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Nesse sentido, busca-se romper com o discurso do capital, que tem como
principal fundamento a chamada teoria neoclássica, que tem suas origens no
pensamento de Adam Smith e evoluiu para uma axiomática, em que defende-se
que a mobilidade do trabalho é totalmente livre, pensamento baseado na
liberdade total dos indivíduos em passar pelo processo de mobilidade.
Mesmo com essa mudança, por muito tempo se observou que grande
parte da mão-de-obra, explorada por grandes jornadas de trabalho ainda que
não 24 horas, não resistia durante muitos anos à penúria do trabalho constante,
o que diminuiu a oferta de mão-de-obra e causou efeitos aos salários e
interesses capitalistas. Junta-se a isso o surgimento de uma série de
movimentos de luta operários em prol de melhores condições trabalhistas que
colocou a diminuição das jornadas de trabalho um elemento necessário. Essa
luta de séculos, conforme Gaudemar (1977), levou os capitalistas a diminuir
progressivamente a jornada de trabalho, mas capitaneando um crescimento
cada vez maior da intensidade e produtividade do trabalho: “O homem trabalha
durante menos tempo mas mais depressa e com material mais aperfeiçoado. É-
lhe pedido que aplique a sua capacidade de adaptação, a sua mobilidade, a
outras exigências (GAUDEMAR, 1977, p. 222).
Com base em um panorama histórico que Gaudemar traz a partir de Marx
(sobre as mudanças nas leis de jornada de trabalho na Inglaterra no século XIX
por pressão operária), ele traz uma lição de Marx:
Com o advento das máquinas, que substituem boa parte das ações antes
manuais dos trabalhadores, ganhos são observados em relação à mais-valia
relativa, tanto na intensidade do trabalho (dada a continuidade ininterrupta dos
processos) como na produtividade (grande número de máquinas que operam
com maior velocidade que os trabalhadores manufatureiros).
Novas bases são dadas para a mobilidade do trabalho nessa nova fase,
a força de trabalho deixa de ser apenas elemento subjetivo do processo de
trabalho e passa a ser seu princípio regulador, o homem se submete à máquina
e está é produtiva a partir do uso do trabalhador. Forma-se aqui uma divisão do
trabalho tecnológica, em que um grupo pequeno de especialistas (engenheiros,
mecânicos) que ocupa uma posição maior na hierarquia, vigia e controla os
processos feitos pelos operários.
Ao ser libertada das antigas estruturas, a força de trabalho passa por dois
processos de submissão ao capital: A submissão formal e a submissão real. A
primeira explica a submissão de um modo de trabalho aliado a um modo de
produção anterior à relação capitalista, é um processo de extração da força de
trabalho de seu meio de origem e assim de extorsão de mais-valia absoluta. Já
na submissão real é introduzida a produção de mais-valia relativa. É na
passagem da submissão formal para a real que a mobilidade primitiva define-se
e formam-se novas relações de produção, agora expostas na relação entre o
capitalista e o proletário (GAUDEMAR, 1977). Os vários processos de
acumulação primitiva definidos por Marx são a seguir retomados por Gaudemar.
Analisados tais processos, que são vistos por autores clássicos como
processos que formam a liberdade total da mobilidade do trabalho, Marx analisa
as formas da mobilidade do trabalho correspondentes às classes que trazem ao
capitalismo sua estrutura específica: A gênese do rendeiro capitalista; a gênese
de uma classe de camponeses ligados à agricultura industrial, que são
expropriados e transformados em assalariados; e a gênese do capitalista
industrial. Todas essas classes desenvolveram-se de classes presentes nos
antigos modos de produção através de um processo de dissolução do período
feudal para o capitalismo.
Partindo para uma análise sobre a persistência ou não de uma mobilidade
primitiva, Gaudemar (1977) retoma a lógica do pensamento marxista:
4 ) Com base nos tópicos anteriores, a análise expõe a luta do capital contra a
queda tendencial da taxa de lucro. Aqui a mobilidade do trabalho pemite uma
relativa diminuição do valor da força de trabalho, a submissão efetiva do trabalho
às necessidades do capital: “O processo de circulação da mão-de-obra surge
assim como elemento da circulação do capital” (GAUDEMAR, 1977, p. 279).
Marx, pelo contrário, defende sua ideia com base em dois tópicos:
Figura X4: Utilização da força de trabalho em suas fases por parte do processo de reprodução
do capital