, não há conversão net de acetato em oxaloacetato, uma
vez que em vertebrados, por cada 2 carbonos, que entram no ciclo de Krebs, na forma
de acetil-CoA, 2 saem na forma de CO2. Em muitos organismos além dos vertebrados,
o ciclo do glioxilato serve como um mecanismo para a conversão de acetato em
carboidratos.
As enzimas do ciclo do glioxilato catalisam a conversão net do acetato em
succinato e outros intermediários do ciclo de Krebs de 4 carbonos:
2 Acetil-CoA + NAD+ + 2 H2O  succinato + 2 CoA + NADH + H+
No ciclo do glioxilato, a acetil-CoA condensa com oxaloacetato para formar
citrato, que por sua vez é convertido em isocitrato, da mesma forma que no ciclo de
Krebs. O próximo passo, no entanto, trata-se da clivagem do isocitrato pela isocitrato
liase, formando succinato e glioxilato. O glioxilato, depois, condensa com outra
molécula de acetil-CoA para formar malato, numa reação catalisada pela malato
sintase. O malato é oxidado em oxaloacetato, que condensa com outra molécula de
acetil-CoA para começar outra volta do ciclo.
Cada volta do ciclo do glioxilato consome duas moléculas de acetil-CoA e
produz uma molécula de succinato, que depois se encontra disponível para propósitos
biossintéticos. O succinato pode ser convertido de fumarato e malato em oxaloacetato,
que depois pode ser convertido em PEP e depois glucose, pela gliconeogénese.
Em plantas, as enzimas do ciclo de glioxilato encontram-se numa organelo
chamados glixiossomas, que são peroxissomas especializados.
O ciclo de Krebs e o ciclo do glioxilato, ao partilharem tantos intermediários têm
de ser regulados coordenadamente. O isocitrato é o intermediário crucial, num ponto
de ramificação entre o ciclo de Krebs e o ciclo do gioxilato. A isocitrato desidrogenase
é regulada por modificações covalente: uma cinase especifica fosforila e, desse modo,
inativa, a desidrogenase. Esta desativação leva o citrato para o ciclo do glioxilato, onde
começa a rota para a formação de glucose. Uma fosfatase fosfoproteína remove o

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Raquel Pinto Bioquímica do Metabolismo 2016/2017

grupo fosforilo da isocitrato desidrogenase, reativando a enzima e mandando o


isocitrato para o ciclo de Krebs.

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REAIS DICAS
➢ O ciclo de Krebs tem carácter anfibólico? Sim, isto é, pode ocorrer na via
catabólica ou anabólica dependendo do tipo de tecidos em que está inserido,
pode também ocorrer de forma mista.

➢ A formação do NADH é sempre descarboxilativa? Não.

➢ Um C radioativo, na posição metilo do acetil-CoA, dá quantas voltas até sair do


ciclo? Ao fim de uma volta não sai nada, em voltas subsequentes vai sair metade
de cada vez.

➢ Na via glicolítica: A glucose vinda do glicogénio dá 3 ATP? Sim. A glucose vinda


do exterior dá 2 ATP? Sim.

➢ Energia associada a um triglicerídeo? 18,5 ATP do glicerol e a energia dada pelos


3 lípidos.

➢ Conseguimos produzir açúcar a partir de gordura? Nem toda. Ácidos gordos


carbonados ímpares dão origem a dois produtos: 2C + 3C, o 3C não se
transforma em 2C e 1C, esse forma propionil-CoA e vai entrar no ciclo de Krebs,
não produzindo gordura.

➢ Nos processos de regulação, nos organismos, é sempre usado NAD+? Não.

➢ Qual dá mais energia 4 glucoses ou oxidação completa do palmitato? A


oxidação completa das 4 glucoses dá origem a 128ATP enquanto que a
oxidação do palmitato, em 14 ciclos de β-oxidação, dá 106ATP + 116 ATP da
glicólise.

➢ Δ9 significa uma ligação dupla na posição 9 a contar do terminal carboxílico. ω9


significa uma ligação dupla na posição 9 a contar do terminal CH3 depois do
CoA.

➢ O colesterol é essencial? Não, porque o sintetizamos.

➢ Saber aminoácidos essenciais e não essenciais.

➢ Aminoácidos puramente glicogénicos podem formar gorduras? Sim. TUDO pode


formar gorduras.

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