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nº 96

TEMAS DE PEDIATRIA
O atendimento do prematuro
na sala de parto: o que o
pediatra precisa saber
TEMAS
DE PEDIATRIA NÚMERO 96

O atendimento do prematuro
na sala de parto: o que o
pediatra precisa saber

Dra. Ruth Guinsburg


Professora Titular da Disciplina de Pediatria Neonatal da Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp). Coordenadora do Programa de Reani-
mação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria. Membro do International Liaison
Committee on Resuscitation – Neonatal Task Force. São Paulo, SP, Brasil.

Dra. Maria Fernanda Branco de Almeida


Professora Associada da Disciplina de Pediatria Neonatal da EPM-Unifesp. Coordenadora
do Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria. Membro do
International Liaison Committee on Resuscitation – Neonatal Task Force. São Paulo, SP, Brasil.

Dr. Milton Harumi Miyoshi


Professor Assistente e Coordenador do Centro de Simulação Realística Neonatal da Dis-
ciplina de Pediatria Neonatal da EPM-Unifesp. São Paulo, SP, Brasil.
Endereço para correspondência com os autores:

Disciplina de Pediatria Neonatal do Departamento


de Pediatria da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP
E-mail: neonatal@unifesp.br

O presente trabalho reflete exclusivamente o ponto de vista dos autores.


“É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo.”
SUMÁRIO

1. Introdução .................................................................................. 5

2. Preparo para a assistência.......................................................... 7

3. Clampeamento do cordão umbilical........................................ 10

4. Passos iniciais ........................................................................... 11

5. CPAP ........................................................................................ 14

6. Ventilação com pressão positiva


e uso do oxigênio suplementar ................................................ 16

6.1. Ventilação com máscara facial ......................................... 20

6.2. Ventilação com cânula traqueal ........................................ 23

7. Massagem cardíaca .................................................................. 29

8. Adrenalina e Expansor de Volume ........................................... 32

9. Transporte do prematuro da
sala de parto à unidade neonatal ............................................ 35

9.1 Manutenção da temperatura .............................................. 35

9.2 Manutenção das vias aéreas pérvias.................................. 36

9.3 Suporte respiratório ............................................................ 39

9.4 Transporte do prematuro


com cateter venoso umbilical ............................................ 42

10. Consideração final.................................................................. 42

Referências Bibliográficas ............................................................. 43


1. INTRODUÇÃO Sabe-se que um percentual considerá-
vel dos neonatos pré-termo precisa de
A sobrevida de recém-nascidos prematu-
ajuda para iniciar a transição cardior-
ros, definidos como os nascidos vivos com
respiratória necessária para a adequada
idade gestacional inferior a 37 semanas,
adaptação à vida extrauterina. Dados da
reflete a qualidade do atendimento ante-
Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais,
natal, da assistência ao trabalho de parto
composta por 20 centros universitários
e parto e a estrutura do atendimento ne-
públicos do país, indicam que, no ano
onatal. Segundo a Organização Mundial
de Saúde em 2012, no relatório “Born de 2013, dos 1.424 nascidos vivos com
Too Soon: The Global Action Report on idade gestacional entre 230/7 e 336/7
Preterm Birth”, o Brasil é o 10º país do semanas, peso ao nascer entre 400 e
mundo em número de nascidos vivos 1.495g, admitidos nas unidades neo-
prematuros e o 16º em número de óbitos natais e sem malformações, 899 (63%)
decorrentes de complicações da prema- precisaram de ventilação com pressão
turidade(1). Dados de 2012 indicam que, positiva, 63 (4%) foram ventilados com
no Brasil, nascem cerca de três milhões cânula traqueal e receberam massagem
de crianças ao ano, das quais 350.000 cardíaca e/ou medicações na sala de
apresentam idade gestacional abaixo de parto e 535 (38%) foram estabilizados
37 semanas, sendo 45.000 com idade com pressão de distensão contínua em
gestacional inferior a 32 semanas e 40.000 vias aéreas (CPAP) por máscara na sala
com peso ao nascer inferior a 1.500g(2). de parto (Figura 1)(3).

Figura 1

Procedimentos necessários para estabilização do recém-nascido na sala de parto.


Fonte: Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais. Dados 2013. http://www.redeneontal.fiocruz.br e Wall
SN, et al – Int J Gynecol Obstet 2009, 107 (suppl 1):S47-62

VERIFICAÇÃO DA VITALIDADE
100% prevenir hipotermia e 100%
manter permeabilidade das vias aéreas

REANIMAÇÃO
BÁSICA
VPP com máscara
63%

3 a 6%
REANIMAÇÃO 4%
AVANÇADA
< 1% intubação traqueal
massagem cardíaca
e medicações

NASCIDOS VIVOS PREMATURO < 1500g

Nestlé Nutrition Institute 5


Pesquisas internacionais mostram um dade estrutural dos pulmões, do sistema
panorama similar. Estudo da Rede surfactante, da musculatura e da caixa
Americana de Pesquisas publicado em torácica, acompanhada de imaturidade
2012, com dados referentes a 9.565 do sistema nervoso central responsável
neonatos com idade gestacional entre pelo controle do ritmo respiratório(5). A
22 e 28 semanas e peso de 401 a transição cardiocirculatória tem como
1.500g, mostra que 67% deles rece- obstáculos a dificuldade de adaptação
beram ventilação com pressão positiva volêmica, com propensão à hipotensão,
ao nascer por meio de cânula traqueal, e a fragilidade capilar, que facilita o
8% necessitaram de massagem cardíaca extravasamento sanguíneo.
e 5% de medicações(4). Dentre outras dificuldades adapta-
Observa-se, portanto, que a neces- tivas do recém-nascido prematuro,
sidade de ventilação com pressão destaca-se ainda sua suscetibilidade
positiva e a de manobras avançadas aumentada ao estresse oxidativo e às
de reanimação na sala de parto, defi- infecções, o que facilita o aparecimento
nidas como intubação e/ou massagem de morbidades que contribuem para a
cardíaca e/ou uso de medicações, é mortalidade neonatal desse grupo de
bastante frequente em prematuros, pacientes(5).
especialmente naqueles de muito baixo A melhor compreensão dos processos
peso. A elevada necessidade de ajuda que envolvem a adaptação cardiorrespi-
para iniciar a respiração efetiva em ratória ao nascimento, tais como o pa-
sala de parto, ou seja, efetuar a tran- drão de respiração espontânea adotado
sição para o ambiente extrauterino, e pelos prematuros e como conseguem
de reanimação propriamente dita nos estabelecer e manter a capacidade
neonatos pré-termo se deve, de modo residual funcional, tem possibilitado
geral, à sua imaturidade global do mudanças do foco na assistência a
ponto de vista anatômico e fisiológico. esses bebês na sala de parto. Várias
Assim, tais pacientes têm propensão experiências têm demonstrado que
à perda de calor por apresentarem muitos não necessitam de reanimação
pele fina, pouco queratinizada, com com procedimentos invasivos, mas sim
tecido adiposo subcutâneo escasso e de um pouco de ajuda para que con-
peso relativamente baixo em relação sigam realizar a transição das trocas
à grande superfície corporal, existindo gasosas da placenta para os pulmões(6).
ainda a perda de calor central do siste- O foco da atuação do pediatra no
ma venoso a partir do seio cavernoso, nascimento de neonatos pré-termo não
localizado logo abaixo da fontanela está voltado somente à reanimação
bregmática não ossificada. propriamente dita, mas principalmente
A respiração logo após o nascimento é no auxílio à estabilização cardiopul-
pouco efetiva, uma vez que há imaturi- monar desses pacientes.

6 Nestlé Nutrition Institute


Para recepcionar tais pacientes neste estabilização e reanimação do prematuro
período crítico, no qual a chance de em sala de parto no texto a seguir dão
morte ou morbidade é elevada, é fun- ênfase ao nascido com idade gestacional
damental contar com equipamentos inferior a 34 semanas e se baseiam nas
adequados e uma equipe qualificada e revisões sistemáticas elaboradas pela for-
capacitada a realizar de forma rápida e ça tarefa neonatal do International Liai-
efetiva os procedimentos avançados de son Committee on Resuscitation (ILCOR)
reanimação, de acordo com o estado da em 2010(9), nas diretrizes da American
arte no que tange aos conhecimentos Academy of Pediatrics e American Heart
existentes. Desse modo, a participação Association de 2011(10) adaptadas pelo
do pediatra capacitado a estabilizar e/ Programa de Reanimação Neonatal da
ou reanimar o prematuro em sala de Sociedade Brasileira de Pediatria(7,11) e
parto é fundamental(7,8). em publicações posteriores sobre os
Nesse contexto, as condutas relativas à temas controversos.

2. PREPARO PARA A ASSISTÊNCIA


O preparo para atender o recém-nascido prematuro na sala de parto consiste
na realização de cuidadosa anamnese materna, no preparo do material para
o atendimento e na presença de equipe especializada, treinada em reani-
mação neonatal.

A necessidade de reanimação, nos nascimentos de conceptos com idade ges-


tacional inferior a 37 semanas, deve ser sempre uma preocupação, indepen-
dentemente das outras condições do binômio “mãe-feto” que desencadearam
o parto prematuro ou a necessidade de interrupção da gestação. Entretanto,
tais condições, expostas no Quadro 1, devem ser cuidadosamente pesquisadas,
pois chamam a atenção para a possibilidade de que técnicas de reanimação
avançada sejam necessárias.

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Quadro 1: Entidades maternas, fetais e placentárias associadas a dificuldades na transição
pós-natal do recém-nascido prematuro

PROBLEMAS PRÉ-NATAIS PROBLEMAS NO TRABALHO DE PARTO E PARTO


·Assistência pré-natal ausente ·Trabalho de parto prematuro
·Idade materna <16 anos ou >35 anos ·Rotura de membranas superior a 18 horas
·Hipertensão na gestação ·Corioamnionite
·Diabetes ·Trabalho de parto maior do que 24 horas
·Doenças maternas ·Período expulsivo superior a 2 horas
·Óbito fetal ou neonatal prévio ·Bradicardia fetal
·Alo-imunização ou anemia fetal ·Anestesia geral
·Hidropsia fetal ·Descolamento prematuro de placenta
·Infecção materna ·Placenta prévia
·Polidrâmnio ou oligoâmnio ·Prolapso de cordão
·Amniorrexe prematura ·Hipertonia uterina
·Gestação múltipla ·Uso de opióides 4 horas anteriores ao parto
·Crescimento intrauterino restrito ·Sangramento intraparto significante
·Malformação fetal ·Uso de fórcipe ou extração a vácuo
·Uso de álcool, tabaco ou drogas ·Parto taquitócico
·Diminuição da atividade fetal

Todo material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar
disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento(12). Esse material é
destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e
administração de medicações, estando detalhado no Quadro 2.

Quadro 2: Material necessário para a estabilização e reanimação do recém-nascido na sala


de parto (Brasil - Ministério da Saúde. Anexo da Portaria MS-SAS 371, 07/05/2014)(12)

Sala de parto e/ou de reanimação com temperatura ambiente de 26oC e: Medicações


• mesa de reanimação com acesso por 3 lados • adrenalina 1/10.000 em 1 seringa de 5,0
• fonte de calor radiante mL para administração única endotraqueal
• fontes de oxigênio umidificado e de ar comprimido, com fluxômetro • adrenalina 1/10.000 em seringa de 1,0 mL
• blender para mistura oxigênio/ar para administração endovenosa
• aspirador a vácuo com manômetro • expansor de volume (SF 0,9% ou Ringer-
• oxímetro de pulso com sensor neonatal e bandagem elástica escura -lactato) em 2 seringas de 20 mL
• relógio de parede com ponteiro de segundos
• termômetro digital para mensuração da temperatura ambiente Material para cateterismo umbilical
• campo fenestrado esterilizado, cadarço de
Material para aspiração algodão e gaze
• sondas: traqueais No 6, 8 e 10 e gástricas curtas No 6 e 8 • pinça tipo kelly reta de 14 cm e cabo de
• dispositivo para aspiração de mecônio bisturi com lâmina No 21
• seringa de 20 mL • porta agulha de 11 cm e fio agulhado
mononylon 4.0
Material para ventilação • cateter umbilical 5 F ou 8 F de PVC ou
• reanimador manual neonatal (balão auto inflável com volume máximo de poliuretano
750 mL,reservatório de O2 e válvula de escape com limite de 30-40 cmH2O • torneira de 3 vias
e/ou manômetro)
• ventilador mecânico manual neonatal em T com circuitos próprios Outros
• máscaras redondas com coxim para prematuros tamanho 00 e 0 e de termo 1 • luvas e óculos de proteção individual para
os profissionais de saúde
Material para intubação traqueal • compressas e gazes esterilizadas
• laringoscópio infantil com lâmina reta No 00, 0 e 1 • estetoscópio neonatal
• cânulas traqueais sem balonete, de diâmetro uniforme 2,5/ 3,0/ 3,5 e 4,0 mm • termômetro clínico digital
• material para fixação da cânula: tesoura, fita adesiva e algodão com SF 0,9% • saco de polietileno de 30x50cm e touca
• pilhas e lâmpadas sobressalentes para laringoscópio para proteção térmica do prematuro
• detector colorimétrico de CO2 expirado • tesoura de ponta romba e clampeador de
cordão umbilical

8 Nestlé Nutrition Institute


os neonatos pré-termo precisam de al-
gum procedimento de reanimação e a
rapidez com que tais manobras devem
ser iniciadas, é fundamental a presença
de dois profissionais aptos a realizar
todos os procedimentos de reanimação
neonatal em todo o parto prematuro.
No caso do nascimento de múltiplos,
deve-se dispor de material e equipe
Lembrar que o nascimento prematuro é próprios para cada criança.
sempre de alto risco, devendo ocorrer, Para a recepção do recém-nascido,
de preferência, em hospitais terciários, utilizar as precauções-padrão que
em salas de parto com estrutura física compreendem a lavagem/higienização
e recursos tecnológicos adequados correta das mãos e o uso de luvas,
para o atendimento do paciente, de aventais, máscaras ou proteção facial
acordo com as evidências científicas para evitar o conta¬to do profissional
disponíveis. A temperatura ambiente na com material biológico do paciente(13).
sala de parto deve ser de 26ºC para O Fluxograma 1 resume os principais
manter a temperatura corpórea normal procedimentos que podem ser necessá-
do recém-nascido. rios para a estabilização e reanimação
Considerando-se a frequência com que do prematuro em sala de parto.

Fluxograma 1

Fluxograma da reanimação do recém-nascido com idade gestacional < 34 semanas em


sala de parto. Modificado de: Circulation 2010;122 (16 Suppl 2):S516-38
NASCIMENTO Gestação < 34 semanas

- • Prover calor
) • Monitorar SpO2
. • Posicionar cabeça
5 • Aspirar vias aéreas s/n
4
/
$
% FC < 100 bpm? NÃO Desconforto respiratório ou
/ 30 segundos Respiração irregular?
5 SpO2 pré-ductal < SpO2 alvo?
ou Apneia?
2
/
SIM
60 segundos VPP com FiO2 inicial de 0,40
Considerar CPAP
FC < 100 bpm?
SIM

Assegurar VPP adequada


Aumentar concentração de O2
Considerar intubação Minutos SpO2
de vida pré-ductal
Até 5 70 - 80%
FC < 60 bpm?
SIM 5-10 80 - 90%

Massagem cardíaca coordenada com VPP > 10 85 - 95%

FC < 60 bpm?

SIM

Adrenalina endovenosa

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3. CLAMPEAMENTO DO sobre os efeitos do clampeamento tardio
CORDÃO UMBILICAL do cordão em neonatos pré-termo com
a vitalidade comprometida ao nascer.
O clampeamento tardio de cordão
Recomenda-se que, após a extração
em prematuros com boa vitalidade ao
completa do concepto, deve-se avaliar
nascer, entre 30-180 segundos, resulta
a pulsação do cordão umbilical, os
em menor frequência de pacientes com
movimentos respiratórios e a movimen-
hemorragia intracraniana e enterocolite
tação muscular. Se o pré-termo mostrar
necrosante, além de diminuição do nú- pulsação no cordão acima de 100 bpm,
mero de transfusões sanguíneas, embora tiver iniciado a respiração e apresentar
se comprove a elevação da hiperbilir- movimentação ativa, o clampeamento
rubinemia indireta(14). Tais achados pa- mais tardio do cordão umbilical, depois
recem estar relacionados à elevação do de 30 segundos(16). Caso a vitalidade
volume de sangue circulante no recém- do recém-nascido esteja comprometi-
-nascido, com estabilização mais rápida da, indica-se clampear imediatamente
da pressão arterial em consequência da o cordão para que o pediatra avalie
transfusão placentária(15). Deve-se ressal- de forma imediata a necessidade dos
tar, ainda, que não existem evidências procedimentos de reanimação.

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4. PASSOS INICIAIS onde serão realizados os procedimen-
tos de estabilização/reanimação, man-
Todos os pacientes com idade gesta-
tendo temperatura ambiente de 26ºC.
cional inferior a 34 semanas precisam
Após o clampeamento do cordão, o
ser conduzidos à mesa de reanimação,
recém-nascido <34 semanas de idade
indicando-se os seguintes passos: prover
gestacional é recepcionado em campos
calor, enquanto o sensor do oxímetro
aquecidos, colocado sob calor radiante,
é locado no membro superior direito,
envolto em saco plástico transparente.
posicionar a cabeça em leve extensão,
Ou seja, logo depois posicionar o pa-
aspirar vias aéreas (se necessário). Tais
ciente sob fonte de calor radiante, sem
passos devem ser executados em, no
secá-lo, introduz-se o corpo, exceto a
máximo, 30 segundos com o paciente face, dentro do saco plástico e, a seguir,
em decúbito dorsal horizontal a zero realizam-se as manobras necessárias(19).
grau, sem lateralização da cabeça. O saco plástico só será retirado depois
O primeiro passo consiste em manter da estabilização térmica na unidade de
a temperatura corporal entre 36,5 e terapia intensiva. Tal prática deve ser
37,0ºC. A presença de temperatura suplementada pelo emprego de touca
corporal abaixo de 36,0ºC na admissão dupla para reduzir a perda de calor na
à terapia intensiva neonatal é fator in- região da fontanela. Nesse caso, cobrir
dependente de risco para mortalidade a cabeça do prematuro com triângulo
e morbidade por agravar ou favorecer plástico e, por cima, colocar a touca de
distúrbios metabólicos, desconforto algodão. Ressalta-se que, em qualquer
respiratório, enterocolite necrosante e idade gestacional e peso ao nascer,
hemorragia intracraniana em RN pré- cuidado especial deve ser dirigido no
-termo(17,18). Para diminuir a perda de sentido de evitar a hipertermia, pois
calor nesses pacientes, é importante pode agravar a lesão cerebral em pa-
pré-aquecer a sala de parto e a sala cientes asfixiados.

Nestlé Nutrition Institute 11


Enquanto estão sendo tomadas as medi-
das para prover calor ao recém-nascido,
é preciso, simultaneamente, locar o
sensor do oxímetro de pulso no membro
superior direito, pois a saturação de
oxigênio pré-ductal é superior à pós-
-ductal e reflete a oxigenação cerebral.

A monitorização da oxigenação visa detectar hipóxia e hiperóxia, uma vez que


ambas causam lesão tecidual. Para obter o sinal com maior rapidez: 1º) Ligue o
oxímetro; 2º) Aplique o sensor neonatal na palma da mão ou pulso radial direito,
cuidando para que o sensor que emite luz fique na posição diretamente oposta
ao que recebe a luz e envolvendo-os com uma bandagem elástica escura; 3º)
Conecte o sensor ao cabo do oxímetro(20).

A leitura confiável da saturação de oxi- e percentis, exibidas por prematuros que


gênio (SpO2) e da FC demora cerca de não precisaram de reanimação(22). No
1-2 minutos após o nascimento, desde entanto, a escolha dos percentis para
que haja débito cardíaco suficiente, com intervenção não conta com evidências
perfusão periférica(21). científicas. Assim, há discreta variação
A escolha das saturações-alvo para os das saturações-alvo desejáveis nos pri-
primeiros minutos de vida se baseia nas meiros minutos de vida entre as várias
curvas de saturação, com suas medianas diretrizes que guiam a reanimação,

12 Nestlé Nutrition Institute


como exemplificado no Quadro 3 com as recomendações da Academia Ameri-
cana de Pediatria(10), Conselho Europeu de Reanimação(23) e Sociedade Brasileira
de Pediatria(11). Vale ainda ressaltar que a escolha de números absolutos, a se-
rem atingidos a cada minuto logo após o nascimento, pode impor dificuldades
imensas na prática diária da reanimação em sala de parto(24).

Quadro 3: Saturações de oxigênio alvo na reanimação neonatal em sala de parto.


AAP: Academia Americana de Pediatria(10); ERC: Conselho Europeu de Reanimação(23); SBP:
Sociedade Brasileira de Pediatria(11).

Tempo de vida AAP ERC SBP


•1 minuto 60-65% -- --

•2 minutos 65-70% 60%

•3 minutos 70-75% 70% 70-80%

•4 minutos 75-80% 80%

•5 minutos 80-85% 85% 80-90%

•10 minutos 85-90% 90% 85-95%

A fim de manter a permeabilidade das houver excesso de secreções nas vias


vias aéreas, posiciona-se a cabeça do aéreas, a boca e depois as narinas são
recém-nascido com uma leve extensão aspiradas delicadamente com sonda tra-
do pescoço. Evitar a hiperextensão ou queal conectada ao aspirador a vácuo,
a flexão exagerada do mesmo. No pre- sob pressão máxima aproximada de 100
maturo, devido ao tônus muscular mais mmHg. Evitar a introdução da sonda
débil decorrente da imaturidade global, de aspiração de maneira brusca ou na
indica-se colocar um coxim sob os faringe posterior, pois pode induzir à
ombros para facilitar o posicionamento resposta vagal e ao espasmo laríngeo,
adequado da cabeça. Na sequência, se com apneia e bradicardia.

Nestlé Nutrition Institute 13


Uma vez executados os passos iniciais, a decisão sobre os procedimentos a
seguir depende da avaliação da frequência cardíaca, do ritmo respiratório e da
saturação de oxigênio. Com esta avaliação, como mostra o Fluxograma 2, três
situações podem ocorrer: 1º) recém-nascido bem; 2º) recém-nascido com FC>100
e desconforto respiratório ou saturação de oxigênio baixa; 3º) recém-nascido em
apneia e/ou bradicardia.. Muitas vezes, como os primeiros passos são executados
no máximo em 30 segundos, nem sempre é possível detectar o sinal de pulso no
oxímetro. Nesse caso, a conduta a ser seguida dependerá da frequência cardíaca
avaliada com estetoscópio e da avaliação visual do ritmo respiratório.

Fluxograma 2
• T sala de parto
p 26 oC
• Prover calor
(touca de lã e saco de polietileno)
• Locar sensor do oxímetro de pulso
• Posicionar a cabeça
• Aspirar
p boca e nariz,, se necessário
• Reposicionar a cabeça

FC?
Ritmo respiratório?
SpO2?

FC > 100 bpm E FC > 100 bpm E


FC < 100 bpm E/OU
respiração rítmica e regular, respiração rítmica e regular,
respiração espontânea ausente
sem desconforto respiratório E com desconforto respiratório OU
ou irregular
SpO2 > 70% SpO2 < 70%

Cuidados de rotina CPAP + VPP +


O2 se necessário O2 se necessário

5. CPAP
O uso precoce do CPAP (pressão de prematuros com idade gestacional infe-
distensão contínua de vias aéreas) pode rior a 32 semanas mostrou que o CPAP
ser eficaz para manter os alvéolos dos na sala de parto reduz a necessidade de
pulmões imaturos e deficientes em ventilação mecânica e de surfactante no
surfactante não colapsados, evitando o período neonatal, sem elevar a incidên-
atelectrauma. Nesse sentido, metanálise cia de pneumotórax. O CPAP iniciado
de quatros grande ensaios clínicos ran- em sala de parto diminui de maneira
domizados e prospectivos que compa- significante o desfecho dependência
ram o uso de CPAP versus intubação e de oxigênio com 36 semanas ou óbito
ventilação na sala de parto com 2.782 hospitalar (OR 0,90; IC95% 0,83-0,98)(25).

14 Nestlé Nutrition Institute


Com base nesses dados, conclui-se que lador mecânico manual em T, com PEEP
o uso da CPAP é indicado em prema- de 4-6 cm H2O e fluxo gasoso de 5-15
turos com idade gestacional inferior a L/minuto, estando a máscara firmemente
34 semanas, que apresentam FC >100 ajustada à face do paciente. A quantida-
bpm e respiração espontânea, mas que de de oxigênio a ser ofertada deve ser
mostram desconforto respiratório e/ou a menor possível para manter a SpO2
saturação de oxigênio abaixo da espe- entre 70-80% nos primeiros 5 minutos
rada na transição normal, logo após o e 80-90% entre 5 e 10 minutos de vida.
nascimento. O CPAP pode ser aplicado Vale lembrar que não é possível aplicar
através da máscara conectada ao venti- o CPAP por meio do balão autoinflável.

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6. VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA E USO DO OXIGÊNIO
SUPLEMENTAR
O ponto crítico para o sucesso da reanimação neonatal é a ventilação pulmonar
adequada, fazendo com que os pulmões do recém-nascido se inflem e, com isso
haja dilatação da vasculatura pulmonar e hematose apropriada.

Assim, uma vez prestados os cuidados para manter a temperatura e a permea-


bilidade das vias aéreas do paciente, a presença de apneia, respiração irregular
e/ou FC <100 bpm indica a VPP (Fluxograma 3). Esta precisa ser iniciada nos
primeiros 60 segundos de vida (“The Golden Minute”). A ventilação pulmonar
é o procedimento mais simples, importante e efetivo na reanimação do recém-
-nascido, prematuro ou a termo, em sala de parto.

Fluxograma 3
NASCIMENTO
• T sala de parto 26 oC
• Prover calor
(touca de lã e saco de polietileno)
- • Locar sensor do oxímetro de pulso
) • Posicionar a cabeça
.
5 • Aspirar boca e nariz, se necessário
4 • Reposicionar a cabeça
/
$
%
/
5 FC < 100 bpm?
2
/ Respiração irregular?
ou Apneia?

SIM

60 segundos VPP

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Na reanimação do prematuro em sala de parto, as pesquisas ainda não respon-
deram à questão relativa à concentração de oxigênio ideal durante a ventilação.
Vale lembrar que a hipóxia se associa a lesões disfuncionais em todos os sistemas
biológicos, que acabam por resultar em falência de múltiplos órgãos e morte. A
hiperóxia, por sua vez, gera radicais livres que desencadeiam oxidação enzimática,
inibição de síntese proteica, inibição da síntese de DNA e peroxidação lipídica,
com lesão tecidual difusa mais acentuada nos neonatos pré-termo, pois seus
mecanismos de proteção antioxidantes são imaturos (Esquema 1)(26). Assim, por
um lado, o uso de ar ambiente pode não ser suficiente para que tais pacientes
atinjam uma oxigenação adequada, por outo lado, o emprego de oxigênio a
100% pode ser excessivo e deletério, contribuindo para as lesões inflamatórias
em pulmões e sistema nervoso central.

Esquema 1
HIPÓXIA HIPERÓXIA

Radicais livres

Oxidação enzim
ática
Disfunção dos
sistemas biológico Inibição da síntes
s e de
DNA
Falência de múltip
los
órgãos Peroxidação lipídi
ca

Com base no conhecimento existente riores a 100%, mas, por outro lado, que
até o momento, parece ser mais pru- os pacientes mais imaturos requerem
dente iniciar a reanimação com concen- alguma concentração suplementar de
trações intermediárias de oxigênio no oxigênio na sua reanimação(26-28).
recém-nascido prematuro, titulando-se Nesse contexto, de maneira empírica,
a fração inspirada do gás de acordo o Programa de Reanimação Neonatal
com a monitoração da saturação de da Sociedade Brasileira de Pediatria re-
oxigênio pré-ductal. Estes achados são comenda utilizar a concentração inicial
corroborados por estudos que sugerem, de 40%, aumentando-a ou reduzindo-a
de um lado, que os neonatos pré-termo por meio de um blender, de modo a
podem ser adequadamente cuidados na manter a FC >100 bpm nos minutos
sala de parto com concentrações infe- iniciais de vida e a SpO2 nos limites

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demonstrados no fluxograma(7). Deve-se ressaltar que a concentração de oxigê-
nio de 40% só é obtida de maneira confiável por meio de um blender e que a
titulação da oferta de oxigênio precisa sempre ser acompanhada pela oximetria
de pulso. Dessa forma, nos pacientes prematuros, em especial naqueles com
idade gestacional <34 semanas, após os passos iniciais, se o paciente apresentar
apneia, respiração irregular ou FC <100 bpm, iniciar a VPP com concentração
de O2 a 40% e ajustar a concentração do O2 suplementar de acordo com a
oximetria de pulso (Fluxograma 4).
Fluxograma 4
NASCIMENTO
• T sala de parto 26 oC
• Prover calor
(touca de lã e saco de polietileno)
• Locar sensor do oxímetro de pulso
- • Posicionar a cabeça
)
. • Aspirar boca e nariz, se necessário
5 • Reposicionar a cabeça
4
/
$
%
/ FC < 100 bpm?
5
2 Respiração irregular?
/ ou Apneia?

SIM

VPP + O2 40%
60 segundos
(ajustar a FiO2 de acordo com a SpO2)

O ventilador mecânico manual em T tem sido utilizado de maneira crescente na


reanimação neonatal, em especial em prematuros. Trata-se de respirador controlado
a fluxo e limitado a pressão, que possui seis componentes: 1) via de entrada de gás:
local por onde entra a mistura ar/oxigênio no ventilador proveniente do blender,
permitindo fornecer de modo confiável concentrações de oxigênio entre 21 e 100%;
2) via de saída para o paciente; 3) controle de limite de pressão máxima: deve ser
regulado ao redor de 30-40 cmH2O; 4) controle de pressão inspiratória: em geral
inicia-se com 20-25 cmH2O; 5) tubo T com tampa reguladora de PEEP: a oclusão do
orifício da tampa inicia o ciclo inspiratório do ventilador e sua abertura desencadeia
o ciclo expiratório. O ajuste da tampa no tubo T para direita ou para esquerda é
responsável pela PEEP, em geral, de 4-6 cmH2O no prematuro; 6) manômetro: usa-
do para mostrar a pressão inspiratória e a PEEP. O emprego de ventilador mecânico
manual em T, que permite um ajuste mais delicado dos parâmetros oferecidos durante
a ventilação com pressão positiva na sala de parto, pode proteger não só o pulmão,
mas diminuir a gravidade da lesão cerebral em neonatos prematuros Assim, o balão
autoinflável não é a primeira opção para a ventilação do prematuro em sala de par-
to, mas devido à facilidade de sua aplicação, deve estar sempre disponível caso o
funcionamento do ventilador mecânico manual em T não ocorra de forma adequada.

18 Nestlé Nutrition Institute


Quanto à interface entre o equipamento lação(29). Quando houver indicação de
para ventilação e o paciente, pode-se intubação, as cânulas traqueais devem
utilizar a máscara facial ou a cânula ser de diâmetro uniforme sem balão,
traqueal. A máscara facial deve ser cons- com linha radiopaca e marcador de
tituída de material maleável transparente corda vocal. Em neonatos com ida-
ou semitransparente, borda acolchoada de gestacional <28 semanas ou peso
e planejada para possuir um espaço <1000g, utiliza-se cânula de 2,5mm;
morto inferior a 5 mL, no tamanho entre 28 e 34 semanas ou peso entre
apropriado para o prematuro ou para 1000-2000g, opta-se pelo diâmetro de
o prematuro extremo. O emprego de 3,0mm; para os de idade gestacional
máscara de tamanho correto, de tal entre 34 e 38 semanas e peso de 2000-
forma que cubra a ponta do queixo, 3000g, indica-se a cânula de 3,5mm
a boca e o nariz, é fundamental para (Quadro 4). Deixar sempre à disposição
obter um ajuste adequado entre face e uma cânula de diâmetro superior e outra
máscara e garantir o sucesso da venti- inferior àquela escolhida.

Nestlé Nutrition Institute 19


6.1. Ventilação com máscara facial
No ventilador mecânico manual em T, fixar o fluxo gasoso em 5-15 L/minuto,
limitar a pressão máxima do circuito em 30-40 cmH2O, selecionar a pressão ins-
piratória a ser aplicada em cada ventilação, em geral ao redor de 20-25 cmH2O,
e ajustar a PEEP em 4-6 cmH2O. A concentração de oxigênio inicial depende da
idade gestacional, em RN com menos de 34 semanas de gestação, usar em 40%.
O ajuste da concentração de O2 necessária, como citado anteriormente, deve ser
guiado pela oximetria de pulso. Ventilar com frequência de 40 a 60 movimentos
por minuto, que pode ser obtida com a regra prática “ocluir a peça em T/soltar/
soltar/ocluir...”. Manter em mente que o objetivo da VPP é criar a capacidade
residual funcional, oferecer um volume corrente adequado para facilitar a troca
gasosa e estimular a respiração espontânea, minimizando a lesão pulmonar(30).

Uma das técnicas cuja discussão vem que a respiração com volume corrente
crescendo na literatura é a aplicação, fisiológico tenha início, resultando em
na reanimação do paciente pré-termo, recrutamento alveolar uniforme, com
de insuflação sustentada em uma ou capacidade residual funcional plena
mais ventilações iniciais. A capacidade desde a primeira respiração. Entretanto,
de a insuflação sustentada facilitar a a duração da insuflação sustentada e
aeração pulmonar e melhorar a ven- as pressões necessárias para a aeração
tilação após o nascimento tem sido pulmonar plena não são claras e pare-
investigada em modelos experimentais cem ser determinadas por uma série de
e em ensaios clínicos. Teoricamente, se fatores biológicos que interagem entre
a insuflação sustentada for suficiente- si(31). Dessa forma, até o momento não
mente longa, o seu uso pode promover recomendação para o seu uso fora de
a aeração uniforme do pulmão antes protocolos experimentais.

20 Nestlé Nutrition Institute


A despeito das limitações citadas com Nesse caso, verificar o ajuste entre face
relação à observação clínica da eficácia e máscara, a permeabilidade das vias
da ventilação, no dia-a-dia da reanima- aéreas (posicionando a cabeça, aspi-
ção neonatal, recomenda-se, durante a rando secreções e abrindo a boca do
VPP, verificar a adaptação da máscara à RN), a pressão aplicada na ventilação
face do paciente, a permeabilidade das e o funcionamento do ventilador me-
vias aéreas e a expansibilidade pulmo- cânico manual em T, corrigindo o que
nar. A ventilação efetiva deve provocar for necessário, conforme Quadro 4 e 5.
inicialmente a elevação da FC, a seguir, Se o paciente, após a correção da técni-
a melhora do tônus muscular e, depois, ca da ventilação, não melhorar, deve-se
o início da respiração espontânea. Se, aumentar a oferta de oxigênio. Se, mes-
após 30 segundos de VPP, o paciente mo assim, a ventilação não for efetiva,
apresentar FC >100 bpm, respiração indica-se o uso da cânula traqueal como
espontânea e regular, suspender o pro- interface para a VPP. Durante períodos
cedimento. Considera-se como falha se, prolongados de ventilação, é recomen-
após 30 segundos de VPP, o neonato dável inserir uma sonda orogástrica para
mantém FC <100 bpm ou não retoma a diminuir a distensão gástrica e facilitar a
respiração espontânea rítmica e regular. expansão diafragmática (Fluxograma 5).

Quadro 4
O ventilador mecânico manual em T funciona?

O paciente não vai bem e o Ajuste entre face e máscara adequado?


movimento do tórax não
está adequado!

Verificar a Vias aéreas permeáveis?

técnica da VPP
Pressão adequada?

Distensão gástrica?

Quadro 5: Causas e ações para a má ventilação com a máscara.

Má adaptação da •Readaptar a máscara


máscara

•Reposicionar a cabeça
Vias aéreas não •Aspirar as secreções
pérvias •Ventilar com a boca levemente aberta

•Verificar funcionamento do equipamento


Pressão insuficiente •Aumentar pressão

Nestlé Nutrition Institute 21


Fluxograma 5

PASSOS INICIAIS

FC < 100 bpm?


Respiração irregular?
ou Apneia?

SIM

VPP + O2 40%
30 s

FC < 100 bpm? NÃO


Respiração irregular? Suspender VPP
ou Apneia?
•O ventilador
SIM mecânico manual em T
funciona?
NÃO •Ajuste entre face e máscara adequado?
Ventilação efetiva? Verificar técnica da VPP
•Vias aéreas permeáveis?
SIM •Pressão adequada?
•Distensão gástrica?
em 20% a FiO2 a cada 15 s
conforme FC e SpO2

Considerar
intubação traqueal

22 Nestlé Nutrition Institute


6.2. Ventilação com cânula traqueal
As situações mais frequentes de indicação de ventilação através cânula traqueal
em sala de parto incluem: ventilação com máscara facial não efetiva, ou seja, se
após a correção de possíveis problemas técnicos relacionados ao seu uso, não
há melhora clínica do recém-nascido; ventilação com máscara facial prolongada;
e aplicação de massagem cardíaca e/ou de adrenalina.

Quadro 6

Ventilação com máscara facial não efetiva

Indicar intubação
traqueal nas seguintes Ventilação com máscara facial prolongada
situações

Aplicação de massagem cardíaca e/ou adrenalina

Não há indicação precisa da intubação didade de sua inserção encontram-se no


em sala de parto com o intuito de admi- Quadro 7, enquanto o procedimento de
nistrar o surfactante profilático. Ensaios intubação traqueal pode ser visualizado
clínicos recentes, com grande número na ilustração que acompanha o texto.
de prematuros extremos e práticas peri- A intubação traqueal se acompanha de
natais que incluem o uso de corticoide risco de complicações como hipoxemia,
antenatal e a estabilização com CPAP apneia, bradicardia, pneumotórax, lace-
na sala de parto, concluem haver re- ração de tecidos moles, perfuração de
dução de displasia broncopulmonar ou traqueia ou esôfago, além de risco de
óbito quando o surfactante é aplicado infecção. Vale lembrar que cada tentati-
de maneira seletiva naqueles pacientes va de intubação deve durar, no máximo,
que requerem intubação traqueal nas 30 segundos. Em caso de insucesso, o
primeiras horas de vida, não havendo procedimento é interrompido e a VPP
vantagem de seu uso profilático(32). com máscara deve ser iniciada, sendo
As recomendações quanto à escolha do realizada nova tentativa de intubação
diâmetro interno da cânula e da profun- após a estabilização do paciente.

Nestlé Nutrition Institute 23


Quadro 7: Diâmetro interno e comprimento da cânula traqueal a ser inserido, de acordo com o
peso ao nascer

Peso ao Diâmetro Marca no nível do lábio superior


Idade gestacional
nascer interno (intubação orotraqueal)
<1000g < 28 semanas 2,5 mm 6-7 cm
1000-2000g 28-34 semanas 3,0 mm 7-8 cm
2000-3000g 34-38 semanas 3,5 mm 8-9 cm

24 Nestlé Nutrition Institute


Nestlé Nutrition Institute 25
26 Nestlé Nutrition Institute
Quadro 8: Complicações da intubação traqueal.

Hipoxemia

Apneia

Bradicardia
As complicações
decorrentes do
procedimento da Pneumotórax
intubação são maiores no
prematuro! Laceração de tecidos moles

Perfuração de traqueia ou esôfago

Infecção

A confirmação da posição da cânula cionada, predispondo o recém-nascido


é obrigatória, sendo prioritária nos à lesão hipóxica. Assim, a detecção de
pacientes bradicárdicos, que não estão dióxido de carbono (CO2) exalado é
respondendo às medidas de reanimação. recomendada, pois além de objetiva, di-
Na prática, costuma-se confirmar a po- minui o tempo para confirmar a posição
sição da cânula por meio da inspeção da cânula. O método mais utilizado é o
do tórax, ausculta das regiões axilares colorimétrico, no qual o detector pediá-
e gástrica, visualização de condensação trico é posicionado entre o conector da
na cânula traqueal e observação da FC. cânula e o ventilador. A única situação
Com essa avaliação subjetiva, a demora em que o método colorimétrico apre-
pode ser de 30 a 60 segundos antes de senta resultados falso-negativos ocorre
se concluir que a cânula está mal posi- quando há má perfusão pulmonar.

Nestlé Nutrition Institute 27


Após a intubação, inicia-se a ventilação <100 bpm ou não retoma a respiração
com o ventilador mecânico manual espontânea. Nesse caso, verificar a
em T na mesma frequência e pressão posição da cânula, a permeabilidade
descritas na ventilação com a másca- das vias aéreas, a pressão aplicada na
ra. Há melhora se o RN apresenta FC ventilação e o funcionamento do ven-
>100 bpm e movimentos respiratórios tilador, corrigindo o que for necessário.
espontâneos e regulares. Nesta situação, Quando o RN mantém a apneia ou a
a ventilação é suspensa e o paciente respiração irregular, a intubação e a
extubado. Considera-se como falha ventilação devem ser mantidas e, se o
se, após 30 segundos de VPP com a paciente continua com FC <60 bpm,
cânula traqueal, o neonato mantém FC está indicada a massagem cardíaca.

Fluxograma 6

VPP com cânula traqueal + O2 100%

30 s

FC > 100 bpm E


FC < 100 bpm? NÃO SpO2 70 – 80% E SIM
Respiração irregular? Extubação traqueal
Movimentos respiratórios
ou Apneia?
espontâneos e
regulares
CPAP +
O2 de acordo com a SpO2

SIM

VERIFICAR:
• Funcionamento do ventilador mecânico
NÃO manual em T
Ventilação efetiva?
• Posicionamento da cânula traqueal
• Permeabilidade das vias aéreas
SIM • Necessidade de aumentar a pressão

Apneia ou
respiração irregular?

SIM

Manter VPP com cânula traqueal +


O2 de acordo com a SpO2

FC < 60 bpm?

SIM

Massagem cardíaca

28 Nestlé Nutrition Institute


7. MASSAGEM CARDÍACA Dessa maneira, a massagem cardíaca é
iniciada se, após 30 segundos de VPP
A asfixia pode desencadear vasoconstri-
com oxigênio suplementar, o RN apre-
ção periférica, hipoxemia tecidual, di-
sentar ou persistir com FC <60 bpm.
minuição da contratilidade miocárdica,
Como a massagem cardíaca diminui a
bradicardia e, eventualmente, parada
eficácia da ventilação, as compressões
cardíaca. A ventilação adequada do
só devem ser iniciadas quando a expan-
recém-nascido reverte esse quadro, na são e a ventilação pulmonares estiverem
maioria dos pacientes. Mas, quando bem estabelecidas. Uma vez iniciada a
não há reversão, apesar da VPP parecer massagem cardíaca, a ventilação deve
efetiva, é provável que a hipoxemia e a ser feita com 100% de oxigênio até
acidose metabólica importante estejam que a FC se eleva acima de 60 bpm
deprimindo o miocárdio, de tal maneira e o oxímetro de pulso consiga forne-
que o fluxo sanguíneo pulmonar esteja cer uma leitura confiável da SpO2 e
comprometido e o sangue não seja ade- da FC. A partir daí, o ajuste da oferta
quadamente oxigenado pela ventilação de oxigênio segue as diretrizes para
em curso. Nesse caso, a massagem as saturações alvo, de acordo com os
cardíaca está indicada. minutos de vida.

Fluxograma 7

Após 30 segundos
VPP com cânula traqueal efetiva
+ O2 100%

HIPOXEMIA
DEPRESSÃO
&
MIOCÁRDICA
ACIDOSE
FC < 60 bpm

FLUXO SANGUÍNEO
PULMONAR

VPP com cânula traqueal + O2 100%


+
MASSAGEM CARDÍACA

Nestlé Nutrition Institute 29


A compressão cardíaca é realizada no didade da compressão deve englobar
terço inferior do esterno, preferencial- 1/3 da dimensão anteroposterior do
mente por meio da técnica dos dois tórax, de maneira a produzir um pulso
polegares, com os polegares posiciona- palpável. Compressões pouco delicadas
dos logo abaixo da linha intermamilar, e/ou profundas podem lesar as costelas,
poupando-se o apêndice xifoide. As pal- fígado e os pulmões. É importante per-
mas das mãos e os outros dedos devem mitir a reexpansão plena do tórax após a
circundar o tórax do RN. A técnica dos compressão para permitir o enchimento
dois polegares gera pico adequado de das câmaras ventriculares e das coroná-
pressão sistólica e de perfusão corona- rias; no entanto, os dedos não devem
riana, sendo pouco cansativa. A profun- ser retirados do terço inferior do tórax.

30 Nestlé Nutrition Institute


No RN, a ventilação e a massagem cardíaca são realizadas de forma sincrônica,
mantendo-se uma relação de 3:1, ou seja, 3 movimentos de massagem cardíaca
para 1 movimento de ventilação, com uma frequência de 120 eventos por minuto
(90 movimentos de massagem e 30 ventilações). A massagem deve continuar
enquanto a FC estiver <60 bpm. Lembrar que a VPP durante a massagem cardíaca
deve ser ministrada através da cânula traqueal. É importante otimizar a qualidade
das compressões cardíacas (localização, profundidade e ritmo), interrompendo a
massagem apenas para oferecer a ventilação. A VPP, por sua vez, é crítica para
reverter a bradicardia decorrente da insuflação pulmonar inadequada, caracte-
rística da asfixia ao nascer.

Deve-se aplicar a massagem cardíaca Em geral, quando o neonato recebeu


coordenada à ventilação por 45 a 60 massagem cardíaca na sala de parto, é
segundos, antes de reavaliar a FC, pois mais prudente transportá-lo intubado à
este é o tempo mínimo para que a massa- UTI em incubadora de transporte, sendo
gem cardíaca efetiva possa restabelecer a decisão quanto à extubação realizada
a pressão de perfusão coronariana. O de acordo com a avaliação global do
oxímetro é útil para avaliar de forma paciente na unidade.
contínua a FC sem interromper a massa- Considera-se a falha do procedimento
gem, entretanto, se a perfusão periférica se, após 45-60 segundos de massagem
estiver comprometida, a oximetria de cardíaca e VPP com cânula traqueal e
pulso não detecta o pulso. oxigênio suplementar, o RN mantém FC
Considera-se que o paciente melhorou <60 bpm. Nesse caso, verificar a posição
quando, após a VPP acompanhada de da cânula, a permeabilidade das vias
massagem cardíaca, o recém-nascido aéreas e a pressão de ventilação, além
apresenta FC >60 bpm. Neste momento, da técnica da massagem propriamente
interrompe-se apenas a massagem. Caso dita, corrigindo o que for necessário.
o paciente apresente respirações espontâ- Se, após a correção da técnica da VPP
neas regulares e a FC atinja valores >100 e massagem, não há melhora, indica-se
bpm, a ventilação também é suspensa. a adrenalina.

Nestlé Nutrition Institute 31


Fluxograma 8

VPP com cânula traqueal efetiva


+ O2 100%

30 s

FC < 60 bpm?

SIM

MASSAGEM CARDÍACA
+ VPP com cânula traqueal
+ O2 100%

45 - 60 s
FC > 100 bpm E
NÃO Suspender SpO2 70 – 80% E SIM Suspender VPP
FC < 60 bpm?
massagem cardíaca Movimentos respiratórios Extubação traqueal
espontâneos e
SIM regulares

Checar técnica
de ventilação e NÃO
de massagem cardíaca
Manter VPP com cânula traqueal + CPAP +
45 - 60 s O2 de acordo com a SpO2 O2 de acordo com a SpO2

FC < 60 bpm?

SIM

Adrenalina

8. ADRENALINA E EXPANSOR DE VOLUME


A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a endo-
venosa, sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso
umbilical deve ser inserido apenas 1-2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico
de modo a evitar a sua localização em nível hepático. Também é preciso
cuidado na manipulação do cateter para que não ocorra embolia gasosa.
A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a
adrenalina, uma única vez, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é
lenta e imprevisível.

32 Nestlé Nutrition Institute


A bradicardia neonatal é, em geral, resultado da insuflação pulmonar insuficiente
e/ou de hipoxemia e acidose profundas. A adrenalina está indicada quando a
ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não elevaram a FC acima
de 60 bpm, com a finalidade de aumentar a pressão de perfusão coronariana,
principalmente por meio da vasoconstrição periférica(33).

As doses e via de administração da adre- -la a cada 3-5 minutos (sempre por via
nalina estão especificadas no Quadro 9. endovenosa) e considerar uso de expan-
Lembrar que doses elevadas de adrenalina sores de volume caso o paciente esteja
(>0,1 mg/kg) não devem ser empregadas pálido ou existam evidências de choque.
em prematuros, pois levam à hipertensão Lembrar que as doses repetidas de adre-
arterial grave, diminuição da função mio- nalina na reanimação em sala de parto
cárdica e piora do quadro neurológico. se associam ao aumento da demanda
Quando não há reversão da bradicardia de oxigênio no miocárdio, hipertensão
com o uso da adrenalina, pode-se repeti- arterial e hemorragia intracraniana(34).

Quadro 9: Medicações necessárias para reanimação do prematuro na sala de parto

ADRENALINA ADRENALINA EXPANSORES


ENDOVENOSA ENDOTRAQUEAL DE VOLUME
Diluição 1:10.000 1:10.000 SF 0,9%
(1 mL adrenalina 1:1000 em (1 mL adrenalina 1:1000 em 9 Ringer lactato
9 mL SF 0,9%) mL SF 0,9%)
Preparo 1 mL 5 mL 2 seringas de 20 mL
Dose 0,1 - 0,3 mL/kg 0,5 - 1,0 mL/kg 10 mL/kg, EV
PESO AO NASCER
·1 kg 0,1 - 0,3 mL 0,5 - 1,0 mL 10 mL
·2 kg 0,2 - 0,6 mL 1,0 - 2,0 mL 20 mL
·3 kg 0,3 - 0,9 mL 1,5 - 3,0 mL 30 mL
Velocidade e Pre- Infundir rápido na veia umbi- Infundir diretamente na cânula Infundir o expansor de
cauções lical e, a seguir, infundir 0,5 traqueal e, a seguir, realizar VPP. volume na veia umbili-
a 1,0 mL de SF 0,9% Administrar UMA ÚNICA VEZ! cal em 5 a 10 min.

Nestlé Nutrition Institute 33


Fluxograma 9

VPP com cânula traqueal ADEQUADA + O2 100%


+
Massagem cardíaca EFETIVA

45 - 60 s

FC < 60 bpm?

SIM

Adrenalina

FC < 60 bpm?

SIM

Checar
técnica de ventilação e
de massagem cardíaca

Repetir adrenalina EV a cada 3 a 5 min


Considerar expansores de volume se evidência de hipovolemia

Os expansores de volume podem ser espera-se o aumento da pressão arterial


necessários para reanimar o RN com e a melhora dos pulsos e da palidez. Se
hipovolemia. A suspeita é feita se há não houver resposta, deve-se verificar a
perda de sangue ou se existem sinais posição da cânula traqueal, o uso do
de choque hipovolêmico, como palidez, oxigênio a 100%, a técnica da ventila-
má perfusão, pulsos débeis e não hou- ção e da massagem e a permeabilidade
ve resposta adequada da FC às outras da via de acesso vascular.
medidas de reanimação. A expansão A necessidade de suporte circulatório por
de volume é feita com solução crista- meio de massagem cardíaca ou medica-
loide isotônica, conforme Quadro 9. ções, na reanimação em sala de parto
Nos prematuros, administrar o volume do neonato pré-termo, é um marcador
lentamente, pois a expansão rápida da de mau prognóstico em termos de mor-
volemia pode se associar à hemorragia talidade e desenvolvimento neurológico,
intracraniana. Com o uso do expansor, especialmente nos mais imaturos(35).

34 Nestlé Nutrition Institute


9. TRANSPORTE DO PREMATURO DA SALA DE PARTO À
UNIDADE NEONATAL
Uma vez realizados os cuidados para a estabilização/reanimação ao nascimento,
em cerca de 15-30 minutos de vida será possível transportar o prematuro à unidade
neonatal, havendo indicação, em geral, de cuidados intensivos. Para realizar um
transporte seguro, qualquer que seja a distância do centro obstétrico à unidade
neonatal, serão necessários cuidados específicos relacionados à manutenção da
temperatura corporal, permeabilidade de vias aéreas, suporte respiratório e acesso
vascular se o cateterismo umbilical foi realizado. Não é indicado o transporte
de recém-nascidos bradicárdicos, com frequência cardíaca inferior a 100 bpm,
com risco iminente de parada cardíaca(36).

9.1 Manutenção da temperatura


Para qualquer recém-nascido com idade gestacional inferior a 34 semanas, a
transferência do centro obstétrico à unidade neonatal deve ser feita em incuba-
dora de transporte neonatal de dupla parede. Esta incubadora deve ser mantida
com a bateria carregada e ligada à rede elétrica até o momento do transporte
propriamente dito. Recomenda-se, no transporte do prematuro, manter a tem-
peratura da incubadora entre 35-37°C. O saco plástico que envolve o corpo do
recém-nascido e a dupla touca (plástica e de malha tubular) devem ser mantidos
durante todo o transporte e só devem ser retirados após a chegada ao destino,
quando já houver estabilidade térmica, com a temperatura do recém-nascido
entre 36,5 e 37,0°C(19). Evitar o uso de bolsas ou luvas com água quente, pois
o contato destes materiais com a pele pode causar queimaduras.

Nestlé Nutrition Institute 35


9.2 Manutenção das vias aéreas pérvias
No transporte, há alto risco de obstrução das vias aéreas durante a movimentação
da incubadora e devido à pouca tonicidade da musculatura do pescoço. Para
diminuir esse risco, antes do transporte, deve-se manter a cabeça do recém-
-nascido com coxim sob as espáduas para deixar o pescoço em leve extensão.
A seguir, colocar um travesseiro com orifício central para o encaixe da região
occipital do paciente a fim de atenuar a movimentação da cabeça durante o
transporte. Manter sempre o paciente em decúbito dorsal horizontal a zero grau,
sem lateralização da cabeça.

36 Nestlé Nutrition Institute


Naqueles pacientes que precisaram de traqueia, é imprescindível. Para po-
intubação traqueal na reanimação e sicionar a cânula, usar a orientação
que a equipe optou por não extubá- disposta no Quadro 7 e, para sua
-lo na sala de parto, cuidado especial fixação, usar fitas adesivas longas na
deve ser tomado para evitar a obstru- face do recém-nascido, que se esten-
ção ou o deslocamento acidental da dem até a região malar. Lembrar que
cânula durante o transporte para a UTI antes de colocar a fita adesiva, a pele
neonatal. A fixação estável da cânula do recém-nascido deve ser limpa com
bem posicionada, no terço médio da água destilada.

Nestlé Nutrition Institute 37


38 Nestlé Nutrition Institute
9.3 Suporte respiratório

Fluxograma 10

PREMATURO < 34 semanas

Estabilização ao nascimento

FC?
Ritmo respiratório?
SpO2?

FC > 100 bpm E FC > 100 bpm E


FC > 100 bpm E
respiração rítmica e regular, respiração rítmica e regular,
respiração espontânea ausente
sem desconforto respiratório E com desconforto respiratório OU
ou irregular
SpO2 > 70% em ar ambiente FiO2 > 0,21 para SpO2 > 70%

Transportar sem suporte respiratório + Transportar em CPAP* por máscara + Transportar em VPP* com cânula traqueal +
Manter vias aéreas pérvias O2 para manter SpO2 85-95% O2 para manter SpO2 85-95%

* Aplicar o suporte respiratório através ventilador mecânico manual em T

O prematuro, após sua estabilização paciente pode estar com FC >100bpm,


ao nascimento, pode se encontrar em mas com respiração irregular ou au-
três diferentes situações em relação ao sente ou, ainda, a equipe fez a opção
suporte respiratório: 1) O paciente pode de manter a cânula traqueal durante o
estar com FC >100bpm, com respiração transporte até a UTI neonatal. Nesse
rítmica e regular e em ar ambiente caso, o suporte respiratório deve ser
com saturação de oxigênios nos limites feito com ventilador mecânico manual
desejáveis (Quadro 3). Nesse caso, não em T conectado à cânula traqueal. Para
há necessidade de suporte respiratório, as duas últimas situações, deve ser
devendo-se manter a permeabilidade de ofertada a menor concentração possível
vias aéreas; 2) O paciente pode estar de oxigênio, de maneira a manter a
com FC >100bpm, com respiração saturação alvo entre 85-95%. Ou seja,
espontânea, mas com desconforto res- há necessidade de dispor de cilindros
piratório e/ou necessitando de oxigênio de oxigênio e ar comprimido junto à
suplementar para manter a saturação incubadora de transporte, de um blen-
de oxigênios nos limites desejáveis der para ajustar a mistura de gases e
(Quadro 3). Nesse caso há indicação de do oxímetro de pulso para monitorar a
transporte com CPAP por máscara; 3) O saturação de oxigênio.

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Recomenda-se que o CPAP seja feito, Não é recomendável utilizar o sistema
para transporte entre o centro obstétrico de CPAP artesanal para o transporte.
e a UTI neonatal, com a máscara facial. Para o transporte em CPAP, é importante
O CPAP é oferecido com o ventilador locar a sonda orogástrica e deixá-la
mecânico manual em T, sendo o ajuste aberta para diminuir a distensão abdo-
feito por meio da válvula da pressão minal, facilitando a expansão pulmonar
expiratória final positiva (PEEP) no nível e reduzindo o risco de aspiração do
desejado com pressões de 4-6 cmH2O. conteúdo gástrico.

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Para o transporte em ventilação assistida por meio de cânula traqueal, recomenda-
-se, também, o uso do ventilador mecânico manual em T, que possibilita o con-
trole da pressão inspiratória e expiratória, embora não seja possível monitorar o
volume corrente administrado. A frequência respiratória depende da abertura e
oclusão manual do orifício do PEEP. De maneira geral, utiliza-se fluxo de 5-15
L/minuto, pressão inspiratória de 15-20 cmH2O, PEEP de 4-6 cmH2O, frequência
respiratória de 40-60 movimentos/minutos concentração de oxigênio suficiente
para manter a saturação entre 85-95%, lembrando-se que o ajuste fino dos pa-
râmetros ventilatórios devem ser individualizados.

O balão autoinflável apresenta várias empregado pelo profissional para ven-


desvantagens: não se consegue controlar tilar manualmente o paciente se reflete
a pressão inspiratória, aumentando o em variação importante das pressões
risco de síndrome de escape de ar e e frequências e, consequentemente,
hipoventilação; não é possível manter flutuação da concentração de oxigênio
a pressão expiratória final positiva, oferecida durante o transporte neonatal.
facilitando o recrutamento pulmonar Trata-se de uma opção a ser utilizada
heterogêneo e o desabalando da re- em último caso, uma vez que existem
lação ventilação/perfusão; o esforço alternativas mais eficazes e seguras.

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9.4 Transporte do prematuro com cateter venoso umbilical
Se o prematuro foi cateterizado na sala de parto para receber medicação endove-
nosa e a equipe optou por manter esse cateter até a admissão na UTI neonatal,
antes de iniciar o deslocamento, fixar o cateter somente com fita adesiva em
H. Em se tratando de um transporte de pequena distância, pode-se manter o
cateter preenchido com soro fisiológico conectado a uma torneira de três vias,
que está conectada a uma seringa de 10 ou 20mL também preenchida com soro
fisiológico. A torneira tem estar aberta no sentido seringa-cateter.

10. CONSIDERAÇÃO FINAL


Lembrar que o risco de lesão do sistema nervoso central durante a estabilização,
reanimação e transporte do prematuro após o nascimento é muito grande. Todos
os procedimentos indicados devem ser feitos de maneira delicada e rápida, por
equipe capacitada no cuidado a esse tipo de paciente. É fundamental, na pre-
venção de morbidade neurológica associada à prematuridade, evitar hipotermia,
hipertermia, pressão inspiratória e PEEP excessivos, hipóxia ou hiperóxia, infusão
rápida de volume endovenoso ou de soluções hiperosmolares.
A mortalidade neonatal precoce, na qual há contribuição indiscutível da prematu-
ridade e dos processos asfíxicos ocorridos no período periparto, é um marcador do
desenvolvimento humano, nas diversas regiões do mundo(37). Para reduzir as taxas
de mortalidade neonatal precoce é necessário diminuir as desigualdades sociais,
favorecendo o acesso universal da gestante a serviços qualificados de saúde, o
que inclui o cuidado ao recém-nascido prematuro por profissionais capacitados.

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Nota importante:

O aleitamento materno é a melhor opção para a alimentação do lactente proporcionando não somente benefícios nutricionais e de proteção, como também
afetivos. É fundamental que a gestante e a nutriz tenham uma alimentação equilibrada durante a gestação e amamentação. O aleitamento materno deve
ser exclusivo até o sexto mês e a partir desse momento deve-se iniciar a alimentação complementar mantendo o aleitamento materno até os 2 anos
de idade ou mais. O uso de mamadeiras, bicos e chupetas deve ser desencorajado, pois pode prejudicar o aleitamento materno e dificultar o retorno à
amamentação. No caso de utilização de outros alimentos ou substitutos de leite materno, devem-se seguir rigorosamente as instruções de preparo para
garantir a adequada higienização de utensílios e objetos utilizados pelo lactente, para evitar prejuízos à saúde. A mãe deve estar ciente das implicações
econômicas e sociais do não aleitamento ao seio. Para uma alimentação exclusiva com mamadeira será necessária mais de uma lata de produto por
semana, aumentando os custos no orçamento familiar. Deve-se lembrar à mãe que o leite materno não é somente o melhor, mas também o mais
econômico alimento para o bebê. A saúde do lactente pode ser prejudicada quando alimentos artificiais são utilizados desnecessária ou inadequadamente.
É importante que a família tenha uma alimentação equilibrada e que, no momento da introdução de alimentos complementares na dieta da criança ou
lactente, respeitem-se os hábitos culturais e que a criança seja orientada a ter escolhas alimentares saudáveis.
Em conformidade com a Lei 11.265/06; Resolução ANVISA n° 222/02; OMS - Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno
(Resolução WHA 34:22, maio de 1981); e Portaria M.S. n° 2.051 de 08 de novembro de 2001.

MATERIAL DESTINADO EXCLUSIVAMENTE AO PROFISSIONAL DE SAÚDE. PROIBIDA A DISTRIBUIÇÃO AOS CONSUMIDORES.

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