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Educação de Jovens e

Adultos: Fundamentos
e Práticas
Material Teórico
Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago

Revisão Textual:
Profa. Ms. Rosemary Toffoli
Políticas, Programas, Experiências
e Práticas Pedagógicas na EJA

• Introdução

• As políticas de educação de jovens e adultos: federal,


estadual e municipal

• Os educadores de EJA que atuam em diferentes


Programas voltados para alfabetização e EJA:
depoimentos caracterizando suas experiências e práticas
em sala de aula

• Conclusão

· O tema principal desta unidade versa sobre as políticas e


programas de EJA: ações, experiências e práticas. Partimos
da exposição das políticas de educação de jovens e adultos:
federal, estadual e municipal, com objetivo de apresentar como
as diferentes instâncias de governo têm atuado para garantir o
direito à educação de jovens e adultos no Brasil. Procuraremos,
ainda, apresentar a educação de jovens e adultos por meio das
experiências e atuação dos educadores em diferentes Programas,
relatos dos trabalhos desenvolvidos, materiais didáticos utilizados
e a análise de diferentes teóricos sobre essas experiências.

Durante a leitura, aproveite para destacar e registrar os aspectos que achar mais importantes
bem como as dúvidas que surgirem.
Para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais interativo possível, na pasta de
atividades, você também encontrará a atividade de sistematização, o fórum de discussão
e a videoaula.

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Contextualização

A década de 1980, precisamente, a partir de 1985, presenciamos a redemocratização das


relações sociais e das instituições políticas brasileiras, por meio do alargamento do campo dos
direitos sociais. Nesse sentido, houve a promulgação da Constituição Federal de 1988 que, no
seu artigo 208, dispõe sobre a educação de jovens e adultos analfabetos estendendo a garantia
de ensino fundamental, obrigatório e gratuito às pessoas que a ele não tiveram acesso na idade
própria. Assim, vê-se garantido o reconhecimento social dos direitos das pessoas jovens e adultas à
educação fundamental. Entretanto, é importante destacar que nas disposições transitórias, o artigo
60, determinava que, pelo menos, cinquenta por cento dos recursos a que se refere o artigo 212
fossem aplicados na eliminação do analfabetismo e na universalização do ensino fundamental.
É também neste contexto que passa a ganhar relevância o debate sobre políticas, programas
e ações que se propõem à educação e escolarização de jovens e adultos no Brasil, desenvolvidos
no contexto do atual governo federal, estadual e municipal. Portanto, como já assinalado no
conteúdo teórico, a formação docente na contemporaneidade deve assumir uma complexidade
que merece ser tratada com mais atenção pelos diferentes aportes teóricos que sustentam o
debate científico e acadêmico voltados à compreensão do homem como sujeito histórico e
social. O que se coloca para todos os níveis e modalidades da educação.

Atenção
Importante reforçar que a atuação das Universidades é ainda muito tímida e restrita ao Curso de
Licenciatura de Pedagogia e que necessita ser ampliada contemplando as especificidades dos diferentes
programas dirigidos à Educação de Jovens e Adultos, seja em nível nacional ou local. Neste sentido,
é relevante tratar dos programas e expor sua dimensão pedagógica, os depoimentos dos educadores
e educandos sobre o programa e seu impacto no processo de produção de conhecimento.

Para darmos início à unidade, assista novamente ao vídeo Histórias de um Brasil


Alfabetizado, que trata do Programa, de histórias dos seus educandos e dos educadores.
Reflita e aprende com o vídeo com atenção especial à dimensão pedagógica do Programa nas
falas dos educandos e educadores.

Explore

Para ter acesso à reportagem acesse o link: http://youtu.be/ewgREnDv_w4.

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Introdução
Esta Unidade tem como finalidade apresentar políticas, programas e ações que se propõem
à educação e escolarização de jovens e adultos no Brasil, desenvolvidos no contexto do atual
governo federal, estadual e municipal. Apresentamos o material didático, os educadores e as
práticas que visam a alfabetização e letramento dos jovens e adultos.
Embora compreendamos a educação de jovens e adultos como uma diversidade de processos
e práticas que ocorrem formal e informalmente, fora do espaço escolar e sistematicamente no
espaço escolar, na educação básica - ensino fundamental e médio-, estaremos dando ênfase,
nesta unidade, à análise que situa as práticas nas etapas iniciais do ensino fundamental.

As políticas de educação de jovens e adultos: federal,


estadual e municipal

Iniciaremos apresentando algumas das políticas do governo federal, conceituando o programa,


expondo seus objetivos e proposta de ação.
Quanto ao Governo Federal, destacamos os seguintes programas: O Programa Brasil
Alfabetizado (PBA); Educação em Prisões e Projovem Urbano. Com relação ao Governo do
Estado de São Paulo, temos conhecimento que há ações vinculadas ao Programa Alfabetiza São
Paulo, mas não há disponíveis informações em sua página. Encontramos disponíveis diferentes
programas dirigidos para a educação básica, mas nenhum envolvia a educação de jovens e
adultos. Em nível Municipal, escolhemos a EJA promovida pela escola.
O Programa Brasil Alfabetizado (PBA) vem sendo realizado desde 2003 e volta-se para
a alfabetização de jovens, adultos e idosos. Ele é desenvolvido em todo o território nacional,
atendendo, prioritariamente, a municípios que apresentam alta taxa de analfabetismo, sendo que
90% deles localizam-se na região Nordeste. Os Municípios que participam do PBA recebem apoio
técnico para a implementação das ações do programa de forma a garantir a continuidade dos
estudos aos alfabetizandos. É um programa que espera pela adesão dos estados e municípios
brasileiros. Tem como objetivo promover a superação do analfabetismo entre jovens com 15 anos
ou mais, adultos e idosos e contribuir para a universalização do ensino fundamental no Brasil.
É importante ressaltar que a ação política num regime de colaboração entre União, Estados
e Municípios pretendia ampliar significativamente as matrículas da EJA, primeiro segmento,
entretanto, os dois últimos Programas: Alfabetização Solidária e Brasil Alfabetizado parecem não
conseguir atingir tal meta, pois o que identificamos é que houve ampliação na década de 1990 e,
no contexto atual, a partir de 2007, o que assistimos é uma estagnação e queda de atendimento nos
últimos anos. Segundo os dados da PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, de 2012,

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

divulgados pelo IBGE, no mês de setembro/2013, tivemos uma variação no índice de


analfabetismo de apenas 0,1 ponto percentual (de 8,6 para 8,7% da população acima de 15
anos), em relação ao PNAD de 2011. Esta variação, em números absolutos, representa um
ligeiro acréscimo de um contingente de 300 mil analfabetos a mais. Ainda é um desafio para a
política educacional ampliar as matrículas na EJA, com o intuito de garantir a continuidade de
estudos dos que frequentaram o Programa Brasil Alfabetizado.
A Educação nas Prisões é mais um programa desenvolvido pelo governo federal, e tem
como objetivo apoiar técnica e financeiramente a implementação da Educação de Jovens e
Adulto no sistema penitenciário, por meio da: elaboração dos Planos Estaduais de Educação
nas prisões; oferta de formação continuada para Diretores de estabelecimentos penais, Agentes
Penitenciários e Professores; aquisição do acervo bibliográfico.
Esta iniciativa está fundamenta na Resolução nº 03/2009, do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária do Ministério da Justiça, que dispõe sobre a responsabilidade do
governo federal, por intermédio dos Ministérios da Educação e da Justiça no fomento e indução
de políticas públicas de Estado no domínio da educação nas prisões, estabelecendo parcerias
entre estes Ministérios e os governos do estado, Distrito Federal e municípios.
Temos, ainda, a Resolução Nº 2, de 19 de maio de 2010, que dispõe sobre as Diretrizes
Nacionais para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade
nos estabelecimentos penais. No seu artigo 2º diz que:

As ações de educação em contexto de privação de liberdade devem estar


calcadas na legislação educacional vigente no país, na Lei de Execução Penal,
nos tratados internacionais firmados pelo Brasil no âmbito das políticas de
direitos humanos e privação de liberdade, devendo atender às especificidades
dos diferentes níveis e modalidades de educação e ensino e são extensivas aos
presos provisórios, condenados, egressos do sistema prisional e àqueles que
cumprem medidas de segurança. (BRASIL, CNE-CEB, 2010, p. 2)

As legislações vigentes destacam a necessidade das ações destinadas aos jovens e adultos
em situação de privação de liberdade e atendem a tratados firmados pelo Brasil em âmbito
internacional. Esta resolução prevê, ainda, a publicização das ações pelas diferentes instâncias
de governo e a promoção, pela gestão da educação no contexto prisional, de parcerias

[...] com diferentes esferas e áreas de governo, bem como com universidades,
instituições de Educação Profissional e organizações da sociedade civil, com
vistas à formulação, execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas
de Educação de Jovens e Adultos em situação de privação de liberdade.
(BRASIL, CNE-CEB, 2010, p. 3)

Para a juventude temos o Projovem Urbano que se propõe a elevar a escolaridade de jovens
com idade entre 18 e 29 anos, que saibam ler e escrever e ainda não concluíram o ensino
fundamental. Conforme previsto no artigo 81, da Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394/96, é um
programa que busca a conclusão do ensino fundamental, por meio da Educação de Jovens e
Adultos, integrando-o à qualificação profissional atrelando-o ao exercício da cidadania. Suas
ações destinam-se a apoio técnica e financeiramente Estados, Municípios e Distrito Federal para
a oferta e desenvolvimento de cursos do Projovem Urbano, a concessão de auxílio financeiro
mensal aos jovens atendidos, durante 18 meses do curso, no valor de R$ 100,00.

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A Secretaria de Educação do Município de São Paulo tem se destacado desde a década de
1990 na elaboração e implementação de políticas públicas voltadas para a educação de jovens
e adultos. Para a gestão dos programas e ações de EJA a Secretaria Municipal de Educação
conta com a Divisão de Orientação Técnica da Educação de Jovens e Adultos – DOT/EJA que
oferece alternativas diferenciadas de atendimento à população, mantendo cursos em diferentes
modalidades de ensino, incluindo a capacitação para o trabalho.
Dentre as suas iniciativas destacamos apenas duas: EJA (Educação de Jovens e Adultos) e
MOVA (Movimento de Alfabetização).
A EJA oferece o ensino fundamental no período noturno em quatro anos. Passa por uma
reorganização em 2007. Conforme a Portaria 4917/07

Art. 2º: A Educação de Jovens e Adultos nas Unidades Escolares do Município


de São Paulo fundamentar-se-á nos seguintes princípios:
I - A Educação de Jovens e Adultos como direito, com resgate das funções
reparadora, equalizadora e qualificadora;
II - Educação voltada para o exercício da cidadania e para a solidariedade, a
justiça social e a postura crítica frente à realidade;
III - Educação ao longo da vida, visando à satisfação das necessidades básicas de
aprendizagem dos jovens e adultos, de modo que possam alcançar patamares
comuns de escolaridade, percorrendo trajetórias escolares distintas;
IV - Educação que promova a relação, sem hierarquização e sem nenhum
tipo de preconceito ou discriminação, entre pessoas com diferenças de cultura,
etnia, cor, idade, gênero, orientação sexual, ascendência nacional, origem e
posição social, profissão, religião, opinião política, estado de saúde, deficiência,
aparência física, ou outra diversidade;
V - Escola como importante instância de mediação, não como único espaço
educativo, que utiliza espaços e situações de aprendizagem extraescolares, mas
que reconhece e valoriza os conhecimentos que os jovens e adultos trazem da
vida em sociedade, do trabalho e de outras circunstâncias.

Verifica-se a valorização dos conhecimentos que os jovens e adultos trazem dos contextos
sociais, de trabalho e vida cotidiana; a promoção da aprendizagem percorrendo trajetórias
escolares distintas e ao longo da vida; a promoção uma educação sem hierarquização, sem
preconceitos ou discriminação com vistas à inclusão e respeito à diversidade. O MOVA foi
institucionalizado pelo Decreto 44.270, de 22 de dezembro de 2003, no governo de Marta
Suplicy. É um Programa desenvolvido em parcerias entre Secretaria Municipal de Educação
e entidades sociais que estabelecem salas de alfabetização. O seu artigo 3º dispõe sobre sua
organização na relação parceira.

Art. 3º. A Secretaria Municipal de Educação manterá, permanentemente,


o Fórum do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos e os Fóruns
Regionais do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, congregando
parceiros e colaboradores do MOVA/SP, como instância de diálogo, formação,
planejamento e avaliação do programa.
Parágrafo único. Os Fóruns Regionais de que trata o “caput” deste artigo ficam
vinculados às Coordenadorias de Educação das respectivas Subprefeituras.

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Para saber mais sobre Projovem Urbano, escute os depoimentos dos alunos:
• http://youtu.be/zqntpNP-2lw.

A exposição das iniciativas, sua caracterização e desenvolvimento, buscaram apresentar os


rumos tomados pela política educacional no campo da EJA e apontar para os desafios que
ainda temos para constituir a EJA em uma política pública de Estado, para além de campanhas
e ações pontuais de governos. Continuamos explicitando os desafios para que a reflexão do
ponto de vista das políticas de educação seja permanente e comprometa-se com mudanças que
possam ampliar o acesso a essa modalidade e melhores condições de trabalho ao educador.

Os educadores de EJA que atuam em diferentes Programas volta-


dos para alfabetização e EJA: depoimentos caracterizando suas
experiências e práticas em sala de aula
Se, na verdade, o sonho que nos anima é democrático e solidário, não é falando
aos outros, de cima para baixo, sobretudo, como se fôssemos os portadores
da verdade a ser transmitida aos demais, que aprendemos a escutar, mas é
escutando que aprendemos a falar com eles. Somente quem escuta paciente e
criticamente o outro, fala com ele, mesmo que, em certas condições, precise falar
a ele. (Paulo Freire em: Pedagogia da Autonomia: saberes necessários
à prática educativa, 1996)

A Educação de Jovens e Adultos, como um segmento e modalidade da Educação Básica, tem


sido analisada em suas diferentes dimensões: política, gerencial e pedagógica. Nesta Unidade
tratamos da EJA como política pública, apresentando políticas e programas e, agora, focaremos
na sua dimensão pedagógica. Para tanto, os Programas serão retomados na sua dimensão
pedagógica, caracterizando o seu desenho, seu público, motivo de inscrição e matrícula; os
professores de EJA, relatando seus olhares, experiências e práticas em sala de aula.
O Programa Brasil Alfabetizado – PBA faz parte de muitas iniciativas que compõem o espectro
de atendimento a jovens e adultos, demandando dessas iniciativas a perspectiva de se constituírem
como políticas publicas de Estado. O PBA apresenta-se como uma significativa estratégia de
garantia do direito à educação, bem como uma importante alternativa para o enfrentamento das
desigualdades que marcam as condições de oferta de educação em nível nacional.
A formação de alfabetizadores e coordenadores das turmas do PBA aborda concepções,
fundamentos, princípios e estratégias metodológicas da alfabetização de jovens, adultos e idosos; a
aplicação da avaliação cognitiva; a orientação para obtenção de documentos necessários ao exercício
da cidadania e relacionados ao encaminhamento dos egressos do programa às turmas de EJA.

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Vejamos abaixo depoimentos dos educadores e educandos do PBA

Explore

Para saber mais sobre o PBA no Brasil, escute os depoimentos de professores


e alunos. O primeiro vídeo é da experiência no município de Equador-RN
• http://youtu.be/-nvGgJ4DiVg.

Retomo o vídeo Histórias de um Brasil Alfabetizado, com a finalidade


de resgatarmos os depoimentos muito significativos de educandos e
educadores do PBA
• http://youtu.be/ewgREnDv_w4.

O Projovem Urbano estabeleceu diretrizes curriculares e metodológicas que orientam a


organização do trabalho pedagógico, incluindo a elaboração de materiais didáticos e a avaliação
dos processos de ensino e de aprendizagem.

Abaixo caracterizamos o seu público, formado por jovens entre 18 e 29 anos, resultado de
uma pesquisa1 realizada junto a 72 mil jovens matriculados nas primeiras turmas do ProJovem
Urbano, iniciadas em 2008.

É um público que tem como maioria as mulheres, 64,4%, e 35,6% são do sexo masculino.
Essa representação mostra a necessidade de se ter uma organização pedagógica que contemple
questões específicas para um público com significativo número de mulheres.

Na representação do Gráfico 1, no que diz respeito à última série concluída do ensino


fundamental, podemos ver que 25% dos respondentes concluíram a 7ª série; 21,9% a 6ª
série; 24,4% a 5ª série; e 18,7% a 4ª série, sinalizando que a maioria dos jovens finalizou o
fundamental I ou séries iniciais, mas não tiveram êxito do ensino fundamental II, abandonando
a escola nas últimas séries do ensino fundamental.
Gráfico 1 – Última série concluída do ensino fundamental (%)

Fonte: ProJovem (2009) apud Andrade; Esteves e Oliveira (2009)


1 Banco de dados sob a responsabilidade da Coordenação Nacional do Projovem Urbano.

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Gráfico 2 – Motivo de inscrição no ProJovem (%)

Fonte: ProJovem (2009) apud Andrade; Esteves e Oliveira (2009)

Como podemos observar o item qualificar-se para o mercado de trabalho apresenta-se como
o principal motivo de inscrição no Programa, com 40,8% das respostas, reafirmando a dimensão
do programa como inserção no mercado de trabalho e estratégia de vida para a população jovem.
É seguido pelo interesse de conclusão do ensino fundamental, com 27,5%, e pelo aprendizado
de outra profissão, com 13,3%. Como vemos a questão do trabalho e a inserção do jovem no
mercado é um dos objetivos mais urgentes da agenda da juventude brasileira.
O ProJovem tem como propósito definir estratégias de atuação na sala de aula com o intuito
de integrar as três dimensões do currículo: Educação, Qualificação e Ação Comunitária. A
tradução do currículo em situações de ensino e de aprendizagem foi garantida pela organização
de quatro guias multidisciplinares que norteiam o percurso dos alunos, orientando os trabalhos
individuais ou coletivos, bem como por meio do apoio às atividades desenvolvidas à distância.
Os eixos são divididos em seis unidades formativas:
• Unidade Formativa I – Juventude e Cultura
• Unidade Formativa II – Juventude e Cidade
• Unidade Formativa III – Juventude e Trabalho
• Unidade Formativa IV – Juventude e Comunicação
• Unidade Formativa V – Juventude e Tecnologia
• Unidade Formativa VI – Juventude e Cidadania

Os educadores recebem um Guia Orientador e formação específica para atuar no ProJovem.


Os educadores que trabalham nos núcleos são: educadores de formação básica, com licenciatura
(sendo um de cada área do ensino fundamental); educadores de Qualificação Profissional, com
qualificação adequada ao desenvolvimento dos arcos ocupacionais escolhidos pela gestão local;
educadores de Participação Cidadã, com graduação em Serviço Social.
De acordo com Nascimento (2012), por meio de uma investigação, identificou-se que o
Projovem é representado como

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[...] um Programa que vinha incluir os excluídos desse sistema regular de ensino
porque enquanto professora temporária a gente percebia o quanto esses alunos
eles são excluídos, eles são excluídos porque eles são estigmatizados, porque
eles não prestam, porque eles bagunçam, porque eles são isso, porque eles
são aquilo. Enquanto que muitas vezes a gente percebe que um aluno daquele
precisa que a gente escute, que a gente conquiste e aí a gente vai ter um olhar
diferenciado, e o Programa veio proporcionar isso (educadora da participação
cidadã em grupo focal, agosto de 2011).

Este depoimento demonstra a mudança da visão da educadora sobre os jovens que frequentam
o Programa que inicialmente são considerados como “excluídos” do sistema escolar, que não
prestam, bagunçam etc. Entende que o Programa proporciona uma mudança neste olhar, passa
a ter um olhar diferenciado, includente e compreensivo.
Seguem, abaixo, depoimentos dos educadores do ProJovem:

Estar no Projovem é muito bom por ter companheiros de trabalho dispostos


a transformar a educação. O projeto tem o objetivo de preparar os alunos
para o mundo. Eles são especiais. Alguns com histórias tão incríveis que por
algum motivo não puderam terminar o Ensino Fundamental. Estou muito
feliz de fazer parte da família Projovem.
Jailson Araújo de Oliveira – Professor de Matemática

Como educadora sinto-me realizada em poder participar deste programa,


pois a cada dia vou aprendendo com as experiências e histórias de vida
de cada aluno. Contribuindo, assim, para o aprimoramento educacional, na
formação de cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres e no
desejo constante de termos uma sociedade mais justa.

Vanézia Maria da Silva – Professora de Inglês

Ser professor é vencer desafios. No Projovem proporcionamos aos nossos


alunos vislumbrar novos horizontes, por meio da construção do senso crítico,
da dignidade e da valorização da experiência pessoal de cada um.
Beatriz Oliveira de Aquino – Professora de Ciências Naturais

Ser professora do Projovem urbano é uma experiência nova no qual


estou adquirindo conhecimentos, desenvolvendo habilidades e superando
inúmeros desafios. É uma aprendizagem diária que se baseia na relação
entre professor e aluno. Existindo uma troca de conhecimentos, importante
para a inclusão desses jovens na sociedade.
Edivânia Paulo da Silva –Assistente Social

Para mim, ser professor do Projovem é ajudar na construção de um país


melhor, pois através da educação humanizada atingiremos o inatingível.
Roberto Barros – Professor de FTG
Retirado do PROJOVEM EM AÇÃO: O JORNAL DA JUVENTUDE DELMIRENSE, de
Delmiro Gouveia, 12 de Novembro de 2009. 1ª Edição. Alagoas.
Fonte: http://www.projovemurbano.gov.br/galera/files/u1/jornal_exemplar-delmiro_al_.pdf.

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Os depoimentos demonstram o vínculo dos professores com o Programa e com os alunos


que frequentam, entendem como um Programa que possibilita a formação para a cidadania,
a construção de um país melhor, que os mesmos enfrentem e superem desafios no processo
de escolarização.
Os desafios são maiores quando nos reportamos à educação nas prisões, pois educar o
preso, mulheres e homens, é uma tarefa que exige considerar o homem inacabado, incompleto,
entendendo que a educação se dá ao longo da vida.
Como já mostrado na Unidade 2, a educação prisional está associada à realidade de uma
população carcerária que atualmente está em 423 mil pessoas, dentre as quais mais de 70% não
possuem o ensino fundamental completo. (PORTUGUES, 2009)
Os educadores que atuam na educação prisional precisam compreender a complexidade da
atuação junto a este público que cumpre pena de encarceramento, sendo imprescindível vê-los
como sujeitos de direitos, com histórias que retratam sua vida individual e social. Os elementos de
sua constituição como sujeitos históricos, políticos e culturais devem ser preservados, analisados
e ressignificados no processo de escolarização. É uma atuação que exige reflexão, ação, análise
crítica, planejamento, avaliação e replanejamento constantes.
O currículo deve ser diferenciado e atender às especificidades da EJA em prisões, tendo
uma prática educativa que o aproxime do educando, dialogada, crítica e politizada. Uma das
formas indicadas é a valorização e o trabalho com as histórias de vida dos educandos privados
de liberdade.
Indicamos assistir ao vídeo que trata sobre a atuação do professor nas prisões.

Explore
Para saber mais sobre a Educação nas Prisões, assista ao debate promovido pelo Salto para o Futuro
• https://youtu.be/O8JUbdaHiQs

Para finalizar, Portugues (2009) nos aponta para o fato de que a atuação do educador
prescinde de [...]

Ações que sejam fundadas no diálogo (uma das bases do processo de


humanização), no estabelecimento de relações éticas, afetivas e de confiança,
na identificação e formulação de problemas e na busca e proposição de
alternativas de superação, na construção do conhecimento, no debate – uma
educação libertadora. (PORTUGUES, 2009, p. 117)

Para tanto, é preciso reconhecer que a formação docente na contemporaneidade deve


assumir uma complexidade que merece ser tratada com mais atenção pelos diferentes aportes
teóricos que sustentam o debate científico e acadêmico voltados à compreensão do homem
como sujeito histórico e social. Isto se coloca para todos os níveis e modalidades da educação.

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Conclusão
Esta unidade propôs-se apresentar políticas, programas e ações que se propõem à
educação e escolarização de jovens e adultos no Brasil, desenvolvidos no contexto do atual
governo federal, estadual e municipal. Caracterizamos os Programas, apresentamos olhares e
depoimentos dos educadores, suas experiências e práticas educativas com vistas à alfabetização
e letramento dos jovens e adultos.
Consideramos importante destacar que os desafios ainda são muitos e diferenciados para
efetivarmos a EJA em uma política pública de Estado, para além de campanhas e ações
pontuais de governos. Por este motivo, em todas as unidades propomo-nos a explicitar os
desafios para que a reflexão do ponto de vista das políticas de educação seja permanente e
comprometa-se com mudanças que possam ampliar o acesso a essa modalidade e melhores
condições de trabalho ao educador.
Finalmente, os Programas apresentados e os educadores neles envolvidos tem materializado
a EJA como um problema de política pública e que a dimensão pedagógica, muitas vezes
conhecida por meio das sua Proposta Curricular Nacional para a Educação de Jovens e Adultos,
seja extensiva a todos, à juventude que se matricula no ProJovem a fim de finalizar o ensino
fundamental e preparar-se para o mercado de trabalho e aos jovens e adultos em cárcere privado.
O sistema educacional brasileiro está sendo repensado, inscrevendo-se no cenário social como
espaço inclusivo, admitindo a diversidade e a necessidade de criar bases política e pedagógica
que atuam numa perspectiva emancipadora e libertadora do ser humano.

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Material Complementar

Neste espaço, você terá acesso a conteúdos complementares ao material da unidade IV.
Aproveite para aprofundar e sistematizar os conhecimentos acerca das políticas e programas de
EJA: ações, experiências e práticas.
Bom estudo e até a próxima unidade!

Por meio do site Domínio Público você poderá ampliar seus conhecimentos assistindo
a vídeos que tratam de educação de forma geral e de educação de jovens e adultos,
mais especificamente. Sobre a Juventude, Ensino Médio e expectativas do seu futuro,
além de explorar a realidade do sistema educacional brasileiro, público e privado,
indico o documentário Pro dia nascer feliz.
https://youtu.be/nvsbb6XHu_I

Confira a Coleção Educação para Todos, v. 27, por meio da leitura de Juventudes:
outros olhares sobre a diversidade, de ABRAMOVAY, M.; ANDRADE, E. R.;
ESTEVES, L. C. Gil, acessando o link:
https://goo.gl/UepeZH

Confira, ainda, sobre o Brasil Alfabetizado


https://goo.gl/49NkEE

Confira também Projeto pedagógico integrado – PPI – ProJovem Urbano.


https://goo.gl/Qk7aFo

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Referências

ANDRADE, E. R.; ESTEVES, L. C. e OLIVEIRA, E. C. Composição social e percursos escolares


dos sujeitos do ProJovem: novos/velhos desafios para o campo da educação de jovens e adultos.
In: MACHADO, M. M. (Org.) Educação de Jovens e Adultos. Em Aberto. INEP, Brasília,
v. 22, n. 82, Nov. 2009. (p. 73-89)

BRASIL, CNE-CEB, Resolução Nº 3, de 15 de junho de 2010.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Editora


Paz e Terra. Coleção Saberes. 1996.

PORTUGUES, M. R. Educação de jovens e adultos presos: limites, possibilidades e perspectivas.


In: MACHADO, M. M. (Org.) Educação de Jovens e Adultos. Em Aberto. INEP, Brasília,
v. 22, n. 82, Nov. 2009. (p. 109-120)

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Unidade: Políticas, Programas, Experiências e Práticas Pedagógicas na EJA

Anotações

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