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CAPÍTULO 1

CLIMA E TEMPERATURA DO CEARÁ

O Ceará está no domínio da Caatinga, um bioma semi-árido exclusivamente


brasileiro, caracterizado por ter seu período chuvoso restrito a 3 ou 4 meses do ano e
alta biodiversidade. A forte sazonalidade do bioma faz com que existam fauna e flora
adaptadas a tais condições ambientais. Infelizmente, a área protegida dessa vegetação
endêmica brasileira é ainda muitíssimo restrita, apesar de sua grande degradação.
O clima é predominantemente semi-árido, com pluviosidades que, em trechos da
região dos Inhamuns, podem ser menor que 500 mm, mas também podem se aproximar
de 1.000 mm em outras áreas caracterizadas pelo clima semi-árido brando (presente, por
exemplo, na área semi-árida do Cariri e nas cidades relativamente próximas à faixa
litorânea). A temperatura média é alta, com pequena amplitude anual de
aproximadamente 5°C, girando entre meados de 20°C no topo das serras a até 28°C nos
sertões mais quentes. No interior, a amplitude térmica diária pode ser relativamente
grande devido à menor umidade.
Em pelo menos 8 meses do ano chove muito pouco e a temperatura média alcança
29 graus em algumas regiões do Sertão. Nos meses de chuva, normalmente fevereiro a
maio (devido à irregularidade das pluviosidades, em alguns anos o período de chuvas
pode extrapolar esse intervalo ou ser até menor), as temperaturas decrescem um pouco,
beirando os 25 graus de média. As amplitudes térmicas são relativamente altas,
variando desde mínimas de 17°C até máximas próximas a 40°C. Dependendo da
localidade, as pluviosidades podem variar de menos de 500mm até perto de 1.000mm
anuais, sendo, no entanto, sempre irregularmente distribuídas.
As condições climáticas e de relevo determinam padrões distintos de caatinga, desde
as de porte predominantemente arbustivo até à caatinga arbórea. Em especial no Norte
do Estado, surgem vastos carnaubais em meio à vegetação típica da caatinga. As serras
e o litoral, no entanto, gozam de um clima menos insalubre, com temperatura e umidade
mais favoráveis ao verdor.
Nas serras úmidas e chapadas, a caatinga dá lugar, à medida que se eleva a altitude,
ao cerradão e à floresta tropical. As pluviosidades, bem mais intensas do que na
Depressão Sertaneja, variam de 1.000mm a mais de 2.000mm anuais. Nessas regiões, as
temperaturas também variam mais que no resto do Estado: nos meses mais frios
(particularmente julho), as mínimas podem chegar a menos de 15°C, mas, nos meses
mais quentes (notadamente dezembro), a temperatura pode atingir perto de 35°C. No
litoral, predominam os mangues e a vegetação litorânea típica. Mesmo com altitudes
muito pouco elevadas, as pluviosidades e a umidade são maiores que na Depressão
Sertaneja. As temperaturas médias diárias variam de cerca de 22°C a 32°C.
Em todo o estado, os dias mais frios ocorrem geralmente em junho e julho e os mais
quentes, entre outubro e fevereiro. Nas áreas serranas, onde impera o clima tropical
semi-úmido e, em altitudes mais elevadas, úmido, as temperaturas são mais baixas, com
média de 20°C a 25°C, podendo ter mínimas anuais entre 12°C e 16°C. Surgem aí
vegetações de cerradão e floresta tropical, e as pluviosidades são mais altas, superando
os 1.000 mm. Essas áreas contêm mananciais que banham os sopés dessas regiões,
tornando-os propícios à atividade agrícola. É nas serras e próximo a elas, assim como
nas planícies aluviais, que se concentra a maior parte da população do interior cearense,
com densidades superiores a 100 hab./km², por exemplo, em boa parte do Cariri
cearense.

Temperatura média do litoral: 24°C a 28°C; Média das serras: 20°C a 25°C; Média da
Depressão Sertaneja: 26°C a 29°C.

a)Fortaleza - Média das mínimas: 23°C; Média das Máximas: 28°C / Mínima absoluta:
19°C; Máxima absoluta: 32°C.
b)A temperatura mais baixa já registrada no estado foi verificada em Jardim: 8°C.
CAPÍTULO 2

O RELEVO CEARENSE

O Ceará éé cercado por formações de relevos altos, as chapadas e costas: a oeste


é delimitado pela Costa da Ibiapaba; a leste, pela Chapada do Apodi; ao sul pela
Chapada do Araripe; e, ao Norte, pelo Oceano Atlântico. Por isso o nome de
Depressão Sertaneja para a região central do Estado. Aflorando da Depressão
Sertaneja estão, por sua vez, as Serras e Inselbergs.
As chapadas e costas que limitam o território do Ceará são de formação
sedimentar, enquanto as várias serras encontradas no interior da Depressão Sertaneja,
particularmente contornando à distância a faixa litorânea, são maciços antigos de
origem cristalina. As serras úmidas do Ceará são: o Maciço de Baturité também
conhecido como Serra de Baturité, a Serra da Meruoca, a Serra de Uruburetama, a Serra
de Maranguape]] e a Serra do Machado.
As serras de relevo mais alto (acima de 600m) possuem clima mais úmido,
maiores pluviosidades e vegetação de floresta tropical, especialmente nas vertentes de
barlavento. Nas vertentes de sotavento, surgem trechos de caatingas hipoxerófilas, não
tão marcadamente distintas do resto da Depressão Sertaneja. Muitas das elevações
cristalinas do Sertão cearense, no entanto, não são altas o suficiente para se beneficiar
das chuvas orográficas possibilitadas pela maior altitude.
Além das serras de solo cristalino, surgem em todo o Sertão (e, de forma mais
peculiar, na região em torno de Quixadá, onde as formações rochosas são numerosas e
de formatos às vezes curiosos) os inselbergs, resquícios de um antigo relevo mais alto e
já severamente erodido da região. Afora estes, o relevo é bastante regular.
Da Praia de Bitupitá, a oeste do Estado, no município de Barroquinha, até Icapuí, no
extremo leste, estendem-se 573 km de costa. Um de seus aspectos mais marcantes é a
regularidade costeira quebrada apenas por pequenas e tranqüilas enseadas e pelas
estreitas fozes dos rios.

Participação (%)
Descrição Km
Brasil Nordeste
Ceará 573 7,73 15,10
Nordeste 3.795 51,23 -
Brasil 7.408 - -

O litoral cearense, importante fator moderador das condições climáticas, é banhado


por águas de tonalidade verde-azulada e de temperatura que oscila entre 25 e 28ºC, sem
falar na pureza das fontes de água doce à beira-mar e nas águas translúcidas das lagoas
interdunares. Extensas são as dunas que lhe molduram, alternadas por terras ou rochas
altas e íngremes denominadas falésias. Suas praias são longas, geralmente baixas e em
suave declive, ora primitivas, ora com razoável infra-estrutura e equipamentos de apoio
ao turismo, ensombradas por coqueiros onde se abrigam as inúmeras colônias de
pescadores.
Chapadas,costas e serras
A Chapada do Araripe, ao sul do Estado estende-se, no sentido leste-oeste, por entre
30 km e 70 km e, no eixo norte-sul, por cerca de 180 km de comprimento. Além do
Ceará, compreende áreas de Pernambuco e Piauí. O relevo é tabular e marcantemente
horizontalizado, atingindo, na sua porção mais alta, altitudes médias de 750m, mas
chega a apresentar, entre as cidades de Crato, Exu (em Pernambuco) e Jardim, altitudes
superiores a 900m. As condições climáticas e fitográficas variam de acordo com a
morfologia e geografia do local, o que constitui uma vegetação variada, incluindo
caatinga, carrasco, cerradão e floresta tropical. Das escarpas da Chapada do Araripe
surgem fontes naturais e mananciais que irrigam o sopé do altiplano, uma vez que no
topo a drenagem superficial é escassa, dados solos muito permeáveis. Da mesma forma,
os solos se revelam de maior fertilidade no sopé da chapada do que nas áreas vizinhas.
Devido a isso, forma-se um verdadeiro "brejo" que faz do Vale do Cariri uma das áreas
mais densamente povoadas do Estado.
A Costa da Ibiapaba atravessa de norte a sul o extremo oeste do Estado, limitando-o
com o Piauí. Caracterizando-se como uma cuesta, seu relevo possui uma escarpa
íngrime (voltada para o Ceará) e outra cujo declive é bastante suave e gradual em
direção ao oeste (voltada para o Piauí). As altitudes médias são de 750m. De norte a sul
e de leste a oeste, ocorrem variações nítidas de condições climáticas. Na sua vertente
voltada para a Depressão Sertaneja cearense, em especial na parte nordeste de Cuesta,
possui vegetação tropical frondosa e densa. Na cidade de São Benedito, ocorre a mais
intensa pluviosidade do território cearense, superior a 2.000m. Por outro lado,
percorrendo-se alguns quilômetros para oeste, as chuvas orográficas não são mais tão
intensas e configuram um clima semi-árido com vegetação de carrasco. Da mesma
forma, do norte para o sul, vão diminuindo as pluviosidades, o que resulta na
predominância da caatinga na parte sul da Cuesta, particularmente após o boqueirão
constituído pelo Rio Poti. Um destino turístico famoso da região é a Serra de Ubajara,
famosa por seu bondinho, cachoeiras e grutas. Há também uma abundância de cursos e
quedas d'água, destacando-se a Bica do Ipu, cujas águas lançam-se do Pico Angelim, na
Serra da Amontada, a 130m de altitude.
A Chapada do Apodi apresenta também relevo tabular e de origem sedimentar e
ocupa o extremo leste do Estado. Suas altitudes, no entanto, não ultrapassam os 250m
de altitude. Devido a isso, não se beneficia de maiores pluviosidades (ocasionadas pelo
advento de chuvas orográficas), temperaturas mais amenas e maior umidade como as
serras e planaltos de relevo mais alto. Caracteriza-se como uma área de transição entre a
Zona da Mata e a Depressão Sertaneja, compreendendo também áreas do Rio Grande do
Norte.
No que tange à ocorrência dos tipos de solos, o Estado do Ceará possui três tipos
preponderantes de solos, sendo o de maior ocorrência os solos do tipo Neossolos com
cerca de 53.525,5 km2 ou 35,96% da área do Estado. O segundo tipo de solos com
maior ocorrência são os Argissolos com 36.720,6 km2 ou 24,67% e o terceiro refere-se
aos Luvissolos com 16,72% da área total do Estado ou 24.885,6 km². O conhecimento
do local de ocorrência dos diversos tipos solos é importante, na medida que apresenta
utilidade ao contexto social e econômico, estando ligado aos demais recursos físicos ou
quando integrado a um levantamento de recursos naturais. No Ceará, de uma forma
geral os solos apresentam-se com pouca profundidade, deficiências hídricas,
pedregosidade e, principalmente, susceptibilidade a erosão, o que exige a prática de
ações conservacionistas para melhor aproveitamento de suas potencialidades.
No que se refere à geologia, o Estado do Ceará pode ser dividido em rochas
cristalinas e sedimentares. Conforme citado na publicação do Atlas do Ceará de 1997
realizada pela Fundação Instituto de Planejamento do Ceará (IPLANCE) as rochas
cristalinas ocupam uma área que corresponde a cerca de 85% da área do Estado
Cearense.
Muito embora se constate que, para o conjunto do território cearense, os
relevos com altitudes inferiores a 200 metros têm larga predominância, é
importante ressaltar as serras, planaltos e chapadas cujas áreas se estendem a
partir de 400 metros até o ponto culminante do Estado - Pico Alto, no município de
Guaramiranga, com 1.114 metros de altitude. Nessas áreas destacam-se como
características as formações montanhosas, as colinas de vales aplainados utilizados
para lavoura, altitudes elevadas, encostas em forma de abismo, nascentes de rios,
cachoeiras, cascatas, bicas, pequenas barragens, florestas úmidas, flora e fauna
expressivas, topos horizontalizados, fontes de água cristalina, perenidade dos rios,
sítios paleontológicos, clima ameno, baixas temperaturas, grutas, mirantes e áreas
propícias para trilhas.
No Cariri, o planalto situado na chapada do Araripe atinge um nível de altitude
de 800 a 900 metros. As vertentes apresentam escarpas abruptas de onde jorram
abundantes mananciais. No sopé da serra estende-se uma faixa estreita de calcário
de grande importância pela abundância de fósseis cretáceos que apresenta,
revelando uma terra bastante fértil.
Os relevos úmidos reúnem os maiores potenciais de vegetação do Estado,
cujas formações florestais que abundam nas serras úmidas possuem árvores com
até 20 e 30 metros de altura com espécies conhecidas como "madeira de lei", de
importante valor industrial, e vegetais de palmas pendentes destacando-se a
samambaia, algumas orquídeas e outros epífitos.
As principais reservas florestais do Estado encontram-se nas encostas úmidas,
na porção nordeste da chapada da Ibiapaba e encosta da chapada do Araripe, onde
estão as Florestas Nacionais de Ubajara e do Araripe. Representativas áreas de
concentrações vegetais são também encontradas nos elevados níveis da serra da
Meruoca, na encosta sudeste, e maiores altitudes das serras de Maranguape e
Baturité.
A hidrografia nas serras úmidas é a mais rica do Estado, dada a maior permanência
dos cursos d'água e abundância de fontes perenes. Na Ibiapaba, entre as fontes e quedas
d'água encontradas citam-se como as mais importantes a da Bica, no município de Ipu,
cujas águas lançam-se do Pico Angelin (Serra da Amontada a 130 m de altitude - a Bica
do Ipu), a cachoeira do Boi Morto, no rio Jaburu, localizado no município de Ubajara, e
as quedas d'água do rio Pirangi.
As fontes do Cariri surgem na chapada a 700 m de altitude. Sobressaem-se como
mais importantes: a fonte do Itaitera, a do Granjeiro, que banha a cidade do Crato, as
pequenas fontes do Miranda e da Ponte, a do Salamanca ou Caldas - a única estância
hidromineral do Estado, a do Farias, a de São José, perto do Araripe, acentuadamente
termal (geotérmica), a do Cravatá, em Jardim.
A região da serra de Baturité é coberta pela bacia hidrográfica Pacoti - Choró -
Pirangi que atinge altitudes superiores a 600 metros. Nesta região as fontes e quedas
d'água são mais abundantes nas imediações das cidades de Maranguape, Pacatuba,
Redenção, Baturité e Guaramiranga. As quedas d'água mais notáveis encontradas nesta
bacia são as do Oratório e Paracupeba.

Elevações Altitude Destaque


Serra de Baturité 500 acima de 900m Pico Alto, mais alto do Estado, com 1.114
m, fontes e quedas d'água, representativa
área de concentração vegetal
Parque Nacional de Ubajara, Guaraciaba
Chapada da Ibiapaba 700 acima de 900m do Norte maior altitude , fontes e quedas
d'água.
Floresta Nacional do Araripe, fontes e
Chapada do Araripe 700 acima de 900m
quedas d'água, fósseis.
Representativa área de concentração
Serra da Meruoca 500 a 900m
vegetal.
Pedra da Rajada, fontes e quedas d'água,
Serra de Maranguape 500 a 700m representativa área de concentração
vegetal.
Serra da Pacatuba 500 a 700m Fontes e quedas d'água.

Sertões
A região sertaneja, que representa cerca de 57% do território cearense, corresponde
a área em que as médias pluviométricas situam-se entre 500-700 mm, incluindo zonas
em que estas médias não atingem os 500 mm.
O período seco tem duração de 6,7 ou 8 meses e as médias térmicas máximas
registradas situam-se entre 32 e 33º C e a média das mínimas em 23ºC durante as noites.
Dada a baixa umidade (inferior a 70%) a amplitude térmica é mais elevada. Em Santa
Quitéria, Sobral, Independência, Araripe e Tauá (Nordeste e Sudoeste) encontram-se as
médias térmicas mais elevadas do Estado.
Concorre para a rigorosidade do clima na região do sertão, sua localização no centro
do Estado, circundada pelas chapadas da Ibiapaba, Cariri e Apodi, com depressões
abrigadas dos ventos que se dirigem ao interior.
A topografia sertaneja apresenta planícies formando as depressões dos cursos dos
rios Jaguaribe, Acaraú e Coreaú, os pés-de-serra, serrotes e serras que não atingem 600
metros. Intensa vida agrícola nos pés-de-serra, destacando-se a periferia da chapada do
Araripe, da serra de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Rosário e Ibiapaba. Destaque para
a serra do Estevão, situada nos sertões de Quixadá, com clima ameno e um relevo que
assume feição singular formando o acidente conhecido por "Pedra da Galinha Choca".
A aridez do clima dominante reflete-se pela presença da caatinga que se caracteriza
pela forte adaptação a insuficiência d'água, aos solos rasos e pedregosos, aos altos
índices térmicos e baixa pluviosidade. Na estação das chuvas a caatinga é um misto de
árvores e ervas e no estio reduzem-se a espécies arbóreas ou arbustivas. Merece atenção
a flora das várzeas, dominadas quase que exclusivamente pela carnaubeira.

Desertificação em Áreas do Estado do Ceará

O Estado do Ceará está sob perigoso processo de desertificação, existindo um


número considerável de municípios afetados pelo fenômeno o que pode vir a afetar a
qualidade de vida das populações aí residentes. Assim como a desertificação pode ser
um estímulo à pobreza em uma região, diminuindo a possibilidade de geração de
emprego e renda, pode ser, também, uma consequência – efeito retro-alimentador
(feedback). Muitas das regiões onde os recursos naturais são explorados de forma
inadequada tornaram-se susceptíveis a este fenômeno. Nestas regiões é comum o uso de
práticas agressivas ao meio ambiente para a garantia da sobrevivência, práticas essas
que levam à queda da produtividade biológica e econômica das terras agrícolas,
pastagens e matas nativas.A ocupação do município de Jaguaribe, onde está inserido o
distrito de Feiticeiro, não foi diferente do que ocorreu no estado do Ceará. A pecuária, como
atividade econômica, predominante trouxe resultado para a economia da região, porém
nesses mais de três séculosde ocupação ocasionou também problemas no que tange a
degradação ambiental. A criação do gado, que se desenvolveu de forma extensiva
transformou o cenário dos sertões, uma vez que esta tem levado a cobertura vegetal natural
para dar lugar às pastagens e para o sobre pastoreio resultando em solos desprotegidos e
mais susceptíveis a erosão. O pisoteio do gado, vem comprometendo a capacidade hídrica
dos solos através de uma compactação e impermeabilização intensificando o escoamento
superficial resultando, assim, na degradação progressiva da terra. Neste contexto destaca-se
o distrito de Feiticeiro que vem sendo afetado com a problemática da desertificação.
Este estudo objetiva compreender a influencia da pecuária na configuração deste
cenário na região tendo como estudo de caso o distrito de Feiticeiro. Para tanto, buscou-se
coletar dados históricos; informações junto à população e uso e ocupação da terra.
Procedeuse a uma caracterização geoambiental para identificar os fatores que contribuem
para a degradação Ambiental/Desertificação.
No Estado do Ceará, grande parte de seu território está susceptível a desertificação, ou
seja, cerca de 136.328 Km² de seu território o que equivale a 92,1% de sua área. No estado
do Ceará, as áreas susceptíveis a desertificação (ASD), em sua grande maioria, estão
submetidas à semiaridez. Contudo, devem-se considerar as condições geoambientais,
determinadas, principalmente, pelas condições geológicas-geomorfológicas e
termopluviométricas, enquanto fatores decisivos para configuração e variação nos padrões
da paisagem. Desta feita, a dinâmica dos processos é resultante, principalmente, das
diferenças térmicas diárias e pela concentração pluviométrica, fazendo com que a
desagregação física das rochas assuma um papel preponderante nos sertões. A consideração
da estrutura geológica também é importante nos processo de morfodinâmica, e na
composição dos diferentes tipos de solos. Em sua maior parte a ASD do Ceará compreende
a grande depressão sertaneja onde, em geral, se encontram solos rasos e pedregosos com
presença de afloramentos rochosos e a predominância das caatingas que possuem vários
padrões fisionômicos e florísticos, tais como, herbáceo; arbustivas e arbóreo, mas que em
grande parte do estado já se encontram em elevado processo de degradação por conta do
uso de ocupação. O modo de ocupação que se deu nas áreas do bioma caatinga, desde o
período de colonização, vem justificar a intensificação nos processos morfodinâmicos
atuais. Essas regiões foram utilizadas principalmente para o extrativismo vegetal
indiscriminado, pecuária extensiva e agricultura de subsistência com práticas rudimentares.
É notório que o uso dos recursos naturais não se dá de acordo com as condições do
ambiente, ou seja, tem se procurado adaptar o ambiente as necessidade do homem e não o
contrário. No contexto de degradação ambiental/desertificação nos sertões cearenses
sobressai a região do médio Jaguaribe, que de acordo com a FUNCEME (2005), é
caracterizada como uma das áreas mais degradadas do estado. Por sua vez, o município de
Jaguaribe, onde está inserido o distrito de Feiticeiro, apresenta uma maior extensão de áreas
apresentando um quadro elevado de degradação ambiental. Segundo Guerra (2009), esta
extensão, perfaz 37,76% dos 1.876,79 km, correspondentes ao polígono do município. O
distrito de Feiticeiro (figura 1) localiza-se no município de Jaguaribe - Ce na microrregião
do médio Jaguaribe, tendo como principal via de acesso a CE-275 e é drenado pela sub-
bacia do Riacho Feiticeiro (Riacho Jatubarana) e tem como principal fonte de
abastecimento para a comunidade o açude Joaquim Távora. O distrito tem uma área de
387,28 Km² e uma população de 5.536, de acordo dados do censo do ano 2000 do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os atuais limites do distrito de Feiticeiro são:
ao norte: distrito sede; ao sul município de Orós; ao leste o distrito de Mapuá e ao oeste o
distrito de Nova Floresta. Diante do exposto, o presente trabalho, como já destacado, busca
analisar o processo de degradação ambiental/desertificação no distrito de Feiticeiro, a partir
da interação entre os componentes naturais e o papel da pecuária, enquanto coadjuvante
desta problemática. Assim, avaliam-se as condições naturais do ambiente considerando seu
grau de suscetibilidade de acordo com a ecodinâmica e correlacionando com as condições
de uso e ocupação da área, com foco para as influências da pecuária na
degradação/desertificação.
Figura 1:
CAPÍTULO 3

VEGETAÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

O Estado está no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca de


quatro meses do ano e alta biodiversidade adaptada. A sazonalidade característica desse
bioma se reflete em uma fauna e flora adaptadas às condições semi-áridas.
Consequentemente, há grande número de espécies endêmicas, sobretudo nos brejos e
serras, isolados pela caatinga e refúgios da flora e fauna de matas tropicais úmidas. Na
Serra de Baturité, por exemplo, 10% das espécies de aves são endêmicas O soldadinho-
do-Araripe foi descoberto em 1996 na Chapada do Araripe e só é encontrado nessa
região. Dentre as aves, são ainda característicos o uirapuru-laranja e a jandaia.
Destacam-se, na flora cearense, a carnaúba, considerada um dos símbolos do estado e
também importante fonte econômica e a zephyranthes sylvestris, flor original do habitat
cearense.
As regiões mais áridas se situam na Depressão Sertaneja, a oeste e sudeste. Próximo
ao litoral, a influência dos ventos alísios propicia um clima subúmido, onde surge
vegetação mais densa, com forte presença de carnaubais, os quais caracterizam trechos
de mata dos cocais. O clima também se torna subúmido, com caatinga mais densa e
maior pluviosidade, nas adjacências das chapadas e serras.
Enquanto as chapadas e cuestas são de origem sedimentar, as serras e os inselbergs
que abundam em meio à Depressão Sertaneja são de formação cristalina. Dentre os
relevos sedimentares, apenas a Chapada do Araripe (com altitudes que vão de 700 m até
mais de 900 m) e a Serra da Ibiapaba (com altitude média de 750 m) possuem altura
suficiente para permitir a ocorrência freqüente de chuvas orográficas, o que lhes confere
maior pluviosidade. As pluviosidades, bem mais intensas do que na Depressão
Sertaneja, variam de 1000 mm a mais de 2000 mm anuais.
Por outro lado, a altitude na Chapada do Apodi não ultrapassa os 300 m, de modo
que as características semi-áridas ainda predominam nela. Dentre as serras de origem
cristalina, as que têm de 600m a 800m de altitude média (caso do Maciço de Baturité,
da Serra da Meruoca e da Serra de Uruburetama) também são favorecidas pelas chuvas
orográficas, surgindo aí vegetação tropical densa, chuvas mais frequentes e maior
umidade, em especial na sua vertente de barlavento. Em Catunda, na Serra das Matas,
encontra-se o ponto mais elevado do estado, o Pico da Serra Branca, com 1.154 metros.
Nas serras pouco elevadas, surge vegetação semelhante às das vertentes de sotavento
das serras úmidas, isto é, uma vegetação similar à caatinga mas bastante mais densa e
com distinções na fauna e flora, conhecida como mata seca.
Existe ainda o carrasco, vegetação xerófila peculiar, que surge no reverso da
Chapada da Ibiapaba e do Araripe, áreas mais secas, caracterizando-se por uma flora
arbustiva e arbórea predominantemente lenhosa, ao contrário da caatinga. O carrasco
distingue-se ainda da caatinga pela quase inexistência de cactos e bromeliáceas. Alguns
se referem a essa vegetação como uma espécie de transição entre o cerrado, a floresta
tropical e a caatinga
TIPO DE VEGETAÇÃO ENCONTRADA NO ESTADO DO CEARÁ

Caatinga, Mangue, Complexo Litorâneo, Mata Ciliar, Mata Úmida, Mata Seca,
Carrasco, Cerradão.

“Para se compreender cada formação vegetal de uma área deve-se considerar vários
elementos naturais, cabendo ao clima e ao solo o principal papel”.
a) CAATINGA

- Ocorre no semi-árido
- Caracterizada pela irregularidade das chuvas
- Solo raso e pedregoso
- Xerófila e caducifoliada

Mandacaru xique-xique

Jurema

b) MANGUE

- Encontrados em áreas de contato da água do mar com a água dos rios


- Solos salinos, lamacentos e ricos em matéria orgânica
- É alvo de grande degradação
MANGUE

c) COMPLEXO LITORÂNEO

- Vinculado a solos arenosos das dunas e tabuleiros

SALSA-DA-PRAIA

IMBAÚBA
d) MATA CILIAR

- Localizam-se nas planícies fluviais dos baixos cursos dos rios


- São adaptadas a solos salinos de várzea

MATA CILIAR
e) MATA ÚMIDA

- Localizadas em áreas de maiores precipitações, como as serras úmidas de


Baturité, Maranguape, Araripe e Ibiapaba
- Apresenta temperaturas amenas e solos mais profundos com matéria
orgânica
- Apresentam grande porte, variedade de espécie e é latifoliada

INGÁ JATOBÁ

f) MATA SECA

- Encontra-se nas altitudes mais baixas, à retaguarda da mata úmida


- Encontrada em Baturité, Araripe e Ibiapaba
ANGICO

g) CARRASCO

- Ocorre no reverso do Planalto da Ibiapaba e do Araripe


- Presença de espécies do cerrado e da caatinga além de espécie próprias
- O solo apresenta baixa fertilidade natural

MORORÓ MURICI

h) CERRADÃO

- Desenvolve-se na Chapada do Araripe, em solos permeáveis e pobres em


nutrientes
- É uma vegetação do tipo florestal

PEQUI FAVEIRA
PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE

No Ceará existem dois parques nacionais. O Parque Nacional de Ubajara criado em 30


de abril de 1959 e até recentemente era o menor parque em área, com 563 ha, passando
a ter atualmente 6.299 ha. Abriga em seu interior a Gruta de Ubajara e um bonde de
acesso à gruta, sua maior atração. O segundo é o Parque Nacional de Jericoacoara,
criado em 2002 para preservar as praias e dunas da região, cujo principal atrativo é a
Pedra furada. Outras áreas de preservação ambiental importantes são as florestas
nacionais do Araripe (a primeira Floresta Nacional do Brasil, estabelecida em 1946) e
de Sobral. Existe, ainda, a Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe, com
10.000 km², que se estende por 38 municípios do Ceará, Pernambuco e Piauí. O
Governo do Ceará mantém 13 áreas de conservação. O Parque Ecológico do Cocó e o
Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio são os únicos parques estaduais do
Ceará, sendo o Parque do Cocó o primeiro a ser criado, em 1989, dentro da área urbana
de Fortaleza, abrigando o bioma de mangue. Em todo o Ceará existem 58 áreas de
proteção ambiental sendo 20 estaduais, 11 federais, 13 municipais e 14 particulares.
Os ecossistemas do Estado estão profundamente danificados e muito pouco
preservados. As regiões de floresta tropical e cerrado, nas serras e chapadas de elevada
altitude, possuem grande concentração demográfica, intenso uso para fins agropecuários
e, comparativamente, pouca preservação e fiscalização ambiental. Os crimes ambientais
são praticados constantemente em áreas como a APA Araripe - sobretudo as queimadas
e retirada de lenha - e não podem ser reprimidos devido ao parco efetivo de fiscais,
dentre outros motivos. Atualmente a mata atlântica ocupa apenas 1,2% do território do
Estado, tendo sido bem mais extensa no passado, mas 44% do restante está em áreas de
preservação, o que, porém, não tem garantido sua total conservação.
Em situação ainda mais grave está a extensa caatinga cearense, que conta com uma
ínfimos 0,45% de preservação, embora represente, em suas variadas formas, 92% do
território estadual. 80% da caatinga cearense está devastada, e muitas das áreas
restantes, apesar de aparentemente conservadas, não passam de formas vegetais
secundárias menos ricas e alteradas pela substituição de espécies vegetais, o que
acarreta graves prejuízos para o solo e os já escassos recursos hídricos. A desertificação
avança no Estado e atinge níveis preocupantes, sobretudo em Irauçuba.
CAPÍTULO 4

HIDROGRAFIA DO CEARÁ
O Estado do Ceará está dividido por elevações que se constituem divisores de água e
tem seus rios e riachos originados no próprio território que, só excepcionalmente,
escoam para fora do Estado.
Os cursos d'água estaduais são alimentados diretamente pelas águas pluviais e não
dispõem de qualquer ação de fontes perenes. A concentrações de chuvas num curto
período impõe a característica de intermitência a todos os rios que correm no território
estadual. Na época invernosa, o regime das correntes d'água é de acentuada
torrencialidade. Logo após terminadas as chuvas, o escoamento superficial cessa e,
apenas nos rios de leito arenoso e poroso, forma-se lençol freático situado próximo à
superfície.
Além das características de intermitência imposta pelas chuvas, o regime fluvial
recebe influência da temperatura, pela ação da evaporação, constituição geologia e
pedológica das áreas, relevo e vegetação. Nas serras e pés-de-serras, os cursos d'água
têm vazão assegurada durante a maior parte do ano pela favorabilidade desses fatores.
Verifica-se, então, que os rios da serra de Baturité, Ibiapaba e Araripe são mais
duradouros. Além das mais baixas temperaturas, a maior porosidade e permeabilidade
dos terrenos das áreas das chapadas da Ibiapaba e Araripe, diminuem o escoamento
superficial e o regime torna-se mais regular, da mesma forma como a presença da
vegetação densa contribui para tal fato.
No sertão, além das chuvas escassas e concentradas, o regime fluvial é de máxima
torrencialidade pela litologia das área e descontinuidade da vegetação. Ademais, a
maior evaporação, dada a elevada temperatura reinante no Sertão, associa-se aos citados
fatores para tornar mais rápido e pouco duradouro o escoamento fluvial. Os aluviões,
que mantêm umidade superficial nos leitos secos durante o verão são aproveitados com
culturas de vazante e se constituem importantes elementos para o abastecimento à
população nas regiões secas e semi-áridas, com a abertura de cacimbas.

1.OS RIOS CEARENSES

Os rios cearenses secam durante o período das secas, por isso são chamados de
temporários. O principal rio daquele estado é o Jaguaribe. Este rio é responsável pela
drenagem das regiões central, sul e leste do estado. A região norte é banhada por rios
menores, dentre os quais podemos citar o Aracatiaçú, o Acaraú e o Coreaú.

a) O Rio Jaguaribe

O Rio Jaguaribe é um rio que banha o estado do Ceará. Jaguaribe (jaguar-y-pe) vem
do tupi-guarani e significa rio das onças. No seu leito foram construídos os dois grandes
açudes cearenses: o Orós e o Castanhão.
Sua bacia hidrográfica está situada em sua quase totalidade dentro dos limites do
estado do Ceará, com ínfima parcela estendendo-se ao sul para o estado de Pernambuco,
ocupando parte dos municípios de Exu, Moreilândia e Serrita. Ocupa cerca de 51,9% da
área total do estado, o que equivale a, aproximadamente, 75.669 km². As cabeceiras de
suas sub-bacias servem de limite entre o Ceará e os estados do Piauí, Pernambuco,
Paraíba e Rio Grande do Norte. É o maior curso de água do território cearense com
610 km de extensão.Os braços rio Jaguaribe chegavam a desaparecer em épocas de
seca, o que lhe rendeu o título de maior rio seco do mundo, retornando e crescendo
muito rápido em volume e extensão na estação chuvosa, tornando necessário usar
canoas para atravessá-los.

b) Rio Acaraú

O Rio Acaraú é um rio brasileiro que banha o estado do Ceará, ficando situado na
parte norte do estado. A origem do topônimo Acaraú é indígena, sendo resultado da
fusão de "Acará" (Garça) e "Hu" (Água), significando, portanto, “Rio das Garças”
(Paulinho Nogueira).Teria habitado às margens desse rio o grupo indígena brasileiro
chamado Camamus, atualmente extinto.
Sua nascente está localizada em Monsenhor Tabosa na Serra das Matas, além deste,
banha mais dezessete municípios até desaguar no Oceano Atlântico em Acaraú. Sua
bacia hidrográfica abrange um total 27 municípios numa área de 14.500 km², o que
represesenta aproximadamente 10% da área do estado. Nesta bacia estão construídos
alguns dos mais importantes açudes cearences: o Edson Queiroz, em Santa Quitéria, o
Forquilha, em município do mesmo nome, o Aires de Sousa (ou Jaibaras), em Sobral,
além do Paulo Sarasate (ou Araras), que está construído sobre o leito do Rio Acaraú e
cuja barragem está localizada no limite dos municípios de Varjota, Pires Ferreira e
Santa Quitéria.
O Rio Acaraú com o curso de 320 km, segundo outras fontes nasce na Serra do
Machado, em Itatira. Lança-se no oceano Atlântico por meio de dois braços: o Cacimba
e o Mosqueiro.

c) Rio Coreaú

O Rio Coreaú é um rio do estado do Ceará. Primitivamente Curuayú, de curiá (ave


aquática de pequeno porte) + iú (do verbo beber), donde se forma bebedouro dos curiás.
Fica situado no Vale Coreaú nos municípios de Ibiapina, onde fica sua nascente,
Frecheirinha, Mucambo, Ubajara, Coreaú, Moraújo, Uruoca, Granja e Camocim, onde
deságua no Oceano Atlântico.
Está totalmente inserido em uma região de clima semi-árido bando e tropical quente
subúmido, ou seja, é um rio temporário com débito sujeito às variações pluviométricas
típicas da região , que é marcada por um período chuvoso que vai de janeiro a maio e
um período seco que vai de junho a dezembro.

d) Rio Banabuiú

O Rio Banabuiú é o principal afluente do Rio Jaguaribe. Banabuiú, que de acordo com
Tomás Pompeu de Sousa Brasil, significa "Rio que tem muitas voltas": "bana" - que
torce, volteia; "bui"- muito, com excesso; e "u"- água, rio. Outro topônimo de origem
indigena diz que Banabuiú é o pantanal ou vale das borboletas.
O Rinaré, segundo os índigenas, nasce na Serra das Guaribas, município de Pedra
Branca, e deságua no rio Jaguaribe em Limoeiro do Norte. Banha outros sete
municípios: Mombaça, Piquet Carneiro, Senador Pompeu, Quixeramobim, Banabuiú,
Jaguaretama e Morada Nova.
e) Rio Curu

O Rio Curu é um rio que nasce na região montanhosa formada pelas serras do Céu, da
Imburana e do Lucas, localizadas no município de Canindé. Sua foz está na divisa de
Paracuru e Paraipaba. Além destes, o rio Curu banha mais seis municípios: Paramoti,
General Sampaio, Apuiarés, Pentecoste, São Luís do Curu e São Gonçalo do Amarante.
É a fonte hídrica para diversos projetos de irrigação, especialmente o de Paraibaba.
Está totalmente inserido em uma região semi-árida, ou seja, é um rio temporário com
débito sujeito às variações pluviométricas típicas da região, que é marcada por um
período chuvoso que vai de fevereiro a maio e um período seco que vai de junho a
janeiro. Contudo seu leito é perenizado a partir do açude General Sampaio e Pentecoste.
Ao longo de 195 km, até sua foz, corre preferencialmente no sentido sudoeste-
nordeste. No conjunto, esta bacia possui relevo predominantemente de moderado a
fortemente acidentado, com grande parcela de seu divisor sendo formada por zonas
montanhosas, com destaque para Baturité, ao leste, e Uruburetama, ao oeste. Os
principais afluentes desta bacia são os rios Caxitoré, na margem direita e o Canindé,
pela margem esquerda.
Sua bacia hidrográfica atinge um total de 24 municípios.

f) Rio Salgado

A sub-bacia do Rio Salgado, drenada pelo rio do mesmo nome, está localizada na
região sul do estado do Ceará, e faz parte da bacia do rio Jaguaribe.
Sua bacia hidrográfica do antigamente chamado Jaguaribe-Mirim está espalhada por
23 municípios: Icó, Cedro, Umari, Baixio, Ipaumirim, Várzea Alegre, Lavras da
Mangabeira, Granjeiro, Aurora, Caririaçu, Barro, Juazeiro do Norte, Crato, Missão
Velha, Barbalha, Jardim, Penaforte, Milagres, Abaiara, Mauriti, Brejo Santo, Porteiras e
Jati, com uma população estimada em 850.000 pessoas e área geográfica de 13.275,0
km, conta com aproximadamente 650 açudes, sendo gerenciados e monitorados apenas
13 reservatórios, sete federais, quatro estaduais e dois municipais com acumulação total
de 447.728.008 m³. esta sub-bacia conta com 350 km de leitos perenizados (incluindo
Lima Campos, Barro e Crato – Juazeiro do Norte).
Os terrenos se afloram na superfície desta sub-bacia dividem-se em cristalinos e
sedimentares, sendo que na bacia sedimentar do Araripe estão cadastrados 298 fontes e
1800 poços tubulares profundos, mas o monitoramento das águas subterrâneas é feito
apenas em 52 poços e 02 fontes do graben Crato-Juazeiro.
A bacia sedimentar do Araripe, em cuja parcela na bacia do Salgado é de 14%, é a que
melhor representa o uso da água subterrânea para fins de abastecimento humano.
Somente as sedes de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, consomem juntas 29 milhões
de m³/ano para abastecimento público.
Na região do Cariri, a água subterrânea abastece o público em mais de 90% das sedes
municipais e distritos. Seus principais afluentes são: rio Batateiras, rio Granjeiro,
Riacho do Saco, Riacho Lobo, rio Carás, Riacho São José, rio Missão Velha, Riacho
dos Porcos, Riacho do Cuncas, Riacho Olho D’água, Riacho Rosário e Riacho São
Miguel.
Atualmente encontra-se perenizado em toda sua extensão.
2.OS AÇUDES DO CEARÁ

Um lago artificial é um lago ou açude feito artificialmente pelo ser humano,


normalmente para armazenar água numa região seca, para dar mais vida a um ambiente
ou, quando se constrói uma represa ou uma hidrelétrica, um lago artificial, também
chamado albufeira se forma, cobrindo as áreas costeiras às margens do rio.Os lagos
artificiais (ou açudes) são também feitos para a criação de peixes e outros organismos
aquáticos, em regime de aquacultura extensiva.
No Ceará há mais de 700 açudes e, graças a eles, é possível o desenvolvimento
agrícola e a criação de animais nas regiões semi-áridas.
Dentre estes açudes podemos destacar os três mais importantes do Estado do Ceará: O
Castanhão, Orós e o açude do Cedro.

a) Açude Castanhão

O Açude Castanhão é um açude construído sobre o leito do rio Jaguaribe, no estado


do Ceará.Ele é portanto uma represa, tecnicamente falando. A barragem está localizada
em Alto Santo, embora atinja outros municípios.
A obra foi iniciada em 1995, durante o governo de Tasso Jereissati, e concluída em
2003, pelo governador Beni Veras (PSDB), numa parceria entre a Secretaria de
Recursos Hídricos do Ceará - SRH-CE e o Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas - DNOCS.
Durante a construção do açude foi necessário remover a antiga sede do município de
Jaguaribara, que ficou sob as águas.Em substituição à cidade submersa, foi construída a
cidade de Nova Jaguaribara.
O açude do Castanhão compreende os limites geográficos de pelo menos quatro
municípios cearenses: Jaguaribara (Nova Jaguaribara), Alto Santo, Jaguaretama e
Jaguaribe, dadas as suas grandes dimensões.
Representa importante mecanismo de controle das secas e das cheias sazonais que
atingem o vale do Jaguaribe, assim como, cresce em importância para o restante do
Ceará, enquanto reserva hídrica estratégica para o Estado.
Suas águas são vocacionadas para o uso na agricultura irrigada, psicultura, pesca
(esportiva e de subsistência), lazer náutico, assim como, através da construção do Canal
da Integração, este açude terá suas águas levadas para abastecimento da população da
Grande Fortaleza e para o Complexo Portuário do Pécem, onde permitirá a implantação
de um pólo industrial. Não há uso atual como fonte hidroelétrica desta barragem.
A capacidade de armazenamento do Castanhão é de 6.700.000.000 m³, o que o coloca
como o maior açude para múltiplos usos da América Latina. Sozinho, ele tem 37% de
toda a capacidade de armazenamento dos 8.000 reservatórios cearenses.Antes do
Castanhão a maior barragem cearense era o Orós, no município de mesmo nome, que
também é uma represa no Rio Jaguaribe, mas que comporta pouco mais da metade da
capacidade do Castanhão.
O Castanhão é uma maravilha da engenharia moderna, concluída neste século, mas
cujos projetos iniciais remontam o século 19, quando surgiram os primeiros estudos
para se edificar uma obra que garantisse reserva de água para enfrentar a irregularidade
das chuvas no semi-árido Nordestino.Destaque especial merece o engenheiro da
Universidade de Stanford, "Sir" Roderic Crandall, que identificou na área conhecida
como "Boqueirão do Cunha", onde atualmente está este açude, uma série de marcadores
geológicos que indicavam aquela ser a melhor região para a construção da barragem.
b) Açude Orós

O Açude de Orós está localizado no leito do rio Jaguaribe, na região centro-sul do


Ceará.
Sua história remonta à época do Brasil Império, quando várias secas se sucederam
dizimando um número grande de pessoas e animais. Represar o rio Jaguaribe e fazê-lo
perene surgiu como a alternativa mais viável para o solucionar o problema da escassez
de água no sertão cearense. No entanto, esta idéia só foi colocada em prática no século
XX. Ao ser construido, esse reservatório chegou a inundar vilarejos próximos ao leito
do rio, dentre eles o mais famoso: Conceição do Buraco, hoje Guassussê. Foi construído
pelo DNOCS, tendo suas obras concluídas em 1961.
Sua capacidade é de 2.100.000.000 m³, o que o coloca como o segundo maior
reservatório do Estado. Foi o maior até a construção do Açude Castanhão em 2003.

c) Açude do Cedro

O Açude do Cedro localiza-se em Quixadá, Ceará. D. Pedro II, deu a ordem de


construção, porém a realização deste foi feita pelos os primeiros Governos
Republicanos do Brasil entres os anos de 1890 e 1906.
O Açude do Cedro está localizado no município de Quixadá, estado do Ceará, a cerca
de 175 km de Fortaleza.
O Açude do Cedro foi umas das primeiras grandes obras de combate à seca realizadas
pelo Governo Brasileiro. A ordem de construção foi dada por D. Pedro II em
decorrência do grande impacto social provocado pela seca de 1877 - 1879.
O Governo Imperial solicitou ao engenheiro Ernesto Antônio Lassance Cunha e a
outros técnicos estudos de meios para o combate aos efeitos das secas. Ficou então
decidida a construção de barragens nos leitos dos rios para barrar as águas pluviais. o
próprio Ernesto Cunha visitou diversos locais no interior da província e indicou o
Boqueirão do Cedro como local selecionado. Em 1880, o engenheiro britânico Jules
Jean Revy confirmou a indicação.
No ano de 1882 o primeiro projeto foi feito pelo próprio Jules Revy que coordenou a
realização de obras preliminares, como a construção de uma estrada de acesso e a
instalação das máquinas. Às vésperas do iníco das obras, ocorre a proclamação da
república e a conseqüente retirada de Revy. Após modificações no projeto realizadas em
1889 pelo engenheiro Ulrico Mursa, da Comissão de Açudes e Irrigação(atualmente
DNOCS), as obras foram finalmente iniciadas em 15 de novembro de 1890. Sua
conclusão, após várias interrupções, foi em 1906 já sob coordenação do engenheiro
Bernardo Piquet Carneiro, que assumiu a direção da construção em 1900.
O período entre o primeiro projeto e a inauguração foi de 25 anos e suas obras
contaram, em grande parte, com o emprego de mão-de-obra dos flagelados da seca.
Devido à sua importância histórica e sua beleza natural foi tombado pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional(IPHAN) em 1977.
Foi construído sobre o leito do rio Sitiá. Sua capacidade é de 126 milhões de metros
cúbicos, o que o posiciona como o 7º maior reservatório de água do Ceará.
Este açude possui quatro barragens: a Principal, a do Sul,a da Lagoa do Forges e a do
vertedouro. Estas barram as águas do rio Sitiá e dos riachos: Macambira, Verde, do
Socorro, do Cabo, Guaribas, Caracol e entre outros riachos da região.
A grade de ferro que compõe a varanda, sobre a barragem Principal foi totalmente
importado da Inglaterra e a cerâmica desta foi importada de Portugal
O superdimensionamento da barragem em relação ao potencial da bacia hidrográfica
faz com que as sangrias sejam raras. Em toda sua história ocorreram apenas 6. A
primeira registrada foi em 1924, depois 1925, 1974, 1975, 1986 e 1989. Outra causa
apontada para as poucas sangrias está no fato de que um grande número de pequenos
açudes construídos à montante impedem que a água chegue até a barragem. Em
contrapartida só secou totalmente nas secas de 1930, 1932, 1950 e de 1999.
O Açude do Cedro dispõe de locais para banho, pesca de barco e para prática de
esportes náuticos, além de ser a fonte de água para uma extensa rede de canais para
irrigação, a primeira construída no Ceará. O açude também é importante fonte hídrica
para o abastecimento do município.
A partir de praticamente toda a sua extensão é possível ver a Pedra da Galinha Choca.
A composição Açude do Cedro/Pedra da Galinha Choca forma a mais conhecida
paisagem turistíca de Quixadá.

Situação atual de alguns açudes do Estado, segundo a COGERH ( Companhia de


Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará):

Capacidade Cota Volume Vazão


Açude Município Volume (m3) Situação
(m3) (m) (%) (L/s)
ACARAÚ
Massapê 52.000.000 113.47 42.114.000 81.0 200
MIRIM
ARARAS Varjota 891.000.000 149.76 613.231.450 68.8 5200
ARREBITA Forquilha 19.600.000 110.74 14.886.800 76.0 0
AYRES DE
Sobral 104.430.000 90.94 62.635.500 60.0 700
SOUZA
BONITO Ipú 6.000.000 102.93 3.780.000 63.0 0
CARÃO Tamboril 26.230.000 94.6 19.044.000 72.6 0
CARMINA Catunda 13.628.000 278.26 9.165.660 67.3 0
EDSON
Santa Quitéria 254.000.000 198.38 190.504.400 75.0 600
QUEIROZ
FARIAS DE
Nova Russas 12.230.000 96.01 8.248.800 67.4 0
SOUSA
FORQUILHA Forquilha 50.130.000 110.38 35.371.200 70.6 100
Santana do
SÃO VICENTE 9.840.000 98.57 5.355.600 54.4 0
Acaraú
SOBRAL Sobral 4.675.000 98.43 4.238.950 90.7 0
12 açudes 1.443.763.000 1.008.576.360 69.9

ARNEIROZ II Arneiroz 197.060.000 365.33 146.897.570 74.5 0


BENGUÊ Aiuaba 19.560.000 447.15 15.159.500 77.5 0
CANOAS Assaré 69.250.000 390.88 53.371.200 77.1 0
Antonina do
DO CORONEL 1.770.000 331.47 832.200 47.0 0
Norte
FAÉ Quixelô 24.408.688 238.33 10.987.500 45.0 0
FAVELAS Tauá 30.100.000 432.91 14.030.000 46.6 0
FORQUILHA II Tauá 3.400.000 95.84 1.818.400 53.5 0
MUQUÉM Cariús 47.643.000 265.1 38.784.630 81.4 0
1.690.914.9
ORÓS Orós 1.940.000.000 198.23 87.2 3400
00
PARAMBU Parambu 8.530.000 482.66 5.874.100 68.9 0
PAU PRETO Potengi 1.808.767 997.78 1.710.000 94.5 0
POÇO DA Campos Sales 52.000.000 538.51 27.487.660 52.9 0
PEDRA
QUINCOÉ Acopiara 7.130.000 93.26 5.220.000 73.2 0
RIVALDO DE
Catarina 19.520.000 994.84 11.597.838 59.4 0
CARVALHO
TRICI Tauá 16.500.000 431.93 12.258.800 74.3 0
TRUSSU Iguatu 301.000.000 251.97 249.453.230 82.9 100
VALÉRIO Altaneira 2.020.000 52.76 1.702.400 84.3 0
VÁRZEA DO
Tauá 51.910.000 106.65 27.300.000 52.6 0
BOI
2.315.399.9
18 açudes 2.793.610.455 82.9
28

Capacidade Cota Volume Vazão


Açude Município Volume (m3) Situação
(m3) (m) (%) (L/s)
BANABUIÚ Banabuiú 1.601.000.000 138.34 1.218.700.000 76.1 6000
CAPITÃO MOR Pedra Branca 6.000.000 95.87 4.838.600 80.6 0
CEDRO Quixadá 126.000.000 108.88 41.570.000 33.0 0
CIPOADA Morada Nova 86.090.000 101.04 60.364.000 70.1 500
CURRAL VELHO Morada Nova 12.165.745 84.2 10.318.381 84.8 0
FOGAREIRO Quixeramobim 118.820.000 234.83 91.400.000 76.9 551
JATOBÁ Milhã 1.070.000 213.8 1.010.000 94.4 0
Monsenhor
MONS. TABOSA 12.100.000 653.38 9.238.000 76.3 0
Tabosa
Senador
PATU 71.829.000 127.63 53.915.700 75.1 150
Pompeu
PEDRAS
Quixadá 434.040.000 125.63 344.387.200 79.3 200
BRANCAS
PIRABIBU Quixeramobim 74.000.000 243.33 38.186.700 51.6 43
POÇO DO BARRO Morada Nova 52.000.000 118.55 39.762.500 76.5 200
QUIXERAMOBIM Quixeramobim 54.000.000 102.06 54.720.000 101.3 SANGRANDO
SÃO JOSÉ I Boa Viagem 7.670.000 99.23 6.106.900 79.6 0
Piquet
SÃO JOSÉ II 29.140.000 248.41 22.710.000 77.9 58
Carneiro
SERAFIM DIAS Mombaça 43.000.000 252.07 30.148.000 70.1 150
TRAPIÁ II Pedra Branca 18.190.000 507.09 12.550.000 69.0 70
VIEIRÃO Boa Viagem 20.960.000 99.63 14.279.200 68.1 0
18 açudes 2.768.074.745 2.054.205.181 74.2

Capacidade Cota Volume Vazão


Açude Município Volume (m3) Situação
(m3) (m) (%) (L/s)
ADAUTO
Pereiro 5.250.000 98.58 3.640.000 69.3 10
BEZERRA
CANAFÍSTULA Iracema 13.110.000 99.7 9.459.000 72.2 0
CASTANHÃO Alto Santo 6.700.000.000 101.18 4.848.887.700 72.4 14000
EMA Iracema 10.390.000 21.96 6.960.000 67.0 10
Deputado
JENIPAPEIRO 17.000.000 97.52 14.219.600 83.6 40
Irapuan Pinheiro
JOAQUIM
Jaguaribe 26.772.800 112.98 19.600.000 73.2 0
TÁVORA
MADEIRO Pereiro 2.810.000 89.44 1.215.200 43.2 0
NOVA
Jaguaribe 7.610.000 109.98 5.579.400 73.3 5
FLORESTA
POTIRETAMA Potiretama 6.330.000 97.03 3.438.700 54.3 10
RIACHO DO
Solonópole 61.424.000 117.79 59.640.000 97.1 300
SANGUE
SANTA MARIA Ererê 5.866.800 97.61 3.339.345 56.9 0
SANTO
Iracema 832.000 53.4 620.000 74.5 0
ANTÔNIO
TIGRE Solonópole 3.510.000 96.99 1.942.767 55.3 0
13 açudes 6.860.905.600 4.978.541.712 72.6

3.AS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DO CEARÁ

Os recursos hídricos do Estados do Ceará se dividem nas seguintes bacias : Bacia do


rio Jaguaribe, Bacia do rio Acaraú, Bacia do rio Curu, Bacia do rio Coreaú, Bacias
Metropolitanas, Bacia do Litoral, Bacia do rio Poti-Longá.

a) Bacia do Jaguaribe
A bacia hidrográfica do rio Jaguaribe está situada em sua quase totalidade dentro dos
limites do Estado do Ceará, com ínfima parcela estendendo-se ao sul para o Estado de
Pernambuco, ocupando parte dos municípios de Exu, Moreilândia e Serrita. Ocupa
cerca de 51,9% da área total do estado, balizando-se entre as coordenadas de 4°30’ e
7º45’ de latitude sul e 37°30’ e 41°00’ de longitude oeste.
A área total da bacia é de aproximadamente 75.669 km² e as cabeceiras de suas sub-
bacias servem de limite entre o Ceará e os Estados do Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio
Grande do Norte.
Com uma extensão de cerca de 610 km, desde as nascentes a sudoeste até o litoral a
nordeste, o rio Jaguaribe e seus tributários percorrem uma região dominada,
basicamente, pelas formações vegetais da Savana Estépica (Caatinga) e as de Tensão
Ecológica, do tipo contato Savana-Estepe na região da Serra do Pereiro e Estepe-
Floresta Estacional no setor extremo sul.
A distribuição climática, de acordo com a metodologia adotada ( IBGE, no prelo)
indica quatro tipos climáticos: úmido, subúmido, semi-árido e árido, além de três tipos
de transição, úmido a subúmido, subúmido a semi-árido e semi-árido a árido, sendo que
60% da bacia é abrangida pelo clima semi-árido, que ocorre no sentido NE-SO, desde
as proximidades do litoral até o extremo sudoeste.
O período crítico e com maior deficiência hídrica ocorre entre os meses de julho a
novembro, com pequenas variações, para uma área onde as pluviosidades máximas e
mínimas anuais estão entre 1.270 mm e 470 mm.
A região de maior destaque e importância climática na bacia do Jaguaribe é o front da
Chapada do Araripe, onde ocorre o clima úmido, não podendo deixar de citar também a
Serra do Pereiro. O clima úmido é dominante na região de Caririaçu, onde observa-se
um índice de pluviosidade em torno de 1.200 mm anuais, deficiência hídrica de 320
mm, com cinco meses de déficit hídrico, excedente hídrico de 400 mm anuais, com três
meses de excedente hídrico. A temperatura média anual é de 23ºC.
A zona de transição climática úmida para subúmida, na região do Araripe apresenta
uma deficiência hídrica de 450 mm anuais, excedente hídrico de 200 mm anuais,
temperatura média anual de 25°C e uma pluviometria média anual de 1.000 a 1.100
mm.
Na região climática subúmida, verifica-se uma pluviometria média anual de 900 a
1.000 mm, uma temperatura média anual entre 25°C e 26°C, um excedente hídrico de
100 a 200 mm anuais, com dois meses de excedente hídrico, uma deficiência hídrica de
500 a 600 mm anuais, com sete meses de déficit hídrico.
A zona de transição climática subúmido a semi-árido ocorre em três regiões distintas:
no topo da Chapada do Araripe, em uma faixa estreita no sentido NE-SO, onde estão as
localidades de Catarina, Piquet Carneiro e Milhã, e uma área localizada ao sul do açude
de Orós, estendendo-se tanto para SE como para SO. As temperaturas médias anuais são
de 24°C a 26°C no topo da Chapada do Araripe, uma pluviometria média anual de 800 a
900 mm, um excedente hídrico de 0 a 50 mm anuais, gerando um a dois meses com
excedente; a deficiência hídrica é de 600 mm a 700 mm anuais, com sete a oito meses
com déficit.
O clima semi-árido na bacia do Jaguaribe apresenta uma pluviosidade média anual de
700 mm a 800 mm, a temperatura média anual entre 26°C e 27°C, uma deficiência
hídrica de 700 a 800 mm anuais, com oito a nove meses com déficit, o excedente
hídrico sendo de 0 mm anuais.
A transição climática semi-árido a árido ocorre numa pequena faixa ao sul da bacia,
com temperaturas médias anuais em torno dos 24°C, com pluviometria média anual de
600 mm a 700 mm, uma deficiência hídrica em torno de 800 mm anuais e atinge de oito
a nove meses com déficit hídrico, não havendo excedente nesta zona climática.
O clima árido apresenta um índice pluviométrico de 500 mm a 600 mm anuais, uma
deficiência hídrica superior a 900 mm anuais, com dez a onze meses de déficit hídrico,
excedente hídrico de 0 mm e temperatura média anual em torno de 27°C.
As formas de relevo mais comuns na área são os dissecados com diversos níveis de
aprofundamento, predominando aqueles com topos convexizados a aguçados e com
encostas retilíneas a convexas, além de cristas de grandes dimensões, que normalmente
balizam os dissecados. Este conjunto, de uma maneira geral, obedece a orientação
estrutural SO-NE, sendo isto mais notável no Planalto Sertanejo.
Áreas planas ocorrem em toda a bacia, porém isoladas entre si, como a Chapada do
Araripe, a Planície do Jaguaribe, os Tabuleiros do Baixo Jaguaribe, os Tabuleiros
Costeiros, a Depressão de Iguatu e a Chapada do Apodi. Não constituem grandes
extensões, mas são extremamente importantes do ponto de vista econômico.
Conjuntos de serras com níveis altimétricos de até 1.000 m em alguns casos acham-se
concentrados na Serra do Pereiro, nas Serras Residuais, ou em blocos mais elevados e
destacados, como no Planalto Sertanejo. Estes relevos se desenvolvem sobre litologias
predominantemente pré-cambrianas, destacando-se os migmatitos, gnaisses, xistos,
filitos, serpentinitos, anfibolitos, além de granitos, dioritos, granodioritos e outros,
pertencentes aos Complexos Nordestinos, Trindade, Itatira e ao Grupo Ceará.
Secundariamente destacam-se os depósitos sedimentares do Grupo Araripe, Apodi e Rio
do Peixe, com arenitos, calcários, folhelhos, argilitos e coberturas tércio-quaternárias do
Grupo Barreiras, além de aluviões e depósitos dunares.
Os solos são geralmente pouco profundos, pedregosos, com fertilidade média a alta.
As principais ocorrências são de Podzólicos Vermelho-Amarelos eutróficos, Solos
Litólicos eutróficos, Planossolos Solódicos e Bruno Não Cálcicos.
A bacia do Jaguaribe possui baixa perspectiva em reserva de águas subterrâneas, pois
a quase totalidade de sua área situa-se em rochas cristalinas de baixo potencial hídrico.
A exceção são os aqüíferos da Chapada do Araripe, que formam sistemas livres, com
potencial relativamente alto.
A rede de drenagem possui um nítido controle estrutural, com cursos retilinizados,
mudanças de cursos marcantes, devido à influência de fraturamentos e falhamentos.
A área em estudo compreende 17 microrregiões, com o total de 80 municípios no
Estado do Ceará e 3 no Estado de Pernambuco, sendo que vários destes estão incluídos
apenas parcialmente.
A contagem populacional em 1996 registra para a área um total de 2.064.535
habitantes, o que proporciona uma densidade demográfica de 27,28 hab/km 2. A
distribuição percentual da PEA apresenta-se concentrada no setor primário da
economia.
Os municípios compõem a unidade espacial básica para o levantamento dos dados
estatísticos, a fim de caracterizar os aspectos econômicos, demográficos e sociais da
área. Os Sistemas Naturais (Geossistemas), conceituados a seguir, grupam municípios
que apresentam semelhanças quanto às características sociais e econômicas e ao fluxo
de subordinação dos centros urbanos.
A Bacia Hidrográfica do Rio Jaguaribe está subdividida em 5 Sub-Bacias, que são:
Sub-Bacia Hidrográfica do Alto Jaguaribe, Sub-Bacia Hidrográfica do Médio Jaguaribe,
Sub-Bacia Hidrográfica do Baixo Jaguaribe, Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Salgado e
Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Banabuiú.

SUB-BACIA DO ALTO JAGUARIBE

A bacia do Alto Jaguaribe tem no açude Orós a sua principal reserva hídrica, sendo
a maior região hidrográfica dentre as existentes no Ceará. As nascentes do rio Jaguaribe
localizam-se nesta bacia. Seus principais afluentes são os rios Trici, Puiu, Jucás,
Condado, Carius e Trussu, sendo o açude Orós a sua principal reserva hídrica.
Responsável pela acumulação de 70% do potencial da região, pereniza o vale do
Jaguaribe no trecho do rio localizado nas bacias do médio e baixo Jaguaribe.
Área: 24.538Km2
Municípios: 23

SUB-BACIA DO MÉDIO JAGUARIBE

A Bacia do Médio Jaguaribe é dentre as do rio Jaguaribe a que apresenta melhor


nível de atendimento às populações urbanas, graças à perenização pelas águas dos
Açudes Orós e Castanhão. O rio Jaguaribe tem como principais afluentes o rio
Figueiredo e o riacho do Sangue. Seus principais reservatórios são o Castanhão, com
capacidade de até 6.700hm3; riacho do Sangue, com capacidade de 61,42hm3; e
Joaquim Távora, com 23,66hm3.
Área: 10.509Km2
Municípios: 16

SUB-BACIA DO BAIXO JAGUARIBE

Formada pela Bacia do Jaguaribe a jusante da ponte Peixe Gordo até sua foz no
Atlântico, e por pequenas bacias litorâneas, essa bacia tem o rio Palhano como principal
afluente do Jaguaribe nesse trecho. Nessa região o rio Jaguaribe é perenizado pelos
açudes do Médio e Alto Vale, bem como das bacias dos rios Salgado e Banabuiú. Com
207 açudes, a região oferece uma capacidade de reservação de 296,71hm3, a menor
dentre as bacias do Jaguaribe.
Área: 8.107Km2
Municípios: 13
SUB-BACIA DO RIO SALGADO

A região hidrográfica do Salgado é drenada pelo rio do mesmo nome e abrange


parcela da região sul do Estado, incluindo o Cariri. O rio Salgado tem como principais
afluentes o rio Batateiras e o riacho dos Porcos. Destacam-se o Atalho, o Lima Campos,
o açude Rosário e o riacho dos Carneiros.
Área: 12.865Km2
Municípios: 25

SUB-BACIA DO RIO BANABUIÚ

O rio Banabuiú é o principal tributário do rio Jaguaribe. Desenvolve-se no sentido


oeste-leste, tendo sua foz localizada próximo a sede do município de Limoeiro do
Norte. São seus afluentes pela margem esquerda, os rios Patu, Quizeramobim e Sitiá, e
pela margem direita destaca-se o riacho Livramento. Os maiores açudes são o Banabuiú,
Pedras Brancas, Cedro e Fogareiro.
Área: 19.316Km2
Municípios: 20

A bacia hidrográfica do rio Jaguaribe foi compartimentada, conforme a diversidade do


seu quadro natural, em unidades geoambientais denominadas de geossistemas, os quais
estão divididos em geofácies, que correspondem a unidades elementares de maior
coerência. Os geossistemas foram agrupados em regiões em função das características
fitoecológicas e dos seus condicionantes climáticos e estão cartografados no Mapa de
Potencial Geoambiental.

Região da Savana Estépica (Caatinga)

O domínio da Savana Estépica coloniza a maior extensão da bacia hidrográfica do rio


Jaguaribe, dominada por clima semi-árido e clima subúmido a semi-árido, caracterizado
pela irregular e concentrada distribuição pluviométrica, com valores anuais entre 600 e
1.200 mm, dos quais grande parte desta precipitação (80%) ocorre no período janeiro a
maio. As elevadas médias de temperatura, oscilando entre 24 e 27°C, concorrem para
uma taxa de evapotranspiração potencial muito elevada e uma deficiência hídrica de 500
a 1.200 mm anuais, entre 8 a 12 meses. Neste regime climático, sobre solos oriundos de
rochas do embasamento cristalino, rochas sedimentares e coberturas detrito-lateríticas, o
domínio fitoecológico da Savana Estépica, aparece em formações características e bem
definidas da Savana Estépica Florestada , Savana Estépica Arborizada e Estepe Parque.
Dentre as espécies arbóreas mais representativas da Savana Estépica Florestada
incluem-se: pau d’arco amarelo (Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.) Standley),
angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan), pau branco (Auxemma oncocalyx
(Fr. Allemão) Taubert), aroeira (Astronium urundeuva (Fr. Allemão) Engler),
catingueira (Caesalpinia pyramidalis Tul.), pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.),
quixabeira (Bumelia sartorum Mart.), mulungu (Erytrina velutina Willd.).
Nas áreas mais úmidas ao longo das drenagens, a quixabeira (Bumelia sartorum
Mart.) e o mulungu (Erytrina velutina Willd.) dominam.
A Savana Estépica Arborizada caracteriza-se por uma fisionomia constituída de
pequenas árvores, esparsamente distribuídas, a exemplo do marmeleiro (Cróton sp.), da
jurema (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir) e do mufumbo (Combretum leprosum Mart.),
entremeadas de plantas suculentas como o facheiro (Pilosocereus piauhiensis (Guerke)
Byl. Et Rowl.) e o mandacaru (Cereus jamacaru DC.), com um estrato herbáceo
estacional entre scrubs perenes espinhosos.
Esta formação em geral é conseqüência da intervenção humana que degrada a
vegetação lenhosa. Como resultado do intenso uso da pecuária e extração de madeira,
desenvolve-se um tipo bem definido de unidade florística denominada Estepe Parque,
caracterizada por homogeneidade vegetal, acompanhada por um tapete graminóide.
Nesta região distinguem-se as seguintes unidades geoambientais:

I - Tabuleiros Costeiros

Situam-se na porção norte da área mapeada, conectando o litoral e envolvendo setores


da planície do baixo Jaguaribe. As altitudes médias estão na faixa de 70 m e abrangem
uma área de 778 km². São caracterizados pela superfície plana, conservada, pouco
inclinada e limitada no litoral por falésias vivas e mortas. Constituem-se de sedimentos
do Grupo Barreiras, com camadas sub-horizontais, de espessuras variáveis, geralmente
mergulhando para E e para N.
Estão recobertos por uma camada arenosa, também aplanada, e com espessura
variável nos setores mais interiorizados, enquanto nas proximidades do litoral
avolumam-se os depósitos de areias, constituindo dunas de dimensões, formas e alturas
variadas.
As dunas móveis ocupam a área costeira com uma faixa variável de poucas centenas
de metros de largura. As dunas fixas estão recobertas por vegetação Pioneira Marinha
Arbustiva e alcançam cotas superiores a 50 metros, localizando-se à retaguarda daquelas
móveis, com pequenas extensões e núcleos isolados no interior dos tabuleiros.
Os Tabuleiros Costeiros estão recobertos por Savana Estépica (Caatinga), em grande
parte substituída por vegetação secundária, e extensas plantações de caju. Em termos
pedológicos, predominam Areias Quartzosas distróficas e Areias Quartzosas Marinhas
distróficas. Estes solos, derivados de sedimentos tércioquaternários (Grupo Barreiras) e
de sedimentos marinhos, apresentam textura arenosa essencialmente quartzosa. Esta
textura arenosa e constituição mineralógica essencialmente quartzosa condicionam uma
baixa capacidade de armazenamento de água, baixa capacidade de retenção de cátions e
baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas, o que provoca fortes restrições à
utilização agrícola.
A drenagem superficial é incipiente e está limitada a pequenos cursos, de caráter
intermitente, posicionados nas partes mais baixas dos relevos, inexistindo nos topos. O
clima é seco, com 7 a 8 meses secos durante o ano.

II - Tabuleiros do Baixo Jaguaribe

Localiza-se predominantemente ao norte do rio Banabuiú além de pequeno setor


disposto na margem esquerda do baixo rio Jaguaribe. A altitude média situase num
nível de 0 a 100 m, cobrindo cerca de 4.479 km² da totalidade da área.
A principal característica é a superfície aplainada, recoberta por espessa capa arenosa-
argilosa de cor esbranquiçada, limitada por escarpas erosivas, bem marcadas ou
dissimuladas. O relevo plano apresenta-se localmente retocado, podendo apresentar
declives pouco acentuados e áreas com vales de fraca incisão e rampas mais íngremes.
Os solos predominantes são Podzólicos Vermelho-Amarelos eutróficos, argila de
atividade baixa, textura arenosa/média, derivados de sedimentos tércioquaternários,
Planossolos Solódicos, com argila de atividade alta, textura arenosa/média e Solos
Litólicos eutróficos textura arenosa e média, relacionados ao Complexo Nordestino. Os
Podzólicos são eutróficos e abrúpticos e ocorrem em áreas de relevo plano e suave
ondulado. Apresentam boas reservas de nutrientes que favorece seu aproveitamento
para a agricultura, mas exigem cuidados no manejo porque são altamente susceptíveis à
erosão. Os Planossolos apresentam fortes restrições à utilização agrícola em função dos
elevados teores de sódio trocável, restrição à circulação da água e penetração pelas
raízes em decorrência do adensamento do horizonte B. A vegetação predominante é
Savana Estépica (Caatinga), quase toda ela secundária e substituída em grande parte por
extensas plantações de caju. Parte da atividade econômica também está voltada para a
pecuária extensiva e para a agricultura tradicional com o cultivo de produtos para a
subsistência.

III - Chapada do Apodi

Está situada no setor nordeste da área à margem direita do rio Jaguaribe, sendo
constituída por sedimentos cretácicos das Formações Jandaíra e Açu, no nível
altimétrico médio de 40 m e ocupando uma extensão areal de 1.973,33 km².
É caracterizada por uma superfície plana, formando um patamar de acesso ao topo da
chapada, onde se confundem parte da planície aluvial e os arenitos Açu e calcário
Jandaíra, localmente ondulados, e rampas no contato com níveis mais elevados. As
encostas são marcadas por uma dissecação mais acentuada, sendo observados alguns
desmoronamentos, ravinas incipientes e sulcos mais acentuados, em função do
escoamento das águas superficiais.
A drenagem é subparalela, com aprofundamento incipiente, não formando canais
expressivos. A vegetação, quase toda secundária, constituía-se originalmente de Savana
Estépica (Caatinga) e é entremeada por plantios tradicionais como milho e feijão, além
de criatório extensivo. Ocorrem nesta unidade Cambissolos eutróficos, argila de
atividade alta e textura argilosa, derivados de rochas carbonatadas do Grupo Apodi, em
área de relevo plano. Estes solos apresentam elevada fertilidade natural e grande
potencial para uso agrícola. Secundariamente, ocorrem Podzólicos Vermelho-Amarelos
distróficos, argila de atividade baixa, textura arenosa a média, em relevo plano e suave
ondulado, derivados de arenitos da Formação Açu e Vertissolos, em relevo plano,
derivados de calcários da Formação Jandaíra. Os processos de escoamento que ocorrem
neste geossistema são difusos e concentrados.

IV - Planície do Jaguaribe

Este geossistema engloba as áreas de acumulação fluvial mais expressivas e, com


certa continuidade, acompanhando os cursos dos principais rios da bacia do rio
Jaguaribe, neste caso o próprio Jaguaribe, o Banabuiú e o Salgado. Estende-se deste o
litoral até aproximadamente o centro da área, com largura variável, atingindo amplitude
máxima em torno de 14 km. As altitudes variam de 0 a cerca de 200 m e sua
distribuição espacial é de 1.930,66 km². Tratam-se de depósitos holocênicos que
ocorrem nos leitos dos rios, recobrindo rochas pré-cambrianas, mesozóicas e
cenozóicas. São areias finas a grosseiras, cascalhos e argilas com matéria orgânica em
decomposição, formando as planícies e os terraços fluviais. De espessura variável, em
alguns locais, onde o material existe em pouca quantidade, chega a expor o substrato
rochoso. Os pontos de maior largura exibem marcas de paleodrenagens, diques
marginais, além de marcas de sulcamento e desbarracamento nas margens. A cobertura
vegetal dominante é Savana Estépica (Caatinga), sendo intensa a presença de grandes
carnaubais. Os solos predominantes são Aluviais eutróficos, com argila de atividade alta
e textura indiscriminada, Vertissolos, Planossolos Solódicos e Solonetz Solodizados,
todos desenvolvidos a partir de sedimentos fluviais. Na foz, relacionados a depósitos
flúvio-marinhos, ocorrem solos cuja gênese está relacionada à alta concentração de
sódio no ambiente, que são os Solonchak Sódicos e Solos Indiscriminados de Mangues.
Por sua fertilidade e disponibilidade de água este geossistema é intensamente utilizado,
sendo elevada a densidade demográfica nas suas proximidades.
A Planície do Jaguaribe define um agrupamento que inclui total ou parcialmente os
municípios de Aracati, Itaiçaba, Jaguaruana, Alto Santo, Limoeiro do Norte, Morada
Nova, Quixeré, Russas, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do Norte, Jaguaretama,
Jaguaribara, Jaguaribe, Icó, Iguatu e Quixelô.

V - Depressão Sertaneja

Situada na porção centro-norte da bacia ocupa uma extensão de 22.596,65 km² e uma
altitude de até 300 m. Circunda os compartimentos mais elevados da área, o que denota
o seu caráter de depressão periférica. Caracteriza-se por apresentar uma topografia
dominantemente plana com pequenos setores apresentando uma dissecação incipiente
traduzidos por colinas e cristas. Elaborada em rochas do embasamento cristalino tais
como migmatitos, metassedimentos, núcleos granitóides, etc., por ação dos processos de
intemperismo,e remoção dos detritos por escoamento difuso e concentrado. Observa-se
oefeito da erosão seletiva configurado por relevos residuais (inselbergs) distribuídos
isoladamente ou formando grupamentos a exemplo das Serras Residuais. Os solos, em
geral, são pouco espessos, pedregosos e desenvolvidos a partir da alteração de rochas do
embasamento cristalino. Predominam Solos Litólicos de textura arenosa e média, Bruno
Não Cálcicos, textura média/argilosa, Planossolos Solódicos, argila de atividade alta e
baixa e textura arenosa/média e Podzólicos Vermelho-Amarelos, argila de atividade
baixa textura média/argilosa. As condições de semi-aridez tendem a assumir maior
expressividade, o que se evidencia pela espessura mínima das alterações e pelo
recobrimento generalizado da superfície por material pedregoso.
A Depressão Sertaneja define um agrupamento de municípios dos mais extensos a
bacia do Jaguaribe, composto total ou parcialmente por: Itatira, Monsenhor Tabosa,
Banabuiú, Boa Viagem, Madalena, Quixadá, Quixeramobim, Acopiara, Deputado
Irapuan Pinheiro, Piquet Careneiro, Senador Pompeu, Solonópole, Alto Santo,
Ibicuitinga, Limoeiro do Norte, Morada Nova, São João do Jaguaribe, Tabuleiro do
Norte, Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Ererê, Iracema, Pereiro, Potiretama, Cedro,
Icó, Orós, Quixelô, Baixio, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira e Umari, Quixadá,
Quixeramobim e Iço..

VI - Serras Residuais

Localizadas predominantemente na porção noroeste da bacia, ocupando uma área de


1.190 km², compõem-se de relevo montanhoso compartimentado em blocos isolados
com altitude média de 500 m, que se destacam na superfície plana da Depressão
Sertaneja. Constituídas por rochas metassedimentares, migmatitos e núcleos granitóides,
submetidos a processos de dissecação diferencial, onde ocorrem Solos Litólicos de
textura arenosa. Contêm áreas favoráveis à atividade agrícola por apresentarem
melhores condições edáficas e climáticas em relação às áreas circundantes ou
desenvolvem-se Podzólicos Vermelho-Amarelos eutróficos, argila de atividade baixa,
textura média/argilosa. Citam-se como principais maciços que compõem este
geossistema a serra de Orós e as serras do Machado e das Matas.
A serra de Orós destaca-se como grande alinhamento de cristas dispostas em dreção
norte-sul, com extensão de 150 km. Apresenta altitudes em torno de 650 m, tendo topo
muito aguçado e vertentes íngremes, seccionadas pelo rios Jaguaribe e Banabuiú e pelo
riacho do Sangue, que abrem grandes boqueirões, atualmente barrados pela construção
de açudes.
As serras do Machado e das Matas, localizadas na região de Itatira, salientam-se
como um conjunto montanhoso dissecado em cristas, dispostas segundo direção
preferencial N-S, e escarpas íngremes em vales encaixados em “V”. Nesse conjunto as
condições de umidade favorecem o estabelecimento de uma morfogênese química e um
maior desenvolvimento de solos.
As Serras Residuais definem um agrupamento composto pelos municípios e Itatira,
Monsenhor Tabosa, Banabuiú, Boa Viagem, Madalena, Quixadá, Quixeramobim,
Solonópole, Jaguaribe e Orós, todos eles incluídos parcialmente dentro deste
geossistema.

VII - Depressão de Iguatu

Localiza-se na porção centro-oriental da bacia, no contato entre o Planalto Sertanejo e


a Depressão Sertaneja, ocupando uma área não-contínua de 778 km² com altitude média
de 250 m.
Apresenta-se como uma depressão em relação ao Planalto Sertanejo, confundindo- se
altimetricamente com a Depressão Sertaneja, estando em alguns locais em nível inferior
a esta. O relevo é plano em quase toda a extensão, apresentando rampas nos contatos
com outras unidades. Alguns setores apresentam-se ligeiramente dissecados, com
formas alongadas e níveis mais elevados que o entorno, com drenagem incipiente pouco
aprofundada. Litologicamente se distingue, da base para o topo, por sedimentos
imaturos, mal-selecionados, com intercalações pelíticas. Segue-se uma sedimentação
pelítica e camadas fossilíferas com restos de peixes, fragmentos ósseos e vegetais,
arenitos calcíferos e níveis carbonáticos fossilíferos. Os solos predominantes são
Vertissolos, derivados de sedimentos carbonatados e dos depósitos fluviais, e
Podzólicos Vermelho-Amarelos, com argila de atividade baixa e textura média/argilosa,
desenvolvidos a partir de pedimentos.
A vegetação original é a Savana Estépica (Caatinga), que foi substituída por culturas
cíclicas, em quase toda a sua extensão, restando apenas núcleos de vegetação
secundária. Em função da grande atividade agrícola, apresenta-se alta a densidade
demográfica.
A Depressão de Iguatu define um agrupamento composto pelos municípios de Iguatu,
Jaguaribe, Icó, Orós e Quixelô com áreas total ou parcialmente nela incluídas.

VIII - Planalto Sertanejo

Situado na porção centro-sul da bacia, dispõe-se de forma semicircular, bordejando a


Chapada do Araripe e a Serra Grande, e é circundado pela Depressão Sertaneja. Ocupa
uma área de 25.823 km², com predominância de cotas de 350 m. Caracteriza-se por uma
intensa dissecação do relevo resultando em cristas e colinas dispostas, geralmente,
seguindo uma direção preferencial SO-NE e S-N. Trata-se de uma área com um quadro
estrutural de lineamentos que representam zonas de falha, onde grandes falhamentos
atingem ortogonalmente a costa e se refletem no relevo através de extensos
alinhamentos de cristas, geralmente paralelas entre si, algumas semi-circulares, outras
retilíneas intercaladas por áreas deprimidas colinosas.
Estes relevos estão entalhados em zonas de intensa migmatização, predominando
rochas gnaisse-granito-migmatíticas, e subordinadamente rochas metassedimentares e
diques ácidos e intermediários. Nesta unidade ocorrem predominantemente Podzólicos
Vermelho-Amarelos, com argila de atividade baixa e textura média/argilosa, Solos
Litólicos textura arenosa e Bruno Não Cálcicos textura média/argilosa, todos
desenvolvidos a partir da alteração de rochas do Complexo Nordestino. O Planalto
Sertanejo se inclui na categoria de “Serras Secas” submetidas às deficiências hídricas
típicas de clima semi-árido que condicionam o revestimento da superfície por vegetação
de Savana Estépica (Caatinga).
O Planalto Sertanejo constitui um agrupamento formado pelos municípios de Boa
Viagem, Quixeremobim, Aiuaba, Arneiroz, Catarina, Saboeiro, Tauá, Acopiara,
Mombaça, Pedra Branca, Piquet Carneiro, Senador Pompeu, Orós, Antonina do Norte,
Cariús, Jucás, Tarrafas, Várzea Alegre, Ipaumirim, Lavras da Mangabeira, Assaré,
Campos Sales, Potengi, Altaneira, Caririaçu, Farias Brito, Granjeiro, Aurora,Barro,
Mauriti, Crato, Jardim, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda, Porteiras,
Santana do Cariri, Brejo Santo, Jati, Milagres e Penaforte. Estes municípios estão
incluídos neste geossistema de maneira total ou parcial.

IX - Depressão de Tauá

Localizada na porção oeste da bacia, ocupa uma extensão de 5.365 km² e possui uma
altitude média de 200 a 250 m. Caracterizada por feições planas irregulares, com
dissecação incipiente modelada sobre o embasamento cristalino, ali representado por
migmatitos, granitos, gnaisses e xistos além de sedimentos da bacia do rio Jucá.
Configuram solos freqüentemente pouco espessos e pedregosos, representados por
Bruno Não Cálcicos e Podzólicos Vermelho-Amarelos, ambos eutróficos e textura
média/argilosa. Alguns setores exibem cristas e colinas resultantes da dissecação mais
efetiva e de um controle estrutural marcante. Os solos são rasos, pedregosos, com
textura arenosa (Solos Litólicos), intercalados por freqüentes afloramentos de rochas.
A Depressão de Tauá constitui um agrupamento formado pelos municípios de
Arneiroz e Parambu centralizados por Tauá, que é o centro urbano de maior hierarquia
regional.

X - Serra Grande

Situa-se na porção ocidental da área numa disposição norte-sul, ocupando uma


extensão de 938 km² e altitudes de 600 a 900 m. A Serra Grande apresenta uma
morfologia dissimétrica condicionada por estruturas monoclinais evidenciada por
escarpamento abrupto disposto longitudinalmente, enquanto no sentido oposto o
caimento topográfico é suave ressaltado por extensas rampas. Estas são modeladas em
rochas sedimentares, onde desenvolvem- se Latossolos Amarelos álicos, textura média,
muito profundos, bem drenados, submetidos a processos de infiltração e escoamentro
difuso. Na escarpa há uma predominância da morfogênese com atuação intensa dos
processos de escoamento concentrado, onde ocorrem solos pouco desenvolvidos, rasos,
eutróficos, de textura arenosa (Solos Litólicos).
A Serra Grande constitui agrupamento que inclui parcialmente os municípios de
Aiuaba e Parambu, e limita-se com o Estado do Piauí.
XI - Patamar de Campos Sales

Situa-se na porção sudeste da alta bacia do rio Jaguaribe e ocupa uma extensão
territorial de 1.514 km², em níveis altimétricos médios de 500 m. O Patamar de Campos
Sales apresenta-se como um grande aplainamento, com incisões de drenagens bem
fracas entremeado por colinas de encostas bem suaves e retilinizadas, muito se
assemelhando aos planos, com extensas e profundas coberturas de origem coluvial e
eluvial, onde desenvolvem-se Latossolos Vermelho-Amarelos distróficos de textura
média/argilosa. O setor norte da unidade é formado por extensas lombadas, modeladas
sobre uma associação de rochas polimetamórficas gnaisse-granito-migmatítica com
intercalações de metabasitos, quartzitos e calcários metamórficos, dos quais derivam
Podzólicos Vermelho-Amarelos eutróficos, argila de atividade baixa, e Brunos Não
Cálcicos, ambos com textura média/argilosa. A vegetação é a Savana Estépica
(Caatinga), quase toda secundária.
O Patamar de Campos Sales constitui um agrupamento que inclui os municípios de
Aiuaba, Araripe, Assaré, Campos Sales, Potengi e Salitre.

XII - Tabuleiro de São José do Belmonte

Situado no extremo sul da bacia, ocupando uma extensão de 266 km² com altitude
média de 500 m, compõe um dos menores geossistemas em análise, prolongando-se em
direção ao sul.Caracteriza-se por feições planas modeladas em arenitos grosseiros e
conglomerados,imaturos, com sedimentos silicificados na base, onde desenvolvem-se
solos Bruno Não Cálcicos com textura média/argilosa e Areias Quartzosas
distróficas,sobre os quais atuam processos de infiltração e de escoamento difuso.
O Tabuleiro de São José do Belmonte define um agrupamento que inclui parte dos
municípios de Jati e Penaforte, já na divisa com os municípios pernambucanos.

b) Bacia do Rio Acaraú

A bacia hidrográfica do Rio Acaraú localizada no centro-norte, ocupa cerca de 15%


do território cearense. A região é drenada pelo Rio Acaraú e seus afluentes, com área de
14.427 km² e com 315 km de extensão no sentido Sul-Norte. A bacia é composta por 12
açudes com capacidade total hídrica de, aproximadamente, 1.443.763.000 m³ onde tem
suas nascentes nas Serras das Matas, Matinha Branca e Cupira, tendo como principais
afluentes os Rios Groairas, Jaibaras e o riacho dos Macacos. Na bacia do Rio Acaraú
ocorre a maior amplitude hipsométrica do Estado, com altitudes que variam de 0 m, no
litoral (nível do mar), a 1.145 m na Serra das Matas, localizada no sudeste da bacia,
sendo máxima altitude registrada para o Ceará. No entanto, a maior parte da área da
bacia encontra-se abaixo dos 200 m de altitude, observando-se um evidente
aplainamento do terreno.
O clima da região, de acordo com a classificação de Strahler (1952), é do tipo semi-
árido, que se caracteriza, predominantemente, pela escassez de chuva. Este tipo de clima
é predominante no sertão nordestino e marcado pela existência de dois períodos
definidos pela quadra chuvosa: um seco e longo, e outro úmido, curto e irregular. A
região é caracterizada por forte insolação, com índices elevados de evaporação, baixa
umidade relativa do ar e temperaturas médias elevadas, durante pelo menos 10 meses do
ano, em torno de 27ºC, com extremos, como no município de Sobral, com uma média
mensal de 8,9ºC. A média pluviométrica anual da área pesquisada é de 940,2 mm.
Em relação aos áspectos morfoestruturais, o relevo da bacia do Rio Acaraú,
apresenta características dependentes do conjunto de interferências de ordem geológica,
eoclimáticas e de processos morfoclimáticos passados e atuais. Na bacia apresentam e, o
norte, sedimentos Cenozóicos do período Quaternário (recentes) e do período Terciário
a formação Barreiras, que são agricultáveis, porém com a utilização de fertilizantes e a
ereção da acidez. Ocorre, também, a presença da Aluvião (solos Aluviais) marginal ao
rio Araú, no médio e baixo curso. A geologia regional apresenta uma estrutura
redominantemente cristalina e possui como principais aqüíferos o Aluvionar, Jaibaras e
Barreiras, sendo o primeiro responsável por cerca de 50% da reserva explorável em um
ano normal (SRH, 1992). Na região do médio curso, a litologia compõe-se de rochas do
embasamento cristalino Pré-Cambriano, onde predominam os solos medianamente
profundos e moderadamente ácidos, porém pedregosos e susceptíveis à erosão.
Os padrões vegetacionais predominantes são Caatingas Arbustivas Densas, presente
na maior parte das áreas do médio e em menor proporção no baixo curso da bacia, tendo
como principal atividade econômica primária a pecuária bovina. A Mata Ciliar ou
Ribeirinha, com as presenças marcantes da carnaúba e da oiticica, que margeia o leito
ao longo do Médio e Baixo curso do Rio Acaraú, o extrativismo vegetal é praticado de
forma desordenada.

c) Bacia do Rio Curu

A bacia hidrográfica do Curu drena uma área de 8.527 Km², que corresponde
aproximadamente a 6% do território cearense, seu rio principal é o rio Curu, que nasce
na região montanhosa formada pelas serras do Céu, da Imburana e do Lucas, localizadas
no centro-norte do Estado, percorrendo 195 km até sua foz. O rio Curu tem como
principal afluente o rio Canindé, que se encontra na margem direita e drena
praticamente todo o quadrante sudoeste da bacia; pela margem esquerda, destaca-se o
rio Caxitoré. A bacia apresenta um total de 321 açudes, entre pequenos médios e
grandes, com uma acumulação total de água da ordem de 1,12 bilhões de m³. SRH
(1992).
A Bacia apresenta um total de 321 açudes, entre pequenos médios e grandes, com
uma acumulação total de água da ordem de 1,12 bilhões de m³. Os maiores açudes da
bacia são os seguintes: Pereira de Miranda (395,64 milhões de m³), General Sampaio
(322,20 milhões de m³), Caxitoré (202,00 milhões de m³), Frios (33,02 milhões de m³),
São Mateus (10,33 milhões de m³), que juntos totalizam 963,19 milhões de m³. SRH
(1992).
A bacia do Curu tem como principal usuário, no que diz respeito a quantidade de
água utilizada, a irrigação. Como pode-se verificar no Cadastramento dos Usuários de
Água Bruta da Bacia do Curu, realizado em 1995, quando foram cadastrados 264
irrigantes privados, 1.139 irrigantes nos perímetros públicos e 479 vazanteiros
(produtores estabelecidos na bacia do açude, em geral loteados pelo DNOCS, no caso
dos açudes federais, que realizam plantio nas áreas úmidas que acompanham o nível de
água do açude, podendo utilizar irrigação total ou apenas complementar). Segundo
dados do cadastramento, foram identificados no vale do Curu 1.403 irrigantes e 479
vazanteiros, totalizando uma área irrigada de 7.606,61 ha. COGERH (1995a).
Entre esses usuários de água destacam-se duas agroindústrias (produção de cachaça
e álcool), dois perímetros públicos irrigados e vários irrigantes privados, onde
predomina, no vale perenizado, o cultivo de coco e cana-de-açúcar.
A bacia hidrográfica do Curu é composta por 15 municípios, sendo General
Sampaio, Apuiarés, Pentecoste, Umirim, São Luis do Curu, São Gonçalo do Amarante,
Paracuru e Paraipaba localizado no vale perenizado, e Itapajé, Tejuçuoca, Irauçuba,
Paramoti, Caridade, Canindé e Itatira, situados fora do vale perenizado.

d) Bacia do Rio Coreaú


A bacia do Coreaú está localizada na porção norte-ocidental do Estado. Possuindo os
seguintes limites: ao sul as bacias do Poti-Longá e Acaraú, a oeste o Estado do Piauí, a
leste a bacia do rio Acaraú e ao norte o Oceano Atlântico. A linha de costa possui uma
extensão de aproximadamente 130 km.
Tem uma área de drenagem de 10.657 km², correspondente a 7,19% do território
Cearense, engloba tanto a bacia drenada pelo Rio Coreaú e seus afluentes com 4.446
km², como também o conjunto de bacias independentes e adjacentes. O Rio Coreaú
nasce na confluência dos Riachos Jatobá e Caiçara, oriundos do sopé da Serra da
Ibiapaba, e desenvolve-se (praticamente sentido sul – norte) por 167,5 km ate o Oceano
Atlântico. Esta Bacia é composta por 21 municípios e apresenta uma capacidade de
acumulação de águas superficiais de 297.090.000 milhões de m³, num total de 9 açudes
públicos gerenciados pela COGERH.
A Bacia hidrográfica do rio Coreaú drena os municípios de Barroquinha, Camocim,
haval, Coreaú, Frecheirinha, Jijoca de Jericoacoara,Martinópole, Moraújo, Senador Sáe
Uruoca, e parcialmente, Acaraú (13,32%), Alcântaras (80,21%), Bela Cruz (76,16%),
Cruz (86,90%), Granja (94,20%), Ibiapina (11,91%), Marco (44,39%), Meruoca
(11,82%), Morrinhos (4,26%), Mucambo (28,62%), Sobral (5,60%), Tianguá, (56,37%),
Ubajara (28,87%) e Viçosa do Ceará (54,42%).
Com altitudes que variam de 0 m (litoral) a pouco menos de 900 m (Cuesta da
Ibiapaba), apresenta as menores amplitudes pluviométricas do Estado com precipitação
média mínima anual (mm) de pouco menos de 1.000 (norte da bacia) e precipitação
média máxima anual (mm) de pouco menos de 1.350 (sul da bacia).
Trata-se de uma bacia costeira que ocupa espaços situados predominantemente em
áreas de superfície aplainada em feições de Glacis Pré-Litorâneos, moderadamente
dissecadas. Apresenta litologias do tipo cristalina e sedimentar, onde as tipologias
litológicas dão a rede de drenagem, respectivamente, uma feição dendrítica e paralela.
Apresenta uma rede fluvial densa com fluxo hídrico intermitente sazonal e médio
potencial de águas subterrâneas. As altitudes, nas sedes dos municípios, variam entre 10
a 120m, em média. Apresenta a maioria de suas nascentes localizadas no Planalto da
Ibiapaba, o qual funciona como divisor com a Bacia do Parnaíba, ao sudoeste e sul.
Em seu alto curso apresenta declives mais acentuados com elevado gradiente e em seu
baixo curso verifica-se presença de lagunas e lagoas existindo em função da faixa
litorânea. O clima é do tipo Tropical Quente Semiárido e os índices pluviométricos
apresentam pequena variação entre o alto, médio e baixo curso com precipitações
médias anuais em
torno de 889,45 mm e temperaturas médias anuais próximas de 24,75°C.
A geologia da Bacia é composta por terrenos cristalinos Pré-Cambrianos (41,31%)
representado por gnaisses e migmatitos diversos, quartzitos e metacalcários, associados
a rochas plutônicas e metaplutônicas de composição predominantemente granítica. E
por rochas sedimentares (58,69%) tais como: arenitos da Formação Serra Grande,
sedimentos areno-argilosos, não ou pouco litificados do Grupo Barreiras e das
Coberturas Colúvio- Eluviais, sedimentos eólicos constituídos de areias bem
selecionadas de granulação fina a média, às vezes siltosas do Dunas/Paleodunas e
cascalhos, areias, silte e argilas, com ou sem matéria orgânica, formados em ambientes
fluviais, lacustres e estuarinos recentes dos depósitos aluvionares e de mangues. Na
Planície Litorânea observa-se a presença de solos Neossolos e solos Argissolos
Vermelho-Amarelos Distróficos, que são agricultáveis, porém com o uso de fertilizantes
e a correção da acidez, bem como sedimentos, a sudoeste solos Argissolos Vermelho-
Amarelos Eutróficos, Latossolos Vermelho-Amarelos, ambos com bom potencial
agrícola, e Neossolos Quartzarênicos, que são solos erosivos e pouco férteis. Na região
central e sudeste da Bacia predominam solos Neossolos Litólicos caracterizados por
serem rasos, com baixo potencial agrícola e Planossolos Solódicos, rasos, suscetíveis à
erosão e com limitada fertilidade natural. Os tipos predominantes de vegetação são o
“Complexo Vegetacional da Zona Litorânea” ao norte, a Caatinga Arbustiva Densa a
sudeste, e a Mata Úmida no trecho da Cuesta da Ibiapaba, a sudoeste da bacia. A análise
integrada da paisagem e dos componentes geoecológicos (geologia, geomorfologia,
hidrologia, clima, solos e fitoecologia) que compõem o potencial natural e a exploração
biológica derivada, realizada pela Funceme, mostra como se encontram os sistemas
ambientais nesta região. No ano de 2008, 3 (três) dos 16 municípios que se encontram
da Bacia do Coreaú receberam certificação na categoria ‘B’ do Selo Município Verde,
promovido pelo governo do Estado do Ceará. Segundo esta certificação, os municípios
de Cruz, Tianguá, e Viçosa do Ceará apresentam desempenho adequado e encontram-se
a caminho da gestão ambiental sustentada.

e) Bacias Metropolitanas
As Bacias Metropolitanas situam-se na porção nordeste do Estado, limitada ao sul
pela bacia do Rio Banabuiú, a leste pela bacia do Rio Jaguaribe, a oeste pela bacia do
Rio Curu, e ao norte, pelo Oceano Atlântico. Abrange uma área de 15.085 km²,
englobando total ou parcialmente o território de 41 municípios, com destaque para a
Região Metropolitana de Fortaleza, que abriga cerca de 40% da população estadual.
Recebe a denominação de Bacias Metropolitanas, refletindo a situação de
proximidade e abrangência da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), região de
maior densidade demográfica e principal pólo econômico do Estado do Ceará.
Municípios da Bacia Metropolitana Município Área do Município Pertencente à Bacia (%)

Acarape 100,00, Aquiraz 100,00, Aracoiaba 100,00, Barreira 100,00, Baturité 100,00, Beberibe
100,00, Capistrano 100,00, Cascavel 100,00, Caucaia 100,00, Choro 100,00, Chorozinho 100,00,
Eusébio 100,00, Fortaleza 100,00, Guaiúba 100,00, Horizonte 100,00, Itapiúna 100,00, Itaitinga
100,00, Maracanaú 100,00, Ocara 100,00, Pacajus 100,00, Pacatuba 100,00, Pindoretama 100,00,
Redenção 100,00, Aracati 8,97, Aratuba 83,40, Canindé 20,10, Fortim 65,61, Guaramiranga 82,24,
Ibaretama 87,07, Maranguape 94,03, Morada Nova 22,72, Mulungu 65,04, Pacoti 95,05, Palhano
40,47, Palmácia 94,66, Paracuru 17,80, Pentecoste 29,03, Quixadá 21,82, Russas 14,02, São Gonçalo
do Amarante 64,46.

Trata-se de um conjunto de bacias hidrográficas independentes que totalizam uma


área de 15.085 Km², dos quais 646 km² correspondem ao somatório de faixas FLEDs
(escoamento difuso) descontínuas. O Plano de Gestão das Águas das Bacias
Metropolitanas (COGERH, 2000) identificou 14 bacias independentes, que foram
tratadas no PERH (1992) como sendo 16: São Gonçalo, Gereraú, Cahuípe, Juá, Ceará,
Maranguape, Cocó, Coaçu, Pacoti, Catu, Caponga Funda, Caponga Roseira,
Malcozinhado, Choró, Uruaú e Pirangi. A diferença se dá devido ao PERH (1992) tratar
como bacias independentes os sistemas Cocó/Coaçu e Ceará/Maranguape (o segundo
rio é um afluente do primeiro), uma vez as confluências se dão tão próximas do mar que
seus comportamentos são semelhantes ao de bacias independentes. Em sua maioria, as
Bacias Metropolitanas são litorâneas, de pequeno porte e de pouca representatividade
hidrológica, à exceção das bacias São Gonçalo, Pirangi, Choró e Pacoti. Dessa forma,
serão descritas a seguir somente as maiores e mais importantes bacias:

Bacia do Rio Pacoti

Principal manancial da RMF, nasce na Serra de Baturité, drenando uma área de


1.257,5 km². De configuração longilínea e rede de drenagem predominantemente
dendrítica, o rio Pacoti se desenvolve no sentido sudoeste/nordeste ao longo de 112,5
km. dos quais o primeiro terço com declividade acentuada da ordem de 2,0%. Próximo
de sua foz, como reflexo do relevo muito suave que atravessa, sua declividade decresce
para cerca de 0,1%. Conta com elevado índice de compacidade (1,97) e fator de forma
reduzido (0,10) Sem nenhuma afluência significativa pela margem direita, o Pacoti
possui dois contribuintes d pela margem esquerda os riachos Baú e Água Verde. Em
seu baixo curso observa-se a presença de lagoas - perenes e intermitentes. Todos os
cursos d'água da bacia são intermitentes; no seu baixo curso, sofre a influência das
marés, apresentando um estuário composto por 160 ha de manguezais (COGERH,
2000).

Bacia do Rio Choró

A Bacia do Rio Choró drena uma área de 4750,7 km², sendo a maior dentre as 14
bacias que compões a Região Hidrográfica em questão. De formato alongado, tem
índice de compacidade elevado (1,94) e reduzido fator de forma de 0,12. É uma das
alternativas para o reforço do sistema de abastecimento da Região Metropolitana de
Fortaleza. Apresenta relevo movimentado no seu terço inicial, atingindo declividades
muito altas na zona montanhosa das serras do Estevão, da Palha e Conceição, quase na
região centro do estado. A partir da metade do seu curso observa-se o desenvolvimento
de um relevo suave de cotas baixas, resultando numa declividade média inferior a 0,1%.
A região centro-norte da bacia abrange uma grande parte da formação montanhosa da
serra de Baturité. Apresenta poucos afluentes significativos pela margem direita,
destacando-se, pela margem esquerda, apenas os riachos Cangati, Castro e Aracoiaba.
Nas proximidades do litoral, o rio Choro sofre influência das marés, apresentando um
pequeno estuário composto por 25 ha de manguezais.

Bacia do Rio Pirangi

A bacia do rio Pirangi é a mais oriental das bacias metropolitanas, drenando uma área
de 4.374,1 km². O rio, que se estende por 177,5 km, nasce numa região de pouca
altitude e relevo moderado, sendo a suavidade do relevo uma das maiores características
desta bacia. Em cerca de 80% do talvegue a declividade é próxima de 0,05%, sendo que
no trecho final ela praticamente se anula dando lugar a uma região de inúmeras lagoas.
Apresenta uma forma retangular alongada, de largura quase constante (largura média
variando de 35 km, no alto e médio curso, a 55 km no baixo curso) com índice de
compacidade 1,52 e fator de forma 0,14. A rede hidrográfica apresenta um padrão do
tipo subparalelo, na região do baixo curso, onde ocorre, ainda, o tipo dendrítico. No
médio e baixo curso, as estruturas comandam, de modo quase completo, o traçado dos
rios que se apresentam com um padrão retangular (confluências formando ângulos
retos). A área de domínio do embasamento cristalino mostra-se mais dissecada do que a
sedimentar, apresentando um maior número de rios, demonstrando um controle da
geologia sobre a drenagem. Com tributários distribuídos de forma homogênea em
ambas as margens, não apresenta nenhuma afluência significativa. Todos os cursos
d'água da bacia apresentam caráter intermitente, exceto próximo ao litoral, onde o rio
Pirangi, sofrendo inclusive a influência das marés, formando um estuário composto por
200 ha de manguezais.

Sistema Cocó/Coaçu

O rio Cocó drena uma área de 304,6 km², se desenvolvendo no sentido sul/norte por
longo trecho de seu percurso, formando, em direção a foz, uma acentuada curva de
sudoeste para leste. Sua confluência com o rio Coaçu, seu principal afluente, se dá bem
próximo ao litoral, fazendo que estes praticamente apresentem comportamento de
bacias independentes.
Com o comprimento do talvegue de 42,5 km, o rio Cocó apresenta uma configuração
longilínea, que se traduz no elevado índice de compacidade (1,60) e fator de forma
reduzido (0,17). O rio Coaçu, por sua vez, se desenvolve ao longo de 32,5 km, drenando
uma área de 194,8 km², apresentando índices de compacidade de 1,35 e fator de forma
de 0,18. Todos os cursos d'água da bacia apresentam caráter intermitente,
permanecendo secos durante a maior parte do ano, exceto próximo ao litoral, onde os
rios Cocó e Coaçu se tornam semi-perenes. Ocorrem, ainda, em seu baixo e médio
curso, a presença de lagoas perenes e intermitentes, com destaque, no eixo do rio Coaçu,
para as lagoas da Precabura, Sapiranga, Messejana, dos Pássaros e Parnamirim, estas
três últimas situadas na malha urbana das cidades de Fortaleza e Eusébio,
respectivamente. Ao longo do rio Cocó, merecem destaque as lagoas da Maraponga, da
Itaoca, do Opaia e do Papicu, e outras de menor porte, todas situadas no núcleo urbano
de Fortaleza. O Cocó sofre influencia das marés, que adentram no seu leito por
aproximadamente 13 km, formando um estuário alongado e estreito, composto por 210
ha de manguezais.

Sistema Ceará/Maranguape

O rio Ceará drena uma área de 555,9 km², se desenvolvendo no sentido sudoeste-norte
ao longo de 52,5 km, apresentando índices de compacidade de 1,60 e fator de forma de
0,20. A exemplo do que ocorre com o Sistema Cocó/Coaçu, o rio Maranguape, único
tributário de significante na bacia, une-se ao rio principal próximo à sua foz, não
exercendo muita influência sobre a fluviometria da bacia como um todo, comportando-
se, praticamente, como uma bacia independente. Apresenta uma bacia de contribuição
com área de 223,8 km² e comprimento do rio principal de 37,5 km, resultando num
índice de compacidade de 1,82 e fator de forma de 0,16. Composto por cursos d'água de
caráter intermitente, que fluem somente durante a época das chuvas, o Sistema
Ceará/Maranguape apresenta fluviometria semi-perene apenas no trecho do rio Ceará
que sofre a penetração das marés, formando um estuário composto por 640 ha de
vegetação de mangue. No seu baixo curso apresenta inúmeras lagoas, entre as quais se
destcam as lagoas da Parangaba e do Porangabuçu, ambas situadas na malha urbana de
Fortaleza.

Bacia do Rio São Gonçalo


Drenando uma área de 1.332,3 km², a bacia do rio São Gonçalo apresenta forma
retangular longilínea, com o rio se desenvolvendo ao longo de 90,0 km. Tem índice de
compacidade igual a 1,68 e fator de forma de 0,16. Não possui afluentes de importância,
destacando-se apenas o rio Anil e o riacho do Amanari, pela margem direita, e os
riachos Pau d'Óleo e do Mocó, pela margem esquerda. Todos os afluentes apresentam
caráter intermitente permanecendo secos
durante a maior parte do ano, exceto próximo ao litoral onde o rio São Gonçalo sofre
a influência das marés. Ao longo da bacia surgem diversas lagoas perenes e
intermitentes, observando-se na região de baixo curso, próximo ao litoral, a formação de
uma extensa lagoa de caráter perene, a Lagoa dos Talos.

De modo geral, o clima da Bacia Metropolitana se apresenta bastante homogêneo; as


variações climáticas registradas são diretamente associadas ao regime pluviométrico e
decorrem, fundamentalmente, das seguintes condições:

− Proximidade do litoral, onde os índices pluviométricos são mais elevados e as


temperaturas mais estáveis;
− Relevo acidentado, onde ocorrem precipitações orográficas que se somam a
temperaturas mais baixas em decorrência da altitude. O clima predominante é quente e
estável, de elevadas temperaturas e reduzidas amplitudes, com acentuada taxa de
insolação, forte poder evaporante e, acima de tudo, com um regime pluviométrico
marcadamente irregular.

Geologicamente, o território das Bacias Metropolitanas é composto por dois grandes


domínios litológicos, as coberturas sedimentares cenozóicas representadas pelo Grupo
Barreiras, Coberturas Colúvio-eluviais, Aluviões, Dunas Móveis, Paleodunas e
depósitos de praia, e as rochas pré-cambrianas do embasamento cristalino. Estas últimas
representadas, principalmente, pelos Complexos Gnáissico-Migmatítico e Granitóide-
Migmatítico, aparecendo com menor representatividade o Grupo Ceará, o Complexo
Independência, além de Rochas Plutônicas Granulares, Diques Ácidos e Corpos
Vulcânicos Alcalinos (COGERH, 2000). As bacias dos rios Malcozinhado, Uruaú,
Caponga Roseira, Caponga Funda e Catu, bem como as Faixas Litorâneas de
Escoamento Difuso (FLED) desenvolvem-se integralmente sobre rochas sedimentares.
As demais bacias apresentam um predomínio do embasamento cristalino, constituindo
exceção as bacias dos rios Pirangi, Gereraú e Juá, onde há uma certa equidade na
distribuição dos dois domínios litológicos e o Sistema Cocó/Coaçu, onde o
embasamento sedimentar apresenta-se dominante.

f) Bacia do Litoral
A Bacia do Litoral situa-se na porção noroeste do Estado do Ceará, limitada ao sul e a
oeste pela Bacia do Rio Acaraú, a leste pela Bacia do Rio Curu, e ao norte, pelo Oceano
Atlântico. Localizando-se entre as coordenadas geográficas 40° 07’ e 39° 08’ de
longitude oeste e 2° 50’ e 4° 10’ de latitude sul, ocupa uma área d e 8.472,77 km²,
abrangendo integralmente a área de 6 municípios e, parcialmente, a de outros 9
municípios (PLANERH, 2005).

Municípios Pertencentes à Bacia do Litoral Município Área do Município


Pertencente à Bacia (%)
Acaraú 58,8, Amontada 100,0, Irauçuba 71,2, Itapipoca 100,0, Itarema 100,0,
Marco 7,3, Miraíma 100,0, Morrinhos 41,4, Paraipaba 21,7, Santana do Acaraú
29,4, Sobral 49,4, Trairi 100,0, Tururu 83,8, Umirim 9,6, Uruburetama 100,0

A região hidrográfica do Litoral é composta por um conjunto de oito bacias


hidrográficas independentes, entre as quais se destacam a do rio Aracatiaçu, que se
desenvolve no sentido preferencial sul/norte. Outros cursos d’água, de menores
dimensões, se dispõem paralelamente ao Aracatiaçu; tratam-se dos rios Aracati-Mirim e
Zumbi, a oeste, e dos rios Cruxati, Córrego Novo, Córrego Estrela, Trairi, e Córrego
Conceição, a leste (PLANERH, 2005). A drenagem apresenta-se predominantemente
com padrão dendrítico em virtude da bacia estar em sua maior parte assentada sobre
rochas cristalinas, onde o escoamento superficial é bastante significativo. Em seu baixo
curso, a área é drenada por sedimentos da Formação Barreiras, Paleodunas e Campos de
Dunas, onde a drenagem é paralela e com baixa densidade (PLANERH, 2005).
Em sua maioria, as bacias da Região Hidrográfica do Litoral são de pequeno porte e
pouca representatividade hidrológica, à exceção das Bacias do Aracatiaçu, Aracati-
Mirim, Cruxati e Trairi. Assim, serão descritas a seguir somente as maiores e mais
importantes bacias da região hidrográfica.

- Bacia do Aracatiaçu

A Bacia do Rio Aracatiaçu percorre uma extensão aproximada de 181 km, desde suas
cabeceiras na Serras de Santa Luzia e Tamanduá, na região centro-norte do estado, até a
sua foz no Oceano Atlântico, na divisa entre os municípios de Itarema e Amontada.
Apresenta declividade média reduzida, sendo que em mais da metade de seu
comprimento não atinge 0,1 %, com exceção de um trecho muito pequeno próximos de
suas cabeceiras. Como principais afluentes, destacam-se, pela margem direita, o Rio
Missi e, pela esquerda, o Rio Pajé. Sua forma alongada, principalmente na metade
norte, demonstra uma menor tendência à formação de picos de cheia, caracterizados
pelo alto coeficiente de compacidade (1,88) e baixo fator de forma (0,10) (PERH
(1992).

- Bacia do Mundaú

O Rio Mundaú origina-se na Serra de Uruburetama, marco geográfico importante da


região do Estado mais próxima do litoral e que alcança cotas superiores a 800 m. Após
as nacentes da serra, a declividade média do rio diminui, sem, entretanto, atingir valores
inferiores a 1,12 m/1000 m. A forma da bacia é acentuadamente circular e regular, com
indicadores Kc = 1,27 e Kf = 0,25. Fisiograficamente, tal situação decorre do fato de
que ela é na verdade a junção de duas subbacias, espacialmente na grande maioria, cujos
rios principais confluem relativamente já próximo ao mar trata-se do Rio Mundaú, que
percorre 76,5 km até esta confluência e 21,0 km após a mesma, e do Rio Cruxati que se
desenvolve por aproximadamente 77,5 km. Os principais parâmetros das bacias
formadoras da Região Hidrográfica do Litoral, de acordo com De modo geral, o clima
da Bacia do Litoral é bastante homogêneo. As variações climáticas registradas são
diretamente associadas ao regime pluviométrico e decorrem, fundamentalmente, da
proximidade do litoral, acarretando índices pluviométricos mais elevados e
temperaturas mais estáveis ou do relevo acidentado, onde ocorrem precipitações
orográficas que se somam a temperaturas mais baixas em decorrência da altitude. O
clima predominante é quente e estável, de elevadas temperaturas e reduzidas
amplitudes, com acentuada taxa de insolação, forte poder evaporante e, acima de tudo,
com um regime pluviométrico marcadamente irregular.

Os dados sobre geologia são de fundamental importância, pois as formações


geológicas apresentam características que guardam uma relação direta com as formas de
escoamento das águas na bacia. A Bacia do Litoral é formada por grande variedade de
formações litológicas que podem ser agrupadas em dois grandes domínios geológicos:

- o embasamento cristalino (60,31%) - representado por gnaisses e migmatitos


diversos, quartzitos e metacalcários, associados a rochas plutônicas e metaplutônicas de
composição predominantemente granítica

- as formações sedimentares (39,69%) - sedimentos areno-argilosos, do Grupo


Barreiras e das coberturas colúvio-eluviais; sedimentos eólicos constituídos de areias
bem selecionadas de granulação fina a média, às vezes siltosas do Dunas/Paleodunas e
cascalhos, areias, silte e argilas, com ou sem matéria orgânica, formados em ambientes
fluviais, lacustres em estuarinos recentes, dos depósitos aluvionares e de mangues.

g) Bacia do Rio Poti-Longá (Sub-bacia da Bacia Hidrográfica


do Rio Parnaíba)

A Região Hidrográfica do Poti-Longá é a única do Estado do Ceará que drena suas


águas para outro Estado da Federação, no caso o Piauí. As outras 10 regiões
hidrográficas apresentam toda a sua rede de drenagem inserida no território
cearense.Observa-se que vários rios e riachos nascem no Ceará e correm para o Piauí.
As Bacias do Poti e Longá têm uma área total de 76.537 km², que corresponde em torno
de 23% da área total da bacia do rio Parnaíba, que é cerca de 330.000 km². Sendo 52.270
km² referentes à bacia do rio Poti e 24.267 km² referentes à bacia do rio Longá. As Bacias
do Poti e Longá abrangem parte do Estado do Piauí (59.636 km², que corresponde a 77,91%
da área total das duas bacias) e do Estado do Ceará (16.901 km², que correspondendo a
22,09% da área total das duas bacias). Estão inseridos nessas bacias, parcialmente ou
totalmente, o território de 101 municípios, sendo 82 no estado do Piauí e 19 no Estado do
Ceará.
A população total das bacias do Poti e Longá é de 1.798.432 habitantes, o que
corresponde a 48% da população total da Bacia do Rio Parnaíba. A bacia do rio Poti possui
1.231.511 habitantes e a bacia do rio Longá 566.921 habitantes. Onde 80% são referentes
ao Estado do Piauí e 20% ao Estado do Ceará. A seguir será apresentado, nas tabelas 1 e 2,
os municípios do Ceará que drenam para o Estado do Piauí.

Tabela 1 – Municípios do ÁREA (Km²) POPULAÇÃO PERCENTAGE


Ceará que drenam para a M DO
Bacia do Poti MUNICÍPIOS MUNICÍPIO
NA BACIA
Ararendá 355 10.004 100,0
Crateús 2.800 70.815 100,0
Croatá 383 16.410 100,0
Guaraciaba do Norte 537 34.964 100,0
Independência 3.197 25.246 100,0
Ipaporanga 646 11.237 100,0
Ipu 636 39.145 13,1
Ipueiras 1.132 37.752 63,5
Nova Russas 741 29.334 9,3
Novo Oriente 932 26.066 100,0
Poranga 247 11.734 100,0
Quiterianópolis 1.069 18.318 100,0
Tamboril 2.047 25.964 66,1

Tabela 2 – Municípios do ÁREA (Km²) POPULAÇÃO PERCENTAGEM


DO MUNICÍPIO
Ceará que drenam para a NA BACIA
Bacia do Longá MUNICÍPIOS
Carnaubal 292 15.239 100,0
Ibiapina 368 22.146 89,2
São Benedito 301 39.874 100,0
Tianguá 648 58.023 25,1
Ubajara 290 27.003 57,9
Viçosa do Ceará 1302 45.371 8,7

A Região Hidrográfica do Poti-Longá compreende uma área de 16.901 km², como


pode ser visto na figura 2, englobando parte da bacia do rio Poti, com uma área de 14.377
km²; e parte da bacia do rio Longá, representada por um conjunto de rios e riachos, com
uma área de 2.524 km².
Esta região hidrográfica é a única que não está integralmente contida no Estado do
Ceará, representando apenas uma reduzida parcela de cerca de 5% da imensa área da bacia
hidrográfica do rio Parnaíba. A porção cearense do Parnaíba contribui com drenagem de
água para duas sub bacias do Parnaíba: a do Rio Poti, onde predomina áreas semi-áridas do
Estado, apesar do rio Inhuçu, afluente do rio Poti, drenar uma área da serra da Ibiapaba; e a
do rio Longá, que drena áreas da região da Serra da Ibiapaba, onde ocorre uma situação
mais úmida. SRH (1998).

4.AS SECAS NO CEARÁ


O clima do Ceará é marcado pela aridez. As secas são periódicas, e, desde que a
ocupação territorial foi consolidada, a população tenta resolver o problema da escassez
de água. A Seca de 1606 foi a primeira a marcar a história da ocupação do território.
Outras secas importantes foram as registradas em 1777 e 1778, responsáveis pelo
enfraquecimento da indústria das charqueadas, que teve seu golpe final no período de
grandes secas entre 1790 e 1794.
Durante as décadas seguintes, até 1877, o Ceará viveu relativa tranquilidade, sem
estiagem, até que naquele ano e nos dois seguintes uma grande seca prejudicou
fortemente a agropecuária no estado. No início dessa, o senador Tomás Pompeu de
Sousa Brasil publicou o primeiro livro sobre esse problema climático, intitulado "O
clima e secas no Ceará". Nessa época foi iniciada a construção do Açude do Cedro, em
Quixadá, como medida para minimizar a falta de água, mas a obra só foi finalizada na
Primeira República.
No começo do século XX foi criada a "Inspetoria de Obras Contra as Secas" que
mais tarde passaria a ser o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, com sede
em Fortaleza para realizar estudos, planejamentos e obras contra as estiagens, em 1909.
Várias barragens foram construídas em todos os estados do Nordeste. Na década de
1930, foi criado o Polígono das secas: quase a totalidade do território cearense está
inserido nele.
Atualmente existem muitos órgãos do governo cearense voltados para a
problemática do clima. A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos juntamente com
a Superintendência de Obras Hidráulicas são os órgãos que fazem a gerência de várias
barragens e o planejamento de adutoras e canais. A Fundação Cearense de Meteorologia
é a responsável pelo monitoramento climático. Finalmente o órgão central é a Secretaria
dos Recursos Hídricos que faz toda a estruturação de metas e planos para combater a
seca no Ceará.

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