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(Orgs.)
ANÁLISE DE DISCURSO
: teorizações e métodos
Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida ou transmi-
tida ou arquivada, desde que levados em conta os direitos dos autores.
Análise de discurso: teorizações e métodos. São Carlos: Pedro & João Editores,
2011. 309 p.
ISBN 978-85-7993-044-7
CDD – 401.41
Dominique MAINGUENEAU
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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial
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A ARGUMENTAÇÃO LINGUÍSTICA
3 Para uma apresentação mais precisa desta problemática, podemos nos remeter aos
nossos trabalhos Genèses du discours (1984) e Le Contexte de l’œuvre littéraire (1993).
4 O. Ducrot, p.90-92.
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favor de um enunciado E2, não basta, com efeito, que E1 dê razões para con-
vencer E2. A estrutura linguística de E1 deve, além disso, satisfazer a certas
condições para que esteja apta a constituir, em um discurso, um argumento
para E25.
Suponhamos que Zola tenha escrito vinte romances, que Luc tenha
lido cinco e Paul, quinze. Paul conhece a obra de Zola muito melhor do
que Luc. Ocorre que (1) reclama uma conclusão “positiva” (por exem-
5 1983, p.8.
6 1982, p.157.
7 1983, p.30.
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plo, que Luc poderá escrever um artigo sobre Zola), ao passo que (2) vai
no sentido argumentativo oposto (Paul não é competente). Para Ducrot
essa divergência escapa às categorias das linguagens formais, ela está
ligada às propriedades argumentativas dos operadores alguns e não, à
língua natural, portanto.
Segundo ele, a argumentação de Pascal na segunda Provincial ilustra
de maneira exemplar o reducionismo daqueles que buscam analisar o
sentido dos enunciados com a ajuda das categorias da lógica clássica.
Essa segunda Provincial discute a posição dos dominicanos sobre a
“graça suficiente”. Três teses são apresentadas:
8 Nós dissemos “Pascal” por comodidade, pois essas cartas é o fruto de uma estreita
colaboração entre diversos jansenistas, destacando-se o grande Arnauld e P. Nicole:
“Se Pascal certifica a redação, a documentação é-lhe fornecida na maior parte por Ar-
nauld e Nicole” (L.Lafuma, Pascal, Œuvres Complètes, 1963, p.371). Porém, como deter-
minar onde acaba o trabalho de “documentação” e onde começa o de “redação”?
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Há duas coisas nesta palavra graça suficiente: há o som que não é senão o do
vento e a coisa que ela significa, que é real e efetiva. E, assim, quando vocês
estão de acordo com os jesuítas que dizem a palavra suficiente, e contrários no
sentido, é visível que vocês estão contrários à substância desse termo, e que
vocês estão de acordo apenas com o som.9.
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O ERRO DE PASCAL
Ninguém ignora que haja duas entradas por onde as opiniões são recebidas
na alma, que são seus dois principais poderes: o entendimento e a vontade. A
mais natural é a do entendimento, pois se deve consentir apenas as verdades
demonstradas; mas a mais ordinária, embora contra a natureza, é a da vonta-
de, pois todos os homens são quase sempre levados a crer não pela prova,
mas pelo consentimento.15
14 É provável que esse opúsculo tenha sido escrito próximo de 1657-1658, isto é, logo
após as Provinciais.
15 1963, p.355.
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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial
17 1970, p.35.
18 Provinciais, p.377.
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19 Provinciais, p.379.
20 Nós preferimos este conceito ao de “situação de enunciação” utilizado pelos linguis-
tas para designar as coordenadas do ato de enunciação: EU-TU, AQUI, AGORA. O
tipo de discurso que consideramos mantém de fato uma relação essencial com a tex-
tualidade e com o rito, duas dimensões presentes no termo cenografia. Para uma a-
presentação mais detalhada, ver nosso Contexte de l’œuvre littéraire, cap.5.
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21 1970, p.51.
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22 Provinciais, p.349.
23 Provinciais, p.378.
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
_________. La Logique ou l’art de penser. Paris: Flammarion, 1970 (1ère éd. 1662).
_________. Le dire et le dit. Paris: Minuit, 1984 [O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987].
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SOBRE
C arlos Turati tem experiência na área de Linguística. Atua nas áreas: ensi-
no de língua materna, literaturas, produção e recepção de textos. Atual-
mente é mestrando em Linguística pelo PPGL - UFSCar sob a orientação do
Prof. Dr. Valdemir Miotello. É bolsista FAPESP e desenvolve pesquisa abor-
dando o tema do discurso citado e da fotografia de imprensa como enunciado
reproduzido. Participa do Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso - GEGe.
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Lecionou na rede oficial de ensino básico e nos cursos de Letras e de Pedagogia
da antiga Faculdade Montessori de Ibiúna. Atualmente, é doutorando em Filo-
logia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo e docente da área de
Língua Portuguesa do Departamento de Letras e Artes da Universidade Esta-
dual de Santa Cruz. Também é editor da recém-criada Revista EID&A.
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rão Preto da Universidade de São Paulo e Livre-docência em Ciência da In-
formação pela mesma instituição. É docente com dedicação exclusiva da Uni-
versidade de São Paulo, onde dá aulas e orienta alunos de graduação, mes-
trado, doutorado e supervisiona pós-doutorado. É bolsista 2 do CNPq (2009).
Parecerista ad hoc do CNPQ e FAPESP; membro de ABRALIN, ALED, AL-
FAL, GEL e GT de Análise do Discurso da ANPOLL. Especialista em Análise
do Discurso atua principalmente na investigação de materialidades discursi-
vas ligadas aos seguintes temas: memória, mídia, questão agrária, textualida-
de digital e leitura. Publicou livros, além de artigos em revistas científicas e
capítulos de livros. Coordena o Grupo de Pesquisa Discurso e memória: mo-
vimentos do sujeito, cadastrado junto ao Diretório de Grupos do CNPQ, e o
E-L@DIS, Laboratório Discursivo - sujeito, rede eletrônica e sentidos em mo-
vimentos, financiado pela FAPESP.
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NESP de Araraquara, SP, em 2004. Desde 1992, vem realizando pesquisas
voltadas à produção de discursos determinados por sentidos advindos de
lugares institucionais constituídos pelo pedagógico, pelo religioso e pelo mi-
diático. Adota como dispositivo teórico-metodológico as noções e os conceitos
erigidos pela Análise do Discurso francesa, a partir de uma perspectiva que con-
sidera o diálogo entre esse campo, a Filosofia e a História, representados, respec-
tivamente, por Michel Pêcheux, Michel Foucault e Michel de Certeau. Seu tema
de pesquisa abarca a relação discurso, sentido e mídia, com a finalidade de anali-
sar práticas discursivas de produção de identidade do feminino e do masculino
em textos verbais e imagéticos que circulam na mídia brasileira contemporânea.
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médio - na rede estadual da Bahia, Instituto de Educação Anísio Teixeira,
durante quatorze anos. Atualmente é Professora Auxiliar de Língua Portu-
guesa da Universidade do Estado da Bahia e pesquisadora do Grupo de Pes-
quisa Cultura, Sociedade e Linguagem. Tem experiência na área de Linguísti-
ca, com ênfase em Análise do Discurso.
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de pesquisas Fórmulas e Estereótipos: Teoria e Análise (FEsTA). Participa,
igualmente do GEPOMI Grupo de Estudos Político-midiáticos (UEM) e Leitu-
ra e Literatura na Escola (Unesp Assis/ UEL/ UEM/ UFMS/ PUC-RS/ UFG).
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