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SENAC - Módulo I - Apostila II Curso de Aperfeiçoamento de Locutor Apresentador

© Franco Vasconcelos 2000

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SENAC - Módulo I - Apostila II Curso de Aperfeiçoamento de Locutor Apresentador
© Franco Vasconcelos 2000

SUMÁRIO

UNIDADE I - ELEMENTOS DA DICÇÃO ........................................................ 7


1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 7
2. FUNDAMENTOS DA DICÇÃO ..................................................................... 8
3. O EXERCÍCIO FUNDAMENTAL DA DICÇÃO ........................................... 13
3.1 Articulação de Palavras e Frases Isoladas ............................................ 16
4. A EXPRESSIVIDADE NA LEITURA EM PÚBLICO ................................... 23
ANEXOS – PRÁTICAS DE LEITURA E RITMO ............................................. 26
UNIDADE II – FUNDAMENTOS DE LOCUÇÃO ............................................. 35
1. ELEMENTOS DA LOCUÇÃO...................................................................... 35
1.1 Locução de Rádio & TV ........................................................................... 35
1.2 Elementos Básicos da Locução ............................................................. 36
1.3 Os elementos da voz ............................................................................... 40
2. ELEMENTOS DINÂMICOS DA LOCUÇÃO ............................................... 45
2.1 Inflexões de voz ....................................................................................... 45
2.2 Duração e estilo ....................................................................................... 46
2.3 Modulações de voz .................................................................................. 47
2.4 Projeção de voz........................................................................................ 48
2.5 Expressividade......................................................................................... 49
2.6 Elementos de Locução ............................................................................ 50
2.7 Locução, Técnica e Arte .......................................................................... 51
2.8 Tipos de Locução..................................................................................... 52
2.9 Qualidades Básicas do Locutor.............................................................. 52
3. GRUPOS EXPRESSIONAIS: DOMÍNIO RÁPIDO DA LOCUÇÃO ............ 54
3.1 O Texto como Base da Locução............................................................. 55
3.2 Leitura de Locução .................................................................................. 56
3.3 Praticando a Marcação Expressional..................................................... 60
4. SUAVIZADORES DA FALA E LEITURA DE LOCUÇÃO ........................... 64
4.1 Suavizadores da Fala............................................................................... 65
4.2 Fala de Locução e Regionalismo............................................................ 68
UNIDADE III..................................................................................................... 70
1. TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO DE PROGRAMAS .............................. 71
1.1 Apresentação dinâmica de programas .................................................. 71
1.2 Programas de Notícias ............................................................................ 72
1.2.1 Minuto da TV.......................................................................................... 72
1.2.2 Outros programas para treinar .......................................................... 73
1.3 Programa de Variedade .......................................................................... 74
1.3.1 Programa Domingo Sucesso............................................................ 74
1.3.2 Programa Agenda Capital .................................................................... 76
1.3.3 Programa de Coração a Coração......................................................... 78
1.4 Programas Musicais ................................................................................ 79
1.4.1 Programa Tarde Total ........................................................................... 79
1.4.2 Programa o Agito é Nosso ................................................................... 81

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Técnicas de Locução
Para o Rádio

Teoria e Prática

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UNIDADE I - ELEMENTOS DA DICÇÃO

1. INTRODUÇÃO

Nada acontece por acaso. O sucesso é um somatório de acertos e de


erros; de trabalho e de ócio; de dedicação pessoal e afinco na busca de
alcançar objetivos.

Se você ainda não tem objetivos na vida que mereçam sua dedicação e
empenho, talvez você ainda não tenha verdadeiramente uma vida. Thomas
Edson, o genial inventor norte-americano, definia sucesso como sendo
composto por dois aspectos: 1% de inspiração e 99% de transpiração.

De modo simplificado, podemos afirmar que, para Edson, em cada 100


pessoas de sucesso, apenas uma teve aquela inspiração única, espetacular.
As outras 99 pessoas conseguiram sucesso... trabalhando duro.

O sucesso é, portanto, mais uma questão de atitude perante a vida, de


posicionamento pessoal nas mais diferentes situações. E depende, em muito,
da forma como somos avaliados em nossa comunicação cotidiana.

Uma pesquisa americana identificou os fatores que definem nossa


avaliação pessoal, no momento em que somos apresentados a uma nova
pessoa. São eles: postura – forma de vestir, de gesticular e de olhar – em
55%, o conteúdo da nossa fala em 7% e a forma como falamos, em 38%.

Como se vê pelos números, a pesquisa verificou que a forma de falar é


mais importante quando somos avaliados do que a própria mensagem, o
conteúdo da fala.

A forma como a pessoa fala, a forma de transmitir a mensagem,


depende essencialmente da dicção. Nesse aspecto, este pequeno manual será
um precioso auxiliar ao seu sucesso.

Este curso foi elaborado para o (a) auxiliar a conquistar o domínio da


dicção. Aborda os seguintes tópicos: a leitura em voz alta como base da
dicção; a articulação e a fonação das palavras; a expressividade da leitura e da
fala para alcançar um objetivo comunicativo e, ainda, a arte de contar estórias.

Bons treinos, bom aproveitamento do curso.

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2. FUNDAMENTOS DA DICÇÃO

Ao falar, quanto mais clara for a nossa expressão, mais rapidamente


estabelecemos contato. A clareza diz respeito ao valor exato das palavras.
Dizer leve o carrinho é diferente de falar leve o carrim. Se a pessoa diz,
eventualmente, entregue as cópia não é o mesmo que solicitar entregue as
cópias. Percebe-se que as palavras também indicam a situação cultural da
pessoa que fala.

Para formar uma imagem que corresponda ao seu nível de


conhecimentos, o ajuste da dicção é indispensável. Isto é, falar com erres e
esses; com ei, ai, ou; com inhos e outros finais de palavras comumente
omitidos, ou erradamente proferidos. Fale com destaque. A fala com dicção
assegura projeção pessoal. Quando a dicção está ausente na fala, cria dúvidas
sobre a capacidade do comunicador.

O que é dicção

Em sentido lato, amplo, dicção é apenas dizer, de forma escrita ou


falada. De modo estrito, é falar de forma a ser entendido, com perfeita
pronúncia das palavras, de forma agradável e com ritmo apropriado, com altura
de voz e ressonância adequadas. Ter dicção é ler pelo menos uma página de
livro ou revista, de forma clara, sem tropeços e com musicalidade na voz.

A chave para a conquista da dicção na fala, a forma que aqui nos


interessa, está na pronúncia. E qual é a pronúncia a ser seguida: a paulista, a
maranhense, a catarinense, a carioca, a gaúcha?

Em todos os estados brasileiros há pessoas que falam com dicção.


Também em todas as cidades brasileiras há pessoas que falam
descuidadamente. A solução está na forma de falar individual. As pessoas que
articulam as palavras ao falar é que servem de modelo a ser seguido. O
segredo delas está na apresentação correta dos sons das palavras, na correta
enunciação dos fonemas.

A Maneira rápida de conquistar a dicção

Se você deseja reconhecimento público e eficiência comunicativa


chegou a hora de trabalhar a dicção. Falamos trabalhar a dicção. Com o
mínimo de esforço pessoal, em reduzido tempo, nos intervalos de suas
atividades diárias, facilmente você vai falar com perfeita pronúncia das
palavras.

Apenas trinta minutos diários, três vezes por semana, serão suficientes
para lhe assegurar, em 180 dias, urna invejável pronúncia. Se você
metodicamente organizar seus treinamentos e executar todos os
exercícios aqui apresentados, no tempo previsto, receberá elogios pelo seu
novo modo de falar. E estará apto a desenvolver sua liderança pessoal, fechar
mais negócios e, em consequência, aumentar seus rendimentos.

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Dicção e articulação das palavras

De forma rigorosa, dicção é a qualidade da fala. Se alguém fala


corretamente, proferindo todos os fonemas, tem dicção. Do contrário, dizemos
que fala sem dicção. No entanto, os nomes podem sempre receber
qualificativos, como excelente, bom, boa ou má, e outros mais.

Com o termo dicção foi exatamente o que aconteceu no uso comum.


Fala-se em boa ou má dicção, ou dicção ruim, talvez por influência das
expressões boa ou má articulação das palavras. Ao longo desse trabalho,
consideramos dicção como correspondente à perfeita articulação das palavras.

O que é articulação das palavras

Articular é movimentar em torno de um eixo peças ou partes de um todo.


Portas articuladas, cadeiras articuladas, móveis articulados, por exemplo. No
corpo humano também há partes articuladas: braço e antebraço; perna e coxa;
queixo e estrutura fixa da cabeça, entre outras.

Articulação das palavras é o processo de emissão de fonemas, palavras


e frases com movimentação do queixo e da língua no interior da boca. Observe
que o papel da língua no processo da fala é tão importante que idioma tem
como sinônimo língua: Língua Portuguesa.

Elementos adicionais concorrem para a completa emissão das palavras:


dentes, palato, seios nasais e lábios, essencialmente. Pelo que vimos, a
articulação das palavras exige exercícios de leitura em voz alta com
movimentação da mandíbula e da língua ao proferir as palavras.

Falhas de articulação

Em geral, a maioria das pessoas apresenta falhas de dicção. Mesmo a


ida à Universidade raramente corrige os defeitos da fala. Claro que a influência
do grupo familiar é um fator decisivo na formação da fala e da dicção.

Na família é que se aprende a falar, com os erros e acertos presentes no


padrão cultural de seus componentes.

No entanto, a dicção é mais uma característica individual e física, que


depende exclusivamente do esforço direcionado de cada um ao próprio
aperfeiçoamento comunicativo. Assim, conhecer as falhas é capacitar-se à
conquista da dicção.

A falha de maior relevo diz respeito à falta de energia ao falar. Em


consequência, as palavras são mal pronunciadas e a avaliação do falante é
sempre negativa. Essa e as demais falhas relativas à dicção recebem
tratamento neste manual. Basta praticar os exercícios.

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Dicção e disciplina pessoal

Este é um guia prático. O aproveitamento máximo será conseguido com


um programa semanal de exercícios; nos moldes de uma academia atlética.

Programe suas atividades com hora, dia e local e cumpra seu calendário
rigorosamente. Execute todos os exercícios e periodicamente, se possível, faça
gravações em áudio para avaliação. As gravações não precisam ser diárias. As
quinzenais registram mais adequadamente os progressos realizados.

Tenha o cuidado de guardar as primeiras gravações que realizar, pois


servirão de base para atestar os avanços ao longo do período de treinamento.
As orientações aqui sugeridas também funcionam para o trabalho em duplas.

Pela experiência acumulada ao longo dos anos, posso afirmar que o


sucesso é uma questão de disciplina pessoal. Cumpra seu treinamento e
conquiste o sucesso pela dicção perfeita. Capacite-se para os grandes
desafios.

O valor dos treinos

A execução de treinos diários, pelo menos nos dois meses iniciais, é de


grande importância. Reserve apenas trinta minutos diários, a qualquer hora do
dia, para seu trabalho prático. Mesmo que disponha de muitas horas livres, não
exagere nos exercícios.

Mais vale treinar todos os dias por trinta minutos do que se dedicar a
treinos apenas um dia por semana durante duas horas. Se dispuser de tempo,
treine duas vezes ao dia, com intervalo de pelo menos dez minutos entre um e
outro momento.

A importância da leitura em voz alta

A aquisição da dicção tem início com os importantes exercícios de


leitura em voz alta. Os benefícios advindos dessa leitura são muito amplos em
nosso comportamento: influenciam e dinamizam nossas vidas em variados
aspectos. Por isso, iniciamos o curso com leituras em voz alta. Antes de ler os
textos iniciais, observe os principais benefícios que essa leitura nos propicia:

a) É essencial para a aquisição da dicção, pois destrava a fala e nos


faz perceber a forma correta de proferir as palavras. Fortalece os
músculos responsáveis pelo processo da fala e elimina a fraqueza
da voz sem treino;

b) Aumenta a confiança individual, elimina parte da timidez e faz


desaparecer o acanhamento ao falar em voz alta. Assegura clareza
ao que dizemos. Com a leitura em voz alta, aprendemos a falar sem
tropeço nas palavras;

c) Dá segurança aos profissionais que trabalham ou desejam trabalhar


com a voz, como locutores, jornalistas, educadores, vendedores,
pregadores, políticos, gerentes, etc.
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Atividade prática – hora de treinar

Leitura 1 – Imagine estar lendo para uma pessoa ao seu lado

Relatório do Banco Mundial Elogia o Brasil

Apesar de ter a maior renda per capita e a maior expectativa de vida


entre as regiões em desenvolvimento, a América Latina está atrás das outras
regiões nas metas para redução da pobreza, de acordo com o relatório do
Banco Mundial.

Entretanto, a região está atingindo os objetivos de desenvolvimento


humano, à frente de outras regiões, na redução da mortalidade infantil, acesso
à água limpa para a população e igualdade entre homens e mulheres no
acesso à educação.

Um dos maiores desafios da região é o crescimento econômico. De


acordo com o relatório, o número de pessoas vivendo com menos de US$ 2,00
por dia na região poderia cair de 128 milhões em 2001 para 122 milhões em
2015 se a renda per capita crescesse uma média de 2;4% ao ano. Nos anos
90, no entanto, o crescimento médio da região foi de apenas 1,5% ao ano.

O crescimento de 5,7% no ano passado, o maior de 25 anos, deve ser


visto com "otimismo cauteloso" na avaliação dos economistas do Banco
Mundial.

Eles alertam que apesar da redução do crescimento prevista para este e


o próximo ano, a região deve aproveitar o momento de expansão para avançar
na agenda de reformas estruturais, diminuindo as vulnerabilidades que
impediram um crescimento sustentado no passado.

Jean Sarbib, presidente do Banco Mundial, citou o Brasil como um


exemplo de país que está agindo para mudar a situação social, a partir dos
dados coletados pelo Banco. "Se tomarmos o exemplo do Brasil, eles tentaram
mobilizar o programa Fome Zero e o Bolsa-Família, fizeram muitos esforços
neste sentido."

Na reunião do Comitê de Desenvolvimento, o ministro da Fazenda,


Antonio Palocci, disse que o relatório do Banco Mundial sobre desigualdade os
levou a pensar no que precisa ser feito para combater o problema.

"O Brasil está bem situado em relação às metas e deve cumprir a maioria
delas", afirmou o ministro Palocci depois da reunião. "Mas muitos países mais
pobres têm dificuldade em cumprir", lamentou.

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A reunião do Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial foi a última


antes da reunião de setembro na sede da ONU, em Nova York, quando todos
os membros da organização vão discutir os progressos dos últimos cinco anos
e novas fontes de financiamento dos projetos nos países
mais pobres.

Fonte: BBC Brasil, 2005.

Leitura 2 - Imagine estar lendo para o seu vizinho. Em cada ponto, levante a
cabeça e olhe para a parede ou a janela, como se olhasse para o seu vizinho.

Vitamina C pode ajudar a combater o câncer

Em testes de laboratório, os cientistas descobriram que aplicações


intravenosas de vitamina C em forma de ascorbato matam células
cancerígenas.

A pesquisa foi baseada em simulações de infusões clínicas de vitamina C


em grupos de nove células cancerígenas e quatro células normais.

Cerca de 50% das células afetadas não conseguiram sobreviver,


enquanto as células normais não apresentaram qualquer alteração.

Uma análise mais detalhada das células de linfomas, que são


especialmente sensíveis ao ascorbato, mostrou que elas foram completamente
destruídas. A dose testada tinha uma concentração de vitamina C muito maior
do que uma dose oral.

Os cientistas não conseguiram explicar as causas desse resultado, mas


disseram que o tratamento levou à formação de peróxido de hidrogênio,
substância conhecida por ser tóxica às células.

O líder da pesquisa, Mark Levine, disse que o tratamento terá de ser


considerado seguro antes de ser aplicado em pacientes. As descobertas desse
estudo contradizem outras pesquisas que dizem que a vitamina C não é um
tratamento efetivo contra o câncer.

Estudos realizados na década de 70, primeiro sugeriram que a aplicação


de doses altas de vitamina C poderia ajudar no tratamento do câncer, mas
pesquisas realizadas depois não conseguiram provar o fato.

"Esse trabalho está muito no começo. Há muitas pesquisas que já


mostraram que diferentes substâncias podem matar células cancerígenas em
laboratório, mas que não funcionaram quando testadas em pessoas", afirma
Henry Scowcroft, do Cancer Research da Inglaterra.
Fonte: BBC Brasil, 2005.
Selecione outros textos da página 62 e faça a leitura em voz alta. Fale o texto
como se o estivesse falando para o seu ouvinte, no Rádio. Fortaleça sua fala
com treinos diários de pelo menos trinta minutos.

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3. O EXERCÍCIO FUNDAMENTAL DA DICÇÃO

Para tornar a fala ágil e evitar os tropeços na leitura, para destacar as


palavras assegurando-lhes clareza, para abrir a articulação das palavras,
pratique a leitura de pequenos trechos em voz alta, com um lápis colocado na
boca transversalmente, preso entre os dentes superiores e inferiores. Sem
deixar o lápis cair; sem segurá-lo com a mão e sem prender a língua por baixo
dele, leia da forma mais clara possível.

Leia o texto três vezes com o lápis na boca e três vezes sem. Repita o
ciclo até completar quinze minutos, diariamente, no horário mais conveniente a
você. Os exercícios aqui indicados devem ser feitos dessa maneira.

Se for o caso, selecione novos textos e treine com essa técnica. O lápis
na boca, e não a caneta que fere os lábios, deve ser sustentado apenas pelos
dentes sem muita força e sem muita pressão no maxilar.

Importante: O lápis fica apoiado nos pré-molares, primeiros dentes, com


a face plana depois dos incisivos (pontiagudos), praticamente no meio da
arcada dentária. Se o lápis ficar na ponta dos dentes, não haverá abertura
adequada do maxilar e se ficar muito no fundo da arcada dentária, vai
machucar os lábios.

Nas três primeiras semanas, há uma certa 'babação' ao realizar o


exercício. Depois a salivação diminui. Lembre-se de que engolir a saliva serve
para hidratar a faringe (garganta).

Ao fazer a leitura com o lápis, busque falar as palavras de modo claro,


como se não houvesse o lápis impedindo a perfeita emissão da voz. Realize
treinos com essa técnica no mínimo por 180 dias. Nesse tempo você vai
adquirir uma fala nova, realmente clara. Ao longo desse período, realize os
treinos pelo menos três vezes por semana.

Se desejar fazer gravações para verificar o crescimento pessoal, faça-


as quinzenalmente. Gravações em períodos menores que este não mostram o
aperfeiçoamento alcançado nos treinos.

Insistimos para que você programe seus treinamentos. Estruture um


calendário de atividades e verá que sempre há tempo disponível para as
coisas importantes.

Chegou a hora de iniciar os seus treinos. Articulação, fonação e


vocalização das palavras são ações básicas para quem deseja utilizar a voz
como instrumento de comunicação.

Inicie os treinos de articulação com o lápis. Faça a sequência três


vezes: inicie com o exercício 001 e vá até o 006 seguintes.

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Atividades Prática – hora de treinar

Ex – 001

Era à sobremesa; ninguém já pensava em comer. No intervalo das


glosas, corria um burburinho alegre, um palavrear de estômagos satisfeitos; os
olhos moles e úmidos, ou vivos e cálidos, espreguiçavam-se ou saltitavam de
uma ponta à outra da mesa, atulhada de doces e frutas, aqui o ananás em
fatias, ali o melão em talhadas, as compoteiras de cristal deixando ver o doce
de coco, finamente ralado, amarelo como uma gema, ou então o melado
escuro e grosso, não longe do queijo e do cará.

Fonte: Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas)

Ex – 002

Que vida interessante a do primo Basílio! - pensava. O que ele tinha


visto! Se ela pudesse também fazer as suas malas, partir; admirar os aspectos
novos e desconhecidos, a neve nos montes, cascatas reluzentes! Como
desejaria visitar os países que conhecia dos romances - a Escócia e os seus
lagos taciturnos, Veneza e os seus palácios trágicos; aportar às baías, onde
um mar luminoso e faiscante morre na areia fulva; e das cabanas dos
pescadores, de teto chato, onde vivem as grazielas, ver azularem-se ao longe
as ilhas de nomes sonoros! E ir a Paris! Paris sobretudo! Mas, qual! Nunca
viajaria de certo; eram pobres; Jorge era caseiro, tão lisboeta!
Fonte: Eça de Queiroz (O Primo Basílio)

Ex – 003

Uma técnica fundamental na linguagem telejornalística é a regra dos


180 graus. Trata-se da sucessão de atitudes técnicas quanto ao
enquadramento de planos para produção de entrevistas para a televisão. É
uma regra imprescindível, e deve ser rigidamente seguida. Tem o seguinte
fundamento: quando se realiza uma entrevista para telejornalismo, três
participantes da reportagem – o entrevistado; o repórter e o cameraman – têm
de estar posicionados de um só lado de uma linha imaginária que divide o
cenário em dois. Para isso, deve-se traçar uma linha que ligue o repórter ao
entrevistado. Essa linha se prolonga até o infinito, nos dois sentidos. Em
seguida, deve-se realizar todo o trabalho visual da entrevista dentro de um só
lado dessa linha. Com a regra dos 180 graus, fica mais claro o conceito da
necessidade da realização dos contraplanos da entrevista. Os contraplanos
são os enquadramentos que mostram o rosto do repórter no momento em que
o entrevistado está falando ou ouvindo a pergunta do repórter.

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Fonte: Sebastião Squirra (Aprender Telejornalismo)

Ex – 004

Quero que todos os dias do ano


todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,


creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no ano seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão


que me amas que me amas que me amas.
Do contrário, evapora-se a amação
pois ao dizer: Eu te amo,
desmentes,
apagas
teu amor por mim.

Fonte: Carlos Drummond de Andrade (As Impurezas do Branco)

Ex - 005

Você sabe o que é a teoria da evolução? Como funciona uma


astronave? Por que o céu é azul e a água do mar salgada? O que é a camada
de ozônio? Como o cérebro cria ideias? Quando surgiu a vida na Terra?

As respostas para essas e milhares de outras perguntas você encontra


em SUPERINTERESSANTE, a revista para leitores superinteressados, onde
você logo percebe a enorme diferença que existe entre informação de verdade
e simples notícias.

SUPERINTERESSANTE estimula sua curiosidade e respeita sua


inteligência com assuntos intrigantes, fotos fascinantes e textos instrutivos.
Você vai ver como é fácil e gostoso saber cada vez mais.

Em SUPERINTERESSANTE o prazer da leitura, da descoberta, está


presente em cada página. Ideias, ciência, tecnologia, cultura, história, futuro,
tudo o que interessa tem espaço em SUPERINTERESSANTE.

Acrescente informação à sua vida. Pense Super.

Fonte: Publicidade da revista SUPERINTERESSANTE

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Ex – 006

De tudo, ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure


Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Fonte: Vinícius de Moraes (Soneto de Fidelidade)

Lembre-se: esse exercício pode ser praticado a qualquer hora do dia ou da


noite. Utilize qualquer texto. O importante é que você saia da zona de conforto
(desejar sempre o melhor e nada fazer para conquistá-lo). Continue com os
exercícios. Em breve será elogiado pela voz melodiosa e pela clareza com que
faz leituras ou fala aos amigos.

3.1 Articulação de Palavras e Frases Isoladas

Leia de forma clara, com o lápis na boca, por três vezes. Logo depois,
leia outra vez sem o lápis por três vezes. Repita a sequência até completar
quinze minutos de treinos.

Ex – 007

R em final de. palavra - Importante: faça o erre final suave, sem a vibração
rrrrrrr. Pronuncie o erre carioca, suave, velar. Mas fique atento: amar é
diferente de amá e atar é diferente de atá.

Atar Partir
Agir Engravidar
Abrir Alavancar
Miar Espargir
Viver Azucrinar
Dizer
Sentir Escorregar
Bramir Espremer
Gritar Espantar
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Orar
Chorar
Refulgir estudar
Entender Recrear
Instruir Pacificar
Talhar Consentir
Exigir Empenhar
Nadar Ramificar
Comprar Coalhar
Lutar Amargurar
Sorrir Estabelecer
Olhar Repartir
Buscar Estremecer
Mexer

Sair Edificar

Amealhar Escrutinar
Emagrecer Relampejar
Abocanhar Entabular
Envelhecer Multiplicar
Apunhalar Aparelhar
Estratificar Comunicar
Felicitar Metralhar
Embevecer Envelhecer
Endoidecer Redobrar
Capacitar Vivenciar
Esmorecer Divagar

Ex – 008

Pronúncia do S em final de palavra - Este esse é sibilante como o esse


paulista. No rádio, evitamos o esse chiado carioca.

Lápis Raios
Trecos Cordas
Lecos Liras
Frisos Roncos
Ondas ruas Falas
Pães Roucos
Ilhas

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Ex – 009

S em final de palavra

Janelas Rochedos
Novelas Canelas
Histórias Calçadas
Pegadas Vexatórias
Gramados Encharcados
Cartórios Simplórias
Animadas Rodeados

Batizados Pisoteados
Chamuscados Alimentados
Chapiscados Ordinárias
Cobertores Tremores
Estrangeiros Escriturários
Obrigações Promoções
Protetores

Arrumações Plantações
Empregadores Arbitrários
Temerários Acariciantes
Extraordinários Ferraduras
Estimulantes Agravantes
Gritadores Letreiros
Amargurados Pasteurizados
Pisaduras Militarizados
Adornados Avacalhados
Guardadores Destroçados
Limpadores Mendigados

Estudantes Emparedados
Enervantes Encaminhados
Refrescantes Enregelados
Apressados Empolgados
Elegantes Recalcados
Aloucados Balbuciantes

Emocionados Estonteantes
Adocicados Limitantes
Estirados Fulminados
Compensados Endiabrados
Alongados Enegrecidos
Compenetrados Planejados
Reconquistados Estipulados
Arredondados Desencorajados

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Ex – 010

R e S finais em frases. Torne o final das frases vivo, com energia. Não deixe a
fala "morrer" no final da frase.

Quando você atar, eles atam.


Se atares, deixa que os outros atem também.

Quando você agir, eles agem.


Se agires, deixa que os outros ajam também.

Quando você abrir, eles abrem.


Se abrires, deixa que os outros abram também.

Quando você amar, eles amam.


Se amares, deixa que os outros amem também.

Quando você sorrir, eles sorriem.


Se sorrires, deixa que os outros sorriam também.

Quando você agradecer, eles agradecem.


Se agradeceres, deixa que os outros agradeçam também.

Se pedires, outros podem pedir.


Se sorrires, outros podem sorrir.

Se lutares, outros podem lutar.


Se comprares, outros podem comprar.

Se nadares, outros podem nadar.


Se agires, outros podem agir.

Ex – 011

R e S em final de frase. Faça as pausas necessárias à interpretação da frase.

Os ventos batiam forte e as telhas de barro das casinhas do bairro soltavam-se


a todo o momento.

Pássaros multicoloridos presos em gaiolas faziam a festa das agitadas crianças


na feira.

Pingos de luz em todas as gotas de orvalho e cheiros de flores enchiam os


ares daquela primavera.

Postes enfileirados, ônibus, caminhões e automóveis exaustos subiam as


rampas das ruas íngremes.

Duzentos, trezentos, quatrocentos ou talvez quinhentos soldados, quem sabe,


bloqueavam as ruas.

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No temporal, relâmpagos, fortíssimos trovões e raios assustadores faziam os


instantes intermináveis.

As planícies avermelhadas do centro-oeste eram desafiadoras e tinham


encantos para os aventureiros.

Os dias corriam como águas de corredeiras e todos sentiam dificuldades em


seguir seus passos.

Os papagaios comiam os frutos verdes e seus gritos lembravam festas de


adolescentes em férias.

Os batedores eram esforçados no trabalho e suas gastas sandálias de couro


diziam das suas qualidades.

Pequenas, médias e grandes - em cores variadíssimas - as bolas de gude


eram disputadas pelos meninos.

Seis sóis se passaram antes de o índio retornar à aldeia com variadas caças e
diversos peixes.

Cavar e retirar a terra molhada, no meio da chuva, era como construir castelos
de areia à beira-mar.

Dizer do amor que tinha pelos pequeninos é tão difícil como falar da dedicação
que tinha pelos mais velhos.

O ar estava cheio de uma música que lembrava o mar em tardes marcadas


pelo subir e descer das ondas.

Errar é comum, mas errar tantas vezes como ele errou decididamente era errar
mais que qualquer um.

O brilhar dos fogos, o ruído ensurdecedor das músicas e o passar rápido das
pessoas anunciavam a festa.

Para conter o avanço do mar e proteger as construções das altas marés, ele
mandou construir o quebra-mar.

Para romper a rede de proteção e alcançar a liberdade, o peixe ficava horas e


horas a saltar até se cansar.

Ele gosta de rebuscar o desenho em que imaginava encontrar a mesma luz


que encantara o seu olhar.

No shopping sua programação era passear, olhar roupas, comparar sapatos e


observar, observar.

Caminhar cedo, trabalhar até o início da noite, ver teatro e beber com os
amigos era o que gostava de fazer.

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Estava de férias e ia pescar, viajar, ler alguns livros e visitar alguns parentes
que desejava encontrar.

O estalar das paredes e o ronco do motor do carro no interior da casa


despertaram a vizinhança.

Ex - 012

R e S em final de frase. Fale com interpretação, imagine que está falando a


frase para uma pessoa sentada ao seu lado.

Os amigos eram poucos, realmente selecionados, prontos para socorrê-los em


todas as situações.

Ao comprar a casa o seu encanto fora o pomar rico em árvores frutíferas e um


encanto ao olhar.

Os seres superiores apresentam luzes que irradiam a felicidade nas situações


as mais diversas possíveis.

Seu olhar era terno e seus grandes olhos azuis pareciam encantar a todos os
rapazes que lá iam estudar.

Rosas de todas as cores e de perfumes variados eram oferendas deixadas aos


santos às sextas-feiras.

Pintar era uma arte que tentava dominar desde que, menina, começou a
escrever e a desenhar.

Ruas, rampas, rosas, ramos, remos, rios, rumos, ralos, retos, ritos, rotos, ratos,
reles, rolos, roucos, renas.

Amar, beber, curtir, sentir, ouvir, falar, cantar, escrever, viver, intuir, distrair,
contrair, comparar, mostrar, prever.

Amados, queridos, admirados, enaltecidos, reconfortados, encaminhados,


acompanhados, esquecidos.

Desejo de possuir, mania de comprar, ânsia de viver, sonhos a realizar, etapas


a vencer, desafios a superar.

Casas amarelas, automóveis vermelhos, ruas brancas, homens amarelos,


árvores marrons, pássaros verdes.

Brinquedos de armar, casas de montar, pastas para arquivar, aparelho de


cortar, fogo para assar.

As longas noites do verão estavam chegando ao fim. Noites maravilhosas,


inesquecíveis, intermináveis.

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Desejava fazer uma composição especial. Queria compor uma canção para
ficar, para ser sempre lembrada.

Os meninos viviam em festas naquele inverno. As águas das bicas eram


disputadas como brinquedos raros.

Os homens estirados debaixo das árvores pareciam bêbados. Mas estavam


apenas tirando sestas no almoço.

Viver perigosamente, viver e saber que a morte a qualquer momento pode


chegar: coisa de policial militar.

Seus sapatos estavam sempre lustrados e refletiam os cuidados pessoais que


nele eram quase obsessivos.

Nossos melhores craques são vendidos como bananas muito maduras aos
clubes internacionais.

Organizar e criar uma associação, motivar pessoas a ela dedicar horas de


trabalho, é inovar, é liderar.

Os grupos vocais surgidos nas últimas décadas caracterizam-se pelas


coreografias ousadas e sons originais.

Ao comandar o florescer da arte, inicialmente foi pintar e desenhar, junto ao


mar, sempre ao entardecer.

Foram homens habilidosos, construtores dedicados, que construíram as trilhas


que serviram de base às civilizações atuais.

Ao compreender como difícil era arrancar a verdade dos seus lábios preferiu
partir a ouvir meias verdades.

Coisas importantes, como nascer ou morrer, são fatos únicos e ficam


registrados para sempre na memória daqueles que nos amam.

O arrastar das sandálias, o falar manso, o olhar vagaroso e o acenar lento


indicavam que a avó não ia viver muito mais.

Explosões, explosões e um céu de brilhos multicores, e o cheiro de pólvora no


ar, eram seguidos de olhares exclamativos e de largos sorrisos: indicavam a
alegria dos convidados.

O que fazer em uma manhã cinzenta? Caminhar, ler, ouvir música? Ver
televisão, ligar para alguém, dormir? Que azar de domingo!

Os sonhadores querem sempre conseguir as coisas no amanhã; os


empreendedores montam as peças e definem o futuro. Pena que nem sempre
os sonhadores sejam também empreendedores.

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Eram anotações variadas, soltas em diversos cantos da casa: algumas na sala,


outras no quanto de dormir, muitas na cozinha e umas tantas outras até
mesmo no banheiro.

Lavar, lavar, lavar as mãos uma, duas, três,... Muitas vezes; limpar, limpar,
limpar o sujo dos dedos uma, duas, três... Eram muitas e demoradas limpezas
nas mãos engilhadas e esbranquiçadas.

4. A EXPRESSIVIDADE NA LEITURA EM PÚBLICO

A fala sem tropeços, clara, com a pronúncia correta das palavras é


fundamental, mas não é tudo. A forma de dizer é a essência da dicção.
Recorde que, na introdução, apresentamos uma pesquisa americana que
verificou: a forma de dizer é mais importante que a mensagem, em termos de
impacto pessoal, no primeiro momento.

A forma de dizer por meio da fala é um poderoso instrumento a serviço


do indivíduo. E a forma de dizer depende do objetivo da comunicação:
persuadir, informar, vender, converter, ensinar...

Portanto, temos sempre um objetivo na comunicação verbal. E ao


falarmos, ou fazermos uma leitura em voz alta, precisamos, antes, identificar o
nosso objetivo comunicativo para darmos expressividade às emoções e
colocarmos as ênfases na fala ou leitura.

A forma de maior impacto na comunicação pela fala, verbal, é o contar


estórias. Tanto na escrita quanto na fala narrativa, temos um poderoso modo
de envolver as pessoas, de conquistá-las. A comunicação eletrônica – Rádio e
TV – usa e abusa do contar estórias. Por isso fique atento: ao ler, imagine que
o faz para um ouvinte específico, fale o texto – use um tom – como se contasse
uma estória para essa pessoa.

Note que a leitura em voz alta é quase sempre uma leitura para
terceiros. Assim, sempre idealize um ouvinte hipotético: a cadeira, a janela, a
mesa... E leia com o tom de contador de histórias, olhando de quando em vez
para essa pessoa hipotética.

Orientações para leitura - fala de um texto:

1. Primeiro leia o texto silenciosamente. Busque entender o significado


e o objetivo da mensagem. É uma mensagem alegre? Informativa?
Irônica?

2. Faça uma leitura preparatória com o lápis na boca. As palavras que


oferecem dificuldade de leitura devem ser lidas isoladamente mais de
uma vez. Leia a palavra separando as sílabas e depois de forma
corrida.

3. Leia para uma pessoa em particular. Se estiver em um auditório,


visualize uma pessoa de cada vez, e não o todo, e fale o texto para
ela. Repito, fale como se contasse uma história ao seu ouvinte no
Rádio.
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4. Não quebre a leitura no meio da frase por falta de fôlego. Respire no


início das frases. Leia com voz mais alta os trechos mais
importantes, que você já sublinhou (fez um traço embaixo), antes, na
leitura silenciosa.

5. As mesmas orientações dadas na Aula 1 continuam valendo aqui.


Leia: cada texto com o lápis três vezes e, logo depois, sem o lápis
por mais três vezes. Fale o texto como se contasse uma história para
o ouvinte hipotético, seja criativo, varie a leitura. No Rádio, usamos o
‘tom/jeito’, de contador de história para aumentarmos a nossa
aproximação com o ouvinte, para tornamos a locução mais intimista.

Ex 013 - Textos para leitura – fala. Leia como se dirigisse a fala a um amigo.

A língua que falamos

Esse negócio de língua estrangeira em país colonizado é fogo. A


começar que a nossa língua oficial, o português, nós a recebemos do
colonizador luso, o que foi uma bênção. Imagina se, como na África, nós
tivéssemos idiomas nativos fixados em profundidade, ou, então, se fosse
realidade a falada "língua geral" dos índios, que alguns tentaram, mas jamais
conseguiram impor como língua oficial do brasileiro. Mesmo porque as tribos
indígenas que povoaram e ainda remanescem pelos sertões, cada uma fala o
seu dialeto; o pataxó, por exemplo, não tem nada a ver com o falar amazônico;
pelo menos é o que nos informam os especialistas.

Mas deixando de lado os índios que nós, pelo menos, pretendemos ser,
falemos de nós, os brasileiros, com o nosso português adaptado a estas
latitudes e língua oficial dos nossos vários milhões de nativos. Pois aqui no
Brasil, se você for a fundo ao assunto, toma um susto. Pegue um jornal, por
exemplo: é todo recheado de inglês, como um peru de farofa.

Nas páginas dedicadas ao show business, que não se pode traduzir


literalmente por arte teatral, tem significação mais extensa, inclui as
apresentações em várias espécies de salas, ou até na rua, tudo é show. E o
leitor do noticiário, se não for escolado no papão, a todo instante tropeça e se
engasga com rap, punk, funk, soop-opera, etc, etc.

Cantor de forró do Ceará, do Recife, da Bahia só se apresenta com seu


song book, onde as melodias podem ser originalmente nativas, mas têm como
palavras-chave esse inglês bastardo que eles inventaram e não se sabe se
nem os próprios americanos entendem.

Fonte: Raquel de Queiroz

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Ex - 014 - Conte essa estória para o ouvinte ideal (imagine que seja a cadeira,
a mesa, a porta ao lado... personalize, personalize, personalize a sua fala), fale
a ele(a) com o 'tom' de contador de histórias.

Chuí comanda o tráfego

No domingo, à hora cinzenta em que terminam as festas e todos


voltam meio decepcionados para casa, rugiam de impaciência os automóveis
ante o sinal vermelho. Alguns farolavam de longe, pedindo passagem. Mas
só o vermelho não cedia ao verde. E com a força de seu símbolo, paralisava
o tráfego.

Os terríveis moleques da praça perceberam a confusão. Chuí, o


Principal deles, resolveu intervir. Vai para o meio do asfalto, começa a
acenar aos motoristas.

Que passem! Livre estava o trânsito para a direita.


- Podem vir! Não estou brincando! É de verdade...

Hesitaram alguns a princípio. Depois romperam. Outros os seguiram.


Chuí imponente estende os braços para a rua principal. Os motoristas enfim
acreditam nele. E a imensa massa de veículos – cadilaques, oldsmobiles,
buíques, fordes e chevrolés – desfila ao comando único do pequeno
maltrapilho.

Em enérgico movimento, Chuí ordena aos carros que parem. Gira o


corpo, estica o braço e manda que sigam pela esquerda os da rua principal. No
que é obedecido.

Passageiros e motoristas atiram moedas. Mas o improvisado inspetor,


cônscio de suas responsabilidades, sabe que não pode abaixar-se para
apanhá-las sem risco para o trânsito.

Quando, gritando de longe, a mãe do garoto o ameaçava com uma coça,


aparece uniformizado, um inspetor de verdade. Prende Chuí e o leva para o
Distrito.

- Nós apanhamos as moedas para você - gritaram-lhe os companheiros.

Não eram as moedas que ele queria, oh! Não era isso! O que Chuí
queria era voltar ao tráfego, continuar submetendo aqueles carros enormes,
poderosos, ao seu comando único, ao aceno de seu bracinho...

Fonte: SILVIA, Elza M. Rocha. In: Aníbal Machado

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ANEXOS – PRÁTICAS DE LEITURA E RITMO

Texto 1 – O crescimento

"O crescimento é um negócio que toda a gente fala nele quando nós
somos pequenos. Só serve pra gente ter que começar a fazer tudo sozinho,
como mudar de roupa e cortar a carne no prato. O bom no crescimento é a
gente poder atravessar a rua sem pegar na mão da mãe, mas o ruim é
quando ela diz que a gente já está muito grande pra fazer certas coisas.

O crescimento deixa também a gente aprender mais uma porção de


palavras que todo mundo acha graça mas de vez em quando a gente diz uma
que não devia e o papai berra que a mamãe está estragando esse menino
completamente. Pensando bem crescimento não é nada bom ainda mais
como o do Joquinha que cresceu tanto que foi mandado pra escola muito
antes do tempo."

FERNANDES, Millôr. Conpozissõis infãtis. Rio de Janeiro: Nórdica, 1975. p. 18, 19.

Texto 2 – O comportamento

"O comportamento é isso que a gente leva zero na escola e tapa do


bom em casa. O comportamento é isso que o soldado tem de ter e o
comandante não, como lá em casa que as crianças estão sempre se
comportando mal, agora a mamãe e o papai é só receberem uns amigos que
fazem cada uma que eles nem sabem que eu e meu irmão saímos
devagarinho lá da cama pra olhar eles, e se fosse no colégio nem zero era
pouco pra dar pra eles todos.

O que eles fazem botam a culpa no uísque e a gente só tem Coca-Cola


pra dizer que foi por causa dela que a gente ficou doente mas o que acontece
é que a gente acaba de castigo sem beber nenhuma a semana inteira. O que
eu não sei mesmo é quem foi que inventou essa idéia de que garoto só muito
quietinho e bem sentadinho e não mexendo em nada e nem comendo
coisíssima nenhuma na casa dos outros e nem falando pras visitas o que papai
fala delas, é que é bonito. Ah, poxa!

O comportamento é uma coisa que a mamãe diz que não suporta o meu
mas eu é que não entendo o dela. Uma hora ela me dá uma porção de
beijinhos, outra hora ela me põe de castigo o dia todo. Uma vez ela diz que eu
sou tudo lá na vida dela, outra vez ela grita: 'Que menino mais impossível, você
vai ver só quando seu pai chegar!' Tem umas ocasiões que ela chora muito
porque não sabe mais o que fazer comigo e outras eu ouvo ela dizendo pras
visitas que 'o meu, felizmente, é muito bonzinho e muito carinhoso'. Eu já
desconfio que a mamãe é a médica e a monstra."
FERNANDES, Millôr. Conporlssôís imfõtis. Rio de Janeiro: Nórdica, 1975. p. 18, 19.

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Texto 3 – A menina e o pássaro encantado

A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia.
E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.

Mas chegava sempre uma hora de tristeza. "- Tenho de ir", ele dizia.
“- Por favor, não vá. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar ..." E a
menina fazia beicinho...

"- Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas
eu vou lhe contar um segredo: as plantas precisam de água, nós precisamos
do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É
aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que as minhas penas fiquem
bonitas. Se eu não for não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro
encantado. E você deixará de me amar"
ALVES, Rubem. A menina e o pássaro encantado. São Paulo: Loyola, 1992. [p. 13. 14]

Texto 4 – O espelho

Como seu Pássaro mudara!, a Menina pensou. Ela nunca o havia visto
se olhando num espelho. Seus olhos estavam sempre cheios de mundos, de
montanhas e campos nevados, florestas e mares... Tão cheios de mundos que
não havia neles lugar para sua própria imagem. Mas agora era como se os
mundos não mais existissem. Os olhos do Pássaro estavam cheios do seu
próprio reflexo. A Menina percebeu que o seu Pássaro fora enfeitiçado.

Com certeza alguém, com inveja, como a madrasta da Branca de Neve.


E que instrumento mais terrível para o feitiço que um espelho? Mais terrível
que as gaiolas. De dentro das gaiolas todos devem sair. Mas dentro dos
espelhos todos querem ficar.
ALVES. Rubem. A volta do pássaro encantado. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 1989. [p. 6]

Texto 5 – Desencontros dos corações

Mônica Krausz

As meninas de 12 ou 13 anos querem ficar com os meninos de 15 ou 16


porque acham que os garotos da mesma idade só gostam de futebol e
videogame. Mas os meninos mais velhos acham que elas são novas demais.

Com a entrada na adolescência, ao redor dos 12 anos, o organismo


recebe uma carga enorme de hormônios. Além de transformarem os corpos, os
hormônios mexem com a cabeça da moçada. É a época em que meninos e
meninas descobrem que existe o sexo oposto.
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A fase não é muito fácil, especialmente porque meninos e meninas têm


expectativas diferentes. As amigas Renata, de 12 anos, Laura, de 13, e Maria
Clara, também de 13, preferem namorar os rapazes mais velhos do 1º colegial.
"Os meninos da nossa idade querem ficar com a gente quando não têm mais
nada para fazer", explica Renata. "Os mais velhos só ficam com a gente
porque gostam mesmo", complementa. "O problema é que é raro os mais
velhos darem bola pra gente", reclama Maria Clara.

Sorte dos mais novos. Ao contrário do que Renata pensa, seu colega de
escola Luís Otávio, de 13 anos, gostaria de namorá-Ia. Ele não diz que esteja
apaixonado, mas confessa que se Renata quisesse ele "ficaria" com ela umas
"vinte" vezes.

Antes de começar a namorar o lance é "ficar". As pessoas se encontram,


conversam e se beijam, mas sem compromisso. No dia seguinte, a história é
outra: uns continuam amigos, outros nem se olham mais. Hermano, de 13
anos, ainda não namorou ninguém. "Só fiquei umas cinco vezes com a mesma
menina", diz. A receita de sucesso de Hermano é simples. Depois de uma
conversinha ele pergunta se a garota quer dar uma volta e, se ela topar, vão
para "um lugar mais escondido", conta. Hermano é discreto e não gosta de
beijar em público.

Mas Hermano diz que a primeira vez que se "fica" exige coragem. Ele
lembra que contou com os amigos, que perguntaram à garota se ela queria
ficar com ele. Ela topou e ele não se esquece que foi para o encontro
tremendo.

Paulo, de 14 anos, já "ficou" com uma colega da escola, Carolina, de 13


anos, mas acha que namorar na escola é complicado. "Pinta ciúmes", explica.
Carolina é mais romântica E gostaria de namorá-lo. "A gente sente mais
segurança namorando do que ficando", diz.

O Estado de S. Paulo. 05.03.1994

Texto 6 – Teens se encontram nas portas de prédio

Escada é lugar preferido para um bate-papo.

Antonina Lemos

Eles são o terror dos síndicos e dos porteiros. Rejeitam danceterias,


shoppings e bares para ficar jogando conversa fora na frente de casa. São os
integrantes das turmas de prédios, uma gente que lota as portarias e
escadarias de edifícios nos finais de semana.

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Quem integra esse tipo de turma não sente necessidade nem de


atravessar a rua para se divertir. "Isto aqui é melhor do que qualquer
danceteria", diz Pedro, 17, morador da Rua Novo Horizonte, Cerqueira César
(centro de São Paulo) e que passou todas as suas férias jogando "Imagem e
Ação" e tocando violão no seu prédio.

Para aproveitar as maravilhas de seu condomínio – que na verdade só


tem um hall, uma escada na frente e um improvisado campinho de futebol – ele
conta com a companhia de seus vizinhos e até com amigos que não moram lá.
“Eu venho para cá todo dia”, diz Luís Carlos, 17, que mora na Consolação e vai
para lá de bicicleta.

Os integrantes da turma não sabem explicar ao certo por que o prédio foi
adotado como point. ''Esta escada é muito agradável", diz Lazlo, 17. Pedro tem
outra explicação: "Aqui tem muita gente da nossa idade, as pessoas acabam
trazendo os amigos e a turma está formada".

Algumas galeras se dão ao requinte de juntar quase 50 pessoas. É este o


caso da turma da Rua Gandavo, na Vila Mariana (zona sul). A "turma do mal",
como eles se auto-intitulam, reúne um bando de jovens da mais variada faixa
de idade – seus integrantes têm de 14 a 28 anos.

Os orgulhosos integrantes nutrem um verdadeiro amor ao prédio. “Todo


mundo adora morar aqui, mesmo quem muda acaba voltando para passar as
férias”, diz Manoel, 24, o "Mané". É esse o caso de Fernando Augusto, 18, o
“Neném”. Ele mudou do prédio dá três anos, mas continua indo lá sempre que
pode. “Os meus amigos estão todos aqui”, diz.

A turma, que afirma que é conhecida em todo o bairro, lota a porta do


prédio nos fins-de-semana. "Vem gente de todo canto, um monte de carros
ficam estacionados em fila dupla", orgulha-se Rodrigo, 18, o "Ruivão".

A adoção do prédio como point não vem de hoje. "Aqui tem turma desde
78, esse prédio sempre foi conhecido por ter muitos jovens", conta Fernando,
28, o "vovô" da moçada.

Honrando a tradição, os moradores do prédio acabam formando casais


e até se metendo em brigas para defender algum vizinho. "Se for preciso a
gente briga mesmo", diz Marcelo, 24, 'o "Xepa".: Ele conta que quando saem
juntos, ninguém se atreve amexer com as meninas. Também, pudera, só de
olhar para a cara do Xepa eles já devem morrer de medo. É que o cara é um
verdadeiro “armário”.

Folha de S. Paulo, 14.02.1994. Folhateen, p. 6-6.

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Texto 7 – Turmas são campeãs em arranjar confusão.

Confusões não faltam nos prédios que têm turmas. Sempre tem
moradores que implicam com os "jovens baderneiros", síndicos que não
suportam os vidros quebrados por causa da falta de pontaria dos craques e por
aí vai. Os teens dos prédios colecionam histórias.

Pedro, 17, do prédio da Novo Horizonte, reclama de uma "velhinha" que


vive reclamando. E também do síndico, que proibiu a turma de freqüentar o
terraço, onde costumavam ver o pôr-do-sol. Mas eles aprontam. Já quebraram
vários vidros jogando bola e simplesmente destruíram a mesinha que ficava no
hall em uma das noites de cantorias que fazem por lá.

Outros "ratos" de prédios que costumam se meter em confusão são os


freqüentadores do Kówarichi, na Aclimação (zona sul). Eles já perderam a
conta das vezes em que se meteram em confusão. "A gente fica conversando
alto de madrugada e sempre tem gente que vem reclamar", diz Patrícia, 14.

Muitas vezes as brigas acabam com os pais recebendo incontáveis


reclamações e com tentativas, frustradas, de fazer que os integrantes da turma
que não moram no prédio parem de freqüentá-lo.

É claro que a “turma do mal” podia ficar livre da confusão. Eles já


brigaram com vários síndicos e porteiros, que tentam em vão evitar a
aglomeração na portaria. Hoje em dia eles tentam acabar com a nova regra
que foi imposta pelo condomínio: os teens foram proibidos de namorar nos
corredores do prédio. Folha de S. Paulo, 14.02.1994. Folhateen, p. 6-6

Texto 8 – OVNIs sobrevoam São Gonçalo do Amarante

Populares de São Gonçalo do Amarante afirmaram ter visto Objetos


Voadores Não-Identificados (OVNIs), nos dias 24 de janeiro, três e onze de
fevereiro passados. Os objetos sobrevoaram o município, causando espanto e
medo entre os que viram de vários pontos da cidade e de localidades vizinhas
da sede.

O diretor do Centro de Estudos Ufológicos do Ceará (CEU), José Jean


Pereira de Alencar, viu um OVNI no dia 24 de janeiro. Ele estava na fazenda
Lagoas Novas, a quatro quilômetros da sede do município, junto a outras
pessoas. O objeto veio do sentido norte, cruzou o céu numa velocidade média,
com aparência de um foguete. De frente, parecia uma grande bola branca e
brilhante, segundo o ufólogo, que também identificou uma cauda luminosa.

O mesmo objeto dói visto na sede de São Gonçalo por várias pessoas.
Dentre elas, o sargento reformado da Polícia Militar, José Duca Soares da
Silva, residente na rua Neco Martins, que notou a presença do objeto da
varanda de seu apartamento. “Uma grande bola azul, que incidia um raio azul
sobre o prédio da Prefeitura de São Gonçalo”, disse. O objeto ficou pairando no
céu por mais de 20 minutos. Em seguida, subiu até desaparecer. Vários
menores que jogavam bola na quadra esportiva Waldemar Alcântara também
testemunham o aparecimento, descrevendo da mesma forma o objeto.

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A funcionária dos Correios, Ávila Gouveia, e o esposo Roberto


Rodrigues pararam o carro para constatar o “disco voador”. José Jean diz que
recebeu informações sobre o aparecimento do mesmo objeto nos municípios
de Paraipaba, Paracuru, distrito de Sítios Novos, em Caucaia, e no bairro
Jacarecanga, em Fortaleza.

No dia três de fevereiro, às 20h15min, os moradores da rua Coronel


Barroso, em São Gonçalo, viram um OVNI vindo do sentido sudeste. Informado
por Maria de Fátima Freitas Gomes, o diretor do CÉU foi ate o local. Para ele,
foi uma das mais nítidas visões.

“O OVNI era bem visível. Saiu de dentro de uma grande nuvem e


aparentava uma bola cinzenta. Deslocava-se lentamente, do sudeste para o
leste. Após 15 minutos, parou e dele saíram dois objetos com o formato de
estrelas que começaram a se locomover lentamente. Um dos objetos
movimentava-se para baixo e o outro para cima”, descreve o ufólogo,
complementando que os OVNIS ficaram nesse movimento por mais de 40
minutos, ate desaparecerem.

No dia 11 de fevereiro passado, Telma Morais estava com colegas na


praça da igreja de São Gonçalo quando viram um objeto desconhecido voando
em baixa altitude. Eram 22h40min e parecia uma bola com luzes coloridas.
Após segundos, as luzes se apagaram, voltaram a acender e o objeto foi em
direção ao poente. Segundo o major-aviador Oscar Machado Júnior, do
Esquadrão de Comando da Base Aérea de Fortaleza, os radares da unidade
não registraram nada de anormal nos dias e horários descritos pela população
de São Gonçalo (Pedro Herculano). Diário do Nordeste (Fortaleza), 25.02.1994. Interior, p.12.

Texto 9 – Especialistas culpam pais por erotização de jovem

Psicólogos e educadores criticam o comportamento dos pré-


adolescentes. Essas alterações têm culpados: os pais. "Eles estão favorecendo
a antecipação da adolescência, o que é péssimo", acredita o psiquiatra Içami
Tiba, Para não serem classificados como antiquados ou "fora da moda",
acabam cedendo às pressões dos filhos. "Não querem repetir o esquema
repressor de seus pais, mas acabam se perdendo nesse jogo", comenta.

Eles têm medo de dizer não e se transformam em vítimas de seus


próprios atos. "Os pré-adolescentes estão buscando uma identidade que ainda
não possuem e passam a copiar modelos que nem sempre são os mais
adequados", explica.

É o caso da menina que reproduz nas roupas ousadas e justas o desejo


de ser uma mulher tão sedutora quanto uma adulta, mesmo que não seja essa
a real intenção dela. Quanto mais inseguro estiver, mais o pré-adolescente se
apegará a símbolos da maturidade, como roupas, maneira de falar e de se
comportar.

"Querem ser notados a qualquer custo e, dessa forma, compensam a


insegurança", afirma. A erotização antecipada pode ser a culpada por uma
sexualidade conturbada e sem preparo. "Passam a ter uma imagem falsa sobre
si e ficam mais preocupados com os símbolos estéticos", diz.
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Para Tiba, os "antecipados" estão jogando fora o lado infantil sem


controle da situação e, pior, com o aval dos pais. "Acabam copiando todos os
modelos sem estar preparados para saber o que é certo ou errado."

Um adolescente fora de época coloca em dúvida, antecipadamente, o


comportamento dos pais e o mundo. Com isso, sofre antes do tempo também
as tradicionais crises de angústia dessa fase da vida. "São obrigados a
enfrentar o conflito de querer serem aceitos como pseudoadultos enquanto
ainda dependem dos pais para tudo", comenta o psicólogo Hugo Bianc Távola,
especializado em adolescentes. "Eles acabam ampliando o período de
incertezas e contestações, que é um processo cansativo e característico da
adolescência e fase adulta", diz. Sofrem muito mais.

A professora Ana Luísa Vieira de Mattos, da Faculdade de Educação da


Universidade de São Paulo, afirma que existe um abismo entre a maturidade
física e a social. "Os pais precisam ter paciência, pois o que esses jovens
precisam é do apoio de pessoas que conseguiram superar essa fase", explica.

Nas sociedades primitivas, a adolescência é mais curta. Geralmente, o


jovem "passa para a idade adulta por meio de cerimônias de iniciação. "Esses
jovens estão ampliando esse período de passagem", comenta o pedagogo
Juliano Esteves Couto.

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Fundamentos de
Locução

Princípios que Fundamentam a


Locução como uma Técnica a ser Treinada

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UNIDADE II – FUNDAMENTOS DE LOCUÇÃO

1. ELEMENTOS DA LOCUÇÃO

1.1 Locução de Rádio & TV

O mundo da comunicação tem no Rádio e na TV dois dos mais


importantes pilares. Neles, a utilização técnica da voz humana é que faz a
diferença. Nesses veículos, a capacidade encontrada de influenciar e produzir
mudança na sociedade, pelo dinamismo das programações, decorre do uso da
locução pelos comunicadores. Sem a fala, rádio e TV pouco seriam. A locução,
técnica de apresentação verbal e expressiva de programas, ou de eventos,
desenvolvida com o aprimoramento da fala, pode ser aprendida, rápida e
facilmente.

A locução é uma só, da mesma forma que o canto também é único. As


variadas locuções, como os variados cantos, decorrem das alterações de ritmo,
andamento, com as consequentes implicações de altura de voz e intensidade,
uma vez que estes componentes da fala sempre estão presentes na locução.
Fatores estilísticos, durações, podem ou não se apresentar nestas variações.

De modo geral, a locução no rádio é ampla, empolgada. Na TV é


contida, ágil. Numa ou noutra situação, quando apoiada em texto, deve
parecer uma fala animada, viva, e não uma leitura gramatical, inexpressiva.
Modulação, projeção da voz e expressividade são os elementos da locução,
base de apoio deste curso, e recebem cuidados especiais neste trabalho.

O maior distanciamento entre as locuções utilizadas no rádio e na TV


está na locução esportiva. Abordaremos adequadamente estes aspectos no
momento oportuno. Até lá, o curso ensina a locução de forma geral, com
exemplos voltados para o rádio. Com o aprendizado da locução empregada no
rádio, facilmente fazemos a locução de TV, de apresentação de eventos, de
esportes, de telemensagens e de comerciais.

A estrutura de alguns textos presentes neste módulo foge aos padrões


recomendados para o rádio. Textos de jornais e revistas, como aqui utilizados,
são falados diariamente nas emissoras sem qualquer preparo inicial. O
aprendizado com textos comuns assegura mais confiança e prepara o
profissional para a realidade do dia a dia de muitas emissoras. Este é um curso
essencialmente prático e, na prática, estes são os textos mais usados.

A fundamentação teórica do curso é a essencial. Para análise e maior


aprofundamento dos tópicos, consulte as obras indicadas no final do módulo.
Acelere seu aprendizado com a execução dos exercícios propostos no CD de
apoio. Estude diariamente por 60 minutos.

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Este curso destina-se a pessoas sem limitações físicas na fala.


Gagueiras, mesmo leves, e outros distúrbios orais exigem a consulta a médico
otorrinolaringologista, para avaliação física do aparelho fonador, e a
fonoaudiólogo, para ajuste dos problemas de pronúncia. Se for capaz de ler
bem, em voz alta, com este curso as portas do sucesso estarão abertas para
você.

1.2 Elementos Básicos da Locução

A locução é um aprimoramento da fala. O conhecimento dos elementos


básicos da comunicação oral, que concorrem para o rápido domínio dessa
técnica, proporciona ao comunicador o melhor rendimento de voz e o menor
esforço físico. Portanto, fazer locução com qualidade e sem desgaste físico
está ao seu alcance.

Como em todas as situações que envolvem desempenho pessoal, na


locução os elementos básicos são mínimos. No entanto, a correta utilização
destes recursos exige dedicação pessoal e uma boa soma de exercícios.

Sua voz é boa para locução

Quando pensamos em locução, a mente focaliza imediatamente um


locutor ou uma locutora de sucesso. Pensamos, sentimos a voz. A riqueza
comunicativa do profissional invade nossa mente e imaginamos ouvi-lo
mesmo que estejamos noutra cidade.

Essa locução que nos conquista foi aprimorada, polida, ao longo de


certo tempo. A fala daquele comunicador, antes era tão comum como tantas
outras falas sem treino. Esse é o detalhe: as falas saudáveis pertencem a
duas categorias: as treinadas e as não-treinadas.

Este é um curso de treinamento da fala. Sua voz é boa para locução?


Todas as vozes saudáveis são boas para locução, basta treinar corretamente
para fazer locução com qualidade. Aqui você encontra a orientação técnica
correta.

O que é a fala

De modo prático, a fala é a capacidade de estabelecer comunicação por


meio da emissão de variadas combinações de sons, a partir da expiração, com
a utilização dos códigos sonoros sistematizados em determinada língua.
Simplificadamente, fala é a capacidade de nos entendermos, ou
desentendermos, com pelo menos uma pessoa, utilizando a voz.

A fala é talvez a maior herança social. A forma de falar na família exerce


poderosa influência sobre os seus integrantes. O padrão familiar é absorvido
desde os primeiros anos de vida. A fala é inicialmente imitada, repetida, no
aprendizado da criança. Aos seis, sete anos, esta já tem o domínio da estrutura
básica da língua.
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A produção da fala

A fala é produzida a partir das cordas vocais, ou membranas vocais,


situadas na glote que é a abertura por onde passa o ar que entra ou sai dos
pulmões. Ao sair, o ar expelido pelos pulmões vem com certa força ou
intensidade fazendo estas membranas vibrarem como cordas de instrumentos
musicais.

Este som fundamental produzido na glote é modificado pelo movimento


da língua, pelo subir e descer do queixo e pela ressonância no interior da
garganta, boca e nariz. O som fundamental, nas contínuas modificações que
sofre, é amplificado variadamente dando forma aos sons elementares da fala –
fonemas.

Os fonemas – vogais, semivogais e consoantes – combinam-se


formando palavras. A sequência de palavras forma a frase. As frases se unem,
se interligam, criando o discurso, que é a fala entendida no sentido amplo da
expressão (veja abaixo a representação esquemática do processo da fala).

Qualidade da fala e treinamento de voz

A qualidade da fala na locução é avaliada em frases do tipo: “É, ele


fala muito bem, é locutor”. Ou ainda: “Puxa, que voz! Você é locutor?” O
comunicador serve de padrão de referência quando se trata da fala. Significa
dizer que tem a obrigação de falar corretamente.

O conhecimento gramatical é importante, mas não basta. Expressar-se


com clareza, proferindo os fonemas corretamente, faz a diferença entre o ótimo
e o bom locutor. Essa qualidade significa treino.

Quanto tempo treinar

O treinamento da voz – capacidade de falar, cantar ou fazer locução –


deve ser constante nos próximos seis meses se seu desejo é alcançar a fala
perfeita, a dicção. Com esta finalidade, as duas primeiras unidades desse
curso estão estruturadas de forma a lhe assegurar ótima capacidade
expressional em reduzido tempo.

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Alertamos para a essencial execução diária dos exercícios. Defina um


horário – manhã, tarde ou noite – e pratique. Da mesma forma que é preciso
malhar para ter músculos fortes, também é preciso treinar a dicção para ter
pronúncia perfeita.

Ao praticar os exercícios inseridos neste módulo, e em todos os outros,


não exagere. É mais correto praticar uma hora diariamente do que três horas
seguidas. Qualquer ardência na garganta é sinal de excesso. A locução deve
ser natural, sem dores na garganta e sem rouquidões.

Certo cansaço na fase inicial dos exercícios é comum, logo passa. De


forma ideal, programe uma hora diária de exercícios, em etapas de 15 ou 20
minutos, com intervalos de cinco minutos entre uma fase e outra.

Respiração e fala

A respiração, ato totalmente reflexo do qual só percebemos a


importância em situações extremas, é uma função vital do nosso organismo.
Sem comer e sem beber, ao mesmo tempo, é possível sobreviver por alguns
dias. Sem respirar, cinco minutos podem significar a morte ou danos
irreversíveis ao cérebro.

A fala nada mais é do que o aproveitamento de uma fase da respiração


para emissão dos sons e ruídos – fonemas – que formam as palavras com que
nos comunicamos. Boa respiração, boa qualidade na fala.

O ciclo respiratório

A respiração efetua-se em três etapas:

1. inspiração, absorção pela boca ou nariz de parte do ar atmosférico


que é levado aos pulmões, fase ativa da respiração;

2. transferência do oxigênio do ar inspirado ao sangue encontrado nos


pulmões. O ar inspirado fica em repouso por breve momento no
interior dos pulmões para que o sangue absorva o oxigênio e libere
o gás carbônico;

3. expiração, fase passiva da respiração. O ar com o gás carbônico é


liberado pelos pulmões e devolvido à atmosfera

E novamente o ciclo tem início com nova inspiração. (veja esquema


abaixo).

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O Ciclo da fala

A fala também se realiza em ciclo. Inicia-se no ciclo respiratório, que é o


apoio, também em três momentos:

Etapa 1 – inspiração, sempre pelo nariz, retirada do ar atmosférico que


é levado aos pulmões pelo nariz e não pela boca por três motivos:

a) porque na Língua Portuguesa não existem fonemas inspirados


(falados tomando ar pela boca);

b) porque conseguimos acumular quantidade de ar máxima nos


pulmões quando inspiramos pelo nariz;

c) porque o nariz funciona como filtro que retém a poeira existente no


ar, que fica presa no muco nasal; d) porque o ar inspirado pelo nariz,
ao passar pelo muco nasal, fica aquecido na temperatura do corpo
evitando o ressecamento da garganta.

Etapa 2 – Administração da reserva de ar dos pulmões. Com o ar


absorvido pelo nariz devemos criar uma reserva máxima para que a fala seja
clara e com finais fortes. Quando não há suficiente quantidade de ar, nossa
fala tem finais fracos ou gritados, situações negativas na locução.

Com os pulmões bem abastecidos pela inspiração nasal, na locução,


devemos liberar o ar dos pulmões com suavidade. E nas pausas da fala, fazer
nova inspiração ou suspender a liberação do ar pelos pulmões. Dessa forma, a
fala será sempre clara e os finais de frases vivos e expressivos.

Etapa 3 – Com o ar liberado pelos pulmões, falamos e paramos a fala;


falamos e paramos a fala; falamos e paramos a fala até que a quantidade de
ar dos pulmões se torne insuficiente para falarmos com clareza.

Nesse instante, iniciamos novamente o processo com nova inspiração.


Lembre-se: devemos falar sempre com suficiente quantidade de ar liberada
pelos pulmões para ter a fala ágil e não demonstrar dificuldade de leitura.

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Exercícios Respiratórios

De modo simplificado, a respiração se realiza I - inspirando, P -


acumulando ar nos pulmões (aqui prende-se o ar por certo tempo) e E -
expirando. A inspiração, sempre nasal, deve ser rápida.

A quantidade de ar nos pulmões deve ser muito boa e a expiração lenta


e bem administrada na sequência fala-pausa, fala-pausa, de forma a aproveitar
os intervalos de pausa economizando o ar restante ou realizando inspirações
rápidas para manter a reserva máxima nos pulmões, como vimos
anteriormente.

Inicie os exercícios respiratórios confortavelmente sentado, tronco ereto,


ombros em posição normal (nem caídos e nem levantados). Etapa I – Inspire
contando mentalmente de mil e um a mil e oito (oito segundos). Etapa P –
Conte mentalmente de mil e um a mil e dez (dez segundos) Etapa E – Expire
lentamente contando de mil e um a mil e doze (doze segundos).

Direcione o sopro da expiração para o centro da sua mão direita que


deve ser aberta a dois palmos de sua boca. A boca deve formar um "O" nesta
expiração. Sopre sem falar "O". Se não sentir o sopro tocar a sua mão
aumente a força expiratória. Se considerar o exercício muito fácil, aumente a
Etapa P para mil e quinze e a Etapa E para mil e vinte. Mantenha a Etapa I em
mil e oito. Faça estes exercícios por dez minutos, antes de iniciar seus treinos
de locução.

Se você fala rapidamente, com certeza respira pela boca, por isso
capriche nos exercícios acima. Se você ao iniciar a fala faz um aaaaaahhhbb!
de quem está tomando fôlego, facilmente ouvido quando se usa o microfone,
ou se você toma muita água para hidratar a garganta seca quando fala em
público – outro sintoma de que respira pela boca.

Faça os exercícios com muita frequência, se possível diariamente, por


seis meses. Estes exercícios são básicos na respiração geral e vão capacitá-lo
para os exercícios futuros.

1.3 Os elementos da voz

A voz sem tropeços, sem defeitos físicos na produção é o suporte da


locução. Vamos analisá-la em seus mais importantes elementos.

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Voz, fala e locução

Voz é a capacidade de falar, de cantar ou de fazer locução. Estas


atividades dependem da voz, como suporte, para seus melhores resultados.
Temos a fala como a capacidade de comunicação oral, sonora. Se a pessoa
emite apenas gritos e grunidos não se considera que seja detentora de voz. Ao
contrário, por excesso, é possível que alguém que fala fique sem voz por certo
tempo. Em casos extremos, até ruídos e gritos desaparecem na chamada
afonia aguda.

Locução é a fala treinada, rica em modulação, ritmo e expressividade,


própria do Rádio e da TV e utilizada também em outras situações. Comumente
voz e fala são termos sinônimos. De forma mais correta, pode-se dizer voz
falada, voz cantada ou voz locucionada. Locucionar, e não locutar, é fazer
locução.

Elementos fundamentais da voz

Com a utilização de equipamentos eletrônicos na análise da voz, já


foram identificadas mais de duas dezenas de componentes, ou referências,
para avaliação técnica da fala. Em locução temos interesse apenas nos
elementos fundamentais, aqueles que influenciam diretamente no
comportamento do locutor e que, por isso mesmo, servem para o aprendizado
rápido das técnicas de locução. São três os componentes básicos da voz a
serem analisados.

Saiba que a fala com ajustes nestes elementos é essencial na locução.


Os erros apresentados por locutores iniciantes estão sempre relacionados a
falhas em pelo menos dois destes três fatores. Procure identificar na sua fala
estes elementos. Verifique com atenção a fala dos locutores e ouça como
utilizam os elementos fundamentais da voz (veja esquema seguinte).

Tom ou altura de voz

É produzido pelo número de vibrações das cordas vocais, originadas


pela força do ar que sai dos pulmões. De forma prática, falamos em voz alta ou
voz baixa. Quando se fala alto, as cordas vocais vibram muito; já quando se
fala baixinho, poucas vibrações são utilizadas. Falamos também com voz fina
– melhor dizer voz aguda – com muitas vibrações das cordas vocais; ou com
voz grossa – melhor dizer voz grave – com poucas vibrações vocais. Entre as
graves e agudas estão as médias.

Num apanhado geral, as vozes femininas são agudas ou médias e as


masculinas médias ou graves. As vozes de tom médio são as mais
encontradas. Ao falarmos animadamente, usamos um tom de voz que não
provoca cansaço, definido como tom médio (t.m). O tm varia de pessoa para
pessoa e tem como característica não exigir esforço respiratório adicional.
Esse tom é importante referência no nosso aprendizado, pois é a partir dele
que fazemos locução.

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Intensidade ou volume

É a força expiratória que usamos ao falar, o volume de ar que liberamos


em certa fração de tempo. Quando estamos dormindo ou calados, respiramos
sem esforço. Quando falamos, o esforço respiratório é mínimo. Quando
cantamos ou fazemos locução, o esforço respiratório é máximo. O bom
condicionamento respiratório rende alto dividendo na locução.

Ritmo – velocidade

Ao falarmos, não o fazemos continuadamente, sem pausas. Ao jogo de


falas e pausas denominamos ritmo. Associada ao ritmo está a velocidade da
fala, que não é o único valor a considerar. A forma de dizer, de dar
expressividade, também é fundamental. Na prática, ritmo e velocidade quase
se confundem.

Impostação da voz

É a harmonização de tons, ritmos e intensidades - falar num tom


adequado, com boa intensidade e com ritmo apropriado é o que denominamos
impostação de voz, um verdadeiro abraço sonoro com as palavras.

Um curso de locução também é um curso de impostação de voz.


Quando alguém afirma que uma pessoa tem voz de locutor quer dizer que
aquela voz tem certa impostação, lembra as vozes dos locutores de qualidade.
Impostar bem a voz exige pelo menos seis meses de exercícios diários.

Para boa impostação, também recuamos o ponto de emissão da fala


para a zona do Ô, como em ombro e ontem.

Elementos estéticos da voz

A voz transmite nossas emoções de forma mais ampla que a fisionomia


e o olhar. Por experiência, os adultos sabem distinguir mudanças de tons que
indicam raiva, alegria, indiferença, entusiasmo, depressão e que muitas vezes
mudam completamente o significado das palavras utilizadas. A ironia, o prazer
e todos os estados emocionais podem ser indicados apenas com a fala.
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Na locução, a atitude positiva, entusiasmada, alegre, concorre para


melhor desempenho profissional tanto no Rádio quanto na TV, identificados
como fontes de diversão e laser pelo ouvinte, pelo telespectador.

Ressonância e timbre

Ressonância é a projeção e modificação da voz a partir da glote, na


passagem pela garganta, boca e nariz. Os sons da fala ora são reforçados, ora
são atenuados, de forma única, caracterizando a sonoridade final denominada
timbre, específica de cada falante.

O timbre é uma marca pessoal que depende essencialmente da forma


física da cabeça, da garganta e da maneira de articular as palavras. A
impostação modifica levemente o timbre, tornando-o agradável.

Atitude comunicativa

Defini-se atitude comunicativa como a capacidade individual de fazer


locução com observação das circunstâncias do momento, na busca de um
objetivo comunicativo. Apresentação entusiasmada (em musicais), quando
necessária. Locução neutra - notícias - quando o momento exigir. Locução
sempre voltada para envolver o ouvinte.

A atitude comunicativa é o mais essencial dos elementos da fala. Para


ajustarmos nossa fala, precisamos saber qual o objetivo da comunicação:
entreter, informar, educar, fazer refletir?

Identificado o objetivo, colocamos a interpretação correspondente,


buscamos levar o ouvinte a reagir de modo a alcançar nosso objetivo. Tom -
ritmo - intensidade e atitude comunicativa estão sempre juntos.

Responsabilidade social

O locutor como agente social, por suas palavras, pode concorrer para o
bem-estar geral da comunidade em que trabalha ou pode gerar desarmonia e
desencadear a multiplicação de ações marginais. Reputações podem ser
irremediavelmente maculadas, mesmo sem razão, por apressado juízo do
comunicador. Leve em conta estes aspectos no seu trabalho. Faça da locução
um instrumento de crescimento pessoal.

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QUESTIONÁRIO I

Avaliação de aprendizado – Conceitos básicos

Responda as questões formuladas abaixo.

1. O que é a fala? Como é produzida? Qual a importância da respiração na


fala? Por que a respiração deve ser nasal?

2. Quais são os elementos da voz? Dê o conceito de tom de voz em seus dois


aspectos: físicos e de percepção acústica

3. O que é volume de voz? Qual a percepção prática de volume de voz?

4. Como varia o ritmo? Qual a importância das pausas no ritmo?

5. O que é impostação de voz? Como impostar a voz?

6. Fale sobre ressonância e como ocorre. O que é timbre de voz?

7. Existe uma voz ideal para fazer locução? Por quê?

8. Se aumentarmos a intensidade, aumentamos o ritmo?

9. Se aumentarmos o ritmo, aumentamos a altura de voz?

10. Por que a locução também assegura impostação à voz?

11. O que é atitude comunicativa?

12. O que se entende por responsabilidade social do locutor?

13. O que é mesmo locução? Fazer locução é locutar?

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2. ELEMENTOS DINÂMICOS DA LOCUÇÃO

2.1 Inflexões de voz

As variações de tom, ou altura de voz, ao longo da fala são


denominadas inflexões. A fala, mesmo a menos expressiva, sempre apresenta
variações de altura. Uma fala sem inflexões teria um (mono) tom – daí dizer
que as vozes de poucas inflexões são vozes monotons ou monótonas. As
variações de altura na fala são compostas de dois tipos básicos: inflexões
agudas e suaves, em suas amplas combinações. De modo particular, nos
interessa caracterizar essas duas formas básicas.

Inflexões agudas (grito)

Consideremos agora o tom médio (tm), descrito anteriormente, como


sendo a altura de voz que utilizamos nas conversas diárias. Nesse tom falamos
longamente sem nos cansarmos. Do tom médio, vamos ao tom alto (ta), altura
de voz acima do médio. Aqui não precisamos identificar o valor da nota musical
no tom, só importa saber que é uma altura de voz acima do tom de fala.

Na inflexão aguda, do tm subimos rapidamente o tom para o ta; logo


depois, voltamos ao tm. Como exemplo, imagine você gritando para um amigo
distante: Carlos!!! O tom de voz sobe como uma flecha e, de imediato, desce
também como uma flecha. A inflexão aguda tem baixo poder comunicativo e se
caracteriza pela aspereza de voz de quem fala aos gritos. Locutores iniciantes
tendem a apresentar esta característica.

Inflexões suaves (alegria)

Consideremos outra vez o tm e o ta como referências na abordagem da


inflexão suave. Imagine que você está agradavelmente surpreso com a
presença de um amigo que há tempos não via. Expresse a sua agradável
surpresa exclamando: Carlos, que bom vê-lo outra vez!

Na palavra Carlos, o tom de voz sobe do tm para a ta de forma suave


até o ponto máximo e também suavemente retoma ao tm, descrevendo uma
curva arredondada como o alto de um morro. Esta inflexão é agradável, denota
alegria e se caracteriza como a inflexão própria da locução.

Inflexões de locução

Na locução, temos o aproveitamento das inflexões que alternam tons


altos e baixos de forma suave e agradável. A partir de agora, vamos denominá-
las de inflexões de locução. Alegres e entusiasmadas, estas inflexões
predominam na locução. Claro que as demais são usadas em restritas
situações. Importa, porém, fazer as inflexões suaves para bom padrão
locucional. Esse subir e descer da voz é que caracteriza a ótima locução no
Rádio e na TV.

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2.2 Duração e estilo

As durações, elementos de estilo, são recursos expressionais utilizados


pelos locutores para colorir certas passagens na locução. As durações estão
presentes até mesmo na locução de notícias, tradicionalmente limitada em
recursos estilísticos ou enfáticos, para demonstrar a neutralidade do
comunicador.
Duração na fala
Imagine estas situações práticas para melhor entendimento das
durações.
1. O telefone fixo de sua casa toca e você naturalmente atende:
alô?
2. Ninguém responde e você enfatiza: alôôôôô??
3. Sem resposta ,você vai ao limite: alôôôôôôôôô???
4. Ato contínuo, você desliga o telefone (talvez dizendo algo mais).

Analisemos o que aconteceu. No momento 1, você atendeu


normalmente a ligação. Na etapa 2, reforçou o apelo encompridando a sílaba
lô. No terceiro instante, você já desgastado, quase aos gritos, fez ênfase
máxima com o encompridamento ainda maior da sílaba lô. No momento
inicial, não existiu ênfase. Na última etapa, você conseguiu apelo máximo.

Na etapa inicial as duas sílabas, a e lô, foram proferidas basicamente


com tempos iguais. No último momento, os tempos de duração – a duração –
com que proferiu as duas sílabas foram bem diferentes. Duração é esse
encompridamento na fala de sílabas ou palavras, de forma a garantir o apelo
comunicativo máximo na locução. Perceba como nas sílabas tônicas da
língua portuguesa há durações.

Durações na locução

Diversos tipos de locução usam as durações para gerar impacto


comunicativo. Imagine o locutor esportivo descrevendo um lance de gol e ao
final afirmando: gol do Brasil, gol de Ronaldo. O Brasil está na frente, gol de
Ronaldo para o Brasil. Esta conclusão seria de pouca expressão, quase fria.

Dessa forma é que os locutores esportivos indicam os gols dos times


adversários da seleção brasileira. Para grande impacto comunicativo, nosso
locutores gritam entusiasmadamente, a plenos pulmões, nosso gol:
goooooooooooooooooooooooolllllllll, doooo Braaaaaaasiiiiiiiiillll!!!!!, goooooolllll
deee Roooonnnaaaallldddooo!!!!!!

Também na locução sertaneja há muitas durações:


seeeeeguuuuuuuurrrrrra, peeeãããããããoooo!!! para segura peão!!!
Geeeeentttte boooaaa, dooo Braaasiiiilll!!! para gente boa, do Brasil!!! Como
forma de estilo, todas as locuções podem usar as durações. Nas aberturas de
programas, alguns locutores fazem durações para marcar seu trabalho. Ely
Correia, em São Paulo, com um sorriso, diz na abertura do programa:
Ooooooooooiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, geeeeeeeeeeeeennnnnntteeee!!!! É a cara do Ely, o
locutor-sorriso.
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2.3 Modulações de voz

As modulações expressivas, também chamadas entonações, ou


entoações, ou colocações de voz, são formadas pela sequência de inflexões.
Enquanto as inflexões são próprias das palavras, ou dos grupos fonéticos, as
modulações estão presentes na frase ou período.

As modulações existem tanto na fala comum quanto na locução. As


pessoas expressivas, agradáveis, empáticas, falam com modulações. Os bons
locutores colocam bem a voz, fazem modulações. Modular é dar musicalidade
à fala ou à locução e se caracteriza pelo subir e descer harmonioso dos tons,
com a utilização das inflexões suaves durante a leitura da frase.

Modulações e inflexões

Leia esta frase: Aumente o volume do seu rádio! Observe que as


palavras o e do podem ser retiradas sem perda da mensagem inicial que
ficaria: Aumente volume seu rádio. Na frase, as palavras o e volume tem uma
fala unida formando um grupo fonético (falado) como se fosse uma palavra
composta o-volume. Da mesma forma, do-seu é um todo fonético, no dizer de
J. Mattoso Câmara (Manual de Expressão Oral e Escrita).

Isto é: o-volume tem inflexão única que tem início em o, alcança o ponto
mais alto na sílaba lu e outra vez o mais baixo em me. Também o grupo
fonético (falado) do-seu tem uma só inflexão. Com início em do, o tom vai
subindo até o ponto máximo na sílaba seu. Logo depois, a altura de voz vai
caindo e outra vez sobe na palavra rádio. Nas palavras aumente e rádio há
inflexões isoladas. Observe que as palavras o e do sofrem a força das palavras
com mais sílabas.

Dessa forma, na frase Aumente o volume do seu rádio há seis palavras


e quatro inflexões de locução. Aumente - o-volume - do-seu - rádio. A primeira
inflexão em aumente, a segunda no grupo fonético o-volume, a terceira em do-
seu e a última em rádio.

A modulação é a fala continuada destas inflexões, em ritmo de locução


– ágil, alegre. Observe que no exemplo a leitura, fala, é contínua, com parada
apenas no final da última inflexão.

Esse jogo de subidas e descidas de tons, do tom médio (tm) ao alto (ta)
e deste, novamente, ao tom médio, em sucessão, é que denominamos
locução. Fazer modulação expressiva corretamente é fazer locução.

Modulações com durações

Em diversos momentos as durações somam-se às inflexões produzindo


uma locução de qualidade. Esta locução é altamente expressiva e pode ser
encontrada até mesmo na TV, por tradição, menos empolgante que o rádio. Na
expressão Alô você, ligadinho na Globo! temos um bom exemplo de
modulação com durações.
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Na expressão há quatro inflexões expressivas: em alô, você, ligadinho e


na-Globo. As três primeiras são acompanhadas de durações demoradas - em
aaaaallllôôôô, em vvooocccêêêê e em Iiigaaadiiiiinho. Apenas o todo fonético
na-Globo tem reduzida duração(em glo).

Faça agora a leitura, com inflexão de locução e duração, e verifique o


efeito destas modulações. Importante: entre alô e você não há pausa e sim
uma rápida suspensão da voz. Você faz alô, deixa a boca entreaberta e retoma
fazendo você.

Depois da palavra você existe pequena pausa antes de seguir com a


leitura da frase. Entre ligadinho e na-Globo se verifica também uma rápida
queda de tom que, imediatamente, se torna ascendente para cair outra vez no
final da frase.

2.4 Projeção de voz

É comum encontrar pessoas que conseguem ler com facilidade, com


ritmo, e que ainda assim quase não são compreendidas. Mesmo com
amplificação sonora da voz, falam colando os lábios ao microfone para serem
entendidas.

Essa deficiência é a falta de projeção da voz. Lembramos que locução


se faz elevando e descendo o tom de voz – modulando a voz – entre o tom
médio e o tom alto. Se for o caso, treine também a leitura em voz alta como se
estivesse lendo para trinta pessoas. Aumente a intensidade para melhorar a
projeção.

O que é projeção de voz

Projetar é lançar algo a certa distância. Projetar a voz é falar lançando


a voz de modo a ser ouvido sem dificuldade. Há diversos graus de projeção
de voz. Podemos falar com nossos amigos ou para um grupo de pessoas em
recinto fechado; falar em ato público, falar com apoio de microfone. Boa
projeção de voz é a utilização adequada da fala, de modo a ser compreendido
sem dificuldade, a uma certa distância (pelo menos dez metros) sem
microfone.

Vozes de baixo alcance

Algumas pessoas falam em tons muito baixos, com pouca intensidade –


a pressão do ar saindo dos pulmões. Essas pessoas encontram dificuldades no
início dos exercícios de locução.

Como vimos, a locução parte do tm-tom médio para o ta-tom alto de voz.
Sem intensidade, não subimos o tom de voz. Sem subir o tom de voz, não
aprendemos a locucionar. Se você tem uma voz de baixo alcance, leia
diariamente em voz alta por trinta minutos.

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Vozes de alto alcance

Poucas pessoas falam em tons excessivamente elevados. Quem assim


procede, fala quase aos gritos e se faz ouvir com facilidade. Na locução,
precisam diminuir o tom de voz para diminuir a aspereza dos tons agudos,
gritados. Lembramos que na locução o que importa é o jogo de subidas e
descidas de tons – modulações – e não tons elevados somente.
Vozes de alcance médio

O alcance médio de voz caracteriza a quase totalidade dos falantes.


Com treinos apropriados, são vozes para ótimo desempenho no rádio e na TV.
Pessoas com alcance médio de voz falam com facilidade e são sempre bem
ouvidas.

Estas pessoas, domo regra geral, apresentam vozes agradáveis mesmo


na fala comum do dia a dia. Pessoas com alcance médio de voz realizam os
exercícios de locução com facilidade e rapidamente aprendem a fazer
modulações.

Impostação e voz de locução

Vimos que impostação de voz é a harmonização de tom, intensidade e


ritmo, de forma a tornar a fala agradável, transformando-a em autêntico abraço
sonoro em nossas comunicações.

Em locução, a projeção de voz completa o processo de impostação.


Falar com impostação, ter voz de locução, é harmonizar tom, ritmo e
intensidade com o recuo da fala para o ponto de emissão da expressão alô,
você. A fala fica levemente mais grave, sem falar "grosso" na garganta.

2.5 Expressividade

A expressividade – a energia da fala – está ligada ao ritmo, à forma de


falar os finais das frases e à atitude comunicativa do locutor. Sem
expressividade, a locução fica mecânica, desinteressante, burocrática.

Expressividade e atitude emocional

A locução é uma ação emocional porque a fala é essencialmente


emoção. A locução, portanto, reflete nosso estado emocional, estejamos ou
não conscientes deste aspecto. Por isso é que na apresentação de notícias
solicita-se uma fala quase neutra de emoção, uma voz quase “oficial”,
equidistante dos fatos.

A razão é simples: se a leitura for apresentada com entusiasmo, pode-se


passar ao ouvinte a idéia de que estamos satisfeitos; se, ao contrário, for sem
entusiasmo, pode parecer que estamos insatisfeitos com a informação.

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Expressividade em geral

A quase totalidade dos programas de rádio e mais da metade dos


programas na TV tem como objetivo divertir, entreter. E uma locução "séria",
tradicional, pesada, sem entusiasmo, nestes momentos, é negativa.

Falar com um sorriso nos lábios é a regra primeira para boa


apresentação desses programas. Fale sorrindo, estabeleça comunicação com
empatia. Eventualmente, uma notícia negativa referente à morte ou desastre
pode ser lida nesses programas. Somente nessas ocasiões use uma fala
neutra.

Expressividade e programas jornalísticos

Em geral os programas jornalísticos utilizam a neutralidade na fala,


definida como uma fala indiferente ao que é apresentado, em diversas
gradações. Há programas em que os locutores lembram porta-vozes; noutros,
com a utilização do comentário, percebe-se uma fala mais próxima de uma
conversa, uma apresentação mais informal da notícia. Nos debates e
entrevistas esta é a forma mais apropriada.

Ritmo e alegria na fala

“Professor, como é difícil falar sorrindo!” A comunicação exige atitude


comunicativa. Acompanhar um comunicador que parece de mau-humor o
tempo todo é impossível. Escute seu concorrente, note como fala sorrindo.
Treine o sorriso na locução, mesmo que você não goste de sorrir. Deseja
sucesso? Sorria e fale com ritmo, utilize os elementos de locução a seguir
apresentados.

2.6 Elementos de Locução

Os fundamentos da fala e da locução foram vistos. Vamos fazer um


apanhado geral para melhor solidificar esses conceitos.

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Elementos de locução e da fala

Os elementos de locução, assim como os da voz - fala, que já vimos,


são também três. Cada um está ligado a um elemento básico da fala. A
integração deles está presente no trabalho dos bons locutores. Modulação,
expressividade e projeção de voz desafiam o locutor iniciante.

Modulação de voz

A fala modulada dos locutores é certamente o maior valor da locução.


Os não-locutores identificam a modulação com facilidade. Modular a frase com
suavidade, ligando as palavras entre si quando necessário, fazendo os finais
de inflexões vivos, fortes, é realmente importante. No entanto, é fundamental
não quebrar a modulação ao meio por falta de fôlego, por não saber respirar na
fase descendente da respiração, do ta para o tm, ou no momento de pausa.·O
tom de voz em suas variações – inflexões – é a base da modulação.
Expressividade

A modulação precisa ser acompanhada de uma atitude comunicativa. O


locutor modula dando ritmo e expressando um estado positivo de satisfação
em seu trabalho. Em algumas locuções, como nos programas musicais, o
entusiasmo é essencial. Ninguém sintoniza uma emissora de rádio para ouvir
um comunicador sem vida, negativo, baixo-astral.

A interpretação está sempre presente na locução. A vida do


comunicador pode estar em um momento de transição e nem por isso suas
preocupações podem ser levadas ao ar. Se isto acontecer, o trabalho
apresentado fica com baixa qualidade. Cada comunicador é também um ator
quando assume o comando da emissora, quando está no ar. Mantenha o
entusiasmo e a alegria ao microfone. Ritmo e entusiasmo são elementos
fundamentais na expressividade.

Projeção de voz

A projeção de voz do locutor, da locutora, deve ser correta. Uma voz


fraca ou muito forte são extremos negativos. As fracas denotam insegurança,
medo, timidez; já as fortes indicam autoritarismo, arrogância, falta de
educação, grosseria. Busque na locução projetar sua voz de modo a
demonstrar segurança, amizade. Fale com intensidade, com boa quantidade de
ar saindo dos pulmões. Não quebre as frases, não deixe os finais fracos ou
gritados. A leitura em voz alta melhora a projeção da voz. A intensidade é o
elemento básico da projeção de voz.

2.7 Locução, Técnica e Arte

Pela abordagem até aqui apresentada, verificamos que a locução se


inicia no tm-tom médio de fala, alcança o ta-tom alto da voz, variando tons
entre esses limites. Na verdade entre o tm e o ta existe um ti – tom
intermediário de voz – que é o tom médio de locução. Neste ponto é que
realmente se faz a locução com subidas e descidas de tons. Observe que o
tom mais baixo na locução é o da fala e que o mais alto é o tom do canto, da
nota musical alcançada pelo cantor.
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Como técnica, a locução é algo intermediário entre a fala e o canto e,


por isso mesmo, tem muito de fala e de canto, especialmente o aspecto
interpretativo deste último. Como arte, a locução pode ser feita, observados os
seus fundamentos, de forma única e pessoal por qualquer comunicador, dando
origem a estilos de locução.

2.8 Tipos de Locução

Grosso modo, as diversas modalidades de locução se enquadram em


um dos três tipos fundamentais: locução de musicais (entretenimento), de
informativos e de comerciais. Na realidade, há sempre programas e locuções
mistos reunindo as características dos tipos básicos. A esportiva, em suas
diversas variedades, é uma locução mista informativa – de entretenimento.

Locução geral

Em seus fundamentos, a locução é a mesma no rádio AM, FM e na TV.


O bom locutor, com tempo para adaptação, pode ter excelente desempenho
em qualquer seguimento do rádio ou da TV. As mudanças no tipo de locução,
de uma emissora de rádio para outra, quase sempre são apenas de ritmo.

Da mesma forma, a locução de notícias registra ligeira alteração entre


os noticiários apresentados no Rádio e na TV. Nesta, além do ritmo, também
as inflexões de final de frase são diferentes, mais enfáticas. Ritmo –
andamento – é o principal diferenciador entre os diversos tipos de locução.
Domine a locução de rádio, realize-a com qualidade, e terá dominado os
demais tipos.

2.9 Qualidades Básicas do Locutor

As obrigações pessoais comuns nas outras profissões, como


pontualidade, assiduidade, responsabilidade, dedicação, iniciativa, entre
outras, também são essenciais aos locutores. De modo particular,
pontualidade, criatividade e estar bem informado são aspectos muito
importantes para os comunicadores sociais. Quem trabalha no mundo da
comunicação não pode estar desinformado.

A criatividade também é outro fator em alta. Evitar programas


repetitivos, lançar quadros novos e procurar dar variedade ao trabalho provam
que o comunicador acompanha as tendências e as novidades que surgem.
Com relação à pontualidade, nenhuma outra profissão é tão exigente quanto a
horários. O programa tem hora exata para início e término, com chuva ou sol.

Estes aspectos dizem respeito à conduta do profissional de locução que


deseja sucesso. As qualidades ligadas à locução, em si, já foram abordadas,
mas um traço comum aos locutores é o amor, a verdadeira paixão pelo que
fazem. Na verdade, todos os profissionais que fazem locução realizam um
sonho, um desafiador e estimulante sonho.

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QUESTIONÁRIO II
AVALIAÇÃO DE APRENDIZADO – ELEMENTOS DA LOCUÇÃO

Responda às questões formuladas abaixo:

1. O que é inflexão de voz? O que é tom médio de voz?

2. Quais são os dois tipos básicos de inflexões de voz? Descreva-as.

3. O que caracteriza a inflexão aguda? Exemplifique.

4. Como denominamos a inflexão utilizada na locução? Caracterize-a.

5. E o que são durações na fala?

6. O que são as modulações de voz? Que outros nomes recebem?

7. É a mesma coisa fazer modulação ou locucionar? Exemplifique.

8. Exemplifique o que é projeção de voz.

9. Impostação e projeção significam a mesma coisa? Exemplifique.

10. O que é atitude emocional e qual a ligação com a locução?

11. Quais são os elementos da locução?

12. Qual a relação entre os elementos básicos da locução e da fala? Detalhe


sua resposta.

13. Quais são os tipos básicos de locução?

14. Cite as qualidades básicas do locutor.

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3. GRUPOS EXPRESSIONAIS: DOMÍNIO RÁPIDO DA LOCUÇÃO

3.1 O Texto como Base da Locução

De modo tradicional, para fazer locução, quase sempre se usa uma boa
dose de observação e muito de imitação. Mesmo nos cursos de jornalismo,
apenas o texto é explorado detidamente como se os futuros profissionais
tivessem como única opção a área de impressos.

Quando é para fazer locução, com honrosas exceções, as orientação


são mínimas. Nessa hora o que vale mesmo é fazer de qualquer modo, talvez
imitando um comunicador conhecido. Mas imitar leva tempo e gera uma
deformação. O imitador fica colado no padrão de referência e sempre que o
ouvimos lembramos o modelo imitado, da mesma forma que a visão da nota
falsa lembra a existência da verdadeira. A partir do texto, no entanto, podemos
fazer rápido aprendizado de locução.

A leitura tradicional

Quase sempre o texto é construído para entendimento sem fala, não


oralizado. A leitura silenciosa não exige elementos mais amplos para a
compreensão lógica da mensagem, em seus diversos níveis. Com a finalidade
de facilitar esse entendimento, a gramática apresenta diversas regras que
norteiam a construção e a interpretação da mensagem.

No entanto, para treinamento da locução, com o uso do texto comum de


revista ou jornal, certa simplificação de regras facilita a leitura falada. É que o
texto quando falado, para ganhar expressividade e não ser apenas uma leitura
gramatical tradicional, incolor, exige pausas não previstas na gramática e não
leva em conta a totalidade da pontuação, às vezes exagerada, por travar a
leitura-fala.

Desse modo, com estas simplificações, é que rapidamente dominamos a


locução tendo como base um texto comum, não redigido para rádio e TV. Essa
forma de aprendizado prepara o futuro comunicador para fazer locução com
apoio de qualquer texto, tendo em vista que a redação para Rádio e TV é
simplificada e relativamente pobre na construção quando comparada aos
demais textos jornalísticos.

A leitura expressional

Clareza na locução é primordial. A forma de falar a frase, as palavras


usadas e, principalmente, o ritmo (velocidade da locução) concorrem para o
rápido entendimento da fala no rádio e TV. Na leitura silenciosa uma segunda
ou terceira passagem no texto sempre é possível. Na comunicação eletrônica a
mensagem tem uma única chance de ser bem compreendida. Neste caso, a
locução é o jogo de falas e pausas, com modulação e ênfase expressional, que

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assegura vida ao texto. O treinamento da locução tem início na leitura oral


expressiva, dinâmica, uma nova forma de ler o texto, bem distante da forma
estática tradicional da leitura em voz alta.

A marcação simplificada do texto

A leitura oral dinâmica trabalha as modulações, a expressividade e a


projeção de voz de forma integrada. De início, descarta quase toda a
pontuação tradicional do texto e leva em consideração apenas os sinais de
pausa de grande amplitude: ponto e dois pontos. E adota um novo sinal para
indicar as demais pausas de leitura, a barra simples (/).

Em resumo: onde estiver presente um ponto, uma barra ou dois pontos


há pausa de leitura. Vírgula, ponto-e-vírgula e outros sinais gramaticais de
pausa no texto não nos interessam. Se houver pausa junto a um deles, haverá
uma barra indicando-a; sem barra sinalizadora, mesmo com estes sinais, não
há pausa. Isto é: onde existir uma barra, mesmo sem um destes sinais, há
pausa na leitura oral dinâmica.

3.2 Leitura de Locução

A leitura oral dinâmica, ou expressional, também é denominada de


leitura de locução, que é feita com modulação, expressividade e correta
projeção de voz. Leitura com jeito de conversa. Lembramos: locução, como
técnica, é exatamente o jogo de falas e pausas com modulação,
expressividade e boa projeção de voz. Vimos como simplificar o texto para
indicar as pausas; vejamos agora com segmentar o texto para utilização na
leitura oral dinâmica.

O ouvinte e a locução

O locutor tem como desafio conseguir a atenção do ouvinte de forma


permanente. Com essa finalidade, a mensagem deve ser passada como
pequenos blocos de fala. Assim, a clareza é máxima e o ouvinte pode elaborar
mentalmente sobre o conteúdo ouvido, concordando, discordando ou
meramente deleitando-se com o que ouve. Vamos treinar a habilidade de fazer
locução com estas características nos textos abaixo.

Grupos expressionais

A segmentação do texto, com a finalidade de aumentar a clareza na fala


e também conquistar a atenção permanente do ouvinte, permite a criação de
grupos, ou partes, que serão lidos em forma de locução. Denominamos cada
bloco, de grupo expressional, modulado de um fôlego só, sem esforço. Nosso
trabalho se inicia com a frase.

No texto ela tem início com uma letra maiúscula e termina normalmente
num ponto. A frase também é chamada período. Usaremos um ou outro termo
indistintamente neste trabalho. Para facilitar essa atividade, vamos transcrever
um parágrafo e dele retirar algumas frases.
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As expectativas de que pudéssemos ter pela frente uma depressão


global exerceram enormes pressões contracionistas sobre os mercados
financeiros. As tentativas simultâneas de "desalavancagem" pelas vendas de
ativos e pela não-renovação de empréstimos deflagraram a contração
generalizada do crédito. A reação fulminante do Federal Reserve, banco
central dos Estados Unidos, a esse cenário acalmou temporariamente os
mercados. As bolsas reagiram favoravelmente e os spreads de risco dos
empréstimos a países e empresas caíram. A redução da volatilidade dos
mercados financeiros reforçou a aparência de uma volta ao normal. (EXAME, 4 nov
98, pág. 32, parágrafo inicial )

Isolando a frase inicial temos:

As expectativas de que pudéssemos ter pela frente uma depressão


global exerceram enormes pressões contracionistas sobre os mercados
financeiros.

A gramática ensina que o ponto é uma pausa significativa na leitura, que


a vírgula é uma pequena parada e o ponto-e-vírgula é uma pausa intermediária
entre o ponto e a vírgula. Quantas vírgulas temos nesta frase? Nenhuma.
Existe algum ponto-e-vírgula? Nenhum. De acordo com as regras tradicionais
da Gramática, não existe nenhuma pausa entre o inicio e o fim da frase. Esta
frase deve ser lida de uma só vez, de um fôlego só. Faça a tentativa de ler sem
pausas intermediárias. Inspire antes de começar.

Conseguiu? Alguns conseguem ler. E se você fez a leitura, ela foi


rápida, como uma narração esportiva. E o seu ouvinte em casa acompanhando
a emissão do rádio, entendeu o que você falou? Houve modulação na sua voz?
Sua fala foi expressiva? Você tinha ar nos pulmões para leitura de um trecho
tão longo? Claro que este não é um texto redigido para rádio e TV. No nosso
aprendizado, não faz diferença, até nos auxilia a mostrar a limitação da leitura
tradicional, gramatical. Voltemos ao período. Façamos a colocação de uma
barra indicadora de pausa no meio da frase depois da palavra global.

As expectativas de que pudéssemos ter pela frente uma depressão


global I exerceram enormes pressões contracionistas sobre os mercados
financeiros.

A leitura com esta pausa, que é respiratória, aumenta a clareza da fala.


Mas esta não é a única da frase. Veja agora a marcação das outras pausas.

As expectativas de que pudéssemos ter pela frente I uma depressão


global I exerceram enormes pressões contracionistas / sobre os mercados
financeiros.

A leitura já pode ser feita com ritmo e expressividade. A barra tornou


mais fácil o entendimento do ouvinte sem precisar de um superfôlego para
falar.

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Anote: a barra inicial e a final indicam pausas expressionais, isto é, que


facilitam a modulação de voz e auxiliam o fechamento da leitura na palavra
anterior à barra, dando expressividade à locução. A barra é um momento de
respiração e também de expressividade do texto.

Observe que na leitura sem barras a modulação era mínima,


inexpressiva, e com as barras definindo os blocos ficou máxima, expressiva.
Assim obtemos clareza total na fala desse pequeno texto.

As três barras originam a formação de quatro grupos expressionais: 1 –


as expectativas de que pudéssemos ter pela frente; 2 – uma depressão global;
3 – exerceram enormes pressões contracionistas; 4 – sobre os mercados
financeiros. Cada grupo tem modulação particular, expressiva.

Marcação expressional da frase

Isolemos a segunda frase do parágrafo, que também não tem vírgulas:

As tentativas simultâneas de “desalavancagem” pelas vendas de ativos


e pela não-renovação de empréstimos deflagraram a contratação generalizada
do crédito.

Apanhe um lápis, leia a frase em voz alta e faça um sinal onde


provavelmente colocará uma barra marcadora de pausa. Coloque as barras e
leia a frase fazendo pausas nas suas marcações. Se a leitura não for agradável
é possível que a marcação deva ser refeita A marcação expressional exige a
leitura do texto em voz alta. Marcação com leitura silenciosa é sempre falha.
Agora fale o texto, verifique a frase com todas as marcações e confira a
marcação.

As tentativas simultâneas de “desalavancagem” / pelas vendas de ativos


/ e pela não renovação de empréstimos / deflagraram / a contração
generalizada do crédito.

Por ênfase, a palavra deflagraram ficou isolada entre duas barras


formando um grupo expresssional. No meio ou no final da frase, normalmente
um verbo pode ser isolado por ênfase ou para facilitar a leitura de palavra de
pronúncia difícil, como neste caso. No início de frase, por ênfase, um
substantivo isolado ou acompanhado de artigo pode formar um grupo
expressional. Advérbios também podem receber ênfase no início da frase.

Como marcar o texto para locução

Com lápis e borracha, faça a leitura preliminar da frase em voz alta.


Leia outra vez marcando os prováveis pontos das barras. Coloque as barras e
leia em voz alta o período novamente para verificar se a leitura com as
marcações ficou agradável. Se a leitura parece travada, refaça a marcação.

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Os grupos expressionais são assimétricos, apresentam tamanhos


diferentes. Essa regra é básica: os grupos devem ser sempre assimétricos.

Quando construídos grupos do mesmo tamanho a leitura fica


prejudicada: se forem todos curtinhos perdemos a modulação; se forem todos
longos outra vez ficamos com o problema da respiração. Evite colocar barras
que tornem os grupos expressionais simétricos.

Cada grupo expressional encerra parte da informação de forma


completa. Cada grupo, de certo modo responde a uma pergunta: As
expectativas de que pudéssemos ter pela frente I O quê? Uma depressão
global! Fizeram o quê? Exerceram enormes pressões contracionistas / Sobre
quem? Sobre os mercados financeiros.

Ao construir o grupo expressional alguns aspectos devem ser


observados. Siga estas dicas e faça boas marcações:

a) um grupo expressional tem como limite até 12 palavras, incluindo-se


na contagem artigos, preposições e conjunções. Além de 12
palavras, há no mínimo dois grupos expressionais separados por um
barra.

b) Verifique que o grupo inicial, início da frase, é um pouco maior que os


outros para facilitar a modulação do período. Para dar ênfase ao
início, esta rega pode ser quebrada. Na leitura de notícias é comum
um início de frase curto;

c) a palavra de ligação "e" pode ficar no mesmo grupo ou em grupos


expressionais separados. Quando liga duas orações normalmente
fica em grupos separados; quando liga substantivos, quase sempre
fica no mesmo grupo. Portanto, cada situação deve ser avaliada;

d) as palavras "que" e "de" ficam no final de grupo expressional para


evitar ênfase vazia na locução e própria da oratória, auxiliando o
orador a pensar. Noutras palavras: se for o caso, a barra ficará antes
destas palavras.

e) expressões de reforço como "é também" não devem ser isoladas em


grupo expressional por serem vazias de conteúdo. O mesmo, ocorre
com "é" e outros tempos de verbos de ligação. Depois de "é" e "é
também" não coloque barra, aumente o grupo expressional.

f) em algumas situações é possível duas alternaticas de marcação em


uma mesma frase. Pequenas variações individuais de marcação
também podem ocorrer nestes casos. Se existir dois modos de
marcação num mesmo período, escolha o de melhor ênfase.

g) a marcação expressional do texto com leitura em voz alta torna-se


atitude reflexa depois de dois meses de trabalhos diários. Pratique e
logo não precisará colocar barras para fazer locução de ótima
qualidade.

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3.3 Praticando a Marcação Expressional


Podemos marcar o texto, frase após frase, sem perder de vista o
conjunto, especialmente as modulações. Marque as frases e depois faça uma
leitura do conjunto para avaliar a marcação.

Para funcionar, a marcação deve ser feita com a leitura em voz alta do
texto. Marcação com leitura silenciosa leva a pausas equivocadas. Note que as
pausas estão na língua. Falando o texto, você rapidamente educa o ouvido
para fazer as marcações.

Depois de dois meses com estes exercícios, você naturalmente estará


apto a identificar os pontos das barras até com leitura silenciosa.

Marcação de textos curtos

"Os passageiros dos vôos internacionais da Varig vão poder conferir


até o dia 9 de maio um documentário sobre a vida de um dos maiores
escritores brasileiros. Com o título O Rio de Machado de Assis, conta com a
participação dos atores Paulo José e Fernanda Torres e traz um panorama da
capital carioca no século XIX. Renovado mensalmente, o especial faz parte
do Globosat no Ar, programa de variedades destinado ao entretenimento de
bordo." (Caderno de TV - Correio Braziliense, abril 99)

O texto é composto por três frases. Acompanhe a marcação:


Frase 1- Os passageiros dos vôos internacionais da Varig I vão poder
conferir até o dia 9 de maio / um documentário / sobre a vida de um dos
maiores escritores brasileiros. Por ênfase, um documentário forma um grupo
expressional.

Frase 2 - Com o título / O Rio de Machado de Assis, / conta com a


participação dos atores / Paulo José e Fernanda Torres I e traz um panorama
da capital carioca / no século XIX. A ênfase ficou aqui com o título do
documentário – O Rio de Machado de Assis. Não separe palavras em títulos.

Frase 3 - Renovado mensalmente, / o especial faz parte do Globosat no


Ar, / programa de variedades / destinado ao entretenimento de bordo. A
marcação coincidiu com as vírgulas. Em o especial evitamos uma ênfase.

Agora faça a leitura em ritmo de locução, parando apenas nas barras.


Este 'é o desafio da marcação expressional: para os leitores lentos, a
obrigação de ler os grupos expressionais sem pausas entre uma barra e outra;
para os leitores rápidos, a leitura disciplinada com modulação, com parada nas
pausas.

Os passageiros dos vôos internacionais da Varig / vão poder conferir


até o dia 9 de maio / um documentário / sobre a vida de um dos maiores
escritores brasileiros. Com o título / O Rio de Machado de Assis, / conta com a
participação dos atores / Paulo José e Fernanda Torres / traz um panorama da
capital carioca / no século XIX. Renovando mensalmente, / o especial faz parte
do Globosat no Ar, / programa de variedades / destinado ao entretenimento de
bordo.

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Façamos a marcação de novo texto, extraído do mesmo jornal e na


mesma data. Leia o texto abaixo em voz alta, faça a marcação e confira depois
com a que apresentamos. Evite olhar para o texto já marcado.

Depois de fazer o personagem X-Tudo, na TV Cultura, o ator Gérson de


Abreu vai incorporar um contador de histórias como apresentador do Vila
Esperança, na Record. O programa infantil está previsto para estrear no
segundo semestre, logo depois da Copa da França, diariamente de segunda a
sexta, ,às 10 da manhã. A idéia é incentivar a criatividade das crianças. Elas
não podem ficar passivas na frente da tevê", avisa o ator.

Marcação nas 4 frases.


Frase 1 – Depois de fazer o personagem X-Tudo, na TV Cultura, / o ator
Gérson de Abreu I vai incorporar um contador de histórias / como apresentador
do Vila Esperança, / na Record.

Verifique que depois de X-Tudo há vírgula mas não existe pausa


expressional. Por isso, não há marcação com barra. Neste caso, a leitura é
contínua, a vírgula é como sujo no papel. No entanto, depois de Vila
Esperança há vírgula e existe pausa expressional para dar ênfase ao novo
local de trabalho do ator: na Record. A barra ao lado da vírgula indica este
aspecto.

Frase 2 – O programa infantil I está previsto para estrear no segundo


semestre, I logo depois da Copa da França, I diariamente de segunda a sexta, /
às 10 da manhã.

O primeiro grupo expressional ficou curtinho para dar ênfase ao tipo de


programa que o ator realizará. As três vírgulas estão acompanhadas por barras
para indicar pausas de leitura; se não existissem as barras, não haveriam
pausas.

Frase 3 – A idéia I é incentivar a criatividade das crianças.

Ênfase no início da frase separando o sujeito do complemento, local que


a gramática indica que não pode ser virgulado. Pode não ter vírgula, mas existe
pausa na fala do texto. Lembramos que a barra não deveria se colocada depois
do verbo "é", numa ênfase vazia, limitadora da modulação.

Frase 4 – Elas não podem ficar passivas na frente da TV, / avisa o ator.

A única pausa está coincidindo com a vírgula. Faça a leitura em ritmo de


locução do texto marcado. Note que o ponto fica a descoberto, sem barra.
Mesmo o ponto final não deve receber barra. Menos ainda barras duplas.
Cobrir o ponto com barra quebra a modulação. É que o ponto aciona o nosso
reflexo de pausa longa.

Se colocamos a barra, quase sempre fazemos a pausa breve de quem


vai continuar a leitura no mesmo ritmo. O ponto fica sem barra, sempre. Leia
agora o texto marcado em voz alta. Faça modulação e encerre os finais dos
grupos com energia.
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Depois de fazer o personagem X-Tudo, na TV Cultura, / o ator Gérson


de Abreu / vai incorporar um contador de histórias I como apresentador do Vila
Esperança, / na Record. O programa infantil / está previsto para estrear no
segundo semestre, / logo depois da Copa da França, / diariamente de segunda
a sexta, / às 10 da manhã. ”A idéia / é incentivar a criatividade das crianças.
Elas não podem ficar passivas na frente da TV", / avisa o ator.

A marcação expressional da frase assegura:

a) clareza. A fala de pequenos blocos na frase, seguidos de pausas,


facilita a elaboração mental do ouvinte que ouve e raciocina
concordando, discordando ou deleitando-se com a mensagem;

b) organiza a respiração do locutor. Desse modo, basta respirar


corretamente nos momentos de pausa para fazer ótima locução;

c) ênfase expressional. Com a frase separada em trechos de leitura, o


grupo expressivo é lido com modulação e final forte, enfático, com
aumento da clareza e maior retenção da mensagem pelo ouvinte;

d) interpretação. Com o texto totalmente marcado, a interpretação é


obtida com facilidade. O destaque de palavras ou de grupos
fonéticos para dar ênfase, efeito irônico, ou outro efeito comunicativo
qualquer, enriquece a locução e abre caminho para a definição de
estilos, no rádio e na TV.

Nos exercícios iniciais de locução, siga os grupos expressionais fazendo


a leitura sem paradas intermediárias. Sem a leitura de um só fôlego do grupo,
não há modulação, não há locução. Com a continuidade dos exercícios, de
forma especial nas locuções mais rápidas, você perceberá que as barras quase
sempre indicam queda de modulação.

Nestes casos, as barras são indicativas de brevíssimas pausas na fase


descendente das inflexões. Escute com atenção as gravações em áudio
quando chegar a fase dos exercícios, para melhor aproveitamento do curso.
Eduque o ouvido repassando a gravação três vezes.

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QUESTIONÁRIO III
AVALIAÇÃO DE APRENDIZAD – A MARCAÇÃO DO TEXTO
Responda às questões formuladas abaixo.

1. Qual a função das normas gramaticais na elaboração do texto?

2. O que é leitura tradicional? E leitura expressional?

3. Quais os elementos da leitura oral dinâmica?

4. Qual a importância da clareza para o ouvinte? Qual a diferença entre ouvir e


escutar. Por que segmentamos o texto em grupos expressionais?

5. Qual a importância da clareza para o ouvinte? Qual a diferença entre ouvir e


escutar? Por que segmentamos o texto em grupos expressionais?

6. Qual a mais importante providência antes de marcar o texto?

7. Quais as observações básicas para fazer boas marcações no texto?

8. Qual o papel da ênfase na marcação expressional da frase?

9. Qual a unidade mínima de texto para marcação? Por quê?

10. Como a marcação do texto concorre para melhorar a respiração?

11. Que outros elementos são evidenciados com a marcação expressional?

12.É possível duas possibilidades de marcação na mesma frase?

13. Como deve ser feita a leitura do bloco expressional?

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4. SUAVIZADORES DA FALA E LEITURA DE LOCUÇÃO

A leitura de locução deve ser ágil e enfática. Estes aspectos, que não
são essências na fala comum, aumentam a retenção da mensagem. O ouvinte
deve acompanhar o locutor sem esforço – ouvindo naturalmente enquanto
realiza seus afazeres – e com a máxima clareza. Se a locução exige que o
ouvinte tenha que escutar com atenção concentrada nas afirmações do
locutor, é falha.

A agilidade da locução está ligada à velocidade da leitura-fala do


comunicador. Como regra geral, na locução utilizamos a velocidade média da
fala, cerca de cento e trinta palavras por minuto. Velocidade mais alta é
encontrada em transmissões esportivas. A velocidade da fala influi diretamente
nas modulações: quando rápida, quase não há modulações; se for lenta, a fala
fica com certo exagero, certo melismo (pegajoso como o mel) como em alguns
programas de músicas românticas.

O ritmo, além da velocidade, exige equilíbrio entre as modulações dos


grupos expressionais e as pausas. Como vimos, a velocidade da fala é muito
importante nas modulações, mas o ritmo também depende das pausas de
leitura. Se forem longas, quebram o ritmo; se forem curtas, prejudicam a
respiração do locutor e dificultam a compreensão do ouvinte. O ritmo é
conseguido com treinos de locução.

A ênfase liga-se à fala dos finais de frases, ao destaque de algumas


palavras e à projeção de voz. Ler-falar em blocos curtos – grupos
expressionais – permite manter uma reserva respiratória para fazer finais de
leitura-fala vivos e fortes. Também possibilita dar destaque a expressões e
palavras, aumentando a retenção do que é ouvido. Observe que agilidade,
ritmo e ênfase estão interligados e apenas de forma didática é que os
separamos para melhor compreensão.

4.1 Suavizadores da Fala


Um erro básico, cometido por pessoas que desejam demonstrar boa
dicção, apresenta-se na leitura de textos em que palavras são faladas
isoladamente, como se o falante desejasse saborear cada uma delas. Na
locução, o exagero de pausas em quase todas as palavras quebra
modulações. Dificuldades na leitura também podem decorrer do baixo nível de
escolaridade, da falta de hábito de leitura ou de problemas visuais do leitor.

Eufonia, a agradabilidade na fala encontrada na locução, é conseguida


com a leitura-fala de palavras que se ligam umas as outras, reduzindo o
excesso de pausas e permitindo maior modulação e, em consequência,
anulando a aspereza da fala.

A ligação se efetua entre algumas consoantes em final de palavra e


vogal que inicia a palavra seguinte, dentro do grupo expressional. A ligação
também é conseguida com a fusão de sons vogais que marcam final e início de
palavras vizinhas .
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Ligações com erres e esses

As palavras terminadas em esse ou erre, seguidas por outras iniciadas


por vogal, podem ligar-se formando um grupo fonético, como se fosse uma
palavra composta. Esta regra geral pode ser quebrada em três situações.
Primeiro, quando a ligação origina um cacófato – palavra de sentido
desagradável; segundo, quando se deseja dar ênfase a uma palavra; terceiro,
com nomes próprios evita-se a ligação.

Se a velocidade de leitura-fala é muito baixa fica quase impossível fazer


essa ligação em certas situações. Aspecto particular diz respeito às ligações
com os esses finais. Como o esse entre duas vogais tem o som de / z /, esta é
a forma apropriada de fazer a ligação. Leia a frase seguinte:

A euforia no mercado imobiliário vai se prolongar por um ou dois anos.

Observe que no final da frase, a leitura de por um é contínua como se


fosse uma única palavra – porum. Nos exemplos seguintes todas as palavras
terminadas por erre ligam-se à seguinte iniciada por vogal: por isso - por acaso
_ por exemplo - por hora - para viver a vida com alegria ... – apreciar a
natureza faz bem a saúde.

Ainda na leitura da frase citada como exemplo, dois anos também é um


todo fonético, como uma palavra composta na pronúncia doisanos >
doi(z)anos. Nos exemplos seguintes, essas ligações também são feitas na
leitura rápida de todas as palavras terminadas por esse e seguidas por outra
iniciada por vogal: As portas abertas incomodavam - Os carros agarravam-se
ao solo em cada curva. Cestas adornadas de flores embelezavam a festa -
compridas armações de ferro criavam a ilusão de coberta.

Observe que no nome próprio Ivair Alves de Sousa não fica bem ao
ouvido a ligação Ivair-Alves. Em nomes próprios raramente fazemos a ligação.
Noutras situações, utilize as ligações com erres e esses para boa eufonia. Note
apenas que elas são feitas dentro do mesmo grupo expressional. No limite
entre dois grupos evidentemente não há ligação.

Como exemplo, note que na frase Cestas adornadas de flores


embelezavam a festa temos dois grupos expressionais: 1. cestas adornadas de
flores e 2. embelezavam a festa. No grupo 1 existe a ligação esse-vogal em
cestas adornadas. E não existe a ligação flores/ embelezavam porque as duas
palavras estão em grupos expressionais distintos.

Claro que se a leitura for muito rápida, os dois grupos passam a formar
um só grupo expressional e, neste caso, também haveria ligação em flores-
embelezavam. Lembramos que a leitura lenta impede as ligações.

No passado, as palavras terminadas em / L / também originavam


ligações com vogais. Lembrança desse tempo encontramos na expressão Qual
é a música? Nela, o animador Sílvio Santos ainda faz a ligação: qualé a
música? Hoje devemos evitá-la.

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A palavra sul-americano deve ser lida como um todo, como se não


existisse o hífen (mesmo com o modismo da Globo de separar em duas partes
uma só palavra). O mesmo com pan-americano, pan-americana. Observe que
palavras terminadas em esse seguidas por outras iniciada por esse também se
ligam num todo fonético: ruas sinuosas, como compridas serpentes negras,
eram vistas em todas as direções.

O mesmo acontece com palavras terminadas em erre seguidas por


outras iniciadas por erre: Caminhar rápido, cada vez mais rápido... Em sua
bicicleta, ele procurava pedalar rente ao meio-fio. Comer rápido faz mal à
saúde.

Reduções

Os finais átonos – fracos – das palavras terminadas pelas vogais e e o,


e o artigo o, seguidos ou não de s, são pronunciados como /i / e / u/,
respectivamente: O amigo chegou imediatamente e logo retiraram o carro do
buraco. O estudante foi até o mirante e disse ao fotógrafo que seu amigo
chegara.

Os finais de palavras sublinhados são reduções. Observe que na


segunda frase a palavra até termina em e tônico (forte) e não segue a regra. A
leitura das palavras com final átono em e e o, sem redução, torna a fala
artificial, como se fosse pronúncia de estrangeiro: Ô estudantê ê ô amigô...

Crases

As crases são fusões de sons vogais semelhantes ligando palavras com


final e início com a mesma vogal. Estas ligações evitam o golpe de glote e
suavizam a fala. O golpe de glote é a separação que artificializa a fala na
leitura destes grupos de palavras, com esforço adicional das membranas
vocais, às vezes provocando um clique na garganta. As crases ocorrem com a-
a, e-e (com reduções) e o-o (com reduções). Leia a frase a seguir.

O fabricante e o distribuidor / sabiam que agora alcançavam vendas


máximas, / um marco em todo o mundo.

Nesta frase, as ligações indicadas são crases e a leitura deve ser feita
ligando final e início de palavra, como indicado. Observe que a fusão do
mesmo som provoca uma demora na fala que, conforme vimos antes, é
chamada duração. No exemplo, ( tee) tii, (aal) aal, (doo) duu. Como verificado
com as ligações em erres e esses, as crases também ocorrem no mesmo
grupo expressional.

Sinaletas

Para fazer modulação de voz com perfeição e anular totalmente a


aspereza da fala, na locução também são feitas ligações com sons vogais
diferentes. A agilidade da locução rápida (FM) exige essas ligações. Leia
rapidamente:
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Observe que a fusão do mesmo som / provoca uma demora na fala.

As marcações indicam que a leitura é continuada nos dois casos. No


primeiro, quiafusão (não diga qafusão); no segundo, provocaúma. As sinalefas
são as mais comuns ligações na fala de locução.
Mesmo quando a velocidade da leitura-fala é pequena, as sinalefas
estão presentes. Estas ligações entre palavras asseguram expressividade ao
locutor porque permitem a modulação da fala integralmente.

Na locução das emissoras FM saber fazer sinalefas é fazer locução de


alta qualidade. Abundantes na poesia, pois auxiliam na metrificação, no texto
comum em prosa não recebem o devido cuidado. Ao locucionar, faça as
sinalefas, emende as palavras sonoramente. Agora leia outra vez a frase já
vista antes:

O fabricante e o distribuidor / sabiam que agora alcançavam vendas


máximas, / um marco em todo o mundo

Observe que a frase já registrava crases. Agora identificamos também


as sinalefas. Na leitura de locução, as fusões de sons de uma palavra a outra
asseguram agilidade e caracterizam a fala especial dos locutores. Boa locução
faz-se com ligações em erres e esses, crases e sinalefas. A frase com crases e
sinalefas fica mais corrida:

O fabricante e o distribuidor / sabiam que agora alcançavam vendas


máximas / um marco em todo o mundo.

A condição fundamental para realizar as ligações, crases e sinalefas é


saber ler em voz alta com facilidade. Se você ainda não tem o hábito da leitura
falada, comece seus exercícios variando a velocidade de leitura.

Na leitura mais rápida, faça estas ligações e fusões de sons. Siga as


leituras iniciais do CD de apoio para ajustar sua capacidade de falar o texto em
voz alta. Quanto melhor for sua leitura, melhor será sua locução. Lembre-se de
que estas ações facilitam a modulação da fala do locutor.

4.2 Fala de Locução e Regionalismo

A locução é um canto e é também uma fala. A narração de uma partida


de futebol é como uma ária italiana. A locução de certos programas musicais
se aproxima do rap. Da mesma forma que o canto, a locução exige certa
interpretação. O poder comunicativo da locução está ligado a essa forma
"diferente" (para alguns artificial) da fala em rádio e TV.

É comum ouvirmos que o regionalismo está desaparecendo e que os


meios de comunicação eletrônica é que são os responsáveis. Não é bem
assim. Se observarmos um pouquinho, percebemos que a locução, em seu
sentido interpretativo e em suas modulações, é supra-regional, é diferente da
fala de qualquer lugar específico do País.

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O regionalismo se caracteriza por um andamento regional do falar e


pelo uso também local de certos vocábulos e fonemas. O andamento é que
muda na locução. Na busca da eficiência comunicativa, que se consegue com
as modulações dos grupos expressionais e com o toque interpretativo que a
caracteriza, a locução é uma fala nova, ou um cantar diferente, arte e técnica,

Os erres regionais, os /TI e /DI, os esses chiados continuam na locução


comum, regional. E se o locutor não vai mudar de região, funcionam muito
bem. Na locução aprimorada para as redes nacionais de TV, em especial, os
traços regionais de alguns fonemas como Irl, It/, Id/, Isl e /l/ devem ser atenuados
para evitar o bairrismo que deprecia esses aspectos da fala.

Neste caso, o /r/ forte do meio ou final de palavras de S. Paulo e Mato


Grosso; do sul e oeste de Minas Gerais, do interior de Goiás e do Sul do País
devem ser abrandados, suavizados. O esse chiado do Rio de Janeiro, do Pará,
do Amapá e de Pernambuco devem ser substituídos pelo esse agudo e não
excessivamente sibilante.

A forma de proferir os fonemas It/ e Id/ em titia e de dia na Paraíba, Rio


Grande do Norte e sul do Ceará, em locução, deve ser evitada fora da área. O
le/ aberto da Bahia pronunciado em palavras com feliz - féliz tem melhor
pronúncia como f(ê)liz fora do estado.

Hoje o /l/ gaúcho fora do Rio Grande do Sul - ele no meio de palavras, é
falado como Iu/. Cabe a você, locutor, locutora, avaliar com cuidado essas
mudanças, se for o caso.

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UNIDADE III

1. TÉCNICAS DE APRESENTAÇÃO DE PROGRAMAS

1.1 Apresentação dinâmica de programas

A locução mais popular é a encontrada na apresentação de programas


no rádio. Locuções que podem ser rápidas, lentas, alegres, irônicas, sérias,
distantes do ouvinte ou em contínuo contato com ele.

Os programas podem ter diversos formatos. No entanto, a locução de


qualidade é sempre um diferencial entre programas com a mesma estrutura.
Como técnica, a locução deve ser treinada em seus fundamentos. Os
exercícios que apresentamos a seguir asseguram ótima qualidade locucional.
Basta praticá-los para se tornar um locutor, ou uma locutora, com perfeição
técnica.

Programas curtos

Os programas iniciais deste capítulo são curtinhos, como o Notícias da


Hora já visto. Como novidade, você vai perceber um trecho musical por baixo
da fala e que também sobe e desce como cortina sonora. Este recurso técnico
denomina-se background ou, simplesmente, bg, também denominado fundo
musical.

Este recurso, conhecido ainda como música de fundo, acelera a


percepção de ritmo e auxilia o aprendizado rápido das técnicas de locução.

Os programas curtos aceleram a harmonização respiratória. É natural


nos primeiros dias que você encontre certa dificuldade em fazer os exercícios.
Siga os grupos expressionais, module, e logo vai perceber como é fácil fazer
locução. Procure seguir o padrão apresentado em áudio. Não tenha pressa em
seguir adiante.

Cada programa deve ser feito como exercício pelo menos quatro vezes
ao dia, três dias na semana. Só avance para o novo modelo quando estiver
seguro da sua qualidade de locução no último exercício.

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1.2 Programas de Notícias

1.2.1 Minuto da TV

É a participação do locutor em um programa apresentado por outro


comunicador. Também é denominado um quadro no programa.

A – Efeito sonoro inicial que vai a BG ( início alto que fica como música de
fundo)

Cumprimento ao locutor titular – apresentação das manchetes.


Olá, Ênio Silva. São estas as novidades de hoje:
• globo ecologia / revive o descobrimento do Brasil
• garota – sukita / torna-se mulher-gato.
• série da globo / nas escolas públicas brasileiras.

B – Bg sobe e desce ( O som de fundo fica alto e volta a ficar baixo)

O globo ecologia / entra no ritmo do Brasil quinhentos anos. O apresentador


Danton Mello e a equipe do programa / foram para Portugal / para reviver o
início da aventura do descobrimento. O telespectador também vai
desembarcar, / junto com o globo ecologia, / nas ilhas do Atlântico, / na África, /
na Índia, / no Japão e, é claro, / de norte a sul do País. Tudo para resgatar a
identidade do povo brasileiro / resultado da mistura de raças.

C – Dar bg ( o mesmo que BG – Background)

A garota-propaganda do comercial do refrigerante sukita, / Michele Macri, / vai


aparecer no zapping, / da Record. o programa vestiu Michele de mulher-gato /
e passeou com ela pelas ruas de São Paulo / para ver se o público descobria /
quem era a personagem e a atriz / por debaixo da máscara. A gravação
aconteceu quarta-feira passada / e ainda não tem data prevista / para ir ao ar.

D – Dar bg

A macrossérie A Muralha / recebeu o primeiro reconhecimento / pela pesquisa


histórica / feita pela equipe de produção. O vídeo com a obra / foi pedido pelo
Ministério da Cultura / que pretende exibir os capítulos de A Muralha, / nas
escolas públicas / como base para as aulas de história / sobre o início da
colonização brasileira.

E – Dar bg

F – Encerramento do quadro com assinatura (nome do locutor) ao final

Ênio, / são estas as nossas informações. da redação / .........(diga seu nome) /


para o minuto da TV / na sintonia FM.

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1.2.2 Outros programas para treinar


Programa em sintonia

Também é um quadro no interior de outro programa. Agora com


informações que orientam o ouvinte em diversos aspectos. Escute com
atenção e sinta o ritmo do bg. Procure fazer a locução no mesmo andamento
da música.

A - Abertura gravada do programa

B - Cumprimentos ao locutor titular e ao ouvinte

Bom dia / Franco. Bom dia a você ligado na sintonia FM. Estamos de volta /
com as informações da manhã.

C – Dar bg

Na UNB / sem vestibular


Ficam abertas até o dia seis de setembro / as inscrições para. o programa de
avaliação seriada / da Universidade de Brasília. O programa é destinado a
estudantes do ensino médio / e assegura o preenchimento de metade das
vagas da universidade / sem vestibular. Os inscritos realizam provas / no final
do primeiro, / segundo e terceiro anos. As melhores pontuações / ficam com as
vagas. Para novas informações / telefone / três - quatro / quatro - oito / zero -
um / zero - zero.

E – Dar bg

Juizado volante / para quem bater o carro


Para resolver conflitos de trânsito i o tribunal de justiça do distrito federal i criou
o juizado volante. o serviço opera com três viaturas. cada unidade móvel conta
com um conciliador i um perito i um motorista e os equipamentos necessários à
coleta de provas. Se baterem no seu carro / acione o copom. Telefone cento e
noventa, / ou ligue diretamente / para o juizado volante pelo três - três / quatro -
dois / oito mil.

E – Dar bg – notícia final

Feira do livro / muda de local.


A edição número dezenove / da feira do livro de Brasília / acontece de vinte e
cinco de agosto / a três de setembro. Este ano / terá cinquenta e sete estandes
/ e será realizada no Shopping Pátio Brasil, / na avenida W Três Sul. Os
organizadores do evento / aguardam, / com a mudança, / maior número de
visitantes. Um detalhe:
os sebos, / lojas de livros usados, / estão ameaçados de ficar fora da feira. Eles
não reservaram estandes / para o evento.

F – Dar bg – encerramento

Em sintonia volta amanhã às nove horas. Um ótimo dia para você. Da redação
I (diga seus dois nomes).

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1.3 Programa de Variedade

Iniciamos aqui os programas musicais. Siga o modelo no CD de apoio.


Faça as ligações em erre e em esse, as sinalefas e as crases. Module os
grupos expressionais no ritmo do bg. Ouça com atenção o texto gravado.

1.3.1 Programa Domingo Sucesso

Dar bg - Abertura

Alô Brasília / Alô gente amiga!


Pela 104,5 fm / estamos iniciando / o domingo sucesso!
Até as dez da manhã / informações / dicas da TV e muita música.
E no nosso domingo sucesso / você tem lugar especial.
Ligue três - três / quatro-cinco / dois-um / sete-quatro / e participe.
Temos muitos prêmios para você.
Sou (seus dois nomes como locutor(a)) / e conto com a sua sintonia.
Para começar em alto astral / o primeiro sucesso de hoje: ..................(nome da
música) / com ....................... (nome do cantor).

Dar bg - Comercial

Neste domingo / o bom motivo preparou a festa para você. São duzentos itens
a preço de custo. Um exemplo: coca cola / de dois litros / apenas dois reais.
Bom motivo / sempre uma loja pertinho de você.

Dar bg -

E agora informações para você:

Depois que assinou contrato com o SBT / e já imaginava que a sua vez tinha
passado / Carla Perez / finalmente / terá o seu programa. Neste início de
novembro / ela comandará o Dança Brasil. Programa voltado para crianças /
será educativo e cultural / divulgam no SBT. Bem .... / acredite / se
quiser.

- Dar bg

Estão abertas / a partir de amanhã / e até a próxima sexta-feira / as inscrições


para o concurso / com cem vagas / para fiscal do trabalho. O salário inicial / é
de quatro mil e quinhentos reais. As inscrições podem ser feitas / nas agências
do Banco do Brasil. Ótima oportunidade para você. Fature essa.

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- Dar bg

E continue ligando para o domingo sucesso: três-dois / quatro-cinco / dois-um /


sete-quatro. Você liga / e concorre a convites para o cine park quatro, / para o
lua-lua no pistão sul / e pode ganhar perfumes do Boticário / loja do conjunto
nacional / térreo. Ligue / ligue / e fature. E no domingo sucesso / para atender
a Clara no guará / a Ana Lúcia no sudoeste / Bete no bandeirante e Sílvia em
sobradinho / (nome do cantor) / com o sucesso nacional / (nome da música).

Dar bg - Encerramento

Agora nove e cinquenta e cinco. O tempo passou / e estamos chegando ao


final do programa. Ligaram e ganharam ingressos / para o cine park quatro:
Ana, Irene, / Carla, / Fernanda, / Bete e Luísa. Faturaram perfumes do Boticário
/ da nova loja do conjunto nacional / no térreo: Luana / Sandrina e Carlos Silva.

Passem até quarta-feira na portaria da 104.5 FM / para receber seus prêmios.


Gente aniiga / foi bom enquanto durou. Obrigado pelo carinho da sintonia.
Domingo / oito horas da manhã / estaremos de volta. Bom dia / Brasília.

IMPORTANTE

Note que nos programas musicais a fala de locução é mais dinâmica.


As pausas são feitas rapidamente e a modulação é mais ampla. Aumente um
pouco o tom/altura de voz para fazer estes exercícios, sem exagerar, sem
forçar a garganta. Não esqueça de falar/dizer o texto com um sorriso.

O final dos grupos expressionais – conjunto de palavras limitadas entre


duas barras – deve ser ágil e os erres e esses claros. Falar bem o final do
grupo expressional demonstra a qualidade da sua locução.

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1.3.2 Programa Agenda Capital


- Dar bg

Bom dia ouvinte da Rádio Capital / na sintonia da 92,5 FM.


Com você / das dez às onze da manhã / agenda capital / com informações
sobre a cidade / o País e o mundo.
E com os sucessos musicais do momento.
Participe pelo telefone 3244 - 2789.
Reclame / denuncie / cobre a prestação de serviço / ou solicite a sua música.
Eu / ................. / espero que esta quinta-feira / seja um bom dia para você.
Iniciamos nosso programa / com Marisa Monte / e o sucesso / não é fácil.
Capital FM / o som que informa.

- Fazer comercial testemunhal (lido ao vivo pelo locutor)

Nestas férias / solte a língua e fale muito bem. Fale em italiano / inglês / ou
espanhol / no instituto politécnico. Solte a língua no politécnico. Escolha o
idioma. politécnico - 3242 - 0039.

- Dar bg

A Arábia Saudita / aumentará sua produção de petróleo / em quinhentos mil


barris diários. A medida anunciada ontem / pelo ministro do petróleo da Arábia
Saudita, / Ali Ben Ibraim / afasta a alta no preço da gasolina / nos Estados
Unidos e no Brasil.

- Dar bg

O presidente Luís Inácio Lula da Silva / recebeu integrantes do MST / e


prometeu liberar verbas / para dez mil assentamentos. Lideranças do
movimento / cobram recursos para fixar no campo / neste ano / cem mil novas
famílias.

- Dar bg

O Distrito Federal / amanheceu com o segundo dia de greve dos rodoviários.


Ontem / depois de dez horas de negociações / patrões e empregados / não
chegaram a um acordo. Enquanto isso / a população sofre com a falta de
transportes / em Brasília.

- Dar bg

Agora / às dez e vinte em Brasília / o sucesso Resposta / do Skank / inicia o


bloco musical. Capital FM / o som que informa.

- Desanunciar bloco musical (dizer as músicas apresentadas de trás para


frente – imagine agora que foram passadas três músicas aqui)

Você ouviu / Sozinho / com Caetano Veloso. Antes / Canteiros com Fagner. Na
abertura do bloco musical / Skank / com Resposta.

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- Dar bg - fazer comercial testemunhal

Intelig / jogue conversa fora / não dinheiro. Disque vinte e três / e economize no
horário comercial. Acesse o nosso saite: w-w-w / ponto intelig / ponto com /
ponto br. Intelig / um jeito novo de fazer telecomunicações.

- Dar bg

O ex-deputado Roberto Jefferson / vai depor nesta terça-feira / na Polícia


Federal / sobre o escândalo de corrupção nos correios e telégrafos. Jefferson /
envolvido no episódio / foi o responsável pelas denúncias / que levaram à
descoberta do pagamento de propinas / a deputados federais / no esquema
denominado mensalão, na Câmara dos deputados.

- Dar bg

A usina nuclear angra dois / localizada em angra dos reis / litoral sul do estado
do Rio / está prestes a funcionar. Depois de vinte e três anos de espera / e de
sete e meio bilhões de reais acima do orçamento previsto / a usina vai gerar
trezentos mega uótes de energia elétrica / a partir da fissão do urânio.

- Dar bg

A visita do Papa Bento XVI ao Brasil / pode aumentar a participação dos


católicos / nas cerimônias religiosas. Fenômeno semelhante se verificou /
quando das visitas do ex-papa João Paulo Il / aos católicos brasileiros.
Estudiosos das ações do vaticano / afirmam que esta é uma das principais
finalidades da visita.

- Fazer comercial ao vivo ( comercial testemunhal)

O primeiro zero quilômetro / ninguém esquece. Pálio zero quilômetro / série


especial / em trinta e seis parcelas iguais / sem entrada / na Itália Veículos.
Este presente você merece. Itália Veículos / sia - trecho quatro.

- Dar bg

Termina aqui / o agenda capital. Agradeço a sua atenção / a sua sintonia / e a


participação no programa eu / ... / espero você amanhã / a partir das dez horas.
Tenha um ótimo dia. Vem aí / na capital FM / Hilton Araújo e o paradão de
sucessos. Bom dia / Distrito Federal.

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1.3.3 Programa de Coração a Coração

Agora / dez horas e dois minutos / em Brasília.


Abra o seu coração / pras coisas que eu vou contar.
Estamos iniciando o programa / de coração a coração, / aqui na Sintonia FM /
com as músicas que embalam os sonhos / e com os recadinhos de amor.
Ligue: três - dois / quatro - dois / cinco - cinco / três -sete / e mande o seu alô, o
recadinho de amor ou o seu beijo par alguém especial.
E peça a música que marcou aquele momento especial.
Receba o abraço amigo de .........................../ fico com você até a meia noite.
Iniciamos o programa de hoje / com Frank Sinatra - Yesterday
- Comercial ao vivo

Há um momento único para você. Prepare-se com Natura / perfumes


especiais. Natura / faz seus momentos inesquecíveis.

- Dar bg

Vamos aos primeiros recadinhos de amor / desta noite:


De Ana / para Elton / na Asa Sul: se a luz do sol é forte / imagine o meu amor
com a força de mil sóis. Te amo. De Carla / para Maurício / no Sudoeste:
benzinho / estou louca para ver as estrelas contigo. De André / para Selma / no
Guará: sua ausência foi como uma separação: me enlouqueceu o coração.
Volte agora Selma / volta amor / vamos amar.

E continue ligando três-dois / quatro-dois / cico-cinco / três-sete / e enviando


recadinhos de amor. Agora / para os apaixonados e sonhadores / o tema de
amor de Titanic. Sintonia FM - o som do coração.

- Comercial ao vivo

Momentos de amor / merecem conforto / num ambiente de sonhos. Suíte


especial / do Hotel Fujiama. Fujiama / no setor hoteleiro norte.

- Dar bg

Voltamos com novos recadinhos de amor. Lembramos que amanhã / será o dia
do julgamento / do concurso quadrinha do amor. Você ainda pode remeter até
três quadrinhas de amor / e concorrer a um passaporte especial / válido para
cinco noites / com tudo pago / no restaurante Chão Nativo.

Vamos agora aos recadinhos: de Carolina / para Eduardo / no gama: Edu foi
mau / realmente a culpa foi minha. / Mas por que ficar só? / Te espero hoje /
naquele lugar. De Antero / para Sayonara: bem, vai para o micarê / e de lá /
fugimos para o nosso cantinho.

Depois dos recadinhos / mais uma música romântica. Para os apaixonados de


todas as idades / Rita Lee – com Baila Comigo.

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- Comercial ao vivo (também chamado de comercial testemunhal)

Há um momento único para você. Prepare-se com Natura, perfumes especiais.


Natura / faz seus momentos inesquecíveis.

- Dar bg

Zero hora / em Brasília. Que pena! Chegamos ao final do programa. Obrigado


pela sua sintonia / e pela sua participação no programa de hoje. Amanhã / a
partir das dez horas da noite / estaremos de volta. Receba o abraço carinhoso
do (a) amigo (amiga) ............. .............( seu nome) . Bons sonhos e um bom
dia para você.

1.4 Programas Musicais

1.4.1 Programa Tarde Total

Olá gente amiga. Boa tarde Brasília / boa tarde Distrito Federal.
Estamos de volta com o Tarde Total.
Receba os cumprimentos do(a) amigo(a) ......................
Até as quatro da tarde, / música, / informação e muitos prêmios.
Ligue agora: três - quatro / dois-sete / cinco-nove / cinco-nove.
Peça a sua música e concorra a passaporte / para o cine Park Sete.
Concorra também a brindes para o dia dos pais / e a camisetas da Sintonia FM
/
a rádio do novo milênio.
Ligue agora: três - quatro / dois-sete / cinco-nove / cinco-nove e participe.
E já está rolando o primeiro sucesso / com Ivete Sangalo.
Brasília - Rio de Janeiro em uma hora / pela Tam.
Tam / conforto e rapidez. Ligue Tam – 0800 60 20 30.

Na seqüência musical / você ouviu as quatro estações / com Sandy e Junior.


No meio / Marisa Monte com Não é fácil / e na abertura do bloco / Carro velho
com Ivete Sangalo.

No giro da audiência / conosco nesta tarde: Ana e Sílvia no guará / Sheila e


Carlos no P Sul / Fábio e Helena no Setor ‘O’ / Carla e Elma em Sobradinho.
Também curtindo a Sintonia FM / Lúcia e Fátima na Samambaia / Aline e
Cosme em Taguatinga / Linda e Roberta no núcleo Bandeirante. Aqui vai um
abração a você na sintonia / da Sintonia FM.

Vá ligando: três-quatro / dois-sete / cinco-nove / cinco-nove / e fature os


prêmios sintonia. Agora mais um bloco musical. Iniciamos com Gilberto Gil /
Asa Branca.

Momentos especiais / momentos Natura.


Natura / perfumes inesquecíveis.

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Você ouviu no final do bloco / Caetano Veloso com London / london. No meio /
Lança perfume com Rita Lee. Na abertura do bloco / Gilberto Gil com Asa
branca.
Anote os sucessos / e participe da sequência sintonia dá de dez.

Participe dizendo os dez sucessos tocados na hora / e ganhe um abadá / para


o bloco Eva / no micarê. Quem liga Sintonia FM / já está concorrendo a
passaporte para o cine Park Sete / e à camisetas transadíssimas da Sintonia
FM.

Ligue agora: três-quatro / dois-sete / cinco-nove / cinco-nove. Ligue e fature.


Vamos rolar mais um sucesso: para Solange / Carlos / Rita / Sônia / Laura e
Bebel / ligadinhos na Sintonia FM / com Zezé de Camargo e Luciano / Pare.

Momentos especiais exigem conforto e segurança. Suíte especial do Hotel


Fujiama / em clima de sonhos. Hotel Fujiama / no setor hoteleiro norte.

Você curtiu KLB com Muito estranho / Rio Negro e Solimões com Frio da
madrugada / e na abertura do bloco / com Zezé de Camarco e Luciano / Pare.

Pois é / o tempo passou. Finalzinho de programa / galera. Solange / foi a


vencedora da sequência / sintonia dá de dez / e faturou o abadá para o micarê.
Parabéns / Solange.
Lucinha / Ana / Roberta / Ilma e Carlos / faturaram passaporte para o cine park
sete. Sílvia / Gorete / Flávia e Santinha / ganharam lindas camisetas da
Sintonia FM.

Você que faturou prêmio sintonia / passe na nossa portaria em horário


comercial / para receber seu brinde.

Ficamos por aqui.


Amanhã / a partir das duas da tarde / estaremos de volta / com muitos prêmios
para você. Obrigado pela audiência.
Um abração Brasília. Tchaaauuu gente amiga.

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1.4.2 Programa o Agito é Nosso

Oi gente, olá Brasília. Aumente o volume do seu rádio.


O agito já está começando. Esta é a sintonia 103,7 - FM.
Receba o abraço de ......................... Fico com você até as quatro da tarde.
Vamos rolar aqui as músicas que acontecem nas pistas de dança do país.
Nosso telefone é o três-dois / quatro-dois / dois-sete, dois-sete.
Basta ligar para participar do show de prêmios.

Ligue agora e concorra a cinco passaportes para a boate Milenium.


Concorra também a kits Sintonia FM, com camiseta, boné e CD sintonia.
Vou distribuir hoje cinco kits sintonia.
Ligue agora: três-dois / quatro-dois / dois-sete / dois-sete.
Para agitar a sua tarde, chegando .................( música e intérprete).
Sintonia Fm, o som do agito.

Neste domingo, um programaço para você. Na AABB, o rock sucesso de P. O.


Box. A agitação começa às quatro da tarde e vai até às dez da noite. Domingo
especial, na AABB. Domingo com P.O. Box. Ingressos nas lojas Discodil,
Discoteca Dois Mil e nas livrarias Siciliano.

Helder, Carlos e Tatiana ligaram de Taguatinga. Juliana, Selma e Andréa


estão na audiência da Sintonia FM em Ceilândia. Helena, Joyce, Karina e
Sílvia ligaram do Cruzeiro e estão concorrendo aos brindes de hoje. Irene,
Mara, Núbia, Luciana e Carla, na Asa Norte, estão ligadas aqui no agito e
também concorrem aos brindes Sintonia. Ligue três-dois, quatro-dois, dois-
sete, dois-sete, e fature os prêmios sintonia.

E vamos de música dançante. Este balanço há algum tempo foi sucesso e


continua como um hino aos que adoram um agito. Stay in love, na Sintonia
FM.

Tome nota: neste sábado, a partir de dez da noite o Minas Tênis Clube
promove a noite da Bahia. Música baiana com a banda Cheiro de Amor e
Netinho. Se ligue,
vá sacudir, vá balançar, no ritmo do som axé. Banda Cheiro de Amor e
Netinho no Minas Tênis Clube. Hoje, a partir das dez da noite.

Nosso abração à turma do agito: Pedro, Ana Cláudia e Jô em Planaltina.


Carmen, Hélio e Flávia no Riacho Fundo. João Bosco, Artur, Selene e Neuza
no Gama. Suzi e Liana em Santa Maria. Margarida e Telma no Guará.

Também recebendo o nosso abraço Carlinhos, Mesquita e Antônio José no


Valparaíso, Leandro, Kleber e Amália em São Sebastião e ainda: Válter,
Cândida, Vera e Solange na asa sul.

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Lembramos a você que a boate Milenium está de cara nova. Duas superpistas
de dança e uma nova programação. De quinta a domingo, agite no melhor
point de Brasília. Milenium, gente bonita e muita diversão para você. Quem
acontece, acontece na Milenium.

Agora rolando mais um agito pra você ligado na Sintonia FM. Agora o balanço
diferente, o balanço de kaled, com El arbi(í). Sintonia FM, o som do agito.
Depois do agito é tempo de amar. Depois da diversão é tempo de carinho.
Suíte especial do Hotel Fujiama. Segurança e conforto em clima de sonho.
Hotel Fujiama, no setor hoteleiro norte.

Na Sintonia FM, agito total, com as músicas que acontecem nas pistas
nacionais e internacionais. Sempre em nome da boate Milenium, o point de
Brasília, e do Hotel Fujiama, conforto e segurança em clima de sonhos.

Agora fique por dentro. Na próxima quinta-feira, o DJ convidado da boate


Milenium vem de São Paulo. É um dos DJs mais requisitados das noites
paulistanas. Quinta-feira, na boate Milenium, o comando será do DJ Marcão.
Você sabe, quem acontece, acontece na Milenium.

Nosso abraço a você prestigiando a Sintonia FM. Nosso abraço a Fabrícia,


Fernanda e Fabíola no Núcleo Bandeirante. À Rejane, Cássia e Lucinha de
Samambaia. À Bruna, Regina e Tonha em Águas Claras.

Agora mais um sucesso no Agito Total. Mais um sucesso com Tôto. Sintonia
FM, o som do agito.

Pois é galera, o programa já era. Estamos chegando ao final. Ganharam kits


Sintonia FM: Regina, Solange, Carlinhos, Fabrícia e Selene. Faturaram
passaporte para a Milenium: Artur, Cássia, Joyce, Vera e Antônio Carlos.

Você que faturou brinde Sintonia, passe em nossa portaria, até as oito da
noite, e receba seu prêmio. Valeu pela sua participação no programa, pela sua
sintonia na Sintonia FM. Obrigado galera. Espero que o seu final de semana
seja sen-sa-ci-o-nal.

No próximo sábado, duas da tarde, temos um encontro marcado no Agito


Geral, aqui na 103,7 FM. Grandes agitos para você na semana. Até lá, gente
amiga.

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