Вы находитесь на странице: 1из 1

Nem, nem

08/06/13

Explicar algo as vezes resulta complicado. Porque começam aparecer «explicações de


explicações». Parece que não nos contentamos com uma só resposta. Sempre vamos um
passo para frente. Por pura novidade. Ou deveríamos estar assim. Deveríamos viver na
novidade que constrói, que abre portas, que deixa passar ar fresco e puro.

Nesta meditação gostaria de explicar um detalhe de coerência: não somos nem


optimistas, nem pessimistas. Simplesmente somos realistas.

O começo que vos ofereço é elementar: como conhecemos a realidade? Utilizarei aqui
uma palavra diferente: captar a realidade. Quando captamos a realidade, captamos o
ser. E nessa operação aparece a pergunta: o que é isto? Aquilo que nos interpela é um
algo definido, é um ser. Pois bem, captamos pelos sentidos em toda sua amplitude,
desde o órgão fisiológico até a operação mais espiritual de contemplar, perceber, sentir,
gostar, e também pelo trabalho da inteligência, que vá aclarando, ordenando e
relacionando um conjunto proporcionado pelos dados dos sentidos. O resultado final é o
conhecimento da verdade daquilo que existe, exprimida em conceitos ou em definições.

Como podemos observar no parágrafo anterior, é uma forma razoável de considerar a


realidade. Mas, a realidade que se manifesta na existência é captada no encontro com a
coisa concreta. E também mediante o valor que a coisa possui. Daí que podemos
tranquilamente, e sem ficar apavorados, falar duma ontologia da realidade, duma
gnosiologia da realidade e duma ética da realidade. Por isso falaremos com ênfase do
realismo, pois ele encaixa em cada um destes âmbitos (também poderíamos dizer que
encaixa muito bem no âmbito religioso, mas isso será outra questão quente para pensar,
ou seja, se temos ou não realismo na religião que professamos, ou se somos realistas na
profissão da nossa fé).

Seja o optimista como seja o pessimista, eles observam a realidade «com um só olho».
Para ser realistas, observamos a realidade com os dois olhos. Aqui, é bom clarificar, não
estamos a falar de problemas de visão quando falta um olho, ou quando o olho está
enfermo. Aqui falamos duma cosmo visão completa da realidade: não escondemos
aquilo que é negativo para exaltar o positivo, nem escondemos o positivo para sublinhar
as falhas. Romano Guardini disse que «pessimismo e optimismo são duas qualificações
que compreendem mal a realidade. Ambas capitulam perante a complexidade da sua
situação. Não têm a coragem de olhar ao problema aos olhos, nem a decisão de manejá-
lo praticamente» (Ética, p.773)

Quando dizemos que olhar com um só olho, referimo-nos a uma forma concreta de ver a
realidade. Mas estamos acostumados a criticar vivamente ao pessimista porque actua
dessa forma. Não pensamos que o optimista pode ser ele também um arbitrário, pois não
considera a totalidade da realidade. Quiçá porque seja ingénuo ou demasiado bom ou
demasiado virtuoso ou demasiado santo. Em todo caso, tem que ser uma pessoa realista,
e aí estão tantas pessoas santas como exemplo. O santo é realista.

Вам также может понравиться