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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 169.931 - PR (2019/0370721-0)

RELATOR : MINISTRO ANTONIO SALDANHA PALHEIRO


SUSCITANTE : JUÍZO DE DIREITO DA 12A VARA CRIMINAL DE CURITIBA -
PR
SUSCITADO : JUÍZO DE DIREITO DA 2A VARA CRIMINAL DE BIRIGUI - SP
INTERES. : DANIEL ANTONIO ESQUEVANI
ADVOGADOS : ADRIANA BORGES PLÁCIDO - SP208967
JOSÉ RODRIGUES COSTA - SP262672
INTERES. : TEM BTC SERVICOS DIGITAIS LTDA
INTERES. : NEGOCIECOINS INTERMEDIACAO E SERVICOS ONLINE
LTDA.
INTERES. : BITCURRENCY MOEDAS DIGITAIS S.A.
INTERES. : CLO PARTICIPACOES E INVESTIMENTOS S/A

DECISÃO

Trata-se de conflito negativo de competência estabelecido entre o


JUÍZO DE DIREITO DA 12ª VARA CRIMINAL DE CURITIBA (PR) e o JUÍZO DE
DIREITO DA 2ª VARA CRIMINAL DE BIRIGUI (SP).

Consta dos autos que foi apresentada notícia-crime perante o Juízo


de Direito da 2ª Vara Criminal de Birigui (SP) para apurar suposta fraude digital de
contas de moedas criptografadas, o que levou ao congelamento dos saques e
prejuízo ao noticiante.

O Juízo suscitado, acolhendo a manifestação do Ministério Público


do Estado de São Paulo (SP) declarou-se incompetente ao argumento de que a
competência para julgar a subtração de dinheiro de conta corrente por meio de
transferência via internet, sem autorização do titular da conta, seria do juízo do local
da consumação do delito de furto, qual seja, de onde o bem saiu da disponibilidade
da vítima (local em que se situaria a agência financeira mantenedora dos
investimentos).

O Juízo de Curitiba (PR), por sua vez, declarou-se igualmente


incompetente e suscitou o presente conflito de competência por entender que
"assiste razão à representante do Ministério Público com atuação neste Juízo, pois
não se trata de investigação policial, mas de mera notícia-crime embasada em
documentos juntados pelo noticiante, e porque o alegado crime de furto mediante
fraude, de que teria sido vítima a pessoa jurídica Grupo Bitcoin e que seria objeto de

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Publicação no DJe/STJ nº 2879 de 30/03/2020. Código de Controle do Documento: 4F5D989F-33FA-472C-8B41-BBAB2F95802A
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inquérito policial de atribuições da Delegacia de Estelionatos desta Capital, não foi
localizado no Sistema PROMP" (e-STJ fl. 45).

O Ministério Público Federal opinou pela competência do Juízo


suscitado, em parecer assim ementado (e-STJ fl. 53):

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL E


PROCESSO PENAL. SUPOSTA PRÁTICA DE CRIME DE
ESTELIONATO. AUSÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO FORMAL
QUANTO À PRÁTICA DO DELITO. JUÍZO QUE DECLINOU DE
SUA COMPETÊNCIA SEM INDICAÇÃO DE FUNDAMENTOS
SUFICIENTES A JUSTIFICAR A REMESSA DOS AUTOS AO
JUÍZO SUSCITADO. PARECER PELO CONHECIMENTO DO
CONFLITO, PARA QUE SEJA DECLARADA A COMPETÊNCIA
DO JUÍZO SUSCITADO.

É, em síntese, o relatório.

Decido.

Conforme assinalado pelo representante do Ministério Público do


Estado de São Paulo, "há veementes indícios de que tenha ocorrido invasão nos
dispositivos eletrônicos das empresas de investimentos virtuais e realização de
saques fraudulentos nas contas dos clientes, casusando-lhes prejuízo" (e-STJ fl.
32).

Assim, ao que se tem dos autos até o momento, na linha da


orientação firmada no âmbito da Terceira Seção desta Corte, configura o crime de
furto mediante fraude (art. 155, § 4º, II, do Código Penal), e não delito de estelionato.
Ademais, firmou-se o entendimento, em observância ao disposto no art. 70 do
Código de Processo Penal, que tal infração deve ser processada e julgada no local
em que a vítima sofre o prejuízo. No caso em exame, onde possui a conta fraudada
(Curitiba/PR).
Nesse sentido:
CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. PENAL E
PROCESSUAL PENAL. FURTO MEDIANTE FRAUDE.
TRANSFERÊNCIA BANCÁRIA VIA INTERNET SEM O
CONSENTIMENTO DA VÍTIMA. CONSUMAÇÃO NO LOCAL DA
AGÊNCIA ONDE O CORRENTISTA POSSUI A CONTA
FRAUDADA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.
1. A Terceira Seção desta Corte Superior firmou o entendimento no
sentido de que a subtração de valores de conta corrente, mediante
transferência fraudulenta, utilizada para ludibriar o sistema

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informatizado de proteção de valores, mantidos sob guarda bancária,
sem consentimento da vítima, configura crime de furto mediante
fraude, previsto no art. 155, § 4º, inciso II, do Código Penal - CP.
2. O delito em questão consuma-se no local da agência bancária
onde o correntista fraudado possui a conta, nos termos do art. 70 do
Código de Processo Penal - CPP; no caso, na Comarca de
Barueri/SP.
Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo
de Direito da 1ª Vara Criminal de Barueri/SP, o suscitado. (CC
145.576/MA, relator Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA
SEÇÃO, julgado em 13/04/2016, DJe 20/04/2016.)

Registre-se que o presente conflito foi suscitado ainda na fase


inquisitorial, sendo certo que a conclusão quanto à competência para
processamento e julgamento do feito foi estabelecida com base nos indícios
colhidos até a instauração do incidente, motivo pelo qual a competência poderá ser
alterada caso surjam novos elementos após o aprofundamento das investigações.
Ante o exposto, conheço do conflito e dou por competente o
Juízo suscitante.
Publique-se. Comunique-se.
Brasília, 26 de março de 2020.

Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO


Relator

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