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Direito Processual Civil - Petição inicial e posturas do juiz diante da petição

1. O PROCEDIMENTO (VISÃO GERAL DO PROCEDIMENTO COMUM)

O procedimento, tradicionalmente, é examinado como sendo a forma através da qual os atos


processuais são encadeados um após o outro com o objetivo de viabilizar o julgamento da causa. O
procedimento é a exteriorização do processo.

Modernamente, o italiano Elio Fazzalari, que estuda o procedimento administrativo, afirma


que o procedimento é a produção de atos sucessivos voltados para a prática de um ato final. Essa
teoria foi introduzida no Brasil pelo Dinamarco.

Seja qual for o procedimento, ele será composto pelos chamados elementos estruturais.
São eles: a demanda, a citação, a resposta, a instrução e a decisão.

Dependendo do tipo de procedimento, os elementos estruturais podem estar extremamente


coesos de tal forma que não seja possível distingui-los; em outras espécies de procedimentos, eles
se mostrarão perfeitamente delineados. Certo é, no entanto, que eles sempre estão presentes.

Geralmente, o procedimento adotado será o comum; se, porventura, a demanda estiver


expressamente prevista como sendo hipótese de utilização de alguma outra espécie de 1
procedimento, o procedimento comum será subsidiariamente observado.

Art. 318. Aplica-se a todas as causas o procedimento comum, salvo disposição em contrário deste
Código ou de lei.

Parágrafo único. O procedimento comum aplica-se subsidiariamente aos demais procedimentos


especiais e ao processo de execução.

O procedimento comum possui quatro fases:

a) Postulatória: envolve a inicial, a citação e a resposta;

b) Saneamento ou ordinatória: é fase geralmente difusa no processo, tendo como marco


final, em tese, o despacho saneador; diz-se que o início do saneamento começa após o fim do prazo
de resposta;

c) Instrução: fase de produção probatória, na qual os pontos controvertidos fixados no


despacho saneador serão discutidos sob o crivo do contraditório;

d) Julgamento.
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2. PETIÇÃO INICIAL

A petição inicial é o instrumento que dá início ao processo, o qual já existe desde seu
protocolo ou registro. Ela também tem a função de identificar a demanda, decorrência natural da
necessidade de menção às partes, causa de pedir e pedido (elementos da ação). Essa segunda
característica permite alguns efeitos:

a) Aplicação do princípio da congruência, indicando os limites objetivos e subjetivos da


sentença;

b) Verificação de eventual litispendência, coisa julgada ou conexão;

c) Fornece elementos para a fixação da competência;

d) Indica desde logo ao juiz a eventual ausência de alguma das condições da ação;

e) Pode influenciar na determinação do procedimento.

Ela é um instrumento solene, já que requer o atendimento de requisitos fixados em lei, os


quais, se inobservados, podem gerar nulidade absoluta ou relativa, aquela causando o indeferimento
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da inicial, esta sendo motivo de determinação da emenda.

2.1. REQUISITOS ESTRUTURAIS DA INICIAL NO PROCEDIMENTO COMUM

Os requisitos abaixo são os previstos para o procedimento comum. Em procedimentos


diferenciados, costuma haver algumas variantes.

a) Forma escrita: como regra, a inicial deve ser escrita, datada e assinada por advogado,
somente sendo admitida a petição inicial de forma oral nos Juizados Especiais Cíveis e no
procedimento especial da ação de alimentos. Ainda assim, nesses casos o pedido deverá ser
atermado pelo servidor da Justiça.

b) Firma de advogado legalmente habilitado: as iniciais devem contar com a assinatura


de advogado, salvo nos casos de:

i. Não haver advogado na comarca, ou, se houver, todos se negarem a patrocinar a


causa. Apesar de o art. 103, NCPC, não trazer essa possibilidade, a doutrina entende pela
aplicação da regra que era prevista no CPC pretérito;

ii. Habeas corpus;


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iii. Juizados Especiais Cíveis, na primeira instância, em causa de até 20 salários


mínimos. Se federais, até 60 SM;

iv. Justiça do Trabalho, nas instâncias ordinárias.

c) Endereçamento: deverá o juízo competente, seja ele de primeiro ou segundo grau, ser
identificado;

d) Verificação das partes: deve constar na inicial, no preâmbulo, a indicação das partes
e sua qualificação, com indicação de nome completo, estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, domicílio e residência. Isso se presta a permitir a citação e
a individuação dos sujeitos processuais.

Quando se tratar de pessoa jurídica na propositura de ação, é fundamental que a inicial venha
acompanhada do estatuto social e da documentação que comprove a regularidade da representação.
Na Justiça Federal, tem sido exigida também o comprovante de cadastro do CNPJ na receita federal,
o qual pode ser retirado de graça pela internet;

e) Fato e fundamento jurídico do pedido: a exposição de ambos materializa a causa de


pedir; a causa remota é o fato real, da vida, enquanto a causa próxima ou imediata é o fundamento
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jurídico. A causa de pedir é o fato ou conjunto de fatos jurídicos e a relação jurídica, trazidos pelo
demandante como fundamento de seu pedido.

Logo, não basta a indicação da relação jurídica, efeito do fato jurídico, sem que se indique qual o fato
jurídico que lhe deu causa – teoria da individualização. Conforme já visto anteriormente, o Brasil adotou
a teoria da substanciação impura da causa de pedir.

Lembrar que não se pode confundir fundamento jurídico com fundamentação legal, a qual é
dispensável; afinal, iura novit curia.

f) Pedido: petição inicial sem pedido é inepta. As características do pedido serão


analisadas em material próprio.

g) Valor da causa: será visto adiante. Tem grande importância na Justiça Federal, já que
o valor da causa pode ou não determinar a competência absoluta dos Juizados Especiais Federais.

h) Indicação dos meios de prova

i) Requerimento de citação do réu;

j) Opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação;


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k) Indicação do local onde o patrono receberá intimações, seu número de inscrição na


Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa: previsão
do art. 106, I.

l) Outros documentos indispensáveis à propositura da ação: previsão aposta no art. 320,


variará de acordo com cada demanda.

2.2. EMENDA DA INICIAL

Se a petição estiver irregular por lhe faltar algum dos requisitos, o magistrado deverá intimar
o autor para emendá-la, no prazo de 15 dias. Se a primeira emenda não foi satisfatória, permite-se
nova emenda. No caso de falta de endereço do patrono, o prazo de emenda será de 5 dias,
conforme art. 106, § 1º.

Esses prazos podem ser dilatados pelo magistrado, a depender do caso concreto e a pedido
das partes.

A EMENDA DA INICIAL É UM DIREITO SUBJETIVO DO AUTOR, não podendo o juiz


indeferi-la, sendo o defeito sanável, antes de determinar sua sanação.
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A decisão do juiz que determina a emenda deve ser, assim como qualquer decisão judicial,
fundamentada, sendo passível de agravo de instrumento. No entanto, o STJ por várias vezes já
entendeu que a decisão que determina a emenda é um mero despacho, sendo, pois, irrecorrível.

Se o autor não atender o chamado do juízo, não emendando a inicial, será caso de
indeferimento da inicial, com consequente extinção do processo sem julgamento de mérito.

NÃO SÃO PASSÍVEIS DE EMENDA DEFEITOS RELACIONADOS ÀS CONDIÇÕES DA


AÇÃO (CARÊNCIA DE AÇÃO) E QUANDO HOUVER DECADÊNCIA OU PRESCRIÇÃO.

2.3. INDEFERIMENTO DA INICIAL (ARTS. 330 E 331)

A inicial somente deve ser indeferida se não houver a possibilidade de correção do vício ou
se o autor não a tiver emendado no prazo fixado pelo juiz. Também poderá haver o indeferimento se
as sucessivas emendas não forem capazes de sanar seu defeito

SE HOUVER INDEFERIMENTO PARCIAL DA INICIAL, CABERÁ AGRAVO DE


INSTRUMENTO, JÁ QUE A DECISÃO SERÁ UMA INTERLOCUTÓRIA. SE HOUVER
INDEFERIMENTO TOTAL, CABERÁ APELAÇÃO.
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Se o indeferimento for em sede de tribunal, em causa de competência originária, caberá


agravo interno em sendo o julgamento monocrático, seja o indeferimento total ou parcial; se for do
órgão colegiado, caberá REsp, RExt, recurso ordinário constitucional ou embargos infringentes, a
depender do caso.

APÓS A CITAÇÃO, NÃO MAIS SERÁ POSSÍVEL INDEFERIR A INICIAL JÁ ADMITIDA.


Se, posteriormente, o magistrado reconhecer sua inépcia, o que pode ser feito a qualquer tempo, ele
deverá simplesmente extinguir o processo sem exame de mérito.

Se o autor apelar da sentença que indefere a inicial, caberá o juízo de retratação pelo órgão
prolator no prazo impróprio de 5 dias (art. 331).

Não havendo retratação, o réu será citado para contra-arrazoar. Não interposta apelação,
haverá a intimação do réu acerca do trânsito em julgado. Nesse sentido:

Art. 331.

(...)

§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.
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§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da
intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334.

§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

2.3.1. HIPÓTESES DE INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL (ART. 330)

A petição inicial será indeferida quando houver:

a) Inépcia: a inépcia gira em torno de defeitos vinculados à causa de pedir e ao pedido.


São defeitos que não apenas dificultam, mas impedem o julgamento do mérito da causa. São
hipóteses de inépcia:

i. Ausência de pedido ou de causa de pedir;

ii. Quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

iii. O pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o


pedido genérico;

iv. Quando os pedidos forem incompatíveis entre si.


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b) Manifesta ilegitimidade de parte: é causa de carência de ação, mas sem tornar a inicial
inepta; o artigo exige que a ilegitimidade seja manifesta. Entretanto, pode o juiz indeferir a inicial
mesmo se não for ela manifesta, mas se convencendo ele da inépcia, seja a parte ilegítima autor ou
réu. Lembrar que a ilegitimidade da parte pode ser reconhecida a qualquer tempo. Porém, se após
o recebimento da inicial, o processo não será extinto por indeferimento da mesma (preclusão lógica),
mas sim por carência de ação.

c) Falta de interesse de agir: outra das condições de ação, cuja ausência leva à carência
de ação e indeferimento da inicial, mas não por sua inépcia;

d) Quando não atendidas as prescrições do art. 106 e 321: ocorre se a inicial não indicar
o endereço do patrono do autor, após determinada a emenda.

Hipóteses não previstas no NCPC:

e) Prescrição ou decadência: trata-se da única hipótese em que o indeferimento da inicial


se dará mediante uma sentença que julga o mérito, fazendo coisa julgada material.

f) Erro de procedimento: quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não


corresponder à natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será indeferida se puder
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adaptar-se ao tipo de procedimento legal.

2.4. O PEDIDO

2.4.1. CONCEITO E DIVISÃO

O pedido é aquilo que se pede, a pretensão material deduzida em juízo. Pedido imediato é
a providência jurisdicional que se pretende (condenação, constituição, declarar etc.). Pedido mediato
é o bem jurídico que o demandante espera proteger com a tomada da providência.

Importante salientar que, ainda que se indique que o pedido deva vir expresso ao final da
petição inicial, na parte de requerimentos, pode o tribunal conceder tutela com base nos pedidos
efetivados ao longo da fundamentação, ainda que não tenham sido reiterados ao final da petição.
Nesse sentido:

A Turma, entre outras questões, entendeu que não houve pedido inicial explícito do MP no sentido de
que qualquer construção fosse demolida, nem mesmo de que fossem suspensas as atividades da ora
recorrente, ao propor a ação civil pública (ACP) de responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente. Porém essa simples constatação não conduz à nulidade por desobediência do dever de
adstrição ao pedido. A jurisprudência deste Superior Tribunal entende que o pedido não deve ser
extraído apenas do capítulo da petição reservado aos requerimentos, mas da interpretação
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lógico-sistemática das questões apresentadas pela parte ao longo da petição. (STJ, REsp
967.375-RJ)

2.4.2. REQUISITOS

O pedido deve ser certo e determinado (ou determinável).

Certo é o pedido expresso, sem obscuridade, que não seja vago. Aplica-se tanto ao pedido
mediato quanto ao pedido imediato.

Determinado é o pedido delimitado em relação à qualidade e à quantidade do bem


pretendido; a determinação não precisa ser total, já que muitas vezes somente se poderá fixar
exatamente o quantum debeatur na fase de liquidação.

Admite-se, todavia, a formulação de pedidos implícitos ou genéricos conforme indica o art.


324:

§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;


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II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;

III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu

2.4.3. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

2.4.3.1. CUMULAÇÃO PRÓPRIA: SIMPLES OU SUCESSIVA

A cumulação própria ocorre quando se formulam vários pedidos, pretendendo-se o


acolhimento de todos.

Será cumulação simples quando as pretensões não tiverem entre si relação de precedência
lógica, podendo ser analisadas uma independentemente da outra.

Será cumulação sucessiva quando os pedidos guardarem um vínculo de precedência lógica


entre si: o acolhimento de um pressupõe o acolhimento do anterior. V.g.: a pessoa pretende obter
um carro de uma concessionária; obtido, pretende que esse carro já venha segurado conforme
promoção por esta prometida.
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2.4.3.2. CUMULAÇÃO IMPRÓPRIA: SUBSIDIÁRIA OU ALTERNATIVA

É a formulação, pelo autor, de vários pedidos ao mesmo tempo, de modo que apenas um
deles seja atendido. O acolhimento de um implica na exclusão do outro.

Ocorrerá a cumulação subsidiária ou eventual (art. 326) quando o autor estabelecer uma
hierarquia de preferência entre os pedidos: o segundo somente será examinado se o primeiro for
rejeitado, assim em diante. Se o juiz acolher o pedido principal, estará dispensado de examinar o
subsidiário, O QUAL NÃO FICARÁ ACOBERTADO PELA COISA JULGADA, JÁ QUE NÃO FOI
EXAMINADO. Se o magistrado examinar o pedido subsidiário sem examinar o principal, estará
atuando per saltum, logo, cometendo error in procedendo. Agora, se o magistrado rejeitar o pedido
principal, mas acolher o subsidiário, o principal também restará acobertado pela coisa julgada.

Se somente o pedido subsidiário for acolhido, poderá o autor recorrer da decisão, já que ao
estabelecer a hierarquia de preferência, definiu o que lhe é mais interessante. Para a 1ª e 4ª Turmas
do STJ, se acolhido totalmente um dos pedidos, mesmo que o subsidiário, o autor será vencedor da
causa, não podendo ser condenado ao pagamento de verbas sucumbenciais.

EMENTA. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CUMULAÇAO EVENTUAL DE PEDIDOS. 8


ARTIGO 289, DOCPC. ACOLHIMENTO DO PEDIDO SUBSIDIÁRIO. SUCUMBÊNCIA INTEGRAL DA
PARTE ADVERSA.

1. É cediço, à luz do artigo 289, do Código de Processo Civil, que "é lícito formular mais de um pedido
em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conheça do posterior, em não podendo acolher o anterior."

2. A cumulação eventual de pedidos encerra o intuito do autor de ter acolhida uma de duas ou mais
pretensões deduzidas, apresentadas em ordem de preferência, que há de ser considerada pelo
magistrado no julgamento da demanda.

3. “Consectariamente, acolhido um dos pedidos formulados pelo autor em cumulação eventual, a


sucumbência da parte adversa é total, inadmitindo-se a reciprocidade sucumbencial. Neste sentido,
assevera a doutrina especializada.” (STJ, 1ª T. REsp 616918 MG 2003/0229095-0, Rel. Min. Luiz Fux,
DJ 01.08.2006 p. 367.)

“Formulado pedido subsidiário pelo autor, para o caso de reconhecimento da concorrência de culpas,
os encargos da sucumbência hão de ser carreados por inteiro ao réu [...] Por derradeiro, desassiste
razão, outrossim, ao Banco..., no que tange à distribuição dos encargos da sucumbência. É que o autor
teve o cuidado de, em sua peça exordial, formular um pedido subsidiário, conforme lhe facultava o
artigo 289 do CPC, para o caso de ser reconhecida, como o foi, a culpa concorrente“ (STJ, 4ª T., REsp
52.750/PE, Rel. Min. Barros Monteiro, ac. 12.09.1994, DJU 14.11.1994, p. 30.962.)

No entanto, a Corte Especial adotou entendimento distinto, admitindo a sucumbência


recíproca:
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A cumulação imprópria subsidiária de pedidos, também chamada de eventual por alguns


doutrinadores, está regulada no art. 289 do CPC e se faz presente quando o autor formula dois ou mais
pedidos excludentes em ordem de hierarquia fixada na petição inicial, os quais somente deverão ser
examinados e eventualmente acolhidos no caso de ser rejeitado o pedido imediatamente anterior.
Dessa forma, EVIDENCIA-SE, NA CUMULAÇÃO SUBSIDIÁRIA DE PEDIDOS, HAVER PARCIAL
SUCUMBÊNCIA DA PARTE QUE NÃO TEVE SUA PRETENSÃO ATENDIDA NA EXTENSÃO QUE
PREFERENCIALMENTE DESEJAVA. Assevera que, nesses casos, a solução a ser adotada para
resolver a controvérsia passa, em um primeiro momento, pela classificação do pedido, para que então
possa ser definido o regime jurídico a ele aplicável, sobretudo quanto aos honorários advocatícios e ao
interesse de recorrer. Diante do exposto, os embargos de divergência foram providos de acordo com
a orientação do acórdão paradigma de que, havendo a rejeição do pedido principal e o acolhimento de
outro subsidiário, estará configurada a mútua sucumbência, PODENDO AINDA O JUIZ, NO CASO
CONCRETO E COM RESPALDO NA EQUIDADE, ATRIBUIR OS ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA
INTEGRALMENTE AO RÉU, QUANDO RECONHECER A SUCUMBÊNCIA MÍNIMA DO AUTOR
NAQUELES CASOS EM QUE HÁ PARCIAL EQUIVALÊNCIA ENTRE OS PEDIDOS PRINCIPAL E
SUBSIDIÁRIO. (STJ, Corte Especial, Informativo 441, EREsp 616.918-MG)

Ocorrerá cumulação imprópria alternativa (art. 325, p. ún., CPC) quando o autor formula
mais de uma pretensão, para que uma ou outra seja acolhida sem qualquer hierarquia, ou seja,
quando há mais de uma forma de cumprimento da prestação. Não havendo interesse recursal no
caso de acolhimento de um dos pedidos, os ônus sucumbenciais recaem sobre o réu.

O valor da causa será o do pedido que tiver o maior valor nesse caso.
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2.4.3.3. CUMULAÇÃO INICIAL E CUMULAÇÃO POSTERIOR

Será inicial quando veiculada pela petição inicial; será ulterior quando a parte agregar novo
pedido à sua demanda já no curso do processo. São exemplos de cumulação posterior: aditamento
do pedido e o ajuizamento de ação declaratória incidental.

2.4.3.4. REQUISITOS PARA A CUMULAÇÃO

Art. 327. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda
que entre eles não haja conexão.

§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:

I - os pedidos sejam compatíveis entre si;

II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;

III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação
se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais
diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos
cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum.
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§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.

a) Competência: se os pedidos forem de competência de juízos com competência abso-


luta diferentes, somente prosseguirá no juízo proposto o pedido de sua competência, indeferindo de
plano o outro. Trata-se de extinção parcial do processo. Caso se trate de incompetência relativa, a
cumulação só será possível se o réu não propor exceção de incompetência. Proposta, há de ser
extinto também parcialmente o processo, já que o juiz não irá determinar que sejam tiradas
cópias da inicial para que o outro juízo julgue parcialmente a causa.

b) Compatibilidade dos pedidos: é requisito da cumulação a compatibilidade lógica dos


pedidos entre si.

c) Identidade do procedimento ou empregar o procedimento comum, sem prejuízo do


emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se
sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o
procedimento comum.

Apesar de não ser possível a alteração objetiva da demanda após a citação (sem
concordância do réu) ou após o saneamento (mesmo com a concordância do réu), em decorrência 10
do PRINCÍPIO DA ESTABILIZAÇÃO DA DEMANDA, correções de erros materiais poderão ser
promovidas a qualquer tempo.

Art. 329. O autor poderá:

I - até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento


do réu;

II - até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento
do réu, assegurado o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo
de 15 (quinze) dias, facultado o requerimento de prova suplementar.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir.

2.4.4. TIPOLOGIA

2.4.4.1. PEDIDO IMPLÍCITO E INTERPRETAÇÃO DO PEDIDO

É pedido que, embora não explicitado na demanda, compõe o mérito do processo por força
de lei; mesmo que a parte não peça, deve o magistrado examiná-lo e decidi-lo. São exemplos de
pedidos implícitos:

a) Correção monetária;
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b) Honorários advocatícios;

c) Juros moratórios;

d) Ressarcimento das despesas processuais;

e) Parcelas vencidas no decorrer do processo em obrigações periódicas (art. 323);

f) Alimentos, em ações de paternidade.

2.4.4.2. PEDIDO GENÉRICO (ART. 324)

Ocorre em situações excepcionais previstas em lei. Tais situações devem ser interpretadas
sempre restritivamente. São elas:

a) Nas ações universais, se o autor não puder individuar na inicial os bens demandados.
Ações universais são aquelas em que a pretensão recai sobre uma universalidade, seja ela de fato
ou de direito. Exemplo que pode ser dado é o financiamento concedido pela CEF para plantio de
lavoura de café, onde a garantia dada é o direito de usufruto da lavoura;

b) Nas ações indenizatórias, quando não for possível determinar, definitivamente, as 11


consequências do ato ou fato;

c) Quando a determinação do valor da condenação depender de ato a ser praticado pelo


próprio réu.

Nos pedidos genéricos, somente poderá ser genérica a quantidade, devendo o gênero
ser determinado. Em todas as hipóteses em que o pedido for genérico, poderá o juiz prolatar
sentença ilíquida, salvo nos juizados.

Lembrar que não se considera ilíquida a sentença cuja precisa determinação do quantum
debeatur depende exclusivamente de cálculos aritméticos.

2.5. O VALOR DA CAUSA (ARTS. 291 A 293)

Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico
imediatamente aferível.

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos
e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;
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II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a
resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;

III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;

IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem


objeto do pedido;

V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;

VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos
eles;

VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;

VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.

§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.

§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo
indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das
prestações.

§ 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se 12
procederá ao recolhimento das custas correspondentes.

Art. 293. O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor,
sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação das
custas.

2.5.1. CONTROLE DO VALOR DA CAUSA

Muitas vezes na Justiça Federal advogados ardilosos, especialmente quando na demanda há


pedidos de compensação por danos morais, colocam valores absurdos, que sabem não irão
conseguir, somente para fugir do JEF e ter condenação em honorários em primeira instância. A
questão assim é: pode o juiz diminuir de ofício o valor da causa para adequar ao rito do JEF,
impedindo a fuga do juízo natural para processar e julgar o feito?

Não se trata de matéria pacificada na jurisprudência, mas há entendimento pela possibilidade.

2.6. O ART. 330, § 2º

Art. 330.

§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de
financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição
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inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor
incontroverso do débito.

§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo
contratados.

Trata-se de requisito específico para demandas cuja inicial versem sobre discussão de
obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento ou alienação de bens.

Com o crescimento desses tipos de ações judiciais, acabou-se criando-se a falsa presunção
de que enquanto estivesse tramitando judicialmente a ação, o consumidor poderia suspender o
pagamento das parcelas do seu financiamento, por exemplo. O que não corresponde à realidade.

Desta forma, o novo artigo 330, § 2º, do CPC deixa claro que se o advogado não esclarecer
na petição inicial quais os valores que entende serem indevidos e quais os valores entende serem
incontroversos, o juiz certamente determinará que ele emende a petição inicial sob pena de extinguir
o feito sem julgamento de mérito por inépcia da petição inicial.

3. JULGAMENTO PRELIMINAR DE MÉRITO – A IMPROCEDÊNCIA PRIMA 13


FACIE

Improcedência prima facie ou, na linguagem do CPC atual, improcedência liminar do pedido
ocorre quando o pedido do autor é indeferido, COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO, sendo a sentença
ou acórdão aptos a ficarem amparados pela coisa julgada material.

ELA É PROFERIDA SEM OUVIR O RÉU, MAS EM FAVOR DELE. Em relação ao contra-
ditório para o autor, este ficará garantido pela recorribilidade da decisão e pela retratabilidade da
sentença de que se pode valer o juiz.

Se o juiz manter a decisão, deverá citar o réu para apresentar contrarrazões de apelação.

Se a improcedência do pedido transitar em julgado, o escrivão deverá comunicar ao réu


sua vitória, para que possa alegar objeção de coisa julgada material, caso o autor renove a
demanda.

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu,
julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:

I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;


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II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;

III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de


competência;

IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

§ 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a
ocorrência de decadência ou de prescrição.

§ 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos
do art. 241.

§ 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

§ 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e,


se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15
(quinze) dias.

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