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CASO CLÍNICO 12
Um homem de 21 anos é levado ao setor de emergência pela polícia depois de ter sido
encontrado sentado no meio de uma rua de grande movimento. À guisa de explicação, o paciente
fala: “Foram as vozes que mandaram”. Relata que, no último ano, sentiu que “as pessoas não são
quem elas dizem ser”. Começou a isolar-se em seu quarto e largou a escola. Afirma que ouve vozes
lhe dizendo para fazer “coisas erradas”. Em geral existem 2 ou 3 vozes falando, e muitas vezes
comentam entre si seu comportamento. Nega estar usando drogas ou álcool, embora relate ter
fumado maconha ocasionalmente no passado. Diz que interrompeu o hábito nos últimos seis meses
porque não tem mais dinheiro e que a maconha contribuía para as vozes. Nega qualquer problema
clínico e não está tomando medicamento.
No exame do estado mental, foi observado que o paciente está sujo e desalinhado, com má
higiene. Parece um pouco nervoso no ambiente e caminha em torno da sala de exame, sempre com
as costas voltadas para uma parede. Afirma que seu humor está “OK”. Seu afeto é congruente,
apesar de embotado. Sua fala tem velocidade, ritmo e tom normais. Seus processos de pensamento
são tangenciais, e algumas vezes se notam associações desorganizadas. Seu conteúdo de
pensamento é positivo para delírios e alucinações auditivas. Ele nega qualquer ideação suicida ou
homicida.
Qual é o diagnóstico mais provável para esse paciente? Esquizofrenia, provavelmente do tipo
paranoide.
Quais condições são importantes excluir antes de fazer o diagnóstico? Para fazer um
diagnóstico de esquizofrenia, deve-se descartar abuso de substâncias e condições clínicas gerais.
Além disso, também devem-se excluir transtornos esquizoafetivos e do humor.
Esse paciente deve ser hospitalizado? Sim. É evidente que ele representa um perigo para si
mesmo (e potencialmente para outros, devido à natureza indefinida das “coisas erradas” que se
sente obrigado a realizar), pois dá atenção às vozes e age segundo suas instruções de forma a
comprometer seriamente sua integridade física (i. e., sentando-se no meio de uma rua
movimentada).
Resumo:
Considerações:
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Abordagem à esquizofrenia:
DEFINIÇÕES:
DELÍRIOS BIZARROS: Delírios totalmente implausíveis (p. ex., ter sido capturado por alienígenas).
DELÍRIOS: Crenças fixas e falsas que se mantêm apesar de evidências contrárias e que não são
culturalmente sancionadas.
TANGENCIALIDADE: Os pensamentos podem ter conexão, embora o paciente não volte ao ponto
original nem responda à pergunta.
Abordagem Clínica:
A esquizofrenia é definida como uma perturbação que persiste no mínimo por seis meses
e inclui pelo menos um mês de sintomas em fase ativa (dois ou mais dos seguintes: delírios,
alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou catatônico,
associações desorganizadas). Existe a prevalência de 1% na população em geral, mas apenas cerca
da metade daqueles afetados recebe tratamento. A idade média de início é de 18 a 25 anos nos
homens e de 25 a 35 anos nas mulheres. As mulheres tendem a apresentar melhores
resultados que os homens. Entre 20 e 40% dos indivíduos com esquizofrenia tentam o suicídio.
Entre os fatores de risco específicos estão sintomas depressivos − sobretudo desesperança,
idade abaixo de 45 anos, sexo masculino, desemprego e recente alta do hospital. Cerca de
10% dos sujeitos com esse transtorno farão uma tentativa bem-sucedida de suicídio. O curso da
esquizofrenia é variável. Alguns indivíduos demonstram exacerbações e remissões, enquanto
outros permanecem crônicos. A remissão total é pouco provável, e 40 a 60% dos pacientes têm
prejuízos significativos durante a vida.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
O álcool e as drogas ilícitas, quer durante a intoxicação (alucinógenos, cocaí- na, fenciclidina,
metanfetamina), quer na abstinência (álcool, benzodiazepínicos), podem produzir sintomas
psicóticos. A intoxicação com fenciclidina, em particular, pode apresentar sintomas idênticos
aos da esquizofrenia. Uma história completa do uso de substâncias, exame físico incluindo
avaliação dos sinais vitais, determinação da alcoolemia e screening toxicológico de urina revelam o
uso de substâncias como um fator causal na maioria das situações.
Uma avaliação criteriosa dos medicamentos que o paciente está tomando, incluindo aqueles
sem prescrição médica e suplementos fitoterápicos, também é importante, pois muitos
medicamentos (p. ex., esteroides e anticolinérgicos) podem causar estados psicóticos.
Distinguir a esquizofrenia de transtorno esquizoafetivo e de transtorno do humor com características
psicóticas (como depressão maior ou transtorno bipolar) pode ser difícil. Os pacientes
frequentemente relatam mal sua história devido aos seus sintomas psicóticos, o que torna imperativo
colher informações de outras fontes – registros anteriores, membros da família ou companheiros –,
porque uma história completa pode ajudar a esclarecer a questão. As distinções recém-mencionadas
são importantes não apenas para o diagnóstico, mas também para determinar o tratamento e o
prognóstico. Em geral, o transtorno do humor com características psicóticas tem um prognóstico
melhor do que o transtorno esquizoafetivo, que, por sua vez, apresenta um prognóstico melhor do
que a esquizofrenia.
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TRATAMENTO
Referência