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19/12/2019 :: 310001281281 - eproc - ::

Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Rio do Sul

PETIÇÃO CÍVEL Nº 5011768-60.2019.8.24.0054/SC


REQUERENTE: MARCOS NORBERTO ZANIS
REQUERENTE: ZELI DA SILVA
REQUERENTE: JAMES RIDES DA SILVA
REQUERIDO: CLÓVIS LUIS HOFFMANN
REQUERIDO: GILBERTO FINARDI

DESPACHO/DECISÃO

Trata-se de ação de indenização por danos morais, c/c obrigação de fazer e não fazer e
pedido de tutela provisória de urgência, movida por MARCOS NORBERTO ZANIS, ZELI DA SILVA
e JAMES RIDES DA SILVA contra CLÓVIS LUIS HOFFMANN e GILBERTO FINARDI, todas as
partes devidamente qualificadas na inicial.

Alegam os autores que são vereadores deste município e comarca.

Sustentam que no ano de 2018, o vereador Marcos Zanella realizou um pedido de


informação à Secretaria Municipal de Saúde de Rio do Sul-SC, referente a um recurso financeiro que
foi liberado naquele mesmo ano através de emendas parlamentares com destino ao Hospital Regional
Alto Vale - FUSAVI, o qual ainda não havia sido repassado pelo município.

Asseveram que, em 15.5.2019, foi aprovada, por votação unânime, a abertura de


Comissão Temporária de Inquérito, conforme Requerimento n. 4/2019, sessão da qual os coautores
estavam presentes.

Aduzem que, durante as investigações, constatou-se o uso do CNES (Cadastro Nacional


Estabelecimento da Saúde), do Hospital Regional Alto Vale - FUSAVI, para o recebimento das referidas
verbas parlamentares e, como é do procedimento, o recurso foi destinado ao município para posterior
encaminhamento ao órgão de destino.

Arguem que, no entanto, a secretária municipal de saúde informou que não encaminhou as
verbas recebidas no referido CNES, pois teria sido orientada pelos próprios parlamentares que o
montante era destinado à Prefeitura Municipal e não ao Hospital Regional do Alto Vale, entendimento
do qual o hospital não havia coadunado, mas que após negociações entre os representantes do
Município, Secretaria de Saúde e do próprio Hospital Regional do Alto Vale, houve a formalização de
um acordo com o repasse dos valores.

Alegam que essa investigação, que teve duração de cerca de cinco meses, culminou no
citado relatório, o qual foi apresentado para votação na Câmara de Vereadores de Rio do Sul-SC, na
data de 30.9.2019, durante a 48ª Sessão Ordinária.

Argumentam que, naquela sessão, em sua primeira parte, o relatório das investigações
realizadas foi aprovado por unanimidade, dando fim às investigações de eventuais irregularidades na
saúde.

Sustentam que, por ocasião da segunda parte da mesma sessão ordinária, foi exposto para
votação o recebimento da denúncia por suposta infração político-administrativa do Prefeito Municipal
de Rio do Sul-SC, a qual foi rejeitada por 8 votos contra 2 a favor.

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Asseveram que, por terem convição de que os valores reclamados pelo Hospital Regional
foram devidamente repassados (mesmo que fora do prazo), e que as verbas destinadas à saúde não
foram utilizadas em outras pastas, como também pelo fato de a Secretaria Municipal de Saúde ter
gestão plena, pois é administrada através da secretária nomeada, entenderam por bem não denunciar o
Prefeito Municipal.

Pontuam que, frente a tal votação, os requeridos, de forma maliciosa e não condizente
com a verdade, manipularam as palavras e estão fazendo publicações maldosas em relação aos
requerentes.

Afirmam que os demandados publicaram um outdoor nesta cidade, dando conta de que os
autores votaram contra as investigações de irregularidades na saúde gerida pelo município, o que não
condiz com a realidade, pois rememora-se que a abertura das investigações ocorreu por votação
unânime.

Dizem, ainda, que os corréus produziram/rão 10.000 panfletos que serão distribuídos no
município, conforme mensagens propagadas através de grupo mantido pelo aplicativo WhatsApp,
situação que, acaso confirmada, ocasionaria um prejuízo muito maior à moral dos autores.

Daí porque postularam, em sede de tutela provisória de urgência, que os corréus sejam
instados à obrigação de fazer, consistente na retirada do outdoor supracitado, como também da
publicação realizada por meio físico e/ou eletrônico através de rede de relacionamento, aplicativos de
mensagens, etc., especialmente em relação à postagem publicada pelo corréu, Clóvis Luis Hoffmann, na
data de 7.11.2019, na sua página mantida no Facebook, da mesma imagem do outdoor.

Também pugnaram pela determinação de obrigação contrária - de não fazer -, para que os
demandados se abstenham de divulgar novas publicações, sejam elas físicas ou eletrônicas, em qualquer
meio capaz de divulgação; alternativamente, caso não se entenda pela retirada e/ou proibição das
publicações, que ao menos as imagens dos requerentes sejam tampadas e ou rasuradas a ponto de não
serem identificados, tudo sob pena de fixação de multa diária.

Vieram-me os autos conclusos.

É o relato do necessário. Fundamento e decido.

A antecipação dos efeitos da tutela pretendida é resultado da demonstração da presença


dos requisitos bem especificados no artigo 300 do Código de Processo Civil, sem o que se deve
aguardar o desfecho normal de todo e qualquer procedimento judicial. Trata-se de medida que se
reveste de caráter excepcional e que exige prudência em sua análise, atendendo ao comando inserto no
artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, que cuida do devido processo legal, imperativo da ordem
vigente.

Sobre o contexto trazido na inicial, é sabido que o ordenamento jurídico brasileiro


assegura a liberdade de expressão como um dos mais relevantes direitos fundamentais. A Constituição
da República, em seu art. 5°, IV define que “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o
anonimato”. Ademais, prescreve no art. 220 que “A manifestação do pensamento, a criação, a
expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição,
observado o disposto nesta Constituição”.

Verifica-se, pois, que a Carta Política assegura aos indivíduos essa liberdade individual de
manifestação do pensamento, destarte a liberdade de expressão tutela, toda opinião, convicção,
comentário, avaliação ou julgamento dobre qualquer assunto ou sobre qualquer pessoa, envolvendo

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tema de interesse público ou não, no entanto, ainda que se trate de um direito fundamental, essa
liberdade pode sofrer limitações, e que uma vez desrespeitadas, configura a ilicitude ou o abuso do
direito.

Note-se que, concomitantemente à proteção da liberdade de expressão, o art. 5°, X da


Constituição da República afirma que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a
imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação". Trata-se da proteção dos bens da personalidade dos indivíduos que, uma vez violados,
enseja a indenização por parte do ofensor. Assim, em que pese a CF assegurar aos indivíduos a
liberdade de expressão como um direito fundamental, garantindo a livre manifestação de opiniões,
convicções e comentários, ela também protege a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assim, conclui-se que o exercício desses direitos pode entrar em conflito entre si, necessitando
analisar o âmbito de proteção de cada um deles no caso concreto.

Portanto, é necessário haver uma ponderação entre a liberdade de expressão e a


inviolabilidade do patrimônio moral do indivíduo, não podendo ser extirpado nenhum desses direitos,
mas dando-se a proteção adequada para cada um deles, aplicando ao caso o da proporcionalidade.

Analisando-se o teor da documentação apresentada na inicial, retiram-se os seguintes


dizeres da publicação do outdoor, onde consta as fotografias dos autores e demais vereadores da
Câmara Municipal de Rio do Sul (evento 1, outros 18):

"ESTES VEREADORES VOTARAM CONTRA AS INVESTIGAÇÕES DE


IRREGULARIDADES NA SAÚDE - LEMBRE-SE BEM DELES NA PRÓXIMA ELEIÇÃO" (SOB
RESPONSABILIDADE DE CLÓVIS LUIS HOFFMANN E GILBERTO FINARDI).

As apontadas "investigações", no contexto em que foram inseridas, salvo engano,


demonstram a deturpação dos fatos que, de acordo com a prova material, realmente ocorreram, pois o
Requerimento n. 4/2019 (evento 1, ata 5), confirma que os ora requerentes, exercendo a função
parlamentar, foram favoráveis à instauração da comissão de inquérito visando à apuração do repasse das
verbas da saúde. Veja-se:

"Diante do exposto, na condição de Vereadores incumbidos da responsabilidade de


fiscalizar o Executivo, entendemos que seja necessária a instauração de uma Comissão Temporária de
Inquérito, com cinco membros, para investigar e esclarecer todo esse processo do Repasse de Valores
de Emendas Parlamentares".

Posteriormente, apresentado o parecer do relator (evento 1, outros 6) para votação na


Câmara dos Vereadores de Rio do Sul-SC, na 48ª Sessão Ordinária, os parlamentares, por 8 votos a 2,
rejeitaram a instauração de processo contra o Prefeito Municipal.

Os motivos que levaram os ora requerentes, juntamente dos demais parlamentares, a


rejeitarem a acusação, ainda que sejam facilmente identificados através da leitura do parecer do relator
da comissão, ao menos nesta fase de cognição sumária, são irrelevantes para análise da conduta
praticada pelos requeridos.

Fato é que os corréus, ao divulgarem que os coautores "foram contra as investigações das
irregularidades da saúde" aparentemente deturparam o contexto daquilo que realmente ocorreu, na
forma acima exposta, deixando a sensação aos munícipes/eleitorado que a atuação dos parlamentares
está contra e não a favor do povo.

Portanto, ainda que a liberdade de expressão seja, incontestavelmente, um direito


garantido a todos, no caso em espécie, parece-me que o direito à imagem e à honra merece maior
proteção, especialmente diante do possível abuso das garantidas conferidas aos corréus. Daí advém a
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comprovação do requisito da probabilidade do direito invocado

De seu turno, quaanto ao requisito do dano irreparável (ou risco ao resultado útil ao
processo), não se olvida que os autores, como representantes da sociedade local, estão muito mais
suscetíveis e expostos às críticas do que o cidadão comum, o eleitor. E, numa cidade pequena, pela
grande proximidade entre político e eleitor, maiores serão os questionamentos e as cobranças.

Por outro lado, não se pode admitir que os autores, porque homens públicos, sejam
expostos de forma abusiva, especialmente porque isso afetaria não só os seus direitos à imagem e à
honra, como também refletiria na projeção política, atual e futura, da carreira de cada um deles,
especialmente diante da ágil propagação do conteúdo, conforme pode ser visto na publicação trazida no
evento 1 (outros 21).

Diante disso, os corréus devem promover à retirada do outdoor (evento 1, outros 18) e da
publicação realizada no Facebook, por intermédio do perfil mantido pelo corréu, Clóvis Luis Hoffmann,
datada de 7.11.2019 (evento 1, ata 17).

Quanto aos demais conteúdos requeridos - aplicativos de mensagens, publicação do


conteúdo em meio físico, etc., por não haver elementos a respaldar o pleito, o que dificultaria, inclusive,
eventual fiscalização sobre o cumprimento da medida, além de poder implicar na censura de conteúdos
que sequer se sabem se realmente foram publicados, a rejeição é medida apropriada.

Tocante à obrigação de não fazer, como as conversas de aplicativo juntadas no evento 1


(outros 19) confirmam a atuação dos corréus sobre a confecção de panfletos replicando o conteúdo do
outdoor, o pedido também merece acolhimento, para que os requeridos se abstenham de atuar de tal
forma, assim como também se abstenham de replicá-lo em qualquer meio de publicação, seja físico ou
eletrônico, sob pena de multa diária de R$ 100,00, limitada ao montante de R$ 30.0000,00.

Ante o exposto, defiro parcialmente o pedido de tutela provisória de urgência, para


determinar que os corréus:

a) promovam à retirada do outdoor (evento 1, outros 18) e da publicação realizada no


Facebook, por intermédio do perfil mantido pelo corréu, Clóvis Luis Hoffmann, datada de 7.11.2019
(evento 1, ata 17), dentro do prazo de 5 dias;

b) abstenham-se de publicar o conteúdo do outdoor mediante a emissão de panfletos, bem


como de replicar sob qualquer outra forma, seja física ou eletrônica.

Intimem-se as partes acerca da presente decisão, cientes os corréus que o prazo para
cumprimento das medidas acima determinadas é de 5 dias, contado da última intimação, sob pena de
multa diária de R$ 100,00, limitada ao montante de R$ 30.0000,00, cabendo aos autores a fiscalização
do cumprimento.

Para audiência de conciliação, designo o dia 1.6.2020, às 14h00min, sala 02.

Citem-se os requeridos e intimem-se as partes para comparecimento à solenidade, sob as


penas da lei.

Documento eletrônico assinado por GEOMIR ROLAND PAUL, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro
de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproc1g.tjsc.jus.br/eproc/externo_controlador.php?acao=consulta_autenticidade_documentos, mediante o preenchimento do
código verificador 310001281281v35 e do código CRC 73cfbddc.

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Signatário (a): GEOMIR ROLAND PAUL
Data e Hora: 19/12/2019, às 15:28:34

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