"THE SENTENCE COMPLETION TEST - SCT" (:r;)
(TESTE DE COMPLETAÇÃO DE SENTENÇAS)
o teste foi aplicado pela primei-
ra vez por H. Ebbinghaus em 1897
em escolares para a avaliação da
capacidade mental e habilidade de
raciocínio. Parece que o primeiro
a usá-lo como teste para o estudo
da personalidade foi A. F. Payne
em 1928 (" Sentence Completions"
N e w Y o r k Guidance Clinic,
New York). Tratando-se de um
teste de projeção, uma variação de
Teste da Associação de Palavras,
êle dá informações sôbre satisfa-
ções, aborrecimentos (gerais e es-
pecíficos), mMo, aversões, gostos,
interêsses e tendências, ligações ou
fixações positivas e negativas (2).
Segundo A. Rhode, a forma de
Payne foi aplicada a colegiais pa-
ra libertar respostas inibidas, ten-
do sido usado em escala maior em
orientação profissional. A primei-
ra forma usada por Payne consis-
tia em 20 frases incompletas que
deviam ser completadas com a pri-
meira idéia que ocorresse ao exa-
minando.
Em 1930, A. D. Tendler usou o
SCT como um teste de "introspec-
ção emocional" para conhecer as
l'Iituações que causam determina-
(*) Trabalho final da cadeira "Testes e Medidas" do Curso de Orientação Educa·
cacional e Pré· Profissional. ISOP. 1 953.
IRMA LAERUM.
das reações emocionais. O teste
foi validado por Tendler contra
um "sketch" caracterológico ba-
seado em autobiografias e nos re-
sultados do "Woodworth Personal
Data Blank" (1 pág. 76; 2 pág.
650; 7 pág. 362).
Em 1940, A. Rhode e Hildreth,
após uma !,revisão da forma de
Payne e baseado nesta, compu-
nham outra forma de 64 itens.
Validaram esta num grupo de 670
colegiais contra o julgamento da
personalidade feito por mestres,
parentes e orientadores (baseado
no conceito da personalidade de
Murray). Chegaram a um coefi-
ciente de correlação de 0,79 (fem.)
e 0,82 (masc.). O coeficiente de
fidedignidade era de 0,82 (fem.)
e de 0,76 (masc.) após um perío-
do de 8 meses (1 pág. 46; 7 pá-
gina 365) .
O critério da autora para a
construção dos itens foi o seguin-
te:
1.0 - Os diferentes estímulos
devem variar de tal forma que
abranjam informações de todos os
aspectos da personalidade;
68 ARQUIVO BRASILEIRO DE PSICOTÉCNICA
-----------------------
2.° -- O estímulo da frase deve
controlar a resposta o menos pos-
sível para permitir tôda liberdade
de expressão;
3.° -- O tempo total de aplica-
ção não deve exceder ao tempo
conveniente à aplicação em colé-
gios e instituições.
M. L Stein, em 1947, conside-
rou o SCT um suplemento valioso
a outros instrumentos projetivos
por requerer menos treino especí-
fico para a aplicação e interpreta-
ção, além disso por fornecer mate-
rial mais rico do que o TA T ou
Rorschach quando se trata de exa-
minandos pouco imaginativos.
Foi aplicada por Stein uma for-
ma de 2 vêzes 50 itens como parte
de uma bateria de provas de sele-
ção de pessoal do "Office of Stra-
tegic Service" para fornecer dados
considerados importantes na ava-
liação da personalidade para aque-
la finalidade, tais como: família,
passado, impulsos, catexes, ener-
gia, reações com outros e reações
dos outros para com o indivíduo
etc.
A forma de Stein trouxe, pela
primeira vez, itens na primeira
pessoa randomicamente mistura-
d.as com itens na terceira, pessoa,
usando a última especialmente pa-
ra as questões mais "projetivas".
Cherróu Stein à conclusão: .
1.° - que um indivíduo, sob a
pressão de responder com a pri-
meira idéia que lhe ocorre, revela
material significaivo sem censu-
rá-lo.
2.° -- ante o problema de estru-
turar uma situação não. estrutura-
da, responde revelando os seus
verdadeiros sentimentos e reações.
3. o - falando sôbre outros, o in-
divíduo revela a si mesmo.
P. M. Symonds (1947), usando
os resultados de Stein e comparan-
do-os com resultados de entrevis-
tas e observações, chegou à con-
clusão de que o SCT é um teste
descritivo e não avaliativo. Dá
projeções inconscientes de deseios,
hostilidades, ligações afetivas, me-
dos e impulsos quando usado na
terceira pessoa. A interpretação
das completações como projeções
é duvidosa, hipotética e não se po-
de abdicar a uma análise comple-
ta.
J. B. Rotter e B. Willerman
(American Psychologist 1) ....
(1946) e Journal of Consulting
Psychology 11 (1947) adaptaram
uma forma de N. Cameron para
a aplicação em hospitais de conva-
lescentes da AAF para a avalia-
ção das condições psicológicas, vi-
sando à possibilidade de voltar ao
serviço (atitudes). A forma de
Rotter e Willerman foi validada
contra a diagnose de admissão ao
hospital, dando um coeficiente de
0,39 a 0,41 e contra o diagnóstico
de um psicólogo (baseado em uma
entrevista inicial e várias suple-
mentares) no que se refere à gra-
vidade do distúrbio, dando um coe-
ficiente de 0,61. O coeficiente de
fidedignidade pelo método de di-
visão ao meio foi de 0,85, sendo a
correlação entre os resultados de
avaliadores diferentes 0,68 a 0,89
(1, pág. 46; 7, pág. 368) .
O teste compunha-se de 40 itens.
A avaliação apresenta certa difi-
culd2de na análise das respostas.
A apuração foi feita separando-s~
as respostas em três categ~rias:
1.°) respostas de conflito, ou doen-
tias (+3 até +1) ;
2.° - respostas neutras (O)
3.° - respostas positivas ou sa-
dias (-1 até-3)
 "THE SENTENCE COMPLETION TEST - SCT" 69

Fôlhas com menos de 16 respos- 15 com perturbação psiquiátrica

tas não são analisáveis, omissões séria e anamnese de desajustamen-
não são forçosamente sinais de de- to;
sajustamento, o que parece confir- 15 sem anamnese de desajusta-
mado por um estudo de I. Wilson mento, porém com distúrbios sé-
(6, pág. 401) ; a relação de omis-rios de combate (neurose de guer-
sões de um grupo de alunos mal- ra) ;
-ajustados para outro grupo de 15 doentes ortopédicos sem dis-
ajustados foi de 2 para 17; túrbios psicológicos notáveis =
normais.
A fórmula do Escore Final é As experiências feitas com o
40 X escore SCT por Rotter no AAF Conva-
lescent Hospital demonstraram a
40 - omissões possibilidade de unir as vantagens
de uma avaliação até um certo
A padronização foi feita com ponto objetiva à revelação de si-
um grupo de 45 indivíduos com- tuações conflitivas através de uma
posto da seguinte maneira: técnica projetiva.
Posteriormente, Rotter e Willerman modificaram sua forma an-
terior para a aplicação em colegiais (moças e rapazes) como pro-
cesso de sondagem e filtragem dos que necessitem de assistência ime-
diata. Os 40 itens apresentam-se como seguem: (8)
1. I like ... Eu gosto ...
2. The happiest time ... O tempo mais feliz ....
3. I want to know ... Eu quero saber ...
4. Back home ... Lá em casa ...
5. I regret. .. Eu me arrependo .. .
6. At bedtime .. Na hora de dormir .. .
7. Boys ... Garotos ... .
8. The best ..• O melhor .. .
9. What annoys me ... O que me aborrece ... .
10. People ... As outras pessoas .. .
11. A mother ... Uma mãe .. .
12. I feel. .. Eu sinto .. .
13. My greatest fear ..• Meu maior mêdo ...
14. In high school. .. No colégio ... .
15. I can't .. . Eu não posso .. .
16. Sports .. . Esportes ...
17. When I was a child ... Quando eu era criança ...
18. My nerves· .. Meus nervos ....
19. Other people .. Os outros .. .
20. I suffer .. . Eu sofro ... .
21. I failed ... . Eu fracassei .. .
22 . Reading .. . Ler ....
23. My mind .. . Minha mente ...
24 . The future .. . O futuro .. .
25. I need ..• Eu preciso .. .
70 ARQUIVO BRASILEIRO DE PSICOTÉCNICA

26. Marriage ... O cr.samento ...

27. I am best when ... Eu me sinto melhor quando ...
28 . Sometimes ... Às vêzes ...
29. What pains me .•. O que me faz sofrer ...
30. I hate .•. Eu odeio ...
31. This school. .. Êste colégio .. .
32 . I am very ... Eu sou muito ... .
33. The only trouble ... A única dificuldade ...
34. I wish ..• Eu deseio .. .
35. My father ... Meu pai .. .
36 . I secretly ..• Intimamente eu ...
37. I .... Eu .,.
38. Dancing .... Dançar ...
39. My greatest worry is ... Minha maior preocupação é ...
40. Most girls ... A maioria das moças ...

Esta forma mistura itens pes- As chaves de avaliação foram

soais e impessoais. desenvolvidas com os grupos aci-
Para a validação do teste foi fei- ma mencionados e validados con-
to um estudo aplicando-o em gru- tra o diagnóstico psicológico.
pos formados por indivíduos pre- A análise de validade e fidedig-
viamente classificados por psico- nidade foi feita com um outro gru-
logistas em mal-ajustados, nor- po de 82 moças e 124 rapazes. A
mais e duvidosos. Mal-ajustados fidedignidade entre dois avaliado-
neste caso são aquêles estudantes res foi de 0,96 (fem.) e de 0,91
que evidentemente necessitem de (masc. ) ; a fidedignidade do teste,
orientação assistencial ou de tra- pelo método de divisão ao meio,
tamento por causa de seus proble- 0,83 (fem.) e 0.84 (masc.). A
mas de personalidade. validade do teste contra o diagnós-
O grupo masculino compôs-se de tico previamente feito e desconhe-
53, o grupo feminino de 58 indi- cido pelos avaliadores era de 0,64
víduos. (fem.) e 0,77 (masc.) (8 págs.
Para avaliar as respostas, foi
352 e 355) .
usada a técnica antiga de Rotter e
WilIerman, C 3, C 2, C 1 para as A análise das respostas revelou,
respostas de conflito N para as além de fornecer o escore'tque
neutras e P 3, P 2, P 1 para as res- muitos indivíduos tendem a torcer
as respostas. O bem-ajustado res-
°
postas positivas ou sadias. Conse-
guiu-se uma escala de a 6 valen-
do:
ponde a estímulos que pressupoem
uma resposta negativa de maneira
positiva, enquanto o mal-ajustado
C 3 6 responde a estímulos positivos de
C 2 5 maneira negativa. Apesar de ter
C 1 4 sido observado, anteriormente, que
N = 3 se pode admitir a hipótese de uma
P 1 2 correlação entre o mal-ajustamen-
P 2 1 to e respostas neutras, humorísti-
P 3 ° cas ou eloqüentes, o mal-aiustado
 "THE SENTENCE COMPLETION TEST - SCT" 71

tende a levar o teste a sério e de promissório para mensurar o grau

aproveitar a oportunidade dê ex- de mal-ajustamento e conflito pa-
pressar o seu anelo de simpatia e ra uma variedade de problemas de
auxílio. As respostas dos mal-ajus- filtragem em colégios.
tados contém mais palavras (ver Em 1949 I. Wilson usou uma
I. Wilson) e a linguagem usada forma de 40 itens para diferenciar
é mais forte (grifos, pontos de ex- alunos bem ajustados de mal-ajus-
clamação, etc.) . tados (Bergenfield High
Rotter chegou mais uma vez à School, Grade X-XII) na idade de
conclusão de que o SCT parece 15 - 17 anos.
Foram sujeitos à forma que segue um grupo de 22 alunos (14
moças e 8 rapazes): (6). ,
1. I like people .. . Eu gosto de pessoas ...
2. My family .. . Minha família ...
3. If only teachers ... Se ao menos os professores ...
4. I worry ... Eu me preocupo ...
5. Auditorium periods ... Os períodos de atividades extra-
-classe no auditório ...
6. I get along best ... Eu me dou melhor .. .
7. Group work .. . O trabalho em grupo .. .
8. Most boys .. . A maioria dos garotos .. .
9. When School is dismissed ... Quando as aulas terminam ...
10. I really like ... Eu gosto realmente .. .
11 . When I am criticised ... Quando me criticam .. .
12. The rules around here .. O regulamento aqui .. .
13. I work hard ... Eu trabalho (estudo) muito ...
14. Required courses ... Os cursos necessários ....
15. My mother ..• Minha mãe .. .
16. This school. .. Êste colégio .. .
17. I feel happy ... Eu me sinto feliz ...
18. Examinations are. Exames são ...
19. I have my best time ... Eu me divirto mais ...
20. Pupils who participate Alunos que participam livremente
freely in classe discussions ... nas discussões em classe ..
21 . I hope some day ... Eu espero algum dia ...
22. On the way to school ... No caminho para o colégio ...
23. I object ... Eu oponho ...
24. Our principal ... N osso diretor ....
25. I couldn't get along with Eu não poderia continuar sem ...
out ...
26. The pupils in this school... Os alunos neste colégio ...
27. My best friend ... Meu melhor amigo ....
28. On examinations almost N os exames quase todos ...
everyone .. .
29 . I feel sad .. . Eu me sinto triste ...
30. When I take my report Quando eu levo o meu boletim pa-
card home ... ra casa ...
72 ARQUIVO BRASILEIRO DE PSICOTÉCNICA
31. Why can't I. ..
32. When -I don't understand
theassignement ...
33. Most girls ...
34. When I finish high schooI...
35. My father ...
36. W orking at the blackboarct ..
37. If you want to get along ...
38. When I recibe .. .
39. It is important .. .
40. Most teachers .. .
E.sta forma foi aplicada num
grupo de mal-ajustados ( casos dis-
ciplinares e dificuldades de ajus-
tamento geral) e a um grupo de
número igual de bem-ajustados.
Como a amostra era muito pe-
quena, não foi possível avaliar os
dados estatIsticamente. Mostrou-
-se, todavia, que : 1.0) o número
de palavras usadas para completar
a frase foi ligeiramente mais al-
to (média 4,8) nos mal-ajustados
do que nos ajustados (média 4,5) ;
2.°) a ocorrência de omissões
foi bastante mais alta nos ajusta-
dos (17) que nos mal-ajustados
(2) ;
3.°) que os mal-aJ"ustados têm
uma tendência a responder "in
flippant style", o que nunca ocor-
re nos ajustados;
4.°) os mal-ajustados têm maior
tendência para respostas neutras
(4,3) do que os ajustados (3)
I. Wilson chegou à conclusão de
que o SCT ajudaria a entender me-
lhor os adolescentes, mas que não
servia como um "screening pro-
cess". Isto, a nosso ver, talvez por-
que a forma de Wilson fôsse dire-
ta demais e como contém muitos
itens relacionados à vida escolar
e sendo aplicada no próprio colé-
gio, tende a causar desconfianças e
a inibir os estudantes.
Porque eu não posso ...
Quando eu não compreendo o meu
dever de casa .. .
A maioria das mocas ... .
Quando eu terminar o curso co-
legial.
Meu pai ...
Trabalhando no quadro negro .. .
Se você desejar dar-se bem .. .
Quando sou argüida ...
E' importante ...
A maioria dos professôres ...
Igualmente em 1949 J. M. Ha-
dley (2), partindo da opinião de
que, para opinar a respeito do su-
cesso acadêmico, seria necessário
l1ão considerar apenas o QI do es-
tudante, mas também o seu grau
de ajustamento, aplicou em 540 es-
tudantes de curso superior uma
forma do SCT desenvolvida sob a
direção de Murray e Mac Kinnon
quotada por Stein e Symonds. Es-
perou-se do teste que permitisse
a expressão de inclinações incons-
cientes normalmente escondidas e
que os resultados se relacionassem
a "fantasias ou impulsos incons-
cientes" que possivelmente não te-
riam correspondência no "compor-
tamento e nas atitudes da vida
real" .
Os estudantes foram sujeitos,
também, a um teste de habilidade
(American Council on Education
Psychological Examination), o
qual tem uma correlação de + 0,60
com o sucesso acadêmico. Apenas
os SCT dos 157 estudantes que ob-
tiveram um percentil 60 ou acima,
110 referido ACE, foram analisa-
dos.
Por outro lado, entraram nesse
estudo também os resultados obti-
dos no curso acadêmico.
Formaram-se dois grupos:
 "THE SENTENCE COMPLETION TEST - SCT" 73

L O grupo dos de rendimento al- 7) Energia (nível de energia e

to (percentil 60 ou acima no ACE afetibilidade por "stress" e frus-
e igualmente percentil 60 ou aci- trações) ;
ma em resultados escolares) e 8) Perspectiva de tempo (ati-
11. O grupo de rendimento tude para com o passado, presen-
baixo (percentil 60 ou acima no te e futuro) ;
ACE e percentil 40 ou abaixo nos 9) Reações para com outros
resultados escolares. (atitudes com inferiores, iguais ou
O teste foi aplicado em duas superiores) ;
partes de 50 itens, sendo a La na 10) Reações dos outros para
terceira pessoa e a 2. a parte na com o sujeito (impressões causa-
primeira pessoa. Cada parte con- das pelos sentimentos dos outros).
tinha itens para estimular áS se- Foram eliminados todos os itens
guintes áreas: que causaram respostas estereoti-
1) Atitude para com a família padas numa forma aplicada ante-
e cada um dos seus membros; riormente como pilôto.
2) Atitude para com o passa-
A aplicação foi feita em duas
do (frustrações, falhas e efeitos de
experiências anteriores) ; sessões para evitar monotonia.
Apenas os itens da La parte foram
3) Impulsos, os fatôres primá-
analisados, diferenciando-se as
rios de motivação;
4) Estado interior (sentimen- respostas em três categorias:
tos mais freqüentes) ; 1) respostas de conflito = C
5) Propensões para o futuro; 2) respostas neutras = N
6) Catexes; 3) respofta, positivas = P.
De acôrdo com as sugestões de Rotter e Willerman, a avaliação
foi feita da seguinte maneira:
P-C
= Escore (em números inteiros)
itens considero
Um escore negativo significa grupo de rendimento baixo, foi. de-
uma predominância de respostas terminada uma diferença signifi-
de conflito. cativa, assim que, se o SCT de fa-
Seguiram-se estudos estatísticos to mede fatôres emocionais, se po-
em relação à correlação dos resul- de deduzir, com um razoável grau
tados de avaliadores diferentes de segurança, que fatôres emocio-
(r=0,86) e dos resultados de um nais são em parte responsáveis pe-
mesmo avaliador após uma sema- la discrepância entre capacidade
na de intervalo (r=0,83) (2, pg. acadêmica e rendimento acadêmi-
659). O método de divisão par- co. Parece que testes dessa natu-
impar para analisar a consistência reza medem alguns traços psicoló-
interna do teste foi aplicario; o gicos relacionados com conflito e
coeficiente de fidedignidade foi de podem ser administrados para
0,78 corrigido pela fórmula de identificar pessoas que, por causa
Spearman-Brown (2, pág. 662). de seu mal-ajustamento, provàvel-
Comparando o escore de conflito mente terão um rendimento esco-
do grupo de rendimento alto e do lar baixo. Assim sendo, o SCT
 74 ARQUIVO BRASILEIRO DE PSICOTÉCNICA
promete ser um instrumento de
algum valor para a seleção e a pre-
dição de êxito no curso superior.
Barbara KimbalI em 1952 (4)
usou o SCT como instrumento pa-
ra testar as hipóteses que surgi-
ram durante as investigações clí-
nicas. A autora examinou a rela-
ção possIvelmente existente entre
fátôres da personalidade e o ren-
dimento escolar.
O grupo analisado compunha-se
de 17 meninos adolescentea com
QI alto e baixo rendimento esco-
lar; o grupo de contrôle foi com-
posto por 100 adolescentes não se-
leclonados.
Os casos foram cuidadosamente
estudados, incluindo entrevistas
psiquiátricas, Rorschach, T AT,
testes de inteligência, relatórios de
professôres e pais e histórico mé-
dico. Com os resultados dêsses es-
tudos, foram desenvolvidas certas
hipóteses a respeito de dinamis-
mos da personalidade que possam
ser base de mau-ajustamento edu-
cacional.
Dois fatôres parecem predispor
a uma inabilidade escolar, sendo o
mais importante uma falha na re-
lação pai-filho. ,os testes projeti-
vos revelaram frequentemente uma
atitude agressiva para com a figu-
t'a paterna e nas entrevistas ês-
tes pais revelaram-se como suma-
mente ocupados, com pouco tem-
po disponível e conseqüentemente
com uma relação distante com o
filho ou, por outro lado, como de
disciplina rígida e dominadores.
O segundo fator é a agressividade
manifestada abertamente num
comportamento de lutas e brigas
constantes ou, também, controla-
da expressa apenas indiretamente
em sentimentos negativos.
------------------
As duas hipóteses levantadas f.J-
ram:
1) Uma relação negativa com
c pai deve aparecer com freqüên-
cia significativamente mais alta
nos alunos de rendimento baixo do
que na população total.
2) Sentimentos de agressão de-
vem causar sentimento de culpa e
ansiedade mais freqüentemente
nos alunos de rendimento baixo do
que na população total e os primei-
ros devem ter menor possibilidade
de libertar e expressar diretamen-
te os seus sentimentos negativos
do que a amostra randômica da po-
pulação total.
Uma vantagem do SCT consiste
em que pode ser construído em
uma forma que focalize a questão
a ser investigada. Assim B. Kim-
balI organizou um teste de 50 itens,
contendo algumas sentenças de
formas anteriores e outras novas.
A forma continha também alguns
itens que foram introduzidos, com
a finalidade de absorver choques.
Baseado nos estudos de Combs
(A comparativ study of motiva-
tions as revealed in TA T stories
and autobiografy, Clin. Psychol.
1947,3,65-75) que afirmou que na
terceira pessoa se revelam atitu-
des inconscientes com maior faci-
lidade, dando, assim, material mais
rico, B. Kimball construiu o teste
todo na terceira pessoa. A a plica-
ção foi feita durante a aula de lín-
gua Pátria pelo próprio professor
como teste de vocabulário e com
tempo marcado (20 min. ). Supu-
nha-se que nestas condições reve-
lar-se-ia mais material signi-
ficativo e que a pressão do tempo
evitaria a censura.
A avaliação das respostas foca-
lizando a relação pai-filho foi fei-
ta pela sua classificação em positi-
 "THE SENTENCE COMPLETION TEST -
vas, neutras ou negativas. O gru-
po de rendimento baixo demons··
trou relação predominantemente
negativa para com o pai em 590/J,
enquanto o grupo de contrôle
apenas apresentou 29% - uma di-
ferença que é significativa entre
os níveis de 5 % el% (4, pági-
na 356).
A avaliação das respostas refe-
rentes à agressividade e sentimen-
tos de culpa foi feita da seguinte
maneira:
Agressão introduzida nos itens:
1 - agressão física contra ob-
jetos inanimados com sentimen-
tos de culpa e ansiedade menos ex-
pressos;
2 - agressão física contra obje-
tos animados com sentimentos de
culpa e ansiedades maiores;
3 - agressão verbal.
47% do grupo de rendimento
baixo introduziu a agressão desta
forma em ambas as sentenças re-
ferentes contra 13 % (lo grupo de
contrôle, sendo esta diferença sig-
nificativa no nível de 1 %. Ex-
cluindo a agressão verbal, a dife-
rença entre os dois grupos conti-
nua significativa no nível de 1 %
(4, pg. 356).
Além disso, verificou-se que a
agressividade diretamente expres-
sa podia manifestar-se de várias
formas:
1) ação agressiva para remo-
ver o irritante;
2) resposta emotiva sem ação;
3) resposta fisiológica;
4) fuga ou retraimento;
5) perda de contrôle, ação não
dirigida contra o irritante;
6) reação verbal difusa;
SCT" 75
7) reação dependente (chamar
ajuda de alguma outra pessoa),
41 % dos casos analisados não de-
ram nenhuma resposta de ação
agressiva para remover o irritante
em comparação a 13 % do grupo
de contrôle, sendo esta diferença
significativa no nível de 1 % (4,
pág. 357).
Como, segundo Monroe e Scha-
fer, as técnicas proietivas, à pro-
porção que crescem de valor como
instrumento quantitativo (maior
fidedignidade e validade), perdem
em valor como instrumento de me-
dição qualitativa, B. Kimball fêz
apenas um "all-over-rating" dos
casos analisados, chegando assim
mesmo a dados estatísticos de di-
ferenças significativas entre o
grupo de rendimento baixo e a
amostra randômica da população
total no que se refere a certos di-
namismos da personalidade.
O estudo de Selig Rosenberg em
1950 (5), baseado nos trabalhos de
Tendler, Rhode, Stein, Symonds,
Rotter e Willerman e Sack::; pes-
quisou as relações entre as atitu-
des para com parentes revelados
no SCT e os dados históricos dos
casos. Administrou a forma de
Stein de 2 vêzes 50 itens em 72
veteranos de guerra diagnostica-
dos como neuróticos pelo psiquia-
tra assistente.
Para o estudo dos resultados do
teste, cada indivíduo foi submeti-
do a um tratamento psiquiátrico
de, no mínimo, 10 horas e a uma
bateria de testes psicológicos;
além disso, o assistente psico-so-
cial obtivera um histórico minu-
cioso do caso. Foram utilizados pa-
ra o estudo apenas os casos nos
quais não apareceram julgamentos
contraditórios.
76 ARQUIVO BRASILEIRO DE PSICOTÉCNICA
----------------~-----
Comparando a atitude revelada no SCT com os outros dados,
deu-se o seguinte resultado:
Concordância (SCT e histórico
etc.) ................... .
Discordância (SCT e histórico
etc.) ................... .
Evasivas no SCT . . .......... .
Analisando as respostas evasivas (ou neutras) Rosenberg che-
gou às seguintes observações:
Atitude positiva pelos outros dados
Atitude negativa pelos outros da-
dos..................... .
Assim sendo, as respostas eva-
sivas parecem encobrir uma ati-
tude negativa. O autor chegou à
conclusão, geralmente de acôrdo
com os resultados de Tendler, Rho-
de e Rotter e Willerman, de que o
SCT é um instrumento valioso,
fornecendo dados significativos
para a determinação de atitudes
para com as figuras paternais-ma-
ternais.
Parece que o SCT, que une a
vantagem de fraude flexibilidade
às vantagens da possibilidade de
aplicação em maior escala (apli-
cação coletiva) e da relativa faci-
lidade de apuração, é um instru-
mento de sondagem valioso na mão
do orientador educacional. O pre-
paro dêste instrumento para a
aplicação, no entanto, exige bas-
tante cautela e eX\periência na
construção dos itens e cada forma
de teste deve ser minuciosamente
examinada no que se refere à sua
validade e fidedignidade, na mar-
relação para relação para
com o pai: eom a mãe:
58%
11% 14%
31% 17%
100% 100%
para com o pai: para com a mãe:
275'0 335'0
73% 67%
100% 1005'0
gem de liberdade que dá para a
completação das sentenças (proje-
ção) etc.
Um teste com número médio de
itens (40-50) parece ser o melhor
e a aplicação de itens impessoais
ou formuladas na terceira pessoa,
ao menos em parte, é aconselhá-
vel.
A nosso ver, pode-se renunciar à
tentativa de graduar o conflito re-
velado (Rotter e Willerman) e, de
acôrdo com os processos de Hadley
e B. Kimball, efetuar um "all-over-
rating" para chegar a uma deter-
minação rápida de situações con-
flitivas e conseqüente mal-ajusta-
mento educacional. Manejado as-
sim, o SCT pode indicar ao orien-
tador os indivíduos-problema que
necessitem de assistência ime-
diata e que podem, então, ser en-
caminhados, sem perda de tempo,
para uma investigação mais por-
menorizada.
 "THE SENTENCE COMPLETION TEST -
BIBLIOGRAFIA USADA:
1 - J. E. Bell, Prospective
Techniques, Longmans Green &
Co., New York.
2 - John M. Hadley, A Compa-
rison between Performance on
Sentence Completion Test and
Academic Success, Educational
and Psychological Measurment,
Washington C. Frederic Kuder,
1949, V-IX, n. 4, p. 649.
3 - (não usado, por não ser
acessível) .
4 - Barbara Kimball, The Sen-
tence Completion Technique in a
Study of Scholastic Underachiev-
ment, Journal of Consulting Psy-
chology Washington, American
Psychological Association, ] 952,
V-XiVI, n. 5, October, p. 353.
5 - S. Rosenberg, Some Rela-
tionships between Attitudes ex-
SCT" 77
pressed toward Parent in a Sen-
tence Completion Test and Case
History Data, J ournal of ProJ"ecti-
ve Techniques V. XIV, 1950, n. 2,
pág. 188.
6 - Isabell Wilson, The Use of
a Sentence Completion Test ln di-
ferentiating between Well-adjus-
ted and Mal-adj usted Secondary
School Pupils, Journal of Consul-
ting Psychology, Washington,
American Psychological Associa-
tion, 1949, V. XIII, n. 6, Decem-
ber, p. 400.
7 - L. E. Abt e L. Bellak:
Projective Psychology.
8 - Julian B. Rotter, Valida-
tion of the Rotter Incomplete Sen-
tences Blank for College Scree-
ning, Journal of Consulting Psy-
chology, Washington, American
'c' ,o,y('}'" logical AS50ciation, 1949
V XIII, n. 5, October, p. 348.