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Introdução
1
Mestre em História. Professor de História do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa
Catarina.
2
Doutora em Biologia. Professor de Ciência do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa
Catarina.
3
Doutorando em Geografia. Professor de Geografia do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de
Santa Catarina.
4
Mestre em Educação Especial. Professora de Educação Especial do Colégio de Aplicação da
Universidade Federal de Santa Catarina.
5
Doutoranda em Educação. Professora de Língua Portuguesa do Colégio de Aplicação da Universidade
Federal de Santa Catarina.
6
Mestre em Matemática. Professora de Matemática do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de
Santa Catarina.
7
Mestre em Geografia. Professor de Geografia do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de
Santa Catarina.
8
Doutora em Linguística. Professora de Língua Portuguesa no Colégio de Aplicação da Universidade
Federal de Santa Catarina.
9
Doutora em Sociologia. Professora de Sociologia no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de
Santa Catarina.
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que em determinado momento buscavam de sua afirmação como campos científicos. A
ciência positivista passou a servir ao mecanicismo que a produção dos tempos
modernos exigia.
Há, assim, uma demanda para que os profissionais que atuam na escola básica
repensem a organização curricular, possibilitando a abordagem de conteúdos de modo
interdisciplinar, bem como promovam uma aprendizagem mais significativa ao
potencializar o trabalho com eixos temáticos. O que se constata, no entanto, é que
poucas são as iniciativas pedagógicas que conseguem ter continuidade, dado que um
trabalho interdisciplinar exige formação adequada, horas para planejamento, revisão dos
conteúdos curriculares/disciplinares, mudança na concepção de avaliação e,
principalmente, mudança na concepção de produção de conhecimento na escola e na
relação professor-aluno.
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noção com que acreditamos trabalhar. Compartilhamos com Ivani Fazenda10, professora
brasileira integrante de um grupo internacional de pesquisadores, tais como Georges
Gusdorf, Hilton Japiassú e seu próprio grupo de pesquisa, GEPI-PUC/SP, os quais
procuram manter em permanente discussão e revisão o próprio conceito. Incluímos
também a autora Olga Pombo11, que define a palavra interdisciplinaridade como "gasta"
frente ao uso excessivo de conceito tão complexo. Para a autora em questão, a noção de
interdisciplinaridade se refere a um conjunto amplo de experiências, realidades,
hipóteses e projetos, como explica a seguir:
10
FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade / Grupo de Estudos e Pesquisa em Interdisciplinaridade (GEPI)
– Educação: Currículo – Linha de Pesquisa: Interdisciplinaridade – v. 1, n. 1 (out. 2011) – São Paulo:
PUC-SP, 2011.
11
POMBO, Olga. Epistemologia da Interdisciplinaridade. Seminário Internacional Interdisciplinaridade,
Humanismo, Universidade, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 12 a 14 de nov. 2003.
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autora cita cinco princípios básicos que deveriam ser levados em conta na prática
docente interdisciplinar: humildade, coerência, espera, respeito e desapego.
4
Pés na Estrada do Conhecimento, desenvolvido pelo Colégio de Aplicação da UFSC,
traz uma proposta de formação inicial e continuada de professores e de utilização da
pesquisa, da reflexão crítica como método pedagógico, incorporados ao processo de
ensino-aprendizagem.
12
BEACH, R.; PEARSON, D. Changes in preservice teachers' perceptions of conflicts and tensions.
Teaching e Teacher Education, v. 14, n. 3, p. 337-351, 1998.
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Entretanto, somente em 2010, conseguimos incluir 2h/aula semanais para iniciação
científica (IC) na grade curricular. Nessas aulas, os alunos são divididos em equipes sob
a orientação de um professor, que pode ser de História, Geografia, Matemática,
Sociologia, Ciências, Educação Especial ou Língua Portuguesa13. O trabalho nas aulas
de IC é constituído pela orientação para: pesquisa preliminar sobre os dois grandes
temas; elaboração de um projeto de pesquisa; saídas a campo, que configuram duas
etapas de pesquisa: 1ª etapa 14 – Itá/SC e Aratiba e Erechim/RS; 2ª etapa – cidades
históricas de MG: Mariana, Ouro Preto, Tiradentes e São João Del Rei; elaboração de
ensaio escolar ou reportagem, com apresentação, em forma de slides, no Seminário
Interno de IC e na SEPEX/UFSC; elaboração de audiovisual com apresentação na
SEPEX/UFSC e na Mostra de Audiovisuais do CA.
Como o grande tema da 1ª Etapa (1º Semestre) é “A luta pela posse da terra: o
caso dos atingidos por barragens” e o da segunda etapa (2º Semestre) é “O Brasil
colonial no século XVIII: representações da construção da sociedade das Minas Gerais”,
as primeiras aulas de IC são destinadas à pesquisa preliminar. Essa pesquisa é realizada
em sites institucionais, em jornais, como Brasil de Fato e Le Monde Diplomatique, e em
revistas, como Carta Capital, Planeta, Caros Amigos e ISTOÉ. Os alunos também são
orientados a ler partes de dissertações de mestrado e artigos cujo tema está relacionado à
temática geral de cada etapa do projeto.
13
Essas são as disciplinas que constituem o grupo de professores orientadores de IC, no ano de 2016.
14
Essas foram as cidades incluídas no roteiro no ano de 2016, tendo em vista a possibilidade do encontro
com sujeitos que se dispuseram a participar de conversas com os estudantes e a viabilidade de espaço para
receber mais de 80 pessoas; aspectos que precisam ser previamente planejados a cada ano.
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ser feita em campo, as estratégias para a geração dos dados e a elaboração dos
instrumentos de pesquisa (geralmente entrevistas semiabertas). Esses elementos
constituem o projeto, que dá parâmetros para a pesquisa de campo, realizada durante as
saídas de estudos para as cidades do oeste catarinense e norte do RS, na 1ª etapa, e para
as cidades históricas de MG, na segunda etapa.
A elaboração dos projetos de pesquisa se configura como uma das etapas mais
difíceis de todo o trabalho com IC na escola, tendo em vista a pouca familiaridade dos
alunos com a leitura e a escrita acadêmicas. O agenciamento das várias vozes presentes
nos textos lidos, garantindo a autoria, é o principal desafio. A citação da voz do outro
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em um texto que se pretende que seja próprio de quem está escrevendo apresenta um
grau de complexidade que só vai se dirimindo ao longo do ano, quando os alunos vão se
apropriando do conhecimento específico sobre o tema e dos gêneros da esfera
escolar/científica. Além disso, os jovens pesquisadores precisam delimitar um foco de
pesquisa dentro de um tema maior, definir objetivos, sujeitos de pesquisa, elaborar
questões para as entrevistas, sem conhecer o campo no qual vão se inserir.
E aqui, surge outro aspecto muito interessante que é a legitimação dos saberes
plurais, vindos de conhecimentos das experiências de vida, pois os entrevistados são
pessoas da comunidade que viveram na antiga cidade ou vieram após o realocamento
para a nova cidade de Itá. Assim, o representante da hidrelétrica ou do MAB, a
vendedora da loja, a contadora de histórias, o agricultor que perdeu suas terras, o gari
que está trabalhando na rua, o aposentado que está sentado na praça, a presidente da
cooperativa de artesãos da cidade, a guia das casas de memória, o dono da lanchonete,
todos são sujeitos possuidores de saberes que interessam aos alunos para produzirem
conhecimento sobre seus objetos de estudo.
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movimento no sentido de trazer a voz do outro seja para alinhar-se a ela ou para
distanciar-se dela.
Considerações finais
Por fim, vale destacar que a socialização das pesquisas em um evento específico
para tal fim, utilizando um recurso também próprio da esfera acadêmica – comunicação
em evento científico – para um público que extrapola o interlocutor único da maioria
dos trabalhos escolares, que é o professor, configura uma situação real de interação.
Nessa situação, os alunos têm a possibilidade de assumir a autoria de suas pesquisas
para um público que não conhece os trabalhos e ao lado de pesquisadores da graduação
e da pós-graduação, no caso da SEPEX/UFSC. Esse, pode-se dizer, é o momento no
qual os jovens pesquisadores assumem a posição autor diante desse outro que o
interroga e quer saber sobre as pesquisas sobre as quais eles – os pesquisadores – têm
autoridade para falar.