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“Passando em toda a parte por uma escola preparatória da vitória sobre a burguesia que é
no fundo idêntica, o movimento operário de cada país efetua este desenvolvimento à sua maneira
[…]. O que importa agora é que os comunistas de cada país tenham em conta […] tanto as tarefas
fundamentais, de princípio […] como as particularidades concretas que essa luta adquire e deve
adquirir inevitavelmente em cada país, conforme os traços originais da sua economia, da sua
política, da sua cultura, da sua composição nacional […] Enquanto existirem diferenças nacionais e
estatais entre os povos e os países – e estas diferenças subsistirão muito e muito tempo mesmo
depois da instauração da ditadura do proletariado à escala universal – a unidade da táctica
internacional do movimento operário comunista de todos os países exige não a supressão da
variedade, nem a eliminação das diferenças nacionais (o que é, na atualidade, um sonho absurdo),
mas uma aplicação tal dos princípios fundamentais do comunismo (Poder Soviético e ditadura do
proletariado) que modifique acertadamente estes princípios nos pormenores, que os adapte, que
os aplique acertadamente às diferenças nacionais e nacionais-estatais. Investigar, estudar,
descobrir, adivinhar, captar o que há de particularmente nacional e de especificamente nacional
nas abordagens concretas de cada país da solução da tarefa internacional comum, da vitória sobre
o oportunismo e o doutrinarismo de esquerda no seio do movimento operário, do derrubamento
da burguesia, da instauração da República Soviética e da ditadura proletária – eis a principal tarefa
do momento histórico que atravessam todos os países avançados (e não só os avançados)” 1
“O socialismo vitorioso num só país de modo algum exclui imediatamente todas as guerras
em geral. Pelo contrário, pressupõe-nas. O desenvolvimento do capitalismo realiza-se de modo
extremamente desigual nos diferentes países. Nem pode ser de outra forma na produção
mercantil. Daí decorre a indiscutível conclusão de que o socialismo não pode vencer
simultaneamente em todos os países. Ele vencerá inicialmente num só ou em vários países,
continuando os restantes a ser, durante certo tempo, burgueses ou pré-burgueses. Isto deverá
provocar não apenas atritos mas também a tendência direta da burguesia dos outros países para
derrotar o proletariado vitorioso do Estado socialista. Em tais casos a guerra seria da nossa parte
legítima e justa. Seria uma guerra pelo socialismo, pela libertação de outros povos da burguesia.
Engels tinha inteira razão quando, na sua carta a Kautsky de 12 de Setembro de 1882, reconhecia
expressamente a possibilidade de “guerras defensivas” do socialismo já vitorioso. Ele tinha em
vista, precisamente, a defesa do proletariado vitorioso contra a burguesia dos outros países” 2.
E segue:
“Por exemplo, a noção ‘defesa da pátria’ é odiosa para muitos, porque os oportunistas
declarados e os kautskistas encobrem e dissimulam com ela a mentira da burguesia na presente
guerra de rapina [nota: Lenin refere-se a 1º Guerra Mundial, contexto em que a palavra de ordem
da “defesa da pátria” mascarava o caráter imperialista da guerra]. Isto é um facto. Mas disto não
decorre que devamos deixar de saber meditar sobre o significado das palavras de ordem políticas.
Reconhecer a ‘defesa da pátria’ nesta guerra significa considerá-la ‘justa’, conforme com os
interesses do proletariado, e nada mais, e mais uma vez nada mais, porque a invasão não se exclui
em nenhuma guerra. Seria simplesmente uma estupidez negar a ‘defesa da pátria’ por parte dos
1 LENIN, V.I. “Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo”. 1917. Disponível online em:
https://www.marxists.org/portugues/lenin/1920/05/esquerdismo-doenca-infantil.pdf
2 LENIN, V.I. “O programa militar da revolução proletária”. Escrito em setembro de 1916. e publicado pela primeira
vez em setembro e outubro de 1917 no jornal Jugend-Internationale, nº 9 e 10. Disponível online em:
https://www.marxists.org/portugues/lenin/1916/09/programa.htm#n383
povos oprimidos na sua guerra contra as grandes potências imperialistas ou por parte do
proletariado vitorioso na sua guerra contra qualquer Galliffe de um Estado burguês”.