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IGREJA LUTERANA
ISSN0103-779X
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Correspondência:
Revista IGREJA LUTERANA
Seminário Concórdia
Caixa Postal, 202
93001-970 - São Leopoldo, RS
IGREJA LUTERANA
Volume 54 NOVEMBRO 1995 Número 2
ÍNDICE
EDITORIAIS
Nota do editor ........................................................................................ 129
ARTIGOS
O Chamado ao Ministério à Luz do Artigo XIV da Confissão de Augsburgo
Nestor Luiz João Beck ........................................................................... 131
LIVROS.....................................................................................................252
Nota do Editor:
A Igreja Cristã por definição não é do mundo, mas por função integra-se
ao mundo. De um lado precisa aconchegar-se à sua identidade que a
distingue de movimentos, tendências, ideologias; por outro, precisa ousar na
sua missão de envolver-se simpaticamente com o mundo, que é de Deus,
sendo "tudo para com todos para de alguma forma ganhar alguns". Manter o
equilíbrio e a correta dimensão nessa polaridade é uma sabedoria que precisa
sempre ser implorada dos céus.
Este número da Igreja Luterana aborda assuntos relevantes para a vida
da Igreja no que respeita à sua identidade e à sua relação com o mundo. No
primeiro artigo, Dr. Nestor L. J. Beck desafia-nos à análise histórica das
questões relativas ao chamado ao ministério eclesiástico, mais especifi-
camente quanto ao rite vocatus do Artigo XIV da Confissão de Augsburgo.
Quem pode ser ministro? Quem pode ordenar? Pode a ordenação ser
efetivada sem o envolvimento de outras congregações?
No segundo artigo, o Rev. Gilberto Valmir da Silva trata de uma questão
que há muito vem intrigando a igreja: a criança e o Sacramento do Altar- sim
ou não? A Santa Ceia para crianças não é problema para a Igreja Ortodoxa
Oriental, não parece ter sido para o Dr. Martinho Lutero. Como a IELB analisa
a questão? Rev. Silva faz um retrospecto do assunto e levanta pontos
importantes ao tratar da fé na criança. Até que ponto o conceito de fé na
teologia luterana está ou não expresso na sua prática em relação à fé infantil?
É possível inovar dentro da IELB neste particular?
Inovação não é inovação se ela tem como resultado maior o escândalo, a
mágoa, a incompreensão. Inovação deve surgir a partir do evangelho, não da
lei, mesmo porque só aquele constrói. Rev. Carlos Walter Winterle faz
ponderações e aventura-se em sugestões sobre este delicado tema na esfera
do culto ao tratar da "Criatividade sem Agressividade". Seu artigo é uma
reflexão sobre alternativas litúrgicas para congregações luteranas - um clamor
por vezes polémico mas sempre presente.
Não menos polémico é o artigo do Dr. Martim C. Warth, que aborda um
tema do cotidiano nas fileiras da IELB: a mordomia cristã. Fundamentado na
doutrina dos dois reinos, ele sugere algumas proezas nesse privilegiado
campo da teologia que é o ato sacrificial do cristão.
Temos certeza de que tais assuntos aqui abordados trarão muitas bênçãos
para o ministério pastoral. Abençoada leitura.
AR
1. O momento
A ação de instituições, inclusive de organizações eclesiásticas como a
IELB, é determinada pela compreensão que os atores têm da tradição que a
requer e legitima. Essa tradição, comunicada oralmente ou expressa em
documentos, subjaz à prática institucional. Em condições normais, todo
mundo sabe o que fazer, e sabe também (ou julga saber) por que se fazem
as coisas assim como se as fazem.
Toda instituição, porém, defronta-se com circunstâncias que lhe perturbam
a rotina. Os sujeitos da ação institucional passam a questionar-se quanto à
legitimidade do que estão fazendo: está certo fazer as coisas assim? por que
as fazemos assim como as estamos fazendo?
Toda instituição que deseja reexaminar e, talvez, modificar a própria ação,
pode retornar à origem e inquirir como se faziam as coisas no começo.
Refletindo sobre a ação original, poderá redescobrir a forma adequada de
fazer as coisas. No caso da instituição em foco, retornar às origens significa
retornar à Confissão de Augsburgo, por ser esta a confissão básica da igreja
luterana. Temos dúvidas quanto ao chamado ao ministério? Não sabemos o
que pensar ou como proceder? Retornemos como igreja luterana à nossa
certidão de batismo, a Confissão de Augsburgo.
3. A tese
De acordo com o que passou a ser conhecido posteriormente como artigo
XIV, as igrejas luteranas ensinam que ninguém deva ensinar ou pregar
publicamente na igreja ou ministrar os sacramentos sem vocação de acordo
com a ordem (texto alemão: ohn ordentlichen Beruf) ou a não ser que tenha
sido chamado de acordo com o rito (texto latino: nisi rite vocatus). (Cf. BS,
1959, p. 69; LC, 1981, pp. 34-70).
O texto não apresenta dificuldades à primeira vista. É preciso perguntar,
porém, o que os seus termos significavam na época. Convém verificar,
portanto, como os autores da Refutação da Confissão de Augsburgo os
entenderam.
5. Réplica e defesa
Por conseguinte, Melanchthon foi direto ao ponto na explicação e defesa
do artigo XIV na Apologia da Confissão de Augsburgo:
O artigo XIV, no qual dizemos que a ninguém, exceto ao chamado corre-
tamente [nemini nisi rite vocato], deve conceder-se a administração dos
sacramentos e da palavra na igreja, aceitam-no com a ressalva de que
usemos a ordenação canónica (LC, 1981, pp. 226-227; BS, 1959, p. 296,
13-14).
Ao verter a Apologia, Justus Jonas procurou reproduzir com precisão os
termos relativos à pessoa admitida ao ministério: a ninguém se permite pregar
ou repartir os sacramentos na igreja "denn allein denjenigen, so rechtgebúhr-
lich berufen sein." Também verte com cuidado a frase, ita recipiunt, si tamen
utamur ordinatione canónica:
das nehmen sie an, wenn wir den Beruf also verstehen, von Priestern, welche
nach Inhalt der Canonum geordiniert oder geweihet sein" (BS, 1959, p. 296,
13-17).
O ponto em questão fica evidenciado já no primeiro esboço da Apologia,
cuja redação do artigo XIV é reproduzida ao pé do texto original na edição
crítica do Livro de Concórdia:
DeXIVto. postulant, utordinatiofiatabepiscopis, hicbreviterrespondebimus,
quod maxime cupiamus ecclesiasticam politiam conservare, eamque ad
tranquillitatem ecclesiae prodesse iudicamus. Itaque non receperemus mi-
nistros sine autoritate episcoporum, si paulo clementiores essent(SS, 1959,
p. 296, 24-25; Bindseil, Ed., 1859/1963: CR, vol. 26, cols. 288 cf. cols.
339-340).
O que estava em jogo era, pois, que as lideranças luteranas estivessem
admitindo ministros sem apresentá-los aos bispos para a devida ordenação.
Melanchthon, convém observar, usou uma formulação cuidadosa na Con-
fissão de Augsburgo, ao dizer que ninguém deveria ser admitido ao ministério
a menos que fosse ordenado de acordo com os cânones e ritos da igreja. Na
Apologia ele argumenta que, se os ministros admitidos pelas igrejas luteranas
não estavam sendo ordenados pelos bispos, a culpa cabia aos próprios
bispos, visto que, para ordenar, impunham condições intoleráveis. Nem por
6. Conclusão
Muito embora o assunto mereça estudo mais amplo e profundo, podemos
adiantar que a vocação ou chamado "ordinário" [isto é, consoante à ordem]
a que se refere o artigo XIV da Confissão de Augsburgo, é a ordenação pela
autoridade competente.
Na origem da igreja luterana a autoridade competente eram os bispos.
Como estes se recusassem a ordenar os ministros que não quisessem
renunciar ao evangelho, as igrejas luteranas trataram de encontrar outras
pessoas, a saber os próprios pastores anteriormente ordenados pelo episco-
pado instituído, que pudessem ordenar, como se bispos fossem, os ministros
por elas eleitos. Preservaram, pois, o que entendiam como sendo a tradição
primitiva, a saber, que o próprio povo da igreja elegesse o ministro local, mas
que outros ministros que representassem as demais igrejas aceitassem e
confirmassem, pela imposição de mãos, a escolha feita pela igreja local.
Juntam-se, assim, duas linhas que se originam ambas no Senhor da igreja.
Uma vem dos apóstolos que sucessivamente foram impondo as mãos e
invocando o Espírito Santo sobre as pessoas escolhidas para exercer publi-
camente o ministério. A outra vem das igrejas criadas pela palavra e, portanto,
investidas de autoridade para escolher e designar as pessoas que, em seu
nome, proclamassem a mesma palavra e ministrassem os sacramentos.
Quer parecer-nos que nunca ocorreu aos reformadores que os bispos
pudessem ser tais sem as respectivas igrejas, nem que as igrejas pudessem
ser tais sem autoridades constituídas que zelassem pelo exercício do mi-
nistério.
137
IGREJA LUTERANA - NÚMERO 2 - 1995
Prática de participação na Santa
Ceia antes do rito da Confirmação:
uma avaliação
1. Apontamentos históricos
Já no segundo século era costumeiro o batismo de crianças pequenas,
além de que no Novo Testamento o batismo do oikos era usual. Toda a família
(casa) era batizada, o que não excluía as crianças. Ponto alto deste batismo
era a comunhão dos recém batizados. Alguns pais apostólicos sustentam a
conexão de batismo e eucaristia até mesmo como necessários para a
salvação.
As formas de ligar os dois sacramentos eram variáveis. A nenés, por
exemplo, dava-se o dedo previamente mergulhado em vinho. Para crianças
um pouco maiores, dava-se o pão embebido em vinho. As igrejas ortodoxas,
com exceção dos maronitas, dão até hoje aos pequeninos uma colher com
um pouco de vinho. A igreja ocidental deixou de fazê-lo a partir do 13° século.
Na teologia da igreja ortodoxa oriental não existe o problema da comunhão
de infantes. Ela é tida como natural.
A igreja católica estabeleceu no século 13 (1215) no IV Concílio de Latrão
a idade de sete anos para a primeira comunhão. O Concílio Tridentino no
século 16 negou a necessidade da comunhão de crianças pequenas.
Somente no século 17, sob o papa Paulo V, veio no Rituale Romanum a
proibição da comunhão de crianças. Somente no século 20 voltou-se a falar
em comunhão de crianças, sob o papa Pio X (1903 -14). O decreto deste papa
diz: aetas discretionis... circa septimum, sive etiam infra. A concordância dos
pais é fortemente acentuada.1
Agostinho manifesta-se totalmente a favor da participação das crianças.
Sua argumentação básica é em cima do texto de João 6, como vemos a seguir:
JEZIOROWSKI, Jtlrgen. Fest ohne Kinder. In: Abendmahl mit Kindern, p. 16-20.
Rev. Gilberto Valmir da Silva é mestre em teologia pelo Seminário Concórdia. Atualmente é
pastor da Selbstándige Evangelish-Lutherische KJrche (SELK) em Lage, Alemanha.
2. Lutero
Martinho Lutero não trata o assunto especificamente. O que podemos
deduzir a partir de citações tais como as listadas abaixo é de que ele não é
terminantemente contra a participação de crianças na ceia. Lutero conhece a
prática da Igreja Antiga e dos Pais Apostólicos, citando-os nestes documen-
tos, mas não emitindo nenhum juízo sobre o assunto. Parece até mesmo que
ele trata o assunto naturalmente.
Alguns perguntaram se também se deve dar o sacramento aos mudos.
Alguns julgam poder enganá-los cortesmente e sugerem que se lhes dêem
hóstias não bentas. A brincadeira não é boa, também não agradará a Deus,
que fê-los cristãos tanto quanto a nós, cabendo-lhes o mesmo que cabe a
7
WÓLBER, apud Jeziorowsky, op.cit., p.30.
8
ABENDMAHL MIT KINDERNLp. 7-14.
9
JEZIOROWSKI,op.cit.,p.31.
10
NYMAN. Erwâgung zur Theologie der Konfirmation in ihrer Beziehung zur Kindertaufe und
zum Abendmahl, p. 99.
11
NYMAN, op.cit., p. 100.
12
LUTERO. Catecismo Maior, p.488/23. Embora Nyman cite esta passagem no original
alemão, não foi de lá traduzida, mas utilizou-se a versão portuguesa do Livro de Concórdia.
13
NYMAN, op.cit., p.103.
14
GRUNDLER. Reformation der Konfirmation, p. 42.
15
von ALLMEN. O culto cristão, p. 226.
16
HOCH. Celebração da Santa Ceia com crianças: 20 teses sobre um tema controvertido, p. 163-
9. Este autor traz boa indicação bibliográfica sobre o assunto em seu artigo.
17
KRAUSE. The proper use the Sacrament of Holy Communion, p. 505-6.
4. Avaliação
A partir da pesquisa feita, podemos concluir que: (a) era prática generali-
zada na Igreja Primitiva a admissão da crianças à Eucaristia, em estreita
ligação com o batismo, vistos os dois como necessários para as crianças; (b)
A igreja medieval manteve este costume, até um certo período, abandonado-o
posteriormente por causa de sua teologia escolástica. A igreja oriental man-
teve a prática e a conserva até aos dias de hoje; (c) Os reformadores
reinstalaram a distribuição completa do sacramento, sob as duas espécies, e
incentivaram a instrução do povo sobre o mesmo, devido à ignorância que
grassava na época com relação às doutrinas da igreja. Não se encontra,
entretanto, em Lutero, qualquer condenação à prática da igreja primitiva de
distribuir o sacramento também para as crianças. Muito pelo contrário, ele cita
o fato - especialmente a prática de Cipriano - para evocar a necessidade da
distribuição correta do sacramento (sob as duas espécies).
As teses de Lothar Hoch, apresentadas resumidamente acima, apesar de
terem sido escritas no ambiente eclesial da IECLB, refletem também a
realidade do Sacramento do Altar na IELB. Vemos uma extrema racionali-
zação do sacramento, que perde o seu sentido primeira de veículo da graça
perdoadora e de Eucaristia (ação de graças, e portanto, celebração) para
tomar-se muito mais uma espécie de "prémio" para os "bons" cristãos. Quer
dizer, somente podem participar aqueles que são "fortes na fé". Sem dúvida,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Introdução
0 culto é o grande momento de reunião da família de Deus. Em nenhuma
outra atividade regular de nossas igrejas temos tanta gente reunida em torno
da Palavra. Até por uma questão de respeito a estas pessoas, o culto deve
ser o melhor possível em todos os aspectos: a mensagem, a liturgia, os hinos,
o ambiente... e não um suplício ou uma ladainha! Digo isto pensando no povo
que se reúne na igreja. Muito mais quando pensamos em Deus! O culto é
prestado a Deus, e não podemos apresentar-lhe "qualquer coisa". Também
não estamos fazendo um "show", uma apresentação de talentos musicais,
como muitas vezes se vê. Mas o culto é rendido à glória de Deus e para a
edificação do povo de Deus!
1 - Inovações/modificações na liturgia
A) Muito abuso tem sido cometido na tentativa de mudar o nosso culto e a
nossa liturgia:
- às vezes por ignorância de sadios princípios litúrgicos;
- às vezes por rebeldia e contestação;
- às vezes na séria intenção de despertar o povo;
- às vezes simplesmente copiando de outros, sem adaptação à realidade
local;
- às vezes pelo prazer de fazer alguma coisa diferente.
Simplesmente trocar o órgão pelo violão, os hinos por corinhos, o talar pelo
terno e gravata, o altar por uma simples mesa, o sermão no púlpito por um
estudo bíblico mais informal, pode ser contraproducente e escandaloso, não
servindo para edificar o povo no Evangelho, mas dando oportunidade para
1. Preparativos. Providenciar:
- Uma cruz rústica de madeira (no mínimo 2 metros)
- Uma Bíblia e um candeeiro rústico.
- Cestas de vime ou gamelas para as ofertas.
- Gaúchos e prendas pilchados (vestidos com trajes típicos), alguns com
lenço branco outros com lenço vermelho
- Um pala branco para o oficiante (que deverá estar pilchado também.)
- Um ou mais grupos de dança gaúcha.
- Uma mesa rústica para servir de altar.
- Bandeiras do Brasil, do Rio Grande do Sul, da igreja e outras (município,
CTG, escola, ...)
- Chaleira de ferro, cuia e bomba, pelego, laço e outros objetos de uso
campeiro.
2. A liturgia:
Tema:
Processional de entrada: (Observação 1)
Saudação: Damos as boas-vindas a todos os presentes e um abraço
gaúcho bem apertado a todos os visitantes que atenderam ao nosso convite.
Algumas palavras sobre a origem desta celebração e o desenvolvimento
deste culto: Nas missas realizadas ao ar livre para os gaúchos, por padres
itinerantes, na falta de igrejas, usava-se o que se tinha à mão; cada um trazia
para ser abençoado pelo Senhor o que tinha de mais precioso; daí o que foi
trazido ao altar improvisado e tosco.
Na época da guerra dos farrapos, era um momento de trégua e paz: os
chimangos, representando o governo monarquista, trajando lenços brancos;
e os maragatos, os revolucionários, trajando lenços vermelhos, amarravam
seus lenços na cruz num sinal de reconciliação.
A cruz é segurada em revezamento pelos participantes - é uma questão
de honra poder segurar a cruz!
A alegria e o louvor não se manifestam só na música, mas também na
dança, como uma expressão de júbilo, como também Miriam e as mulheres
dançaram por ocasião da libertação do Egito e Davi dançou diante da arca da
aliança.
A linguagem é em versos, típica das grandes narrativas gaúchas.
Celebramos este culto com a devida reverência e louvor a Deus, dentro
dos costumes e tradições do povo gaúcho!
(O Hino Rio-grandense pode ser entoado logo após a saudação.)
Invocação:
Pastor: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Confissão e absolvição:
Pastor: Companheiros do Rio Grande / patrícios que eu
Gloria in Excelsis:
Pastor: Honra e glória nas alturas,/ ao Patrão da eternidade,
e na terra para os viventes, paz e boa vontade. Todos: Nós te
louvamos.e bendizemos,/ adoramos e glorificamos e te damos
graças por tua grande glória. Com fé reconhecemos o Cristo, / Rei
da vitória.
Saudação:
Pastor: Aqui entre nós está o Patrão Onipotente.
Todos: E conosco permaneça eternamente.
Oração do dia:
Leitura do Antigo Testamento: (Observação 4)
Leitura do chasque (carta): (Observação 4)
Dança do xote: (Nossa alegria pela Palavra do Evangelho)
(Observação 5)
Gradual:
Leitura do santo Evangelho: (Observação 4) Pastor: Escuta,
gaúcho, escuta o Evangelho de Jesus Cristo! Todos: Leia,
pastor, escutaremos de todo o coração! A Confissão de Fé: O
Credo Apostólico; ou o Credo Crioulo: 1. Eu creio num só Deus,
meu Pai Celeste,
Que tudo fez, tudo criou, tudo reveste,
Que do nada tirou tudo o que é visível,
Igualmente Ele é quem fez o que é invisível.
Martim C. Warth
Ervino Skalee
Joaçaba, SC
1.0 texto
V. 1 - "Naqueles dias apareceu João Batista". O evangelista Mateus cita
diretamente João Batista, porque o mesmo já era conhecido do povo para o
qual escrevia, os judeus. Não fala a respeito de sua vida. Não diz que era filho
de Zacarias e Isabel (Lc 1.5). Não diz que "o menino crescia e se fortalecia
em espírito. E viveu nos desertos até ao dia em que havia de manifestar-se
a Israel" (Lc 1.80). Não diz nada do seu ministério, de sua vida e de sua morte.
Diz apenas que pregava "no deserto da Judeia" (v. 1). Estranho: sua igreja e
seu púlpito ficavam no deserto. Perguntamos: Porque viver no deserto e não
numa cidade? Podemos ter certeza que esta foi a vontade de Deus. Foi desta
maneira que Deus o preparou para a sua grande missão - preparar o caminho
para o Senhor Jesus.
V. 2 - Neste versículo João Batista apresenta a temática de sua pregação:
o arrependimento e a proximidade do reino dos céus. O povo devia abandonar
a boa opinião que nutria a respeito de si mesmo: "Ó Deus, graças te dou
porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros...
jejuo duas vezes por semana e dou dízimo de tudo quanto ganho" (Lc 18.11
e 12). Em seu lugar devia, humildemente, dizer como o publicano: "Ó Deus,
sê propício a mim, pecador". Tudo isto "porque está próximo o reino dos céus",
referindo-se a Jesus.
V. 3 - Na sequência, ele cita Isaías 40.3: "Preparai o caminho do Senhor,
endireitai as suas veredas". Este texto refere-se a um costume antigo que o
povo tinha ao esperar a visita de um rei: limparas estradas, retirar obstáculos,
aplainar montes para que o rei e toda a sua comitiva pudessem ter livre acesso
à cidade. Era uma linguagem figurada. João Batista queria dizer: corrijam suas
vidas. Deixem a maldade. Abandonem a hipocrisia e a falsidade. Nivelem os
montes e baixos de suas vidas pelo arrependimento e fé no Senhor que está
para vir. Tornem-se aceitáveis diante do Senhor.
V. 4 - Este versículo descreve a maneira de João Batista viver. Para ele de
nada valiam as tradições e costumes. Era um homem ríspido, rude e um tanto
individualista. Sua alimentação eram gafanhotos e mel silvestre. Seus pen-
1. Leituras do dia
Salmo 24 - Tradicionalmente, este salmo tem sido usado pela igreja na
Ascensão do Senhor. Keil-Delitzsch, no entanto, intitula este salmo de:
"Preparo para a recepção do Senhor, que está prestes a vir", demonstrando,
assim, que talvez o tema do mesmo seja mais apropriado para o período de
Advento. No Advento, a igreja cristã prepara-se para receber dignamente
aquele que vem em nome do Senhor. A vinda de Jesus na carne é uma bênção
do Senhor, pois traz salvação (v. 5). É necessário um preparo adequado para
se receber o Rei da Glória, o Salvador prometido (w. 7-10).
Isaías 7.10-17 - Diante da situação de medo e temor, na qual Acaz se
encontrava (v. 2), o profeta Isaías o aconselha a "crer" (v. 9). Deixa o Senhor
da história dirigir a história. A "virgem" e seu filho "Emanuel" são referidos
como um "sinal", destinado a assegurar ao cético Acaz um livramento rápido
de seus inimigos. A citação de Mateus (1.23) deixa claro que essa profecia
tem uma dimensão messiânica. Como é frequente nos profetas, Isaías fala
de dois quadros de perspectivas diferentes, no presente e no futuro distante.
Falando do nascimento deste menino na família de Acaz, a casa de Davi,
Isaías projeta um dos maiores sinais a ocorrer ainda na família de Davi: a
concepção do Filho maior do mesmo Davi, o Emanuel por excelência.
Romanos 1.1-7 - O apóstolo confirma que foi separado por Deus para
anunciar a boa nova do evangelho. A promessa de Deus, anunciada por meio
de seus profetas, a qual atestava que o Salvador seria descendente de Davi,
se cumpriu de fato. Paulo lembra que essa boa nova é para todos, judeus e
NATAL
25 de dezembro de 1995
Lucas 2.1-20
1. O contexto
Em sentido lato, todo o Antigo Testamento forma o contexto do evangelho
de Natal. O que aconteceu na estrebaria de Belém fora prometido já no Éden
através do proto-evangelho: "Porei inimizade entre ti..."(Gn 3.15) e posterior-
mente em todas as passagens messiânicas. A própria existência do povo de
Israel faz parte do contexto do Natal. O Senhor havia prometido a Abraão:
"Em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3). Em sentido restrito,
porém, o contexto inicia com o anjo Gabriel anunciando o nascimento de João
Batista. Ele iria "habilitar para o Senhor um povo preparado" (Lc 1.17). Gabriel
anuncia também, a Maria, o nascimento do próprio Messias. Alguns perso-
nagens centrais destes acontecimentos percebem a importância do que
estava para acontecer; Zacarias e Maria o expressam nos seus célebres
cânticos.
2. O texto
Vv. 1-3 - A conexão do nascimento de Jesus com os acontecimentos
históricos do momento é muito significativa. O homem mais poderoso da
época, César Augusto, coopera através do censo, sem o saber, para o
cumprimento das profecias do AT. O imperador romano era cultuado como
"senhor" (kyrios); agora, porém, nasce aquele que é "Cristo, o Senhor".
Havia chegado a "plenitude do tempo" (Gl 4.4). Com muita propriedade a
História estabeleceu esta data como o ponto zero. Agora começa um novo
tempo.
Vv. 4-7 - O simples fato de Jesus ter nascido numa estrebaria não é sinal
de pobreza. Podemos ser muito ricos e mesmo assim ser obrigados a
hospedar-nos num hotel simples por estarem lotados os de cinco estrelas. A
Norberto E. Heine
Porto Alegre, RS
O texto pode ser dividido em quatro tópicos, sob o tema: O Messias e sua
obra. Precisamos lê-lo sem esquecer o objetivo que o evangelista tinha em
vista, ou seja, apresentar aos seus leitores judeus o Messias prometido, que
veio na pessoa de Jesus Cristo. Para atingir o objetivo proposto, identificamos
no texto uma sequência tópica assim manifesta: 1o - Quem era o Messias?;
2o - Qual o objetivo de sua obra; 3o - Como realizou a sua obra?; 4o - A
qualificação dos seus apóstolos.
1o - Quem era o Messias?
Os homens têm dificuldades para aceitar aquilo que não preenche as suas
expectativas. Os judeus não eram diferentes. Por isso encontraram obstácu-
los para receber como Messias alguém que não concentrasse sua "base" ou
seu "quartel-general" na Judeia, especialmente em Jerusalém. Pois o Mes-
sias apresentado por Mateus foi morar em Cafamaum (v. 13), após ter se
retirado para a Galileia (v. 12). O quê? Um Messias galileu? Não, Mateus, há
um engano, com certeza! Justamente de onde não se cogitava que pudesse
vir alguma coisa boa (lembrem Natanael), lá o Cristo foi fixar residência.
Os leitores de Mateus, todavia, precisavam aprender aquilo que todos nós
também devemos conhecer, e, a bem da verdade, não é com facilidade que
muitas vezes o admitimos, ou seja, que não são as expectativas humanas
que determinam a maneira como Deus vem a nós. Embora parecesse
inadmissível aos judeus um Messias galileu, ele foi morar na Galileia, pois o
que conta é aquilo que Deus determina e não o que os homens esperam.
Com a queda em pecado, o homem adquiriu o mau hábito de se julgar
senhor sobre Deus. Em razão disso, forma expectativas próprias de alguém
que se considera no comando à espera das bem obedientes ações dos seus
comandados. O que esperavam os judeus? Um Deus obediente às suas
aspirações, que enviasse um Messias dentro dos padrões imaginados pelos
pretensos senhores. Seremos nós diferentes? Ou não? O que dizer daquelas
ocasiões em que concluímos que Deus não deveria ter se manifestado da
forma pela qual agiu ou age, mas da maneira que, segundo nosso juízo, seria
a mais correta? O escândalo da manifestação divina num Messias galileu
também se repete para nós. Afinal, temos o mesmo pecado como herança.
O evangelista Mateus recorre a uma prova decisiva para apresentar o
Messias aos seus leitores. Ele foi buscá-la não na voz dos homens, porém na
voz de Deus - na profecia. Valendo-se de Is 9.1,2, ele mostrou que o Messias
verdadeiro, o único enviado por Deus, deveria mesmo estar na "Galileia dos
gentios". Tudo, pois, ficava esclarecido. A resposta não vinha da discussão
se o Cristo podia ou não ser galileu, mas da palavra daquele que o tinha
enviado. Os atos divinos são conhecidos, até onde é possível conhecê-los,
1. Leituras do dia
Miquéias 6.1-8. Deus questiona o seu povo que parece ter esquecido o
sentido da justiça que vem de Deus na prática da sua religiosidade. A estrutura
criada para regulamentar o culto e os sacrifícios tomava-se um fim em si,
apesar de serem dirigidos a Deus.
Paulo P. Weirich
Niterói, RS
1. Contexto
Esta é a última das três perícopes consecutivas extraídas do capítulo 5 do
evangelho segundo São Mateus. É oportuno lembrar que o Sermão do Monte
está sendo pregado aos discípulos de Jesus - um núcleo da congregação
cristã, seleto e bem informado.
2. Texto
Na verdade, o centro desta perícope é o v. 20. O tema do sermão está na
polarização entre a "vossa justiça" (v. 20) e "a justiça dos escribas e fariseus"
(w. 21 ss.). Antes de tudo, é preciso sublinhar que o contraste que Jesus
estabelece não é entre o Antigo Testamento e o Seu ensinamento. Jesus
acabara de atestar a validade do Antigo Testamento (v.17). Ao contrário, a
questão é entre a interpretação da tradição rabínica de um lado e a correta
interpretação do Antigo Testamento por Jesus de outro lado. Toda vez que
Jesus emprega a expressão "está escrito" (4.4,7,10) Ele refere-se ao Antigo
Testamento; quando Ele utiliza a expressão "ouvistes o que foi dito" (vv.
21,27,31,33,38,43), Ele refere-se às tradições judaicas cuja interpretação
adulterou o sentido original da Palavra de Deus no Antigo Testamento.
A TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR
ÚLTIMO DOMINGO APÓS EPIFANIA
18 de fevereiro de 1996
Mateus 17.1-9
1. Leituras do dia
SI 2.6-12: Um salmo profético a respeito do reinado do Messias, o Rei e
Filho do Senhor. "Tu és meu Filho" foi confirmado na transfiguração de Jesus:
"Este é o meu Filho amado..."
Êx 24.12,15-18: Deus fala com Moisés no alto do monte, do meio de uma
nuvem - a glória do Senhor! É a forma como Deus também se manifesta na
transfiguração de Jesus, quando este mesmo Moisés, junto com Elias, fala
com o Salvador.
Breno I. O. Faber
Canoas, RS
Vilson Scholz
Horst
Kuchcnbecker
Porto Alegre, RS
1. Contexto
Segundo fica claramente demonstrado na cronologia levantada por John
Davis, a última semana de vida de Jesus inicia-se com a Ceia em Betânia,
quando foi ungido por Maria. O episódio ora em foco desenrola-se um pouco
antes do início desta sua última semana de vida.
Trata-se, pois, do desfecho da obra redentora de Cristo. O final do seu
ministério terreno e os preparativos finais aos seus discípulos/apóstolos com
respeito à sua morte, ressurreição e subsequente ascensão.
2. O texto
Segundo a ARA, Jesus estava para subira Jerusalém. Contudo, segundo
a BLH, que opta pela sugestão do aparato crítico, Jesus jâ estava de viagem
para Jerusalém, onde sucederia o desfecho final de seu ministério.
Nesta ocasião ele faz o seu terceiro discurso de alerta a respeito de sua
própria morte. Destaca-se que Jesus, conforme diz o v. 17, "chamou à parte
os doze". Isto porque não queria causar alvoroço. Nada de "enfogueirar" as
multidões. Mas ao mesmo tempo desejava avisar (mais uma vez) os seus
discípulos, os doze, o grupo mais chegado. Toda a desorientação e confusão
pela qual estes mais chegados passaram por ocasião da morte de Jesus já é
bem conhecida de todos nós - o suficiente para que entendamos o porquê da
preocupação do Senhor em tê-los alertado de forma especial.
Parece que enxergamos, nas entrelinhas de todo este trecho, os doze meio
“tontos", meio "atrapalhados", sem compreender direito aquilo que Jesus lhes
estava contando. Assim como alunos que não entendem direito o que o
Irmo A. Hiibner
Imbituva, PR
1. Contexto
Dois pensamentos perpassam as leituras para esse domingo - a mortali-
dade do homem e a presença restauradora e vivificadora de Deus.
No Salmo 116 Deus está próximo e pode ser invocado para que livre a alma
dos laços da morte, das lágrimas os olhos, e da queda os pés...
Em Ezequiel, na visão do vale dos ossos secos, reavivados pelo Espírito
de Deus, somos lembrados que mais importante do que a ressurreição física
é a ressurreição espiritual.
A epístola de Romanos 8 ressalta mais uma vez que o mesmo Espírito que
ressuscitou a Jesus também é o que dará, por sua presença poderosa em
nós, vida aos nossos corpos mortais. Há, porém, uma ênfase a ser consi-
derada - viver conforme a sua própria natureza gera morte, e viver conforme
o espírito de Deus gera vida.
Sugestão de temas
1. A Quaresma oferece amplas oportunidades para tratar de temas vincu-
lados ao Batismo e à nova vida em Cristo, pois morte e ressurreição,
mortalidade do homem e presença restauradora do Espírito Santo permeiam
as leituras desse período.
2. Outro tema a ser explorado está relacionado mais ao texto menor do
evangelho - a trama para eliminar a Jesus, trama nascida dentro da igreja.
Aqui se pode explorar de como os interesses do povo e seus líderes podem
confluir para "esfriar" e/ou "acabar" com aparentes adversários. Associando
ao lema e tema da igreja para 96 pode-se refletir sobre como coisas seme-
Oscar Lehenbauer
Porto Alegre, RS
Nilo LuteroFigur
Porto Alegre, RS
A RESSURREIÇÃO DO SENHOR
PRIMEIRO DOMINGO DE PÁSCOA
7 de abril de 1996
João 20.1-9 (10-18)
Anselmo Schüler
Santa Rosa, RS
1. O texto
v. 19 - "Ao cair da tarde daquele dia". Já sabiam que "a pedra estava
revolvida"(v. 1). Mas pairava a dúvida. "Trancadas as portas ... veio Jesus,
pôs-se no meio". Jesus entrou na casa de maneira sobrenatural. Ele "quebra"
as leis naturais e físicas. Apresenta-se em um corpo visível. Podia ser
apalpado. Como era este corpo? Paulo diz que é um corpo glorificado (Fp
3.21).
V. 20 - "Alegraram-se... ao verem o Senhor". O medo cede lugar à grande
alegria. Ele se identifica com a saudação comum entre eles: Paz seja
convosco! Mas agora ela traz um significado mais profundo. Jesus os faz
sentirque as bênçãos da sua morte e ressurreição são para eles. Ele alcançou
a vitória, eles têm um Herói a quem seguir e dele receber proteção. Eles, que
o tinham traído, são confortados com o perdão que lhes dá a paz de espírito.
V. 21 - "Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio". Enviados
para contar "o que viram e ouviram" (At 4.20). Agora, ao verem o Senhor vivo
novamente, compreenderam o sentido da mensagem da cruz. Sabem que "é
o poder de Deus para a salvação". Eles podem ser enviados pelo Senhor. O
mundo é hostil. Jesus aceitou sofrer ao aceitar ser enviado pelo Pai. E os
discípulos não iam sofrer? Antes estavam paralisados, sem luta, porque não
havia esperança; agora, vale a pena lutar e sofrer, pois diante deles está o
Autor da vida.
Carlito Eurich
Francisco Beltrão, PR
Waltcr O. Steyer
São Leopoldo, RS
1. Leituras do dia
As leituras do dia apontam para Jesus Cristo como Eu Sou (Êx 3.14; Jo
8.58; 13.19). Toda a esperança humana está concentrada numa só confissão,
que "Jesus Cristo é Senhor" (Ef 2.11), que Ele é o Jahve, o próprio Deus. Só
esta fé consola e ampara os discípulos em suas tarefas neste mundo.
O Salmo 146 enfatiza que só no Deus de Jacó há "auxílio" e "esperança"
(v. 5). Este é o Deus que criou o mundo e que "reina de geração em geração"
(v. 10). Quem reina é Deus em Cristo (Ap 11.15).
Atos 17.1-15 fala da mensagem de Paulo e Silas. Anunciaram que Jesus
é o Cristo que ressuscitou dos mortos (v. 3) e que Ele é um "outro rei" (v. 7).
Isto não era nenhuma novidade, pois era só verificar na Escritura para saber
que "as coisas eram de fato assim" (v. 11).
Martim C. Warth
Porto Alegre, RS
1. Contexto
Jesus está preparando seus discípulos para sua despedida. Na verdade,
seu afastamento será por pouco tempo, pois sua ausência será de poucos
dias, mas isso os discípulos ainda não entendem. Tudo tem seu tempo.
Haverão de entender depois que o Espírito da Verdade abrir suas mentes.
Por enquanto os discípulos estão tristes e abatidos. Pensam que ficarão
sozinhos. É aí então que Jesus procura confortá-los e animá-los, falando-lhes
do Consolador, do "Espírito da Verdade"! Promete a ajuda e o apoio de que
necessitam.
2. Texto
V. 15 - Amar a Deus é querer fazer sua vontade expressa nos seus
mandamentos. Fé é amor aos irmãos. O discípulo não pode não produzir
frutos. Ele o faz "ao natural". Seu agir em amor é espontâneo e livre. A
verdadeira fé sempre é ativa no amor.
V. 16 - O Consolador estará sempre conosco. Sempre significa 100%.
Nunca estamos sós, abandonados ou desamparados. É verdade que frequen-
temente não percebemos que Deus está ao nosso lado. Talvez queremos ver
sinais mais visíveis de sua presença. Aí convém lembrar que Ele está presente
na sua Palavra e no seu corpo e sangue no Sacramento, e é através desses
meios da graça que o Consolador chama, ilumina, congrega e fortifica a
comunidade cristã.
V. 17 - O Espírito da verdade. Toda fé salvadora no Antigo Testamento
como no Novo Testamento foi produzida pelo Espírito. O mundo por si não
conhece a verdade, pois vive sob a forte influência do pai da mentira. Cf. 3o
Artigo - Explicação dos catecismos. É o Espírito que faz entender e confiar na
Verdade.
Conhecer o Espírito é conhecer Aquele que está ao nosso lado para nos
guiar, ajudar, ensinar e abençoar com a Palavra. Esse Espírito quer moldar
nossas mentes e vontade. Cada pedacinho de fé, amor e obediência é a marca
da presença do Espírito em nós.
1. Leituras
Nas leituras existe a ênfase da unidade na coletividade. A unidade: Deus
Pai, Jesus Cristo e o cristão que pertence a Deus e foi confiado ao Filho. A
coletidade: os irmãos unidos, orando e adorando (Atos 2.14), testemunhando
(At 2.8), sóbrios, vigilantes e firmes na batalha contra o adversário (1 Pe 5.8,9).
Salmo 133 - Conforme Hengstenberg (Keil-Delitzsch, v. V, p. 317): neste
salmo "Davi enfatiza a consciência da igreja , a glória da unidade dos santos
que por longo tempo era esperada, a restauração que iniciou com o colocar
da Arca no Monte Sião". Nesta unidade os cristãos sentem a agradável
neblina como que estando ao pé de uma cachoeira sentindo o vapor da água
tocar no corpo.
Atos 1.8-14 - Palavras do Senhor Jesus: "...recebereis poder, ao descer
sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas" (v.8). Os seguidores
de Jesus olham os céus quase extasiados sem entendera realidade presente
- o Senhor subira aos céus, sentem-se órfãos, mas conhecem a promessa de
Jesus: "Eis que estou convosco todos os dias..." (Mt 28.20) Alertados por dois
anjos, voltam a Jerusalém para se reunirem num cenáculo, uma sala na parte
superior da casa (seria o local da última Ceia, ou na casa da mãe de Marcos
o evangelista?). Ali reúnem-se em orações e adoração a Deus. Temos aqui
a última referência bíblica de Maria, mãe de Jesus, que fora colocada aos
cuidados do apóstolo João, o discípulo amado.
1 Pedro 5.6-11 - Temos neste texto as grandes referências ao pecado, à
moléstia. O diabo, grande adversário, anda como leão devorador, mas atua
de modo a não chamar atenção. Um caçador sabe que o nosso tigre ou onça
consegue caminhar na floresta sobre folhas secas sem fazer qualquer
barulho; assim é o tentador. O cristão, chamado por Cristo, pela graça de
Deus (v. 10) coloca-se em humildade sob o domínio do Senhor Deus. O cristão
recebe o desafio de colocar sua ansiedade, seu medo, seus revezes da vida
sob a poderosa mão de Deus (v.6,7). Deus que chama, aperfeiçoa, firma,
fortifica e é verdadeiro fundamento, tem o domínio e a glória - principal ligação
com o evangelho.
João 17.1-11 - Jesus está concluindo sua missão e antes de subir visivel-
mente aos céus, exerce seu ofício intercessor (Rm 8.34). Mas antes de sua
glorificação Jesus ainda precisa executar a parte mais difícil de sua missão,
quando é o Sacerdote e é também o Cordeiro. O texto nos apresenta Jesus
Servo-sofredor que olha com atenção amorosa para o pecador fraco, esma-
gado e quebrado (Is 42.1-4). Jesus, o Servo-sofredor, toma sacerdotalmente
Sebastião Jann
Sinop, MT
DIA DE PENTECOSTES
26 de maio de 1996
João 16.5-11
1. Contexto
Depois de longa convivência, este momento marca a preparação para a
despedida. É o paraninfo que se despede dos seus alunos - amigos de tantas
estradas e companheiros de tantos momentos peculiares. Até o momento,
estivera com eles; agora, dá-lhes os conselhos finais e fala-lhes da ajuda
especial de que necessitarão nessa nova etapa, após sua partida.
Astomiro Romais
Porto Alegre, RS
Devoção proferida na capela do Seminário pelo Rev. Prof. Carlos Walter Winterle no dia
21 de junho de 1995.
Devoção proferida na capela do Seminário Concórdia no dia 4 de julho de 1995 pelo Rev.
Norberto £. Heine.
Alguns acham que Ezequiel realmente comeu o pergaminho que Deus lhe
entregara. Outros já entendem ter sido esta uma experiência visionária. Uma
coisa é certa: Ezequiel compreendera que o seu ministério seria composto de
dois elementos: amargura de um lado, doçura de outro.
O que era amargo? Se olharmos para o conteúdo do rolo, pergaminho, que
o profeta foi solicitado a comer, começaremos a entender. O que estava
escrito naquele pergaminho? No versículo anterior o profeta diz: "Estendeu-o
diante de mim, e estava escrito por dentro e por fora; nele estavam escritas
lamentações, suspiros e ais".
Teria sido tarefa prazerosa para Ezequiel dizer ao seu povo coisas
agradáveis, afirmar que tudo estava bem:
que Jerusalém seria libertada do sítio babilónico;
que o exílio, que recém iniciara, estaria logo no fim;
que o reino davídico seria restaurado em todo o seu esplendor.
Devoção proferida pelo Prof. Acir Raymann no encontro das faculdades de teologia do
Seminário Concórdia de São Leopoldo, RS e da Escola Superior de Teologia de São Paulo,
SP, emjaraguá do Sul, SC, em 22 e 23 de agosto de I99S.
Prédica proferida pelo Dr. Ricardo W. Rieth no culto da Comunidade Ev. Luterana São João,
Esteio/RS, em 7 de maio de 1995, e na devoção na capela do Seminário Concórdia em 11
de maio de 1995.
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IGREJA LUTERANA - NÚMERO 2 - 1995
RESENHA
ORRÚ, Gervásio F. Os manuscritos de Qumran e o Novo Testamento.
São Paulo, Edições Vida Nova, 1993. 87 páginas.
O livro de Gervásio F. Orrú é fruto de um trabalho de mestrado em Teologia,
escrito no Seminário Teológico Batista do Sul, no Rio de Janeiro. Divide-se
em três capítulos: 1. As descobertas de Qumran; 2. A comunidade de Qumran;
3. Os manuscritos de Qumran e o Novo Testamento.
O primeiro capítulo (p. 17-29) historia a descoberta das grutas, do mosteiro
e dos manuscritos. É um período que vai de 1947 a 1956. No segundo capítulo
(p. 30-53), o autor descreve a comunidade de Qumran, sua organização e
administração, bem como as principais doutrinas. Recebem destaque o
dualismo, o calendário e a doutrina messiânica dos qumranitas. O Mestre da
Justiça é destacado num subtítulo. O último capítulo explora as possíveis
conexões entre a Comunidade de Qumran e João Batista, Jesus, João, Paulo,
outros escritores do Novo Testamento, e a igreja primitiva.
Do ponto de vista das informações, a obra de Orrú é bastante completa e
bem documentada. Quanto às conclusões, o autor revela, por vezes, sofrer
influência do que já se denominou de "qumranite", ou seja, a tentativa de
explicar muito do Novo Testamento à luz de Qumran. Na Introdução, por
exemplo, ele afirma: "Demonstramos que há grande possibilidade de os
escritores neotestamentários terem recebido influências da Comunidade de
Qumran, no que diz respeito à linguagem ou mesmo às ideias; é possível
também que alguns escritores do Novo Testamento, bem como João Batista
e o próprio Jesus, tenham tido contato com a comunidade" (p. 15). No
entanto, para mostrar que o quadro de "qumranite" não é grave, o autor, de
forma bem mais sóbria, afirma, na Conclusão (p. 83), que "o confronto entre
os Manuscritos de Qumran e o NT mostra que há muitas semelhanças entre
ambos e que, de certa maneira, os dois tiveram uma fonte comum, o Antigo
Testamento". A isto acrescenta o parecer de H.H. Rowley de que "os
manuscritos de Qumran trazem sua contribuição para a compreensão do solo
no qual o cristianismo foi plantado". De fato, hoje se é bem menos otimista
ou eufórico quanto à probabilidade de contatos entre personagens e autores
do Novo Testamento e os qumranitas, bem como quanto à possibilidade de
influências do pensamento de Qumran sobre o Novo Testamento. As seme-
lhanças se devem à fonte comum, que é o Antigo Testamento. A maior
contribuição dos achados de Qumran reside não no âmbito do texto e da
teologia do Novo Testamento, e sim na melhor compreensão do fundo
histórico da época. Qumran mostrou, por exemplo, que o assim chamado
dualismo de João, ou seja, o contraste entre luz e trevas, ser "do alto" e ser
Vilson Scholz