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ESTUDO PARAMÉTRICO DO EFEITO ARCO EM ALVENARIA SOBRE

VIGAS DE CONCRETO ATRAVÉS DE MODELAGEM NUMÉRICA


PARAMETRIC STUDY OF ARCH EFFECT IN MASONRY ON CONCRETE BEAMS
THROUGH THE NUMERICAL MODELING

Rafael Santos de Moraes(1); Jorge Augusto Serafim (2); Guilherme Aris Parsekian (3)

(1) Engº Civil, Aluno de Mestrado, Universidade Federal de São Carlos. ra-moraes@ufscar.br
(2) Engº Civil, Aluno de Mestrado, Universidade Federal de São Carlos. jaserafim@ufscar.br
(3) Prof. Dr. Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de São Carlos.
parsekian.ufscar@gmail.com
Rodovia Washington Luís (SP-310), Km 235 - São Carlos - São Paulo - Brasil - CEP:13565-905

Resumo
A avaliação do efeito arco através dos métodos analítico e gráfico torna um tanto quanto trabalhosa a
determinação dos esforços no sistema parede-viga e, ainda possibilita gerar dúvidas devido à divergência
de resultados. Esses métodos levam em consideração parâmetros que influenciam na distribuição de
tensões nesse sistema, como vão, módulo de elasticidade, inércia da viga e geometria da parede, e sendo
feita a avaliação de todos esses parâmetros através do conceito de rigidez relativa, capaz de relacionar as
propriedades desses dois elementos. Com a possibilidade de se utilizar softwares de análise estrutural,
essa tarefa tende a ser menos trabalhosa e mais precisa. Assim, este artigo tem o objetivo de modelar
paredes de alvenaria apoiadas sobre vigas de concreto para avaliar esse efeito e comparar esses
resultados com os valores obtidos pelos métodos gráfico e analítico. A partir dessas comparações pode-se
constatar que o método proposto por Stafford-Smith e Pradolin (1983) pode ser aplicado no
dimensionamento do sistema parede-viga com segurança.

Palavra-Chave: Efeito arco. Alvenaria estrutural. Modelagem numérica.

Abstract
The evaluation of the arch effect through the analytical and graphical methods become quite laborious to
determine the stresses in the wall-beam system, and still may generate doubts due to the divergent results
obtained. These methods take into account parameters that influence the stress distribution in this system,
as span, modulus of elasticity, inertia of the beam and geometry of the wall, and being made the evaluation
of all these parameters through the concept of relative stiffness, able to relate properties of these two
elements. With the possibility of using programs of structural analysis, this task tends to be less laborious
and more accurate. Thus, this article aims to model the masonry walls supported on concrete beams to
evaluate this effect and compare these results to those obtained by graphical and analytical methods. Based
on these comparisons, it can be seen that the method proposed by Stafford-Smith and Pradolin (1983) can
be applied to the sizing of the wall-beam system reliably.

Keywords: Arch effect. Structural masonry. Numerical modeling.

ANAIS DO 53º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2011 – 53CBC 1


1 Introdução
A necessidade de conceber espaços nos pavimentos inferiores para serem utilizados
como garagens, salões de festas e espaços de convivência, requer soluções
arquitetônicas que sejam capazes de conciliar as necessidades do empreendimento e da
estrutura. A adequação da arquitetura para atender a essas necessidades, além de
permitir o ganho de espaço, ainda possibilita a valorização do imóvel. Essa otimização de
áreas é evidenciada através da construção de um pavimento denominado pilotis, que
consiste no lançamento de uma estrutura com vigas de concreto armado que funciona
como transição entre a estrutura de alvenaria e as estruturas de apoio (pilares e
fundações).
Para o caso de edificações executadas com o sistema construtivo em alvenaria estrutural,
a escolha por soluções, como a construção de vigas de transição ou vigas baldrames
apoiadas sobre estacas, passam obrigatoriamente pelo estudo do efeito arco. Os
elementos desse sistema parede-viga ao serem solicitados apresentam deformações
distintas devido à diferença de rigidez entre eles e, dessa maneira, implicam na
modificação da transferência de cargas e na distribuição de tensões.
O carregamento que atuava sobre a parede de maneira uniforme é conduzido para a
região próxima dos apoios devido à separação entre a viga e a parede, provocando uma
concentração de tensões de compressão nesse trecho e cisalhamento na interface. Já na
viga, passam a ocorrer esforços axiais de tração e uma redução dos esforços de flexão.
A consideração desse efeito nas estruturas de alvenaria estrutural se mostra importante,
pois possibilita o atendimento às necessidades arquitetônicas, estruturais e até
econômicas com a redução dos esforços de flexão na viga de apoio.
Dessa maneira, levando-se em consideração que os métodos analíticos e gráficos usados
para determinação do efeito arco são um tanto quanto trabalhosos, procura-se através da
modelagem numérica avaliar a ocorrência desse efeito, assim como fatores que
influenciam no seu surgimento.

2 Conceituação do efeito arco


As paredes de alvenaria estrutural podem ter como apoio elementos estruturais
contínuos, como é o caso das sapatas corridas, ou apoios discretos, como as fundações
sobre estacas e estruturas de pilotis (BARBOSA, 2000).
Nas situações em que as paredes estão sobre apoios contínuos, a distribuição do
carregamento vertical é praticamente uniforme, o que configura uma situação desejável,
mas que nem sempre é possível obtê-la em função das necessidades arquitetônicas ou
do projeto de fundações. Já nos casos em que estão sobre estruturas de pilotis ou
fundações sobre estacas, as cargas tendem a se transferir em direção à região próxima
dos apoios, provocando uma concentração de tensões de compressão nessa região e
evidenciando o efeito arco pela perda de contato entre a viga e a parede, figura 1.

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Figura 1 - Configuração do arco em paredes sobre apoios discretos (BARBOSA, 2000)

Ao ser solicitada pela parede, a viga de concreto se deforma e provoca nessa região
deformada o descolamento entre a viga e a parede. O fato dessa viga se deformar acaba
condicionando a transferência de cargas para as regiões próximas dos apoios,
influenciando dessa maneira na distribuição de tensões. O carregamento que inicialmente
era admitido como uniformemente distribuído passa a ter outra configuração e se
concentrando nessa região.
Esse arco surge na tentativa da parede compatibilizar diferentes deformações ao longo do
seu comprimento. Como o trecho próximo dos apoios se deforma muito menos e se trata
de um único material (módulo de elasticidade), para cada um dos trechos apresentarem a
mesma deformação, é necessário que a região dos apoios tenha mais carga que o trecho
central da viga (WENDLER FILHO, 2007).
Esse efeito cria um sistema parede-viga em que surgem tensões normais verticais e de
cisalhamento na interface da parede, podendo ocorrer à separação entre a parede e a
viga quando essas tensões alcançarem os valores máximos resistentes do material. Esse
desligamento entre a viga e a parede acaba acentuando a concentração de tensões de
compressão vertical e de cisalhamento horizontal, que aumenta do centro das paredes
(onde são nulas) para os apoios, figura 2.

Figura 2 - Concentração de tensões na base da parede (BARBOSA, 2000)

Em resumo, o efeito arco ocorre nas regiões próximas dos apoios para onde as forças
(concentradas ou distribuídas) são conduzidas diretamente por meio de um campo de
tensões de compressão em formas de arco (SILVA; GIONGO, 2000).

2.1 Métodos de consideração do efeito arco


Os primeiros estudos sobre efeito arco foram realizados por Wood em 1952 e tinham o
objetivo de determinar o momento fletor e a força axial atuantes na viga. Esses estudos
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eram aplicados em paredes, cuja relação altura pelo comprimento fosse maior que 0,60
(h/l>0,60), de tal modo que o alívio provocado pela ação do arco pudesse ser
desenvolvido. Uma alternativa adotada para se determinar a força que atuava na viga se
baseava na suposição de que o braço de alavanca entre os centros de compressão e
tração está a 2/3 de toda a altura, limitando-se a 0,70 do vão, figura 3. A partir dessa
suposição era possível calcular a força de tração que atuava na viga e assim dimensioná-
la para o esforço obtido a partir da equação 1 (WOOD; SIMMS, 19691 apud HENDRY;
SINHA; DAVIES, 2004).

Figura 3 - Capacidade de momento do sistema parede-viga (HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004)

 2.h  P.L
T.  (Equação 1)
 3  8

Após esses estudos, outros pesquisadores propuseram a consideração de fatores que


levavam em consideração não somente os esforços na viga, mas também outras
variáveis que influenciam na distribuição de tensões, como a inércia da viga, o vão,
espessura da parede e os módulos de elasticidade da parede e da viga. A partir disso, a
avaliação conjunta desses fatores passava a ser feita através do conceito de rigidez
relativa (K), que relaciona tanto as propriedades da parede como da viga (STAFFORD-
SMITH; RIDDINGTON, 19772 apud HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004).

E w .t.L 3
K4 (Equação 2)
E bm .I b

em que:
Ew e Ebm : são os módulos de elasticidade longitudinais da parede e da viga,
respectivamente;
Ib : momento de inércia da viga;
L : vão;
1
WOOD, R. H.; SIMMS, L. G. A tentative design method for the composite action of heavily loaded brick panel walls
supported on reinforced concrete beams. Building Research Station, 1969.
2
STAFFORD-SMITH, B.; RIDDINGTON, J. R. The composite behavior of elastic wall-beam systems. Proceedings…
Institution of Civil Engineers, London, v.63, Part 2, p. 377-391, June. 1977.
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t : espessura da parede.

Segundo os autores, esse parâmetro K não leva em consideração a variável h, já que a


relação h/l foi considerada igual a 0,60, e sendo esse valor representativo para paredes
com relações h/l maiores.
A seguir são apresentados dois métodos simplificados que permitem levar em
consideração o efeito arco. O primeiro é o método gráfico desenvolvido em 1980 e
apresentado por Hendry, Sinha e Davies (2004), e o segundo é o método analítico
proposto por Stafford-Smith e Pradolin (1983).

2.1.1 Método gráfico apresentado por Hendry, Sinha e Davies (2004)

Segundo esse método, dois parâmetros de rigidez R e K1 são considerados para permitir
a avaliação adequada das tensões e momentos. O parâmetro R, denominado rigidez a
flexão, é similar ao apresentado por Stafford-Smith e Riddington em 1977 (equação 1),
exceto pela diferença de que neste modelo é levada em consideração a altura da parede
no lugar do vão, equação 3.
O segundo parâmetro apresentado pelos autores é o parâmetro de rigidez axial K1, que é
utilizado para determinação da força axial atuante na viga, equação 4.

E w.t.h 3 E w .t.h
R4 (Equação 3) K1  (Equação 4)
E bm.Ib E bm .A b

em que:
Ew e Ebm : são os módulos de elasticidade longitudinais da parede e da viga,
respectivamente;
Ib : momento de inércia da viga;
h : altura da parede;
t : espessura da parede;
Ab : seção transversal da viga.

Embora esse parâmetro de rigidez relativa R seja diferente do apresentado por Stafford-
Smith e Riddington (1977), ambos tem a função de indicar sobre a configuração
deformada do sistema parede-viga (BARBOSA, 2000).
É importante ressaltar que a determinação dos esforços é influenciada pela rigidez
relativa desse sistema. Para uma viga flexível, que condiciona a valores de R mais
elevados, haverá uma elevada concentração de tensões de compressão próxima a região
dos apoios e um menor comprimento de contato devido a separação entre a viga e a
parede no meio do vão. Por outro lado, para vigas mais rígidas, que condiciona a valores
de rigidez relativa menores, uma menor parcela de tensões de compressão ocorrerá na
região dos apoios, pois o comprimento de contato é maior, indicando uma pequena
separação entre a viga e a parede.

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De acordo com esse método são admitidas três configurações para a distribuição vertical
de tensões – distribuição cúbica, parabólica e triangular, cuja as formas de distribuição
encontram-se ilustradas na figura 4.
A partir dessas considerações e das formulações que serão apresentadas, é possível
efetuar o cálculo dos esforços atuantes nesse sistema parede-viga.

Figura 4 - Distribuição de tensão vertical (HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004)

a) Cálculo da máxima tensão vertical na parede (fm)

A tensão vertical máxima na parede pode ser calculada da seguinte forma,

P
fm  .C 1 (Equação 5)
L.t
em que:
P : carregamento atuante;
L : vão;
t : espessura da parede;
C1 : parâmetro obtido através da figura 5 utilizando-se dos valores calculados de R e a
relação h/l.

b) Cálculo da força axial na viga (T)

A força axial atuante na viga é admitida com valor máximo no centro da viga, e pode ser
calculada da seguinte forma,

T  P.C 2 (Equação 6)

em que:
C2 : parâmetro obtido através da figura 6 utilizando-se dos valores calculados de K1 e a
relação h/l.

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Figura 5 - Parâmetro de rigidez à flexão Figura 6 - Parâmetro de rigidez axial
(HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004) (HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004)

c) Cálculo da máxima tensão de cisalhamento na interface (  m )

O cisalhamento máximo na interface ocorre na região próxima dos apoios, e pode ser
calculado através da equação seguinte,

P
m  .C 1.C 2 (Equação 7)
L.t

em que os valores de C1 e C2 já foram determinados através da figura 5 e figura 6,


respectivamente.

d) Cálculo do momento de fletor

Devido à influência do cisalhamento que ocorre ao longo da interface do sistema parede-


viga, o momento fletor máximo não ocorre no meio do vão. Para quantificar esse esforço
é necessário observar o tipo de distribuição de tensão vertical (R), os parâmetros C1 e C2
já obtidos e a relação d/l conforme se observa nas figuras 7, 8 e 9.

Mm .C 1
Para o cálculo do momento máximo (Equação 8)
P.L

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Mc .C 1
Para o cálculo do momento central (Equação 9)
P.L

Figura 7 - Momento para distribuição cúbica Figura 8 - Momento para distribuição parabólica
(HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004) (HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004)

e) Localização do momento máximo (l)

Em relação à localização do momento máximo, o método propõe a seguinte equação para


o seu cálculo,

P
l (Equação 10)
2.S.f m .t

em que:
S : coeficiente que depende da forma de distribuição de tensão vertical e que assume os
seguintes valores:

S  0,30 para R  5 (distribuição cúbica);


S  0,33 para 5  R  7 (distribuição parabólica);
S  0,50 para R  7 (distribuição triangular).

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Figura 9 - Momento para distribuição triangular de tensões (HENDRY; SINHA; DAVIES, 2004)

2.1.2 Método analítico proposto por Stafford-Smith e Pradolin (1983)

Segundo Barbosa (2000), Smith e Riddington desenvolveram vários ensaios de


laboratório e análises numéricas para dimensionamento do sistema parede-viga. A
princípio, esses estudos se resumiam ao tratamento de paredes apoiadas sobre vigas
metálicas. Em 1983, após outras pesquisas, esses autores propuseram um modelo
matemático simplificado que possibilitou a sua aplicação em sistemas de paredes
apoiadas em vigas de concreto armado. Segundo esse modelo, as tensões verticais e
cisalhantes que surgem nesse sistema devido ao surgimento do efeito arco têm a forma
aproximada da figura 10. Observa-se nessa figura que ambas as distribuições de tensões
têm a forma triangular e que as mesmas se concentram próximas à região dos apoios.

Figura 10 - Distribuições aproximadas de tensões adotadas por Smith e Riddington (STAFFORD-SMITH;


3
PRADOLIN, 1983 apud BARBOSA, 2000)

A partir da análise da figura 10, é possível determinar as equações para o cálculo da


tensão vertical máxima (σmax), do cisalhamento máximo (τmax) e do comprimento de
3
STAFFORD, S. B.; PRADOLIN, L. Composite design method for masonry walls on concrete beams. Canadian
Journal of Civil Engineering. Vancouver, v.10, p.337-349, 1983.
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contato (l), e que segundo os autores, esse último parâmetro é determinado em função da
rigidez relativa K e de uma constante B.

a) Rigidez relativa (K)

E p .t p .L3
K4 (Equação 11)
E v .I v

em que:
Ep e Ev : são os módulos de elasticidade longitudinais da parede e da viga,
respectivamente;
Iv : momento de inércia da viga;
L : vão;
tp : espessura da parede.

b) Tensão vertical máxima (σmax)

P
σ max  (Equação 12)
l.t p

em que:
P : carregamento atuante;
l : comprimento de contato.

c) Tensão de cisalhamento máxima (τmax)

2.T
 max  (Equação 13)
l.t p
em que:
T : força axial de tração atuante na viga.

d) Comprimento de contato (l)

L.B
l (Equação 14)
K

em que:
K : rigidez relativa e B é uma constante.

Segundo os autores, para se determinar o valor da constante B foram realizados vários


ensaios em laboratórios, os quais resultaram em valores em torno de 1,00. Entretanto,
esse valor ainda foi corrigido por um coeficiente de segurança, resultando nos valores
indicados a seguir:
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B = 0,75 para o cálculo da tensão vertical máxima na parede;
B = 1,50 para o cálculo do momento fletor atuante na viga;
B = 1,00 para o cálculo da tensão cisalhante máxima.

Em resumo, para cada tipo de solicitação têm-se,

K.P P.L P.K


σ max  (Equação 15) Mmax  (Equação 16)  max  (Equação 17)
0,75.L.t p 4.K 2.t p .L

Nesse método admite-se que a localização do momento máximo atuante na viga ocorre
para uma distância igual ao comprimento de contato l.

3 Metodologia
A fim de estudar a ocorrência do efeito arco em estruturas de alvenaria estrutural
apoiadas sobre vigas de concreto, definiu-se uma série de casos em que se pudesse
avaliar a ocorrência desse efeito em função da altura da viga, resistência do bloco
estrutural de concreto e o vão da viga, chegando-se ao número de 12 casos de análise.
Em todos eles foram mantidos constantes o carregamento uniformemente distribuído no
topo da parede de 100 kN/m e a altura da parede em 2,80m. Quanto às dimensões da
viga, foi considerado que as mesmas possuem largura de 0,14m e altura de 0,40, 0,60,
0,80 e 1,00 m.
Após a escolha dos casos de análise, partiu-se para definição das propriedades físicas
dos materiais. Nos elementos de concreto foi admitida uma resistência à compressão de
25 MPa, módulo de elasticidade Ec=23800 MPa e coeficiente de Poisson igual a 0,20. Na
alvenaria foi considerado o coeficiente de Poisson igual a 0,20 e módulo de elasticidade
longitudinal igual a 3840 MPa, 5120 MPa e 6400 MPa para os blocos com resistência
característica à compressão de 6, 8 e 10 MPa, respectivamente.
Quanto aos elementos usados na discretização da estrutura, escolheu-se na biblioteca do
software (SAP 2000) o elemento SHELL e o elemento FRAME para representarem o
comportamento físico das paredes de alvenaria e das vigas. A escolha por esses
elementos se deve ao fato de que, segundo o manual do usuário, eles são usados em
estruturas de paredes e vigas. Quanto ao tipo de análise, foi considerada uma análise
linear e materiais isotrópicos.
Como os resultados do elemento SHELL são emitidos sob a forma de tensões, além de
se modelar os elementos estruturais de concreto com esse elemento, eles também foram
modelados com elementos de barra (elemento FRAME). Isso se torna necessário para se
fazer a comparação entre os métodos, pois nos modelos simplificados de consideração
do efeito arco os resultados de esforços obtidos na viga são forças axiais e momentos
fletores.
A fim de ilustrar essas situações é apresentada a figura 11, onde toda a estrutura foi
modelada com elementos de área (elemento SHELL), e a figura 12 onde os elementos
estruturais de concreto são modelados com elementos de barra (elemento FRAME).

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Figura 11 - Malha de elementos finitos utilizada na discretização da alvenaria e dos elementos de concreto

Figura 12 - Malha de elementos finitos: discretização da alvenaria com elemento SHELL e elemento FRAME
nas vigas e pilares

Quanto à consideração de um único tipo de elemento finito na modelagem de toda a


estrutura, deve-se se observar apenas que a diferença entre a alvenaria e os elementos
de concreto foi feita através da atribuição das propriedades físicas. De forma semelhante
acontece quando se usa o elemento FRAME, atribuindo-se a esse elemento as
propriedades do concreto e às dimensões da viga.
Além de esse procedimento tornar possível a comparação entre os métodos, essa
consideração facilitou as leituras das tensões na interface da viga e as tensões de
compressão na alvenaria próxima dos apoios.
Como foi citado, a carga aplicada para finalidade de análise foi admitida em 100 kN/m,
sendo a mesma inserida no topo da parede. Para uma distribuição mais uniforme desse
carregamento, foi colocada uma cinta de concreto (elemento FRAME) sobre a parede,
com dimensões de 0,14x0,20m. Ressalta-se ainda que não foi considerado o seu peso
próprio, de modo que a mesma tenha unicamente a função de distribuir a carga aplicada.
Além das análises numéricas, todos os casos também foram avaliados pelos dois
métodos de consideração do efeito arco apresentados.

4 Resultados
A partir das análises numéricas e dos modelos simplificados, têm-se como resultados as
tensões máximas de compressão e cisalhamento na parede e os esforços de tração e
flexão na viga.
Em relação aos diagramas de momentos fletores obtidos através dos modelos numéricos,
em todos os casos foi observado que, para seções de vigas menos rígidas, a
configuração do diagrama assume uma forma que se acentua do meio do vão em direção
às extremidades, indicando a existência do efeito arco, figura 13(a). Já para vigas mais
rígidas, figura 13(b), constata-se que a influência do efeito arco é menor, de tal forma que
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o carregamento atuante sobre a viga deve ser considerado como uniformemente
distribuído.

(a) viga 0,14x0,40m, l=5,0m e fbk=10 MPa (b) viga 0,14x1,00m, l=5,0m e fbk=10 MPa
Figura 13 - Configuração do diagrama de momento fletor

Quanto às tensões verticais, para o caso de vigas de seção menos rígida, observa-se que
as tensões de compressão se concentram nos cantos inferiores da parede e também a
presença de tensões de tração na alvenaria no meio do vão. Para vigas de seção mais
rígida, também é observado que as tensões de compressão se concentram nos cantos
inferiores, porém sem ocorrência de tensões de tração na parede, figura 14(a) e figura
14(b). Com relação às tensões cisalhantes, ilustradas na figura 15(a) e figura 15(b), nota-
se que o seu valor máximo não ocorre no extremo da parede, e sim próximo dos apoios.
Deve-se observar ainda que as escalas de resultados dos diagramas das figuras 15 e 16
devem ser multiplicadas por 1000.

(a) viga 0,14x0,40m, l=5,0m e fbk=10 MPa (b) viga 0,14x1,00m, l=5,0m e fbk=10 MPa
Figura 14 - Configuração do diagrama de tensões de compressão (kN/m²)

(a) viga 0,14x0,40m, l=5,0m e fbk=10 MPa (b) viga 0,14x1,00m, l=5,0m e fbk=10 MPa
Figura 15 - Configuração do diagrama de tensões cisalhantes (kN/m²)

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Apresentam-se na tabela 1 o resumo dos resultados dos métodos analisados neste
trabalho. Além deles, também é apresentado o gráfico 1 e o gráfico 2 com os resultados
da análise para o bloco de 6,0 MPa e viga com 5,0m de vão. Os demais gráficos não são
apresentados, pois as curvas seguem a mesma tendência.
Tabela 1 - Valores das tensões e esforços obtidos nos métodos analisados
VIGA Mviga
Bloco

σmáx τmáx Mmáx Mcentral Tviga


MÉTODO l(m) l(m) δmáx (m) ql2/8
B (cm) H (cm) (kN/m2) (kN/m2) (kN.m) (kN.m) (kN)
(kN.m)
1-MÉTODO GRÁFICO 5642,86 1534,86 50,00 1,05 36,39 136,00 N.A N.A
14 40 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 7340,68 2752,75 81,09 0,65 N.A 125,00 N.A N.A 334,08
3-MODELAGEM 5447,71 788,65 17,29 0,40 N.A 132,76 2,30 0,001871
BLOCO 6,0 MPa

1-MÉTODO GRÁFICO 4142,86 1263,57 59,48 1,44 48,71 152,50 N.A N.A
14 60 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 5415,87 2030,95 109,91 0,88 N.A 125,00 N.A N.A 335,88
3-MODELAGEM 4800,79 922,37 34,99 0,90 N.A 136,75 2,30 0,001579
1-MÉTODO GRÁFICO 3357,14 1070,93 72,87 1,77 65,96 159,50 N.A N.A
14 80 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 4364,79 1636,80 136,37 1,09 N.A 125,00 N.A N.A 338,38
3-MODELAGEM 4119,98 969,26 58,51 1,00 N.A 130,19 2,30 0,00132
1-MÉTODO GRÁFICO 2857,14 928,57 85,00 2,08 84,38 162,50 N.A N.A
14 100 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 3692,17 1384,56 161,22 1,29 N.A 125,00 N.A N.A 340,56
3-MODELAGEM 3528,46 1002,94 91,76 3,20 N.A 117,62 2,20 0,001074
1-MÉTODO GRÁFICO 6142,86 1566,43 45,64 0,88 30,52 127,50 N.A N.A
14 40 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 7888,07 2958,03 75,46 0,60 N.A 125,00 N.A N.A 334,08
3-MODELAGEM 5446,68 551,85 14,47 0,80 N.A 125,29 1,90 0,001486
BLOCO 8,0 MPa

1-MÉTODO GRÁFICO 4428,57 1284,29 56,45 1,34 44,35 145,00 N.A N.A
14 60 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 5819,73 2182,40 102,28 0,82 N.A 125,00 N.A N.A 335,88
3-MODELAGEM 4804,07 709,27 29,59 0,80 N.A 133,09 2,50 0,001262
1-MÉTODO GRÁFICO 3571,43 1107,14 68,00 1,67 60,50 155,00 N.A N.A
14 80 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 4690,28 1758,85 126,91 1,02 N.A 125,00 N.A N.A 338,38
3-MODELAGEM 4131,18 753,23 48,97 1,20 N.A 130,61 2,50 0,001077
1-MÉTODO GRÁFICO 3071,43 982,86 77,91 1,94 75,58 160,00 N.A N.A
14 100 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 3967,49 1487,81 150,03 1,20 N.A 125,00 N.A N.A 340,56
3-MODELAGEM 3551,25 795,43 75,10 1,70 N.A 121,69 2,40 0,002009
1-MÉTODO GRÁFICO 6428,57 1446,43 44,44 0,84 30,28 112,50 N.A N.A
14 40 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 8340,62 3127,73 71,37 0,57 N.A 125,00 N.A N.A 334,08
3-MODELAGEM 5430,25 392,54 12,54 0,80 N.A 119,02 2,60 0,001246
BLOCO 10,0 MPa

1-MÉTODO GRÁFICO 4714,29 1296,43 54,92 1,26 41,67 137,50 N.A N.A
14 60 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 6153,61 2307,60 96,73 0,77 N.A 125,00 N.A N.A 335,88
3-MODELAGEM 4789,22 557,40 25,90 0,90 N.A 128,89 2,18 0,001062
1-MÉTODO GRÁFICO 3750,00 1095,00 67,14 1,59 58,57 146,00 N.A N.A
14 80 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 4959,36 1859,76 120,02 0,96 N.A 125,00 N.A N.A 338,38
3-MODELAGEM 4786,05 622,83 42,77 0,80 N.A 129,30 2,40 0,000917
1-MÉTODO GRÁFICO 3035,71 925,89 81,18 1,96 80,00 152,50 N.A N.A
14 100 2-STAFFORD SMITH e PRADOLIN 4195,11 1573,17 141,89 1,14 N.A 125,00 N.A N.A 340,56
3-MODELAGEM 3546,99 654,31 64,76 1,10 N.A 123,22 2,40 0,000781

Gráfico 1 - Resultados em função da seção da viga suporte

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Gráfico 2 - Resultados em função do método analisado

Chama a atenção nos gráficos o fato dos resultados obtidos pelo método proposto por
Stafford-Smith e Pradolin (1983) serem superiores aos valores da modelagem numérica,
com exceção dos esforços axiais de tração na viga.
Na tabela 2 é apresentado o dimensionamento das vigas para os esforços obtidos na
tabela 1.

Tabela 2. Resumo do dimensionamento das vigas de concreto


Valores para o método proposto por Stafford-Smith e Pradolin (1983) para o bloco de 6,0 MPa e viga com
5,0m de vão.
Armadura Longitudinal
Economia Estimada
Sem considerar Efeito Arco Considerando Efeito Arco
Viga As(cm²) A's(cm²) At(cm²) As(cm²) A's(cm²) At(cm²) %
15x40 32,91 25,67 0,00 8,64 1,40 4,02 76,0%
15x60 21,85 10,69 0,00 7,12 0,00 4,02 65,8%
15x80 17,26 2,19 0,00 6,21 0,00 4,02 47,4%
15x100 13,11 0,00 0,00 5,69 0,00 4,02 25,9%
As e A's - Armaduras de flexão.
At - Armadura para esforço axial de tração.
A viga assinalada não atende para os esforços de flexão.

5 Conclusões
A partir das análises de resultados, observa-se que:
 O método simplificado proposto por Stafford-Smith e Pradolin (1983) pode ser
aplicado no dimensionamento da alvenaria, já que os resultados para as tensões de
cisalhamento e compressão foram maiores do que os outros dois métodos analisados.
Entretanto, devem ser tomadas as devidas precauções na viga de concreto, haja vista
que o esforço de tração nesse elemento ficou aquém dos valores obtidos na modelagem,
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o que implica em afirmar que a formulação proposta por esses autores não considera
todas as variáveis envolvidas no estudo do sistema parede-viga. Quanto a isso, se sugere
a reavaliação dos coeficientes de segurança para esse esforço;
 A variação da altura das vigas influencia na distribuição de tensões, ficando
evidenciado o efeito arco quanto menos rígida for a viga. Aliado a isso, ocorre uma
concentração de tensões na alvenaria próxima dos apoios, exigindo uma avaliação
criteriosa quanto ao dimensionamento da parede nessa região;
 Em relação aos diagramas de momentos fletores, para vigas de seções mais
rígidas, esse tem a forma de uma parábola e, em vigas menos rígidas, eles assumem
outra configuração, havendo uma redução da flexão no meio do vão e aumentando em
direção aos apoios. Isso indica que para vigas mais rígidas, a influência do efeito arco é
menor, de tal forma que o carregamento atuante pode ser admitido uniformemente
distribuído;
 A modelagem numérica permite considerar os parâmetros envolvidos na análise do
efeito arco de forma mais rápida e precisa;
 A redução da armadura das vigas ao se levar em conta o efeito arco.

Referências
BARBOSA, C. P. Estudo da interação de paredes de alvenaria estrutural com vigas
de concreto armado. 2000, 128 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas)
– Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2000.

HENDRY, A. W; SINHA, B. P; DAVIES, S. R. Composite action between walls and other


elements. In:______. Design of masonry structures. 3rd. ed. London: E & FN SPON,
2004. p. 154-165.

SAP 2000®. CSI Analysis Reference Manual. Berkeley, California - USA: Computers
and, 2005, 413 p.

SILVA, R. C; GIONGO, J. S. Aplicações às vigas usuais. In:______. Modelos de bielas e


tirantes aplicados a estruturas de concreto armado. 1. ed. São Carlos: EESC: USP,
2000. p. 33-90.

WENDLER FILHO, A. A. Como o efeito arco viabiliza as transições e modificações na


alvenaria estrutural. In: CONCRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO, 49, 2007, Olinda.
Anais... Olinda. 2007. 13 p.

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