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MÉTODOS DE VALORAÇÃO APLICADOS AO


PAGAMENTO DE SERVIÇOS AMBIENTAIS (PSA)

INTRODUÇÃO

A preocupação crescente e impreterível com a escassez dos recursos naturais


consubstanciada com a incerteza dos rumos do futuro das próximas gerações fez surgir no
conceito de desenvolvimento sustentável a visão de uma solução conciliadora entre crescimento
econômico e o uso sustentável dos recursos naturais. Alvarenga (1992) relata que no ano de
1988, o Conselho da FAO apresentou a seguinte definição para Desenvolvimento Sustentável:
É o manejo e conservação da base dos recursos naturais e a orientação da
alteração tecnológica e institucional, de tal maneira que se assegure a contínua
satisfação das necessidades humanas para as gerações presentes e futuras. Este
desenvolvimento viável (nos setores agrícola, florestal e pesqueiro) conserva a
terra, a água e os recursos genéticos vegetais e animais, não degrada o meio
ambiente e é tecnicamente apropriado, economicamente viável e socialmente
aceitável. (ALVARENGA, 1992)

O Desenvolvimento Sustentável (DS) refere-se a mudança, implicando em melhorias,


conforme Goodland e Ledec (1987) ao acentuarem que “existem limites e faz-se necessário
reconhecê-los e o desenvolvimento sustentável é visto como um meio para não admiti-
los.”(GOODLAND & LEDEC, 1987). No pensar de Fearnside (1977) o desenvolvimento é a
“criação de uma base econômica de suporte de uma população, onde o objetivo final é o bem
estar e os benefícios gerados para a população” (FEARNSIDE, 1977).
Exsurge a necessidade das discussões sobre as mudanças dos paradigmas evidenciados
com o trabalho de conscientização emanado pela Educação Ambiental (EA), e assim, Zaneti
(2003) leciona que:
Os valores que dizem respeito ao TER cristalizam ações no sentido de possuir,
guardar, segurar e reter, ao passo que valores que dizem respeito ao SER
permitem compartilhar, doar, cooperar e respeitar a integridade do outro e da
natureza com inteireza, solidariedade e justiça. (ZANETI, 2003) (grifo do autor)

As políticas públicas ambientais e a base econômica solidificam a ideia de Silva (2003) que
progresso tem-se constituído com o desenvolvimento de metodologias para valoração econômica
dos custos e benefícios ambientais. O presente trabalho tem por objetivo apresentar como os
métodos de valoração de bens ambientais auxiliam na atribuição do valor econômico aos recursos
naturais. Independentemente de existirem ou não preços de mercado relacionados a eles, tendo,
desde já o cuidado em não apresentar a ideia de uma transformação do bem ambiental em um
produto de mercado, mas sim mensurar as preferências dos indivíduos sobre a alteração no meio
ambiente.
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REVISÃO DE LITERATURA

Até 19921 as estatísticas sobre o meio ambiente eram totalmente dissociadas da


economia, mesmo se produzissem índices considerados úteis para organizar e apresentar dados
ambientais em quantidades físicas, “eram incapazes de incorporar dados monetários para permitir
a conexão com variáveis econômicas “(DE CARLO, 2000).
A preocupação com ativos e passivos ambientais se tornaram importantes para as
empresas, pois, ''a disponibilidade e/ou escassez de recursos naturais e a poluição tornaram-se
objeto de debate econômico, político e social em todo o mudo''(TEIXEIRA, 2000).
Para Pinheiro (2004) o desenvolvimento sustentável é um juízo em construção, com muitos
problemas epistemológicos, materiais, teóricos, práticos. No Relatório Brundtland (1988) temos
que:
O desenvolvimento sustentável atende às necessidades da geração presente sem
comprometer as possibilidades das gerações futuras de atender às suas
necessidades. ( RELATÓRIO BRUNDTLAND,1988)

O desenvolvimento sustentado, no Relatório Brundtland, visa promover a harmonia entre a


humanidade e a natureza. A epistemologia conduz a crer que o desenvolvimento sustentável só
existe em meio a um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica
e o desenvolvimento e, assim, assegurar o meio tecnológico e a gestão das novas soluções.
Ao longo das discussões entre Estocolmo e Rio 92, o tema - desenvolvimento sustentável -
foi delineado pelas vertentes estadistas e comunitárias e meio as abordagens do mercado que
denotaram a ação conjunta de todos em prol da sustentabilidade equilibrada propriamente dita.
Na relação estadista o agente principal da promoção do desenvolvimento sustentável é a
qualidade ambiental sustentada por um bem público. Esta vertente detém a questão ambiental
como uma ação normativa, devidamente regulada e promovida pelo Estado como todos
mecanismos de comando e controle necessários.
Na vertente comunitária as organizações de base da sociedade são os principais agentes
na promoção do desenvolvimento sustentável. Por fim, na abordagem de mercado visualiza-se
que a lógica do mecanismo de mercado é suficientemente eficiente para se alcançar a alocação
ótima de recursos.
A Comissão Mundial sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento publicou em 1987 o
relatório “Nosso Futuro Comum”, onde foi registrado os sucessos e as falhas do desenvolvimento
sustentável e sobre o assunto Barbieri (1997) expôs que o processo de transformação, nos
vetores da exploração dos recursos, direção dos investimentos, orientação do desenvolvimento

1 Na Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas – UNCED –, realizada no
Rio de Janeiro.
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tecnológico e por fim, a mudança institucional harmonizam e reforçam o potencial presente e


futuro, com objetivo de atender às necessidades e aspirações humanas, ressaltando que “ o
desenvolvimento sustentável é a nova forma de visualizar soluções para os problemas globais.”
(BARBIERI, 1997).
Com o transcorrer das mudanças epistemológicas e ações sociais a Agenda 21 Global
surgiu devido as recomendações do relatório “Nosso Futuro Comum”, em 1992 no Rio de Janeiro,
tendo como epígrafe o programa de ação para a implantação do desenvolvimento sustentável.
Com o complexo e dinâmico envolvimento das áreas da ciência, surgiram novos ramos
como por exemplo a Contabilidade Ambiental, que segundo Bergamini Junior (2000) apresenta
inovações que estão associadas à pelo menos três temas:
a) a definição do custo ambiental;
b) a forma de mensuração do passivo ambiental, com destaque para o
decorrente de ativos de vida longa; e
c) a utilização intensiva de notas explicativas abrangentes e o uso de
indicadores de desempenho ambiental, padronizados no processo de
fornecimento de informações ao público.
As atividades, produtos e processos que a natureza nos fornece e que possibilitam que a
vida como conhecemos possa ocorrer sem maiores custos para a humanidade são denominados
de serviços ambientais. Os Pagamentos por Serviços Ambientais se dividem em dois tipos, ou
seja, os chamados pagamentos diretos, onde o governo ou outros beneficiários pagam
diretamente o provedor pelos serviços ambientais gerados em termos de preservação ou
conservação de ecossistemas, e os indiretos, onde os consumidores pagam um prêmio verde por
produto ou serviço adquirido, de forma a garantir um processo de produção ambientalmente
amigável.
Embora não tenham um preço estabelecido, os serviços ambientais são muito valiosos
para o bem-estar e a própria sobrevivência da humanidade, além de proporcionar a conservação
dos recursos naturais.
A continuidade ou manutenção dos serviços, essenciais à sobrevivência de todas as
espécies, depende, diretamente, de conservação e preservação ambiental, bem como de práticas
que minimizem os impactos das ações humanas sobre o ambiente.
A valoração monetária de bens e serviços ambientais torna-se importante para induzir os
agentes causadores de impactos ambientais a cumprir a legislação vigente, visto que não adianta
falar somente em ética e moral, há necessidade de se cobrar desses agentes valores monetários
pelos danos causados; daí a necessidade de quantificá-los. E, com uma visão na minimização dos
impactos ambientais se faz necessário que os custos incorridos sejam muito superiores aos
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benefícios obtidos pelos agentes causadores, caso contrário, esses agentes não terão nenhum
motivo para minimizá-los.
Os serviços ambientais têm uma posição destacada na contribuição para o bem-estar
humano e, por isso, a economia não pode continuar a ser vista como um sistema fechado e
isolado, no qual existem fontes inesgotáveis de matéria-prima e energia para alimentar o sistema.
Dentro da esfera da Contabilidade Ambiental não se confunde com a valoração de bens e
serviços ambientais, embora esta valoração seja um de seus componentes necessários,
salientando que o Manual das Nações Unidas critica o uso da expressão “bens e serviços
ambientais”, considerando que a natureza não funciona segundo objetivos e lógicas econômicas,
propondo a utilização do conceito de “funções econômicas do meio ambiente” (United Nations,
1993).
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1. DIREITO E NORMAS AMBIENTAIS BRASILEIROS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS

Não há como olvidar que o Direito Ambiental resguarda princípios relevantes para a
essência da sobrevivência de todo ser vivo em sua visão “lato” como no prestigiar, guardar e
preservar o meio ambiente. O homem está diretamente preservando a sua própria existência que
é visualizada na Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938 de 1981, que é o marco na
legislação brasileira, onde, inclusive, os princípios reinantes são devidamente mantidos na
Constituição Federal de 1988.
Existe uma interrelação entre os princípios da prevenção, da responsabilidade objetiva, e o
princípio do poluidor pagador que visam proporcionar para as presentes e futuras gerações, as
garantias de preservação da qualidade de vida, em qualquer forma que se apresente, conciliando
elementos econômicos, culturais e sociais.
No caput do art. 225 da Constituição Federal de 1988 encontramos menção que o meio
ambiente saudável é “essencial à sadia qualidade de vida” e, assim, que “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo”.
Sendo suficiente para qualificar o direito ambiental como direito fundamental e tendo como
princípios claros do Direito Ambiental:
a) Princípio do Direito Humano Fundamental, que revela ter amplitude do direito
difuso a esfera ambiental;
b) Princípio Democrático assegura ao cidadão o direito à informação e a
participação na elaboração das políticas públicas ambientais, não sendo
cerceado em nenhuma esfera, quer, na área judicial, legislativa e administrativa;
c) Princípio da Precaução: Estabelece a vedação de intervenções no meio
ambiente, salvo se houver a certeza que as alterações não causaram reações
adversas;
d) Princípio da Prevenção tem a sua aplicação nos casos em que os impactos
ambientais já são conhecidos, existindo a obrigatoriedade do licenciamento
ambiental e do estudo de impacto ambiental (EIA);
e) Princípio da Responsabilidade reforça que o poluidor, pessoa física ou
jurídica, responde por suas ações ou omissões em prejuízo do meio ambiente,
ficando sujeito a sanções cíveis, penais ou administrativas conforme o § 3º do
Art. 225 CF/88;
f) Princípios do Usuário Pagador e do Poluidor Pagador consubstanciados no
Art. 4º, VIII da Lei nº 6.938/81, levam em conta que os recursos ambientais são
escassos, portanto, sua produção e consumo geram reflexos ora resultando sua
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degradação, ora resultando sua escassez;


g) Princípio do Equilíbrio embasa na necessidade de se pensar em todas as
implicações que podem ser desencadeadas por determinada intervenção no
meio ambiente tendo como meta final alcançar o desenvolvimento sustentável;
h) Princípio do Limite expõe a necessidade de fixar parâmetros mínimos a serem
observados que visem sempre promover o desenvolvimento sustentável;
i) Princípio da Informação tem respaldo no art. 5º, XXXIII, CF, diz que "todos têm
o direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral...". E como bem observado por Graf (1998) "o
direito de acesso às informações públicas é decorrente do princípio da
publicidade ou da transparência, previsto no art. 37 da Constituição Federal" e
na Lei nº 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente,
prevê a divulgação de dados e informações ambientais para a formação de
consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental
e do equilíbrio ecológico (art. 4º, V);
j) Princípio da Participação assegura ao cidadão o direito constitucional pleno de
participar na elaboração e na execução das políticas públicas ambientais;
O Princípio do Usuário Pagador apresenta que quem utiliza o recurso ambiental deve
suportar seus custos, sem que essa cobrança resulte na imposição taxas abusivas, ou seja, o
princípio do poluidor pagador não se enquadra em uma “equação de quem polui paga”, (MOTA,
GÓES, GAZONI, REGANHAN, SILVEIRA, 2009), no que pese todos os custos da proteção
ambiental, antes e depois da instalação de qualquer tipo de projeto.
Figueiredo (2006) lembra que o meio ambiente depende de normas de direito material de
proteção, dividindo em normas que impõem condutas negativas (proibição de construção em certo
local) ou positivas (obrigação da adoção de determinada medida de prevenção).
A Constituição de 1988, de forma hodierna e avançada, apresenta uma série de preceitos
quanto à tutela ambiental e, sobre o assunto Varella (1998) apresenta que:

Importa notar que a legislação brasileira reconhece também o direito ao meio


ambiente das futuras gerações, de pessoas que ainda não nasceram. Trata-se de
direito tans-individual, mas com caráter novo, o de pessoas futuras. Destruir o
meio ambiente não é ato de violação de direito não só de pessoas presentes, mas
também das futuras, das próximas gerações (VARELLA, 1998, p.101).

No Artigo 225 da Constituição Federal de 1988 encontra-se a certeza e o envolvimento da


Nação na proteção ao meio ambiente, pois, "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado [...]".
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De sorte que se prevê a competência material comum da União, Estados, Distrito Federal
e Municípios no que se refere à proteção do meio ambiente, o combate à poluição em qualquer de
suas formas e a preservação das florestas, fauna, flora, enfim, do próprio bioma, assim podemos
declara efetivamente que a Constituição Federal de 1988 ocupa o papel de principal norteador do
meio ambiente, não excluindo a obrigação do Estado e da Sociedade na garantia de um meio
ambiente ecologicamente equilibrado.

Varella (1988) expõe que:

[…] A preservação de um meio ambiente ecologicamente equilibrado é


reconhecido como direito de todos, um bem de uso comum do povo, essencial à
sadia qualidade de vida. Deste modo, cabe ao poder público e a toda a
coletividade defender e preservar o meio ambiente (VARELLA, 1998, p.101).

Leuzinger (2002) se pronuncia da seguinte forma:

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, caput, prevê ser o meio ambiente
ecologicamente equilibrado direito de todos, impondo ao Poder Público e à
coletividade o dever de preservá-lo para as presentes e gerações futuras.
Estabeleceu a Carta Federal, portanto, uma função, a função ambiental, cuja
titularidade foi outorgada ao Estado e à sociedade de um modo geral
(LEUZINGER, 2002, p 51).

Nos olhares atentos de Mota, Góes, Gazoni, Reganhan, Silveira (2009), tem-se que a
Constituição de 1988 além de definir competências para todos os entes federados, apresenta
regras gerais assim norteadas:

1) À função social da empresa rural, Artigo 186, inciso II ( a função social é


cumprida quando a empresa rural atende, simultaneamente, segundo critérios e
graus de exigências estabelecida em lei, aos seguintes requisitos: utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente).
2) Ao meio ambiente de trabalho, Artigo 200, inciso VII ( ao sistema único de
saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: colaborar na
proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho).
3) Ao meio ambiente cultural, Artigo 216, inciso V (constituem patrimônio
cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados
individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à
memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem: os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico,
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico).
4) Ao meio ambiente natural, Artigo 225, caput (todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações). (MOTA, GÓES,
GAZONI, REGANHAN, SILVEIRA , 2009).
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A proteção ao meio ambiente, elencado pelo artigo 5º, inciso LXXIII, da Constituição
Federal de 1988, mostra que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida (art. 225) cabendo ao Poder Público preservar a diversidade, a
integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e
manipulação de material genético (art. 225, II, CF).

Uma das ferramentas necessárias utilizadas para a preservação do meio ambiente é o


estudo prévio de Impacto Ambiental - EIA que é imposto para instalação de obra ou atividade
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente (art. 225, IV, CF), assim,
anotamos que o estudo em tela é uma exigência constitucional para a instalação de qualquer obra
ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, como
determina a Lei nº 6.938/81 e as Resoluções nº 21/86, 237/97 do Conselho nacional do Meio
Ambiente (CONAMA).

Para os direitos fundamentais as regras e princípios devem ser concretizados, ou seja, os


princípios constituem os fundamentos das regras, expressando os valores que devem servir como
elos de ligação e bases para sua compreensão e interpretação e, a a função preventiva do estudo
de impacto ambiental é evidente, destinando-se a permitir a aferição, por parte do poder público,
do impacto ambiental de determinadas obras ou atividades. Isso para que se verifique se
determinada obra ou atividade pode ser licenciada, ou mesmo se são necessárias determinadas
medidas de prevenção ou de precaução para o licenciamento.
O meio ambiente é essencial à vida e se constitui uma preocupação de todos, ou seja, tem
característica jurídica de erga omnes2, sendo patente os movimentos da humanidade para a
conscientização e a proteção da natureza e a preservação do equilíbrio ecológico.

A vida é um bem tutelado pelo Direito e estando a mesma ligada diretamente ao meio
ambiente não há como negar o direito a evolução epistemológica e teleológica da sociedade ao
resguardar o direito do meio ambiente. Por ser essencial à vida, o meio ambiente tem um princípio
que o defende, mas lembra Leopoldino da Fonseca (2003) que esse princípio constitui-se numa
limitação do uso da propriedade, pois, o “Constituinte, ao inserir o texto constitucional o princípio
garantidor da defesa do meio ambiente, está tornando-se um eco das preocupações
internacionais a respeito do assunto.” (LEOPOLDINO DA FONSECA, 2003).

E, Priuer (1991) declara:

O direito do meio ambiente não é senão a expressão formalizada de uma política


nova concretizada a partir dos anos 1960. Trata-se, no seio dos Estados

2 A expressão "erga omnes", no sentido jurídico, significa que se impõe a todos, de forma geral. A sua tradução literal
é "contra todos".
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industrializados, de uma tomada de consciência do caráter limitado dos recursos


naturais tanto quanto dos efeitos nefastos das poluições de toda natureza
resultante da produção dos bens e de seu consumo. A necessidade de
salvaguardar o meio ambiente pode ser tao somente (sic) um reflexo da sobrevida
de um mundo desamparado. É interessante que este movimento se tenha
desenvolvido simultaneamente a nível nacional, a nível europeu e a nível
internacional. ( PRIEUR, 1991, p. 25)

Há o interesse social sobre o meio ambiente que deve ser protegido pelo Estado, e com
isso “ ...não basta que as leis tenham vivência, é preciso que tenham eficácia” (PASSOS, 2000),
fazendo necessário e visível que o progresso material, econômico, científico e os valores do bem
da vida sejam protegidos, não esquecendo que devem ser equilibrados, conforme o Artigo nº 225
da Constituição Federal de 1988, onde as normas infraconstitucionais devem ser interligadas com
os objetivos fundamentais contidos no Artigo 3º da CF/88.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) dirimiu as dúvidas reinantes sobre o assunto da


competência concorrente para legislar na esfera da proteção ao meio ambiente in verbis:
.. compete, não somente ao município, mas concomitantemente, ao estado e à
União, aos quais se impõe legislar concorrentemente. (ROMS – 9629/PR – DJ de
01.01.99)

No que diz respeito a construção em área de preservação, por força de existência de


paisagens naturais, é simultânea da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, em
conformidade com os arts. 23, inciso III, e 24, incisos VI e VII, da Constituição Federal ( ROMS –
9279/PR – DJ de 28. 02. 00)
O preâmbulo da Constituição Federal de 1988 instituiu o Estado Democrático de Direito,
assegurando à sociedade o direito ao bem-estar, tendo o Ministério Público como órgão
constitucionalmente constituído para defesa dos direitos difusos, com diversas incumbências entre
elas a de defender os interesses de toda a sociedade de atos lesivos que por particulares como
pelo Estado, estando a defesa do meio ambiente saudável e equilibrado, conforme o art. 225 da
CF/88, onde o princípio da precaução deva estar alicerçado (MUKAI, 2002).
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar,
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma
sociedade fraterna, pluralista e sem preceitos, fundada na harmonia social e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a
proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL. (BRASIL, 1998)

Delgado (2000) afirma que o Estado deve assegurar à sociedade o bem-estar, isto que
dizer que existe uma deliberação para implantar um Estado que desenvolva atividades no sentido
do homem sentir-se em perfeita condição física e moral, caso ocorra um deslize e venha ocorrer o
dano ambiental, surge a necessidade de sua reparação que conforme Antunes (2002), a
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reparação em pecúnia deve ser feita tão-somente quando a reparação específica (retorno ao
status quo ante) for impossível, já que deve prevalecer o restabelecimento da qualidade
ambiental.
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente em seu artigo 3º, I, conceitua o meio
ambiente, como “o conjunto de condições, leis, influências e alterações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. (BRASIL, 1981).
A reparação ao dano ambiental deve ser total, e que a legislação ambiental não impede
que seja cumulada a exigência da recuperação com a indenização dos danos causados, conforme
determina o art. 4º VII, da Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente):
Art. 4º. A Política Nacional do Meio Ambiente visar·:
(...)
VII. à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou
indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de
recursos ambientais com fins econômicos.

A indenização ambiental não se confunde com a recuperação do meio ambiente, pois a


primeira diz respeito aos danos já ocorridos e que irão ocorrer até o retorno ao estado anterior, e a
segunda (recuperação) é o retorno da qualidade ambiental degradada em razão da atividade,
sendo identicamente impossível confundir a indenização dos danos ambientais com a
compensação ambiental, pois esta última somente pode ser cogitada em casos que a reparação
específica do meio ambiente seja inviável.
O Artigo 225 da Magna Carta instituiu mais um direito fundamental da pessoa humana,
qual seja, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, qualificando o meio ambiente
como um bem jurídico.
O Quadro 1 apresenta de forma resumida dentro do princípio de hierarquia das normas de
relacionamento a interface das normas legais regulamentadoras dos dispositivos contidos no
artigo 225, CF/88.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III – definir, em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus com
ponentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
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substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio


ambiente;
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-
se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por
ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Quadro 1 Normas regulamentadoras do artigo 225, CF.


Artigo 225 CF Legislação Regulamentadora
Inciso I Lei nº 9.985/2000; Decreto nº 4.340/02
Lei nº 8.974/95; MP nº 2.186-16/01; Lei nº 11.105/05; Lei nº 9.985/2000;
inciso II
Decreto Nº 4.340/02
inciso III Lei nº 6.902/81; Lei nº 6.938/81 – art. 9º; Lei nº 9.985/2000; Decreto Nº 4.340/02
§ 1º
inciso IV Lei nº 6.938/81 – art. 10; Resolução Conama nº 1/86; Lei nº 11.105/05
inciso V Lei nº 8.974/95; Lei nº 11.105/05; Lei nº 9.985/2000,; Decreto nº 4.340/02
Lei nº 4.771/65; Lei nº 6.766/79; Lei nº 5.197/67; Lei nº 9.605/98
inciso VI
Lei nº 9.795/99
§ 2º Lei nº 6.567/78; Lei nº 7.805/89; Lei nº 8.723/93 (ar); Lei nº 9.4333/96 (água)
§ 3º Lei nº 9.605/98
Lei nº 4.771/65; Decreto nº 1.282/94; Lei nº 6.938/81; Decreto nº 750/93
§ 4º
Lei nº 7.661/88; Lei nº 9.636/98; MP nº 2.186-16/01
§ 5º Decreto- Lei nº 9.760/46; Decreto nº 966/93
Lei nº 4.11/62; Lei nº 6.189/74; Lei nº 6.453/77; Decreto-Lei nº 1.982/82
§ 6º
Decreto-Lei nº 2.464/88; Lei nº 7.862/89; Lei nº 7.915/89
Fonte: Elaborado pelo Autor

Ao analisar a Constituição Federal de 1988, podemos separar como menção ao meio


ambiente de forma direta o Artigo 5º, LXXIII, 20, II, III, IV,V, VI, IX, X, 23, III, VI,VII,XI, 24, I, VI, VII,
VIII, 26, I, III, 91, § 1º, III, 129,III, 170, VI, 173, § 5º, 174, § 3º, 186, II, 200, VIII,216, V,220, § 3º,
225, 231, § 1º e, como menção indireta ao meio ambiente temos o artigo
21,XIX,XX,XXIII,XXIV,XXV, 22,IV, XII,XXVI, 23,III,IV, 24,II,VII,30,IX,182,196.
No que ensina Passos (2000) sobre o artigo 170 da CF/88 temos:
...o equilíbrio ambiental não se restringe aos aspectos da natureza física e não se
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resolve exclusivamente por soluções tecnológicas.


(…)
O equilíbrio ambiental tem a ver com a própria concepção constitucional de Estado
de Direito. Tem a ver com representatividade e participação democrática; tem a
verdadeira com redução das desigualdades regionais e sociais; com a soberania;
com a função social da propriedade(PASSOS, 2000)

Antunes (2005) afirma que o


conceito jurídico de dano é o pressuposto indispensável para a construção de uma
teoria jurídica da responsabilidade ambiental” e, ainda, o “dano ambiental é dano
ao meio ambiente. (ANTUNES, 2005, p. 203)

A Lei nº 6.938/81 foi omissa no que tange a conceituação de dano ambiental, entretanto,
no seu artigo 3º, inciso II, conceitua degradação da qualidade ambiental como “a alteração
adversa das características do meio ambiente” e no inciso III define poluição como:
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem
desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio
ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos. (BRASIL, 1981).

De acordo Milaré ( 2005) o dano ambiental é


a lesão aos recursos ambientais, com consequente degradação-alteração adversa
ou in pejus - do equilíbrio ecológico e da qualidade de vida. (MILARÉ, 2005, p.
735).

Passos (2000) aponta que o dano moral ambiental é de caráter subjetivo e, nessa vertente
o dano ambiental possui características com a ampla dispersão de vítimas, difícil reparação e
difícil valoração do dano ambiental. Passos (2000) redige que:
A exploração dos recursos naturais não se realiza sob uma perspectiva linear e
ideal, as atividades econômicas produzem impactos diferenciados no meio
ambiente da mesma sorte que os ecossistemas protegidos não são uniformes e
com isso, as normas só podem ser eficazes se reconhecerem concretamente as
diferenças. (PASSOS, 2000)

O dano ambiental para Milaré (2005) apresenta características diferentes do dano


tradicional ou comum porque o bem jurídico protegido, qual seja, o meio ambiente é considerado
um bem de uso comum do povo, incorpóreo, autônomo, um direito difuso em que a pessoa tem o
direito de usufruir o bem ambiental com a consciência e o dever de preservá-lo para as presentes
e futuras gerações.
O dano comum ou tradicional conforme Milaré (2005), se distingue do dano ambiental na
medida em que o primeiro atinge uma determinada pessoa ou a um conjunto individualizado de
vítimas, enquanto, o segundo atinge uma coletividade de vítimas ainda que:
sua danosidade atingem individualmente certos sujeitos, a lesão ambiental afeta,
sempre e necessariamente, uma pluralidade difusa de vítimas. (MILARÉ, 2005,
13

p.738).

Eustáquio (2008) afirma que


o dano ambiental, como lesão a um bem difuso, naturalmente vai atingir número
enorme de lesionados. (EUSTÁQUIO, 2008, p.85).

A característica do dano ambiental para Milaré (2005) é a difícil reparação porque a


reparação ao status quo é muito difícil ou quase impossível.
por mais custosa que seja a reparação, jamais se reconstituirá a integridade
ambiental ou a qualidade do meio que for afetado.(MILARÉ, 2005, p. 739).

Os danos ambientais são de difícil reparação e muitas vezes de impossível reparação a


proteção do meio ambiente deve ser antes preventiva do que reparatória, pois essa cuida do dano
já consumado, enquanto aquela da possibilidade de se evitar o dano.
Sendo assim, a prevenção dos danos ao meio ambiente é a opção mais plausível e
eficiente visto que o meio ambiente é um bem essencial à vida e a saúde de todos.
Nas palavras de Machado (2006) é um novo tipo de comportamento:
o Direito Ambiental apresenta um novo tipo de comportamento ao efetivar-se a
responsabilização jurídica do poluidor ou do agressor dos recursos naturais.
(MACHADO, 2006, p. 349).

Como mostra Milaré (2005) “há duas formas principais de reparação do dano ambiental:
(i) a recuperação natural ou retorno ao status quo ante; e (ii) a indenização em
dinheiro.(MILARÉ, 2005, p.741).

O autor ainda ressalta que recuperação natural ou retorno ao status quo ante é a principal
forma de reparar o dano porque objetiva restaurar o meio ambiente, a biodiversidade, bem como,
o ecossistema ao estado anterior à degradação.
A recuperação natural é a principal forma de reparação porque em se tratando de dano
ambiental o mais importante é tentar restabelecer o bem jurídico protegido, ou seja, o meio
ambiente assim como existia antes do dano.
Entretanto, cumpre ressaltar que um meio ambiente que foi degradado e posteriormente
restaurado dificilmente retornará a sua condição original.
Por sua vez, a indenização em dinheiro também denominada de compensação ecológica
só é devida como aponta Milaré (2005), in verbis;
quando a reconstituição não seja viável-fática ou tecnicamente-é que se admite a
indenização em dinheiro. Essa - reparação econômica – é, portanto, forma indireta
de sanar a lesão. (MILARÉ, 2005, p.742).

Percebe-se então que a indenização em dinheiro deve ser utilizada como medida
14

excepcional e o valor arrecadado com a indenização será revertido ao Fundo de Defesa dos
Direitos Difusos conforme previsto no artigo 131 da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
Diante do exposto, observa-se que existindo um dano ambiental consequentemente há o
dever de repará-lo e indenizá-lo.
Machado (2002) lembra que a Constituição Federal de 1988 que existe uma ética solidária
entre as gerações e Silva (2005) consagra três tipos de responsabilidade para o dano ecológico,
que são independentes entre si, ou seja, a administrativa, a criminal e a civil que, “não é
peculiaridade do dano ecológico, pois qualquer dano a bem de interesse público pode gerar os
três tipos de responsabilidade.”(SILVA, 2005), salientamos que a proteção ao meio ambiente deve
existir não apenas para a efetiva punição daqueles que causaram o dano, mas também para na
prevenção de lesões.
Nesse diapasão, a tutela ao meio ambiente equilibrado ecologicamente é preocupação
reinante em todas camadas sociais, onde Bobbio (1992) apresenta o Direito ao Meio Ambiente
como parte do direitos de terceira geração:
Ao lado dos direitos sociais, que foram chamados de direitos de segunda geração,
emergiram hoje os chamados direitos de terceira geração, que constituem uma
categoria, para dizer a verdade, ainda excessivamente heterogênea e vaga, o que
nos impede de compreender do que efetivamente se trata. O mais importante
deles é o reivindicado pelos movimentos ecológicos: o direito de viver hum
ambiente não poluído. (BOBBIO, 1992)

Os princípios do Direito Ambiental para Lecey (1998) destacam-se para a prevenção geral,
tendo ou seu tripé no caráter educativo, na prevenção especial e na reparação do dano, onde o
caráter preventivo para o autor é explicitado na legislação ambiental-penal pela tipificação dos
delitos não somente de dano, mas também de perigo, tendo conotação pedagógica “ Direito
Ambiental Penal deve ser educativo, impondo-se maior conotação pedagógica do que no Direito
Penal tradicional.” (LECEY, 1998)
Assim, podemos anotar o vetor sócio-educativo-ambiental nesse princípio do Direito
Ambiental, e aqui fazemos uso das palavras da professora Zaneti (2003) sobre o modo de vida e
a ecologia:
Precisamos mudar nossa percepção de um mundo que é visto como uma máquina
para um mundo que deve ser visto como um organismo vivo. A esse pensamento
podemos chamar de sistêmico ou ecológico. Ecologia precisa tornar-se um modo
de vida, assentado sobre novos valores, como a cooperação, a ética, a
conservação, a qualidade de vida e a associação. (ZANETI, 2003)

Analisando o termo de proteção ao meio ambiente visualizamos que o mesmo aparece


frequentemente associada ao termo desenvolvimento sustentável. Como Machado (2002) chama
15

a atenção para o art. 2º, V da Lei nº 9.082/95, in verbis:


a promoção do desenvolvimento, buscando conciliar as necessidades do
crescimento econômico e da modernização tecnológica do setor produtivo com a
preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida nas cidades e no
campo, garantindo o atendimento dos compromissos firmados na Agenda 21.(art.
2º, V – grifos nossos). (MACHADO , 2002)

Em meio aos princípios, leis e normas relativas ao meio ambiente, a sociedade dever estar
atenta para que as atividades econômicas não se paralisem devido ao sentimento excessivo e
protetor ao meio ambiente, pois, a proteção só será eficiente quando praticada sem ferir o meio
ambiente e as atividades econômicas, ou seja, efetivando realmente o desenvolvimento
sustentável.
A Constituição Federal de 1988 contempla sincronicamente e no mesmo plano os
princípios da livre concorrência e da defesa do meio ambiente, destarte, paralelos e com direitos
equiparados, notavelmente há que se compatibilizar, sempre e a todo custo, os dois princípios, e,
” em caso de conflito real, há que se efetuar uma ponderação de interesses, para que não haja o
sacrifício total de um ou do outro.”(MUKAI, 2007)
O princípio da precaução é regra fundamental de proteção ambiental no direito
internacional, Mukai (2007) não nega esse caráter, onde apresenta que:

seguindo de perto a doutrina alemã, poderemos dizer que o direito do ambiente é


caracterizado por três princípios fundamentais: o princípio da prevenção
(vorsorgeprinzip), o princípio do poluidor pagador ou da responsabilização
(verursacherprinzip) e o princípio da cooperação ou da participação.
(...)
(Sobre o princípio da precaução) é o autor português quem nos oferece o seguinte
significado deste princípio, com base em Schimisdt: pode ser visto como um
quadro orientador de qualquer política moderna do meio ambiente. Significa que
deve ser dada prioridade às medidas que evitem o nascimento de atentados ao
meio ambiente. Utilizando os termos da alínea a do artigo 3º da Lei (portuguesa)
de Bases do Ambiente, as atuações com efeitos imediatos ou a prazo no meio
ambiente devem ser consideradas de forma antecipada, reduzindo ou eliminando
as causas, prioritariamente à correção dos efeitos dessas ações ou atividades
susceptíveis de alterarem a qualidade do ambiente.(MUKAI, 2007)
E sobre principio da precaução Machado (2002) apresenta que:

O posicionamento preventivo tem por fundamento a responsabilidade no causar


perigo ao meio ambiente. E um aspecto da responsabilidade negligenciado por
aqueles que se acostumaram a somente visualizar responsabilidade pelos danos
causados da responsabilidade de prevenir decorrem obrigações de fazer e não
fazer.
(...)
Não é preciso que se tenha prova científica absoluta de que ocorrerá dano
ambiental, bastando o risco de que o dano seja irreversível ou grave para que não
se deixe para depois as medidas efetivas de proteção ao ambiente. Existindo
dúvida sobre a possibilidade futura de dano ao homem e ao ambiente a solução
deve ser favorável ao ambiente e não a favor do lucro imediato - por mais atraente
16

que seja para as gerações presentes. (MACHADO, 2002)

A evolução social e a quebra dos paradigmas são evidentes, pois, nas três últimas
décadas prevenir a degradação do meio ambiente no plano nacional e internacional tornou-se
uma concepção que passou a ser aceita no mundo jurídico, e nesse sentido Prieur (1991) afirma
que a visualização do princípio da precaução deve relacionar-se ao direito do meio ambiente das
gerações futuras.

O princípio da precaução, para ser aplicado tem que suplantar a pressa, a precipitação, a
rapidez insensata e a vontade de resultado imediato, assim, a necessidade de adiamento de
medidas de precaução em acordos administrativos ou em acordos efetuados pelo Ministério
Público deve ser exaustivamente provada pelo órgão público ambiental ou pelo próprio Ministério
Público, enfim, na dúvida, deve-se optar pela solução que proteja imediatamente o ser humano e
conserve o meio ambiente.

Postergar é adiar, é deixar para depois, é não fazer agora, é esperar acontecer. A
precaução age no presente para não se ter que chorar e lastimar no futuro. A precaução não só
deve estar presente para impedir o prejuízo ambiental, mesmo incerto, que possa resultar das
ações ou omissões humanas, como deve atuar para a prevenção oportuna desse prejuízo.

A implementação da prevenção e da precaução para a defesa do ser humano e do meio


ambiente em conjunto com os princípios constitucionais já apontados são de grande valia para o
funcionamento da Administração Pública Ambiental.

Em busca da equidade e para evitar que o excesso do sentimento de proteção ambiental


reine em nossa sociedade o legislador apresentou o remédio do licenciamento ambiental que é
instrumento fundamental na busca do desenvolvimento sustentável. Sua contribuição é direta e
visa a encontrar o convívio equilibrado entre a ação econômica do homem e o meio ambiente
onde se insere. Busca-se a compatibilidade do desenvolvimento econômico e da livre iniciativa
com o meio ambiente, dentro de sua capacidade de regeneração e permanência. (BRASIL, 2007)
O licenciamento, em Brasil (2007) é um dos instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente (PNMA),Lei nº 6.938/81, art. 9º, IV, cujo objetivo é agir preventivamente sobre a
proteção do bem comum do povo - o meio ambiente – e compatibilizar sua preservação com o
desenvolvimento econômico-social.
A previsão do licenciamento na legislação ordinária surgiu com a edição da Lei nº
6.938/81, que em seu art. 10 estabelece:
A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar
degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual
17

competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do


Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - Ibama, em
caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

A licença ambiental é definida pela Resolução CONAMA 237/97 como:


Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as
condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser
obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar,
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

A autorização emitida pelo órgão público competente (licença ambiental) é concedida ao


empreendedor para que exerça seu direito à livre iniciativa, desde que atendidas as precauções
requeridas, a fim de resguardar o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Importante notar que, devido à natureza autorizativa da licença ambiental, essa possui caráter
precário. Exemplo disso é a possibilidade legal de a licença ser cassada caso as condições
estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas, conforme a Resolução CONAMA
237/97, art. 19.
O licenciamento é composto por três tipos de licenças, ou seja a prévia, de instalação e de
operação e cada uma tem uma fase distinta do empreendimento e segue uma sequência lógica
de encadeamento.
Frise-se que as licenças não são exigidas para todo e qualquer empreendimento, a Lei nº
6.938/81 determina a necessidade de licenciamento para as atividades utilizadoras de recursos
ambientais.
Os conceitos de poluição e degradação trazem termos abstratos que deixam abertura para
a determinação da necessidade, ou não, de licenciamento. A definição legal contida na Lei nº
6.938/81, art. 3º, II e III, do termo poluição é a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades humanas.
O termo degradação é traduzido pela legislação como a alteração adversa das
características do meio ambiente. Considerando que não há como fixar, de forma definitiva, as
atividades que causam degradação ou mesmo o grau de alteração adversa ocasionado, caberá
consulta ao órgão ambiental para determinar se o empreendimento necessita de licenciamento.
Para cada etapa do processo de licenciamento ambiental, é necessária a licença
adequada, ou seja, no planejamento de um empreendimento ou de uma atividade necessita-se da
licença prévia (LP); na construção da obra deve existir a licença de instalação (LI) e por fim, na
operação ou funcionamento, a licença de operação (LO).
A Licença Prévia (LP) deve ser solicitada na fase preliminar do planejamento da atividade.
É ela que atestará a viabilidade ambiental do empreendimento, aprovará sua localização e
concepção e definirá as medidas mitigadoras e compensatórias dos impactos negativos do
18

projeto. Sua finalidade é definir as condições com as quais o projeto torna-se compatível com a
preservação do meio ambiente que afetará. É também um compromisso assumido pelo
empreendedor de que seguirá o projeto de acordo com os requisitos determinados pelo órgão
ambiental.
Durante o processo de obtenção da Licença Prévia (LP), são analisados diversos fatores
que definirão a viabilidade ou não do empreendimento que se pleiteia. É nessa fase que:
a) são levantados os impactos ambientais e sociais prováveis do empreendimento;
b) são avaliadas a magnitude e a abrangência de tais impactos;
c) são formuladas medidas que, uma vez implementadas, serão capazes de
eliminar ou atenuar os impactos;
d) são ouvidos os órgãos ambientais das esferas competentes.
e) são ouvidos órgãos e entidades setoriais, em cuja área de atuação se situa o
empreendimento;
f) são discutidos com a comunidade, caso haja audiência pública, os impactos
ambientais e respectivas medidas mitigadoras e compensatórias; e
g) é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimento,
levando-se em conta sua localização e seus prováveis impactos, em confronto com
as medidas mitigadoras dos impactos ambientais e sociais
Após a obtenção da Licença Prévia( LP) se inicia o detalhamento do projeto de construção
do empreendimento, incluindo nesse espaço as Medidas de Controle Ambiental ou Programa de
Controle Ambiental, e com isso, antes do início das obras, deverá ser solicitada a Licença de
Instalação (LI), junto ao órgão ambiental, que verificará se o projeto é compatível com o meio
ambiente afetado. Essa licença dá validade à estratégia proposta para o trato das questões
ambientais durante a fase de construção. Ao conceder a Licença de Instalação, o órgão gestor de
meio ambiente terá:

a) autorizado o empreendedor a iniciar as obras;


b) concordado com as especificações constantes dos planos, programas e c)
projetos ambientais, seus detalhamentos e respectivos cronogramas de
implementação;
d) verificado o atendimento das condicionantes determinadas na licença prévia;
e) estabelecido medidas de controle ambiental, com vistas a garantir que a fase de
implantação do empreendimento obedecerá aos padrões de qualidade ambiental
estabelecidos em lei ou regulamentos;
f) fixado as condicionantes da licença de instalação (medidas mitigadoras e/ou
compensatórias).
19

Por fim tem-se a Licença de Operação (LO) que autoriza o interessado a iniciar suas
atividades que tem por finalidade aprovar a forma proposta de convívio do empreendimento com o
meio ambiente e estabelecer condicionantes para a continuidade da operação, ressaltando que a
concessão é por tempo finito. A licença não tem caráter definitivo e, portanto, sujeita o
empreendedor à renovação, com condicionantes supervenientes.
A Licença de Operação (LO) possui três características básicas:
1. é concedida após a verificação, pelo órgão ambiental, do efetivo cumprimento
das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de instalação);
2. contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de
limite para o funcionamento do empreendimento ou atividade; e
3. especifica as condicionantes determinadas para a operação do
empreendimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou
cancelamento da operação.
O licenciamento é um compromisso, assumido pelo empreendedor junto ao órgão
ambiental, de atuar conforme o projeto aprovado, portanto, modificações posteriores, como, por
exemplo, redesenho de seu processo produtivo ou ampliação da área de influência, deverão ser
levadas novamente ao crivo do órgão ambiental. Além disso, o órgão ambiental monitorará, ao
longo do tempo, o trato das questões ambientais e das condicionantes determinadas ao
empreendimento.
20

A Figura 1 apresenta a Resolução nº 237/97, do CONAMA, que indica as etapas básicas a


serem obedecidas para o processo de licenciamento ambiental.

FIGURA 1 Etapas básicas do licenciamento ambiental no Brasil


Definição pelo órgão ambiental competente, junto ao
empreendedor, dos documentos, projetos e estudos
ambientais necessários de acordo com o tipo de licença
requerida.

Requerimento da licença ambiental pelo empreendedor,


acompanhado dos documentos, projetos e estudos
ambientais pertinentes exigidos, dando-se a devida
publicidade.

Análise pelo órgão ambiental competente, integrante do


SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais
apresentados e realização de vistorias técnicas quando
necessárias.

Solicitação de esclarecimentos e complementação pelo órgão


ambiental competente, uma única vez, podendo haver a
reiteração da mesma solicitação quando os esclarecimentos e
complementações não tenham sido satisfatórios.

Audiência Pública, quando couber, de acordo com a


regulamentação pertinente.

Solicitação de esclarecimentos e complementações pelo


órgão ambiental competente, decorrentes das audiências
públicas, quando couber, podendo haver reiteração da
solicitação quando os esclarecimentos e solicitações não
tenham sido satisfatórios.

Emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber,


parecer jurídico.

Deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se


a devida publicidade.
Fonte: Fogliatti, Filippo, Goudard ( 2004)
21

Fogliatti, Filippo, Goudard ( 2004), demonstram a estruturação sistematizada do processo


de licenciamento ambiental relacionando com os atores/agentes envolvidos (Quadro 2).
Quadro 2 Processo de Licenciamento Ambiental
Atores/Agentes Responsáveis
Atividades a serem
desenvolvidas Órgão
Empreendedor Consultora Comunidade
Ambiental
Solicitação de Licença Ambiental
Emissão de Termo de Referência
Contratação de EIA/RIMA
Elaboração de EIA/RIMA
Entrega de EIA/RIMA
Análise de EIA/RIMA
Manifestação da Comunidade
Convocação de Audiência Pública
Participação na Audiência Pública
Elaboração de Parecer Técnico
Reunião de Conselho Estadual
Emissão da Licença Ambiental
Fonte: Fogliatti, Filippo, Goudard ( 2004).
22

2. FUNDAMENTOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O desenvolvimento sustentável é a forma de compatibilização da vida natural,


ecologicamente equilibrada com os diversos processos produtivos. Com este sentido a Comissão
Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) adotou em 1987 a seguinte
definição para o termo Desenvolvimento Sustentável “(...) aquele que atende às necessidades do
presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias
necessidades” (CMMAD, 1987).
Para Maya (2002) uma das condições necessárias para a sustentabilidade é a elaboração
de estatísticas capazes de fornecer informações mais evidentes sobre a relação entre o
desenvolvimento econômico e o uso ou estágio de degradação do meio ambiente.
O Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (International Institute for
Sustainable Development – IISD), em 1996, reuniu especialistas no Centro de Conferências da
Fundação Rockfeller, em Bellagio (Itália), com o objetivo de estabelecer princípios destinados a
orientar a avaliação do progresso rumo ao desenvolvimento sustentável. Os princípios de Bellagio
declaram que tais avaliações devem satisfazer os seguintes critérios:
1) orientar visão e metas – as avaliações devem ser orientadas por uma visão
clara do desenvolvimento sustentável e por metas que definam essa visão; 2)
perspectiva holística – devem incluir uma revisão de todo o sistema bem como
de suas partes, e devem considerar o bem-estar de subsistemas e as
consequências positivas da atividade humana em termos monetários e não-
monetários; 3) elementos essenciais – devem considerar igualdade e
desigualdade na população atual e entre gerações presente e futura; 4) amplitude
adequada – devem adotar um horizonte cronológico suficientemente amplo, a fim
de abranger escalas de tempo humana e ambiental; 5) foco prático – devem se
basear num conjunto explícito de categorias que liguem perspectivas e metas a
indicadores; 6) transparência – devem ter métodos transparentes e dados
acessíveis; devem tornar explícitos todos os julgamentos, hipóteses e incertezas
nos dados e na interpretação; 7) comunicação eficiente – devem ser concebidas
para satisfazer as necessidades dos usuários e buscar a simplicidade na estrutura
e na língua; 8) participação ampla – devem obter ampla representação de
importantes grupos profissionais, técnicos e sociais, assegurando ao mesmo
tempo a participação dos responsáveis pelo processo decisório; 9) avaliação
permanente – devem desenvolver a capacidade de repetir a mensuração, para
determinar tendências, ficar atento a mudanças e incertezas e ajustar metas e
estruturas, à medida que se ganham novos insights; 10) capacidade institucional
– a continuidade da avaliação do progresso deve ser assegurada, designando-se
claramente responsabilidade e apoio no processo decisório, fornecendo
capacidade institucional para a coleta de dados e incentivando o desenvolvimento
da capacidade local de avaliação. (IISD, 2000, grifo do autor) .

O desenvolvimento sustentável é o resultado de uma mudança no modo da espécie


humana se relacionar com o ambiente e assim defende Ribeiro et al. (1996), in verbis:
(...) o conceito de Desenvolvimento Sustentável de sua função alienante e
justificadora de desigualdades de outra que se ampara em premissas para a
reprodução da vida bastante distintas. Desenvolvimento Sustentável poderia ser,
23

então, o resultado de uma mudança no modo da espécie humana se relacionar


com o ambiente, no qual a ética não seria apenas entendida numa lógica
instrumental, como desponta no pensamento eco-capitalista, mas sim, embasada
em preceitos que ponderassem as temporalidades externas à própria espécie
humana, e, porque não, também as internas à nossa própria espécie (RIBEIRO et
al, 1996)

Nos universos dos processos decisórios ligados à gestão ambiental leciona Costa (2003)
que podem ser identificados, de uma forma esquemática, um núcleo central de problemas a
resolver e um conjunto de três vertentes fundamentais que é preciso ter um conta na resolução
desses problemas, conforme a Figura 2.

Figura 2 Elementos contextuais que condicionam a formulação de políticas Ambientais

Ações: Critério de Avaliação do


Arenas:
* Econômicas Desenvolvimento Sustentável * Poderes Legislativos
* De Parcelamento * Administração Pública
*Acordos Voluntários * Municípios
… * Interfaces Formais
_________________ …
Instrumentos e Base de _________________
Conhecimento Estrutura de Processos
Formais e Informais
De Tomada de Decisão

Formulação de Política
Desenvolvimento
Sustentável
Objetivos:
Objetivos: EXIGÊNCIAS
EXIGÊNCIAS SOCIAIS E
AMBIENTAIS ECONÔMICAS

Atores: Agentes dos Segmentos Público, Profissional e Econômico


* Opinião do Público e dos Líderes; * Imprensa e Mídia; * Profissionais e Associação de
Profissionais; * Associações Ambientais; * Indústria Relacionada ao Meio Ambiente; * Associações
Econômicas; * Usuários dos Recursos Naturais; * Políticos
Fonte: Adaptado a partir de Costa (2003)

Na Figura 2 é vítrea a existência que o núcleo central é ponto de partida dos problemas
que tem a ver coma a compatibilização entre necessidades e disponibilidades, no espaço e no
24

tempo, em quantidade e qualidade, em suma, objetivo essencial da gestão do desenvolvimento


sustentável. Para compreender e resolver o núcleo de problemas se faz necessário ter uma visão
ampla e irrestrita, capaz de visualizar sensivelmente além do domínio restrito.
A forma de compatibilização, a maneira e a tomada decisórios são influenciadas por três
fatores de naturezas distintas, onde em primeiro lugar se apresenta os instrumentos tecnológicos
e de gestão disponíveis, profundamente interligados com a problemática que se propõem a
resolver. Em segundo aspecto, temos as inúmeras finalidades sociais, que é determinante para a
maneira, como são formulados e resolvidos os problemas de desenvolvimento sustentável e
ambiental, e em terceiro, temos os agentes de decisão e as estruturas administrativas e jurídicas,
que enquadram e apóiam os processos decisórios. Os mecanismos de execução determinam a
forma pela qual são formulados e resolvidos a problemática ambiental.
O desenvolvimento sustentável, deve ser considerado como o grande objetivo das políticas
de gestão ambiental, para não dizer políticas de gestão da vida, e na formulação de Correia et al
(1997), existem três eixos ou vetores que conformam a sustentabilidade, a saber: o ecológico, o
ético e o econômico. Conforme a Figura 3.

Ecológico
Figura 3 Eixos de Sustentabilidade

D = E3

Ético

Econômico
Fonte: Correia, F. N. et al (1997), Documentos de Trabalho. In: Water 21 Project.

Na eventual hipertrofia de qualquer dos vetores resulta em desequilíbrio da figura da


sustentabilidade, destarte, as mútuas articulações e dependências entre os vetores são
igualmente relevantes.
O Desenvolvimento Sustentável pode ser resumido com a indicação da frase produzir sem
destruir, onde o crescimento ordenado das cidades deve ocorrer de forma sistêmica, abrangendo
todos pontos da sociedade, levando em consideração o aperfeiçoamento da legislação e das
normas, inclusive, das instruções normativas, como é o caso da Instrução Normativa nº 1, de 19
de janeiro de 2010, que Dispõe sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de
bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal direta, autárquica e
25

fundacional e dá outras providências, do Ministério do Planejamento que força os gestor público a


dar uma maior atenção para as condições operativas das políticas públicas urbanas e realçando a
aplicabilidade das cidades sustentáveis.
No que pese o vetor ecológico, Costa (2003) leciona que para a existência da
sustentabilidade é imperativo a visão compreensiva dos problemas. No geral as abordagens
pertinentes para vetor é a de que a problemática ambiental existe quando se pena nas relações
entre sociedade e seus espaços geográficos.
O vetor econômico da sustentabilidade implica, segundo Costa (2003) na identificação e na
avaliação dos custos e benefícios, econômicos e sociais amplamente envolvidos nos processos
de apropriação dos recursos naturais disponíveis nas unidades territoriais de análise, ressalta-se a
existência da equidade na distribuição dos benefícios e custos entre os diferentes atores sociais
afetados direta ou indiretamente, pelos referidos processos.
Costa (2003) afirma que:
No Brasil, existe um vasto campo onde a cooperação do Banco Mundial pode ser
substancial, envolvendo estudos de economia ambiental, segundo metodologias
de avaliações contingentes, preços hedônicos e equivalentes, na direção de maior
rigor metodológico e consistência de resultados. ( COSTA, 2003)

No Brasil as dificuldades do setor de saneamento, exempli gratia, em arcar com seus


próprios encargos (adução de água a distâncias crescentes, tratamento e distribuição; coleta,
transporte e, tratamento de efluentes, submetidos a padrões mais restritivos de emissão), como se
verifica no Quadro 3, que indica ser pouco provável acreditar que medidas mais enérgicas na
melhoria ambiental tenha os custos subsidiados pelas tarifas setoriais., uma vez que a magnitude
dos investimentos são de alta proporção.

Quadro 3- Matriz de Investimentos e Benefícios em Recuperação Ambiental

Magnitude Externalidade (Benefícios) e Natureza dos


Natureza dos Investimentos
das Vias de Recuperação de Agentes
em Recuperação Ambiental
Inversões Custo Envolvidos
Tarifas de Serviços, Operadores de
Sistemas de Desenvolvimento Sócio- Sistemas e/ou
ALTA
Saneamento Econômico, Menores Custos de Outros
Aporte Inicial Produção e Mercado imobiliário Empreendedores
de Capital
Desenvolvimento Sócio-
Outros
Demais Ações ALTA Econômico, Menores Custos de
Empreendedores
Produção e Mercado imobiliário
Operação e Manutenção BAIXA Tarifas e Taxas de Serviço Outros Sistemas
Fonte: Pereira (1996)

O Quadro 3 expõe de forma simples a magnitude das inversões, como sendo alta para o
26

investimento no sistema de saneamento e baixo nas operação e manutenção.


E por fim o vetor ético da sustentabilidade diz respeito aos acordos sociais e à
representatividade dos múltiplos interesses e perspectivas relacionadas à gestão do meio
ambiente em geral, e dos recursos naturais, assim, temos que:
o conjunto dos interesses econômicos relacionados, direta ou indiretamente, aos
processos sociais de apropriação de recursos ambientais, deve ser valorado e
distribuído de modo equânime, no contexto de um arranjo institucional que
compartilhe responsabilidades e possibilite a ancoragem da gestão sobre tal
conjunto de interesses socialmente identificados. (COSTA, 2003)

Nessa equação aumenta-se o campo de atuação da gestão ambiental, tendo um vasto


número de atores, públicos e privados e nessa ótica temos 2(dois) princípios adicionais para a
edificação estratégica, em primeiro temos os conceitos de administração estratégica e
planejamento estratégico e em segundo temos as reflexões aplicadas aos conceitos de
subsidiariedade, desconcentração ou descentralização de processos decisórios, como demonstra
a Figura 4.

Figura 4 Processo Planejamento Estratégico


Análise Ambiental
Postura Estratégica MISSÃO

Escolha Consciente Alternativas de Caminho e Ação para


Cumprir a Missão Estratégica
Fonte: Machado (2002)

A postura estratégica ambiental “ é estabelecida por uma escolha consciente de uma das
alternativas de caminho e ação para cumprir a sua missão” (MACHADO, 2002), onde missão pode
ser entendida como a razão de ser da sociedade e é um dos fatores que delimita a postura
estratégica.
De acordo com o International Council for Local Environmental Initiatives (ICLEI, 1996):
desenvolvimento sustentável é um programa de ação para reformar a economia
global e regional, cujo desafio é desenvolver, testar e disseminar meios para
mudar o processo de desenvolvimento econômico de modo que ele não destrua
os ecossistemas e os sistemas comunitários, tais como, cidades, vilas, bairros e
famílias. No nível local, o desenvolvimento sustentável requer que o
desenvolvimento econômico local apoie a vida e o poder da comunidade, usando
os talentos e os recursos locais. Isso vai de encontro ao desafio de distribuir os
benefícios equitativamente e mantê-los no longo prazo para todos os grupos
sociais. E isso só pode ser alcançado prevenindo os desperdícios ecológicos e a
degradação dos ecossistemas pelas atividades produtivas. ( ICLEI, 1996)
27

Para o ICLEI (1996), em nível local existem sempre três diferentes processos de
desenvolvimento, a saber, desenvolvimento econômico, comunitário e ecológico, como
demonstrado na Figura 5 onde cada um apresenta os seus diferentes aspectos e intersecção
representando a frequência imperativas e contradições entre si e o desenvolvimento sustentável é
um processo para conduzir estes três tipos de desenvolvimento com equilíbrio, que é
representado pela interseção dos círculos e não se confunde com o conservacionismo, com o
desenvolvimento econômico comunitário e com a “deep ecology” ou o utopismo.
O desenvolvimento sustentável na Figura 5 é representado pela interseção desses três
processos de desenvolvimento e não se confunde com o conservacionismo, com o
desenvolvimento econômico comunitário e com a “deep ecology” ou o utopismo.

Figura 5 Desenvolvimento Sustentável no Nível Local

Desenvolvimento
Econômico Desenvolvimento CONSERVACIONISMO
Comunitário Econômico

Desenvolvimento
Desenvolvimento SUSTENTÁVEL
Comunitário Desenvolvimento
Ecológico

DEEP ECOLOGY ou
UTOPISMO

Fonte: adaptado ICLEI (1996)


28

Em uma análise direta podemos inferir que as expressões “desenvolvimento nacional”, e, “


desenvolvimento econômico” estão ligadas ao termo “ desenvolvimento humano”, in verbis:
O desenvolvimento econômico deve ser justo para que se torne legítimo. Não é ele
que cria uma ordem econômica justa, senão que o ordenamento justo é que
propicia as condições para o desenvolvimento. Em nome do crescimento
econômico, não se pode postergar a redistribuição de rendas, nem ofender aos
direitos humanos, nem atentar contra o meio ambiente, nem justificar a corrupção
dos políticos. Sendo questão de justiça, a problemática do desenvolvimento
econômico não se deixa aprisionar pelo cálculo utilitarista, embora não lhe seja
estranha a consideração do útil, que integra a ideia de justiça. O princípio do
desenvolvimento econômico não é um fim em si mesmo, mas deve se afinar com o
desenvolvimento humano . (TORRES, 2005)

Ocorre que é impraticável no Brasil falar em desenvolvimento econômico, devido ao meio


de produção, sem mensurar a área da tributação. E ao restringir o termo chegamos a tributação
ambiental onde Oliveira (1999), relata, in verbis:
Parece que o desafio posto à doutrina nessa matéria é a conciliação dos
princípios, fundados que são ambos na solidariedade social, em face da
constatação de que a apropriação por uns (seja a indústria, seja o consumidor) do
Meio Ambiente (meio de uso comum de todos) configuraria enriquecimento
particular, indicador de capacidade contributiva especial e diferenciada,
legitimadora quer de (novos) tributos ambientais (em sentido estrito), quer de
gradações seletivas de tributos clássicos (tributos ambientais em sentido lato).
(OLIVEIRA, 1999)

E acentuando a preocupação do Brasil para com o tema ambiental, e o Desenvolvimento


Sustentável, o Governo Federal por intermédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão editou a Instrução Normativa nº 1, de 19 de janeiro de 2010 que dispõe sobre os critérios
de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela
Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e dá outras providências.
A Instrução Normativa nº1 de 19 de janeiro de 2010 solidifica o tema de Desenvolvimento
Sustentável na Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, no art. 2º, incisos I e V, da Lei nº 6.938, de
31 de agosto de 1981, e nos arts. 170, inciso VI, e 225 da Constituição. E, apresenta no seu Art.
1º, 2 e 3 que:
Art 1º Nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, as
especificações para a aquisição de bens, contratação de serviços e obras por
parte dos órgãos e entidades da administração pública federal direta, autárquica e
fundacional deverão conter critérios de sustentabilidade ambiental, considerando
os processos de extração ou fabricação, utilização e descarte dos produtos e
matérias-primas.
Art. 2º Para o cumprimento do disposto nesta Instrução Normativa, o instrumento
convocatório deverá formular as exigências de natureza ambiental de forma a não
frustrar a competitividade.
Art. 3º Nas licitações que utilizem como critério de julgamento o tipo melhor
técnica ou técnica e preço, deverão ser estabelecidos no edital critérios objetivos
de sustentabilidade ambiental para a avaliação e classificação das propostas.

No Capítulo II da mesma Instrução Normativa, temos o título DAS OBRAS PÚBLICAS


29

SUSTENTÁVEIS, e o que chama a atenção foi a preocupação entabulada na a redução do


consumo de energia e água, bem como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o
impacto ambiental, in verbis:
Art. 4º Nos termos do art. 12 da Lei nº 8.666, de 1993, as especificações e demais
exigências do projeto básico ou executivo, para contratação de obras e serviços
de engenharia, devem ser elaborados visando à economia da manutenção e
operacionalização da edificação, a redução do consumo de energia e água, bem
como a utilização de tecnologias e materiais que reduzam o impacto ambiental,
tais como:
I – uso de equipamentos de climatização mecânica, ou de novas
tecnologias de resfriamento do ar, que utilizem energia elétrica, apenas
nos ambientes aonde for indispensável;
II – automação da iluminação do prédio, projeto de iluminação,
interruptores, iluminação ambiental, iluminação tarefa, uso de sensores
de presença;
III – uso exclusivo de lâmpadas fluorescentes compactas ou tubulares de
alto rendimento e de luminárias eficientes;
IV – energia solar, ou outra energia limpa para aquecimento de água;
energia;
VI – sistema de reuso de água e de tratamento de efluentes gerados;
VII – aproveitamento da água da chuva, agregando ao sistema hidráulico
elementos que possibilitem a captação, transporte, armazenamento e
seu aproveitamento;
VIII – utilização de materiais que sejam reciclados, reutilizados e
biodegradáveis, e que reduzam a necessidade de manutenção; e
IX – comprovação da origem da madeira a ser utilizada na execução da
obra ou serviço.
§ 1º Deve ser priorizado o emprego de mão-de-obra, materiais, tecnologias e
matérias-primas de origem local para execução, conservação e operação das
obras públicas.
§ 2º O Projeto de Gerenciamento de Resíduo de Construção Civil - PGRCC, nas
condições determinadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA,
através da Resolução nº 307, de 5 de julho de 2002, deverá ser estruturado em
conformidade com o modelo especificado pelos órgãos competentes.
§ 3º Os instrumentos convocatórios e contratos de obras e serviços de engenharia
deverão exigir o uso obrigatório de agregados reciclados nas obras contratadas,
sempre que existir a oferta de agregados reciclados, capacidade de suprimento e
custo inferior em relação aos agregados naturais, bem como o fiel cumprimento do
PGRCC, sob pena de multa, estabelecendo, para efeitos de fiscalização, que
todos os resíduos removidos deverão estar acompanhados de Controle de
Transporte de Resíduos, em conformidade com as normas da Agência Brasileira
de Normas Técnicas - ABNT, ABNT NBR nºs 15.112, 15.113, 15.114, 15.115 e
15.116, de 2004, disponibilizando campo específico na planilha de composição
dos custos.
§ 4º No projeto básico ou executivo para contratação de obras e serviços de
engenharia, devem ser observadas as normas do Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO e as normas ISO nº 14.000 da
Organização Internacional para a Padronização (International Organization for
Standardization).
§ 5º Quando a contratação envolver a utilização de bens e a empresa for
detentora da norma ISO 14000, o instrumento convocatório, além de estabelecer
diretrizes sobre a área de gestão ambiental dentro de empresas de bens, deverá
exigir a comprovação de que o licitante adota práticas de desfazimento sustentável
ou reciclagem dos bens que forem inservíveis para o processo de reutilização.

No tocante aos princípios da ordem econômica a Emenda Constitucional nº 42, de 19 de


30

Dezembro de 2003, referente ao artigo 170 da Constituição Federal de 1988 apresentou a


seguinte redação:
Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
(...)
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de
elaboração e prestação. (o grifo é nosso)

O ‘tratamento diferenciado’ será efetivado mediante uma carga tributária distinta, mas o
simples fato de o dispositivo ter sido modificado no bojo da Reforma Tributária serve como mais
um indício de que instrumentos tributários destinados à defesa do meio ambiente serão criados
em um futuro muito próximo.
O principal objetivo do tributo não é aumentar a arrecadação, mas evitar ou minimizar os
danos causados ao meio ambiente sem, no entanto, impedir o desenvolvimento econômico do
país. Ressalta-se que o tributo ambiental deve ser apenas uma das armas utilizadas para a
preservação do meio ambiente, implementando, em especial uma política de educação ambiental
para as empresas e para a população, destarte, a ser desenvolvida pelos governos federal,
estadual e municipal, de forma intensa e ininterrupta.
O Direito Ambiental apresenta os seguintes instrumentos preventivos de tutela:
(i) Poder de Polícia;
(ii) Zoneamento;
(iii) Licenciamento;
(iv) Estudo de Impacto Ambiental; (EIA/RIMA)
(v) Educação Ambiental.
Os instrumentos tributários quando observados de forma micro remonta ao já mencionado
junto a Figura 5 que trata do desenvolvimento sustentável no nível local, e temos que, data venia,
a aplicação do princípio da precaução relacionando-se intensamente com a avaliação prévia das
atividades humanas, bem como o estudo de impacto ambiental inserido na metodologia, a
prevenção e a precaução da degradação ambiental. Diagnosticado o risco do prejuízo, pondera-
se sobre os meios de evitar o prejuízo. Aí entra o exame da oportunidade do emprego dos meios
de prevenção.

No afã de solver as dúvidas ante Tributação Ambiental e Impacto Ambiental o CONAMA


por meio da RES. 001 define impacto ambiental como sendo qualquer alteração das propriedades
físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou
energia resultante da atividade humana,portanto, os impactos ambientais devem considerar as
necessidades e dificuldades de manutenção da diversidade biológica, pois os componentes do
31

ecossistema estão integrados, e considerando os efeitos sobre a natureza, com implicações


sociais, afetando a economia, o estilo de vida e a estrutura social.
E, ao tentar minimizar os efeitos colaterais sobre a natureza temos o nascimento da
Tributação Ambientais. Salientamos que temos a tarifação sobre bens intangíveis que são
sentidos e afetam a economia, o estilo de vida e a estrutura social.

Assim, o Estudo de Impacto ambiental (EIA) tem como definição como sendo um processo
de estudos interdisciplinares que visa identificar e reduzir impactos no ambiente e na saúde
pública gerados por propostas legislativas, programas de desenvolvimento e projetos,
comunicando as sociedades sobre os resultados desses empreendimento.
São Preocupações EIA:
a) Procura investigar em que grau um projeto encoraja o crescimento urbano,
industrial, tecnológico e quais os resultados desse crescimento sobre o ambiente
e a sociedade;
b) Procura saber se os projetos são compatíveis com outros usos potenciais dos
recursos da área.

E os Objetivos são:
a) Proteger o ambiente para futuras gerações;
b) Garantir segurança, saúde e produtividade do meio ambiente, assim como
seus aspectos estéticos e culturais Garantir maior amplitude possível de usos,
benefícios de ambientes não degradados, sem riscos de outras consequências
indesejáveis;
c) Preservar importantes aspectos históricos, culturais e naturais de nossa
herança nacional;
d) Garantir a qualidade dos recursos renováveis, e induzir a reciclagem dos
recursos não renováveis;
e) Permitir ponderação entre benefícios de um projeto e os custos ambientais do
mesmo, não computados nos custos econômicos;
O estudo de impacto ambiental é um instrumento da política de defesa da qualidade
ambiental com pressupostos constitucionais, conforme o art. 225, 1º, IV da CF/88 e se realiza
mediante um procedimento de direito público, cuja elaboração há que atender a diretrizes
estabelecidas na legislação e nas que, em cada caso, forem fixadas pela autoridade competente.

Ressalta-se que o estudo de impacto ambiental deve ser realizado por equipe
multidisciplinar habilitada, e é a constituída de técnicos de variada formação acadêmica. A equipe
multidisciplinar responde tecnicamente pelo conteúdo do RIMA, como Machado (2002):
32

A equipe multidisciplinar deverá apontar os equipamentos de controle que existam


no mercado nacional como em outros países. Muitas vezes, membros da equipe
multidisciplinar terão que se deslocar para outros países para verificarem a
eficiência desses equipamentos. Avaliar a eficiência não é só reproduzir o que
consta na bibliografia. Além disso, essa avaliação de eficiência deverá levar em
conta a área do projeto, pois um mesmo equipamento poderá não ser adequado
para localidade diversa de onde foi testado. (MACHADO, 2002)

A equipe multidisciplinar tem como objetivo avaliar o grau do risco ambiental que é algo
ineliminável na sociedade contemporânea e, por consequência, assim deve ser compreendido
especialmente diante do direito ambiental.
Deve-se partir da ideia de que o desenvolvimento traz, a um só tempo, benefícios e riscos
à coletividade e, diante da periculosidade ou nocividade de uma atividade, a norma deve proibi-la,
ou admiti-la. Mas, nos casos em que o risco pode ser reduzido a uma situação de suportabilidade,
a norma deve estabelecer as medidas preventivas que devem ser adotadas.
A Lei nº 6.938/81 (art. 9 º , III) qualifica o estudo de impacto ambiental como instrumento
da Política Nacional do Meio Ambiente, ou seja, diz que uma função primordial consiste em
aplicar, nos projetos de obra e atividades potencialmente causadores de degradação ambiental,
os princípios e objetivos definidos naquela lei como necessários à preservação da qualidade
ambiental e à manutenção do equilíbrio ecológico.

O art. 5 º da Resolução nº 001/86-CONAMA dispõe que, além de atender à legislação, em


especial aos princípios e objetivos expressos na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, o
estudo de impacto ambiental terá que conter ainda o seguinte:

I - contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto,


confrontando-as com a hipótese de não execução;

II - identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases


de implantação e operação da atividade;

III - definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os
casos, a bacia hidrográfica na qual se localiza;

IV - considerar os planos e programas governamentais e em implantação na área


de influência do projeto, e sua compatibilidade.

Em continuidade com a determinação da execução do estudo de impacto ambiental, o


órgão estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Município fixará as diretrizes
adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e características ambientais da área, forem
julgadas necessárias, inclusive os prazos para a conclusão e análise dos estudos.
33

E esta fase se desdobra em vários passos, e no mínimo, importará nas seguintes


atividades técnicas:

a) Diagnóstico ambiental da área;

b) Análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas;

c) Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos;

d) Programa de acompanhamento

Elaboração de programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e


negativos. Onde podemos mensurar o seguinte para cada passo:

a) Diagnóstico Ambiental da Área - Trata-se de estudar e definir a área de


influência do projeto, os limites geográficos da área a ser direta ou indiretamente
atingida pelo projeto, com descrição e análise completa dos recursos ambientais e
suas interações, considerando:

a1) Meio Físico;

a2) Meio Biológico e os Ecossistemas Naturais;

a3) Meio Sócioeconômico;

b) Análise dos Impactos Ambientais do Projeto e de Suas Alternativas -


Uma das diretrizes gerais impostergáveis do estudo de impacto ambiental consiste em
identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de
implantação e operação da atividade. Por isso, a equipe multidisciplinar terá que
analisar os impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através da
identificação, da previsão da magnitude e da interpretação da importância dos
prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos (benéficos) e
negativos (adversos) diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazo,
temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas (associação de fatores que se coordenam para o resultado);
a distribuição dos ônus e benefícios sociais;

c) Definição de Medidas Mitigadoras - Cumpre à equipe multidisciplinar


proceder à identificação das medidas mitigadoras desses impactos negativos, entre as
quais se incluem a análise dos equipamentos de controle e os sistemas de tratamento
de despejos, avaliando a eficiência de cada uma delas. Confiabilidade da solução é
mais que mitigar o impacto, é tentar evitar o impacto negativo, ou sendo impossível
evitá-lo, é procurar corrigi-lo, recuperando o ambiente;
34

d) programa de acompanhamento - A elaboração de programa de


acompanhamento e de monitoramento dos impactos positivos e negativos é parte
integrante do estudo de impacto ambiental, indicando os fatores e parâmetros a serem
considerados, entre os quais se encontram os planos e programas governamentais e
em implantação na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.

As ações e passos mencionados tem o poder de levantar o passivo ambiental representa


os danos causados ao meio ambiente, representando, assim, a obrigação, a responsabilidade
social da empresa com aspectos ambientais, assim, um empreendimento tem Passivo Ambiental
quando ele agride, de algum modo e/ou ação, o meio ambiente e não dispõe de nenhum projeto
ou plano para sua recuperação, aprovado oficialmente ou de sua própria decisão.
O termo passivo ambiental pode ser definido como uma obrigação adquirida em
decorrência de transações anteriores ou presentes, que provocaram ou provocam danos ao meio
ambiente ou a terceiros, de forma voluntária ou involuntária, os quais deverão ser indenizados
através da entrega de benefícios econômicos ou prestação de serviços em um momento futuro
(GALDINO et al., 2004).
Lembrando que o passivo ambiental não precisa estar diretamente vinculado aos balanços
patrimoniais, podendo fazer parte de um relatório específico, discriminando-se as ações e
esforços desenvolvidos para a eliminação ou redução de danos ambientais.
Em termos genéricos, podemos definir passivos como reservas ou restrições de ativos
provenientes de obrigações legais ou espontâneas adquiridas quando da execução da atividade
produtiva e administrativa pela organização, através da aquisição de ativos ou do processo de
obtenção de receita, obrigações estas, expressas em moeda corrente na data de publicação dos
demonstrativos contábeis.
De acordo o Instituto de Auditores Independentes do Brasil – IBRACON o passivo ambiental
pode ser conceituado como: “'toda agressão que se praticou/pratica contra o meio ambiente e
consiste no valor de investimentos necessários para reabilitá-lo, bem como multas e indenizações
em potencial.” (IBRACON, 1996).
Para SINGER e SEKIGUCHI (1999) passivos ambientais podem ser entendidos como
obrigações decorrentes da contaminação ou degradação ambiental provocada por determinada
atividade sobre o meio ambiente (nem sempre mensurados e provisionados pelas empresas), ou
podem também se referir a obrigações sujeitas a cobrança e, neste caso, se inserem na
contabilidade ambiental em oposição aos ativos ambientais.
Todos os gastos referentes à manutenção e à recuperação do meio ambiente devem ser
registrados no momento de ocorrência do fato gerador, ou no momento em que ocorrer a
constatação da responsabilidade pelo fato gerador. (JABOR, 2004). Em que pese sobre o
35

levantamento do passivo ambiental é uma tarefa complexa, in verbis:


que significa identificar e caracterizar os efeitos ambientais adversos, sendo que
quanto maior forem esses efeitos, maior será o montante do passivo ambiental. A
estimativa do valor a ser despendido com a recuperação do meio ambiente
afetado, de acordo com o princípio contábil do conservadorismo, deverá abranger
todos os possíveis gastos que serão necessários para tal. (JABOR, 2004).

Na atualidade a avaliação de passivos é exigida para liberação de linhas de crédito, sendo


utilizada como ferramenta de apoio ao processo gerencial, muitas vezes são adotados os
instrumentos de contabilidade ambiental, que mensuram as receitas e custos da degradação e
das medidas adotadas para evitá-los, possibilitando adequar os preços de transferência interna
para os produtos e serviços prestados.
De um modo geral o processo para levantamento de passivos deve ser realizado em
etapas, onde a primeira deve ser realizada com uma avaliação qualitativa dos impactos, e um
segundo momento, que resulta na sua quantificação.
Ressalta-se que na primeira fase, são levantadas todas as práticas e procedimentos
referentes aos aspectos ambientais relevantes tais como: licenças ambientais existentes, resíduos
gerados pela empresa e a sua disposição final, taxas de emissões atmosféricas e de geração de
efluentes líquidos e os respectivos sistemas de minimização e tratamento de poluição adotados.
Com base nos resultados da primeira fase é realizado um planejamento cujo objetivo é
mensurar os impactos ambientais de forma a permitir uma avaliação do custo para o seu
adequado gerenciamento. Esse procedimento deve ser no mínimo capaz de atender às
exigências legais e administrativas dos órgãos ambientais e à política interna da empresa.
Utiliza-se de coletas, medições e análise, são avaliados de forma quantitativa e qualitativa
as emissões atmosféricas, os efluentes e os resíduos gerados e, suas respectivas influências
ambientais, como alterações na qualidade de água do corpo receptor e do lençol freático, da
atmosfera, do solo, dentre outras.
No que se refere à mensuração de passivos ambientais a Organização das Nações Unidas
(ONU) determina que:
'quando existir dificuldades para estimar o valor de um passivo ambiental, deve-se
indicar a melhor estimativa possível. Nas notas explicativas do balanço devem ser
divulgadas as informações sobre o método utilizado para elaborar essa estimativa'
(MACHADO, 2004).

A ONU indica alguns métodos, classificados como ''preferido'' e ''aceitáveis'', o método


classificado como preferido é o do valor atual, que leva em conta o volume atual de gastos futuros
estimados, baseando-se no valor da realização das ações necessárias para preservação ou
recuperação do meio ambiente, trazido a valor presente com o uso da mesma, pela taxa de
desconto, normalmente utilizadas no país onde a empresa opera.
36

Como métodos ''aceitáveis'' há o do custo atual denominado pela ONU de '' previsão de
gastos antecipados durante o curso das operações relacionadas'' que significa determinar no
exercício em curso o custo estimado para realizar as atividades de restauração da natureza,
considerando-se as condições atuais e vigentes para efetivá-las. (MACHADO, 2004).

O valor do passivo ambiental estimado por qualquer um desses métodos deve ser revisado
de forma periódica com o intuito de ajustá-lo caso alguma das premissas utilizadas no cálculo
tenha apresentado variação de um exercício para outro. Como salientam os passivos ambientais
podem ter uma conotação extremamente negativa, pois significa que as empresas que os detém
agrediram o meio ambiente e podem ter que pagar vultosas quantias a título de indenização
(RIBEIRO e GRATÃO, 2000)
Os passivos ambientais podem, inclusive, ser originários de atitudes ambientalmente
responsáveis, como as decorrentes da manutenção de um sistema de gerenciamento ambiental
que requer pessoas, máquinas, equipamentos e instalações para funcionamento. O Passivo
Ambiental insere-se no âmbito social por se tratar de uma exigência legal que responsabiliza o
autor do dano a reparar ou mitigar prejuízos de cunho social ou privado, provocados direta ou
indiretamente por meio das externalidades provadas ao meio ambiente.
Hollins e Percy (1998) afirmam que:
uma organização internacional ou nacional que pretende adquirir uma propriedade
deverá levar em conta a existência de passivos, pois esses podem ser herdados
após a compra de um bem. Da mesma forma, empresas que desenvolvem
projetos ou aplicam dinheiro em um negócio também precisam estar cientes, pois
podem sofrer prejuízos no futuro. Nos Estados Unidos, desde 1980, a pessoa ou
instituição que empresta dinheiro deve assegurar a dívida por custos de limpeza
ambiental por esta de acordo com o avaliado (proprietários ou responsável pela
execução do negócio financeiro), ou talvez mais significativamente por ter o poder
de evitar os danos que o mutuário venha a executar. (HOLLINS e PERCY, 1998)

No Brasil, as leis ambientais estão cada vez mais conhecidas e aplicadas para os danos
causados ao meio ambiente. A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, dá uma ampla definição no artigo 3º sobre poluição:
A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em descordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
Há várias técnicas, segundo a E.P.A. (Environmental Protection Agency), para se
estimar um passivo ambiental, as quais têm sido desenvolvidas e aplicadas em combinação para
37

cada tipo de passivo ambiental destacando-se:


a)Técnicas atuariais - envolvem uma análise estatística de dados históricos ou
eventos (como acidentes) ou consequências (adversas à saúde), os quais
podem conduzir a um passivo ambiental;
b) Julgamento profissional - inclui uma análise baseada na experiência de
profissionais ligados a área de meio ambiente ou correlata; b1) Identificação de
conformidades e remediação de atividades, bem como estimar a probabilidade
de acontecerem acidentes; b2) Análises científicas;
c) Técnicas de análises para a decisão - são usadas na construção de
análises baseadas na experiência, as quais refletem incerteza na avaliação,
caracterização e apresentação dos resultados na avaliação do passivo
ambiental. Incertezas essas relativas à magnitude, à probabilidade e à
determinação do potencial do passivo ambiental, produzindo um conjunto de
passivos baseado nas suas respectivas probabilidades.;
d) Modelagem - é usada como uma alternativa ou suplemento para análises
profissionais quando os dados históricos são limitados ou não-avaliáveis e o
custo ou ocorrência de valores pode ser simulado devido a muitas variáveis
prováveis ou interações complexas;
e) Técnicas de Cenário - são usadas para descrever e direcionar futuras
situações que podem gerar passivos ambientais, assim como mudanças de
requerimentos regulatórios, políticas de remediação, padrões legais para
compensar danos em recursos naturais e políticas de aplicação;
f) Métodos de valoração - incluem uma variedade de papéis legais e técnicas
econômicas que colocam valores legais sobre as consequências ambientais
para compensação de passivos por danos em recursos naturais;
f.1) Métodos legais para avaliar danos para pessoas, suas propriedades e
seus negócios, englobam práticas aceitáveis que podem ser desenvolvidas
e usadas para dar valor monetário nas compensações exigidas em
processos.
Sempre que ocorrer uma agressão ao meio ambiente deverá ser feita a diferenciação entre
a indenização do dano ambiental pretérito, que dever· ser cumulativa com a recuperação do meio
ambiente ou, na impossibilidade desta, com a compensação ambiental, conforme a Lei n°
9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - S.N.U.C.) dispõe que:
Recuperação é a restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma
condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original.
38

E reparar danos ambientais abrange restaurar o equilíbrio anteriormente existente, significa


recriar as condições do solo, do clima e da biota, permitindo à natureza restabelecer o
ecossistema em toda a sua riqueza, diversidade e complexidade, in verbis:
Á reconstituição da floresta destruída, não basta porém o simples replantio das
árvores abatidas. Sabemos hoje que a desflorestação tem consequências
drásticas em todo o ecossistema dependente da floresta e nos ecossistemas
envolventes, afetando não só a biota, mas provocando igualmente alterações
climáticas e o subsequente empobrecimento do solo. Reparar todos estes danos
restaurando o equilíbrio anteriormente existente, significa recriar as
condições do solo, do clima e da biota, permitindo à natureza restabelecer o
ecossistema em toda a sua riqueza, diversidade e complexidade. Ora, para o
conseguir, é necessário ter em conta que o tempo da natureza é mais lento e
longo que o dos homens e que no cálculo deste dano poderão também ter de
entrar verbas destinadas ao financiamento de estudos de investigação e pesquisa
científicas de acompanhamento das ações de restauração dos ecossistemas
destruídos, avaliando em cada momento as reações do meio, com vista a facilitar
a auto regeneração. (CRUZ, 1999) (grifo nosso)

A Carta Constitucional de 1988 consagrou o direito a um meio-ambiente sadio, que no seu


artigo 225 garante a responsabilização dos infratores em reparar os danos causados (§3º, art.
225, CF/88). A Lei dos Crimes Ambientais, n.º 9.605/98, além da visão sistêmica de meio
ambiente natural, alarga o conceito e protege expressamente o meio ambiente artificial e cultural,
ao arrolar os crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural.
A palavra responsabilidade tem sua origem etimológica no verbo latino respondere, de
spondeo, primitiva obrigação de natureza contratual do Direito Romano, pela qual o devedor se
vinculava ao credor nos contratos verbais, tendo, portanto, a ideia e concepção de responder por
algo.
A responsabilidade pode adquirir um significado sociológico, no qual ganha aspecto de
realidade social, pois decorre de fatos sociais, é fato social.
Na concepção de Dias (1997, p. 7-10) os julgamentos de responsabilidade
são reflexos individuais, psicológicos, do fato exterior social, objetivo, que é a
relação de responsabilidade. Já sob o ponto de vista jurídico, a ideia de
responsabilidade adota um sentido obrigacional: é a obrigação que tem o autor de
um ato ilícito de indenizar a vítima pelos prejuízos a ela causados. (DIAS, 1997)

Segundo Azevedo (2000) a responsabilidade civil:


é a situação de indenizar o dano moral ou patrimonial, decorrente de
inadimplemento culposo, de obrigação legal ou contratual, ou imposta por lei.

A noção de responsabilidade, no campo jurídico, amolda-se ao conceito genérico de


obrigação, o direito de que é titular o credor em face do dever, tendo por objeto determinada
prestação. No caso assume a vítima de um ato ilícito a posição de credora, podendo, então, exigir
do autor determinada prestação, cujo conteúdo consiste na reparação dos danos causados.
Quando se aplica essa ideia à responsabilização civil, quem deve é o devedor e quem
39

responde pelo débito, ou pela reparação do dano é o seu patrimônio. Quanto à classificação da
responsabilidade civil, há duas teorias: a subjetiva e a objetiva. Na teoria subjetiva tem na culpa
seu fundamento basilar, só existindo a culpa se dela resulta um prejuízo e na teoria objetiva não
exige a comprovação da culpa, e hodiernamente tem sido subdividida em pura e impura.
A responsabilidade civil é objetiva pura, quando resultante de ato lícito ou de fato jurídico,
como alguém que age licitamente e, mesmo assim, deve indenizar o prejuízo decorrente de sua
ação. Neste caso, a lei deve dizer, expressamente, que o indenizador deve indenizar
independentemente de culpa, como nos danos ambientais (art. 14, º 1º, da Lei nº 6938/81), nos
danos nucleares (art. 40, da Lei nº 6453/77) e em algumas hipóteses do Código do Consumidor.
Por outro lado, a responsabilidade civil objetiva impura existe quando alguém indeniza, por
culpa de outrem, como no caso do empregador que, mesmo não tendo culpa, responde pelo ato
ilícito de seu empregado (art. 1521, III, do Código Civil, e Súmula 341 do Supremo Tribunal
Federal).
O legislador pátrio, com a edição da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente - Lei nº
6.938/81 – , em seu artigo 14, § 1o, o regime da responsabilidade civil objetiva pelos danos
causados ao meio ambiente. Dessa forma, é suficiente a existência da ação lesiva, do dano e do
nexo com a fonte poluidora ou degradadora para atribuição do dever de reparação.
Comprovada a lesão ambiental, torna-se indispensável que se estabeleça uma relação de
causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano dele advindo. Para tanto, não é
imprescindível que seja evidenciada a prática de um ato ilícito, basta que se demonstre a
existência do dano para o qual exercício de uma atividade perigosa exerceu uma influência causal
decisiva.
Vale ressaltar que, mesmo sendo lícita a conduta do agente, tal fator torna-se irrelevante
se dessa atividade resultar algum dano ao meio ambiente. Essa nada mais é do que uma
consequência advinda da teoria do risco da atividade ou da empresa, segundo a qual cabe o
dever de indenizar àquele que exerce atividade perigosa, consubstanciando ônus de sua atividade
o dever de reparar os danos por ela causados.
Tal teoria decorre da responsabilidade objetiva, adotada pela Lei de Política Nacional do
Meio Ambiente, onde a responsabilidade civil objetiva aos danos ambientais pode assumir duas
acepções diferentes. Por um lado, a responsabilidade objetiva tenta adequar certos danos ligados
aos interesses coletivos ou difusos ao anseio da sociedade, tendo em vista que o modelo clássico
de responsabilidade não conseguia a proteção ambiental efetiva, pois não inibia o degradador
ambiental com a ameaça da ação ressarcitória.
No entanto a responsabilidade objetiva visa a socialização do lucro e do dano,
considerando que aquele que, mesmo desenvolvendo uma atividade lícita, pode gerar perigo,
40

deve responder pelo risco, sem a necessidade da vítima provar a culpa do agente.
Desse modo, a responsabilidade estimula a proteção a meio-ambiente, já que faz o
possível poluidor investir na prevenção do risco ambiental de sua atividade.
Quando se fala sobre a responsabilidade civil ambiental, que se sabe é objetiva, faz-se
imperioso refletir a respeito do princípio de Direito Ambiental do Poluidor-Pagador.
Segundo este princípio, quem polui deve arcar com as despesas que seu ato produzir, e
não, como querem alguns, que quem paga pode poluir. Tal princípio pretende internalizar no preço
as externalidades produzidas, o que se denomina custo ambiental.
Tal expressão se traduz na imposição do sujeito causador do problema ambiental em
sustentar financeiramente a diminuição ou afastamento do dano. Visa, ainda, impedir a
socialização dos prejuízos decorrentes dos produtos inimigos ao meio ambiente. Ensina Benjamin
(1998) que:
Ao obrigar o poluidor a incorporar nos seus custos o preço da degradação que
causa – operação que decorre da incorporação das externalidades ambientais e
da aplicação do princípio poluidor-pagador – a responsabilidade civil proporciona o
clima político-jurídico necessário à operacionalização do princípio da precaução,
pois prevenir passa a ser menos custoso que reparar. (BENJAMIN, 1998)

Dessa forma, distingue-se no princípio duas esferas básicas: busca evitar a ocorrência de
dano ambiental – caráter preventivo; e ocorrido o dano, visa a sua reparação – caráter repressivo.
Dentro desse princípio, mais precisamente em seu caráter repressivo é que se insere a
ideia de responsabilidade civil pelo dano causado ao meio-ambiente.
Sendo o dano, pressuposto indispensável para a formulação de uma teoria jurídica
adequada de responsabilidade ambiental, faz-se necessária uma breve incursão no seu conceito
jurídico, o que lembra a palavras de Leite (2000) onde ensina que dano é toda a ofensa a bens ou
interesses alheios protegidos pela ordem jurídica.
Dano é o prejuízo causado a terceiros, ao se lesar bens juridicamente protegidos, que
pode ser visto sob dois aspectos: patrimonial, no qual se atinge o patrimônio econômico do
lesado; e extra patrimonial ou moral, quando o prejuízo é causado no psicológico da vítima, ou
seja, os direitos da personalidade que são afetados.
No que concerne ao dano ambiental, sua caracterização dependerá da valoração dada ao
bem jurídico lesado pelo dano e protegido pela ordem jurídica. Destarte, para a definição do dano
ambiental, torna-se essencial, preliminarmente, que se caracterize o conceito jurídico de meio
ambiente.
Meio ambiente é um bem jurídico, que pertence a todos os cidadãos indistintamente,
podendo, desse modo, ser usufruído pela sociedade em geral. Contudo, toda a coletividade tem o
dever jurídico de protegê-lo, o qual pode ser exercido pelo Ministério publico, pelas associações,
pelo próprio Estado e até mesmo por um cidadão.
41

O conceito de meio ambiente foi, primeiramente trazido pela Lei nº 6.938/81, no seu artigo
3º, I, conhecida como Lei de Política Nacional do Meio-Ambiente. Tal definição posteriormente foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988, que, de acordo com o seu artigo 225, tutelou
tanto o meio ambiente natural, como o artificial, o cultural e o do trabalho, como pode ser
constatado:
Art. 225 - Todos tem direito ao meio-ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. (CONSTITUTIÇÃO FEDERAL 1988, ARTIGO 225)

Diante do que foi exposto, o dano ambiental, pode ser compreendido como sendo o
prejuízo causado a todos os recursos ambientais indispensáveis para a garantia de um meio
ecologicamente equilibrado, provocando a degradação, e consequentemente o desequilíbrio
ecológico.
O dano ambiental, assim como o dano, tanto pode ser tanto patrimonial como moral. É
considerado dano ambiental patrimonial, quando há a obrigação de uma reparação a um bem
ambiental lesado, que pertence a toda a sociedade. O dano moral ambiental, por sua vez, tem
ligação com todo prejuízo que não seja econômico, causado à coletividade, em razão da lesão ao
meio-ambiente.
Não se pode olvidar da questão social desencadeada pelo dano ambiental. O dano ao
meio-ambiente representa lesão a um direito difuso, um bem imaterial, incorpóreo, autônomo, de
interesse da coletividade, garantido constitucionalmente para o uso comum do povo e para
contribuir com a qualidade de vida das pessoas.
Assim, não apenas a agressão à natureza que deve ser objeto de reparação, mas também
a privação do equilíbrio ecológico, do bem estar e da qualidade de vida imposta à coletividade, e a
reparação podemos dar o nome de compensação.
O cálculo da compensação do valor dos bens ambientais deve estar incorporado ao valor
que integra a própria noção de imóvel, o que é diferente dos serviços que esses bens podem
desempenhar. Mesmo que o valor do bem seja definido em função de sua destinação, esse valor
já deve estar embutido no valor do imóvel, da mesma forma que a sua degradação (do bem) deve
ser descontada do valor do bem no processo de negociação (compra/venda), calculado com base
no custo de recuperação (que já definimos como passivo ambiental). Neste sentido, merece
destaque julgado do STJ (2005)

Ementa
ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL.RESERVA FLORESTAL. NOVO
PROPRIETÁRIO.RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
1. A responsabilidade por eventual dano ambiental ocorrido em reserva florestal
legal é objetiva, devendo o proprietário das terras onde se situa tal faixa territorial,
42

ao tempo em que conclamado para cumprir obrigação de reparação ambiental e


restauração da cobertura vegetal, responder por ela.
2. A reserva legal que compõe parte de terras de domínio privado constitui
verdadeira restrição do direito de propriedade.
Assim, a aquisição da propriedade rural sem a delimitação da reserva legal não
exime o novo adquirente da obrigação de recompor tal reserva.
3. Recurso especial conhecido e improvido

Essa decisão integra os precedentes do STJ (2005) que geraram entendimento correlato
da 1ª e 2ª Turmas, no sentido de que:
O novo adquirente de imóvel rural já desmatado tem legitimidade para figurar no
pólo passivo de ação civil pública por esse dano ambiental, visto que a obrigação
de repará-lo é transmitida quando da aquisição do bem, independente da
existência ou não de culpa (responsabilidade objetiva).

São elementos essenciais para a Compensação em sentido lato :


a) existência de um débito e de um crédito;
b) o desconto de uma dívida em função da outra
c) a possibilidade de em havendo valores de débito e crédito iguais as
obrigações se compensarem integralmente;
d) a possibilidade de intervenção de espécies não monetárias.

Para Compensação Ambiental aprecia-se a seguinte sugestão de Barth (2009) em ser o


encontro entre os débitos ambientais decorrentes de uma atividade ou
empreendimento público ou privado e os créditos que ditos que o realizador ou
empreendedor assegurem a partir do mesmo, e, que a sociedade local e regional
fazem jus no que respeita aos significativos impactos positivos e negativos que o
ambiente globalmente considerado tenha, incluindo-se os benefícios ao homem
como seu integrante, na área de influência mediata e imediata da referida
atividade ou empreendimento. (BART, 2009)

Assim, denotamos que é um método pelo qual se assegurem direitos e se extinguem


obrigações ambientais decorrentes da lei, de acordo com suas normas e critérios, inclusive sem
intervenções diretas de espécies monetárias, objetivando a conservação e a recuperação
ambientais.
Ao falar em compensação ambiental não podemos considerar tão somente os impactos
negativos, mas também devemos considerar os impactos positivos. Uma forma simples é verificar
as atividades decorrentes dos empreendedores aplicando-se normas e critérios de compensação
existentes ou a serem criados na lei sobre o eventual saldo da conta.
Nesse diapasão, a conservação e a recuperação do ambiente devem ser considerados
como um todo, lembrando da inclusão do homem e da determinação constitucional.
Observa-se na Legislação Pátria trata do assunto na Constituição Federal, na Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81); no Sistema Nacional de Unidades de Conservação,
43

especificamente no artigo 36 da Lei nº 9.985/00 no Regulamentado pelo Decreto nº 4340/02;


pelas Resoluções do CONAMA nº 001/86, 010/87, 02/96, 237/97; pela Portarias do IBAMA nº
9/04,44/04; IN nº 47/04 do IBAMA.
Compensação Ambiental deve ter um amplo conceito para abrigar uma análise de todo
ativo e de todo o passivo ambiental da atividade ou empreendimento. A partir daí, então negociar
com os organismos públicos e a sociedade uma compensação que represente verdadeiramente o
que o ambiente (no conceito de ambiente incluímos necessariamente a sociedade) pede para
compensar.
Os atos que circundam a Compensação Ambiental dizem respeito a contabilizar um
número de variáveis apropriadas aos conceitos de impacto ambiental positivo e negativo, e para
tal, deve-se considerar com adequação as mitigações que a técnica moderna e viável permita,
tendo o cuidado de somar e diminuir os ativos dos passivos ambientais, os aspectos positivos e
negativos, bem como desenvolver atividades que tenham conteúdo sócio- ambiental no entorno,
na zona de influência da atividade ou do empreendimento.
44

3 O PAGAMENTO POR SERVIÇOS AMBIENTAIS: VALORANDO E VALORIZANDO A


NATUREZA

É notório que a economia ambiental em conformidade com o ponto de vista neoclássico


herdou o individualismo linearmente metodológico para conceber o pensamento de valor para o
meio ambiente. A economia ambiental está intimamente ligada aos avanços tecnológicos capazes
de garantir a oferta, tendo a base do argumento na racionalidade que, antes de tudo, garante
ações em direção ao equilíbrio sustentável.
Na abordagem ecológica, o valor é derivado de relações sociais, prioridades definidas pelo
sistema social e condicionadas por parâmetros e critérios físicos e biológicos, com destaque para
a energia.
Os estudos de valoração econômica dos recursos naturais têm recebido crescente atenção
na literatura sobre economia ambiental. Entre outros motivos, temos que a valoração permite
identificar e ponderar os diferentes incentivos econômicos que interferem na decisão dos agentes
em relação ao uso dos recursos naturais.
Para Ortiz (2003) o desafio da valoração econômica de recursos ambientais ou também
denominada de valoração ambiental é determinar quanto melhor ou pior estará o bem-estar das
pessoas devido a mudanças na quantidade de recursos ambientais. Neste sentido, a função da
valoração ambiental é captar estas distintas parcelas de valor econômico do recurso ambiental.
Os autores Carramaschi, Cordeiro Neto, Nogueira (2000) lembram que determinar o valor
econômico de um recurso ambiental é estimar o valor monetário desse recurso em relação a
outros bens e serviços disponíveis na economia.
A sociedade não pode se esquivar da responsabilidade ante aos problemas causados ao
meio ambiente e por não haverem até o presente momento encontrado um ponto de equiparação
e referencial quantitativo no que pese sobre o valor dos serviços ambientais, ou seja, efetivar uma
forma de valorar economicamente natureza e os seus serviços e, assim efetivar em definitivo uma
forma racional que expresse a grande importância da biodiversidade.

Pela magnitude da Natureza e do Meio Ambiente, não é possível encontrar um método que
satisfaça e exprima em definitivo a terminologia de valor ambiental, pois, são diversos os
benefícios que a biodiversidade traz para o homem e, em meio ao quantitativo aqui levantado
temos o qualitativo envolvido com as decisões do meio político.

Ao mensurar a ideia econômica ante a natureza, deve-se lembrar que enquanto os


economistas estão habituados a raciocinar em termos de anos, no máximo em décadas, a escala
de tempo da ecologia se amplia para séculos e milênios (SACHS, 2000. p 49), ou seja, a natureza
trabalha em tempo próprio sem ganância e desejo desenfreado do lucro.
45

A Economia do Meio Ambiente apresenta uma grande diversidade de métodos capazes de


valorar os recursos ambientais existentes, que se diferenciam em diversos aspectos e
classificações, e dessas classificações, não existe uma universalmente aceita.

No gênesis da Economia Ambiental encontramos algumas subdivisões que foram se


modificando até chegar ao que podemos – hoje - inferir como métodos aplicativos para aferir a
valoração da biodiversidade, apontados no Quadro 4.
Quadro 4 - Decomposição do Valor Econômico de um Recurso Ambiental
VALOR DE USO DIRETO: Apropriação direta de recursos
ambientais, via extração, visitação ou outra atividade de
produção ou consumo direto.
VALOR DE
VALOR DE USO INDIRETO: Benefícios indiretos gerados
VALOR USO
pelas funções ecossistêmicas
ECONÔMICO
DO RECURSO VALOR DE OPÇÃO: Intenção de consumo direto ou indireto
AMBIENTAL do bem ambiental no futuro
VALOR DE EXISTENCIA: Valores não associados ao
VALOR DE consumo, e que referem-se a questões morais, culturais e
NÃO USO éticas ou altruístas em relação a existência dos bens
ambientais
Fonte: Maia, Romeiro, Reydon (2004)

No tocante ao Quadro 4 pode-se verificar a forma mais simples da apresentação para o


valor econômico do recurso ambiental, como valor de do uso e de não uso.

Nogueira et al. (2000) apresenta a classificação segundo os autores Bateman & Turner
(1992), Hufschmidt et al. (1983) e Pearce(1993), onde expõem que Bateman & Turner (1992)
apresenta uma classificação dos métodos distinguindo-os pela utilização ou não das curvas de
demanda marshalliana ou hicksiana na determinação do valor do ativo, ao passo que Hufschmidt
et al (1983) alimenta a ideia de divisões conformo o acordo com o fato de a técnica utilizar preços
provenientes de diversos mercados e, por fim apresenta Pearce (1993) que defende a existência
de quatro grandes grupos de técnicas de valoração econômica desenvolvidos a um nível
sofisticado. O Quadro 5 aborda de forma resumida os métodos utilizados pelo autores Baterman e
Turner, Hufschmidt et al e Pearce.
46

O Quadro 5 Classificação dos métodos de acordo com várias visões

Baterman e Turner (1992) Hufschmidt et al. (1983) Pearce (1993)


Abordagens com curva de Preços obtidos através de Abordagens de Mercado
demanda Mercados Reais Convencional

1) Valoração dos Benefícios . 1) Abordagem Dose-Resposta


1) Método Valoração Ex.: Perda de Salários/ Lucros 2) Técnicas de Custos de
Contingente 2) Valoração de Custos Reposição
2) Método do Custo de Viagem Ex.: Gastos de Reposição
3) Métodos dos Preços Custos de Reposição Funções de Produção
Hedônicos Doméstica

Abordagens sem curva de Preços obtidos através de 3) Gastos Evitados


demanda Mercados Substitutos 4) Método dos Custos de
Viagem
4) Método Dose Resposta 3) Valoração dos Benefícios
5) Método de Custos de Ex.: Custos de Viagem
Reposição Abordagem do Diferencial de Métodos de Preços
6) Método de Custos Evitados Salário Hedônicos
Aceitação de Compensação
5) Preços de Casas (ou Terras)
6) Salários pelo Risco
Preços obtidos através de
Mercados Hipotéticos
Métodos Experimentais
4) Questionamento Direto de DAP
Ex.: Jogos de Leilão 7) Método de Valoração
5) Questionamento Direto de Contingente
Escolha de Quantidade (estimar 8) Método de Ordenação
indiretamente a DAP) Contingente (ou de Preferência
Ex.: Método de Escolha Sem Estabelecida/fixa)
Custo
Fonte: Adaptado de Nogueira et al., 2000.

Conforme o Quadro 5, os autores divergem quanto a forma de uso dos métodos de


valoração, que demonstra a existência de diversas formas de aplicabilidade dos métodos.

No Quadro 6 observa-se os principais métodos de valoração econômica dos ativos e


serviços ambientais e algumas aplicações recentes.
47

Quadro 6 Os Principais Métodos de Valoração Econômica dos Ativos e Serviços Ambientais

Método Característica Aplicações Recentes Referências


Disposição a pagar pelo uso de hidrogênio O’Garra et al. (2007)
como combustível de ônibus coletivo
A disposição a Disposição a pagar por energia renovável; Wiser (2007)
Pagar por um
Valoração Disposição a pagar pela vida selvagem; Ojea e Loureiro
benefício é função
Contingente (2007)
de fatores
socioeconômicos Valoração dos Recursos do Ecoturismo Lee e Mjelde (2007)
Valor Recreacional de Recife Coral Brander; Beukering
e César (2007)
Efeito de atributos naturais e restrições sobre Mashour et al.
o valor da conservação (2006)
Estima um preço Poor. Pessagno e
para bens Valoração da qualidade da água
Preço Paul (2007)
comercializados no
Hedônico Efeito do ruído do tráfego de auto-estrada Kim;Park e Kweon
mercado por
atributo ambientais sobre o preço da terra em área urbana (2007)
Efeito das áreas urbanas sobre o preço da
Gao e Asami (2007)
terra;
Estimular a perda dos benefícios recreativos Timmins e Murdock
Estima valores para por congestão (2007)
serviços
ambientais. A Estimular benefícios recreacionais de recifes Ahmed et al. (2007)
Custo demanda é função de coral
Viagem dos gastos de O impacto econômico do aumento do nível Wei-Shiuen e
viagem e de do mar sobre áreas públicas Mendelsohn (2006)
variáreis
socioeconômicas Valoração econômica da utilidade turística de Shrestha; Stein e
recursos naturais Clark (2007)
O custo da viagem Valoração das Características de um rio Johnstone e
é função tanto das Markandya (2006)
características
Custo da poluição costeira para a renda da Hajkowiez (2006)
socioeconômicas
Custo de comunidade
como das
Viagem características do Estimar ganho econômico com melhoria da Karousakis;
Hedônico local qualidade da água Koudouri e Birol
(2006)
Estimar demanda por visitação frente à Hill e Courtney
implantação de facilidades (2006)
Fonte: Gazoni (2007)

Seguindo o poder de observação científica diversos autores buscam na variedade de


métodos de valoração, como demonstra o Quadro 6, a sua aplicabilidade junto a biodiversidade, e
com o aprimoramento do conceito de Desenvolvimento Sustentável, observa-se a dinâmica nos
enunciados, como temos no Quadro 7.
48

Quadro 7 Métodos de Valoração da Biodiversidade

Método de Custo de Recuperação e/ou Custo


de Reposição

Método de Custo de Controle

Método do Custo de Oportunidade


1) Métodos baseados no Mercado de
Bens Substitutos Método do Custo Irreversível

Método do Custo Evitado

Método de Produtividade Marginal

Método da Produção Sacrificada

O Método Custo Viagem


2) Métodos de Preferência Revelada
O Método de Preço Hedônico

O Método de Valoração Contingente


3) Métodos de Preferência Declarada
O Método de Conjoint Analysis

4) O Método de Função Efeito

5) Métodos Multicritérios

6) Método de Valoração do Balanço dos Fluxos de Matéria e Energia

Fonte: Adaptado pelo autor de Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010)

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) inserem no meio científico uma nova leitura
concernente aos Métodos de Valoração da Biodiversidade em seis eixos e subdivididos conforme
o Serviço Ambiental a ser estudada pelo mercado, conforme o Quadro 7.

3.1 MÉTODOS BASEADOS NO MERCADO DE BENS SUBSTITUTOS

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) no mercado encontra-se uma interação
de desejos constantes, conjugadas com as necessidades dos produtores e dos consumidores e,
no que pese na a tomada de decisão no mercado, continua o autor a revelar que tanto o Estado e
as organizações do terceiro setor, têm desempenhado um papel importante em defesa das
diversas formas de vida na Terra.

As informações, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), são repassadas
aos agentes de mercado são de grande valia para as tomadas de decisões exauridas pelas as
49

organizações, contudo, os ativos da natureza não tem cotação em mercados tradicionais, sendo
comum estimar-se os preços dos recursos por meio de técnicas de mercado de bens substitutos.

Os autores em tela apresentam que os bens substitutos são representados por aqueles
que, havendo um aumento no preço de um bem, acarretam um aumento na demanda de um outro
bem, ou seja, substituto, o consumidor não perde bem-estar em relação ao bem consumido
anteriormente.

3.1.1 Método de Custo de Recuperação e/ou Custo de Reposição

O método de custo de reposição integrante dos métodos de bens substitutos, que consiste,
segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), em se

estimar o custo de repor ou restaurar o recurso ambiental danificado de maneira a


restabelecer a qualidade ambiental inicial. Esse método usa o custo de reposição
ou restauração como uma aproximação da variação da medida de bem-estar
relacionada ao recurso ambiental. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,
ORTIZ, 2010)

Como exemplo, os autores apresentam que o dispêndio na recuperação da qualidade


ambiental da baía de Guanabara, que foi alterada a partir do derrame de óleo da Petrobrás
ocorrido em janeiro de 2000, que infelizmente deverá ser ultrapassado pelo desastre ecológico
que ocorreu no Golfo do México em 20 de abril de 2010, que perdurará e afetará por muitas
gerações toda humanidade, como se verificará no Anexo I do presente trabalho.

O valor do dispêndio com o tratamento da água e o monitoramento das características


ecológicas da baía, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) pode ser encarado
como uma aproximação, em termos monetários, de uma parcela do custo social imposto pelo
acidente, e, por custo social pode-se inferir a produção pesqueira perdida, a limitação das
atividades recreativas nas praias da região, o mal-estar provocado pelas imagens e notícias do
acidente envolvendo a morte de animais e peixes.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) salientam que o método de custos de
reposição é de fácil aplicação, pois necessita de poucos dados e recursos financeiros, por não
envolver pesquisa de campo, ao passo que Pearce (1993) revela que no custo de reposição ou
restauração de um bem danificado e entende esse custo como uma medida de seu benefício, a
sua estimação utiliza preços de mercado (ou preço-sombra) e, não considera a estimativa da
curva de demanda.
50

Além do exemplo ora apresentado, Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) citam os
custos de reflorestamento em áreas desmatadas como outro exemplo para garantir o nível de
produção madeireira, custos de reposição de fertilizantes em solos degradados para garantir o
nível de produtividade agrícola.

E destaca-se que nos Custos de Reposição de Fertilizantes, conforme Marques e


Pazzianotto (2004) associa diretamente alterações na qualidade do ambiente com aquelas
ocorridas na produtividade dos fatores, no produto físico final da atividade econômica, resultando
em modificações nos custos de produção e nas receitas obtidas pelas unidades econômicas que
recebem os impactos ambientais. Portanto, o custo de reposição dos nutrientes perdidos foi
tomado como medida do valor econômico da erosão do solo agrícola.

Marques e Pazzianotto (2004) lembram que diversos autores têm lançado mão do método
do custo de reposição de nutrientes para dar valor à erosão do solo agrícola seja em âmbito
estadual. (Bastos Filho, 1995; Sorrenson & Montoya, 1989), de bacias hidrográficas
(Marques,1998; Michellon, 2002; Ortiz López,1997; Cavalcanti, 1995); ou, simultaneamente, de
propriedades rurais e bacias hidrográficas (Kim & Dixon,1990; Menck, 1993; Toledo, 1997).

Este método considera que as perdas de nutrientes levam à reduções na produtividade,


que podem ser evitadas pela reposição do teor de nutrientes perdidos. Contudo, a reposição, por
meio de fertilizantes industrializados - sulfato de amônio, superfosfato, cloreto de potássio, dentre
outros - resulta em custos adicionais incorridos pelos produtores.

É oportuno observar que não obstante o amplo uso deste método os seus valores refletem
apenas pequena parcela dos danos ambientais causados pela erosão do solo agrícola.

Os nutrientes carreados pela erosão do solo agrícola são repostos pela adição do
correspondente em fertilizantes disponíveis no mercado. A quantidade de cada fertilizante e seu
preço de mercado vão refletir os valores dispendidos, cuja soma representa o valor econômico ou
o custo econômico das perdas de solo.

3.1.2 Método de Custo de Controle

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), apresenta sobre método de custo e controle
está intimamente ligado ao custo de investimento, cuja finalidade é melhorar a capacidade de
51

resposta dos ativos naturais em decorrência dos efeitos da degradação, refletindo o investimento
que deve ser feito no presente de modo a garantir o bem-estar das próximas gerações.(MOTA,
BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Para os autores o método vem é aplicado nas análises de tomada de decisão sobre
problemas globais associados com a mudança climática.. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO
JUNIOR, ORTIZ, 2010).

3.1.3 Método do Custo de Oportunidade

O método apresenta, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), o custo do uso
alternativo do ativo natural, ou seja, o preço do recursos natural pode ser estimado a partir do uso
da área não degradada para um outro fim, econômico, social ou ambiental. (MOTA, BURSZTYN,
CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Os autores informam que a

A base de cálculo para o preço do dano é usada como a melhor alternativa para o
uso do recurso natural, pois além da perda de renda econômica, há também a
restrição ao consumo e à privação de que outras espécies possam usufruir o
recurso natural. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), esclarecem que o método é amplamente
aplicado na floresta amazônica, onde o custo de oportunidade é utilizado para estimar a captura
de carbono e conservação da biodiversidade em sistemas de produção da agricultura familiar no
nordeste do estado do Pará. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O método do custo de oportunidade representa o custo associado de uma determinada


escolha medido em termos da melhor oportunidade perdida e o valor que atribuído para uma
alternativa prescindida pela escolha.

O custo de oportunidade está diretamente relacionado com o estudo da escassez.


Ressalta-se que a escassez obriga a sociedade a efetuar decisões singulares sobre
determinados bens da vida e, portanto, implica a existência de um custo de oportunidade.

O custo de oportunidade é visível em situações de escolha entre consumo presente e


consumo futuro.
52

3.1.4 Método do Custo Irreversível

Os autores Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que o método do custo
irreversível é utilizado para estimar o custo do recurso natural quando acordado o entendimento
sobre a despesa realizada no meio ambiente é irrecuperável.

E ambiente irrecuperável temos que:

um custo irreversível não pode ser considerado no processo de decisão


empresarial, pois a atividade empresarial tem como pressuposto a geração de
lucro e a cobertura tempestiva de custos, mas com o advento da causa ambiental
esses custos tem sido considerados no processo de gestão, já que em muitos
casos o mais importante é investir o ambiente degradado, independentemente se
o ativo natural irá proporcionar retorno econômico. (MOTA, BURSZTYN,
CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O método, segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) segue utilização nas
mãos dos agentes públicos quando o interesse de governo é o de recompor o ambiente
degradado ou no caso de iniciativas proporcionadas por agentes privados em sinal de
benevolência ou compromisso com a causa ambiental.(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,
ORTIZ, 2010)

3.1.5 Método do Custo Evitado

Segundo Pearce (1993) a ideia subjacente ao MCE é de que gastos em produtos


substitutos ou complementares para alguma característica ambiental podem ser utilizados como
aproximações para mensurar monetariamente a percepção dos indivíduos das mudanças nessa
característica ambiental.

O método do custo evitado segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) segue
para para se estimar os gastos que seriam incorridos em bens substitutos para não alterar a
quantidade consumida ou a qualidade do recurso ambiental analisado.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) refinam a ideia de que:

o bem de mercado, substituto do recurso ambiental, não deve gerar outros


benefícios ao indivíduos além de substituir o recurso ambiental analisado e deve
ser um substituto perfeito do recurso ambiental, por exemplo, o custo com a
53

compra de água potável quando o consumo da água de estuário é prejudicado por


poluição. No caso da biodiversidade, poderia valorar o uso de uma erva medicinal
para curar uma dor de cabeça, baseado no preço de um medicamento alopático
(tylenol, aspirina), que não seria necessário comprar se tivesse acesso a um
recurso da biodiversidade local. Este método não estabelece uma preferência,
mas uma simples metáfora que pode suprir a necessidade de caracterizar o valor
de bens ambientais que pode ser utilizada para auxiliar a tomada de decisões.
(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O Método dos Custos Evitados ou Induzidos (MCEI), para Mota, Bursztyn, Cândido Junior,
Ortiz (2010) é utilizado sempre que não for possível obter-se base monetária e, por consequência,
tem-se que se basear em padrões aceitáveis de medidas físicas, em informações científicas e
técnicas sobre os efeitos ambientais.

Por meio dos procedimentos e informações empíricas é possível identificar a disposição a


pagar e, assim, incorrer em custos para erradicar ou reduzir os feitos ao meio ambiente. As
atividades antrópicas apresentam ampla variedade de impactos sobre a Natureza, e as
modificações ambientais decorrentes implicam em custos.

E segundo SANTOS (2000) pode ser calculado pela expressão:

V(MCEI) = Σni=j (Ci) K

Onde, V (MCEI) é o valor econômico do método dos custos evitados ou induzidos, C


representa os custos incorridos para repor o dano das queimadas, i representa o tipo de custo e K
representa o meio natural afetado.

3.1.6 Método de Produtividade Marginal

Os autores Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que o método em tela é
aplicado quando o

recurso natural analisado é fator de produção ou insumo na produção de algum de


bem ou serviço comercializado no mercado, ou seja, este método visa achar uma
ligação entre uma mudança no provimento de um recurso natural e a variação na
produção de um bem ou serviço de mercado.(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO
JUNIOR, ORTIZ, 2010)
Os autores exemplificam da seguinte forma:

os custos e os níveis de produção de alguns produtos agrícolas poder ser afetados


pela redução da qualidade do solo – propriedades físicas e químicas – afetado
pelo aumento da poluição atmosférica. Os efeitos dessa mudança nos custos e na
quantidade da produção agrícola serão observados pelo mercado. Uma vez
identificada variação na produção provocada pela variação na qualidade ambiental
do solo – que por sua vez foi afetada pelo recurso ambiental poluição atmosférica
54

-, pode-se utilizar o preço de mercado do produto agrícola em análise e a


quantidade que deixou de ser produzida para obter uma parcela do dano
ambiental causado pala poluição atmosférica. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO
JUNIOR, ORTIZ, 2010)

3.1.7 Método da Produção Sacrificada

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) a Teoria do Capital Humano supõe que
uma vida perdida representa um custo de oportunidade para a sociedade equivalente ao valor
presente da capacidade de gerar renda deste indivíduo. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,
ORTIZ, 2010).Os autores, lembram que no

caso de morte prematura, este valor presente representaria a renda ou a


produção perdida. Esta abordagem também pode ser utilizada em casos onde há
riscos ambientais associados à saúde humana que não necessariamente levem à
morte de indivíduos da população afetada. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO
JUNIOR, ORTIZ, 2010)

E, exemplificam Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) da seguinte forma:

quando indivíduos afetados pela poluição do ar ou da água ficam doentes estima-


se uma aproximação de preços desses danos à saúde (morbidade) por meio da
produção sacrificada desses indivíduos no mercado de trabalho. Este método é
criticado, pois além da elevada sensibilidade a taxas de desconto, em geral é
aplicado com dados demográficos, consequentemente usa valores médios e não
considera as preferências das pessoas e suas percepções de risco ambiental. Um
outro exemplo é o caso da produção sacrificada dos motoristas que trafegam nas
rodovias federais brasileiras conduzindo cargas com produtos químicos. Os
acidentes de trânsito envolvendo cargas químicas perigosas têm sido mais
frequentes e conduzido a óbito muitos motoristas, os quais deixam de contribuir
em termos econômicos pra a formação do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB).
(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Assim, denota-se que o método de produção sacrificada é utilizado quando os efeitos


ambientais são localizados ou individualizáveis, podendo-se medir diretamente o valor de seus
impactos negativos em termos de produção sacrificada ou perdida, e, Vale ressaltar que este
método não incorpora os custos associados a questões intertemporais, que se refiram, por
exemplo, à disponibilidade de recursos naturais para as gerações futuras.

Para Motta (2002) a quantificação monetária dos impactos ambientais é complexa e


depende da aplicação adequada dos métodos da função de produção (produção sacrificada ou
custos evitados), onde o recurso ambiental é um insumo de um bem ou serviço privado.

Sobre a disponibilidade do recurso ambiental, Motta (2002) afirma que é afetada (para
melhor ou pior, tanto em termos quantitativos como em qualidade) e isso ocorre com um impacto
55

na produção do bem ou serviço privado, ou seja, se o impacto altera a quantidade produzida do


bem privado, o valor econômico desse impacto pode ser mensurado pela variação de receita
líquida (receita bruta menos custos de produção ou excedente do produtor) desta alteração de
produção.

3.2. MÉTODOS DE PREFERÊNCIA REVELADA

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que a Teoria do Comportamento do
Consumidor, se fundamenta nas escolhas dos consumidores nos mercados econômicos.

O núcleo conceitual da Teoria do Consumidor é o princípio de que a decisão dos agentes


econômicos resulta de uma comparação entre o benefício da sua ação (i.e., o ganho de bem-estar
que origina) com o custo de a implementar (i.e., o dispêndio de recursos escassos disponíveis):

La Nature a placé l’Humanité sous le gouvernement de deux souverains maîtres,


la douleur e le plaisir [...]. Par principe d’utilité, on entend ce principe qui approuve
ou désapprouve chaque action, quelle qu’elle soit, en fonction de la tendance
qu’elle paraît avoir à augmenter ou diminuer le bonheur de la partie dont l’intérêt
est en cause. (COSTA VIEIRA, 1997 apud JEREMY BENTHAM, 1789)

O filósofo Bentham (1748-1832), seguido por John Stuart Mill (1806-73) e James Mill
(1773-1836), teorizou e difundiu o utilitarismo como o fundo ético do Homem que responde a
todas as questões acerca do que fazer, do que admirar e de como viver, em termos da
maximização da felicidade individual sob restrição do permitido pela sociedade. Assim, insere-se
num movimento filosófico de libertação do Homem da esfera do sagrado (i.e., da moral cristã).

O princípio da otimização resulta diretamente da teoria da Seleção Natural de Charles


Darwin (1859): os indivíduos mais optimizadores têm maior probabilidade de sobreviver, de ter
filhos e de transmitir essa ética aos seus filhos (e concidadãos).

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) assinalam que

podem ser classificados em dois métodos distintos: o método do custo viagem ( o


qual avalia o comportamento do consumidor por recreação em ativos naturais) e o
método de preço hedônico ( que se refere a uma curva de demanda por
residências ou salários em decorrência de atributos ambientais e/ou
socioeconômicos) (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)
56

3.2.1 Método Custo Viagem - MCV

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que em 1949, o economista
americano Harold Hotelling por meio intermédio de uma carta ao diretor do Serviço Nacional de
Parques dos Estados Unidos, sugeriu que:

os custos incorridos pelos visitantes dos parques poderiam ser usados como uma
medida de valor de uso recreativo dos parques poderiam ser usados como uma
medida de valor de uso recreativo dos parques visitados. Esta foi a ideia original
do método de custo viagem.(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ,
2010)

Os autores afirmam que o método de custo viagem estima o preço de uso de um ativo
ambiental por meio da análise dos gastos incorridos pelos visitantes ao local de visita.

O método utiliza questionários que segundo Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010)
são aplicados a uma amostra de visitantes do lugar para coletar dados sobre a origem do
visitante, seus hábitos e gastos associados à viagem.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que o método de custo viagem é
utilizado na abordagem por zona ou na abordagem individual.

A abordagem por zona do método de custo viagem, para Mota, Bursztyn, Cândido Junior,
Ortiz (2010) se caracterizam pela hipótese de homogeneidade entre os indivíduos moradores de
uma mesma região ou zona, ou seja, os visitantes de um lugar de recreação tem as mesmas
características socioeconômicas que um visitante padrão ou médio oriundo da mesma zona. Com
os dados disponíveis, estima-se uma curva de demanda por visitas recreativas relacionando-se os
custos médios de viagem por zona e as variáveis socioeconômicas com as taxas de visitas por
zona.

Com a caracterização da curva de demanda por visitas recreativas, Mota, Bursztyn,


Cândido Junior, Ortiz (2010) ensinam que é necessário calcular o excedente do consumidor obtido
no período estudado.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que

Algumas hipóteses implícitas ao modelo de custo de viagem por zona devem ser
discutidas. Admite-se que os indivíduos residentes em zonas mais distantes do
sítio recreativo visitam menos este local, não havendo a possibilidade de troca
entre número de visitas e estadias mais prolongadas no local de recreação. Na
abordagem individual do método de custo de viagem estima-se uma curva de
demanda por visitas ao recurso analisado a partir do custo de viagem de cada
indivíduo – variável preço – e do número de visitas que cada indivíduo realizou no
período analisado - variável quantidade. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR,
57

ORTIZ, 2010).

Existem vários problemas associados com a aplicação do método de custo viagem, por
exemplo, merecem atenção a questão do destino múltiplo na mesma viagem; o tratamento do
custo de oportunidade de tempo gasto para uma visita recreativa; a escolha de sítios substitutos
ao local analisado; o tratamento do congestionamento como atributo de qualidade do sítio
estudado e a forma funcional da curva de demanda por visita recreativa.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirmam que a partir da demanda, é possível
estimar a elasticidade-preço da demanda por visitas recreativas.

Os autores lembram que com aplicação em recreação, Strong (1983) usou este método
para estimar os benefícios proporcionados por locais de pesca desportiva no estado americano do
Oregon. No Brasil, Grasso et al. (1995) utilizaram o custo viagem para avaliar os benefícios de
visitantes aos manguezais das cidades paulistas de Cananéia e Bertioga.

Segundo Pearce (1993), a ideia do MCV é que os gastos efetuados pelas famílias para se
deslocarem a um lugar, geralmente para a recreação, podem ser utilizados como uma
aproximação dos benefícios proporcionados por essa recreação.

O método estimaria a demanda por um ativo ambiental, podendo a curva de demanda ser
construída com base nos custos de viagem ao ativo ambiental (incluindo-se gastos no preparativo
e durante a estada no local).

Através de entrevistas realizadas no próprio local, com a amostra selecionada, é possível


levantar informações sobre os custos da viagem e outras variáveis socioeconômicas que possam
ser úteis para a determinação da demanda do indivíduo pelo ativo ambiental.

Dessa forma, tem-se que:

Qi = f (CV, X1, …, Xn), onde:

Qi é a quantidade de visitas mensais ao bem ambiental; CV é o custo médio de viagem


(deslocamento, entrada, etc); os Xs serão utilizados para representar as variáveis
socioeconômicas como a renda mensal do indivíduo e seu nível de escolaridade; outros fatores
como a distância da residência do indivíduo até o ativo ambiental e o tempo médio gasto no
percurso também devem ser considerados.

A parte operacional se faz através de regressão múltipla para estimar a curva de demanda
por visitas a partir de uma função de geração de viagens.

A partir da curva de demanda estimada, pode-se estimar os benefícios gerados pelo ativo
58

ambiental aos seus visitantes, através da variação do excedente do consumidor marshalliano,


dado por:

EC = P∫CV f' ά CV

Onde p é o valor da taxa de admissão de entrada no parque (p=0 caso a entrada seja
gratuita).

Segundo Nogueira et al. (1997), os problemas básicos do MCV vão desde a escolha da
variável dependente para estimar a regressão até o cálculo dos custos de distância e valoração
do tempo. Além disso, o método não contempla custos de opção e existência, adaptando apenas
os valores de uso direto e indireto associados à visita ao ativo ambiental.

3.2.2 Método de Preço Hedônico

O hedonismo é uma corrente filosófica ou doutrina que considera que o prazer individual e
imediato é o único bem possível e princípio e fim da vida moral.

Conforme os ensinamentos de Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) o

método de preço hedônico estima um preço implícito com base em atributos


ambientais característicos de bens comercializados em mercado, por meio da
observação desses mercados reais nos quais os bens são efetivamente
comercializados. Os dois principais mercados hedônicos são o mercado imobiliário
(métodos de valor de propriedade) e o mercado de trabalho (método de salário de
compensação).(MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ , 2010)

Primeiramente, estima-se uma função de preço hedônico, onde o valor do bem de


mercado é a variável dependente e as variáveis explicativas são as características que
determinam este preço, incluindo-se a característica ambiental a ser analisada.

Em seguida calculam-se preços implícitos para a variável ambiental de interesse,


finalmente estimados a curva de demanda pelo recurso ambiental empregando-se os preços
marginais calculados a partir da função hedônica, em uma estimativa da função de disposição
marginal a pagar.

Algumas hipóteses são implícitas ao método de preço hedônico, destacando-se que os


indivíduos podem perceber mudanças na qualidade ou quantidade ofertada do atributo ambiental
e que o mercado analisado é competitivo, esta em equilíbrio e existe informação perfeita. A fim de
avaliar o efeito da poluição do ar em cidades selecionadas nos EUA, Pearce e Makandya usaram
este método para estimar os preços de residências em função do aumento dos níveis de enxofre.
59

A base desse método é a identificação de atributos ou características de um bem


composto privado cujos atributos sejam complementares a bens ou serviços ambientais. O preço
de propriedades é o exemplo mais associado à valoração ambiental.

Este método permite avaliar o preço implícito de um atributo ambiental na formação de um


preço observável de um bem composto.

Seja P o preço de uma propriedade, expresso da seguinte forma: i = f (aij, aij,..., Ei)

Onde aj representa os vários atributos da propriedade i e Ei representa o nível do bem ou


serviço ambiental E associado a esta propriedade i.

De acordo com a função, o preço implícito de E, pe, será dado por αPi
αQi
Assim, Pe será uma medida de disposição a pagar por uma variação de E.

Este método capta apenas os valores de uso direto, indireto e de opção, não considerando
os valores de não uso.

Em visão direta o Método dos Preços Hedônicos (MPH) Tem como base a identificação de
atributos ou características de um bem composto privado, cujos atributos sejam complementares
a bens ou serviços ambientais. Identificando esta complementaridade, é possível mensurar o
preço implícito do atributo ambiental no preço de mercado quando outros atributos são isolados
(MOTTA, 1998). Este método permite avaliar o preço implícito de um atributo ambiental na
formação de um preço observável de um bem composto.

Como este método não capta os valores de existência, mas sim os de valor de uso direto e
indireto e o de opção, necessário se faz aplicar o método de valoração contingente.

3.3. MÉTODOS DE PREFERÊNCIA DECLARADA

Os métodos de preferência declarada baseiam-se nas preferências dos consumidores ou


usuários de recursos naturais, e utilizam mecanismos de eliciar escolhas por meio de técnicas de
questionários.

E compõem a sistemática dos métodos de preferência declarada os métodos: valoração


contingente é usado para eliciar escolhas a partir do desenho de um mercado hipotético; Conjoint
Analisys é útil para avaliar escolhas relativas do consumidor a partir de uma função utilidade
ponderada; analise de correspondência descreve relações entre duas variáveis nominais em uma
tabela de correspondência e, o método de Regressão de Poisson, que é usado para se estimar o
60

valor esperado de uma função quando a variável dependente assume uma pequena quantidade
de valores, é não negativo e se refere a uma contagem.

3.3.1 Método de Valoração Contingente

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) o Método de Valoração Contingente
(MCV),

consiste na utilização de pesquisas amostrais para identificar, em termos


monetários, as preferências individuais em relação a bens que não são
comercializados em mercados. São criados mercados hipotéticos do recurso
ambiental – ou cenários envolvendo mudanças no recurso – e as pessoas
expressam suas preferências de disposição a pagar para evitar a alteração na
qualidade ou quantidade do recurso ambiental. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO
JUNIOR, ORTIZ,2010)

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) ensinam que pode-se perguntar ao indivíduo
sobre a sua Disposição a Aceitar (DAC) alterações no recurso ambiental.

Segundo os autores não existem diferenças (em teoria) ao eliciar a DAC ou a DAP, mas,
na prática, quem tem a opção de receber sempre a valoriza mais do que quem teria de pagar.

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) na

estimação da DAP e da DAC um dos métodos utilizados e o de Valoração


Contingente, o qual desempenha um mercado hipotético para a provisão de um
recurso natural a partir do esboço de cenário ambiental, no qual estão citadas as
condições de preservação desse recurso e as consequências da degradação
ambiental. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO JUNIOR, ORTIZ, 2010)

Este é o único método capaz de captar os valores existenciais dos recursos naturais,
portanto é o mais adequado para avaliar monetariamente os valores dos ecossistemas conforme
as preferências dos indivíduos. No entanto, par que a avaliação contingente produza resultados
confiáveis é necessária a formulação criteriosa da metodologia da pesquisa e dos questionários a
serem aplicados.

A aplicação da técnica da valoração econômica na busca de estimar qual o valor


econômico do bem a ser recuperado, os entrevistados terão acesso a uma ferramenta de
pesquisa inovadora e que procura atribuir um valor financeiro a algo subjetivo.

E, assim junto com o tema a ser abordado por meio do questionamento da disponibilidade
a pagar pela recuperação de um bem ambiental, surgirá imprescindivelmente dúvidas relativas ao
61

valor do ar que se respira, da vegetação próxima à residência de cada entrevistado e, ainda, da


preservação ou recuperação de determinado rio ou córrego da cidade.

A metodologia utilizada para a análise dos problemas existentes em determinado objeto de


estudo permite a identificação das preferências e expectativas da população. Esse procedimento
proporciona, assim, um maior envolvimento da população ao longo do processo de elaboração da
proposta definitiva de recuperação do local, importante fator quando se trata de empreendimentos
relacionados à ocupação do solo urbano.

Com isso, reforça-se a fundamentação teórica que aponta a valoração econômica como
um importante instrumento de auxílio ao processo de tomada de decisões no momento da
definição de políticas públicas ambientais e de desenvolvimento sustentável.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) esclarecem que há vários problemas
metodológicos relacionados ao método de valoração contingente onde, o viés estratégico esta
relacionado fundamentalmente à percepção dos entrevistados acerca da obrigação de pagamento
e às perspectivas quanto à provisão do recurso em questão. O viés hipotético esta relacionado
com o comportamento dos indivíduos, que podem entender que não pagarão, visto que se trata
apenas de simulações. O viés da informação refere-se à interferência da informação fornecida no
cenário hipotético na resposta recebida e o viés do entrevistador está relacionado à forma como
ele se comporta. O viés do instrumento de pagamento existe quando os indivíduos não são
totalmente indiferentes em relação ao veículo de pagamento associado à disposição a pagar. Com
o intuito de propor procedimentos e técnicas econométricas que tratem o máximo de vieses e,
assim, dar maior credibilidade ao método de valoração contingente, o governo dos EUA organizou
o Painel NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) em resposta ao derramamento
de óleo do pretroleiro Exxon Valdez, no Alasca, o governo norte-americano aplicou o método de
valoração contingente com o objetivo de avaliar os danos e obrigar a Exxon Corporation a
indenizar suas vitimas.

Esse método é o mais usado de todas as metodologias referenciadas pela literatura de


valoração, pois já somam mais de 2.000 pesquisas publicadas. O instituto de Pesquisa Florestal
da Dinamarca patrocinou um estudo, o qual foi conduzido por Dubgaard, 1998, cujo objetivo era
avaliar a disposição dos residentes naquele país em pagar para terem acesso às florestas da
Dinamarca. Hinman realizou um estudo para analisar o quanto às família de Washington, Oregon,
Idaho e parte de Montana estavam dispostas a pagar para evitar a produção de energia específica
(construção de hidroelétrica, exploração de combustíveis fósseis e usinas nucleares).

Foi originalmente proposto por Davis em 1963 num estudo relacionando economia e
recreação. Esse método consiste na ideia básica de que as pessoas têm diferentes graus de
62

preferência ou gostos por diversos bens ou serviços e isso se manifesta quando elas vão ao
mercado e pagam quantias específicas por eles (Nogueira et al. , 1998).

O MVC (Método de Valoração Contingente) se baseia na construção de um mercado


hipotético, buscando através de entrevistas (surveys) pessoais, captar a disposição a pagar –
DAP (ou a disposição a aceitar - DAC) face a alterações na disponibilidade de recursos
ambientais, e dessa forma é o único método capaz de estimar o VET, ou seja, além de calcular os
valores de uso e opção, o faz também com o valor de existência.

O Manual para Valoração Econômica de Recursos Ambientais elaborado pelo Ministério do


Meio Ambiente (MMA, 2002) descreve os estágios para a aplicação do MVC da forma como se
segue:

No 1º estágio define-se a pesquisa e o questionário, determinado-se: a) o objeto de


valoração; b) a medida de valoração; c) a forma de eliciação; d) O instrumento de pagamento; e) a
forma da entrevista; f) O nível de informação; g) os lances iniciais; h) pesquisas focais e i) o
desenho da amostra. O 2º estágio consiste na realização da pesquisa piloto e pesquisa final, no
cálculo da medida monetária e na agregação de resultados.

Trabalhos que utilizam o MVC têm sido feitos há mais de 35 anos, havendo mais de dois
mil artigos e estudos relacionados com o assunto (Santana e Mota, 2004). Também teve sua
capacidade de ser o único método capaz de captar o valor de existência reconhecida pelo Painel
do National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA).

Segundo Ribeiro (1998), apesar de sua importância como linha de pesquisa e sua
utilização cada vez mais difundida constitui-se num objeto de várias críticas e objeções no que se
refere ao contexto de mercado hipotético em que se dá sua aplicação, podendo, dessa forma,
originar dados que não reflitam a verdadeira ordenação de preferências e disposição a pagar do
indivíduo.

As principais razões de erro do método são denominadas vieses. Segundo Drumond e


Fonseca (2003), os principais vieses seriam o viés hipotético, o viés do subdesenvolvimento, o
viés estratégico, o viés da influência da informação, o viés do ponto de partida, o viés da parte-
todo e o viés do entrevistado-entrevistador.

Michell e Carson (1989) apontaram doze vieses que podem ocorrer em estudos de
valoração contingente, que podem ser originados: a) incentivo indevido para desvirtuar a DAP, b)
incentivo indevido para responder ao questionário, c) má especificação do cenário, d) amostra
inadequada e agregação incorreta dos benefícios.

Pearce e Turner (1990) citam como os principais vieses o viés estratégico, o viés do
63

desenho do questionário (que origina três tipos de vieses: do ponto de partida, do veículo e
informativo), o viés hipotético e o viés operacional.

Os vieses podem interferir no processo de valoração, bem como podem ser minimizados
com o desenho do questionário e da amostra. No estudo dos métodos de valoração encontramos
usualmente os viés apresentados no Quadro 8.

QUADRO 8 Viés usualmente encontrados nos Métodos de Valoração


VIÉS DESCRIÇÃO
responsável pela filtragem e qualificação da informações que podem
Viés de informação
oferecer uma tendência a DAP para algum lado
Viés da obediência ou reportam aos valores quer altos ou baixos que manifestam a aprovação
caridade (warm-glow) ou rejeição da DAP
o entrevistado responde positivamente mesmo que não deseja ou esteja
Viés da aceitabilidade
disposta a pagar o valor pré-estabelecido;
são contribuições maiores que deveriam ser separadas para programas
Viés de encrustamento mais amplos de preservação, porém nesses casos a DAP não é sensível
à escala utilizada;
está ligado a percepção do entrevistado acerca da obrigação de
Viés estratégico
pagamento e com os desejos e perspectivas quanto à provisão do bem;
Viés do ponto inicial abordam os valores iniciais de um formato que podem influenciar a
(ou encoramento) valoração final;
dizem respeito as respostas negativas quando na verdade aceitariam a
Viés da rejeição
DAP
o MAC esta baseado em mercados hipotéticos que pode levar a valores
Viés hipotético
que não refletem a real preferência
Viés parte-todo
diz respeito a soma das valorizações parciais que geram um domínio
(embedding / mental
sobre o todo;
account)
Viés de localização reporta a distância do recurso ambiental que afeta a DAP da pessoa;
Fonte: Adaptado de Silva(2003)

Para que a aplicação do método minimize seus vieses, alguns cuidados devem ser
tomados quando da preparação, aplicação e tabulação de dados obtidos através dos
questionários.

Além dos métodos citados, outro método vem sendo utilizado para valorar perdas
referentes à degradação ambiental: o da Produção Sacrificada.
64

Mac-Knight e Young (2006) estimaram monetariamente as perdas geradas pelos danos na


saúde humana causados pela poluição atmosférica no estado de São Paulo. Para tanto, utilizaram
os dias de trabalho perdido pela morbidade e o gasto hospitalar.

Com o exposto temos que Método da Valoração Contingente (MVC) fundamenta-se em


valores com base unicamente na satisfação de garantir a existência do recurso, não associado ao
seu uso. Os indivíduos revelam valores de bens sem preços, em um mercado hipotético.

As medidas de disposição a pagar (DAP) e aceitar (DAA), relativas a alterações da


disponibilidade de um recurso ambiental (Q), mantêm o nível de utilidade inicial do consumidor. O
método de valoração contingente estima os valores de DAA e DAP, através de pesquisa de
campo, simulando mercados, uma vez que o nível de utilidade ou de bem-estar do consumidor
não é observável diretamente.

SANTOS (2000), em seu projeto de mestrado, apresentou a seguinte expressão para


calcular a valoração de queimadas em Mato Grosso:

VC = [ n
i=j Σ Vi P ]

Onde (VC) representa o valor contingente atribuído ao bem ambiental; (V) representa o
valor atribuído por cada indivíduo questionado; (n) representa a quantidade de indivíduos
questionados; (P) representa a quantidade de indivíduos potenciais a usufruírem o bem ambiental
e, (i) representa os indivíduos questionados.

3.3.2 Método de Conjoint Analysis

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) alertam que no método de conjoint analysis,
ou de análise conjunta, os indivíduos recebem um conjunto de carões, cada qual descrevendo
uma situação diferente ou de alternativas hipotéticas com respeito ao recurso ambiental, e outras
características que seriam argumentos na função utilidade do entrevistado. Como, por exemplo, o
nível de congestionamento e a taxa de admissão de um parque..

As pessoas são chamadas a organizar seus cartões em ordem de preferência e os valores


relativos aos recursos podem ser inferidos a partir de um ranqueamento, utilizando-se as taxas
marginais de substituição entre qualquer das características e o recurso ambiental. Se algum dos
65

outros bens ou características tiver preço de mercado, então é possível calcular a disposição a
pagar do entrevistado pelo recurso ambiental. Esse método é aplicável em situações onde o
cenário hipotético poderia ser pouco compreendido pelos entrevistados – comunidades com
pouca ou nenhuma inserção na economia de mercado, como indígenas, por exemplo. A lógica
para sua utilização é que as pessoas teriam mais facilidade em expressar suas preferências por
meio da ordenação de bens e serviços usuais nos seus cotidianos do que em termos monetários.

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) lembram que no estudo de Baarsma (2003)
descreve a aplicação de conjoint analysis nos Países Baixos, cuja área é uma reserva natural que
foi degradada logo após a construção de um novo conjunto residencial. O objetivo é avaliar os
valores da área verde e de recreação a partir das preferências, de respondentes, os quais fizeram
as suas opções com base em cartões de escolha.

Temos assim que as técnicas de Conjoint Analysis ou de avaliação conjunta são


usualmente elaboradas sobre alternativas multi-atributos e aplicadas nas pesquisas das diversas
áreas (KURYAMA, TAKEUCHI e WASHIDA, 1999) lembrando que esse método é oriundo do
marketing e em estudos de transporte, que complementam o tradicional e conhecido método de
valoração contingente.

3.3.3 Método de Análise de Correspondência

Análise de Correspondência é um método de análise fatorial para variáveis categóricas.


Foi primeiramente utilizada, por Fisher (1940) para a análise de tabelas de contingência e a seguir
foi difundida na França por Benzecri (1969). Nessa análise, uma decomposição dos dados é
obtida para se estudar a estrutura dos dados sem que um modelo seja hipotetizado ou que uma
distribuição de probabilidade tenha sido assumida.

O objetivo principal é a representação ótima da estrutura dos dados observados. Assim


sendo, as conclusões obtidas não podem ser generalizados para a população, embora vem sendo
feito na prática. Outro aspecto, discutido por Von Der Heizden et all (1989), é que a análise de
correspondência, geralmente, é introduzida sem qualquer tratamento estatístico prévio, para
dados categóricos, o que prova sua utilidade e flexibilidade. É também, um meio de criar
configurações representando as linhas da tabela por pontos no espaço, tal que a distância
Euclidiana entre os pontos na configuração seja igual a distância qui-quadrado calculadas entre
as linhas da tabela.

Para enfatizar as diferenças numa tabela de contingência, Krzanowski (1993) sugeriu a


66

utilização da análise procrustes na identificação de quais colunas ou variáveis do conjunto mais


contribuem. Nessa análise, procura-se o subconjunto de variáveis que melhor represente a
estrutura das variáveis originais medindo a importância de cada variável. Para proceder a análise
procrustes, cada coluna da matriz de dados é omitida, uma de cada vez, e uma nova configuração
de linhas é obtida para o novo conjunto de dados. Cada uma das novas configurações linhas é
comparada com a configuração de referência por translação, rotação e reflexão e a soma de

quadrado residual, procrustes, M2 é calculada.

O conjunto resultante de valores M2, apresenta um ranking da importância de cada coluna.


Nesse trabalho, será dado ênfase ao aspecto computacional da aplicação da analise procrustes
para a criação do ranking de importância para as colunas (variáveis) de uma tabela de
contingência. Serão utilizados dois exemplos, retirados de Krzanowski (1993) e será apresentado
o algoritmo utilizado para a solução. Essas análises, acima propostas, envolvem a utilização de
complicados algoritmos computacionais, requerendo o conhecimento de uma linguagem
computacional para a elaboração de uma rotina que solucione o problema. Para a análise dos
dados, foi construído um algoritmo utilizando os procedimentos do programa estatístico SAS.

3.3.4 Método de Regressão de Poisson

Em estudos epidemiológicos, os modelos frequentemente utilizados são os modelos


estatísticos e analíticos que, segundo Conceição et al. (2001, p. 207), constituem ferramentas
extremamente úteis para resumir e interpretar dados. Em particular, estes modelos podem facilitar
a avaliação da forma e da intensidade de associações de interesse em estudos epidemiológicos.

O modelo estatístico utilizado na análise da relação entre a poluição atmosférica e o


impacto na saúde é a análise de regressão, pois é uma ferramenta útil para avaliar a relação entre
uma ou mais variáveis explicativas (variáveis independentes, preditoras ou covariáveis) (x1, x2, ...,

xn) e uma única variável resposta (variável dependente, prevista) (y) (MARTINS, 2000).

A análise de regressão que envolve apenas uma variável explicativa é chamada de


regressão simples, enquanto a análise envolvendo duas ou mais variáveis explicativas é
denominada regressão múltipla (HAIR jr. et al., 2005).

A regressão linear múltipla é dada por (Equação 1): y = β0 +β1x1+ β2x2 +...+ βnxn + ε

onde y é a variável resposta e xi (i = 1, 2, ..., n) são as variáveis explicativas. β0 representa o valor


67

de y quando as variáveis explicativas são nulas, os termos βi são chamados de coeficientes de


regressão e o resíduo (ε) é o erro de previsão, ou seja, a diferença entre os valores reais e os
previstos da variável resposta, que é assumido normalmente distribuído com média zero e

variância σ2 (HAIR Jr. et al., 2005).

O objetivo da análise de regressão linear múltipla, assim como de todos os tipos de


regressão, é encontrar uma equação (chamada de equação de regressão, variável estatística de
regressão ou modelo de regressão) que prevê de maneira melhor a variável resposta a partir de
uma combinação das variáveis explicativas, ou seja, deseja-se encontrar os valores dos β's que
melhor se ajustem aos dados do problema (HAIR Jr. et al., 2005).

Encontrados os β's, é necessário validar o modelo de regressão, que consiste em verificar


se sinais e magnitude dos coeficientes fazem sentido no contexto do fenômeno estudado, que
pode ser feito através do teste t de Student como será apresentado na análise dos resultados
(WERKEMA; AGUIAR, 1996).

Nem sempre é possível aplicar um modelo de regressão linear em estudos


epidemiológicos, como por exemplo, estudos sobre o impacto da poluição atmosférica na saúde
populacional, devido ao caráter não linear da variável resposta. Nestes casos, geralmente
utilizam-se as classes de modelos que oferecem uma poderosa alternativa para a transformação
de dados, chamadas de modelos lineares generalizados (MLG) e modelos aditivos generalizados
(MAG) (SCHMIDT, 2003).

Os modelos lineares generalizados (MLG) representam a união de modelos lineares e não-


lineares com uma distribuição da família exponencial, que é formada pela distribuição normal,
Poisson, binomial, gama, normal inversa e incluem modelos lineares tradicionais (erros com
distribuição normal), bem como modelos logísticos (SCHMIDT, 2003).

Desde 1972, inúmeros trabalhos relacionados com modelos lineares generalizados foram
publicados, resultando em diversas ferramentas computacionais, como por exemplo, GLIM
(Generalized Linear Interactive Models), S-Plus, R, SAS, STATA e SUDAAN, bem como extensões
desses modelos (PAULA, 2004).

Os MLG são definidos por uma distribuição de probabilidade, membro da família


exponencial de distribuições, e são formados pelas seguintes componentes (McCULLAGH;
NELDER, 1989; TADANO et al., 2006a):

• Componente aleatória: n variáveis explicativas y1, ..., yn , de uma variável


resposta que segue uma distribuição da família exponencial com valor esperado E
(yi) = µ;
68

η = β0 +β1x1+ β2x2 +...+ βnxn

• Componente sistemática: compõe uma estrutura linear para o modelo de


regressão η = βxT , chamado de preditor linear, onde xT = (xi1, x12, ..., xip)T , i =
1, ..., n são as chamadas variáveis explicativas; e Função de ligação: Uma função
monótona e diferenciável g, chamada de função de ligação, capaz de conectar as
componentes aleatória e sistemática, ou seja, relaciona a média da variável
resposta (µ) à estrutura linear, definida nos MLG por g(µ) = η, onde (TADANO,
2007) (Equação 2).

Dentre as famílias dos MLG, a mais utilizada em estudos sobre o impacto da poluição
atmosférica na saúde é a de Poisson (CONCEIÇÃO et al., 2001; MARTINS, 2000; TADANO,
2007; TADANO et al., 2006b).

O modelo de regressão de Poisson tem por característica a análise de dados contados na


forma de proporções ou razões de contagem, ou seja, leva em consideração o total de pessoas
com uma determinada doença (McCULLAGH; NELDER, 1989).

O modelo de regressão de Poisson é um tipo específico dos MLG e MAG que teve origem
por volta de 1970, quando Wedderburn (1974) desenvolveu a teoria da quasi-verossimilhança,
analisada com mais detalhes por McCullagh (1983).

A variável resposta de uma regressão de Poisson deve seguir uma distribuição de Poisson
e os dados devem possuir igual dispersão, ou seja, a média da variável resposta deve ser igual à
variância. Entretanto, conforme Ribeiro (2006), quando se trabalha com dados experimentais, esta
propriedade é frequentemente violada. Assim, pode-se ter uma superdispersão quando a
variância é maior que a média; ou uma subdispersão quando a variância é menor que a média
(SCHMIDT, 2003). Nestes casos, ainda é possível aplicar o modelo de regressão de Poisson
realizando-se alguns ajustes.
69

3.4 O MÉTODO DE FUNÇÃO EFEITO

Refere-se à estimação de uma função dose resposta, a qual fornece uma relação de causa
e efeito de fenômenos, especialmente os relacionados ao meio ambiente. O método estabelece
uma relação entre o impacto ambiental ( como resposta) e alguma causa desse impacto, por
exemplo, a poluição ( como dose).

A técnica é usada onde a relação dose-resposta entre alguma causa de danos e efeitos
ambientais são conhecidos. Por exemplo, efeitos da poluição do ar nos gastos com saúde, na
taxa de mortalidade de uma cidade no patrimônio histórico, nos ecossistemas aquáticos etc. Este
método foi usado por Lave e Seskin para estudar os efeitos da poluição do ar nas taxas de
mortalidade.

3.5 MÉTODOS MULTICRITÉRIOS

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) afirma que a análise multicritério serve como
ponte entre a abordagem neoclássica e a ecológica, no tocante à mensuração de valores para a
biodiversidade e assim avançar no objetivo de conseguir unidades comuns de avaliação. Este
método busca incorporar as múltiplas visões e dimensões de valores atribuídos à biodiversidade.
Com isso objetiva-se reunir um grande numero de dados, relações, fatos e julgamentos das
diversas correntes científicas envolvidas nesse complexo processo de valoração da
biodiversidade.

Este método lembram os autores reconhece os problemas de incertezas, ausências de


informações e incomensurabilidade que são levantados por estudiosos.

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) a teoria de utilidade multiatributo

baseia-se em uma função de valor composta por um conjunto de


alternativas que o tomador de decisão deseja avaliar, as quais podem ser
agregadas por critério ou atributos. Assim, o tomador de decisão é capaz
de identificar as alternativas discretas para serem avaliadas juntamente
com um critério hierárquico de escolha. (MOTA, BURSZTYN, CÂNDIDO
JUNIOR, ORTIZ, 2010)

O método consiste em escolher uma alternativa de um leque de proposições variáveis, que


melhor satisfaça o resultado dentro de uma escala de valoração.

No que pese os métodos multicritérios de apoio à decisão têm ajudado os agentes de


70

decisão em todos os níveis a melhorar a qualidade de vida no planeta. Problemas com decisões
complexas normalmente são associados a uma análise multicritério.

Os elementos fundamentais que estão presentes nos processos de decisão são os


seguintes: 1) Obter respostas às perguntas enfrentadas por um decisor em um processo de
decisão; 2)Tornar transparente toda potencial decisão; 3) Aumentar a coerência entre a evolução
de um processo de decisão, os objetivos, e o sistema de valor do processo.

Foi durante a década de 60 que os métodos de análise multicritério tiveram um


desenvolvimento significativo, surgindo várias escolas de pesquisadores, com várias técnicas
novas e diferentes atitudes de apoio aos novos modos de tomar decisões. Uma destas escolas é
a Escola Européia intitulada Multicriteria Aid for Decisions (Roy & Vanderpooten, 1997). De uma
maneira geral, na década de 60, apesar do desenvolvimento de novas técnicas, a realidade
econômica ditada por mercados estáveis e economia de escala, as transformações sociais que
começavam a ocorrer na época não pareciam exigir um maior grau de flexibilidade das
organizações. Por este motivo, os processos de tomada de decisão não necessitavam de outra
preocupação dos gerentes, que não a busca pela eficiência produtiva das empresas.

Ao recomendar as atitudes de um decisor face a uma situação de decisão Keeney


(Keeney, 1988) aconselha o decisor a pensar primeiramente sobre os seus valores, para em
seguida listar os seus desejos em relação ao contexto da decisão (Guitouni & Martel, 1998).
Identificados os objetivos, cabe agora examinar o seu conteúdo. Com isso, os valores do decisor
seriam identificados pelo questionamento do significado e da razão de cada objetivo. Se os
objetivos estão incompletos, ou não definidos claramente, a avaliação das alternativas
provavelmente não será tão útil.

Já o método de análise hierárquica divide o problema em níveis crescentes de


posicionamento, determinando de forma objetiva cada uma das alternativas propostas, as quais
são classificadas em ordem de prioridade. De posse da classificação hierárquica o pesquisador
faz uma comparação, em partes, de cada elemento de um mesmo nível hierárquico, e assume as
suas preferências entre os itens comparados.

Por fim, os métodos multicreitérios tem obtido aceitação em trabalhos de valoração, em


que a complexidade do ativo que esta sendo avaliado é revertida em valores diversos, tais como
visões ecológicas distintas, usos múltiplos do ativo a ser avaliado, entendimento político sobre o
assunto, compromisso e julgamentos de valor quanto ao aspecto ambiental e modos de enxergar
o problemática ambiental diante dos desafios da preservação/conservação ambiental.
71

3.6 O MÉTODO ELECTRE

O método ELECTRE foi concebido para uma abordagem multiobjetivo, podendo ser
aplicado na solução de problemas de gestão de recursos hídricos, caracterizados por alternativas
avaliadas por critérios preferencialmente qualitativos, com fixação prévia das preferências, por
parte dos decisores.

A metodologia desenvolvida por Benayoun & Tergny (1969) e Roy (1971), sustenta-se em
três conceitos fundamentais: concordância, discordância e valores-limite (outranking), utilizando
um intervalo de escala no estabelecimento das relações-de-troca na comparação aos pares das
alternativas.

O método baseia-se na separação do conjunto das alternativas da solução, daquelas que


são as preferidas na maioria dos critérios de avaliação, sem causar um nível de
descontentamento inaceitável para qualquer um dos critérios fixados. A partir da matriz de
avaliação, as alternativas são comparadas, aos pares, com base em relações de preferência.

a > b significa que a alternativa a é preferida à alternativa b

a = b significa que a é equivalente à b

É importante ressaltar que o processo admite a intransitividade nas relações de


preferência, com base no fato de que os critérios de estabelecimento das preferências podem ser
diferentes.

Almeida e Costa (2003) colocam que o apoio multicritério tem como princípio, no processo
de decisão, buscar o estabelecimento de uma relação de preferências entre as alternativas que
estão sendo avaliadas sob a influência de vários critérios.

3.7 MÉTODO DA PROGRAMAÇÃO DE COMPROMISSO

O Método da Programação de Compromisso (Zeleny, 1973) caracteriza-se por ser um


processo iterativo, geralmente com o estabelecimento progressivo das preferências por parte do
decisor, até que seja atingida uma solução satisfatória. Há situações em que os pesos dos
critérios de avaliação decorrem da estrutura do problema.

O método classifica as alternativas não dominadas por meio de um conceito geométrico do


melhor, por meio de uma medida de distância até a solução ideal. Dada a matriz de avaliação das
alternativas de solução do problema, segundo os critérios estabelecidos, a solução ideal pode ser
72

definida como o vetor

Zi* = (Z1*, Z2*, ....,Z3*), no qual as funções Zi*

são as soluções do problema: máx Zi(x) , sujeito a: x є X e i = 1, 2, ..., p, onde :

x é o vetor de decisões; p o número de critérios; X o conjunto das soluções viáveis e Zi(x) a


função-objetivo para o critério i.

A solução ideal é, geralmente, inatingível (por pressupor a solução ótima para todos os
objetivos através de uma alternativa) e serve como padrão de referência no processo de
classificação das soluções não-dominadas. Essa classificação é obtida pela determinação da
proximidade de cada alternativa não-dominada com relação à solução ideal.

3.8 MÉTODO DE VALORAÇÃO DO BALANÇO DOS FLUXOS DE MATÉRIA E ENERGIA

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) este método integra a valoração
ambiental e os princípios de economia ecológica.

Os autores chamam a atenção para a valoração de insumo-produto que se baseia na


construção de uma matriz de balanço de materiais, a qual retrate o intercambio constante entre os
diversos setores que consomem e produzem ativos e serviços ambientais. Neste contexto,
Jeppesen, Folmer e Komen (1998) e Hufschmidt et al. (1983) descrevem os fluxos micro e
macroeconômicos que podem ser usados para avaliar o estresse ambiental.

Os autores exemplificam por meio do setor agrícola que fornece matéria-prima para a
indústria extrativa, e esta fornece materiais para outros setores de atividade.

A indústria de manufatura recebe produtos do setor agrícola e abastece outros setores de


atividades econômica. Assim, há uma troca permanente de materiais , serviços e energia entre os
setores, a qual é caracterizada por um sistema de input (insumo que um setor fornece para um
outro setor) e output (saída de produto/serviço de um setor para outro setor). Na análise de
insumo-produto, os insumos são as entradas do sistema, os quais são trabalhados e saem na
forma de produtos/serviços. Isso permite avaliar a produção, o consumo, as externalidades e as
pressões de exploração sobre os recursos naturais. Essas relações são mais bem avaliadas por
meio de um balanço de matéria, em que o fluxo de insumo, processamento, demanda e produção
são analisados.
73

3.9 MODELO METRIC

O modelo Mapping Evapotranspiration at High Resolution and with Internalized Calibration


(METRIC), uma variação do modelo Surface Energy Balance Algorithm for Land (SEBAL), assim
apresenta Folhes et al (2007), e que vem sendo aplicado com sucesso na tentativa de descrever a
variação espacial dos componentes do balanço de energia à superfície.

Folhes et al. (2007) apresenta o modelo METRIC que foi desenvolvido por Allen et al.
(2005) e Tasumi et al. (2005), e que utiliza o método residual da equação do balanço de energia
para estimar a evapotranspiração com auxílio de dados espectrais de imagens de satélite e de
poucos elementos meteorológicos disponíveis em estações meteorológicas. Pode ser empregado
em sistemas naturais ou agrícolas e não requer dados complementares sobre uso da terra.

Ressalta Folhes et al. (2007) que o modelo é aplicado pixel a pixel, a resolução espacial
dos mapas de fluxo é determinada pelas resoluções espaciais das imagens de entrada do
modelo.

O METRIC utiliza o método residual da equação do balanço de energia para estimar o


fluxo de calor latente instantâneo (λET), com auxílio das medidas espectrais dos canais do visível,
infravermelho próximo, médio e termal, contidos nas imagens do sensor TM/Landsat, e do
parâmetro de velocidade do vento, proveniente da torre micrometeorológica: λET = Rn – H – G, em
que, λET é a densidade de fluxo de calor latente (W.m -2); Rn é o saldo de radiação na superfície
(W.m-2); H é a densidade de fluxo de calor sensível (W.m-2); e G é a densidade de fluxo de calor no
solo (W.m-2).

A fim de comparar os fluxos modelados com os medidos é necessário conhecer a


dimensão espacial da distribuição do fluxo medido (footprint ou pegada do fluxo). De acordo com
a metodologia indicada por Schuepp et al (1990), a análise de pegada permite identificar a região,
na direção a montante do vento, que afeta com maior probabilidade a medição dos fluxos λET e H
para a altura considerada. A contribuição relativa de cada ponto tido como ‘fonte’ varia com a com
a altura de medição (z), com a distância em relação ao ponto de medição (x), com as
características de rugosidade da superfície e com a estabilidade atmosférica.

As principais vantagens do modelo METRIC são a necessidade de um número mínimo de


dados de campo usados na sua inicialização e seu mecanismo de calibração interna, que elimina
a propagação de erros e a necessidade de correção do efeito atmosférico sobre os valores de
temperatura da superfície.
74

4 EXEMPLOS DA UTILIZAÇÃO DOS MÉTODOS DE VALORAÇÃO

Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010) esclarecem que o conceito de Valor
Econômico Total - VET, foi desenvolvido pela Economia Ambiental e é útil para identificar, em
qualquer escala, os diversos valores associados aos recursos ambientais. De acordo com esse
conceito, o valor econômico da biodiversidade consiste nos seus valores de uso.

Para Mota, Bursztyn, Cândido Junior, Ortiz (2010), os primeiros são compostos pelos
valores de uso direto (VUD), de uso indireto (VUI) e de opção de uso futuro (VUO); e os últimos,
de não-uso (VNU), incluem os valores de herança e de existência. Desta forma, o conceito de
VET mostra que a preservação, a conservação e o uso sustentável da biodiversidade abrangem
uma ampla variedade de bens e serviços, começando pela proteção de bens tangíveis básicos
para a subsistência do homem, como alimentos e plantas medicinais, passando pelos serviços
ecossistêmicos que apóiam todas as atividades humanas e terminando com valores de utilidade
simbólica.

Assim, temos que o VET é igual à soma de todos estes distintos valores (PEIXOTO et al.,
2002). Na literatura científica são encontrados vários métodos de valoração econômica dos
recursos naturais, e relacionadas vantagens e desvantagens de cada um deles (MOTTA, 1998;
MAY, 2000).

Observas-se que se tratando da valoração econômica dos serviços de radiodifusão,


telefonia, telecomunicações, passagem da rede elétrica, estradas e de dutos (gasodutos e
oleodutos), em Unidades de Conservação, reconhece-se a existência de todo um conjunto de
valores ambientais que sofrem danos permanentes e que devem ser sanados ou minimizados
mediante a compensação ambiental.

O procedimento geral para a escolha dos fatores de valoração econômica a ser adotado
neste projeto baseia-se em um valor total composto pela soma de cinco parcelas de valoração
econômica multiplicadas por um fator de redução social, conforme experiências aplicadas em
outras UCs da Região Sudeste do Brasil (PEIXOTO et al., 2002): VALOR =[ P1 + P2 + P3 + P4 +
P5 ] x FS, onde: P1: perda de oportunidade de uso; P2: impacto cênico; P3: impacto
ecossistêmico; P4: perda de visitação; P5: risco ambiental; FS: fator social.

E para exemplificar temos que o Conselho Consultivo do PARNA Jurubatiba (CONPARNA


Jurubatiba), instituído conforme Portaria Nº 97 de 06 de agosto de 2002, deliberou pela criação de
uma Câmara Técnica para avaliar a situação do duto de uma estação de tratamento de efluentes
que conduz a água de produção das atividades de produção e exploração de petróleo da Bacia de
Campos (ETE de Cabiúnas), situado no interior do PARNA Jurubatiba.
75

Em função da inexistência de dados de literatura para valoração de restinga, e do


desconhecimento da composição média do efluente que é conduzido pelo duto, diversos métodos
de valoração foram propostos com vistas à adaptação do modelo existente para este estudo de
caso (FERREIRA et al., 2005), no Quadro 9 tem-se o resumo dos Métodos utilizados.

QUADRO 9 Impactos Ambientais dos Dutos Relacionados à Indústria do Petróleo e Propostas de


Métodos para Valoração.

Método de
Impacto Recurso Ambiental Proposta Metodológica
Valoração
Lazer da população Estimativa do número atual de visitantes
MCV/MVC
local/ turismo (pesquisadores, estudantes e comunidade do
entorno) e aplicação de questionários para
Impactos Beleza cênica MCV/MVC
levantamento das DAP e dos custos de viagem
Cênicos
dos diversos grupos, levando em conta os
Valor intrínseco (reserva
MCV/MVC impactos reais e/ou potenciais dos dutos no
da biosfera)
interior e/ou no entorno do PARNA
Lazer da população Levantamento de recursos destinados a projetos
MCV/MVC
local/ turismo específicos realizados no PARNA, destacando-se
Impactos à os projetos relacionados ao PELD, e os programas
Educação ambiental MCR
Visitação de Educação ambiental para professores e alunos
das escolas da região que envolvem visitação
Pesquisa científica MCR
constante ao PARNA.
Produtos madeireiros Estimativa do valor de mercado de produtos da
MPM/MPH
sustentáveis restinga com potencial de uso futuro (valores de
opção) / Estimativa do valor médio das
Produtos não-
MPM/MPH propriedades do entorno do PARNA e da área de
madeireiros
influência dos dutos com potencial impactante `a
Plantas medicinais MPM/MPH UC.
Material genético MCR Levantamento de recursos destinados a projetos
Impactos específicos realizados no PARNA, destacando-se
Ecossistêmi Proteção de bacias
os projetos relacionados ao PELD/ Levantamento
cos hidrográficas/regulação e MCR
de recursos destinados a projetos de
suprimento das águas
monitoramento dos impactos dos dutos na região
Formação do solo e do PARNA/ Levantamento de recursos
MCR
controle de erosão necessários para recuperação de áreas
degradadas devido ao impacto dos dutos na
região do PARNA.
Biodiversidade MVC

Notas – MPM: método da produtividade marginal; MPH: método dos preços hedônicos; MCV: método dos
custos de viagem; MVC: método da valoração contingente; MCR; método dos custos de reposição; DAP:
disposição a pagar.
Fonte: FERREIRA et al., 2005
76

5 CRÍTICAS

Souza e Mota (2006) revelam que o conceito mais usado na valoração de ativos naturais é
o de disposição a pagar que esta ligado à máxima propensão a pagar que uma pessoa revela ao
usar um recurso ambiental. Assim, a valoração ambiental não se manifesta unicamente na
determinação de um preço que expresse o valor econômico do meio ambiente e, nesse ínterim
Mota (2001: 37) revela que a valoração ambiental engloba as questões relativas a
sustentabilidade biológica e ecológica dos recursos naturais, estratégia de defesa do capital
natural, subsídio à gestão ambiental e aspectos econômicos.

E, na melhor forma podemos analisar as justificativas de valoração aos recursos naturais


nas óticas da sustentabilidade biológica, do enfoque ecológico, na estratégia, na gestão e nos
aspectos econômicos propriamente dito, conforme demonstrado no Quadro 10.

QUADRO 10 JUSTIFICATIVAS PARA A VALORAÇÃO ECONÔMICA DOS RECURSOS NATURAIS

ASPECTOS CARACTERÍSTICAS
Atuando como função do meio ambiente na cadeia alimentar e
Na ótica da sustentabilidade biológica na matriz de suprimentos;
Como ação de proteção sustentável dos recursos naturais
Como elemento de análise da capacidade de suporte e
resiliência dos recursos naturais em uso;
Na ótica do enfoque ecológico
Como subsídio às ações mitigadoras de degradação dos
recursos naturais
Como forma de manter o capital natural;
Na estratégia de defesa do capital natural Como função estratégica dos recursos naturais para o
desenvolvimento dos países
Como forma de defesa ética do meio ambiente;
Como subsídio à gestão ambiental
Como suporte à formulação de políticas públicas ambientais
Como forma de estimação dos preços dos ativos naturais que
não são cotados no mercado convencional;
Como mecanismo de mensuração monetária das
Como enfoque nos aspectos econômicos
externalidades oriundas de projetos de investimentos;
Como mecanismo de internalização de custos ambientais;
Como método de estimação de indenizações judiciais
Fonte: Souza e Mota (2006)

O valor econômico da biodiversidade não pode ser mensurado nos mercados formais,
alguns métodos e técnicas foram desenvolvidas objetivando a revelação dos valores apropriados
aos bens e serviços ambientais, e, nesse, vertente Motta(1997) aponta a interpretação
monetarista da biodiversidade e das externalidades positivas ou negativas, descrevendo como
instrumental existente para a apropriação do valor nas suas diversas expressões, internalizando
benefícios ou custos ambientais, e chamando a atenção para os instrumentos econômicos –
ecológicos (FONSECA, 2001; MOTTA & YOUNG, 1997).
77

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A preocupação mundial em torno do meio ambiente caminha para um consenso em torno


da adesão a um novo estilo de desenvolvimento que deve combinar eficiência econômica com
justiça social e prudência ecológica. A combinação desses elementos somente será possível se
houver um esforço conjunto de todos com objetivo de atingir o bem-estar geral no futuro
(KRAEMER, 2006).

O desenvolvimento sustentável para Mathis (2001) se distingue do desenvolvimento


tradicional pela inclusão da observação da relação sociedade-natureza e leciona que a sociedade
precisa organizar a sua inserção na natureza de tal maneira que ela seja a mais duradoura
possível. Para poder enfrentar esse desafio é necessário que a sociedade tenha conhecimento
como se dá a sua relação com a natureza.
A natureza segundo Mathis (2001) exerce três funções básicas para a sociedade, pois, em
primeiro ela fornece recursos naturais renováveis e não-renováveis, bem como absorve os
resíduos e emissões que resultam do uso desses recursos e ainda presta funções vitais para os
seres vivos.
O presente trabalho serve para mostrar a importância de alguns métodos de valoração de
bens ambientais, que auxiliam na estimativa ou atribuição de valor econômico aos recursos
ambientais, por meios diversos, independentemente de existirem ou não preços de mercado
relacionados a eles. Não se sugere propor a transformação de um bem ambiental num produto de
mercado, mas sim na mensuração das preferências dos indivíduos sobre a alteração no meio
ambiente.

No transcorrer do texto e na apresentação dos diversos métodos de valoração aplicados


ao pagamento por serviços ambientais foi observado o cuidado na avaliação da aplicabilidade dos
métodos de valoração para determinar o valor econômico dos bens ou recursos ambientais.

A valoração do meio ambiente é um dos aspectos mais críticos de todo o processo de


contabilização, e isso devido à dificuldade de quantificação dos benefícios gerados, e temos
consciência de que é importante considerar o fato de que os estudos sobre os bens ambientais
induzem à consideração ao longo prazo, pois dificilmente obtêm-se resultados a curto prazo. É
vítrea a existência dos vários métodos que podem ser utilizados no processo de valoração
econômica dos bens ambientais, e a escolha depende especificamente de cada caso.

A valoração econômica é um fator importante no processo de tomada de decisões das


políticas ambientais e de desenvolvimento sustentável e a atribuição de valor aos bens ambientais
78

é um importante fator de conscientização da população, pois, permite que a contabilidade


ambiental, proporcione uma visão mais completa e concreta dos bens ambientais.

É prudente ressaltar Pfitscher (2004) que afirma: À medida que há uma melhor
conscientização da valorização do meio ambiente, surge uma necessidade de se conciliar o
desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. (PFITSCHER, 2004)

Não podemos olvidar que o desafio está presente para todas as correntes de pensamento
em compreender suas limitações e buscar e propor em buscar os avanços na percepção dos
fenômenos naturais e econômicos orientados pelo objetivo maior, que é o desenvolvimento
sustentável.
79

ANEXO I

O DESASTRE ECOLÓGICO NO GOLFO DO MÉXICO

A humanidade assistiu no dia 20 de abril o início de uma catástrofe sem precedentes no


Golfo do México: uma plataforma de petróleo em águas profundas Horizon propriedade da British
Petroleum - BP, pegou fogo e depois afundou a aproximadamente 1525 metros de profundidade,
resultando em um enorme rombo que, desde então todos dias não pararam de ser lançados e
escoadas enormes quantidades de petróleo.

Surge a grande dúvida, como realmente, mensurar qual é a magnitude do desastre? E


uma das melhores maneiras de perceber a verdadeira dimensão, assim, temos que, conforme a
imprensa internacional:

Conforme o The Guardian, a BBC News e a University of Delaware Sea Grant Program, a
quantidade de óleo que está sendo derramado no oceano é equivalente a 3,5 barris de petróleo
por minuto, e isso, Isso excede as estimativas iniciais para 5.

Segundo estimativas da própria British Petroleum - BP, tem sido objeto de dumping entre 8
e 9 milhões de litros de petróleo em águas profundas do Golfo do México desde a última vez 20
dias, onde há 69 embarcações estão atualmente envolvidos em operações de limpeza

Foram implantados quase 50 quilômetros de barreiras flutuantes para conter o


derramamento, com estoque de 140 km dessas barreiras.

Ressalta-se que o derrame é sobre o tamanho da ilha da Jamaica, e assim, estima-se que
a BP está a gastar cerca de US $ 6 milhões por dia na limpeza, de forma geral os custos totais da
limpeza equivaleria a cerca de US $ 200 milhões.

Figura 6 Desaste Ecológico – Novo México

Fonte:http://pt.wikinoticia.com/Tecnologia/geral%20tecnologia/43487-a-radiografia-do-desastre-ecologico-
no-golfo-do-mexico
80

Figura 7 Desaste Ecológico – Novo México Visão Satélite1

Fonte: http://alt1040.com/2010/04/imagenes-satelitales-de-la-mancha-de-petroleo-del-golfo-de-
mexico, acesso em 24 de julho de 2010

Figura 8 Desaste Ecológico – Novo México Visão Satélite 2

Fonte: http://alt1040.com/2010/04/imagenes-satelitales-de-la-mancha-de-petroleo-del-
golfo-de-mexico, acesso em 24 de julho de 2010
81

Figura 9 – The gulf of Mexico oil spill

Fonte: http://alt1040.com/2010/04/imagenes-satelitales-de-la-mancha-de-petroleo-del-
golfo-de-mexico, acesso em 24 de julho de 2010

Fonte: http://www.flickr.com/photos/gdsdigital/4562831333/sizes/o/, Acesso em 24 de julho de


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