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Poder Judiciário
JUSTIÇA ESTADUAL
Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina
Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Rio do Sul
DESPACHO/DECISÃO
Trata-se de ação de indenização por danos morais, c/c obrigação de fazer e não fazer e
pedido de tutela provisória de urgência, movida por MARCOS NORBERTO ZANIS, ZELI DA SILVA
e JAMES RIDES DA SILVA contra CLÓVIS LUIS HOFFMANN e GILBERTO FINARDI, todas as
partes devidamente qualificadas na inicial.
Arguem que, no entanto, a secretária municipal de saúde informou que não encaminhou as
verbas recebidas no referido CNES, pois teria sido orientada pelos próprios parlamentares que o
montante era destinado à Prefeitura Municipal e não ao Hospital Regional do Alto Vale, entendimento
do qual o hospital não havia coadunado, mas que após negociações entre os representantes do
Município, Secretaria de Saúde e do próprio Hospital Regional do Alto Vale, houve a formalização de
um acordo com o repasse dos valores.
Alegam que essa investigação, que teve duração de cerca de cinco meses, culminou no
citado relatório, o qual foi apresentado para votação na Câmara de Vereadores de Rio do Sul-SC, na
data de 30.9.2019, durante a 48ª Sessão Ordinária.
Argumentam que, naquela sessão, em sua primeira parte, o relatório das investigações
realizadas foi aprovado por unanimidade, dando fim às investigações de eventuais irregularidades na
saúde.
Sustentam que, por ocasião da segunda parte da mesma sessão ordinária, foi exposto para
votação o recebimento da denúncia por suposta infração político-administrativa do Prefeito Municipal
de Rio do Sul-SC, a qual foi rejeitada por 8 votos contra 2 a favor.
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Asseveram que, por terem convição de que os valores reclamados pelo Hospital Regional
foram devidamente repassados (mesmo que fora do prazo), e que as verbas destinadas à saúde não
foram utilizadas em outras pastas, como também pelo fato de a Secretaria Municipal de Saúde ter
gestão plena, pois é administrada através da secretária nomeada, entenderam por bem não denunciar o
Prefeito Municipal.
Pontuam que, frente a tal votação, os requeridos, de forma maliciosa e não condizente
com a verdade, manipularam as palavras e estão fazendo publicações maldosas em relação aos
requerentes.
Afirmam que os demandados publicaram um outdoor nesta cidade, dando conta de que os
autores votaram contra as investigações de irregularidades na saúde gerida pelo município, o que não
condiz com a realidade, pois rememora-se que a abertura das investigações ocorreu por votação
unânime.
Dizem, ainda, que os corréus produziram/rão 10.000 panfletos que serão distribuídos no
município, conforme mensagens propagadas através de grupo mantido pelo aplicativo WhatsApp,
situação que, acaso confirmada, ocasionaria um prejuízo muito maior à moral dos autores.
Daí porque postularam, em sede de tutela provisória de urgência, que os corréus sejam
instados à obrigação de fazer, consistente na retirada do outdoor supracitado, como também da
publicação realizada por meio físico e/ou eletrônico através de rede de relacionamento, aplicativos de
mensagens, etc., especialmente em relação à postagem publicada pelo corréu, Clóvis Luis Hoffmann, na
data de 7.11.2019, na sua página mantida no Facebook, da mesma imagem do outdoor.
Também pugnaram pela determinação de obrigação contrária - de não fazer -, para que os
demandados se abstenham de divulgar novas publicações, sejam elas físicas ou eletrônicas, em qualquer
meio capaz de divulgação; alternativamente, caso não se entenda pela retirada e/ou proibição das
publicações, que ao menos as imagens dos requerentes sejam tampadas e ou rasuradas a ponto de não
serem identificados, tudo sob pena de fixação de multa diária.
Verifica-se, pois, que a Carta Política assegura aos indivíduos essa liberdade individual de
manifestação do pensamento, destarte a liberdade de expressão tutela, toda opinião, convicção,
comentário, avaliação ou julgamento dobre qualquer assunto ou sobre qualquer pessoa, envolvendo
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tema de interesse público ou não, no entanto, ainda que se trate de um direito fundamental, essa
liberdade pode sofrer limitações, e que uma vez desrespeitadas, configura a ilicitude ou o abuso do
direito.
Fato é que os corréus, ao divulgarem que os coautores "foram contra as investigações das
irregularidades da saúde" aparentemente deturparam o contexto daquilo que realmente ocorreu, na
forma acima exposta, deixando a sensação aos munícipes/eleitorado que a atuação dos parlamentares
está contra e não a favor do povo.
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comprovação do requisito da probabilidade do direito invocado
De seu turno, quaanto ao requisito do dano irreparável (ou risco ao resultado útil ao
processo), não se olvida que os autores, como representantes da sociedade local, estão muito mais
suscetíveis e expostos às críticas do que o cidadão comum, o eleitor. E, numa cidade pequena, pela
grande proximidade entre político e eleitor, maiores serão os questionamentos e as cobranças.
Por outro lado, não se pode admitir que os autores, porque homens públicos, sejam
expostos de forma abusiva, especialmente porque isso afetaria não só os seus direitos à imagem e à
honra, como também refletiria na projeção política, atual e futura, da carreira de cada um deles,
especialmente diante da ágil propagação do conteúdo, conforme pode ser visto na publicação trazida no
evento 1 (outros 21).
Diante disso, os corréus devem promover à retirada do outdoor (evento 1, outros 18) e da
publicação realizada no Facebook, por intermédio do perfil mantido pelo corréu, Clóvis Luis Hoffmann,
datada de 7.11.2019 (evento 1, ata 17).
Intimem-se as partes acerca da presente decisão, cientes os corréus que o prazo para
cumprimento das medidas acima determinadas é de 5 dias, contado da última intimação, sob pena de
multa diária de R$ 100,00, limitada ao montante de R$ 30.0000,00, cabendo aos autores a fiscalização
do cumprimento.
Documento eletrônico assinado por GEOMIR ROLAND PAUL, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro
de 2006. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico
https://eproc1g.tjsc.jus.br/eproc/externo_controlador.php?acao=consulta_autenticidade_documentos, mediante o preenchimento do
código verificador 310001281281v35 e do código CRC 73cfbddc.
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Informações adicionais da assinatura:
Signatário (a): GEOMIR ROLAND PAUL
Data e Hora: 19/12/2019, às 15:28:34
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