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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

FACULDADE DE DIREITO
GRADUAÇÃO EM DIREITO

ALEF AZUELOS DA SILVA


BEATRIZ SANTOS BRITO
GUILHERME AUGUSTO PINHEIRO PANTOJA
GUSTAVO PINTO DE OLIVEIRA
HUGO LUIZ DA SILVA LIMA
ISABELLA MACHADO NUNES
JULYANNA LIMA FERREIRA DAS COSTA
LAURA SOUZA DE ARAÚJO
MANOEL VICTOR DOS SANTOS

JÚRI FILOSÓFICO: JULGAMENTO DE SÓCRATES


(DEFESA)

MANAUS
2019
ALEF AZUELOS DA SILVA
BEATRIZ SANTOS BRITO
GUILHERME AUGUSTO PINHEIRO PANTOJA
GUSTAVO PINTO DE OLIVEIRA
HUGO LUIZ DA SILVA LIMA
ISABELLA MACHADO NUNES
JULYANNA LIMA FERREIRA DAS COSTA
LAURA SOUZA DE ARAÚJO
MANOEL VICTOR DOS SANTOS

JÚRI FILOSÓFICO: JULGAMENTO DE SÓCRATES


(DEFESA)

Trabalho científico apresentado à Faculdade de Direito


da Universidade Federal do Amazonas, como requisito à
obtenção de nota parcial na disciplina Filosofia Geral e
do Direito, no âmbito da graduação em Direito.
Disciplina ministrada pela Professora M.Sc. Deise
Nilciane Ferreira de Souza.

Prof. M.Sc. DEISE NILCIANE FERREIRA DE SOUZA

MANAUS
2019
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................ 6

2.1 Ética, Moral e Direito na Modernidade ................................................................... 6

2.2 Ética e Moral na Grécia Antiga ................................................................................ 8

2.3 Contornos de Direito na Grécia Antiga ................................................................... 9

2.4 Dialética socrática e as divergências de pensamentos .......................................... 10

2.5 Julgamento de Sócrates ........................................................................................... 11

3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 14

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................. 15

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 17

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 18
4

1 INTRODUÇÃO

O presente estudo teve como objeto a análise o julgamento de Sócrates, ocorrido no


ano de 399 A.C. na cidade-Estado de Atenas, na Grécia, tendo como objetivo geral refletir sobre
a condenação de Sócrates sob as perspectivas da ética e da moral. Para tanto, esta pesquisa
acolheu, como objetivos específicos: esclarecer os conceitos de ética e moral; descrever os
principais fatos da vida de Sócrates; e elucidar as questões centrais relacionadas ao processo
persecutório a que o Filósofo fora submetido.
Considerando que a demanda original deste estudo adveio de participação em Júri
Filosófico no âmbito da Faculdade de Direito da Universidade do Federal do Amazonas
(UFAM), este trabalho agrega duas perspectivas de relevância, sendo uma de ordem científica
e outra de ordem prática. A primeira diz respeito à promoção de aprofundamento de
fundamentos filosóficos que são de reconhecida relevância para a dogmática jurídica da
civilização ocidental. A segunda parte do pressuposto de que a formação do jurista deve ter
sólida base humanística, a qual frequente se faz necessário recorrer diante da complexidade da
vida social da modernidade.
Com efeito, visto o dever de propor um debate jurídico-filosófico por meio da
argumentação, nos termos de Stone (1988), “(...) chegar ao Sócrates histórico é apenas uma
parte da nossa tarefa. Para nós, é igualmente importante recuperar os argumentos de acusação
e a visão que os cidadãos tinham de Sócrates”.
Nessa ótica, valendo-se do próprio método socrático, isto é, o de realizar perguntas, e
correndo o risco, embora bem-intencionado, de poder soar pretensioso, este estudo visou a
responder a seguinte problemática: “a condenação de Sócrates foi justa ou injusta?”. Com o
anseio o anseio de responder a esta pergunta, arbitrou-se dar a esta pesquisa a hipótese de ter
sido injusta a condenação do Filósofo.
Desta feita, tornou-se imperativo, para não incorrer em anacronismo, que os
pesquisadores tenham delimitado o referencial teórico a autores cuja abordagem tenha
perpassado pela rigorosa consideração dos conceitos, valores e crenças da época dos fatos, sem
prejuízo de, resguardados os devidos limites, promover a reflexão acerca de mutações dessas
variáveis sob o contexto Moderno.
No capítulo dois, considerando o fato de Sócrates, pelo que relatam os historiadores,
não ter deixado qualquer escrito de suas obras, a revisão da literatura tomou por base, na seleção
de autores da época, sem abrir mão de exegetas modernos, o relato dos fatos realizado por
Platão, visto como discípulo mais próximo e, portanto, de maior credibilidade. Segundo
5

Johnson (2012), ao se tratar de Sócrates, Platão é autoridade no assunto que, como professor,
usou a essência socrática para disseminar a própria ideia platônica consolidada na Academia de
Platão. (p. 14-15). Tal escolha fundamenta-se ainda no que informa Pessanha (1987), segundo
o qual Aristófanes enfocou o período anterior à missão filosófica de Sócrates; Xenofone era
visto como sujeito simplório e que levava as ideias éticas de Sócrates a lugares-comuns,
empobrecendo-as ou deturpando-as; por fim, Aristóteles frequentemente "aristoteliza" o
pensamento de seus antecessores, tornando-os meros atos de preparação para que possa traçar
suas próprias concepções filosóficas.
No capítulo três, que versa sobre aspectos de ordem metodológica, foi realizada a
caracterização desta pesquisa, bem como a descrição das etapas empíricas seguidas pelos
pesquisadores.
O capítulo quatro foi reservado aos resultados e às discussões. Dito de outra forma,
nele foram expostas as provas colhidas em função do referencial teórico selecionado, que, por
sua vez, sustentaram a tese final, possibilitando o confronto entre a problemática e a hipótese
suscitadas.
Por fim, nas considerações finais, sob um prisma jurídico-filosófico, refletiu-se sobre
os aspectos que tornaram esse julgamento tão memorável e protagonista de grandes debates
ainda na atualidade.
6

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Ética, Moral e Direito na Modernidade

Em sua acepção filosófica, a Ética, na concepção de Reale (1999), é entendida como


a doutrina do valor do bem, propondo-se a analisar o problema da conduta ou do valor da
ação humana. Detém, portanto, relevante papel no aprimoramento moral da humanidade.
Preconiza o jusfilósofo:
O problema do valor do homem como ser que age, ou melhor, como o único ser que
se conduz, põe-se de maneira tal que a ciência se mostra incapaz de resolvê-lo. Este
problema que a ciência exige, mas não resolve, chama-se problema ético, e marca
momento culminante em toda verdadeira Filosofia, que não pode deixar de exercer
uma função teleológica, no sentido do aperfeiçoamento moral da humanidade e
na determinação essencial do valor do bem, quer para o indivíduo, quer para a
sociedade. (REALE, 1999, p. 35) (grifo nosso)

Com efeito, a cristalização da Ética, segundo Nader (2018), está representada nas
chamadas normas éticas, que determinam o agir social e cuja vivência constitui um fim em si
mesma. Essas normas podem advir dos campos do Direito, da Moral, das Regras de Trato Social
e dos Preceitos Religiosos. Dados o enfoque desta pesquisa, optou-se pelo maior detalhamento
apenas dos dois primeiros.
Embora, segundo Nader (2018), seja terreno comum entre os expositores o fato de que
os gregos não preocuparam em diferenciar Direito e Moral. Entretanto, o presente trabalho, para
fins meramente didáticos, evitando incorrer no anacronismo de tentar aplicar tais conceitos à
outra época, optou por fazê-lo. Desse modo, afirma o autor que as distinções entre Direito e
Moral podem ser tanto de cunho formal, quanto de conteúdo.
Quanto às diferenças formais, preconiza o jurista:

a) A Determinação do Direito e a Forma não Concreta da Moral – Enquanto o


Direito se manifesta mediante conjunto de regras que definem a dimensão da conduta
exigida ou fórmula de agir, a Moral, em suas três esferas, estabelece uma diretiva mais
geral, sem particularizações.

b) A Bilateralidade do Direito e a Unilateralidade da Moral – As normas jurídicas


possuem uma estrutura imperativo-atributiva, isto é, ao mesmo tempo em que impõem
um dever jurídico a alguém, atribuem um poder ou direito subjetivo a outrem. Daí se
dizer que a cada direito corresponde um dever. Se o trabalhador possui direitos, o
empregador possui deveres. A Moral apresenta uma estrutura mais simples, pois
impõe deveres apenas. Perante ela, ninguém tem o poder de exigir uma conduta de
outrem. Fica-se apenas na expectativa de o próximo aderir às normas. Assim,
enquanto o Direito é bilateral, a Moral é unilateral. Chamamos a atenção para o fato
de que este critério diferenciador não se baseia na existência ou não de vínculo social.
7

Se assim o fosse, seria um critério ineficaz, pois tanto a Moral quanto o Direito
dispõem sobre a convivência. A esta qualidade vinculativa, que ambos possuem,
utilizamos a denominação alteridade, de alter, outro. À característica apontada do
Direito, Miguel Reale prefere denominar bilateralidade atributiva. 11 No quadro
comparativo que apresenta sobre os campos da Ética, assinala a bilateralidade como
característica da Moral. O autor distingue, portanto, a bilateralidade atributiva da
simples bilateralidade, termo este que emprega no sentido de liame ou vínculo social.

c) Exterioridade do Direito e Interioridade da Moral – A partir de Tomásio, surgiu


o presente critério, desenvolvido por Kant, posteriormente, e conduzido ao extremo
por Fichte. Afirma-se que o Direito se caracteriza pela exterioridade, enquanto a
Moral, pela interioridade. Com isto se quer dizer, modernamente, que os dois campos
seguem linhas diferentes. Enquanto a Moral se preocupa pela vida interior das
pessoas, como a consciência, julgando os atos exteriores apenas como meio de aferir
a intencionalidade, o Direito cuida das ações humanas em primeiro plano e, em função
destas, quando necessário, investiga o animus do agente. Este critério nos parece
verdadeiro para as esferas da Moral autônoma e religiosa sem atingir a Moral social.
Partindo da premissa de que não há atos puramente externos, porque as ações revelam
sempre algo que se passa no interior, Elías Díaz prefere outra terminologia: atos
interiorizados e exteriorizados. Os primeiros figuram apenas no plano do pensamento,
enquanto os exteriorizados, que já possuem una zona de intencionalidad, têm uma
dimensão objetiva, mostram-se externamente. Para o jusfilósofo espanhol, o Direito
se limita aos atos exteriorizados, enquanto a Moral se ocupa tanto dos interiorizados
quanto dos exteriorizados. Este critério, como o próprio autor confessa, não é decisivo,
mas é importante ao afirmar que o Direito não deve interferir no plano do pensamento,
da consciência, dos atos que não se exteriorizam.

d) Autonomia e Heteronomia – De uma forma generalizada, os compêndios


registram a autonomia, querer espontâneo, como um dos caracteres da Moral. Nesta
parte, é indispensável a distinção suscitada por Heinrich Henkel. Se a adesão
espontânea ao padrão moral é inerente à Moral autônoma e peculiar à Ética superior,
o mesmo não ocorre em relação à Moral social. Diante do conjunto de exigências
morais que a sociedade formula a seus membros, o agente se sente compelido a seguir
os mandamentos. Neste setor, não há espontaneidade da consciência. O fenômeno que
se dá é o de adaptação das condutas aos padrões morais que a sociedade elege. A
Moral social, portanto, não é autônoma. Em relação ao Direito, este possui
heteronomia, que significa sujeição ao querer alheio. As regras jurídicas são impostas
independentemente da vontade de seus destinatários. O indivíduo não cria o dever-
ser, como acontece com a Moral autônoma. A regra jurídica não nasce na consciência
individual, mas no seio da sociedade. A adesão espontânea às leis não descaracteriza
a heteronomia do Direito.

e) Coercibilidade do Direito e Incoercibilidade da Moral – Uma das notas


fundamentais do Direito é a coercibilidade. Entre os processos que regem a conduta
social, apenas o Direito é coercível, ou seja, capaz de adicionar a força organizada do
Estado, para garantir o respeito aos seus preceitos. A via normal de cumprimento da
norma jurídica é a voluntariedade do destinatário, a adesão espontânea. Quando o
sujeito passivo de uma relação jurídica, portador do dever jurídico, opõe resistência
ao mandamento legal, a coação se faz necessária, essencial à efetividade. A coação,
portanto, somente se manifesta na hipótese da não observância dos preceitos legais.
A Moral, por seu lado, carece do elemento coativo. É incoercível. Nem por isso as
normas da Moral social deixam de exercer uma certa intimidação. Consistindo em
uma ordem valiosa para a sociedade, é natural que a inobservância de seus princípios
provoque uma reação por parte dos membros que integram o corpo social. Essa
reação, que se manifesta de forma variada e com intensidade relativa, assume caráter
não apenas punitivo, mas exerce também uma função intimidativa, desestimulante da
violação das normas morais. (NADER 2018, p. 40-41)
8

No que diz respeito às diferenças de conteúdo entre o Direito e a Moral, Nader


(2018) continua:
a) O Significado de Ordem do Direito e o Sentido de Aperfeiçoamento da Moral
– Ao dispor sobre o convívio social, o Direito elege valores de convivência. O seu
objetivo limita-se a estabelecer e a garantir um ambiente de ordem, a partir do qual
possam atuar as forças sociais. A função primordial do Direito é de caráter estrutural:
o sistema de legalidade oferece consistência ao edifício social. A realização
individual, o progresso científico, tecnológico e o avanço da Humanidade passam a
depender do trabalho e discernimento do homem. A Moral visa ao aperfeiçoamento
do ser humano e por isso é absorvente, estabelecendo deveres do homem em relação
ao próximo, a si mesmo e, segundo a Ética superior, para com Deus. O bem deve ser
vivido em todas as direções.

b) Teorias dos Círculos e o “Mínimo Ético”: 1º) A teoria dos círculos concêntricos
– Jeremy Bentham (1748-1832), jurisconsulto e filósofo inglês, concebeu a relação
entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura geométrica dos círculos. A ordem
jurídica estaria incluída totalmente no campo da Moral. Os dois círculos seriam
concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta teoria, infere-se: a) o campo
da Moral é mais amplo do que o do Direito; b) o Direito se subordina à Moral. As
correntes tomistas e neotomistas, que condicionam a validade das leis à sua adaptação
aos valores morais, seguem esta linha de pensamento. 2º) A teoria dos círculos
secantes – Para Du Pasquier, a representação geométrica da relação entre os dois
sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos secantes. Assim,
Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo,
uma área particular independente. De fato, há um grande número de questões sociais
que se incluem, ao mesmo tempo, nos dois setores. A assistência material que os filhos
devem prestar aos pais necessitados é matéria regulada pelo Direito e com assento na
Moral. Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um
benfeitor. De igual modo, há problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como, por
exemplo, a divisão da competência entre a Justiça Federal e a Estadual. 3º) A visão
kelseniana – Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois
sistemas como esferas independentes. Para o famoso cientista do Direito, a norma é o
único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais.
4º) A teoria do “mínimo ético” – Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo ético
consiste na ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários
ao bem-estar da coletividade. Para o jurista alemão toda sociedade converte em
Direito os axiomas morais estritamente essenciais à garantia e preservação de suas
instituições. A prevalecer essa concepção o Direito estaria implantado, por inteiro, nos
domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos círculos concêntricos.
(NADER, 2018, p. 41-44)

Neste sentido, considerando a possibilidade de convergência entre a o moral e o


direito, tem-se a Ética como campo científico destinado a condicionar uma das variáveis
influenciadoras (Moral) da função de regulação da vida social exercida pelo Direito.

2.2 Ética e Moral na Grécia Antiga

Voltando-se ao contexto da Grécia Antiga, segundo preconiza Pessanha (1987), a


tradição ética decorreu, fundamentalmente, de Homero e Hesíodo. As epopeias homéricas
9

(séculos X-VIII a.C.) foram responsáveis por conceber uma ética aristocrática que fazia a
virtude (aretê) ser enxergada como um atributo inerente à nobreza, tendo manifestação na
conduta cortesã e no heroísmo de guerra. Não obstante, a partir de Hesíodo (século VIII a.C.) é
que a virtude passa a ter uma conotação moral, isto é, deixa de ser algo nato dos bem-nascidos
para ser concebida como uma conquista, sendo apenas resultado de esforço e trabalho do
próprio homem.
Com efeito, na esteira do que defendia Hesíodo, vislumbrou-se a tese de que o caminho
para se alcançar a virtude poderia ser ensinado. Essa pedagogia passa então a ser objeto dos
esforços dos Sofistas, no campo da oratória, pregando o relativismo moral; e de Sócrates que,
opondo-se aos Sofistas, voltou-se ao estudo do conhecimento e do real significado das palavras.

2.3 Contornos de Direito na Grécia Antiga

Os mitos helênicos forneceram diversos elementos para as artes bem como para a
filosofia grega. Portanto, com o Direito atávico e seus institutos não poderia ser de outra
maneira.
De acordo com o Professor de História do Direito da Universidade de São Paulo, Luiz
Carlos de Azevedo: “Se os diplomas estiveram reunidos, um dia, de modo a perfazer um corpo
legal, nada disso chegou ao nosso tempo, da maneira como sucedeu em Roma, onde a doutrina
e constituições imperiais viram-se coligadas e compiladas a mando de Justiniano.” Ou seja, o
ordenamento jurídico grego não deixou um corpo de normas organizado como o Direito
Romano o fez.
As fontes do direito grego, em primeiro lugar, entre outros, são de trechos extraídos
de Platão e Aristóteles. As leis que aparecem ainda em “Política”, “Ética a Nicômaco” bem
como em alguns fragmentos retóricos de Demóstenes, Ésquines, Lísias, Antifonte, etc. Cabe
ressaltar ainda que os discursos proferidos pelos exímios oradores durante o calor dos debates
nos tribunais nem sempre estariam acompanhando, também, o espírito originário da Lei; como
a argumentação não se fazia para convencer juízes togados, mas jurados leigos (AZEVEDO,
2007).
De acordo com o Professor, é possível colher informações de valia em textos literários
em geral, tal como nas obras de Heródoto ou Xenofonte, a exemplo da comédia de Aristófanes
chamada As Vespas que aponta as deturpações do sistema judiciário, ao tempo da guerra do
Peloponeso; refugiados da campanha subsistiam praticamente de favor, à conta parcos óbolos
10

que lhes propiciavam as funções de jurados, as quais, não se cumpriam com a esperada
imparcialidade.
A Boulé ou Conselho dos Quinhentos, vinha composta por cidadãos escolhidos por
sorte; em Atenas, cinquenta de cada tribo. Cuidava de questões religiosas, financeiras,
diplomáticas, militares. Redigiam e preparavam decretos, enviando-os à assembleia popular,
para discussão e aprovação (AZEVEDO, 2007).

2.4 Dialética socrática e as divergências de pensamentos

Nascido em Atenas em 470 ou 469 a.C, Sócrates era de origem humilde, “filho de pai
pedreiro e mãe, (segundo ele) parteira” (JOHNSON, 2012, p. 12). Em meados de seus 40 anos,
o Filósofo se vê imbuído de uma missão que lhe fora conferida pelo oráculo de Delfos, que é o
de despertar os homens para o conhecimento de si mesmos (PESSANHA, 1987).
Retratado nas obras platônicas, era um pensador que usava o diálogo como forma de
reflexão, levando os cidadãos da polis grega a utilizar seus argumentos de forma sistemática e
de modo que estes fossem capazes de analisar melhor o que era costumeiro, buscando entender
as origens de tais costumes e, não raro, questioná-los.
Sócrates tinha como base fundamental de seu pensamento o homem e suas
complexidades, ou seja, a base de fundamentos filosóficos de Sócrates é vinculada à ideia de
organização social e ao sistema de organização ateniense da época, ao modo de organização de
governo. “Tanto quanto os sofistas, Sócrates abandonou a preocupação dos filósofos pré-
socráticos em explicar a natureza e se concentrou na problemática do homem” (COTRIM, 2000,
p. 94)
O método socrático de pensamento, também conhecido como dialética socrática,
consistia em uma investida no aprofundamento acerca do conhecimento, valendo-se de ironia
“(...) em grego, ironia quer dizer “interrogação”. De fato, Sócrates interrogava seus
interlocutores sobre aquilo que pensavam saber” (COTRIM, 2000, p. 94).
O Filósofo utilizava as perguntas como forma de construção de um novo
conhecimento, desvinculado de ideias preexistentes e não fundamentado em costumes atávicos.
“Essa face do diálogo socrático, destinada à concepção de ideias, era chamada de maiêutica,
termo grego que significa “arte de trazer à luz” (COTRIM, 2000, p. 95). Objetivo era levar o
indivíduo a um questionamento interno sobre a origem do conhecimento que este possuía e
buscar evidenciar os contrastes com as respostas dadas, possibilitando uma reconstrução de
ideias e quebrando a convicção — mantida pela maioria — de que tudo sabiam. Desse modo,
11

o homem agora dotado de conhecimento verdadeiro teria maior capacidade de discernimento


para diferenciar o bem do mal; ou, em outras palavras, o justo do injusto.
Com esse método disruptivo de pedagogia na polis, era iminente a ocorrência de
conflitos, como afirma Stone (1988) “(...) o conflito entre Sócrates e sua cidade natal teve início
porque havia divergências profundas entre ele e a maioria dos atenienses de sua época”.
Algumas são por ele pontuadas, “a primeira e a mais fundamental dessas discordâncias dizia
respeito à natureza da comunidade humana. Seria ela, como afirmavam os gregos, a polis — a
cidade livre? Ou seria, como disse Sócrates tantas vezes, um rebanho?”. Esse questionamento
leva ao segundo ponto tensão, haja vista que ser um cidadão da polis (um polites) era uma honra
para os atenienses, pois significava o direito de debater e votar a respeito das questões que
afetavam a vida do cidadão e de toda a cidade. O terceiro ponto destacado em sua obra, e talvez
o mais crítico, é que, ao estudar os procedimentos de eleição e as regras estabelecidas no debate
nas assembleias populares da republica romana, ao lado dos processos da assembleia ateniense,
é possível ver o contraste entre os dois sistemas políticos, uma vez que em Atenas o conceito
cidadania se limitava à uma oligarquia disfarçada de democracia direta.

2.5 Julgamento de Sócrates

Embora fosse uma oligarquia de fato, a democracia na cidade-Estado de Atenas,


conforme relata Pessanha (1987), assegurava àqueles considerados cidadãos o exercício da
função legislativa, por meio de participação na Ekklesia (assembleia popular), arena na qual
participavam do processo de elaboração de leis que regiam a vida social, imputando-lhes
também a obrigação, após o juramento heliástico, de agir como verdadeiros juízes, assumindo
o compromisso de aplicar as leis que eles próprios votavam em prol da polis.
Com efeito, no ano de 399 a.C., a Ekklesia reunira-se com aproximadamente 500
membros, com a finalidade de julgar o filósofo Sócrates. Em síntese, as acusações eram as
seguintes: 1) não reconhecer os deuses do Estado; 2) introduzir novas divindades; e 3)
corromper a juventude. A pena requerida foi a de morte (PESSANHA, 1987).
A defesa de Sócrates contra as acusações que lhe foram imputadas foi realizada por
ele próprio, na esperança de exercer o covencimento, preservar o cumprimento da lei e
demonstrar a prática de filosofar perante a polis. O Filósofo, então, fez uso de sua costumeira
dialética, que, segundo Goto (2010), buscou não a imposição de razões, mas a subtração delas
da fala de seus adversários (acusadores). Sendo assim, abriu mão dos estilos eloquentes de
oratórias usualmente utilizados perante a Ekklesia.
12

No início de seu discurso, ao declarar-se inocente de todas as acusações, Sócrates


proclamou aos seus julgadores aquilo que encarara como sua missão de vida:

Não tenho outra ocupação senão a de vos persuadir a todos, tanto velhos como novos,
de que cuideis menos de vossos corpos e de vossos bens do que da perfeição de vossas
almas, e a vos dizer que a virtude não provém da riqueza, mas sim que é a virtude que
traz a riqueza ou qualquer outra coisa útil aos homens, quer na vida pública quer na
vida privada. Se, dizendo isso, eu estou a corromper a juventude, tanto pior; mas, se
alguém afirmar que digo outra coisa, mente. (PLATÃO, Defesa de Sócrates)

Posteriormente, insistindo em sua usual ironia, deixa Meleto embaraçado, na medida


em que o faz perceber que nem sequer ele próprio, enquanto acusador principal, conseguia dar
significado à acusação de corromper a juventude que ele imputara à Sócrates.
Em relação aos juízes, refutou a possibilidade de pedir-lhes absolvição, senão que em
sua visão, tinha o dever de informá-los e convencê-los, não lhes cabendo a dispensa de favores
a quem quer que seja, uma vez juraram julgar segundo as leis.
Quando da computação dos votos e da constatação de sua condenação, Sócrates não
se mostrou surpreso com o resultado, embora tenha confessado que esperava ter perdido por
margem maior que aquela apurada.
Restava ao senil Filósofo um último recurso que poderia livrá-lo da pena capital: era
praxe nos julgamentos atenienses perguntar ao acusado a pena que gostaria de cumprir. Ora,
dado o patente descrédito de Mileto e a apertada margem pela qual se deu sua condenação, na
concepção de Pessanha (1987), Sócrates poderia facilmente ter poupado sua própria vida caso
manifestasse concordância em pagar algum tipo de multa, por exemplo. Ocorre que usar desse
subterfúgio, em menor grau que fosse, seria admitir uma culpa que sua consciência não lhe
impusera. Desse modo, Sócrates não só refuta fazer concessões, como vai além:

Ora, o homem (Meleto) propõe a sentença de morte. Bem; e eu, que pena vos hei de
propor em troca, Atenienses? A que mereço, não é claro? Qual será? Que sentença
corporal ou pecuniária mereço, eu que entendi de não levar uma vida quieta? Eu que,
negligenciando o de que cuida toda gente — riquezas, negócios, postos militares,
tribunas e funções públicas, conchavos e lutas que ocorrem na política, coisas em que
me considero de fato por demais pundonoroso para me imiscuir sem me perder —,
não me dediquei àquilo a que, se me dedicasse, haveria de ser completamente inútil
para vós e para mim? Eu que me entreguei à procura de cada um de vós em particular,
a fim de proporcionar-lhe o que declaro o maior dos benefícios, tentando persuadir
cada um de vós a cuidar menos do que é seu do que de si próprio, para vir a ser quanto
melhor e mais sensato, menos dos interesses do povo que do próprio povo, adotado o
mesmo princípio nos demais cuidados? Que sentença mereço por ser assim? Algo de
bom, Atenienses, se há de ser a sentença verdadeiramente proporcionada ao mérito;
não só, mas algo de bom adequado a minha pessoa. O que é adequado a um benfeitor
pobre, que precisa de lazeres para vos viver exortando? Nada tão adequado a tal
homem, Atenienses, como ser sustentado no Pritaneu; muito mais do que a um de vós
que haja vencido, nas Olimpíadas, uma corrida de cavalos, de bigas ou quadrigas. Esse
13

vos dá a impressão da felicidade; eu, a felicidade; ele não carece de sustento, eu


careço. Se, pois, cumpre que sentenciem com justiça e em proporção ao mérito, eu
proponho o sustento no Pritaneu. (PLATÃO, Defesa de Sócrates)

Para a surpresa de todos, Sócrates antagoniza a decisão dos juízes, alegando-se não só
digno de inocência, mas de mérito singular na polis, razão pela qual disse que merecia, mais do
que qualquer um que já houvera ganho as olimpíadas, ser alimentado no Pritaneu como
benemérito ou herói da cidade. Entre a impossível recompensa e o cumprimento da pena, os
juízes optaram por acatar o pedido da acusação e senteciá-lo à morte.
Conforme demonstrado no diálogo Félon, de Platão, Sócrates, já no recinto onde
aguardara a morte, recebe investidas com o intuito de persuadi-lo a empreender fuga, hipótese
que rejeita categoricamente, afirmando que a única coisa que importa seria viver honestamente
e sem cometer injustiças, nem mesmo em retribuição a uma justiça recebida. Por fim, Sócrates
toma a cicuta que lhe fora oferecida pelo carcereiro e vem a falecer em seguida.
14

3 METODOLOGIA

Dado o caráter dialético deste estudo, as etapas da pesquisa perpassaram a revisão da


literatura, a seleção do referencial teórico, a execução da pesquisa bibliográfica propriamente
dita e a análise dos fatos narrados pelos autores.
Quanto à classificação, optou-se por utilizar os modelos referenciais que permitissem
vislumbrar a “natureza” e a “abordagem do problema” (SILVA E MENEZES, 2005), bem como
elucidar os “objetivos” e os “procedimentos técnicos” (GIL apud SILVA E MENEZES, 2005).
Quanto á natureza, Silva e Menezes (2005) classificam as pesquisas em básicas e
aplicadas. A primeira visa a gerar conhecimentos úteis ao avanço da ciência, sem
necessariamente possuir aplicação prática prevista. A segunda, ao contrário, detém caráter
prático e objetiva a solução de problemas específicos. Desse modo, considerando o mérito
essencialmente teórico e dialético deste estudo, tratou-se de pesquisa básica.
No que diz respeito à abordagem do problema, tem-se a diferenciação entre qualitativa
e quantitativa. A primeira estabelece uma relação entre o mundo real e o sujeito, tendo, portanto,
um elo indissociável entre objetividade e subjetividade (SILVA E MENEZES, 2005). Desta
feita, considerando que o objeto desta pesquisa é essencialmente subjetivo, tratando do filósofo
Sócrates e seu julgamento, imputou-se o caráter qualitativo ao presente estudo.
Ademais, em face dos procedimentos técnicos, a pesquisa pode ser classificada como:
bibliográfica; documental; experimental; levantamento; estudo de caso; pesquisa expost-facto;
pesquisa-ação; e pesquisa participante (GIL apud SILVA E MENEZES, 2005). Com efeito,
considerando que este estudo baseia-se em material já publicado como livros e artigos
científicos, enquadrou-se como pesquisa bibliográfica.
Por fim, quanto aos objetivos, Gil apud Silva e Menezes (2005) classifica as pesquisas
em: exploratória, descritiva e explicativa. A primeira almeja tornar o problema explícito; a
segunda, descreve as características de determinados fenômenos e populações; a terceira, por
sua vez, possui o intuito de identificar as causas que levam ao fenômeno. O presente estudo,
portanto, detém caráter dual, sendo descritivo e explicativo, na medida em que relata os fatos
ocorridos à época do julgamento de Sócrates, bem como investiga as causa que possam ter
levado à sua condenação.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante dos fatos narrados, pode-se inferir que o bem para Sócrates reside em um valor
de obediência, podendo-se desdobrar em duas dimensões, a saber: obediência à consciência e à
Lei. A primeira está implícita na própria dialética socrática, a qual pressupõe que o enfoque
maior dos esforços do homem deve ser o aprimoramento de sua alma e conhecimento de si
mesmo, em vez do vão regozijo presente no usufruto de bens materiais. A segunda, traduziu-se
no próprio julgamento e sentença a que fora submetido, quando se absteve de qualquer tentativa
de barganhar sua liberdade perante os julgadores ou de empreender fuga após sua condenação.
Como emblemático, tem-se a descrição dos três acusadores de Sócrates: Meleto, um
poeta; Ânito, um político; e Lincon, um orador profissional. Traçando-lhes um perfil mais
detalhado que deixa evidente a credibilidade duvidosa dos acusadores, Johnson (2012) afirma
que Meleto era um “Fanático religioso, ansioso por usar o crime de impiedade como uma
bengala para garantir a vitória em cima de figuras públicas, que, segundo ele, não tinham zelo
no pensamento religioso correto.”; Ânito, democrata e patrocinador efetivo do processo, teria
feito uso de sua influência social por motivos pessoais contra Sócrates por causa de palavras
ditas sobre seu filho, citadas em Apologia de Sócrates (III, 29), in verbis: “(...) certo dia que,
uma vez que fora levado às primeiras dignidades da República, não ficava bem elevar o filho
ao mister de tanoeiro”; Lincon, por fim, era de pouca relevância e estava presente com o intuito
de representar a classe dos oradores.
Caso não fosse suficientemente convincente a desqualificação de seus algozes, pode-
se adentrar ainda no mérito das acusações imputadas ao Filósofo.
Em relação à acusação de não reconhecer os deuses do Estado, tal alegação cai por
terra na medida em que é amplamente reconhecido que Sócrates iniciou sua missão de auxílio
no despertar da consciência humana, sob a égide do que lhe fora passado por sarcedores no
oráculo de Delfos, templo reconhecido pelo Estado.
Quanto à acusação de que teria introduzido novas divindades, a justificativa de
negação dessa alegação decorre da primeira, haja vista que já resta patente a submissão de
Sócrates à religiosidade ateniense. Por fim, resta uma hipótese remota: caso se pretendesse dar
ao daimon do Filósofo o status de nova divindade, seria esta mais uma sinalização de
contradição do Estado, na medida em que a premissa teria o potencial de elevar o próprio
Sócrates à categoria de divindade, visto que o “demônio” é retrato na obra de Platão como “voz
interior” do próprio Filósofo.
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Por fim, no que tange às alegações de que corrompera a juventude, resta claro que se
tratou de argumento falacioso, senão que Mileto, autor da acusação, quando indagado, não
soube sequer especificar a que tipo de corrupção a acusação se referia, passando, inclusive, por
embaraço público.
Sobre o fato de que tenha reputado injusta as acusações e se declarado inocente, mas
ainda assim tenha agido de forma resignada após a sua condenação, tem-se duas perspectivas
de interpretação seguidas por este estudo, a saber uma moral e outra ética.
No que tange à Moral, esta pertencente ao íntimo do indivíduo, o bom e o justo, passa,
necessariamente, segundo Sócrates, pela submissão do homem à Lei, razão pela qual resignou-
se após sua condenação pela Ekklesia, refutando qualquer tipo de subterfúgio que lhe permitisse
escapar da pena. Dito de outra forma, se sua moral por um lado reputava como injusta a
condenação, conforme demonstrado em seus diálogos no leito de morte, relatados em Félon,
ainda assim seu senso de moralidade indicara-lhe que o bem residia em sua submissão à Lei e
ao veredicto que lhe fora imputado.
Por sua vez, considerando a Ética como uma arena de reflexão das ações humanas,
com o intuito de dicernir o bem do o mal, tal como o justo do injusto, traduzindo-se,
efetivamente, em filosofia da própria moral, dadas a referência apontadas neste trabalho,
inferiu-se que a condenação de Sócrates, pura e simplesmente em razão de possuir um
pensamento crítico apurado e ter colocado em risco o status quo da polis, foi injusta e, portanto,
antiética.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Preliminarmente, ao analisar o relato de Platão acerca do julgamento de Sócrates bem


como os de Pessanha (1987) e Stone (1988), chegou-se à conclusão de que os padrões de
democracia na Atenas da antiga Grécia eram diferentes dos considerados na modernidade, haja
vista que o modelo outrora vigente assemelhava-se a uma oligarquia de fato, admitindo,
inclusive a escravatura.
Ainda assim, ante o retrato traçado em Defesa de Sócrates, de autoria de Platão, obra
mais fidedigna ao real perfil filosófico, verificou-se a existência de um homem comum de
origem humilde que, sem usufruir das benesses concedidas à elite oligárquica ateniense, foi
capaz de produzir profundos impactos não só na cultura grega, mas em toda a civilização
ocidental.
Nesse contexto, Sócrates adotou como missão auxiliar seus pares no despertar de suas
próprias consciências, cuja consequência seria a formulação das próprias ideias livres de
preconceitos, processo esse que chamou de maiêutica. Entretanto, mesmo o Filósofo tendo
buscado o bom e o justo, sua postura verdadeiramente democratizante incomodou as elites
atenienses que viram o risco de esvaziamento de seu poder perante a polis, motivo pelo qual foi
perseguido, condenado a morte e posteriormente executado.
Sob uma perspectiva dos preceitos morais do Filósofo, vislumbrou-se como injusta
sua condenação, embora sua própria moralidade tenha lhe imposto o dever de submissão à Lei
e, consequentemente, de aceitação da condenação que lhe fora imposta. Indo além, em uma
perspectiva ética, e questionando-se, portanto, a moral social vigente na polis à época, este
estudo dá conta de que o Filósofo foi denunciado caluniosamente e sem qualquer prova de que
sua persecução implicaria um bem para polis, razão pela qual também foi reputada como injusta
sua condenação, sendo considerada, desse modo, antiética.
Com efeito, tem-se a confirmação da hipótese apresentada nesta pesquisa, ao passo
que se respondeu ainda à problemática suscitada.
Por fim, infere-se que a consciência da própria ignorância, preconizada por Sócrates e
alcançada mediante utilização de sua dialética irônica, tem potencial de ser porta de entrada
para uma adequada compreensão da consciência humana, dotando-se a dialética de relevante
utilidade para elevação do conhecimento e compreensão da realidade moderna.
REFERÊNCIAS

COTRIM, G. Fundamentos da filosofia. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2000.

GOTO, R. O cidadão Sócrates e o filosofar numa democracia. Pro-Posições, Campinas, V. 21,


n. 1 (61), p. 107-125, jan/abr. 2010. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
73072010000100008&script=sci_abstract&tlng=pt>. Acesso em 15 de out. 2019.

JOHNSON, P. Sócrates: um homem do nosso tempo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.

NADER, P. Introdução ao estudo do direito. 40 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

PESSANHA, J. A. M. Sócrates: vida e obra. In:___. Os pensadores: Sócrates. 4. ed. São


Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 8-32.

PLATÃO. Defesa de Sócrates. In: PESSANHA, J. A. M (Cons.). Os pensadores: Sócrates. 4.


ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 33-58.

PLATÃO. Diálogos: Fédon, Porto Alegre, Editora Globo, vol. II, 1961.

REALE, M. Filosofia do direito. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

SILVA, E.; MENEZES, E. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed.


Florianólis: UFSC, 2005.

STONE, I.F. – O julgamento de Sócrates, São Paulo, Companhia das Letras, 1988.

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