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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS

CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO
1º ANO – 2º SEMESTRE

A ‘CAIXA’ QUE MUDOU O


MUNDO
TEORIAS DA COMUNICAÇÃO
ÁGATA MARINHO
DAVID A. F.-M. DIAS

JUNHO DE 2008
A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

ÍNDICE

Introdução....................................................... 3
A televisãoe a sua influêncianos diversosperíodos da sua história
............. 4
As principaisinfluênciasda Televisãonos comportamentosdo Homem – Estudo dos
Efeitosda Televisão............................................... 12
A Relação entreo Individuoe a Televisão............................... 16
Influênciana Produção de Conhecimento.............................. 16
PapelPrimordialda Informação no Mundo – A Televisão................... 19
Televisão– um Reflexodo Homem .................................. 20
ComportamentosSociais(em Sociedade).............................. 21
Conclusão...................................................... 24
Bibliografia
...................................................... 26
Anexo I........................................................ 28
Anexo II........................................................ 32
Anexo III
....................................................... 35

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Introdução

Comprometendo-nos a analisar, perceber e explicar a influência social que tem


primordial inicio junto da televisão, iniciaremos o nosso trabalho com a resposta à
pergunta de partida, numa tentativa de compreender até que ponto a “caixa” mudou o
mundo. Neste contexto situaram-se autores tão diversos como Mc Luhan, Moles, Edgar
Morin e Umberto Eco, entre tantos outros, que de forma extraordinária contribuíram
para as actuais concepções dos media.

Tomando o simples exemplo da primeira viagem À Lua, visionada em directo


por milhões de telespectadores em todo o mundo, tornando palpável o poder e o papel
da televisão como agente de globalização. Na verdade, este fenómeno, pelas dimensões
que atingiu, reúne em si todos os elementos constituintes do conceito moderno de
comunicação, isto é, a dimensão interpessoal, a mediação potencializada por todas as
dimensões da comunicação partilhadas na emissão realizada pela televisão via satélite
para todo o planeta. Todas estas dimensões tornam-se potencializadoras de uma
concepção global de comunicação e de cultura, através de uma concertação tecnológica,
bem como da noção de acontecimento directo, vivido à distância.

O final dos anos oitenta veio demonstrar com total evidência o que alguns
sociólogos teriam vindo a defender, dado que não existem fronteiras que se possam
opor ao fenómeno televisivo, em virtude da sua influência.

Deste modo auto propusemo-nos como objectivos compreender as principais


influências da televisão nos diversos períodos da sua história, esta que não remete para
uma tão recente época como possa à partida parecer; conhecer as principais influências
da televisão nos comportamentos do Homem e estudar a relação entre o indivíduo e a
televisão.

Assim como Alain Woodrow (1991: Contra-capa) descreve no seu livro


“Informação Manipulação”: “No conjunto dos media é porventura a televisão aquele
em que se avolumam e tornam mais prementes todos os problemas (...). De tal forma
que podemos talvez considerar que a televisão é – para o melhor e para o pior – o mais

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

temível desafio que alguma vez se colocou ao público em geral e aos próprios
jornalistas em particular”.

A televisão e a sua influência nos diversos períodos da sua história

O mundo tende a transformar-se rapidamente numa “aldeia global”, onde a


ausência de fronteiras possibilita que a informação e o conhecimento se difundam
instantaneamente. A televisão e a sua história corroboram esta tese que ganhou ênfase
com os acontecimentos históricos do final da década de oitenta no Leste Europeu, com a
desassociação da União Soviética. Jean-Louis Missika e Dominique Wolton (1983: 313-
316) vêm afirmar o papel a televisão, nos diversos períodos da sua história, como meio
de massas preponderante para os principais paradigmas sociais actuais.

Importa realizar uma análise dos diversos períodos da história da televisão,


centrando-se o seu nascimento em três descobertas científicas distintas: a foto-
electricidade de Christian May (1883); a decomposição da imagem em pontos claros e
escuros, e a sucessiva invenção do disco perfurado em espiral, por Paul Nipkow (1884);
e por fim, a descoberta das ondas hertizianas, por Heinrich Hertz (1887). Os ensaios
realizados por Marconi (1894) ao sistema hertziano vieram abrir portas a John Baird
para a invenção do primeiro sistema de transmissão à distância de imagens em
movimento com um sistema próprio, em 1925. Aliado à invenção de Baird (1925) está o
russo Zworykin (exilado nos Estados Unidos da America) e o seu dispositivo de
televisão inteiramente electrónico em 1923. Estavam assim reunidas todas as condições
necessárias para o inicio das transmissões experimentais televisivas que se vieram a
verificar após a Primeira Grande Guerra, pela Bell Telephone e RCA, nos Estados
Unidos da América, e por Baird, em Inglaterra. Deram-se então alguns melhoramentos
técnicos com vista à uniformização do sector, estando o televisor, desde 1926 em
constante progresso técnico, permitindo à BBC (British Broadcasting) inaugurar em
Alexander Palace as suas emissões regulares a 2 de Novembro de 1936.

Embora seja a BBC conhecida pelo seu pioneirismo nas emissões televisivas
mundiais, este facto é falso. Em Março de 1935 iniciaram-se as primeiras emissões
regulares (com horário pré-estabelecido; anúncios na imprensa; etc.) em Berlim,
Alemanha, tendo cessado no mesmo ano devido a um incêndio que destrui todo o
equipamento utilizado. No entanto as emissões alemãs estavam restabelecidas em 1936

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

aquando dos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, emitindo para cerca de 150 mil
pessoas de diversas cidades do país. A proliferação de serviços regulares de televisão
consubstanciou-se na Europa: Inglaterra (1936); França (1937); União Soviética (1938);
Estados Unidos da América (1939). Como resultado desta multiplicação de serviços de
televisão o número de aparelhos também aumentou substancialmente, em Londres, por
exemplo, um aparelho custava o dobro do salário médio mensal de uma secretária e
encontrava-se em milhares de lares.

No entanto a 1 de Setembro de 1939, devido ao arranque da Segunda Guerra


Mundial, o espírito inovador da televisão é interrompido em Alexander Palace, ficando
em suspenso o episódio do Rato Mickey. Esta tendência para a suspensão das
actividades televisivas foi seguida um pouco por toda a Europa, com a excepção alemã,
que utilizava o sistema televisivo para difundir as suas mensagens propagandísticas, no
entanto este sistema também acabou aquando do ataque dos Aliados ao emissor de
Witzleben (1943). Do outro lado do atlântico o cenário era bastante diferente, tendo-se
verificado progressos na televisão até 1941, ano no qual se deu o ataque nipónico a
Pearl Harbour, levando à mobilização de todos os recursos económicos e tecnológicos
para a frente de batalha e, consequentemente, abandonado o projecto televisivo.

Com o fim da Segunda Grande Guerra criava-se o ambiente necessário para o


ressurgimento dos sistemas televisivos. Em 1947, sete anos após a suspensão da
emissão de Alexander Palace, o Rato Mickey volta aos ecrãs para completar a cena em
que havia ficado. Com o apaziguamento mundial foram permitidos avanços
tecnológicos fundamentais, adoptando-se o UHF e o VHF, permitindo a multiplicação
dos canais de televisão disponíveis, o aumento da definição da imagem e uniformizando
os sistemas europeus com o norte-americano. A televisão é limitada por normal legais
nos Estados Unidos logo após o pós-guerra pela Federal Communications Comission
(FCC). O enquadramento legal no caso norte-americano veio potenciar o fenómeno
televisivo verificado, podendo-se apelidar de uma explosão popular da televisão (Jean-
Louis Missika e Dominique Wolton, 1995). Em 1950 existiam 97 estações de televisão
em 37 cidades dos Estados Unidos, revelando um aumento em 1953 para os 200 canais.
A introdução de novos aspectos tecnológicos veio permitir uma maior adesão do
cidadão comum, nomeadamente o televisor a cores (1953) e o vídeo-tape (1956). O
crescimento do sistema televisivo foi fortemente acompanhado do crescimento do
mercado publicitário de televisão, estimando-se aumentos brutais nos montantes deste

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

sector (atenda-se que em 1948 o mercado publicitário valia 9,8 milhões de dólares,
multiplicando-se em 1960 para os 1,5 mil milhões de dólares). No entanto a forte
legislação americana impunha um estrangulamento dos anúncios publicitários na ordem
dos 20% em horário nobre no ano de 1950, permitindo um mercado concorrencial, onde
as audiências tinham o papel preponderante nos conteúdos a emitir. O povo americano
vibrava com os concursos; as séries; os programas de variedades; as novelas; e a
informação, bem como o desporto, onde se dava especial valor ao Directo. A classe
política parecia estar assim sujeita ao escrutínio dos media, reflicta-se sobre o exemplo
da entrevista de Ed Murrow ao senador McCarthy, desmascarando as suas intenções
anti-comunistas em plena antena (Jean-Louis Missika e Dominique Wolton, 1995).

Do lado europeu, a Grã-Bretanha vê esta evolução decorrer de forma mais


moderada. Só em 1953, após duros confrontos entre a ala trabalhista e a ala
conservadora, é autorizada a segunda rede comercial, financiada exclusivamente pela
publicidade, penetrando num mercado com mais de 3 milhões de televisores. Enquanto
a BBC difundia uma programação extremamente sóbria, baseada na informação
verídica; no desporto eclético; nas grandes reportagens reais; e na dramatização de
grandes obras da literatura europeia; a sua concorrente privada, a Independent
Television Authority (ITA) aposta no populismo televisivo americano transmitindo
jogos; concursos; variedades; séries; aliando uma informação extremamente
regionalizada com abordagens mais populares. No entanto a BBC não poderia ficar
passiva face ao sucesso da ITA, quatro meses após o lançamento da estação (1956),
quatro em cada cinco espectadores londrinos preferiam a rede privada à pública. Como
resposta lançou o seu segundo canal, a BBC 2 (1962), permitir um melhor balanço na
distribuição dos telespectadores entre a rede pública e a privada.

A estabilização europeia do pós-guerra veio beneficiar o surgimento de


inúmeros canais nacionais de televisão: URSS (1948); Holanda (1951); RDA (1952);
Bélgica, Checoslováquia, Dinamarca e Polónia (1953); Itália (1954); Áustria,
Luxemburgo e Mónaco (1955); Espanha e Suécia (1956); Portugal (1957). Fora da
Europa, o Brasil, Canadá e Japão possuem redes televisivas desde o inicio dos anos 50,
ficando para trás a China e a Índia que só no final da década se lançam no novo media.
O constante crescimento do mercado televisivo levou a que, em 1954, fosse criada a
Eurovisão, uma organização que tinha por objectivo centralizar a troca de programas
televisivos entre os seus membros.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Os anos 60 são a consagração da televisão no mundo. A ideia de uma


comunidade planetária (Jean-Louis Missika e Dominique Wolton, 1995), que presencia
o mesmo acontecimento ao mesmo tempo veio a tornar-se consistente em Julho de 1962
aquando da primeira ligação América-Europa através de satellite, o Telstar – primeiro
satélite de distribuição ponto a ponto -. Em 1965 era lançado o primeiro satélite de
telecomunicações geoestacionário, o Early Bird. Estes novos componentes das
telecomunicações vieram permitir que a 21 de Julho de 1969, o mundo inteiro (43
países) observasse em directo os primeiros passos do Homem na Lua, sendo este
acontecimento catalogado como “a emissão televisiva do século” (Jean-Louis Missika e
Dominique Wolton, 1995). No entanto, os anos 60 ficaram marcados pela cobertura de
acontecimentos dignos da memória do colectivo, como por exemplo, o assassinato em
directo do presidente norte-americano John Kennedy. A década de 60 fica assim
marcada como a “era dos satélites” bem como pela consciencialização de que a
televisão contra em si inúmeras capacidades económicas, políticas, sociais e culturais,
pelo que se lhe impõe o carácter universal (Marcuse, 1955).

A tecnologia utilizada pela televisão evolui de forma extraordinária durante a


década de 60 norte-americana, como já evidenciado. Com o acréscimo do número de
canais, e com o aumento exponencial do auditório, tornava-se interessante abranger as
regiões mais remotas dos territórios onde as ondas hertzianas não conseguiam penetrar.
De forma a corrigir esta falha do sistema sem fios, introduziu-se no mercado o serviço
de Televisão por Cabo, já experienciado desde os anos 40, conseguindo alcançar
grandes segmentos de mercado, quer dentro ou fora das grande cidades. Este importante
desenvolvimento permitiu à indústria um crescimento extraordinário, note-se que o
número de televisores cresceu cerca de 1000% por década (Jean-Louis Missika e
Dominique Wolton, 1995).

No entanto, a maioria dos países da Europa e do mundo, viam as suas estações


de televisão submetidas ao Estado. O Estado aproveitava muitas das vezes a concepção
de “milagre” (Jean-Louis Missika e Dominique Wolton, 1995) associada à televisão. A
década de 70 fica profundamente marcada pela conversão deste paradigma: a televisão
de milagre do Homem, converte-se em “electrodoméstico”, consubstanciando o
reenquadramento dos diferentes sistemas audiovisuais, de forma a melhor se adequarem
com as perspectivas tecnológicas. O mercado norte-americano surgiu como
impulsionador desta mudança global, nos últimos anos de 70 existiam já 124 milhões de

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

televisores, revelando uma média de 1,6 televisões por habitação (consolidando a ideia
de que existiam inúmeras habitações com 2 ou mais televisores). Estes números
relacionam-se com hábitos de vida dos americanos, sendo estimado que estes assistem
entre 5 a 7 horas de televisão, tendo já visionado a 1 milhão de anúncios publicitários
televisivos aos 40 anos de idade; mesmo as crianças, antes de ingressarem na escola, já
assistiram a mais de 5 mil horas de televisão (Jean-Louis Missika e Dominique Wolton,
1995).

O fim da guerra do Vietname (1975) deu-se em grande parte devido à televisão,


nomeadamente às reportagens de Walter Cronkite. A pressão constante na televisão
levou a o presidente Nixon a abdicar (1974). Pode-se falar na década da confirmação do
acontecimento televisivo: as televisões exibiam inúmeros programas relacionados com
assuntos da actualidade, sendo permanente a transmissão de acontecimentos de relevo
social ou político, como é o caso do acidente nuclear de Three Mile Island (1979) que
obrigou à redefinição da estratégia nuclear; a morte de Charles Chaplin (1977); o fim
das últimas ditaduras europeias e o sucessivo colapso dos últimos Impérios Coloniais
(1974). Esta tendência de favoritismo pela televisão continuou nos anos 80, sobretudo
com o assassinato em directo do presidente Kennedy (1980); ou o encontro entre os dois
blocos da Guerra Fria: Reagan e Gorbatchev.; as grandes causas mundiais viram-se
envolvidas em enormes ondas de solidariedade através da televisão, como foi o caso do
Live Aid na luta contra a SIDA.

O fervilhar no mercado televisivo global levou ao progressivo abandono da


tendência de “canal único” (Jean-Louis Missika e Dominique Wolton, 1995) nos
principais países europeus. Os satélites e a televisão por cabo contribuíram
primeiramente para uma proliferação de canais. As legislações de diversos países
acompanham esta tendência, permitindo a entrada a novos canais nacionais e regionais
no espectro hertziano; este fenómeno teve origem em Itália, no entanto países como
França; Espanha; Grécia ou Holanda foram influenciados.

Em Portugal, em 1992 e 1993, é consumada a alteração à lei da televisão, com a


entrada de dois operadores privados de televisão: a Sociedade Independente de
Comunicação (SIC) e a Televisão Independente (TVI), respectivamente. A SIC,
liderada por Pinto Balsemão, e a TVI, por Roberto Carneiro, alteravam o paradigma
televisivo nacional. A Radiotelevisão Portuguesa (RTP), habituada ao seu monopólio

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

estatal desde 1957, via-se agora ameaçada pelos novos canais. Aquando do Estado
Novo a RTP servia os interesses de propaganda do próprio Estado, estando a partir de
25 de Abril de 1974 à mercê dos sucessivos governos democráticos que tentava
caminhar para uma maior independência da estação pública. A RTP possuía desde os
anos 60 dois canais nacionais, a RTP e a RTP-2, emitindo também nas regiões
autónomas com emissões regulares a RTP-Madeira (1972) e a RTP-Açores (1975). A
história da televisão em Portugal fica também marcada pela sua “mundialização” com a
RTP-Internacional (1992). Em 1993 é assinado pelo primeiro-ministro Cavaco Silva o
contrato de concessão do serviço público de televisão, alterando-se os objectivos da
RTP, uma vez que esta ficava agora obrigada a cumprir atribuições específicas de
serviço público de televisão (incluindo os pontos já descriminados na Lei da Televisão
de 1990.

No entanto o cenário televisivo português nem sempre foi pacífico. Com o


surgimento das estações privadas de televisão, a SIC e a TVI, as criticas ao modelo da
RTP, e à considerada excessiva participação do Estado, tornaram-se frequentes. Os
privados acreditavam conviver num clima de “concorrência desleal” (Círculo de
Leitores, 1995) para com a estação Pública. Estava assim desvendada a dualidade do
sistema audiovisual português: por um lado o sector público com a Radiotelevisão
Portuguesa, com capitais próprios avolumados; e um sector privado que tentava com
grande custo reter receitas dos publicitários para se afirmar no mercado. Iniciava-se o
maior debate sobre o modelo público da televisão em Portugal, onde genericamente se
acreditava que a televisão pública deveria mudar a sua estratégia de serviço público, até
ao momento desempenhado de forma distorcida: grelhas com programas de teor
concorrencial, numa luta desenfreada pelas audiências; presença de um serviço público
“mínimo” encaixado em módulos ou segmentos marginais à grelha clássica.

A década de 80 fica marcada pelo surgimento de inúmeros canais por satélite no


território nacional, no entanto este fenómeno não atingiu as dimensões verificadas, por
exemplo, em Milão onde se podia receber mais de 30 canais. A par do fenómeno dos
satélites surge na Europa o cabo, e com ele um novo leque de oportunidades para novos
canais penetrarem no mercado. Na Bélgica, por exemplo, a penetração de cabo cobria
73% dos telespectadores nos anos oitenta.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Este fervor para com os conteúdos televisivos vieram a abrir caminho à


consolidação mundial das grandes produtoras americanas: ABC; CBS e NBC;
abastecendo estas as estações de todas as regiões do globo com os seus programas.
Muitas das estações televisivas dos diversos países contavam, nos anos 90, com mais de
50% de programas de origem americana, chegando em alguns casos aos 80%. Criava-se
assim um clima de fanatismo para com os conteúdos produzidos do outro lado do
atlântico. As séries como Bonanza; Dallas ou Casei com uma feiticeira fizeram parte do
ambiente televisivo mundial. Actualmente os Estados Unidos ainda são o principal
exportador de programas, séries e géneros televisivos, atenda-se ao exemplo de CSI;
Oprah Winfrey Show, 60 minutes, entre tantos outros.

O campo audiovisual mundial enfrenta agora uma nova era marcada pelo novo
campo “hipermediático” (Jean-Louis Missika e Dominique Wolton, 1995), com a
integração constante de tecnologias digitais e interactivas nos media; na informação;
nos serviços; ou seja no quotidiano do Homem. Actualmente existe um novo conceito: o
“self-media”, onde cada um é parte integrante dos media, reforçando a ideia de uma
recomposição do paradigma comunicacional, onde mais especificamente, deixam de
existir programas, e passam a co-existir um mundo de programas equivalente ao número
de utilizadores.

Actualmente existem algumas preocupações com o modelo de televisão


adoptado. Por um lado, alguns países optam por um modelo concorrencial (Itália;
França; Espanha; desde 1990), contraposto ao modelo civilizado presenciado em
Inglaterra e na Alemanha. Ora se para o modelo concorrencial interessam as audiências,
para o civilizado o cidadão está acima de qualquer índice quantitativo. Verificam-se
assim duas concepções distintas da educação: a educação termina na escola – modelo
concorrencial -; é necessário disponibilizar uma oferta diversificada; produções próprias
de qualidade; transmitir informação independente e emancipada – modelo civilizado.
Importa para melhor compreender esta problemática dissecar as diferentes grelhas de
programação de ambos os modelos: é no prime-time (19h30m-22h00m) que são
adquiridas as maiores receitas de publicidade das estações (70% a 80%), logo as
estações concorrenciais preferem apostar em programações fidelizadoras que permitam
maximizar a audiência; fazem parte deste período programas, como concursos; filmes;
variedades; telenovelas, que permitem desenvolver um consenso familiar para uma
massiva reunião frente ao televisor. Por outro lado, as estações civilizadas, optam por

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

não apresentar publicidade neste período, dignificando o serviço público. É


importante compreender que estas diferenças acontecem sobretudo devido aos modos
de financiamento das diferentes estações. Se por um lado a publicidade, nos modelos
civilizados, é disputada apenas por estações privadas, nos modelos concorrências, é
pretendida por todos.

É defendido que a televisão pública deve apostar na defesa do interesse público.


Para inúmeros autores esta concepção assenta precisamente em produção nacional de
qualidade; diversidade de programas, géneros e formatos, todos eles escolhidos pela sua
qualidade e não pelo seu impacto nas audiências. Ora são estas características que
marcam actualmente o serviço público britânico, o horário nobre não se organiza de
forma idêntica às cadeias concorrenciais (um programa-pivot, como o telejornal,
seguido de um filme, habituando a audiência a uma sequência regular). As estações dos
modelos concorrências apostam numa “serialização” dos programas, partindo, com o
decorrer das horas, da ideia da televisão como companhia para a televisão espectáculo.
Além do referido, importa ainda salientar que o modelo concorrencial aposta ainda na
ideia de que o crime vende, apresentando regularmente programas que evidenciem a
desregulação social.

Em suma, a problemática no âmbito da televisão alterou-se infinitamente desde


o momento da sua fundação. Actualmente a preocupação centra-se nos meios e no
futuro tecnológico da caixa que mudou o mundo. Acrescendo aos meios encontra-se
também a concepção do serviço público de televisão, e do seu sentido contemporâneo,
criando uma autentica luta entre os privados e o público na intenção de uma melhor
imagem no mercado. Inerente a esta luta está a constatação que o actual modelo de
audimetria está obsoleto, no então torna-se difícil a implementação generalizada de um
novo modelo.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

As principais influências da Televisão nos comportamentos do Homem – Estudo


dos Efeitos da Televisão

O estudo dos media assentam sempre na ideia de que existem efeitos significativos. Tal
com refere McQuail (2000), basta reflectir de forma ténue sobre as implicações que o
boletim meteorológico tem sobre a forma como nos vestimos, ou a influencia que
determinado anuncio tem no acto da compra do produto correspondente. No entanto
existem alterações profundas na forma como os meios de comunicação de massa são
estudados, tal como sugere Nowak (1997), os media começaram a ser abordados no
exterior, por analistas e críticos, criando-se a ideia de que os media surgiam como um
“problema” para o resto da sociedade. No entanto, o autor descreve a ideia de que os
media passaram a ser estudados por si levando a um amadurecimento e crescimento dos
“estudos sobre os media e a comunicação” nos últimos 25 anos.

No sentido de compreender a ligação entre o indivíduo e os media, ou seja, a


extensão dos efeitos dos media no Homem, é necessário efectuar uma decomposição
dos tipos, níveis, natureza e história dos efeitos. Antes de mais importa distinguir os
níveis e tipos de efeitos.

Theodoro Adorno (1954) concebia uma tese que listava alguns dos efeitos por
ele considerados nefasto do aparelho televisivo. Era o estudo à “psicologia das
profundezas”, onde se compreendia que as camadas de significação sobrepostas
específicas dos media, e por conseguinte da televisão, na índole da dualidade oponente
de “mensagem manifesta” e “mensagem escondida” (Adorno, 1954). Ora o autor
defende que a mensagem escondida possui efeitos nocivos que se alimentam das
“motivações irracionais”: “a maioria das emissões televisivas visa hoje produzir, ou
pelo menos reproduzir, a suficiência, a passividade intelectual e a credulidade que
parecem concordar com os credos totalitários, mesmo se a mensagem explícita dos
espectáculos é anti-totalitária” (Adorno, 1954). É nesta perspectiva que Adorno (1954)
afirma que “quanto mais os estereótipos se reificam e tornam rígidos na indústria
cultural tal qual ela é hoje, menos as pessoas são capazes de modificar as suas ideias
preconcebidas em função da evolução da sua experiência”.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Por outro lado, McLuhan (1964) tece duras críticas ao impacto que a televisão
tem na sociedade. O autor faz a ponte da “metamorfose de sensibilidade” entre a
tecnologia e o indivíduo, dizendo que “incorporando continuamente tecnologias,
relacionamo-nos a elas como servomecanismos” (1964: 64). “A utilização dos media
electrónicos faz parte de uma fronteira que vinca a clivagem entre o Homem
fragmentado de Gutenberg e o Homem integral, da mesma forma que a alfebatização
fonética marcou a passagem do Homem tribal, centrado sobre o conhecimento oral,
para o Homem condicionado pela percepção visual” (1977: 47), esta ideia manifesta a
concepção de uma choque entre a cultura antiga, repartida e visual, e a nova cultura,
integral e electrónica, provocando uma crise de identidade, quer pessoal ou colectiva
(1977: 55). A televisão, para McLuhan, tem a faculdade de criar e recriar identidades
colectivas; construir um dispositivo simbólico partilhado; compor uma vida simbólica
comum; o que pode ser analisado como uma estratégia de agenciamento de conteúdos e
de saberes.

Estas concepções catastróficas dos efeitos sociais da televisão têm sido


constantes ao longo do último século, no entanto há quem legitime que a televisão tem
sido ela própria ponto impulsionante para estas discussões (Cádima, 2001). No entanto,
por outro lado, alguns autores consideram que existe um “défice de reflexão sobre a
enunciação televisiva” (Bourdon e Jost, 1998). Estes autores compreendem que o
acesso à televisão está consubstanciado numa censura invisível baseada nas audimetrias:
“On peut et on doit luter contre l’audimat au nom de la démocratie” (1996). Se a
televisão foi um instrumento de consenso social (caso português), actualmente é um
sistema que gera a indiferença sem abdicar do vínculo social enquanto consenso, quer a
nível interno, quer no discurso que produz (Cádima, 2001). O objecto televisivo em si é
um mau objecto (Bourdon, 1998), tendo as ideias de Popper (1993), Bourdieu (1996),
Friedmann (1953) criado uma imagem da televisão deplorável. Se para Popper (1993);
Condry (1993); Duverger (1992); Bourdieu (1996); Sartori (2000) o campo político não
controla a televisão, então terá de ser esta a controlar a política. No entanto a história
reflecte que a política sempre tentou controlar o dispositivo informativo da televisão
para se perpetuar no poder (Cádima, 2001).

Outro dos assuntos em destaque actualmente é o estudo do público. Para Caseti e


di Chio (1999), o estudo do público não se limita na audimetria. Existe a necessidade de
se processar as alternativas às audimetria como: análise de conteúdo; estudos multi-

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

variados de segmentação de mercado; análise de motivações; apreciação e atitudes;


análise textual; estudos qualitativos; estudos etnográficos de consumo; estudos
culturais; entre tantos outros. Importa assim sintetizar o que são estudos qualitativos em
televisão: é a posse de dados sobre o agrado do público, quer em relação aos programas,
quer aos géneros e ao estilo do canal. Só desta forma é possível definir modelos de
programação equilibrados relativamente ao agrado do público e aos investidores
(publicitários e consequentemente as audiências). Segundo Manuel Maria Carrilho
(2007), “o que se avalia quando se medem audiências não é o que as pessoas querem,
mas a reacção ao que lhes é dado”. Deste ponto de vista pode-se ligar a posição de
Peter Meneer (1985) relativa ao serviço público de televisão. Este autor defende que a
maximização da audiência é uma boa estratégia para a televisão comercial, no entanto o
serviço público deve caminhar na opção de diversidade, mesmo da audiência.
Obviamente, estudar o impacto de determinado programa na audiência não é possível
através de estatísticas quantitativas; o consumidor, ou seja, o público, participa cada vez
mais activamente na construção do sentido da televisão e como tal tem de ter um papel
dominantemente qualitativo nos estudos dos media (Cádima, 2001).

Existem inúmeras formas de distinguir géneros de efeitos dos media. Para


Klapper (1960) os tipos de efeito distinguem-se entre Conversão (transformação da
crença em concordância com o propósito do comunicador); Pequena Mudança
(alteração na intensidade de cognição, da opinião ou do comportamento) e Reforço
(confirmação pelo receptor de uma crença existente). No entanto a concepção de
Klapper (1960) necessita de ser alargada de forma a abranger outras possibilidades, uma
vez que são atribuídos aos media tipos de mudanças passíveis de serem induzidos pouco
abrangentes como por exemplo: causar uma mudança intencional / não-itencional;
causar uma mudança menor (forma ou intensidade) / maior; reforçar o que existe
(nenhuma mudança); prevenir (evitar) mudança.

Os dois géneros de efeito que comprometem a falta de transformação abarcam


distintas concepções dos efeitos dos media. Windahl, et al. (1992) sintetizam a proposta
concebida por Kent Asp para qualificar os tipos de efeito em concordância com três
variáveis: nível (o individual ou do sistema); tempo (curto ou longo) e fonte (o meio, a
mensagem, o conteúdo ou a fonte original da mensagem). No entanto Lang e Lang

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

(1981) acrescentaram ainda novos tipos de efeitos notados: recíprocos (consequências


para o individuo ou instituição de se transformar no assunto de cobertura mediática); de
boomerang (acontecimentos planeados) e de terceira pessoa (ideia de que só os outros
são influenciados, nunca o próprio individuo).

Por outro lado comporta conhecer a história e a natureza dos estudos sobre os
efeitos dos media. Antes de mais é fundamental esclarecer que a história dos estudos
dos efeitos foi fortemente encorpada por complementos circunstanciais de tempo e de
lugar, bem como por factores contextuais, servindo os interesses de governos, grupos de
pressão, opinião pública, modas da ciência social ou da propaganda. Assim sendo, é
possível, distinguir quatro grandes períodos da história dos estudos dos efeitos McQuail
(2000): Media todos poderosos; testagem da teoria dos media poderosos; a
redescoberta dos media poderosos; Influência negociada dos media [VER ANEXO I].

É importante compreender que o poder dos media pode variar com os tempos
(McQuail, 2000). Carey (1988) afirma que “pode argumentar-se que a razão básica
que está por detrás da modificação do argumento sobre os efeitos, de um modelo
poderoso a um limitado e depois a um modelo ainda mais poderoso, é o mundo social
se ter transformado durante este período”. Na realidade os modelos dos efeitos
poderosos surgiram num período de instabilidade mundial, Primeira e Segunda Grandes
Guerras. No entanto os anos 50 e 60 ficaram marcados pela estabilidade social, até que
esta foi rompida por crises económicas, ondas de crime, guerras ou ainda algum
“pânico social” (McQuail, 2000), sendo imediatamente atribuída a responsabilidade aos
media. Rosengren e Windahl (1989) apontam que existem grandes diferenças nos
conteúdos exibidos na televisão nos anos cinquenta quando comparados com os dos
anos oitenta, bem como no seu papel social, suportando a ideia de que o poder dos
media pode variar de acordo com condições históricas. Conclui-se assim que os media
não são imutáveis na sua interferência potencial, quer através do tempo, quer entre
locais discrepantes.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

A Relação entre o Individuo e a Televisão

Influência na Produção de Conhecimento

A comunicação social utiliza meios de comunicação sofisticados, envolvidos em


tecnologias de ponta. No entanto, no que diz respeito ao seu conteúdo, as regras estão
definidas há algum tempo, em certos casos chegando mesmo a milhares de anos;
atenda-se ao exemplo das leis da propaganda política ou da publicidade (Lopes da Silva,
2002).

Centrando-se na concepção da inteligência cognitiva, relacionando a inteligência


humana com o modo de processamento dos computadores, pode-se associar a cognição
como a computação de representações simbólicas. Pode-se sintetizar desta forma que o
sistema cognitivo resume-se às operações realizadas sobre a informação no subsistema
de inferência; ao armazenamento de informação no subsistema de memória; e por
último, na informação que circuita no subsistema de comunicação (H. Simon). É
importante ainda esclarecer que esta concepção cognitivista está intimamente
relacionada com a psicologia cognitiva.

Neste campo é fundamental uma breve análise ao estudo de Mac Guire (1970)
sobre os processos inerentes no impacto de uma mensagem persuasiva numa audiência.
O autor chega à conclusão de que existem cinco processos distintos, mas
cronologicamente dependentes. O primeiro é a atenção, seguindo-se a compreensão –
estas duas etapas estão relacionadas com a comunicação -. A terceira etapa do processo
é a aceitação, seguindo-se a memorização – a estas duas fases dá-se o nome de
inferência -. A última das etapas é a decisão (ou acção) (Mac Guire, 1970). Este
processo anteriormente descrito é vulgarmente denominado pelos publicitários por
AIDA (Atenção; Interesse; Desejo; Compra). Ou seja, a mensagem, após despertar
interesse na audiência, ser compreendida, aceite e, por último, memorizada, é que
poderá desencadear comportamentos nos indivíduos da audiência. Pode-se então
deduzir que uma mensagem de fraca compreensão estará associada a um baixo impacto
persuasivo.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Levanta-se então a questão da capacidade da audiência das sociedades


industriais para tratarem de forma exaustiva toda a comunicação recebida. É neste
sentido que se conseguem sintetizar alguns aspectos generalizados na comunicação às
massas. Caso a mensagem seja atribuída a um especialista prestigiado, a audiência tende
a atribuir-lhe maior atenção do que a uma pessoa desconhecida. Associada a esta regra
de persuasão está a ideia de que quando maior for o número de argumentos, mais a
mensagem é considerada credível. No entanto, pode ainda esclarecer-se que caso a
mensagem formule um pedido difícil de ser satisfeito, ou seja, que tenha mais
implicações para o receptor, melhor o sujeito tratará o conteúdo da mensagem. Assim
sendo, caso a implicação seja mínima, mais o sujeito utilizará índices externos à
mensagem (Lopes da Silva, 2002).

De forma a melhor compreender-se os processos cognitivos é relevante


compreender as dimensões da comunicação de propaganda. A noção de propaganda
política nasce em 1789, com a Revolução Francesa, onde a ideologia se aliava a
exércitos para a condução da guerra. Conclui-se assim que a propaganda é um
importante auxiliar da estratégia. Atendendo-se ao exemplo do Nazismo e do
Leninismo, pode-se afirmar que a propaganda é uma espécie de guerra levada a cabo
por outros meios, sendo uma actividade pluriforme e diversificada que, de certa forma,
provoca os processos psicossociais da actual sociedade de massa [VER ANEXO II].

A comunicação publicitária é também contemplada pelos processos cognitivos


na comunicação social. A publicidade tem como objectivo principal motivar o consumo
de determinado bem, neste sentido, o indivíduo pode ser sujeito a tendências favoráveis
ou desfavoráveis ao consumo de bens. No entanto a resposta do Homem não é linear,
este necessita de ter a certezas, e no meio de inúmeras ofertas, ele escolherá a que
considera mais justificável. No entanto existem alguns artífices, ou tendências
favoráveis, para envolver os indivíduos no processo de aquisição de bens, tocando
alguns pontos sensíveis comuns a todos os Homens. Desses pontos comuns fazem parte
a necessidade de aspiração e bem-estar material inerente ao Homem; o sentido
económico da aquisição de bens, ou seja, se é justificável a dispensa de dinheiro por
determinado bem; a inveja, emulação ou ambição que serve de motor à aquisição de
determinado produto; o snobismo ou vaidade que pendem à compra de artigos de luxo;
ou ainda, o apelo à sexualidade, como forma de captar o interesse dos indivíduos. Por
outro lado, existem também tendências desfavoráveis, estas procuram impor noções aos

17
A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

indivíduos que estes não procuram. Conclui-se assim que a publicidade tem a
capacidade de penetrar na consciência individual [VER ANEXO III].

O último aspecto abordado pelos processos cognitivos é o da comunicação


mediática. Neste sentido é importante compreender que os órgãos de comunicação
dedicam grande parte à publicidade e à propaganda política, deixando apenas livres a
informação e a ficção. Desta forma, pode-se concluir que a actual ficção, inserida no
contexto de indústria cultural, contém em si as técnicas persuasivas até agora referidas.
No que diz respeito à informação pode-se afirmar que esta optou uma perspectiva
“espectáculo”, usando-se da capacidade para atrair a atenção (com cenários violentos;
trágicos ou impróprios) ao invés do respeito pela objectividade e pela verdade. Neste
sentido é possível afirmar que até a escolha de filmes para a grelha televisiva é baseada
em critérios de violência e cenas de sexo. Actualmente até mesmo a programação
infantil foi abruptamente corrompida com programas de teor violento, com excessos
despropositados e inadmissíveis utilizando-se linguagem e expressões obscenas e
desrespeitosas.

A indústria cultural vivida actualmente com a televisão comercial permite ao


mercado escolher todo o seu conteúdo, levando a um conceito de programação de fluxo,
onde o objectivo é reter ou manter o telespectador ligado a um determinado canal,
utilizando todos os processos possíveis para uma fidelização constante dos indivíduos.
Conclui-se assim que a actual comunicação mediática está repleta de técnica
persuasivas que pretende dominar os hábitos comunicacionais dos utentes da
comunicação, ou seja de todas as pessoas.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Papel Primordial da Informação no Mundo – A Televisão

A informação, devido à sua livre circulação, tornou-se vital para cada país ou
comunidade mundial, ocupando, assim, um lugar cada vez mais importante. Por toda a
história deparamo-nos com fortes exemplos do papel primordial que a informação
tomou no mundo. Tome-se como exemplo a revolta dos estudantes chineses, que se
dirigiram ao mundo inteiro graças à televisão. Um papel ainda mais importante tomou o
derrube das ditaduras na Europa de Leste. Que fez o senhor no Kremlin, em Janeiro de
1991, exercendo uma forte repressão sobre os países bálticos, amordaçando os media, e
reintroduzindo a censura, tendo sido o primeiro alvo deste poder central a televisão.

Visto ter sido o meio de comunicação que, desde os anos sessenta, veio alterar o
sistema mediático, a televisão torna-se no primeiro meio de informação, e em
variadíssimos casos, o único, das populações do Ocidente. Beneficiando do poderio da
imagem, esta aproveita-se de uma enorme vantagem sobre os seus precedentes, rádio e a
imprensa escrita. Tornando-se a imagem, numa, nunca antes vista forma de
simplificadora e falsificadora da realidade, ligando informação a manipulação.

“Dizer totalmente as verdades tolas e dificilmente as verdades difíceis”


(Alain Woodrow Andrésy, Março 1991)

A manipulação pode assistir-se de um carácter diferenciado, político, tomando


como melhor exemplo o caso da Roménia, económico, entre outros. Manipulação torna-
se nos dias de hoje, nas sociedades modernas, numa das maiores inquietações. Esta
existirá quanto mais as tecnologias informativas avancem, tornando-a inevitável.
Transformada em simples mercadoria a informação banaliza-se assim para fins
comerciais.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Televisão – um Reflexo do Homem

“You can fool some of the people all the time and all the people some of the
time, but you cannot fool all the people all the time”

É impossivel enganar algumas pessoas durante todo o tempo e todas as pessoas durante algum
tempo, mas é impossível enganar todas as pessoas durante todo o tempo.

(Abraham Lincoln, 1858)

«As crianças europeias passam 900horas por ano na escola e 1200 em frente do
televisor; o muro de Berlim caiu tanto por obra e graça dos satélites de televisão como
pelas marretadas de um povo sedento de liberdade; James Baker confessa que reagiu
rapidamente ao massacre de Tianamen porque pôde assistir ao acontecimento em
directo, na televisão; graças aos progressos da técnica, todo o mundo está agora ao
alcance instantâneo de cada um de nós; os gostos, usos e costumes e até a linguagem
são condicionados pelo pequeno ecrã; a estrutura das próprias mentalidades, sobretudo a
das novas gerações, é modelada por uma televisão que a Igreja classifica como «o maior
desafio com que as religiões jamais foram confrontadas»...» (Woodrow, 1996)

A televisão é primeiramente o reflexo dos Homens que a fazem mas sobretudo


da informação. São eles que antes de mais são detentores do poder de analisar, escolher,
propor e criticar, tornando-se a “única verdadeira autoridade social das comunidades
contemporâneas” (Alain Woodrow, 1996).

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Comportamentos Sociais (em Sociedade)

Neste segmento importa analisar o papel da televisão nos comportamentos


sociais dos indivíduos, nomeadamente a alteração do seu papel na sociedade e a
influencia da televisão nos mecanismo sociais. Ao longo de toda a exploração efectuada
foram várias as ligações às implicações sociais da televisão, no entanto pretende-se
agora sintetiza-las acompanhando-as do estudo elaboradíssimo do polémico
investigador Eduardo Cintra Torres (2006).

De forma a melhor compreender o papel da televisão nos indivíduos em


sociedade, é necessário entender em que medida este aparelho está presente nas casas
dos portugueses. A televisão surge como o mais comum dos meios de comunicação no
quotidiano, estando presente em 99,4% das casas portuguesas (Instituto Nacional de
Estatística, 2004). Com uma taxa de penetração tão elevada é de esperar que o mesmo
aconteça relativamente ao meio mais usado de comunicação. 99,3% dos inquiridos pelo
INE (2004) revelaram ser este o seu meio preferido para comunicar, ultrapassando as
conversas com a família e amigos (93,8%). Existe uma forte ligação entre as crianças e
o número de aparelhos televisivos em casa (Teixeira et al, 2004), levantando
oportunamente a questão de como estão a ser educadas as crianças actualmente. Importa
ainda compreender que a sala de estar é a divisão onde é mais comum encontrar uma
televisão, no entanto a cozinha, quartos ou salas de trabalho demonstram um número
também elevado de televisores, 44,3%, (Torres, 2006).

Ora se os media preenchem parte do tempo dos indivíduos é importante


compreender em que dimensão, de forma a compreender-se existe uma relação entre o
tempo despendido pelos média e a socialização real. Em 2004 os indivíduos estavam em
contacto uns com os outros, em média, durante 3 horas e 43 minutos por dia, no entanto
os seus aparelhos televisivos encontravam-se ligados, em média, durante 5 horas e 30
minutos por dia. A televisão parece assim servir como barreira ao isolamento ou ao
silêncio, transformando-se de electrodoméstico em companhia. 46,7% dos inquiridos
(Torres, 2006) deixam os seus televisores ligados mesmo quando não estão a assistir a
nenhum conteúdo. Por outro lado, 86,6% (Torres: 2006) dos inquiridos afirma que não
realiza outras actividades enquanto assiste aos conteúdos televisivos. Já no que diz

21
A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

respeito aos utilizadores da internet a sua maioria não faz acompanhar este uso pela
televisão (Cardoso et al, 2005: 214). Segundo um estudo do INE (1999) apenas 13,2%
dos indivíduos não dedicavam a sua atenção à televisão, partilhando-a com outras
actividades. A interacção com os media é levada ao máximo nível por 34,6% dos
portugueses (Cintra, 2006), e segundo o INE (2004), 49,9% dos portugueses assiste à
televisão enquanto almoça ou janta. O período do dia em que as pessoas mais atentas
estão à televisão é, segundo o INE (2004), durante o serão, com 93,6% dos indivíduos a
assistir à televisão sem realizar outras tarefas em simultâneo.

No que diz respeito à socialização entre indivíduos o “assunto” televisão é


considerando por muitos como fundamental, permitindo autênticos diálogos com
amigos ou conhecidos sobre o tema, não enriquecendo em nada a vida dos
interlocutores.

Actualmente, a problemática centra-se mais na questão de como podem as


pessoas controlar a televisão, ao invés de se deixarem controlar por ela. Por vezes
somos levados a acreditar que temos controlo sobre os conteúdos televisivos, ideia esta
que surgiu mais explicitamente com a introdução do comando remoto: o comando é o
símbolo do poder de escolha. No entanto não é assim que se verifica. A relação da ideia
de poder sobre a televisão com o facto de se possuir um comando remoto capaz de
responder ao nosso toque, mudando de canal ou desligando o aparelho, é
completamente errada. O zapping dá ao espectador a sensação de que possui autonomia,
rejeitando a suposta programação de um dos canais, na realidade o zapping apenas
permite identificar os gostos do espectador, estando este a responder de forma
totalmente passiva aos estímulos que os diversos canais lhe produzem.

Mais especificamente ao enquadramento da televisão na socialização pode-se


dizer que esta tem servido como motor para um novo género de actividade social.
62,2% (Torres, 2006) dos portugueses afirmar preferir assistir à televisão
acompanhados, revelando-se uma grande tendência para a assistência em grupo de
programas desportivos, como jogos de football. Neste ponto de vista a televisão serve
como ponto auxiliador à sociabilização dos indivíduos, dando-lhes pretexto para se
encontrarem e experienciarem actividades juntos.

A televisão passou também a fazer parte da rotina do Homem.53,2% (INE,


2000) daqueles que dizem ver televisão todos os dias, sabem o dia e a hora dos seus

22
A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

programas favoritos. Afirmando 21,8% (INE, 2000) que assiste sempre ao mesmo canal
ou programa, trata-se da fidelização do espectador levada ao extremo. É ainda
importante compreender que as crianças e os adolescentes são autónomos na decisão de
ver televisão, estando os pais à margem das suas escolhas, períodos e tempos de
exposição. A televisão veio facilitar o processo de educação dos mais novos, atribuindo-
se um elevado peso de entretenimento fácil, colocando para segundo plano a interacção
com os encarregados de educação.

É legitimo afirmar que a maioria dos indivíduos acredita que a televisão tem
uma influência acentuada na sociedade, basta analisar que é ela que produz os debates,
mediatiza os assuntos políticos e é usada pelos partidos e pelos seus líderes. Se as
pessoas em geral atribuem um elevado peso à televisão no que respeita às suas rotinas, é
lícito depreender que consideram importante o seu papel na sociedade.

Concluindo, a televisão é hoje o mais persuasivo media na sociedade portuguesa,


conseguindo penetrar de uma forma incrível na rotina dos indivíduos. As famílias
acreditam que a capacidade de assistir a coisas diferentes ao mesmo tempo por pessoas
diferentes é fundamental, levando a que a televisão se torne num poderoso elemento de
sociabilidade: é necessário assistir para se pode ser socializar. A inclusão da televisão
nos lares dos portugueses modificou os paradigmas vivenciais das famílias, mas não se
tornou num substituto generalizado da família (Dufour, 2004). A televisão tem assim a
capacidade para ceder contextos para a diferenciação e identificação singular, levando
os indivíduos a procurarem-na para preencher os espaços vazios que a velha
sociabilidade persistia em não facultar.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Conclusão

A televisão veio modificar o rumo da história mundial. A suas influências desde


o momento do seu aparecimento foram fulcrais para os paradigmas sociais que hoje
presenciamos. A sua novidade no mundo permitiu cambiar formas de estar e pensar,
acreditando-se que uma imagem vale mais que mil palavras (Provérbio Chinês). Ela
controla e monopoliza as grandes questões mundiais, ou pelo menos, leva-nos a crer que
o consegue fazer. Os grandes debates; as noticias mais importantes; os grandes
acontecimentos; as maiores confirmações; entre tantos outros assunto grandiosos, têm
presença permanente nos ecrãs de todo o mundo. O espetáculo associado ao mais vil do
cenários permite à televisão um estatuto extra-humano, dando-lhe um caractér absoluto.
A televisão e todo o seu conteúdo é visto cada vez mais como uma verdade inerente, até
porque todos, do mais instruído ao mais humilde, tomam em conta o que é dito na
“caixinha mágica”, e agem como tal.

O aparelho televisivo apoderou-se de um papel fundamental na rotina do


Homem. Está presente de forma constante na vida individual de cada um,
transformando-se ela própria num motor impulsionador de uma socialização menos
ampla. Os Homens reúnem-se em frente ao pequeno ecrã e divagam sobre os mais
diversos assuntos consoante a grelha televisiva lhes vai propondo. No entanto o
comando remoto atribui-lhes a sensação de que controlam aquilo que vêm, estado, por
outro lado, limitados aquilo que a capacidade televisiva pode oferecer.

As frenéticas mensagens comunicacionais que chegam ao homem tentam alojar-


se, mas o cérebro humano ainda não conseguiu adaptar-se a este ritmo tão elevado de
estímulos. A mensagem mal construída é rejeitada à inconscientemente pelo individuo,
no entanto, existem mensagem que inconscientemente são recebidas e memorizadas de
forma simples. As campanhas de comunicação enviesam as concepções da realidade dos
indivíduos, tal facto é provado nos massacres nazi e soviético que abalaram o século
passado. Não foi necessário muito mais que a comunicação, que a propaganda, para
levar o mundo inteiro a assistir passivamente à morte de milhões de pessoas. O
indivíduo está hoje mais atento, no entanto a sua capacidade para distinguir as inúmeras
mensagens que recebe é diminuta e pode-lhe levar a cair em enviesamentos do real.
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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Diga-se aquilo que se quiser, a verdade é que todos odiamos a televisão, tal qual
Orson Welles, no entanto agimos como se de amendoins se trata-se, não conseguindo
parar de os comer.

25
A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Bibliografia

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27
A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

ANEXO I

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Segunda Fase: Testagem da Teoria dos Media Poderosos


(McQuail, 2000)
Fim dos Anos 30 ao final dos Anos 60
Nos primeiros anos da década de 30 (Blumer,
1933; Blumer e Hauser, 1933; Peterson e
Thurstone) sobre a influência do cinema nas
crianças e nos jovens, que continuaram até à
década de 60, destacam-se os diferentes
Fundação Payne (E.U.A.) estudos sobre os dissemelhantes tipos de
conteúdo dos media, de forma especifica filmes
ou programas e campanhas inteiras, tendo-se
centrado sobretudo na questão do uso do
cinema e de outros meios para a persuasão ou
Estudos
informação planificadas.
São avaliadas as experiências massificadas da
utilização de material cinematográfico para
incutir o espírito de apoio às finalidades da
Hovland, et. al. (1949) Segunda Guerra Mundial aos recrutas
americanos. Uma campanha construída para
aumentar o apoio público às Nações Unidas é
descrita por Star e Hughes (1950).
Lazarsfeld, et al. (1944) e Início a um extenso hábito de averiguar a
Berelson, et al. (1954) eficácia das campanhas eleitorais democráticas.
É importante distinguir as alterações inseridas nesta segunda fase de estudo
dos efeitos dos media, nomeadamente o inicio, em que se tentou desassociar efeitos
possíveis ajustados a características sociais e psicológicas; bem como,
posteriormente, o acréscimo de constantes associadas a efeitos consequentes de
contactos pessoais e do ambiente social, permitindo posteriormente a preocupação
com as motivações que levam ao vínculo com media.
Joseph Klapper (1960)
É neste período que surge a ideia de que os media teriam um papel diminuto
na causa de efeitos planeados ou não intencionais. Joseph Klapper (1960)
sintetiza esta ideia com a afirmação de que “a comunicação de massas não
actua em regra como causa necessária nem suficiente de efeitos sobre a
audiência, mas funciona mais através de um nexo de factores de mediação”
(1960: 8), afirmando-se assim, que não existe uma relação objectiva entre o
incentivo dos media e a réplica da audiência; os media actuam no âmago de
um sistema pré-existente de conexões sociais num certo encadeamento social
Autores e cultural.
Hovland, et al. (1949) e Trenaman e McQuail (1961)
Chegam também à concepção de que a aquisição de informação pode
acontecer sem transformações de atitude, sendo a atitude mutável sem a
presença de transformações no comportamento. Pode-se concluir que durante
esta fase do estudo dos efeitos dos media, quem tinha intuitos de controlar ou
usar os media, política ou comercialmente, não podia adoptar a ideia,
evidenciada pela investigação, da incapacidade relativa dos media. A
concepção dos efeitos limitados estava para estes indivíduos, desacredita e
qualificada como uma concepção não realista.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

ANEXO II
Leis Empíricas da Propaganda Política (Lopes da Silva, 2002)

Lei da Simplificação e dos Inimigo Único


(Lopes da Silva, 2002)
A doutrina e a argumentação dividem-se em alguns pontos, claros e concisos.
Manifesto Comunista
Exemplo
(Marx e Engels, 1848)

“Proletários de todo o mundo, uni-vos!”


Simplificação da doutrina
(Marx e Engels, 1848)

Palavra de Ordem Exemplo:


(Conteúdo Tácito) “Terra aos que trabalham”

Elementos Simplificados
Slogan Exemplo :
(Apelo directo às paixões “Ein voilk, ein Reich, ein
política) führer”

Símbolos Exemplo:
(Mais abstractos mas mais
Foice e Martelo
fortes)

Na Alemanha Nazi, os
Judeus seriam a causa
Apelo ao Exagero Inimigo Único:
primária de todos os
problemas.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

Lei da Ampliação e da Desfiguraçaão


(Lopes da Silva, 2002)

É um processo jornalístico que coloca em evidência todas as informações favoráveis a


determinado objectivo. Utilizam-se, por vezes, citações retiradas de contextos para dar
novos sentidos a notícias.

“Roosevelt propõe uma arbitragem recusada pelos


grevistas”

Notícia publicada nos E.U.A.


Exemplo:
“Grevistas respondem à estúpida política social de
Roosevelt com recusa da arbitragem”

Notícia publicada na Alemanha

“Toda e qualquer propaganda devem estabelecer o seu nível intelectual segundo a


capacidade de compreensão dos mais obtusos dentre aqueles a quem se dirige. O seu
nível intelectual será, portanto, tanto mais baixo quando maior for a massa de
homens que se procura convencer” (Hitler, 1925)

Lei da Orquestração
(Lopes da Silva, 2002)

A primeira condição para uma boa propaganda é a da incansável repetição dos


principais temas. Insistir fortemente sobre um tema central, no entanto, apresentando-o
sob diversos aspectos, faz parte da metodologia proposta por esta Lei. Assim sendo,
pode-se concluir que a palavra de ordem de determinada propaganda deve ser
apresentada sob diferentes aspectos, embora sempre condensada, como uma conclusão

“Delenga Carthago”
Exemplo:
“Je fais la guerre” (Clemenceau, 1918)

A psicologia das massas não sofre alteração.

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

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A CAIXA QUE MUDOU O MUNDO

ANEXO III
PROCESSO PSICO-PUBLICITÁRIO (Lopes da Silva, 2002)

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