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BARONAS & MIOTELLO

(Orgs.)

ANÁLISE DE DISCURSO

: teorizações e métodos

Pedro & João Editores


Copyright © dos autores

Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida ou transmi-
tida ou arquivada, desde que levados em conta os direitos dos autores.

BARONAS, Roberto Leiser; MIOTELLO, Valdemir

Análise de discurso: teorizações e métodos. São Carlos: Pedro & João Editores,
2011. 309 p.

ISBN 978-85-7993-044-7

1. Análise de Discurso. 2. Interdiscurso. 3. Texto. 4. Linguística. 3. Autor. I. Título.

CDD – 401.41

Capa: Marcos Antonio Bessa-Oliveira


Editores: Pedro Amaro de Moura Brito & João Rodrigo de Moura Brito & Valdemir
Miotello & Hélio Pajeú

Conselho Científico da Pedro & João Editores:

Augusto Ponzio (Bari/Itália); João Wanderley Geraldi (Unicamp/Brasil);


Roberto Leiser Baronas (UFSCar/Brasil); Nair F. Gurgel do Amaral
(UNIR/Brasil) Maria Isabel de Moura (UFSCar/Brasil); Dominique
Maingueneau (Universidade de Paris XII); Maria da Piedade Resende da
Costa (UFSCar/Brasil).

Pedro & João Editores

Rua Tadão Kamikado, 296


Parque Belvedere
www.pedroejoaoeditores.com.br
13568-878 - São Carlos – SP
2011
ARGUMENTAÇÃO E ANÁLISE DO DISCURSO

: reflexões a partir da segunda Provincial

Dominique MAINGUENEAU

DISCURSO E ANÁLISE DO DISCURSO

Querer confrontar argumentação e Análise do Discurso é expor-se a


muitas dificuldades. As pesquisas sobre argumentação tendem a
definir um campo completo, mas cujas unidade e autonomia parecem
problemáticas tão variados são os domínios - em que o estudo dos pro-
cessos argumentativos é convocado a intervir – e as intenções dos que se
interessam por isso. De seu lado, a Análise do Discurso não conhece um
destino mais invejável. Mas como essas duas vias de pesquisa recortam-
se constantemente (e alguns não hesitam em confundi-las), relacioná-las
parece inevitável.
Pouco adianta dizer que a Análise do Discurso se distingue do estu-
do da argumentação no que diz respeito a ela ter o "discurso" como ob-
jeto, uma vez que ambas têm, de fato, o “discurso” por objeto. Se a no-
ção de discurso pôde, há algumas décadas, referir-se às estruturas lin-
guísticas além da frase, hoje esse termo designa, sobretudo, uma certa
maneira de apreender a linguagem. Pode-se lamentar, mas o estudo da
Dominique Maingueneau

linguagem está de fato tradicionalmente dividido entre dois modos de


apreensão que obedecem a lógicas heurísticas muito diferentes: uma em
termos de língua e a outra em termos de discurso. A primeira concebe a
linguagem no que se refere à arbitrariedade de suas unidades e de suas
regras, a segunda a inscreve como força em um jogo de interações psí-
quicas e sociais. Apreender a linguagem como discurso é multiplicar as
articulações com a diversidade dos campos, disciplinas, correntes, esco-
las... das ciências humanas, para relacioná-la aos sujeitos inscritos nas
situações. Apreendê-la como língua é se confrontar com categorias e com
operações linguísticas, perguntar-se em que condições uma sequência
de sons entra na ordem da gramaticalidade1.
Na abordagem em termos de língua, o domínio da investigação é
muito reduzido. É raro surgirem fenômenos novos. O espaço gramatical
tem sido percorrido há mais de dois milênios e, sobretudo a partir de
algumas décadas, os dados linguísticos tornaram-se tão emaranhados
que sobre o menor assunto existe uma literatura abundante. A pesquisa
consiste, sobretudo, em rearranjar os princípios explicativos, em refor-
mular os modelos.
A Análise do Discurso como o estudo da argumentação estão entre
as disciplinas que se encarregam da abordagem da linguagem em ter-
mos de discurso. Mas elas não são as únicas: o estudo da comunicação
verbal se estilhaçou em múltiplas disciplinas, que também foram divi-
didas em múltiplas correntes. Não são tanto os problemas concernentes
aos modelos que estruturam as pesquisas, quanto as conjunturas das
ciências humanas, em tomada mais ou menos imediata com a evolução
da sociedade. Em tal abordagem, não existe divisão “natural” dos objetos.
Cada corrente de pesquisa tende a definir as fronteiras entre as disciplinas
em função de seus próprios interesses. A Análise do Discurso e o estudo da
argumentação são dois ramos de uma mesma disciplina? A primeira inclui
a segunda, ou a segunda a primeira? Trata-se, ao contrário, de duas disci-
plinas totalmente distintas? Responder a esse tipo de questão, definir suas
fronteiras é precisamente posicionar-se no campo do estudo do discurso.

1 Desenvolvemos a distinção entre dois modos de apreensão da linguagem em Langue


et discours, la linguistique et son double (Maingueneau, 1988, p.21-32).

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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

É a finalidade principal da pesquisa que importa quando se trata de


determinar se nos situamos em uma perspectiva de argumentação, de
sociolinguística, de Análise do Discurso, de linguística textual, de análi-
se conversacional etc. Os anglo-saxões, muito marcados pela etnometo-
dologia, pelo interacionismo simbólico, pela escola de Palo-Alto... estão
inclinados a identificar análise conversacional e Análise do Discurso. Na
França, em compensação, há uma tradição de Análise do Discurso que
resiste a essa identificação, que recusa conceder privilégio às trocas or-
dinárias. Desde os anos 80, a análise conversacional tende mais para um
estudo das formas de encadeamento do diálogo, associado a uma teoria
das funções em uso nos comportamentos interativos, verbais e paraver-
bais. Em contrapartida, os trabalhos de Análise do Discurso centram
mais a sua atenção sobre a articulação entre os modos de organização
discursiva e de organização social. Atribuem, portanto, um papel crucial
aos gêneros do discurso que estão relacionados a estatutos, a lugares
institucionais. A Análise do Discurso diverge assim da linguística textu-
al que tem por objeto os processos de coesão-coerência que asseguram a
unidade de um texto: restrições locais (anáfora nominal, progressão
temática...) ou globais (roteiros, estratégias, estruturações narrativas...).
Para a linguística textual, por exemplo, não se trata tanto de se inte-
ressar pelos modos de validação dos encadeamentos, quanto pelas suas
incidências sobre a coerência de uma sequência de enunciados. Por sua
vez, quando o analista do discurso se volta para a argumentação, não é
com a intenção de estabelecer o modelo dos processos de validação, mas
de relacioná-los a um gênero do discurso histórica e socialmente situa-
do, de integrá-los na complexidade de um funcionamento discursivo
que mobiliza parâmetros de diversas ordens. A tentação é sempre gran-
de para constituir a trama argumentativa em “estrutura profunda” do
texto. Porém, de um ponto de vista da Análise do Discurso é preciso pri-
var-se de utilizar as grades que as teorias da argumentação oferecem com
a pretensão de extrair “a” estrutura do texto, aquela que permite atribuir
ao texto a “sua” interpretação. Poderíamos retomar aqui as reprovações
que J.-C. Gardin2 dirigia, há vinte anos, a muitas análises: elas aplicam
métodos avaliados como “científicos” aos textos sem se perguntar:

2 J.-C. Gardin, p.18.

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Dominique Maingueneau

1. Por que aplicar esse método ao corpus?


2. O que se pode dizer dos resultados, além do fato de que eles são o
produto de tal método aplicado a tal corpus?

De modo mais amplo, a maneira pela qual se deve gerir a dimensão


argumentativa de um texto depende do tipo de análise do discurso que
se pratica. Isso vale para as minhas próprias pesquisas, que associam as
problemáticas da enunciação linguística e das correntes pragmáticas a
certos elementos da concepção do discurso esboçada por M. Foucault
em A arqueologia do saber. Minha abordagem esforça-se em apreender a
dinâmica discursiva relacionando-a com os posicionamentos em um
campo conflituoso, sem separar o “conteúdo” e a colocação de seu dis-
positivo de enunciação. Ela rejeita assim todo corte entre texto e contex-
to, ou entre mensagem e medium, ideias a transmitir e “meios” de
transmiti-las; ela se afasta de uma concepção “retórica” que vê nas estra-
tégias argumentativas uma série de “procedimentos” destinados a “fa-
zer passar” as teses que seriam independentes3.
Para melhor sublinhar a divergência entre o analista do discurso e
aquele que se contentaria em extrair uma estrutura argumentativa, nós
nos interessaremos por um texto universalmente admirado por suas
qualidades demonstrativas, as Provinciais de Pascal. Apoiaremo-nos
sobre um estudo de O. Ducrot, consagrado à segunda Provincial4.

A ARGUMENTAÇÃO LINGUÍSTICA

As pesquisas de O. Ducrot ocupam uma posição original; há quase


vinte e cinco anos, ele desenvolve uma semântica que se apóia crucial-
mente sobre uma teoria de argumentação linguística:

Um locutor argumenta quando ele apresenta um enunciado E 1 (ou um con-


junto de enunciados) como destinado a fazer admitir um outro (ou um conjun-
to de outros) E2. Nossa tese é que há na língua restrições que regem essa a-
presentação. Para que um enunciado E1 possa ser dado como argumento em

3 Para uma apresentação mais precisa desta problemática, podemos nos remeter aos
nossos trabalhos Genèses du discours (1984) e Le Contexte de l’œuvre littéraire (1993).
4 O. Ducrot, p.90-92.

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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

favor de um enunciado E2, não basta, com efeito, que E1 dê razões para con-
vencer E2. A estrutura linguística de E1 deve, além disso, satisfazer a certas
condições para que esteja apta a constituir, em um discurso, um argumento
para E25.

Essa teoria implica, pois, em uma certa concepção da linguagem e da


significação, que se inscreve nas correntes pragmáticas:

— Um enunciado, para mim, é composto de palavras às quais não se pode a-


tribuir qualquer valor intrínseco estável...; seu valor semântico não poderia,
portanto, residir nele mesmo, mas somente nas relações que ele tem com ou-
tros enunciados, os enunciados que ele está destinado a fazer admitir, ou os
que são considerados capazes de fazê-lo admitir6.

— Para nós, é constitutivo do sentido de um enunciado pretender orientar a se-


quência do diálogo (...). É para nós um traço constitutivo de numerosos enun-
ciados, que não se possa empregá-los sem pretender orientar o interlocutor
na direção de um certo tipo de conclusão pelo fato de ele excluir um outro ti-
po de conclusão; é preciso então dizer, quando se descreve um enunciado
dessa classe, que orientação ele traz em si.7.

Ducrot é assim levado a lutar em duas frentes. Para ele, contra as


formas dominantes da semântica linguística, é preciso fazer prevalecer a
ideia de que a argumentação está realmente na língua, que a orientação
argumentativa, longe de ser uma dimensão periférica, é constitutiva do
sentido dos enunciados. Porém, contra os lógicos, ele deve também
manter que a língua natural dispõe de recursos argumentativos especí-
ficos, não redutíveis àqueles das lógicas formais. Para ilustrar sua pers-
pectiva, Ducrot utiliza exemplos como estes:

1º) Luc leu alguns romances de Zola.


2º) Paul não leu todos os romances de Zola.

Suponhamos que Zola tenha escrito vinte romances, que Luc tenha
lido cinco e Paul, quinze. Paul conhece a obra de Zola muito melhor do
que Luc. Ocorre que (1) reclama uma conclusão “positiva” (por exem-

5 1983, p.8.
6 1982, p.157.
7 1983, p.30.

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Dominique Maingueneau

plo, que Luc poderá escrever um artigo sobre Zola), ao passo que (2) vai
no sentido argumentativo oposto (Paul não é competente). Para Ducrot
essa divergência escapa às categorias das linguagens formais, ela está
ligada às propriedades argumentativas dos operadores alguns e não, à
língua natural, portanto.
Segundo ele, a argumentação de Pascal na segunda Provincial ilustra
de maneira exemplar o reducionismo daqueles que buscam analisar o
sentido dos enunciados com a ajuda das categorias da lógica clássica.
Essa segunda Provincial discute a posição dos dominicanos sobre a
“graça suficiente”. Três teses são apresentadas:

§ A dos jesuítas: todos os homens, redimidos por Cristo, têm uma


graça suficiente para assegurar sua salvação. Segundo sua vontade, e-
les podem ou não tornar essa graça “eficaz”;
§ A dos jansenistas: o homem não é senhor de sua própria salvação,
só Deus pode dar uma graça eficaz;
§ A dos dominicanos, os “novos tomistas”, que pretendem operar
um compromisso entre estas duas posições antagonistas: todos os
homens têm graça suficiente para assegurar sua salvação, mas eles têm
a necessidade de uma graça suplementar, eficaz, que Deus dá àqueles
que fazem prova de boa vontade.

Ora, dominicanos e jesuítas, em nome da graça “suficiente”, se aliam


para condenar em Sorbonne a graça “eficaz” dos jansenistas. A argu-
mentação de Pascal8 consiste em desqualificar a posição de compromis-
so dos dominicanos mostrando que a sua identidade de doutrina com
os jesuítas é pura fachada, que a sua tese se reconduz de fato à dos jan-
senistas. A demonstração de Pascal se apóia sobre uma ficção de tipo
socrática, em que um “ingênuo”, dito “o amigo do provincial”, questio-
nando uns e outros, é bem-sucedido em fazer os dominicanos reconhe-
cerem que a posição deles é incoerente. Ele lhes dá então a lição:

8 Nós dissemos “Pascal” por comodidade, pois essas cartas é o fruto de uma estreita
colaboração entre diversos jansenistas, destacando-se o grande Arnauld e P. Nicole:
“Se Pascal certifica a redação, a documentação é-lhe fornecida na maior parte por Ar-
nauld e Nicole” (L.Lafuma, Pascal, Œuvres Complètes, 1963, p.371). Porém, como deter-
minar onde acaba o trabalho de “documentação” e onde começa o de “redação”?

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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

Há duas coisas nesta palavra graça suficiente: há o som que não é senão o do
vento e a coisa que ela significa, que é real e efetiva. E, assim, quando vocês
estão de acordo com os jesuítas que dizem a palavra suficiente, e contrários no
sentido, é visível que vocês estão contrários à substância desse termo, e que
vocês estão de acordo apenas com o som.9.

Desde 1656, muito se discutiu a fim de saber se Pascal modificara ou


não a tese dos dominicanos. Ducrot pensa que houve deformação e de-
signa a raiz do mal: “Pascal, nessa discussão, toma a palavra “suficien-
te” no sentido técnico dos matemáticos – sentido que não tem nada a
ver com a linguagem ordinária”10. Pascal utiliza, com efeito, “graça sufi-
ciente” como se se tratasse de uma “condição suficiente de salvação”.
Em termos de implicação lógica, isso significa:

Ao dizer que conhecimentos elementares de aritmética são suficientes para


compreender a teoria das funções recursivas, não se entende que todas as
pessoas que têm esses conhecimentos compreendam ipso facto a teoria; nem
mesmo que essa compreensão não exija uma certa aptidão para o raciocínio
formal, aptidão que não está, no entanto, encerrada no conhecimento de a-
ritmética elementar. O que apenas se quer dizer é que, na ordem dos conhe-
cimentos matemáticos, não se necessita mais do que a aritmética elementar.11.

Não vamos reproduzir aqui a análise de Ducrot que, em suma, é


muito convincente. Seu método consiste em mostrar que o raciocínio de
Pascal se traduz com exatidão no formalismo do cálculo dos predicados,
e que essa surpreendente tradução tornou-se possível por meio de uma
interpretação lógico-matemática do adjetivo suficiente.
A atitude de Ducrot é interessante. Ela vai ao encontro da tendência
natural da maior parte daqueles que, estudando a argumentação de um
texto, ficam em geral muito felizes por poder fazê-la entrar sem resíduo
em uma grade lógica simples como essa do cálculo dos predicados. Ao
invés de admirar o rigor demonstrativo de Pascal, Ducrot prefere con-
testar sua pertinência. Sua reticência em relação a Pascal não é, aliás,
imprevisível. Na medida em que a renovação da reflexão sobre a argu-
mentação passou por uma reavaliação da tradição retórica aristotélica, é

9 Les Provinciales, In: Pascal, Œuvres Complètes, 1963, p.377.


10 1971, p.90.
11 1971, p.92.

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Dominique Maingueneau

compreensível que as posições dos neotomistas tenham adquirido uma


nova legibilidade12.
Mas a desconfiança de Ducrot não é a de um historiador; na verdade,
ela decorre de suas opções teóricas sobre a relação entre lógica e língua
natural. Distanciando-se da abordagem de Pascal, ele reforça a necessi-
dade de defender a especificidade de uma argumentação linguística con-
tra as tentativas de anexação da semântica por disciplinas que se encar-
regam do raciocínio. Pascal surge como a encarnação de uma atitude
reducionista que manipula enunciados em língua natural sem levar em
conta o funcionamento da língua:

Supondo que essa hipótese seja verdadeira, a abordagem de Pascal ilustraria


a atitude chamada, na introdução deste número, de “reducionista”. Sob o
respaldo do bom senso, Pascal, a nosso ver, faz o que fazem alguns lógicos,
sob o pretexto da cientificidade: apresentar as noções lógico-matemáticas -
tranquilizadoras na medida em que elas são bem conhecidas e às quais não
custa manejar - como a verdade profunda de uma linguagem que, até aqui,
sempre escapou a todas as nossas sistematizações13.

Como semanticista, Ducrot se contenta em analisar a demonstração


de Pascal e propor seu diagnóstico. Não seria o caso de censurá-lo, já
que ele não busca estudar as Provinciais. Mas quando se considera esse
texto na perspectiva da Análise do Discurso, parece que – falando de
“reducionismo”, como o faz Ducrot - se deixa de lado o essencial. Com
efeito, não basta constatar que uma grade de análise (no caso, a do cál-
culo dos predicados) “funciona”, ao passo que não deveria funcionar se
levarmos em consideração a complexidade dos problemas teológicos; é
preciso também se perguntar o que o fato de ela “funcionar” tão bem
nos ensina sobre o evento que constitui esse texto.
Ducrot identifica bem o “erro” de Pascal que permite aos analistas
das Provinciais explorar o formalismo do cálculo dos predicados, mas ele
não propõe explicação dessa atitude “reducionista”. Se fosse preciso
fazê-lo, pode-se imaginar que ele invocaria, como tem muitas vezes sido

12 Em um artigo de 1981, “A argumentação por autoridade”, retomado em O dizer e o


dito (cap.VII), Ducrot procedeu a uma reavaliação da argumentação de autoridade
da escolástica.
13 1971, p.92.

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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

feito, a situação singular de um físico e matemático pouco versado em


teologia que emprega espontaneamente os esquemas de raciocínio que
lhe são familiares em um debate em que os conceitos não se deixam
manipular como em geometria. Mas para o analista do discurso, é preci-
sar ir mais adiante: longe de ser um despautério ocasional, o “erro” de
Pascal pode ser relacionado a uma certa conjuntura sócio-histórica.

O ERRO DE PASCAL

Para textos tão evidentemente demonstrativos como as primeiras


Provinciais, os comentários tradicionais distinguem, como Ducrot o fez
implicitamente, dois níveis de análise: o “gênero do discurso” e o racio-
cínio propriamente dito. Nessa ótica, o gênero do discurso (a ficção do
amigo da provincial, o recurso ao gênero epistolar, o tom mundano...)
seria somente destinado a “fazer passar” a trama demonstrativa, consi-
derada como o núcleo do texto. Ao mesmo tempo, sábio e honesto ho-
mem, Pascal teria colocado em prática os princípios que ele desenvolve
em seu opúsculo De l’esprit géométrique et de l’art de persuader14, fazendo
idealmente convergir persuasão “pela prova” e “pelo consentimento”,
“entendimento” e “vontade”:

Ninguém ignora que haja duas entradas por onde as opiniões são recebidas
na alma, que são seus dois principais poderes: o entendimento e a vontade. A
mais natural é a do entendimento, pois se deve consentir apenas as verdades
demonstradas; mas a mais ordinária, embora contra a natureza, é a da vonta-
de, pois todos os homens são quase sempre levados a crer não pela prova,
mas pelo consentimento.15

Essa dissociação entre gênero do discurso e raciocínio se apóia sobre


uma outra, mais geral, segundo a qual a tese defendida é independente
da cena da enunciação em que ela é debatida e das estratégias retóricas
do enunciador. Como se o discurso resultasse da associação contingente
de um “fundo” e de uma “forma”, de uma tese a defender, da institui-
ção de um certo espaço de fala e do agenciamento de certos procedi-

14 É provável que esse opúsculo tenha sido escrito próximo de 1657-1658, isto é, logo
após as Provinciais.
15 1963, p.355.

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Dominique Maingueneau

mentos, Pascal e seus amigos teriam “escolhido” associar a tese deles a


um libelo anônimo escrito em francês que apelara a uma demonstração
“geométrica” e a uma ficção mundana, cujas escolhas eram independen-
tes umas das outras.
Mas para apreender o “erro” de Pascal como um evento relacionado
a uma configuração histórica, é-se obrigado a recusar essa dupla distin-
ção entre trama argumentativa e gênero do discurso, entre tese e meios
de persuasão. A demonstração de Pascal não deve ser considerada co-
mo uma cilada retórica em que o rigor demonstrativo serviria para pro-
duzir um efeito de cientificidade, um pouco como nos textos publicitá-
rios que se ornam de adereços do discurso científico para ressaltar os
méritos de um produto. Mas antes é preciso interrogar-se sobre a con-
juntura que permitiu ao método “geométrico” - associado ao francês das
pessoas honestas e a uma ficção mundana – outorgar-se autorização
para suplantar as instâncias teológicas.
Objetar-se-á talvez que é dar muita importância ao que é apenas fru-
to do acaso: depois de tudo, se dirá: se Pascal não fosse matemático, as
Provinciais não teriam tomado esse aspecto bastante logicista... No en-
tanto, é preciso dar motivo ao fato de que esses senhores de Port-Royal
tenham achado “normal” implicar o grande público no debate teológico
e dirigir-se a um jovem sábio para garantir sua defesa em vez de dirigir-
se a um hábil escolástico. Também é preciso explicar o fato de que lhes
tenha parecido “normal” que esse jovem sábio meça as posições teológi-
cas com a alna16 de um raciocínio de tipo matemático enunciado na lín-
gua das pessoas honestas. É enfim um acaso se os colaboradores de Pas-
cal, Arnauld e Nicole, publicam seis anos mais tarde a Logique ou l’art de
penser, dita Logique de Port-Royal, que consagra o “método” empregado
nas Provinciais? Além de uma série de “acasos”, é preciso tomar nota
dessa convergência da ciência e da “honestidade” desse dispositivo em
que a lógica e a língua das pessoas honestas se unem contra os supostos
equívocos do discurso teológico. Retorna-se a um ideal de “formação do
julgamento” das elites que enunciam as primeiras linhas da Logique de
Port-Royal:

16 NT. Alna: antiga medida de comprimento.

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Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

Não há nada mais estimável do que o bom senso e a precisão de espírito no


discernimento do verdadeiro e do falso. Todas as outras qualidades de espíri-
to são de usos limitados; mas a exatidão da razão é geralmente útil em todas
as partes e em todos os empregos da vida. Não é somente nas ciências que é di-
fícil distinguir a verdade do erro, mas também na maior parte dos assuntos dos
quais os homens falam e dos negócios que eles tratam (...). Serve-se da razão co-
mo um instrumento para adquirir as ciências enquanto que, ao contrário, se de-
veria servir-se das ciências como instrumento para aperfeiçoar sua razão.17.

Longe de associar usos (demonstração geométrica e debate teológico


mundano) que podem hoje nos parecer divergentes, a segunda Provinci-
al se instala no modo de exercício do discurso ao qual, nessa conjuntura,
é concedida a autoridade maior. Está certamente aí uma das razões do
sucesso prodigioso desses libelos: o público foi seduzido por essa fusão
elegante da demonstração geométrica e do exercício ordinário da língua
que dava consistência à representação, então dominante, das condições
de um discurso legítimo.
A crítica de Ducrot expressa, portanto, algo um tanto incorreto ao
opor lógica e língua natural para censurar a argumentação de Pascal,
que substituiu a acepção matemática do adjetivo suficiente pelo valor
que possui em língua. Na conjuntura em que intervêm as Provinciais, vê-
se convergir naturalmente o rigor de raciocínio e “honestidade”. Aliás, na
segunda Provincial, ao apoio de sua interpretação de suficiente, Pascal
invoca precisamente o uso ordinário contra o vocabulário especializado
dos teólogos:

Todas as pessoas do mundo entendem a palavra suficiente em um mesmo


sentido; somente os novos tomistas a entendem de um outro modo. Todas as
mulheres, que são a metade do mundo, todas as pessoas da Corte, todas as pes-
soas de guerra, todos os magistrados, todas as pessoas do palácio, os vendedores,
os artesãos, todo o povo; enfim, todos os tipos de homens, exceto os Dominica-
nos, entendem pela palavra suficiente o que encerra todo o necessário18.

Não contente de invocar assim a caução da comunidade linguística,


Pascal insere, mesmo no início da terceira Provincial, uma “Resposta do
Provincial às duas primeiras cartas de seu amigo” que cita dois textos elo-

17 1970, p.35.
18 Provinciais, p.377.

79
Dominique Maingueneau

giosos de leitores, um de um membro da Academia francesa, o outro de


uma dama do mundo. O acadêmico evoca a noção de “poder próximo”,
condenada na primeira Provincial e digna resposta à da “graça suficiente”:

Eu gostaria que a Sorbonne, que deve tanto à memória do falecido M. le Car-


dinal, reconhecesse a jurisdição de sua Academia francesa. O autor da Carta
ficaria feliz pois, na qualidade de acadêmico, eu condenaria a autoridade, eu
baniria, eu proscreveria; pouco importa que eu não tenha dito, eu extermina-
ria de todo o meu poder, esse poder próximo que faz tanto barulho para na-
da, e sem saber de outro modo o que ele exige. O mal é que nosso poder aca-
dêmico é um poder muito afastado e limitado19.

Para Pascal é, pois, o próprio termo recriminado por Ducrot, suficien-


te, que teria tido seu valor usual desviado pelos teólogos. Ducrot parece
censurar em Pascal o que Pascal censura nos dominicanos. Dar-se-á
mais crédito a Ducrot que a Pascal em matéria de análise lexicológica,
mas ver-se-á facilmente que eles não se apóiam sobre a mesma concep-
ção de língua: no ponto em que Ducrot opõe língua natural e linguagem
artificial da lógica, Pascal pressupõe a unidade soberana de um pensa-
mento que projetou sua estrutura sobre a linguagem, a harmonia pro-
funda entre as regras da razão e as do discurso, por menos que este úl-
timo se submeta às exigências que lhe impõe sua natureza.

CENOGRAFIA, CÓDIGO LINGUAGEIRO, INTERLÍNGUA

Não basta, pois, constatar que a demonstração de Pascal supõe um


deslizamento indevido do adjetivo suficiente. Esse “deslizamento” é a
consequência de uma situação de enunciação simultânea com o enunci-
ado, já que ela deve ser validada pelo enunciado que instaura. Chama-
remos de cenografia20 essa situação de enunciação em que a grafia é o
processo de inscrição legitimante: enunciador, leitor, momento e lugar

19 Provinciais, p.379.
20 Nós preferimos este conceito ao de “situação de enunciação” utilizado pelos linguis-
tas para designar as coordenadas do ato de enunciação: EU-TU, AQUI, AGORA. O
tipo de discurso que consideramos mantém de fato uma relação essencial com a tex-
tualidade e com o rito, duas dimensões presentes no termo cenografia. Para uma a-
presentação mais detalhada, ver nosso Contexte de l’œuvre littéraire, cap.5.

80
Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

de enunciação conferem um estatuto que legitima o discurso que se de-


senvolve a partir deles.
O enunciador é aqui construído como um “homem honesto”, e não
um teólogo que se dirige a “pessoas honestas”. Aqui, a expressão “pes-
soas honestas” corresponde menos a uma caracterização social do que
ao exercício ideal do “bom senso” e da “justiça do espírito no discerni-
mento do verdadeiro e do falso”, para retomar os termos da Logique de
Port-Royal. O jogo sobre o anonimato que tornou as Provinciais tão intri-
gantes para os contemporâneos (quem é o seu autor?) participa dessa
cenografia: o sujeito da Razão não é um indivíduo, mas o suporte de
uma disposição em direito compartilhado por todos, ele é o represen-
tante de uma coletividade que é colocada em posição de árbitro dos
debates teológicos. O enunciador se apresenta como um leigo que tem
amigos em todas as partes da controvérsia teológica; sua mobilidade, sua
atitude de circular de uma posição à outra, vai dar corpo à neutralidade
de um método que implica um distanciamento da visão de toda comu-
nidade fechada em seu discurso.
A carta do acadêmico é reveladora dessa visão. Põe-se a questão da
hierarquia das “autoridades”. Quem da Sorbonne, da Igreja portanto, e
da Academia tem autoridade em matéria de sentido de termos? A ques-
tão é importante, pois a Academia se coloca em posição de instância
“neutra”. Ela tem a reputação de assegurar a estabilidade da representa-
ção das ideias, garantir a univocidade do estoque de conceitos comparti-
lhados pela comunidade. Não seria desconhecida, então, a existência de
uma zona protegida de discurso; qualquer uso da língua está direta-
mente submetido ao seu Código transcendente. Entre esses usos, a ma-
temática goza, contudo, de um privilégio. O pensamento se projeta inu-
tilmente na estrutura da linguagem, ele procura manifestar-se de modo
máximo na demonstração “geométrica”. Para os autores da Logique de
Port-Royal, quando se trata de ilustrar o bom funcionamento do pensa-
mento, os exemplos emprestados da matemática têm estatuto notável,
“nada havendo senão essa ciência que possa fornecer ideias bem claras e
proposições incontestáveis”21.

21 1970, p.51.

81
Dominique Maingueneau

A segunda Provincial opõe, assim, aos erros cometidos pelos domini-


canos, a iniciativa preconizada por Pascal em De l’esprit géométrique. Os
novos tomistas lá aparecem sob os traços de sofistas:

Pois os geômetras e todos os que agem metodologicamente impõem nomes


às coisas somente para abreviar o discurso e não para diminuir ou mudar a
ideia das coisas de que eles discorrem (...). Nada afasta mais rapidamente e
mais poderosamente as surpresas capciosas dos sofistas do que esse método,
que é preciso ter sempre presente e que basta para banir todos os tipos de di-
ficuldades e de equívocos22.

Se a graça “suficiente” dos dominicanos não basta para garantir a


salvação, o método de substituição da definição pelo conceito basta, ele
só, para mostrar que o conceito de “graça suficiente” é enganador.
Assim, antes de considerar a argumentação no texto, é preciso recon-
duzi-la ao dispositivo enunciativo que a torna possível. A confrontação
entre o amigo do provincial e os clérigos, dominicanos ou jesuítas, é
uma confrontação entre o detentor do método geométrico associado a
um dicionário ideal da língua e os locutores capciosos, confinados em
um uso privado da língua. A estes últimos, a demonstração das Provin-
ciais opõe um discurso de razão submissa à transparência de uma avali-
ação pública em que os julgamentos têm força de lei:

Em verdade, meu Pai, se eu tivesse influência na França, eu faria publicar ao


som da trombeta: FAZ-SE SABER que quando os Jacobinos dizem que a gra-
ça suficiente é dada a todos, eles entendem que todos não têm a graça que
basta efetivamente23.

Publicação “ao som da trombeta” que se opera de fato por meio da


enunciação de um enunciado que finge enunciá-la no irreal do presente
(“se eu tivesse influência”).
Desde então, a língua que investe a argumentação, longe de ser um
simples suporte, aparece como uma força que investe essa argumentação.
Modificando a fórmula de Ducrot, poder-se-á dizer que a argumentação
das Provinciais está igualmente na língua que não é somente um medium,
mas também participa do conjunto de processos de validação. Nessa

22 Provinciais, p.349.
23 Provinciais, p.378.

82
Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

conjuntura, a dinâmica associada à língua francesa é indissociável da-


quilo que a argumentação pretende passar. Além dessa e de outras teses
(por exemplo, que os neo-tomistas se contradizem por razões políticas),
o que pretende impor o discurso por meio de seu código linguageiro é o
universo de sentido que ele institui através de sua própria enunciação. Enunci-
ador e leitor estão unidos através da enunciação; considera-se que eles
partilham um código linguageiro comum que se dá pelo Código por
excelência24. Falamos de “código linguageiro” para associar a acepção de
código como sistema de comunicação e de código como conjunto de pres-
crições: o uso da língua, que implica o discurso por sua enunciação, pre-
tende definir a maneira pela qual é preciso enunciar, a única que esteja de
acordo com o universo que ele instala.
O enunciador não está lidando com a língua, mas com uma interação
conflituosa de línguas e usos. O “francês” empregado pelas Provinciais
delimita seu espaço ao mesmo tempo contra o latim eclesiástico e contra
o francês de “jargões”, de usos privados. Conflito que é em si mesmo
uma das múltiplas manifestações da luta engajada, nessa essa época,
contra as diversas formas de particularismos, quer se tratasse de regio-
nalismos, do falar dos médicos e dos homens de lei, ou o das preciosas.
O próprio título “Carta escrita a um provincial” resume bem essa dinâ-
mica: o mesmo código abrange Paris e a província. Ou, de preferência,
não existe mais direito de “província” verbal fechada sobre ela mesma:
o conjunto do território deve estar submetido à mesma rede de normas
de discurso, ou seja, de pensamento. Quando Pascal escreve ao final da
terceira Provincial que “são disputas de teólogos e não de teologia”, ele
coloca a existência de uma linguagem neutra em que os conteúdos do
pensamento poderiam se representar idealmente para se submeterem a
julgamento, independentemente dos grupos que gerem o discurso teo-
lógico. Em uma perspectiva da Análise do Discurso, deve-se postular o
inverso: os enunciados do amigo do provincial, longe de serem a ex-
pressão neutra de um Sujeito isento de razão confrontado com os insu-
lares sociais e verbais, implicam eles mesmos uma comunidade reunida
imaginariamente por meio de um mesmo código de linguagem. O fran-

24 Desenvolvemos essa noção de código linguageiro em nosso livro O contexto da obra


literária, capítulo 6.

83
Dominique Maingueneau

cês que as Provinciais empregam não é, portanto, transparente se aceitar-


mos a maneira como ele se põe: sua pretensão à transparência e à neutra-
lidade constitui de fato sua opacidade. Só o fato de argumentar em “fran-
cês” já é parte envolvente na argumentação das Provinciais; por esses con-
ceitos teológicos que não podem ter desempenho em seu próprio espaço,
são esses os aparatos eclesiásticos que se acham em curto-circuito a favor
de uma comunidade unida pela referência à mesma Razão.
A posição de Pascal nesse texto está próxima da do Discours de la mé-
thode, que também recorre ao “francês” invocando contra as instâncias
escolásticas a autoridade das mulheres e a de todos os seres dotados de
razão. Esse francês do Dicionário da Academia é, ao mesmo tempo, porta-
dor e portado pela dinâmica do “esclarecimento”. Portador pela precisão
de suas articulações que são inimigas de todo equívoco (como o mito da
clareza em que um francês obedeceria à ordem “natural” do pensamen-
to)25; mas também portado porque ele encarna de alguma forma a dinâ-
mica do esclarecimento pelo trabalho que foi operado sobre ele pela
Academia e pelos puristas, bem como pelo esforço que devem concluir
os locutores a cada enunciação para chegar o mais próximo possível das
exigências dessa clareza.
A ficção que desenvolve a segunda Provincial é tomada na mesma
dinâmica. De início, reina a obscuridade engendrada por um debate
teológico fechado em seus aparelhos discursivos; intervém, então, o
sensato método de um Sujeito sem opinião pré-concebida que “esclarece
os mais confusos negócios do mundo”, como escreve a mulher do mun-
do na “Réponse du Provincial”26. O leitor acede à luz pelo encadeamento
público de argumentos sob a égide de uma Razão que segue as regras
da abordagem dos geômetras. Ele vê enunciados capciosos contrastan-
do com um Discurso que transcende a diversidade dos tipos e dos gêne-

25 Nunca terminaríamos de evocar os autores que afirmaram a conformidade do francês com


a ordem do pensamento. Arnauld e Lancelot fazem eco disso nas últimas linhas de sua
Grammaire générale et raisonnée (1660), consagradas às figuras de construção: “Eu acrescen-
tarei apenas que não há nenhuma língua que use menos essas figuras do que a nossa, por-
que ela ama particularmente a precisão e exprimir as coisas, na medida do possível, na or-
dem mais natural e mais desembaraçada, sem perder, em relação a alguma outra língua,
em beleza ou em elegância” (p.108). Sobre essa questão ver, por exemplo, o trabalho de
Daniel Mornet, Histoire de La clarté de la langue française. Paris: Payot, 1929.
26 Provinciais, p.379.

84
Argumentação e análise do discurso: reflexões a partir da segunda Provincial

ros e do qual a matemática constitui, ao mesmo tempo, um dos domí-


nios e o exercício por excelência.

CONCLUSÃO

Não poderíamos, portanto, estabelecer o texto como um conteúdo


independente das condições de sua enunciação, nem reduzir a argu-
mentação ao estatuto de meio a serviço de uma persuasão. Em conso-
nância com uma das ideias-chave das correntes pragmáticas, encaramos
o texto não como um enunciado segmentável, mas como a pista de uma
enunciação em que não podemos dissociar a organização dos conteúdos
e a legitimação da cena enunciativa. Em se tratando de obras que, como
as Provinciais, exibem uma estrutura demonstrativa muito convincente,
somos sempre tentados a isolar o encadeamento argumentativo e a hi-
postasiá-lo no núcleo do texto. Mas, do ponto de vista da Análise do
Discurso não se pode determinar o estatuto da trama argumentativa de
um texto sem levar em conta o estatuto da discursividade e da língua
que implica sua enunciação.

REFERÊNCIAS

ARNALD, A. ; LANCELOT, C. Grammaire géneérale et raisonnée. Paris: Republications


Paulet, 1969 (1ère éd. 1660).

_________. La Logique ou l’art de penser. Paris: Flammarion, 1970 (1ère éd. 1662).

DUCROT, O. A propos de la seconde Provinciale. Langue française, Paris: n.12, 1971.

_________. Note sur l’argumentation et l’acte d’argumenter. Cahiers de linguistique


française, Genève: n.4, 1982.

DUCROT, O. & ANSCOMBRE, J-C. L’Argumentation dans la langue. Liège: P.Mardage,


1983.

_________. Le dire et le dit. Paris: Minuit, 1984 [O dizer e o dito. Campinas: Pontes, 1987].

GARDIN, J-C. Les analyses de discours. Paris: Delachaux et Niestlé, 1974.

85
Dominique Maingueneau

MAINGUENEAU, D. Genèses du discours. Liège: P.Mardaga, 1984 [Gênese dos discursos.


Curitiba, Criar, 2005].

_________. Langue et discours , La linguistique et son double. DRLAV: n.39, 1988.

_________. Le contexte de l’œuvre littéraire: enonciation, écrivain, société. Paris: Dunod,


1993 [O contexto da obra literária. São Paulo: Martins Fontes, 2001].

PASCAL, B. Œuvres complètes. Paris: Le Seuil, 1963.

Tradução: Eduardo Lopes Piris e Moisés Olímpio Ferreira

86
SOBRE

: os organizadores, autores e tradutores

R oberto Leiser Baronas possui graduação em Letras pela Universidade


Federal de Mato Grosso, Campus de Pontal do Araguaia (1994) e douto-
rado em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulis-
ta, UNESP, Campus de Araraquara (2003). É Professor Adjunto III da Univer-
sidade Federal de São Carlos, lotado no Departamento de Letras. Participa
como pesquisador do Centro de Estudos FEsTA - Fórmulas e estereótipos:
teoria e análise, no âmbito do IEL - Unicamp. Tem experiência na área de
Linguística e Formação de Professores com ênfase nos domínios da Análise
do Discurso e da Filosofia da Linguística, atuando principalmente nos seguin-
tes temas: análise do discurso, discurso político, derrisão, interpretação, leitu-
ra e epistemologia da linguística. É lider do Grupo de Estudos Laboratório de
Estudos Epistemológicos e de Discursividades Multimodais – LEE-
DIM/CNPq. É organizador, autor e tradutor de diversos livros e artigos no
domínio da Análise do Discurso de orientação francesa. Bolsista de Produti-
vidade em Pesquisa do CNPq nível 2.

V aldemir Miotello possui graduação em Filosofia pela Pontifícia Univer-


sidade Católica do Rio Grande do Sul [Seminário Maior de Viamão]
(1974), mestrado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas
(1996) e doutorado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas
(2001). É Professor Associado da Universidade Federal de São Carlos, lotado
no Departamento de Letras. Tem experiência na área de Linguística, com
ênfase em Estudos Bakhtinianos e Teoria e Análise de Linguagem, atuando
principalmente nos seguintes temas: Estudos bakhtinianos; linguagem e soci-
edade; filosofia da linguagem; linguagem e ideologia. É lider do Grupo de
Estudos dos Gêneros do Discurso – GEGE/CNPq. É organizador, autor e tra-
dutor de diversos livros e artigos no domínio dos estudos bakhtinianos.
A nna Flora Brunelli há treze anos é professora da área de Língua Portu-
guesa do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários do Instituto
de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), da UNESP, Câmpus de São
José do Rio Preto (SP). Mestre e Doutora em Linguística, pela Universidade
Estadual de Campinas, tem trabalho com a Análise do Discurso de linha francesa,
especialmente com a abordagem interdiscursiva proposta por Maingueneau.

A lexandre Ferreira da Costa possui graduação em Letras pela Universi-


dade Federal do Rio Grande do Sul (1994), mestrado em Linguística pela
Universidade de Brasília (1999) e doutorado em Linguística Aplicada pela Uni-
versidade Estadual de Campinas (2007). É professor da Universidade Federal
de Goiás desde 1998 e atua na formação de professores. Atualmente, suas pes-
quisas e orientações concentram-se em dois temas: a nova ordem de discurso
da educação nacional e as práticas religiosas brasileiras da modernidade tardia.

A lice Krieg-Planque professora de Ciências da Informação e da Comunica-


ção na Université Paris-Ést Créteil, é membro do Centre d’Étude des Dis-
cours, Images, Texts, Ecrits et Communications (Céditec). Sua pesquisa se con-
centra nos discursos políticos, midiáticos e institucionais contemporâneos, que
são analisados articuladamente, com base em uma proposta metodológica que
aproxima categorias linguísticas e discursivas dos estudos comunicacionais.

C arlos Turati tem experiência na área de Linguística. Atua nas áreas: ensi-
no de língua materna, literaturas, produção e recepção de textos. Atual-
mente é mestrando em Linguística pelo PPGL - UFSCar sob a orientação do
Prof. Dr. Valdemir Miotello. É bolsista FAPESP e desenvolve pesquisa abor-
dando o tema do discurso citado e da fotografia de imprensa como enunciado
reproduzido. Participa do Grupo de Estudos dos Gêneros do Discurso - GEGe.

D ominique Maingueneau professor de Linguística na Université Paris-


Ést Créteil, é membro do Centre d’Étude des Discours, Images, Texts,
Ecrits et Communications (Céditec). Autor de diversos livros que tratam da
epistemologia da Análise do Discurso é co-organizador com Patick Charau-
deau do Dicionário de Análise do Discurso, entre outras publicações.

E duardo Lopes Piris possui graduação em Letras com habilitação em Por-


tuguês pela Universidade de São Paulo (2001) e mestrado em Semiótica e
Linguística Geral pela mesma Instituição de Ensino (2006). Tem experiência
acadêmica na área de Linguística, trabalhando com as teorias do discurso.

304
Lecionou na rede oficial de ensino básico e nos cursos de Letras e de Pedagogia
da antiga Faculdade Montessori de Ibiúna. Atualmente, é doutorando em Filo-
logia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo e docente da área de
Língua Portuguesa do Departamento de Letras e Artes da Universidade Esta-
dual de Santa Cruz. Também é editor da recém-criada Revista EID&A.

H eloisa M. Mendes possui licenciatura plena em Letras pela Universida-


de de Franca (2002), mestrado em Linguística pela Universidade Federal
de Uberlândia e Diploma de Español como Lengua Extranjera - DELE (Nivel
Superior). Realizou Curso de Español - Lengua y Cultura na Universidad de
Salamanca/ Espanha. Tem comprovada experiência em docência de nível supe-
rior nas áreas de Letras e Turismo e Hotelaria, com ênfase em Linguística, Lin-
guística Aplicada, Prática de Ensino de Língua Estrangeira, Metodologia de
Ensino de Língua Estrangeira e Língua Espanhola. Atualmente, é professora do
Instituto de Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia.

H élio Pajeú doutorando do Programa de Pós-Graduação em Linguística


da Universidade Federal de São Carlos, na linha de pesquisa Linguagem
e Discurso. Mestre em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos.
Graduado em Biblioteconomia e Ciência da Informação pela Universidade
Federal de São Carlos. É membro do Grupo de Estudos dos Gêneros do Discur-
so (GEGe) e participa do grupo de pesquisa Ethos, Linguagem e Construção da
Identidade (UFSCar). Desenvolve pesquisa na área de Teoria e Análise Linguís-
tica e da Informação, com ênfase nos Estudos Bakhtinianos, Análises Documen-
tárias, Documentação, Organização da Informação e Estudos Culturais.

K átia Menezes de Sousa possui graduação em Letras Português Inglês


pela Universidade Federal de Goiás (1988), mestrado em Letras e Lin-
guística pela Universidade Federal de Goiás (1995) e doutorado em Linguísti-
ca e Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesqui-
ta Filho (2002). Atualmente é Professor Adjunto IV da Universidade Federal de
Goiás, Membro de corpo editorial da Signótica, Membro de corpo editorial da
Linguasagem, Membro de corpo editorial da Memória Conquistense e Coorde-
nação do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Letras/UFG. Tem expe-
riência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada. Atuando
principalmente nos seguintes temas: ensino, gêneros discursivos, redação.

L ucília Maria de Sousa Romão possui graduação em Letras (1988) pelo


Centro Universitário Barão de Mauá de Ribeirão Preto e doutorado direto
(2002) em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribei-

305
rão Preto da Universidade de São Paulo e Livre-docência em Ciência da In-
formação pela mesma instituição. É docente com dedicação exclusiva da Uni-
versidade de São Paulo, onde dá aulas e orienta alunos de graduação, mes-
trado, doutorado e supervisiona pós-doutorado. É bolsista 2 do CNPq (2009).
Parecerista ad hoc do CNPQ e FAPESP; membro de ABRALIN, ALED, AL-
FAL, GEL e GT de Análise do Discurso da ANPOLL. Especialista em Análise
do Discurso atua principalmente na investigação de materialidades discursi-
vas ligadas aos seguintes temas: memória, mídia, questão agrária, textualida-
de digital e leitura. Publicou livros, além de artigos em revistas científicas e
capítulos de livros. Coordena o Grupo de Pesquisa Discurso e memória: mo-
vimentos do sujeito, cadastrado junto ao Diretório de Grupos do CNPQ, e o
E-L@DIS, Laboratório Discursivo - sujeito, rede eletrônica e sentidos em mo-
vimentos, financiado pela FAPESP.

M arize Mattos Dall'Aglio-Hattnher possui graduação em Licenciatura e


Bacharelado em Letras (Tradutor) pela Faculdade Ibero Americana
(1982), mestrado em Linguística e Língua Portuguesa pela Universidade Es-
tadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1989) e doutorado em Linguística e
Língua Portuguesa pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho (1995). Pós-doutorado na State University of New York (2000-2001) e na
University of Amsterdam (2009-2010). Atualmente é professor assistente dou-
tor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É membro
titular do conselho da Functional Grammar Foundation. É bolsista 2 do CNPq
(2010). Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análi-
se Linguística, atuando principalmente nos seguintes temas: funcionalismo,
modalidade e evidencialidade.

M oisés Olímpio Ferreira possui graduação e mestrado em Letras Clássi-


cas e Vernáculas pela Universidade de São Paulo - USP; é doutorando
na área de Filologia e Língua Portuguesa; pela mesma Universidade, com
ênfase na Análise do Discurso e Argumentação. Com bolsa sanduíche da CA-
PES, realizou em 2009/2010 estágio na França, nas Universidades Lumière Lyon
2 e Catholique de Lyon. Pertence ao projeto de pesquisa: Retórica e argumenta-
ção: exames de procedimentos discursivos, ao GERAR (Grupo de Estudos de
Retórica e Argumentação da USP) e ao corpo editorial da EID&A (Revista Ele-
trônica de Estudos Integrados em Análise do Discurso e Argumentação).

P edro Navarro leciona no curso de Graduação em Letras da Universidade


Estadual de Maringá, desde 1996, e no programa de Pós-Graduação em
Letras da UEM. Doutorou-se em Linguística e Língua Portuguesa pela U-

306
NESP de Araraquara, SP, em 2004. Desde 1992, vem realizando pesquisas
voltadas à produção de discursos determinados por sentidos advindos de
lugares institucionais constituídos pelo pedagógico, pelo religioso e pelo mi-
diático. Adota como dispositivo teórico-metodológico as noções e os conceitos
erigidos pela Análise do Discurso francesa, a partir de uma perspectiva que con-
sidera o diálogo entre esse campo, a Filosofia e a História, representados, respec-
tivamente, por Michel Pêcheux, Michel Foucault e Michel de Certeau. Seu tema
de pesquisa abarca a relação discurso, sentido e mídia, com a finalidade de anali-
sar práticas discursivas de produção de identidade do feminino e do masculino
em textos verbais e imagéticos que circulam na mídia brasileira contemporânea.

R enata Odoríssio graduada em Ciências Sociais pela UNICAMP, em 1997


retorna de um ano sabático na Europa e começa a atuar no ensino de
línguas estrangeiras e em tradução. Integrou o corpo docente do SENAC em
São Paulo, colaborando na implantação de cursos de línguas. Em 2005 conclu-
iu a especialização em Tradução no Centro Interdepartamental de Tradução e
Terminologia (CITRAD) da USP. No Canadá, em 2006, participou do progra-
ma de intercâmbio de professores de francês, oferecido pelo Ministério das
Relações Internacionais do Quebec e pela Universidade de Montreal. Atual-
mente desenvolve pesquisa em Linguagem Humana e Tecnologia inscrita no
programa de pós-graduação de Linguística da UFSCar. Atua ainda como
tradutora, revisora e professora de línguas.

S amuel Ponsoni graduado no curso de licenciatura plena em Letras com


habilitação Português / Inglês da Universidade de Ribeirão Preto UNA-
ERP (2008), possui ainda especialização lato sensu em língua portuguesa, lin-
guística e literatura pela Universidade de Ribeirão Preto UNAERP (2009) e
mestrado pela Universidade Federal de São Carlos UFSCar (2011). Atualmen-
te, é doutorando em linguística também pela Universidade Federal de São
Carlos UFSCar (2009/2010) e, além disso, membro participante do Laboratório
de Estudos Epsitemológicos e de Discursividades Multimodais – LEE-
DIM/UFSCar/CNPq.

S idnay Fernandes dos Santos possui Mestrado em Linguística pela Univer-


sidade Federal de São Carlos (2010), Especialização em Literatura Brasilei-
ra pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (1997) e Graduação em
Letras pela Universidade do Estado da Bahia (1994). Cursa Doutorado em
Linguística (Área de concentração: Estudos Linguísticos) no Programa de Pós-
Graduação em Linguística da Universidade Federal de São Carlos. Trabalhou
como professora titular da área de Língua Portuguesa - ensino fundamental e

307
médio - na rede estadual da Bahia, Instituto de Educação Anísio Teixeira,
durante quatorze anos. Atualmente é Professora Auxiliar de Língua Portu-
guesa da Universidade do Estado da Bahia e pesquisadora do Grupo de Pes-
quisa Cultura, Sociedade e Linguagem. Tem experiência na área de Linguísti-
ca, com ênfase em Análise do Discurso.

S írio Possenti graduado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica


do Paraná (1969), fez mestrado em Linguística na Universidade Estadual
de Campinas (1977) e doutorado em Linguística também na Universidade
Estadual de Campinas (1986). Atualmente, é professor livre-docente (associa-
do) no departamento de Linguística da Universidade Estadual de Campinas.
É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq nível 1 B. Tem experiência
na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística, atuando
principalmente na sub-área Análise do Discurso, em especial nos campos do
humor e da mídia.

S olange Mittman é professora Adjunto da Universidade Federal do Rio


Grande do Sul, atuando na Linha de Pesquisa Análises Textuais e Discur-
sivas do PPG-Letras, como orientadora de mestrado e doutorado, e nas disci-
plinas de Língua Portuguesa do curso de Graduação em Letras. Membro do
Grupo de Estudos e Pesquisa em Análise do Discurso - GEPAD-RS. Coordena
o projeto de pesquisa; Redes de memória: contatos entre discursividades con-
temporâneas, focalizando temas sociais da contemporaneidade, o funciona-
mento de hipertextos e a tradução.

S ônia Aparecida Lopes Benites é graduada em Letras Anglo-portuguesas


pela Universidade Estadual de Maringá (1975), mestre em Letras (área de
concentração Linguística) pela Universidade Federal de Santa Catarina (1978)
e doutora em Letras (área de concentração Filologia e linguística portuguesa)
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1995). É profes-
sora de graduação e pós-graduação na Universidade Estadual de Maringá.
Desenvolve pesquisas em duas linhas: Ensino-aprendizagem de línguas e
Estudos do Texto e do Discurso. No âmbito da primeira, participa do projeto
Linguística e formação de professores e orienta sobre os temas: ensino-
aprendizagem de língua materna; formação do professor; interação em sala
de aula. Em relação à segunda linha, interessa-se por trabalhos que contem-
plam o conceito de heterogeneidade do sujeito e de seu discurso. Desde a
realização de seu pós-doutorado, vem se dedicando ao estudo das condições
de funcionamento dos textos-fórmula (provérbios, máximas, slogans, entre
outros). É pesquisadora colaboradora no IEL/Unicamp, onde integra o grupo

308
de pesquisas Fórmulas e Estereótipos: Teoria e Análise (FEsTA). Participa,
igualmente do GEPOMI Grupo de Estudos Político-midiáticos (UEM) e Leitu-
ra e Literatura na Escola (Unesp Assis/ UEL/ UEM/ UFMS/ PUC-RS/ UFG).

S ophie Moirand professora de linguística geral e aplicada na Université


Sorbonne Nouvelle – Paris III desde 1985. É autora de inúmeros livros e
artigos no domínio da Análise do Discurso. Publicou recentemente o livro Les
discours de la presse quotidienne. Observer, analyser, comprendre. Paris, Presses
Universitaires de France, 2007, reimpresso em 2008 e traduzido para o árabe e
para o Libanês em 2009 e em português o artigo Discursos sobre a ciência e posi-
cionamentos ideológicos: retorno sobre as noções de formação discursiva e de memória
discursiva em BARONAS, R. L. Análise do discurso: apontamentos para uma
história da noção-conceito de formação discursiva. São Carlos, SP: Pedro &
João Editores, 2007.

V irgínia Rúbio Scola atualmente formada em Licenciatura em português


na Facultad de Humanidades y Artes, Universidad Nacional de Rosario
(UNR), Argentina. Desenvolve atividades como monitora das disciplinas:
Linguística e Língua e Gramática Portuguesa II na mesma universidade. Tem
experiência na área de Linguística, atuando principalmente nos seguintes
temas: análise do discurso, gêneros de texto, sócio-interacionismo discursivo.
Participa dos projetos de pesquisa: Análisis de géneros textuales para la ense-
ñanza de la lengua extranjera y la traducción (portugués/español) e Análisis
interlinguístico de géneros textuales: el caso del resumen de ponencia sob a
orientação de Florencia Miranda, na Facultad de Humanidades y Artes, UNR.
Cursa o mestrado sob a orientação de Roberto Leiser Baronas, na área Lin-
guagem e Discurso no Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL),
da Universidade Federal de São Carlos.

309

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