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AUTOR
_____________________________
(Supervisor)
Júri
Presidente: Professor Doutor Francisco Vieira
Supervisor: Mestre Rosaque João Guale
Oponente: Eng° Ezequiel Fernandes Carvalho, MSc
Melhoramento da Simulação Hidrológica na Albufeira de Cahora
Bassa, Bacia do Zambeze, Moçambique
Declaração
Eu, Samito Joaquim Naife, Declaro por minha honra, que a presente Tese é resultado
da minha própria investigação, e das orientações do supervisor, o conteúdo é original e
todas as fontes consultadas, foram devidamente mencionadas e nunca foi submetida
para outro grau que não seja o indicado – Licenciatura em Engenharia Hidráulica, no
Instituto Superior Politécnico de Songo (ISPSongo).
Assinatura
---------------------------------------------------
Índice
Declaração ....................................................................................................................... I
Lista de Figuras ............................................................................................................... V
Lista de Gráficos ............................................................................................................. V
Lista de Tabelas ............................................................................................................. VI
Lista de Abreviaturas..................................................................................................... VII
Lista de Símbolos ........................................................................................................... IX
Dedicatória ..................................................................................................................... XI
Agradecimentos ............................................................................................................ XII
Resumo ........................................................................................................................ XIII
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 1
1.1 Generalidades .................................................................................................... 1
3.2 Geomorfologia.................................................................................................. 35
Lista de Figuras
Figura 2-1: Representação conceptual do balanço hídrico (Fonte: Carmo Vaz, s/d) ...... 5
Figura 2-2: Curva-guia da barragem de Cahora Bassa (Fonte HCB: 2008).................. 33
Figura 3-1: Localização geográfica da albufeira de Cahora Bassa (Fonte: adaptado de
Guale, 2004) ................................................................................................................. 34
Figura 4-2: Metodologia geral adaptada para o estudo ................................................. 39
Figura 4-3: Visão geral do Menu de calibração do modelo WAFLEX ........................... 42
Lista de Gráficos
Gráfico 5-1: Caudais corrigidos por eliminação do sinal negativo ................................. 46
Gráfico 5-2: Caudais corrigidos a partir de médias movidas centradas em três dias .... 47
Gráfico 5-3: Comparação entre os métodos aplicados para correcção dos caudais
brutos ............................................................................................................................ 48
Gráfico 5-4: Calibração da cota e a capacidade de armazenamento da albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 51
Gráfico 5-5: Calibração do caudal descarregado e caudal efluente na albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 52
Gráfico 5-6: Relação entre caudais afluente e efluente com o volume armazenado na
albufeira de Cahora Bassa ............................................................................................ 54
Gráfico 5-7: Relação entre caudais afluente e efluentes com o volume armazenado em
períodos críticos ............................................................................................................ 54
Gráfico 5-8: Relação entre caudal afluente e a cota da albufeira de Cahora Bassa ..... 55
Gráfico 5-9: Relação entre volume afluente e volume de precipitação na albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 56
Gráfico 5-10: Relação entre volume efluente e volume evaporado na albufeira de
Cahora Bassa ............................................................................................................... 57
Gráfico 5-11: Comparação entre as efluências de Kariba e Kafué com as afluências
estimada na albufeira de Cahora Bassa na base do balanço hídrico ........................... 58
Lista de Tabelas
Lista de Abreviaturas
AB Abertura de Turbinas
ABM Abertura de Descarregador de Meio Fundo
AI Abertura de Descarregador da Superfície
AMC Condição de humidade antecedente
ARA - Zambeze Administração Regional de Águas do Zambeze
BH Balanço Hídrico
CBS Cahora Bassa Central Sul
NME Nível Mínimo de Exploração
NMC Nível de Máxima Cheia
NPA Nível no Pleno Armazenamento
CN Número de Escoamentos
DGO Direcção de Gestão da Operação
DGO-GH Direcção de Gestão da Operação – Gestão Hidráulica
DNA Direcção Nacional de Águas
DSI Direcção de Sistema de Informação
EMA Estação Meteorológica Automática
HCB Hidroeléctrica de Cahora Bassa
HEC Centro de Engenharia Hidrológica
HMS Sistema de Modelação Hidrológica
HP Hidrotécnica Portuguesa
TM Tempo de Manobra
WAFLEX Modelo Hidrológico - Bacia de Drenagem e Distribuição de Água
WHAT Ferramentas de análise hidrográfica baseadas na web
WMO Organização Mundial Meteorológica
Lista de Símbolos
Dedicatória
Agradecimentos
A minha mãe por ter-me educado com amor e dedicação e por ser exemplo de vida
para mim.
Aos meus irmãos, Elcídio, Clara e minha sobrinha, Marisa, e primo, Gildo, pela torcida
das minhas conquistas.
À HCB por ter disponibilizado a vaga para a realização do estágio profissional e pelo
fornecimento de dados importantes para a realização do trabalho.
Ao Eng° José Rodrigues Matola (Hidrólogo Sénior, HCB) que se demonstrou sempre
disponível a colaborar de forma excelente no meu processo de aprendizagem e
conhecimento transmitido de forma interessante e pela paciência durante a minha
formação académica.
Agradeço ao meu amigo Manuel Marcelino, Márcio de Nino, Idílio Massango e Wilson
Saul que estiveram sempre presente nos melhores e piores momentos.
Aos meus colegas e amigos que de forma directa ou indirecta contribuíram ao longo
do percurso académico para a minha formação.
Resumo
O modelo WAFLEX foi proposto nesta Tese. A sua configuração foi baseada nas
operações correntes na Hidroeléctrica de Cahora Bassa com referência de dados de
exploração diária da albufeira, no período hidrológico de 2000 a 2015, período que
representa uma exploração do empreendimento de Cahora Bassa em plena potência
de geração de energia após a reposição das linhas de transmissão de energia à África
do Sul.
1 INTRODUÇÃO
1.1 Generalidades
Segundo Campos (2009) a água é o líquido mais abundante na Terra, existe uma
quantidade enorme, estimada em cerca de 1.600 milhões de Km3. Aproximadamente
15% desta água está quimicamente ligada à crusta terrestre, a sua quantidade livre é
cerca de 1.386 milhões de Km3, é ainda, parte integrante dos seres vivos e essencial à
vida. Um atributo notável da água é ser um bem de múltiplos usos, destinando-se aos
mais diversos fins, como abastecimento público, geração de energia eléctrica,
navegação, suprimento industrial, crescimento de culturas agrícolas, conservação da
flora e da fauna, recreação e lazer. Além disso, recebe, dilui e transporta esgotos
domésticos, efluentes industriais e resíduos das actividades rurais e urbanas (Hipólito &
Vaz, 2011).
Segundo Guale (2004) a albufeira de Cahora Bassa teve o seu enchimento pleno em
1975 na sequência da construção da barragem. A albufeira apresenta uma capacidade
de armazenamento máxima de 65 km3, e o volume útil de 52 km3 de água, com 270 km
de comprimento, 30 km de largura máxima e 2.900 km2 de superfície ao nível de
máxima cheia, e Silva (1996) apresenta um volume morto cerca de 4.000 m3
correspondente ao volume situado a cota 256,5 m e 295 m.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Introdução
Segundo Lencastre & Franco (2006) uma equação de balanço hídrico relaciona as
entradas e saídas (afluências e efluências), ocorridas num determinado espaço e
durante um certo período de tempo, com variação do volume do mesmo líquido no
interior de espaço, durante o intervalo do tempo referido. Constitui assim uma forma da
equação de continuidade.
∆𝑆
= 𝐼(𝑡) − 𝑂(𝑡) (2.1)
∆𝑡
onde:
I (t) – afluências;
O (t) – efluências;
Figura 2-1: Representação conceptual do balanço hídrico (Fonte: Carmo Vaz, 1990)
Onde:
𝑃 − (𝑄 + 𝐸 + 𝑇 + 𝐺) = ∆𝑆 (2.5)
∆𝑆
𝑃 − (𝑄 + 𝐸𝑇 + 𝐺) = (2.6)
∆𝑡
Onde:
ET – evapotranspiração (mm/dia);
∆𝑆
[(𝑃 − 𝐸𝑇) × 𝐴 − (𝑄 + 𝐺)] = (2.7)
∆𝑡
∆𝑆
[(𝑃 − 𝐸𝑇) × 𝐴 − 𝑄] = (2.8)
∆𝑡
Onde:
2.2.1 Afluências
a) Precipitação
Esses métodos são média Aritmética, Polígono de Thiessen e Isoieta (Almeida, 2010).
A tabela 2-1 ilustra as vantagens e desvantagens de cada método de estimativa de
precipitação.
Teoricamente é o método
mais preciso;
É o método mais
Permite a visualização da
trabalhoso dos métodos;
variação espacial da
requer muita prática;
Isoietas precipitação ao longo da área;
O procedimento de
Os pluviómetros colocados
cálculo pode ter erro
fora mas próximos ao limite da
subjectivo
área podem ser utilizados nos
cálculos
b) Escoamento
O escoamento em uma albufeira inclui toda a água que entra através de rios, riachos
directo por escoamento superficial. São calculados considerando os escoamentos
medidos e não medidos na bacia hidrográfica (Phiri, 2011).
Segundo Lencastre & Franco (2006) o escoamento superficial é influenciado por tipo de
solo, factores climatológicos (intensidade e duração da precipitação), factores
fisiográficos (permeabilidade e capacidade de infiltração e topografia do terreno)
Para Phiri (2011) grande parte dos escoamentos na bacia do Zambeze permanece não
medido, necessitando a estimativa do escoamento dessas áreas. Os registros de
caudais na bacia do Zambeze são espacialmente incompletos por uma razão: porque
as estações hidrométricas são normalmente por vários quilómetros a montante das
afluências, deixando lacunas espaciais em dados para descrever o caudal na área
perto da albufeira.
1) Método racional
2.2.2 Efluências
a) Evaporação
Assume que a
evaporação é
uniforme sobre toda a
Integra todos os área de superfície do
Tanque de evaporação
vários efeitos físicos lago e que a taxa de
evaporação é
também uniforme ao
longo do ano
Mais detalhada do Não tem em conta o
que outros métodos; efeito da variação do
Penman Usa rotineiramente teor de calor na
colectados dados massa de água
meteorológicos, durante a estação de
b) Descargas
2.3.1 Precipitação
a) Média aritmética
Vaz (1990) afirma que método da média Aritmética consiste em igualar a precipitação
sobre a região à média aritmética dos valores registados nos vários postos existentes
na região e próximos dela. É um método muito grosseiro que apenas deve ser usado
se os postos se distribuírem uniformemente na região e o valor de cada um não se
afastar muito do valor médio. A equação é a seguinte (Vaz, 1990):
1
𝑃̅ = ∑𝑛𝑖=1 𝑃𝑖 (2.9)
𝑛
Onde:
b) Método de Thiessen
𝐴 ×𝑃 +𝐴 ×𝑃 +⋯+𝐴𝑛 ×𝑃𝑛
𝑃̅ = 1 1 2 2 (2.10)
𝐴1 +𝐴2 +⋯+𝐴𝑛
Onde
c) Método de isoietas
De acordo com o mesmo autor o método das isoietas é, como o método de Thiessen,
um método de base gráfica. Para se calcular a precipitação na região, é necessário
começar por traçar as isoietas (linhas de igual precipitação). Para tal, pode utilizar-se o
seguinte procedimento:
Consideram-se estações próximas 2 a 2;
Admite-se que entre 2 estações próximas a precipitação varia
linearmente;
Determinam-se assim pontos de ocorrência de determinados valores de
precipitação P1, P2, etc.;
As isoietas traçam-se unidas por curvas pontos com o mesmo valor de
precipitação.
Designando por Ai a subárea da região localizada entre as isoietas Pi e Pi+1, a
precipitação ponderada na região é dada por (Vaz, 1990):
1 𝐴 (𝑃 +𝑃 )
𝑃̅ = ∑𝑛𝑖=1 𝑖 𝑖 𝑖+1 (2.11)
𝑛 2×𝐴𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙
a) Método racional
Ramos (2012) descreve que o método racional baseia-se em uma fórmula empírica
para calcular o caudal de máximo de uma determinada bacia, considerando uma
secção de estudo. O escoamento pode ser estimado por:
Em que:
C – coeficiente de escoamento;
I – intensidade da chuva (m/s);
A – área de contribuição (m2);
Q – caudal de máxima cheia (m3/s).
0,385
𝐿3
𝑡𝑐 = 57 × ( 𝐻 ) (2.14)
0,277𝑘𝐴ℎ𝑢
𝑄= (2.15)
𝑇𝑝
Onde:
Para (ℎ > ℎ0 )
(ℎ−ℎ0 )2
ℎ𝑢 = (2.16)
ℎ+4ℎ0
Para (ℎ > ℎ0 )
ℎ𝑢 = 0
Em que:
h – precipitação total da chuvada considerada;
h0 – perdas iniciais da chuvada, antes de iniciar o escoamento da superfície, e calcula-
se com a expressão
5080
ℎ0 = − 50,8 (2.17)
𝐶𝑁
CN – número de escoamentos.
1
𝑇𝑝 = 𝑇𝑟 + 0,6 × 𝑇𝑐 (2.18)
2
Tr – duração da precipitação (s);
ℎ
𝑇𝑟 = 𝑇 − ℎ(𝑇)0⁄𝑇 (2.19)
2.3.3 Evaporação
A fórmula de Penman foi estabelecida com base no balanço hídrico energético, estima
a evaporação da superfície liquida.
Segundo Vaz (1990) o método de Penman oferece o melhor compromisso entre uma
base teórica suficientemente sólida e a facilidade de aplicação prática. O método deve
ser usado para períodos da ordem de 7-10 dias e nunca em períodos superiores a 1
mês (para que ΔQ ≈ 0).
A fórmula de Penman foi estabelecida com base no balanço energético, em lagos tais
que se possa aceitar (Lencastre & Franco, 2006):
∆𝑄 + 𝑄𝑣𝑒 − 𝑄𝑣 = 0 (2.20)
Segundo Lencastre & Franco (2006) e Vaz (1990) a fórmula de Penman para cálculo
da evaporação a uma pressão atmosférica correspondente a 1000 mbar é a seguinte:
∆
𝐻 𝐴+𝐸𝑎
𝐸= ∆ (2.21)
+1
𝐴
De acordo Vaz (1990) para pressões atmosféricas diferente de 1000 mbar, substitui-se
na expressão (2.21), o parâmetro adimensional 𝛥/𝐴 por 𝛥/𝐴’, sendo:
∆ ∆ 1000
= × (2.22)
𝐴′ 𝐴 𝑃𝑎
Em que:
Δ/A’- parâmetro adimensional de Penman para pressões atmosféricas variáveis;
Pa - pressão atmosférica (mbar).
𝐴𝑙𝑡
𝑃𝑎 = 101,3 × 𝑒 − 8.4 (2.23)
Para Lencastre & Franco (2006) a radiação útil em altura de água 𝑁 é determinada
dividindo a radiação útil 𝑄n pelo produto de densidade da água 𝜌 e calor latente de
vaporização 𝑙.
𝑄𝑛
𝐻= (2.25)
𝜌𝑙
𝑄𝑛 = 0,890𝑄𝑠 − 56 (2.26)
Onde
Qs – radiação solar incidente (cal/cm2).
Segundo Vaz (1990) radiação solar de incidente pode ser medido directamente através
de instrumentos como o piranómetro. No entanto, são pouco frequentes as estações
meteorológicas em que essa medição é feita. Na província de Tete existe apenas um
piranómetro na Estação Meteorológica de Tete. Por essa razão, faz-se então a
Esse método analítico a Hidroeléctrica de Cahora Bassa não aplica para a estimativa
de evapotranspiração no balanço hídrico, sendo assim propõe-se aplicação no
presente trabalho de pesquisa porque oferece o melhor compromisso entre uma base
teórica suficientemente sólida e a facilidade de aplicação prática e usa rotineiramente
dados meteorológicos colectados, como velocidade do vento e temperatura.
Segundo Vaz (1990) para além do método analítico referido no ponto anterior, a
evaporação pode ser medida directamente. Os instrumentos mais usados para esse
efeito são o evaporímetro e a tina evaporométrica.
O mesmo autor afirma que todos estes factores induzem com que a evaporação na tina
seja bastante superior à evaporação que se verifica na albufeira. Por este motivo, a
evaporação medida na tina deve ser multiplicada por um coeficiente de redução para
se obter a evaporação na albufeira. Este coeficiente é chamado de “coeficiente de tina”
e é inferior à unidade.
A tina evaporométrica utilizada actualmente na estação meteorológica convencional do
Songo encontra-se no Anexo 3 na imagem A3-1.
Em que
Ktina – coeficiente da tina;
Etina – evaporação na tina.
Além disso, a proximidade espacial é como uma medida de similaridade comum usada
em técnicas de regionalização e supõe-se que bacias fechadas têm condições de
regime de escoamento semelhantes, clima (uso do solo, tipo de solo e características
topográficas) (Kaka, 2012).
Tabela 2-3: Sumário de critérios para escolha do modelo hidrológico (adaptado depois de Guale, 2015)
Modelo HEC-HMS (Campos, 2009; US Army WAFLEX (Guale, 2015) SWAT ( Guale, 2015; Neitsch et al.,
Corps of Engineers, 2010) 2009)
Aspecto de Modelo desenvolvido para simular os Modelo hidrológico muito simples que Bom modelo para processos
aplicação e processos de precipitação- usa a plataforma de folha de Microsoft hidrológicos e variabilidade de recursos
de gestão escoamento em bacias hidrográficas Excel para simular um complexo sistema hídricos. Foi desenvolvido para
1
dendríticas . Esse programa simula fluvial. prognosticar o impacto de boa prática
problemas hídricos em uma bacia O modelo é muito forte para modelar a de gestão de recursos hídricos e
hidrográfica e pode simular cheias distribuição de água, a operação da produção de sedimentos, efeito de
para eventos de chuvas curta barragem e gestão de albufeiras. albufeiras a operação de quantidade e
duração e longa duração. qualidade de água.
Principais Gestor de dados temporais Precipitação, evaporação, afluências. Modelo digital de elevação, uso de solo
dados (pluviométrica, estações de níveis e Características da albufeira e regras de e terra, clima e dados de qualidade de
requeridos evaporométricas);gerir dados operação da barragem. água; características e operação de
hidrológicos (curvas cota x volume, estado de reservatórios, a demanda de
curvas cota x caudal); gerir dados de água de usuário.
chuvas obtidas de radares.
Entrada Baseia-se em equações para O modelo é baseado em balanço Baseia-se na equação do balanço
chave e componentes que modelam o hídrico. O caudal do rio é calculado a hídrico para conteúdo de água no solo;
processo processo hidrológico; partir do montante para jusante na base o volume do escoamento superficial é
O escoamento superficial é calculado das entradas e saídas. calculado usando o SCS número de
usando SCS número de A operação da barragem é baseada na escoamentos.
escoamentos. divisão do armazenamento em
diferentes níveis e a descarga é feita de
acordo com o volume de encaixe
existente.
Saída chave Descarga diária, mensal do rio e Abstracções e Descarga diária, mensal e anual do rio,
nível de água na albufeira armazenamento, volumes e níveis de questão de qualidade de água e nível
água na albufeira. A descarga dos rios de água na albufeira
1
Bacia em forma de espinha de peixe na qual os pequenos riachos vão se juntando, formando rios superiores e afluem para um rio principal na qual se
concentram as vazões escoadas e, em consequência, os recursos hídricos superficiais da área.
∆𝑉
= {[𝑄𝑎𝑓𝑙 + (𝑃 − 𝐸) × 𝐴𝑖𝑛𝑑 − 𝑄𝑒𝑙𝑓 ]} (2.29)
∆𝑡
∆𝑉
= {[(𝑄𝑚𝑒𝑑 + 𝑄𝑛−𝑚𝑒𝑑 ) − (𝑄𝑇 +𝑄𝐷 ) + (𝑃 − 𝐸) × 𝐴𝑖𝑛𝑑 ]} (2.30)
∆𝑡
∆𝑉
𝑄𝑚𝑒𝑑 + 𝑄𝑛−𝑚𝑒𝑑 = + (𝑄𝑇 + 𝑄𝐷 ) − (𝑃 − 𝐸) × 𝐴𝑖𝑛𝑑 (2.31)
∆𝑡
O caudal total afluente à albufeira representa o valor total dos escoamentos afluentes
(rio principal e tributários ao longo da albufeira).
Onde:
a) Escoamentos medidos
c) Precipitação
a) Evaporação
𝑙𝑛−1 − 𝑙𝑛 + 𝑃𝑛 ; 𝑠𝑒 𝑙𝑎𝑛−1 = 0
𝐸𝑑 = { (2.32)
𝑙𝑎𝑛−1 − 𝑙𝑛 + 𝑃𝑛 ; 𝑠𝑒 𝑙𝑎𝑛−1 > 0
b) Descargas
Onde
Qd – caudal descarregado (m3/s);
h – cota da água na albufeira (m).
𝐴𝐼 = 𝐴𝐵 ⁄100 (2.37)
Onde:
QD – caudal descarregado total (m3/s);
Qdi – caudal descarregado parcial (m3/s);
H – cota da albufeira (m);
NH – Numero de horas de funcionamento do descarregador (horas);
TM – tempo de manobra do descarregador (horas);
ABM – abertura do descarregador do meio fundo (%);
AI – abertura do descarregador de superfície (se AI = 0, descarregador aberto; e se AI
= 1, descarregador fechado).
Onde:
Qt (PT,AB) – caudal turbinado de um grupo gerador em m3/s em função de PT e AB;
PT – potência da turbina (MW);
O caudal turbinado total, QT, é a somatória dos caudais turbinados produzidos pelos
geradores. Nesta fase do empreendimento estão em funcionamento 5 grupos
geradores da Central Sul (Silva, 1996).
Onde:
𝐴(ℎ) − Área da superfície inundada (1 x 109m2)
ℎ − Cota da água na albufeira (m).
Segundo HCB (2008) os oito descarregadores do fundo estão inseridos na zona central
do corpo da barragem, tem secção rectangular com dimensões à saída de 7,8 m (altura)
por 6 m (largura), e a soleira é ascendente, com lábios a montante à cota 231 m e a
jusante, à cota 244,3 m, originando um ângulo do jacto de 32° 30’ com a horizontal.
Cada orifício dispõe de quatro tubos de arejamento, dois do lado de montante, com
diâmetro de 1 m, e dois do lado de jusante, com diâmetro de 0,3 m. Os oito
A abertura pode ser manual ou automática, ocorrendo esta quando o nível da água na
albufeira a cota 326 m. O fecho é sempre por comando manual. Por razoes de
segurança deste equipamento, a abertura automática deverá estar sempre activada
(HCB, 2008).
3.2 Geomorfologia
Grande parte da bacia é ocupada por um planalto a uma altitude entre os 1.000 - 1.500
metros. Os planaltos são profundamente cortados pelos vales dos rios afluentes. A
zona central da bacia é dominada por uma topografia ondulante marcada por
montanhas, escarpas e vales de falhas e de erosão (Jessen & Silva, 2008).
O percurso inicial do rio Zambeze, desde a sua nascente até às quedas de Victória, é
relativamente largo, com um gradiente longitudinal moderado. Aqui, o rio precipita-se
cerca de 60 metros, através de uma escarpa talhada por erosão remontante nos
basaltos do Karoo Superior, correndo então num vale estreito e profundo até à albufeira
de Kariba, onde alarga a partir de Batoka Gorge. Desde Victoria Falls até a confluência
com o rio Messenguezi, na margem direita a jusante do Zumbu, exceptuado a zona de
rápidos de Mupata Gorge, a jusante de Kariba, o gradiente mantém-se suave. Daqui
em diante, até à confluência com o rio Luia-Kapoche, na margem esquerda a jusante
de Cahora Bassa, o gradiente aumenta significativamente, suavizando de novo na
região de Tete até à garganta de Lupata, onde se abre para as largas planícies do
baixo Zambeze, meandrizando até atingir a foz em Chinde (Jessen & Silva, 2008).
A Norte da bacia, a precipitação média anual é da ordem dos 1.100 a 1.400mm, que
declina à medida que se caminha para Sul, podendo atingir cerca de metade deste
valor a sudoeste. A precipitação ocorre durante 4 a 6 meses do ano, derivado
sobretudo do movimento do ITCZ (Zona de Convergência Intertropical), sobre a bacia.
A época de maior precipitação em toda a bacia compreende habitualmente os meses
Para Guale (2004) a precipitação anual é mais elevada na parte norte da bacia,
sobretudo no território do Congo, Zâmbia, Malawi e norte da Província de Tete, e tem
atingido valores normais máximos de 1400 mm, enquanto na parte sul da bacia,
sobretudo no território do Zimbabwe e sul da província de Tete, atinge valores normais
máximos da ordem de 500 mm.
A taxa de evaporação é alta (1.600 a 2.300mm) e por esta via ocorre muita perda de
água em extensas regiões planas inundadas e pântanos, especialmente a sudoeste da
bacia (Jessen & Silva, 2008).
4 METODOLOGIA DO ESTUDO
A sua metodologia geral está presente na figura 4-1 e tabela 4-1. Numa primeira fase,
realizou-se o acompanhamento das actividades diárias desenvolvidas pela DAL-GA.
Com ajuda do supervisor, escolheu-se o tema desenvolvido no presente trabalho e
efeituou-se a revisão das bibliografias gerais e especificas disponíveis na DAL-GA e no
Arquivo Técnico da HCB.
O modelo WAFLEX foi proposto a exploração uma vez que é um modelo de balanço
hídrico simples que utiliza a capacidade básica de planilhas para simular conjunto de
sistemas. É fácil de construir e muito transparente como tudo acontece em planilhas do
Microsoft Excel. As estratégias de alocação de água deste modelo baseiam-se na
comparação entre demanda e disponibilidade (Juízo & Lidén, 2010).
O balanço hídrico na albufeira de Cahora Bassa foi o objecto do estudo neste trabalho
de pesquisa e foi calculado pelo modelo WAFLEX que representa o armazenamento do
volume de água na albufeira com base no princípio da conservação de massa. Como
ferramenta para gestão de recurso hídrico, o balanço hídrico tem sido usado para
estimar a disponibilidade de água da albufeira e permitir a tomada de decisão sobre a
alocação de água para diferentes usos.
Os dados dos caudais afluentes foram obtidos através de balanço hídrico na albufeira,
conhecidos o caudal efluente (caudal descarregado mais o caudal turbinado) e a
variação do armazenamento (armazenamento correspondente à cota no fim do dia
menos o armazenamento correspondente à cota no início do dia) esses dados servem
para comparação dos dados simulados por WAFLEX.
A figura 4-3 representa uma visão geral do menu principal do modelo WAFLEX.
WAFLEX MODEL
Para "Melhoramento de Simulacao Hidrologica na Albufeira de Cahora Bassa" , ISPSongo, Songo,2016
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Estas ondas podem induzir a erros na leitura da cota da albufeira, o que se transmite
no erro do cálculo da variação do volume de armazenamento que, por sua vez, pode
induzir a erro no cálculo do caudal afluente. No pior dos casos o erro é tal que
encontramos valores negativos das afluências, o que, em condições normais, é
impossível, já que o limite mínimo das afluências deve ser superior a zero.
A título de exemplo, na tabela 5-1 estão alistados alguns valores de caudais afluentes
não admissíveis calculados através do balanço hídrico diário, em que a origem dos
mesmos deve-se a influência das ondas na leitura das cotas da albufeira.
O gráfico 5-2 ilustra as oscilações dos caudais brutos corrigidos pelo método de médias
movidas centradas de três dias.
Gráfico 5-2: Caudais corrigidos a partir de médias movidas centradas em três dias
Analisando-se os resultados dos dois métodos, pode afirmar-se que cada um deles
atenua as discrepâncias entre os caudais afluentes diários subsequentes de uma
maneira efectiva. No entanto, importa verificar qual dos métodos apresenta o melhor
desempenho. Para tal, criou-se um gráfico de comparação dos hidrogramas resultantes
da aplicação da eliminação de sinal negativo e da correcção dos caudais afluentes a
partir da média movida centrada de três dias.
Gráfico 5-3: Comparação entre os métodos aplicados para correcção dos caudais
brutos
Com base nos resultados obtidos da simulação, observando o gráfico 5-3 conclui-se
que os dois métodos apresentaram ajustamentos satisfatórios, pois apresentaram
afluências positivas em toda série simulada. No entanto, o método da correcção de
caudais afluentes a partir da média movida centrada de três dias apresentou-se mais
efectivo do que o da eliminação do sinal negativo. Pode-se ver que as discrepâncias do
hidrograma resultante da eliminação do sinal negativo contêm oscilações maiores que
as resultantes do hidrograma da correcção do caudal afluente a partir da média movida
centrada de três dias.
As afluências não foram medidas, mas calculadas baseando na cota ou nível de água.
Deste modo, torna-se claro que foram uma fonte de incerteza que contribui para um
menor desempenho do modelo WAFLEX.
Com base nos resultados obtidos pela simulação, o gráfico 5-4 mostra que o
desempenho da capacidade do armazenamento da albufeira de Cahora Bassa está
relacionado com o ano hidrológico e a curva-guia, onde durante os períodos húmidos é
Nesta fase de análise, segundo o gráfico 5-4 pode afirmar-se na base da comparação
temporal que o armazenamento da água na albufeira de Cahora Bassa foi satisfatório
porque garante no mínimo a capacidade útil em quase todos os anos de simulação
(2000-2015).
Todavia, entre 17 de Abril e 01 de Junho de 2001 (46 dias) período que se verificaram
cheias na bacia do Zambeze; 18 de Abril e 01 de Junho de 2010 (45 dias), o volume foi
de 60 Km3 correspondente ao NMC e uma albufeira não pode armazenar água em
permanência acima do NPA, sendo esta uma situação que ocorre apenas durante as
cheias, num intervalo de tempo relativamente curto. Contudo, em certos casos a
albufeira foi explorada a uma cota abaixo do limite mínimo (320.8 m) estabelecido pela
curva-guia da albufeira de Cahora Bassa.
Com base nos resultados obtidos pela simulação, o mínimo das efluências apresentado
na metodologia do estudo, foi reduzido para 1.200 m3/s, durante o período onde as
afluências apresentaram-se relativamente baixas, porque durante a calibração do
Gráfico 5-6: Relação entre caudais afluente e efluente com o volume armazenado na
albufeira de Cahora Bassa
Gráfico 5-7: Relação entre caudais afluente e efluentes com o volume armazenado em
períodos críticos
A título de comprovação do comportamento dos hidrogramas dos gráficos 5-6 e 5-7, o
gráfico 5-8 mostra que os resultados obtidos da simulação no período hidrológico de 01
Outubro de 2000 a 01 Outubro de 2001, num período relativamente de estiagem para
húmido, mostram que as afluências variaram em função das cotas, mas o hidrograma
mostrou oscilações não semelhantes, visto que as afluências foram determinadas na
base do balanço hídrico ou as possíveis descargas durante o período.
Gráfico 5-8: Relação entre caudal afluente e a cota da albufeira de Cahora Bassa
Bassa não traduz a realidade pelo facto de a albufeira ser muito extensa e não se
tomar em consideração a diferença entre a temperatura de Songo, a altitude 901,32 m
e altitude máxima onde localiza-se a extensão da massa liquida, 329 m
aproximadamente. A estimativa da evaporação através das leituras feitas no tanque
Classe “A” pode ser mal feita devido os inconvenientes que este método possui
(problema de evitar que os pássaros e outros animais utilizem a tina como bebedouro;
transbordo do tanque devido as chuvas intensas de longa duração; etc.).
Segundo a análise feita na simulação a partir dos dados do gráfico 5-10 mostra que a
evaporação no período de simulação (2000-2015) contribuiu com um valor estimado de
7,92 % das efluências no total de 176,69 Mm3.
Portanto, as efluências das barragens Kariba e Kafué (gráfico 5-11) foram usadas para
comparar o propósito das afluências calculadas na barragem de Cahora Bassa por
balanço hídrico.
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
6.1 Conclusões
Com o trabalho realizado concluiu-se que, um dos maiores problemas de simulação
dos caudais afluentes baseia-se nos dados observados do nível de água na barragem,
representado pela cota e, consequentemente, influência na quantificação do
armazenamento na albufeira. Isto é, devido a provável flutuação das ondas de água
perto de paredão da barragem, desde as de menor amplitude e as de curto
comprimento de onda, até as de maior amplitude e longo comprimento de onda. Estas
ondas induzem a erros na leitura da cota da albufeira, o que se transmite no erro do
cálculo da variação do volume de armazenamento que, por sua vez induz a erro no
cálculo dos caudais afluentes.
A calibração geral do modelo WAFLEX que foi utilizado para a simulação dos caudais
afluentes apresentou bom desempenho. Os parâmetros de R2 e NSC para o caudal
turbinado e a potência traduziram-se em bons resultados. Além disso, o nível de água a
montante na barragem de Cahora Bassa e o volume armazenado apresentaram um
desempenho aceitável com o valor de R2 acima 50%. No entanto, os parâmetros
caudal efluente, caudal descarregado e nível de água a jusante foram considerados
não satisfatórios uma vez que os valores de R2 estão abaixo de 50%.
6.2 Recomendações
7 LISTA DE REFERÊNCIA
Guale, R. (2015). Conjunctive Operations for Cahora Bassa Dam and Mphanda Nkuwa
Dam Project, Zambezi River Basin, Mozambique, Southern Africa. Tese de mestrado
submetido à Institute for Water Education, Delft, Netherlands.
Juízo, D. e Lidén, R. (2010). Modelling for transboundary water resources planning and
allocation: the case of Southern Africa. http://dx.doi:10.5194/hess-14-2343-2010
Kwabena, O., Guleid, A., Shahriar, P., Christina, B., e James, P. (2008). Technical
Manual for the Geospatial Stream Flow Model. U.S. Geological Survey. 2007– 1441, 65
p.
Neitsch, S., Arnold, J., Kiniry J., Williams, J. (2011). Ferramenta de Avaliação de Solo e
Água. Instituto de Recursos Hídricos do Texas. EUA.
Pinto, N., Holtz, A., Martins, J., e Gomide, F. (2008). Hidrologia Básica (11ª ed.). São
Paulo. Brasil. Editora Blucher.
Phiri, M., (2011). An analysis of the Cahora Bassa Dam water balance and reservoir
operations and their flooding impact on upstream settlements. Tese de mestrado
submetido à University of Zimbabwe, Harare, Zimbabwe.
Anexo 2: Calibração
Gráfico A2- 1: Nível de água a jusante (m)
Valor corrigido de CN
CN para AMC II
Para AMCI Para AMCIII
100 100 100
95 87 98
90 78 96
85 70 94
80 63 91
75 57 88
70 51 85
65 45 82
60 40 78
55 35 74
50 31 70
45 26 65
40 22 60
35 18 55
30 15 50
25 12 43
20 9 37
15 6 30
10 4 22
5 2 13