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UNIVERSIDADE DE FRANCA

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

DAVI FRANCISCO TEIXEIRA


LUCAS CÉSAR SOARES MARTINS
RICARDO FERNANDES DA SILVA

SISTEMAS DE TRANSMISSÃO EM CORRENTE CONTÍNUA: UMA


ALTERNATIVA PARA A INTERLIGAÇÃO DE SUBSISTEMAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

FRANCA
2015
DAVI FRANCISCO TEIXEIRA
LUCAS CÉSAR SOARES MARTINS
RICARDO FERNANDES DA SILVA

SISTEMAS DE TRANSMISSÃO EM CORRENTE CONTÍNUA: Uma


Alternativa para a Interligação de Subsistemas

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado como exigência parcial, para
obtenção do grau no curso de Engenharia
Elétrica, da Universidade de Franca.

Orientador: Prof. Luiz Antonio Gouvêa de


Albuquerque.

FRANCA
2015
DAVI FRANCISCO TEIXEIRA
LUCAS CÉSAR SOARES MARTINS
RICARDO FERNANDES DA SILVA

SISTEMAS DE TRANSMISSÃO EM CORRENTE CONTÍNUA: Uma Alternativa para


a Interligação de Subsistemas

Orientador:___________________________________________
Prof. Luiz Antonio Gouvêa de Albuquerque
Universidade de Franca

Examinador:__________________________________________
Prof. Fábio Paranhos de Carvalho
Universidade de Franca

Examinador:__________________________________________
Prof. Mauro Deodato Taveira
Universidade de Franca

Franca, ___/___/___
DEDICAMOS este estudo a todos que nos incentivaram na
realização de nossos ideais e nos apoiaram durante esse
período de luta, proporcionando-nos forças para irmos atrás de
nosso sonho. Graças a vocês, nós não fraquejamos. Obrigado
por tudo família, namorada, professores e amigos.
AGRADECEMOS a Deus, fonte de amor, justiça e sabedoria
que permitiu que tudo isso acontecesse, não somente nesses
anos como universitários, mas ao longo de nossa vida, e ao
nosso orientador que tanto contribuiu para nosso
engrandecimento técnico e profissional.
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades.
Lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram
conquistadas do que parecia impossível.
Charles Chaplin
RESUMO

TEIXEIRA, D. F.; MARTINS, L. C. S.; SILVA, R. F. Sistemas de Transmissão em


Corrente Contínua: Uma alternativa para a interligação de Subsistemas. 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) –
Universidade de Franca, Franca.

Este trabalho busca reafirmar a Corrente Contínua como uma alternativa de


transmissão de energia em longas distâncias, baseado em um estudo da expansão
do sistema de transmissão quanto às interligações de subsistemas e estudar a
viabilidade técnica, econômica e ambiental de implantação de um sistema de
transmissão em corrente contínua frente aos sistemas convencionais de transmissão
em corrente alternada.

Palavras-chaves: interligações, linhas de transmissão, corrente


contínua, HVDC, HVAC.
ABSTRACT

TEIXEIRA, D. F.; MARTINS, L. C. S.; SILVA, R. F. Sistemas de Transmissão em


Corrente Contínua: Uma alternativa para a interligação de Subsistemas. 2015.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Elétrica) –
Universidade de Franca, Franca.

This work seeks to reaffirm the direct current as an alternative power transmission
over long distances based on a study of the expansion of the transmission system
and the interconnections of subsystems and study the economic viability of
deployment compared to conventional alternating current transmission systems.

Keywords: interconnections, transmission lines, direct current, HVDC,


HVAC.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Sub-Bacia. ........................................ 18


Figura 2 - Sistema de Integração Eletroenergética, por bacia hidrográfica. .............. 20
Figura 3 - Rede Básica de Transmissão do Sistema Interligado Nacional. ............... 21
Figura 4 - Subsistemas do SIN. ................................................................................. 27
Figura 5 - Diagrama Itatiba - Bateias e Assis - Londrina C2...................................... 28
Figura 6 - Diagrama da interligação Sudeste/Centro-Oeste – Nordeste. .................. 29
Figura 7 - Diagrama expansão da interligação Sudeste/Centro-Oeste – Nordeste. .. 30
Figura 8 - Diagrama da interligação Norte – Nordeste. ............................................. 31
Figura 9 - Reforços para ampliação da Interligação Norte - Nordeste – Sudeste ..... 31
Figura 10 - Diagrama da interligação Norte-Sul ........................................................ 33
Figura 11 - Diagrama simplificado do Sistema de Transmissão 60 Hz de Itaipu....... 34
Figura 12 - Diagrama da estação conversora Garabi 50/60 Hz. ............................... 35
Figura 13 - Diagrama simplificado, Transmissão em DC. ......................................... 38
Figura 14 - Conexão do AHE Belo Monte na SE Xingu............................................. 39
Figura 15 - Reforços na interligação Norte-Sudeste/Centro-Oeste. .......................... 40
Figura 16 - Sistema de transmissão da Bacia do Teles Pires. .................................. 41
Figura 17 - Batalha das Correntes (DC x AC). .......................................................... 42
Figura 18 - Sistema Elétrico de geração, transmissão e distribuição. ....................... 44
Figura 19 - Esquema básico de uma rede HVDC. .................................................... 45
Figura 20 - Sistema Típico de Corrente Contínua. .................................................... 46
Figura 21 - Configuração de uma Ponte Conversora de 6 Pulsos. ........................... 47
Figura 22 - Configuração de uma Ponte Conversora de 12 pulsos. .......................... 48
Figura 23 - Forma de Onda da Tensão CC na Ponte Conversora de 12 pulsos. ...... 49
Figura 24 - Configuração Elo HVDC Monopolar. ....................................................... 50
Figura 25 - Configuração Elo HVDC Bipolar. ............................................................ 51
Figura 26 - Configuração Elo HVDC Back-to-Back. .................................................. 52
Figura 27 - Largura da faixa de servidão para as diferentes tecnologias. ................. 55
Figura 28 - Saída das Linhas AC e DC do Sistema de Transmissão de Itaipu. ........ 55
Figura 29 - Conexões entre Redes AC Assíncronas através de um Elo DC. ............ 57
Figura 30 – Estruturas utilizadas nos sistemas AC e DC de mesma potência. ......... 61
Figura 31 - Custos Comparativos para transmissão aérea em AC e DC. ................. 62
Figura 32 - Alternativa AC - Interligação do Madeira. ................................................ 66
Figura 33 - Alternativa DC - Interligação do Madeira. ............................................... 67
Figura 34 - Sistema de Transmissão UHE Itaipu. ..................................................... 69
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - SIN: Estimativa da evolução física do sistema de transmissão - Linhas de


transmissão (km). ...................................................................................................... 23
Tabela 2 - SIN: Estimativa da evolução física do sistema de transmissão -
Transformação (MVA). .............................................................................................. 23
Tabela 3 - Consumo de eletricidade na rede por subsistema. .................................. 24
Tabela 4 - Custo dos cabos condutores HVDC x HVAC. .......................................... 64
Tabela 5 - Custos de mão de obra - Cabos............................................................... 64
Tabela 6 - Custos das estruturas HVDC x HVAC. ..................................................... 64
Tabela 7 - Custos de mão de obra - Torres............................................................... 64
Tabela 8 - Total HVDC. ............................................................................................. 65
Tabela 9 - Total HVAC. ............................................................................................. 65
Tabela 10 - Faltas ocorridas nas Linhas AC.............................................................. 70
Tabela 11 - Faltas ocorridas nas linhas DC............................................................... 71
Tabela 12 - FEU somente para as linhas de transmissão AC. .................................. 72
Tabela 13 - FEU somente para as linhas HVDC e sistema HVDC. ........................... 73
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AHE – Aproveitamento Hidrelétrico


AC – Corrente Alternada
DC – Corrente Contínua
HVAC – Corrente Alternada em Alta Tensão
HVDC – Corrente Contínua em Alta Tensão
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
LT – Linha de Transmissão
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico
PCH – Pequena Central Hidrelétrica
SE – Subestação
SEB – Sistema Elétrico Brasileiro
SIN – Sistema Interligado Nacional
UHE – Usina Hidrelétrica
MCM – Mil circular mills = 0,5067mm²
SCR – Retificador Controlado de Silício
AHE – Aproveitamento Hidrelétrico
ACSR – Cabo condutor de alumínio com alma de aço (Aluminum Conductor Steel
Reinforced)
FEU – Indisponibilidade forçada de energia (Forced Energy Unavailability)
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------- 14
2 SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO ------------------------------------------------------ 16
2.1. POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO ----------------------------------------- 16
2.2. SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN) ----------------------------------------- 18
3 EXPANSÃO DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN) --------------------- 22
4 INTERLIGAÇÕES REGIONAIS DO SIN ------------------------------------------------- 26
4.1. INTERLIGAÇÃO SUL – SUDESTE/CENTRO-OESTE ----------------------------- 27
4.2. INTERLIGAÇÃO SUDESTE/CENTRO-OESTE – NORDESTE ------------------ 29
4.3. INTERLIGAÇÃO NORTE – NORDESTE ---------------------------------------------- 30
4.4. INTERLIGAÇÃO NORTE – SUL--------------------------------------------------------- 32
4.5. INTERLIGAÇÃO COM PAÍSES VIZINHOS ------------------------------------------- 34
4.5.1. Interligação com o Paraguai ----------------------------------------------------------- 34
4.5.2. Interligação com a Argentina----------------------------------------------------------- 35
4.5.3. Interligação com o Uruguai ------------------------------------------------------------- 35
4.5.4. Interligação com a Venezuela --------------------------------------------------------- 36
5 INTEGRAÇÃO DAS USINAS DA REGIÃO AMAZÔNICA -------------------------- 37
5.1. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO DO MADEIRA ----------------------------- 37
5.2. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO DE BELO MONTE ------------------------ 38
5.3. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO DA BACIA DO TELES PIRES ---------- 40
6 ASPECTOS GERAIS DA TRANSMISSÃO EM CORRENTE CONTÍNUA------- 42
6.1. BATALHA DAS CORRENTES ----------------------------------------------------------- 42
6.2. TECNOLOGIAS DE TRANSMISSÃO--------------------------------------------------- 44
6.3. SISTEMA DE CONVERSÃO AC/DC/AC ----------------------------------------------- 45
6.3.1. Ponte Conversora de 6 Pulsos -------------------------------------------------------- 47
6.3.2. Ponte Conversora de 12 Pulsos ------------------------------------------------------ 48
6.4. CONFIGURAÇÕES BÁSICAS DOS SISTEMAS HVDC ---------------------------- 49
6.4.1. Transmissão Monopolar ---------------------------------------------------------------- 50
6.4.2. Transmissão Bipolar --------------------------------------------------------------------- 50
6.4.3. Back-to-Back ------------------------------------------------------------------------------ 52
7 COMPARATIVO DAS TECNOLOGIAS HVDC E HVAC ----------------------------- 53
7.1. ASPECTOS AMBIENTAIS ---------------------------------------------------------------- 53
7.1.1. Ruídos Audíveis e Rádio Interferência ---------------------------------------------- 53
7.1.2. Área Ocupada e Faixa de Servidão -------------------------------------------------- 54
7.2. ASPECTOS TÉCNICOS ------------------------------------------------------------------- 56
7.2.1. Limite de Tensão ------------------------------------------------------------------------- 56
7.2.2. Extensão da Linha de Transmissão -------------------------------------------------- 56
7.2.3. Interligação de Sistemas AC de diferentes Frequências ------------------------ 57
7.2.4. Capacidade de Transmissão e Nível de Isolamento ----------------------------- 57
7.2.5. Retorno por Terra e Metálico ---------------------------------------------------------- 58
7.2.6. Potência Reativa -------------------------------------------------------------------------- 58
7.2.7. Harmônicos -------------------------------------------------------------------------------- 59
7.2.8. Disjuntores e Correntes de curto-circuito ------------------------------------------- 59
7.2.9. Impacto Visual e Resistência Pública ------------------------------------------------ 60
7.3. ASPECTOS ECONÔMICOS-------------------------------------------------------------- 60
7.3.1. Comparativo do Sistema de Transmissão Itaipu ---------------------------------- 63
7.4. ANÁLISE DE DESEMPENHO ------------------------------------------------------------ 68
CONCLUSÃO ---------------------------------------------------------------------------------------- 75
DESENVOLVIMENTOS FUTUROS ------------------------------------------------------------ 76
REFERÊNCIAS -------------------------------------------------------------------------------------- 78
14

1 INTRODUÇÃO

O sistema elétrico brasileiro caracteriza-se por uma matriz energética


de geração predominantemente hidrelétrica. Esse aspecto faz com que os centros
de geração se situem distantes dos centros de consumo, sendo necessária a
interligação do sistema através de Linhas de Transmissão (LTs). Considerando a
eletricidade como sendo fundamental para o conforto e progresso econômico da
sociedade e do país, o Sistema Elétrico de Potência (SEP) deve garantir um
fornecimento de energia elétrica confiável e contínuo, além de garantir
economicamente a qualidade do serviço e assegurar a vida útil dos equipamentos e
instalações.
Dentro do Sistema Elétrico de Potência, as LTs são fundamentais para
o transporte de energia elétrica e possuem maior sensibilidade a ocorrências de
falhas, devido às suas dimensões, às diversas condições climáticas e topologia em
que se encontram, dificultando a manutenção e monitoramento.
O desenvolvimento de novas alternativas que permitam aumentar a
capacidade de transporte e a confiabilidade do sistema elétrico é um fator
imprescindível para o desenvolvimento tecnológico do setor elétrico. Isto pode ser
obtido por meio de tecnologias otimizadas de transmissão.
A distância cada vez maior entre os centros urbanos e os centros de
geração, como por exemplo, os novos empreendimentos hidrelétricos localizados na
região Amazônica, exigem a construção de grandes interligações com distâncias que
vão de 2 mil km a 3 mil km de linhas de transmissão, o que dificulta a operação e
manutenção dos projetos, ocasionando riscos maiores de falhas e sobretudo
ameaçando a qualidade da energia entregue ao consumidor final.
Considera-se, portanto, de grande relevância para o setor elétrico
brasileiro o estudo de novas alternativas para transmissão de energia elétrica para
longas distâncias, que promovam a conexão dos centros de geração isolados ao
Sistema Interligado Nacional (SIN).
15

Justifica-se o presente estudo pela franca expansão do Sistema


Interligado Nacional, com novas linhas e sistemas de transmissão em construção e
com a geração de energia elétrica cada vez mais distante dos centros consumidores.
Este projeto será conduzido através das seguintes perguntas: Qual a
configuração do Sistema Interligado Nacional (SIN)? Qual a melhor alternativa para
a interligação das usinas da região amazônica ao SIN? Qual tecnologia de
transmissão pode ser técnica, econômica e ambientalmente mais vantajosa? A
hipótese a ser considerada a partir da avaliação da expansão do sistema de
transmissão é que, em condições específicas, a linha em HVDC apresenta-se como
uma alternativa viável para a interligação de sistemas geoelétricos distantes.
O objetivo deste trabalho é avaliar as condições do Sistema Interligado
Nacional (SIN), a evolução prevista para a próxima década e reafirmar o sistema em
HVDC como uma alternativa de transmissão de energia para a interligação dos
subsistemas do Sistema Interligado Nacional a partir de pesquisas bibliográficas e
revisão de literatura.
Pretende-se com este estudo a disponibilização de um texto que
permita identificar as principais características do Sistema Interligado Nacional, as
necessidades de interligação de novos empreendimentos de geração, bem como
apresentar as características básicas e um comparativo de duas das várias
tecnologias de transmissão que podem ser utilizadas.
O texto é dividido em 8 capítulos, incluindo este capítulo introdutório.
No capítulo 2 é feita uma apresentação do Sistema Elétrico Brasileiro.
Nos capítulos 3 e 4 são descritas a expansão prevista, e necessária, do
Sistema Interligado Nacional (SIN) para a próxima década e as regiões geoelétricas
do SIN e suas respectivas interligações.
O capítulo 5 retrata a situação dos projetos de integração dos grandes
potenciais hidrelétricos da região amazônica e o sexto expõe os aspectos básicos
dos sistemas de corrente contínua como tecnologia de transmissão de energia
elétrica.
O capítulo 7 traz um comparativo entre os sistemas de transmissão em
HVDC e HVAC e finalmente a seguir apresenta-se a conclusão do trabalho.
16

2 SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

“Gigante pela própria natureza”, um país com uma população que se


aproxima dos 200 milhões de habitantes dispersos em uma extensão territorial de
8,5 milhões de quilômetros quadrados, o Brasil enfrenta o desafio de suprir a
demanda de energia elétrica, alinhando rentabilidade e sustentabilidade (FRONTIN
et al., 2012).
Com a particularidade de possuir um parque gerador
predominantemente hidrelétrico e com grandes aproveitamentos situados em locais
distantes dos grandes centros de consumo, sobretudo do potencial hidrelétrico das
bacias da Amazônia, estimado em mais de 100 mil MW, para Frontin et al. (2013),
um dos grandes desafios para suprir o crescimento do consumo prospectado para
2021 consiste na transferência de grandes blocos de energia em longas distâncias.
O Sistema Elétrico Brasileiro é composto por 198 usinas hidrelétricas,
2.807 usinas termelétricas, 2 usinas termonucleares, 466 pequenas centrais
hidrelétricas, 273 usinas eólicas, 525 centrais geradoras hidrelétricas e 25 centrais
de geração solar fotovoltaica, resultando em uma capacidade instalada de 138,7 GW
em 29/09/2015, segundo o Banco de Informações de Geração – BIG (ANEEL,
2015).

2.1. POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO

Segundo Guarini (2011), os grandes potenciais hidráulicos


remanescentes no Brasil estão situados em locais distantes dos centros
consumidores, fato que viabiliza a troca de energia entre regiões e o aproveitamento
do regime hidrológico das diversas bacias hidrográficas, através do Sistema
Interligado Nacional (SIN).
17

O potencial hidrelétrico brasileiro consiste em cerca de 260 GW, dos


quais cerca de 40% (~104 GW) estão em operação ou construção. Dos 260 GW
totais, aproximadamente 41% (~107 GW) estão localizados na Bacia hidrográfica do
Amazonas, sendo que apenas 45% desse potencial foi inventariado e 11% se
encontra em operação comercial – incluindo a potência dos empreendimentos que
estão conectado ao SIN e dos Sistemas Isolados Manaus e Amapá.
A integração do conjunto de aproveitamentos hidrelétricos da Bacia do
Amazonas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) é de grande importância para o
mercado nacional, tendo em vista as dificuldades associadas à exploração de outras
fontes de energia e principalmente ao esgotamento dos potenciais das regiões
Sudeste (Bacia do Rio Paraná) e Nordeste (Bacia do Rio São Francisco).
O potencial hidráulico brasileiro, por bacia hidrográfica, é apresentado
na figura 1.
18

Figura 1 - Potencial Hidrelétrico Brasileiro por Sub-Bacia.


Fonte: Eletrobras, 2003.

2.2. SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN)

De acordo com Operador Nacional do Sistema, ONS (2015):

Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito


mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil
é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de
usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado
Nacional é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-
Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 1,7% da energia requerida
19

pelo país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados


localizados principalmente na região amazônica.

Como as usinas hidrelétricas são construídas de forma a otimizar as


afluências e os desníveis dos rios, sendo por vezes afastadas dos grandes centros
consumidores, foi necessário desenvolver no país um extenso sistema de
transmissão. As variações climáticas e hidrológicas ocasionam excedentes ou
escassez de produção hidrelétrica em determinadas regiões e períodos do ano,
obrigando ao SIN viabilizar a troca de energia entre regiões.
Desde meados da década de 70, com a interligação das regiões Sul e
Sudeste, o sistema eletroenergético brasileiro é operado de forma coordenada, no
intuito de se obterem ganhos sinérgicos a partir da interação entre os agentes. Nos
anos 80 a interligação Norte-Nordeste se firmou e no final da década de 1990 se
conectou a interligação Sul-Sudeste, com a chamada interligação Norte-Sul (DEUS,
2008).
Esse formato robusto permitiu ao SIN, a transferência de grandes
blocos de energia para suprir regiões em situações desfavoráveis, enquanto outras
se encontram em períodos de maior afluência.
A operação coordenada busca minimizar os custos globais de
produção de energia elétrica, contemplar restrições intra e extra-setoriais e aumentar
a confiabilidade do atendimento (ANEEL, 2005).
Atualmente, segundo o Banco de Informações de Geração (BIG),
ANEEL (2015), o SIN abrange todas as cinco regiões do país: Sul, Sudeste, Centro-
Oeste, Nordeste e parte da região Norte, com uma capacidade instalada de
138.624.865 quilowatts (kW), fazendo a interconexão dos sistemas elétricos e a
integração dos recursos de geração e transmissão para atender ao mercado
energético brasileiro. Em janeiro de 2015, a Rede Básica do Sistema Interligado
Nacional somava aproximadamente 126 mil quilômetros de Linhas de Transmissão
nas tensões de 230, 345, 440, 500 e 765 kV, todas em AC e ±600 kVcc.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), entidade brasileira de
direito privado sem fins lucrativos, é o órgão responsável pela coordenação e
controle da operação das instalações de geração e transmissão do SIN, realizada
pelas companhias geradoras e transmissoras, sob a fiscalização e regulação da
ANEEL.
20

O Sistema Interligado caracteriza-se também pelo processo de


expansão, que permite a entrada de novas usinas e a integração de novas regiões.
Se, em 2015 o SIN é composto por 126 mil quilômetros de linhas de transmissão,
em 2023, a previsão é de que se tenha 182 mil quilômetros na Rede Básica do SIN.
A figura 2 ilustra de forma simplificada o Sistema de Integração
Eletroenergética representado por bacia hidrográfica.

Figura 2 - Sistema de Integração Eletroenergética, por bacia hidrográfica.


Fonte: ONS, 2014.

Segundo a resolução normativa nº 67 da Agência Nacional de Energia


Elétrica, ANEEL (2004), integram a Rede Básica de Transmissão do Sistema
Interligado Nacional (SIN), as instalações de transmissão compostas de linhas de
transmissão, barramentos, transformadores de potência e equipamentos de
subestação em tensão igual ou superior a 230 kV.
21

A figura 3 ilustra de forma esquemática, a Rede Básica de transmissão


do Sistema Interligado Nacional – SIN, com instalações já em operação e outras a
serem implantadas até 2015.

Figura 3 - Rede Básica de Transmissão do Sistema Interligado Nacional.


Fonte: ONS, 2014.
22

3 EXPANSÃO DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL (SIN)

Para vencer a distância de cerca de 2,5 mil km entre a região Norte e


os grandes centros de consumo de energia, localizados nas regiões Sul e Sudeste,
e até 3 mil km até a região Nordeste, e ainda determinar a melhor alternativa técnica
e econômica, então sendo viabilizados novos estudos e investimentos na
transmissão a partir de métodos não convencionais.
O Plano Decenal de Expansão de Energia 2023, da Empresa de
Pesquisa Energética – EPE, empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia,
define quais estudos da expansão da transmissão devem ser priorizados com
relação à viabilidade técnica-econômica e socioambiental de novas usinas
geradoras e ainda quais inventários deverão ser feitos ou atualizados de forma a
garantir à população abastecimento energéticos com custos adequados e
ambientalmente sustentáveis.
Tal estudo indica a estimativa da evolução física dos sistemas de
transmissão no período 2013 - 2023, relativamente às Linhas de Transmissão (km)
que passarão de 112.660 km, em 2013, para 182.477 km, em 2023, e ainda à da
capacidade de transformação que terá um aumento nesse mesmo período de
288.946 MVA, para cerca de 451.904 MVA (MME/EPE, 2014). Grande parte desta
expansão corresponderá às interligações de longas distâncias (Usinas do Rio
Madeira e Usina de Belo Monte).
Um desafio que implica na ampliação da capacidade de geração de
energia elétrica e em investimentos em um sistema de transmissão robusto,
moderno e eficiente para transportar essa energia aos diversos centros
consumidores espalhados por um território que possui dimensões continentais.
As tabelas a seguir apresentam a estimativa da evolução física, para a
próxima década, dos sistemas de transmissão da Rede Básica, relativos às linhas de
transmissão (km) e à capacidade de transformação (MVA).
23

Tabela 1 - SIN: Estimativa da evolução física do sistema de transmissão - Linhas de transmissão


(km).

Fonte: MME/EPE, 2014.

Tabela 2 - SIN: Estimativa da evolução física do sistema de transmissão - Transformação (MVA).

Fonte: MME/EPE, 2014.

O PDE 2023 apresenta ainda os investimentos previstos anualmente


em linhas de transmissão e subestações, considerando o investimento total, o valor
acumulado para o período atinge cerca de 78 bilhões de reais, sendo destes 49,8
bilhões em linhas de transmissão e 28,2 bilhões em subestações.

Gráfico 1 - Estimativa dos investimentos em linhas de transmissão.


Fonte: MME/EPE, 2014.
24

Gráfico 2 - Estimativa dos investimentos em subestações.


Fonte: MME/EPE, 2014.

Esses investimentos se fazem necessários, pois, ainda segundo a


EPE, o sistema de geração deverá se expandir para atender a um crescimento
médio anual de aproximadamente 3.800 MW no SIN, o que representa um
incremento médio de aproximadamente 4,0% a.a., totalizando aproximadamente
38.000 MW de expansão ao longo do período decenal.
O crescimento médio anual da demanda total de eletricidade será de
4,0% ao ano, passando de 481 gigawatts-hora (GWh) no final de 2013 para cerca de
689 GWh em 2023.

Tabela 3 - Consumo de eletricidade na rede por subsistema.

Fonte: MME/EPE, 2014.

Os estudos referentes ao Plano Decenal de Expansão possibilitaram a


indicação dos requisitos de expansão da transmissão dos sistemas elétricos
regionais necessários para o bom desempenho do SIN. São descritos no capítulo a
25

seguir, as principais linhas de transmissão para a interligação dos subsistemas e a


expansão prevista para a próxima década.
26

4 INTERLIGAÇÕES REGIONAIS DO SIN

O Sistema Interligado Nacional é dividido em cinco regiões geoelétricas


que se compoem dos seguintes estados:

 Sul (S): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato


Grosso do Sul;
 Sudeste (SE): Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São
Paulo;
 Centro-Oeste (CO): Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Acre e
Rondônia;
 Norte (N): Pará, Tocantins, Maranhão e parte do Amapá,
Amazonas e Roraima;
 Nordeste (NE): Alagoas, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco,
Rio Grande do Norte, Sergipe e Bahia

Essas cinco regiões geoelétricas formam ainda quatro grandes


subsistemas eletroenergéticos, a partir da junção do Sudeste e Centro-Oeste em um
único subsistema:

 Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO)
 Sul (S)
 Nordeste (NE)
 Norte (N)

Os subsistemas do SIN são todos interligados entre si, de forma a


aproveitar melhor a sazonalidade dos rios e de cambiar os excedentes de energia
elétrica durante o período das cheias em cada região.
27

Figura 4 - Subsistemas do SIN.


Fonte: MME/EPE, 2010.

As interligações entre as regiões geoelétricas do SIN possibilitam, na


prática, a transferência de energia entre as várias bacias hidrográficas espalhadas
por todo o território nacional, tornando o sistema mais eficiente e menos sujeito às
restrições de ofertas regionais, beneficiando o planejamento do despacho de carga e
garantindo abastecimento de energia em nível nacional.
Essa interconexão eletroenergética é realizada por diversas linhas de
transmissão que constituem quatro interligações inter-regionais: Sul-Sudeste/Centro-
Oeste, Norte-Nordeste, Norte-Sul e Sudeste/Centro-Oeste-Nordeste. (VIEIRA,
2009).

4.1. INTERLIGAÇÃO SUL – SUDESTE/CENTRO-OESTE

A interligação elétrica existente entre as regiões Sul e Sudeste/Centro-


Oeste possibilita a otimização energética entre estas regiões (MME/EPE, 2010). No
28

passado, a ausência de chuvas no Sul era compensada pelas termelétricas, o que


causava um acréscimo na tarifa de energia. A partir dos anos 80, com a interligação
desses subsistemas, foi possível o intercâmbio de energia, resultando na redução da
geração térmica no Sul. Atualmente, essa interligação é composta por diversos
elementos, em múltiplos níveis de tensão que conectam o estado de São Paulo à
área norte do Paraná e ao estado do Mato Grosso do Sul. São os mais importantes:
o circuito duplo que interliga as subestação de Ibiúna (SP) e Bateias (PR) (500 kV) e
a interligação Londrina – Assis (525 kV), bem como a transformação 765/ 500 kV na
SE Ivaiporã, visto que a UHE Itaipu é considerada eletricamente pertencente ao
sistema Sudeste. (MME/EPE, 2014).
Segundo a EPE, a definição da expansão desta interligação contempla
duas linhas de transmissão em 500 kV: LT Itatiba – Bateias C1, 390 km para entrada
em operação até 2017 e LT Assis – Londrina C2, com 120 km e conclusão prevista
para 2018.

Figura 5 - Diagrama Itatiba - Bateias e Assis - Londrina C2.


Fonte: ANEEL, 2014.
29

4.2. INTERLIGAÇÃO SUDESTE/CENTRO-OESTE – NORDESTE

A interligação Sudeste/Centro-Oeste – Nordeste é composta por uma


linha de transmissão de 500 kV e passa pelos estados de Goiás e Bahia. A
interligação ocorreu em 2003 e contempla as subestações Serra da Mesa, em Goiás
e Rio das Éguas, Bom Jesus da Lapa, Ibicoara, Sapeaçu e Camaçari, todas na
Bahia.

Figura 6 - Diagrama da interligação Sudeste/Centro-Oeste – Nordeste.


Fonte: MME/EPE, 2014.

A expansão da interligação Sudeste/Centro-Oeste – Nordeste é


definida pela implantação do elo em 500 kV Barreiras (BA) – Pirapora (MG),
contemplando ainda as SEs Rio das Éguas (BA) e Luziânia (DF), conforme figura 7.
30

Figura 7 - Diagrama expansão da interligação Sudeste/Centro-Oeste – Nordeste.


Fonte: MME/EPE, 2014.

4.3. INTERLIGAÇÃO NORTE – NORDESTE

No início da década de 70, foi iniciado o processo de interligação entre


as regiões Norte e Nordeste e, hoje, é composta por sistemas de transmissão em
500 kV: LT Presidente Dutra – Boa Esperança; LT Presidente Dutra – Teresina C1 e
C2; LT Colinas – Ribeiro Gonçalves – São João do Piauí – Sobradinho; e pela LT
Colinas – Ribeiro Gonçalves – São João do Piauí – Milagres. O esquema desta
interligação é mostrado na figura 8.
31

Figura 8 - Diagrama da interligação Norte – Nordeste.


Fonte: MME/EPE, 2014.

Os estudos indicaram a expansão dos troncos em 500 kV, São João do


Piauí – Milagres e Bom Jesus da Lapa – Ibicoara – Sapeaçu, e o terceiro circuito P.
Dutra – Teresina – Sobral. Foram indicados ainda, dois elos, em 500 kV, sendo um
entre as subestações Miracema e Bom Jesus da Lapa II e o outro entre Miracema e
São João do Piauí, com inclusão das subestações intermediárias Gilbués e Barreiras
(MME/EPE, 2014), conforme ilustra a figura 9.

Figura 9 - Reforços para ampliação da Interligação Norte - Nordeste – Sudeste


Fonte: MME/EPE 2014
32

A definição da expansão desta interligação, prevista para 2016, além


de permitir a expansão da interligação Norte – Nordeste, também atende o aumento
do intercâmbio da região Nordeste para a região Sudeste (MME/EPE 2014).

4.4. INTERLIGAÇÃO NORTE – SUL

Até 1998, o Sistema Elétrico brasileiro era constituído pelos sistemas


de transmissão Norte-Nordeste e Sul-Sudeste/Centro-Oeste, que operavam
separadamente até a entrada em operação do primeiro circuito da interligação Norte-
Sul, formando o Sistema Interligado Nacional (VIEIRA, 2009).
A Interligação Norte – Sul, como é chamada a interligação entre as
regiões Norte e Sudeste/Centro-Oeste, é constituída de dois circuitos em 500 kV
entre a Subestação de Imperatriz (MA) e a Subestação Serra da Mesa (GO) e um
terceiro circuito, também em 500 kV, desde a Subestação Itacaiúnas (PA) até a
Subestação Serra da Mesa II (GO), com quatro subestações intermediárias de
compensação: Colinas, Miracema, Gurupi e Peixe, conforme figura 10.
33

Figura 10 - Diagrama da interligação Norte-Sul


Fonte: MME/EPE, 2014.
34

4.5. INTERLIGAÇÃO COM PAÍSES VIZINHOS

4.5.1. Interligação com o Paraguai

A usina hidrelétrica Itaipu Binacional, localizada no rio Paraná, no


trecho de fronteira entre os municípios de Foz do Iguaçu no Brasil e Ciudad del Este
no Paraguai, é a maior usina do mundo, em geração de energia e segunda maior em
capacidade instalada (a primeira com 22.500 MW é a de Três Gargantas, na China).
Com 20 unidades geradoras e 14.000 MW de potência instalada, Itaipu fornece
quase 20% da energia consumida no Brasil.
O sistema de transmissão de Itaipu (figura 11) é composto por dois
sistemas: um em corrente alternada e outro em corrente continua. O sistema em
corrente alternada, em 765 KV - 60Hz, compreende três linhas de transmissão que
saem da Subestação Foz do Iguaçu e chegam a SE Tijuco Preto em São Paulo,
passando pelas subestações de Ivaiporã (no Paraná) e Itaberá (em São Paulo).
Esse sistema transmite metade da energia gerada por Itaipu. Já o sistema de
corrente contínua possui tensão de ±600 kV e é destinado para a transmissão da
parcela de energia gerada em 50 Hz e não utilizada pelo Paraguai.

Figura 11 - Diagrama simplificado do Sistema de Transmissão 60 Hz de Itaipu.


Fonte: PRAÇA, 1996.
35

4.5.2. Interligação com a Argentina

O Brasil se interliga eletricamente com a Argentina, através de duas


estações conversoras de frequência 50/60 Hz, tipo Back-to-Back.
A primeira conversora, de potência igual a 50 MW, conecta a cidade
brasileira de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, através de uma linha de 132 kV, ao
sistema argentino, na subestação de Paso de Los Libres.
A segunda conversora, Garabi (figura 12), com 2200 MW conecta a
subestação de Rincón (ARG) as subestações de Santo Ângelo (147 km) e Itá (228
km), no Brasil, através de LTs em, 525 kV (MME/EPE, 2014).

Figura 12 - Diagrama da estação conversora Garabi 50/60 Hz.


Fonte: GUARINI, 2011.

4.5.3. Interligação com o Uruguai

A interligação Brasil – Uruguai é realizada através de uma conversora


de frequência 50/60Hz, back-to-back, com 70 MW, localizada em Rivera (Uruguai) e
de uma linha de transmissão em 230/150 kV, que se conecta à subestação de
Santana do Livramento, no Brasil.
Outra obra, com previsão de operação comercial ainda para 2015,
indica um novo ponto de interligação back-to-back entre Brasil e Uruguai. A
36

interligação com capacidade de transferência de 500 MW (1/3 da demanda


uruguaia) e 500 kV conectará a subestação de Candiota (60 Hz), no Rio Grande do
Sul a subestação San Carlos (50 Hz), no Uruguai, através da estação conversora na
cidade de Melo, também no Uruguai.

4.5.4. Interligação com a Venezuela

A interligação Brasil – Venezuela é realizada através de um sistema de


transmissão em 230/400 kV, com cerca de 780 km, interligando a subestação de
Boa Vista no Brasil à subestação Macagua na Venezuela. A capacidade deste
sistema é de 200 MW.

A possibilidade de ampliação dessas e de novas interligações tem sido


discutidas no âmbito de acordos internacionais entre o governo brasileiro e os países
limítrofes sul-americanos, visando a integração energética regional (MME/EPE,
2014). A associação do Brasil a esses países se verifica predominantemente com o
investimento em fontes de energia renovável e de baixo custo, como é o caso das
hidrelétricas.
Os estudos realizados pela EPE em 2014, contemplam projetos de
construção de usinas hidrelétricas com grande potencial, em parcerias com os
governos do Peru (~7 GW), Bolívia (~4 GW), Guiana (~5 GW) e Argentina (~2,2
GW).
Todos os projetos acima indicados poderão ser viabilizados por meio
de Tratados Internacionais entre o Brasil e os países vizinhos. Quando concluídos, a
energia excedente para exportação para o Brasil deverá ser planejada para a
expansão da oferta do setor elétrico brasileiro e do Sistema Interligado Nacional.
37

5 INTEGRAÇÃO DAS USINAS DA REGIÃO AMAZÔNICA

5.1. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO DO MADEIRA

Os aproveitamentos hidrelétricos de Santo Antônio e Jirau podem ser


considerados como os marcos iniciais da exploração dos imensos potenciais da
região amazônica.
As duas usinas do Rio Madeira, Santo Antônio (3.568 MW) e Jirau
(3.750 MW), irão acrescentar 7.318 MW ao SIN.
Desde 2009 os estado do Acre e Rondônia fazem parte do Sistema
Interligado Nacional, por meio de linhas de transmissão vindas do sudoeste do
estado do Mato Grosso. Esta interligação constituiu uma expansão do sistema em
230 kV e foi projetada com capacidade de atendimento à demanda do Sistema Acre
e Rondônia.
A demanda regional reduzida e o sistema de transmissão em 230 kV
de reduzida capacidade de transporte, proporcionaram questões quanto a definição
do sistema de transmissão das usinas do AHE Madeira aos grandes centros
consumidores. Um sistema capaz de transportar a potência excedente, da ordem de
7000 MW, através de 2500 km, desde Rondônia até o estado de São Paulo.
Os estudos para integração das usinas do Rio Madeira definiram duas
alternativas de transmissão para a integração das usinas localizadas no Rio
Madeira, em corrente alternada (765 kV) e corrente contínua (±600 kV). A alternativa
escolhida, conforme ilustra a figura 13, é constituída por dois bipolos de corrente
contínua (2x3150 MW ±600 kV), entre as subestações Coletora Porto Velho (RO) e
Araraquara 2 (SP), com uma extensão aproximada de 2375 km e ainda dois back-to-
back (2x400 MW), com duas linhas de transmissão em 230 kV para atender a
demanda regional, evitando possíveis oscilações de frequência e tensão que
pudessem impactar o sistema Acre/Rondônia em caso de distúrbios nas unidades
38

geradoras das usinas do Aproveitamento Hidrelétrico Madeira (AHE Madeira), visto


que os estados foram recém interligados ao SIN e se contituem um sistema fraco.

Figura 13 - Diagrama simplificado, Transmissão em DC.


Fonte: ANEEL, 2008.

5.2. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO DE BELO MONTE

O complexo hidrelétrico de Belo Monte localiza-se na região da Volta


Grande do rio Xingu, próximo às cidades de Altamira e Vitória do Xingu, no estado
do Pará. Na sua configuração final, este complexo, cuja concessão foi objeto de
licitação em abril de 2010, terá capacidade instalada de 11.233 MW sendo 11.000
MW na casa de força principal e 233 MW na casa de força secundária.
A figura 14 apresenta a conexão do AHE Belo Monte considerada para
o desenvolvimento dos estudos de expansão da transmissão que determinaram os
reforços no sistema Norte decorrentes da sua implantação.
39

Figura 14 - Conexão do AHE Belo Monte na SE Xingu.


Fonte: MME/EPE, 2014.

A expansão do SIN contempla os empreendimentos de transmissão


necessários para acomodar os aumentos de intercâmbio indicados nas análises
energéticas (MME/EPE, 2014). Ressalta-se que foi necessária a ampliação das
capacidades das interligações Norte – Sudeste/Centro-Oeste e Norte – Nordeste
para assegurar o despacho necessário de interligação ao SIN.
A conexão do AHE Belo Monte na SE Xingu 500 kV, como mostrada na
figura 14, é resultado de estudos que levaram à recomendação da expansão dessa
interligação por meio de dois bipolos em corrente continua de ±800 kV, com
capacidade de 4.000 MW cada, sendo o primeiro indicado em 2018 e o segundo em
2019. Os pontos indicados para essa interligação na região sudeste são o Terminal
MG, localizado na SE Estreito, na fronteira dos estados de Minas Gerais e São
Paulo, e o Terminal RJ, no estado do Rio de Janeiro, próximo a Nova Iguaçu. O
bipolo entre Xingu e o Terminal Minas foi licitado em 2013 e a licitação do bipolo
entre Xingu e Terminal Rio ocorreu em agosto de 2015.
Os reforços nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste/Centro-Oeste, bem
como a ampliação das interligações do AHE Belo Monte estão apresentados na
figura 15 a seguir.
40

Figura 15 - Reforços na interligação Norte-Sudeste/Centro-Oeste.


Fonte: MME/EPE, 2014.

5.3. APROVEITAMENTO HIDRELÉTRICO DA BACIA DO TELES PIRES

A bacia do rio Teles Pires é caracterizada por um potencial hidrelétrico


de cerca de 3,5 GW, distribuídos em cinco usinas – Sinop (400 MW), Colíder (300
MW), São Manoel (700 MW), Foz do Apiacás (230 MW) e Teles Pires (1820 MW),
programadas para entrar em operação a partir de 2015 (GUARINI, 2011).
Durante os estudos referentes ao sistema de transmissão para o
escoamento da potência gerada pelas usinas da bacia do Teles Pires foram
definidas 3 LTs em 500 kV com aproximadamente 1.000 km, partindo da SE
Paranaíta (MT) até a SE Ribeirãozinho (MT).
A partir da SE Ribeirãozinho, há, já em operação, um circuito duplo até
a SE Rio Verde Norte (GO), onde um terceiro circuito será construído. O estudo
contempla ainda a construção de um circuito duplo em 500 kV entre Rio Verde Norte
41

e Marimbondo II, na divisa de Minas Gerais e São Paulo, de onde a energia poderá
ser escoada para a região Sudeste.
O diagrama unifilar do sistema de transmissão do complexo Teles Pires
está representado na figura 16.

Figura 16 - Sistema de transmissão da Bacia do Teles Pires.


Fonte: MME/EPE, 2011.

Com base nos projetos de interligação de grandes empreendimentos já


em operação ou com obras previstas para a próxima década, é possível identificar
que as alternativas de transmissão escolhidas são definidas a partir da configuração
do sistema, projeções do mercado e principalmente levando em conta o
desenvolvimento social e econômico do país.
O capítulo a seguir demonstra de forma simples os aspectos
fundamentais para a transmissão de energia.
42

6 ASPECTOS GERAIS DA TRANSMISSÃO EM CORRENTE CONTÍNUA

6.1. BATALHA DAS CORRENTES

“Tanto a ciência envolvendo a eletricidade como as suas aplicações


práticas iniciaram em corrente contínua (DC). A corrente alternada (AC) foi sua
sucessora.” (SILVA, 2010)
As primeiras aplicações práticas da energia elétrica foram em corrente
contínua. Thomas A. Edison construiu e iniciou em 1882 a operação da primeira
estação elétrica com fins comerciais do mundo, com distribuição em DC, na Rua
Pearl, em Nova Iorque, EUA, cujos dínamos eram acionados por máquinas a vapor.
As linhas de distribuição abrangiam cerca de 1600m entorno da usina, e a energia
era fornecida em 110V.
Na França, Nicola Tesla desenvolvia o emprego da corrente alternada,
com a invenção do transformador, permitindo o transporte da energia elétrica, em
potências maiores a distâncias também maiores.
Tesla sugeriu a Thomas Edison a utilização da corrente alternada, que
o criticou severamente, classificando-a como perigosa. Porém Westinghouse se
encantou com a teoria de Tesla e viu uma grande oportunidade de lucrar nesse
campo.

Figura 17 - Batalha das Correntes (DC x AC).


Fonte: OLIVEIRA, 2013.
43

A partir de então, foi possível trabalhar com sistemas AC, tornando-se


universalmente utilizada e possibilitando mais adiante a transmissão de potência em
alta tensão, principalmente a partir da exploração da potência hídrica, na maioria das
vezes, em locais distantes dos grandes centros de consumo. (OLIVEIRA, 2013)
No início da transmissão em corrente alternada, vários valores de
frequência foram colocados em uso, os quais podem ser citados: 25, 50, 60, 125 e
133 Hz. Essa variedade causou um grande problema, pois as interligações não
poderiam conectar sistemas assíncronos, ou seja, com diferença entre os valores
nominais das frequências. Para solucionar este problema foi adotada a frequência
de 60 Hz como padrão na América do Norte, embora muitos outros países usem 50
Hz como padrão dos seus sistemas de transmissão. (GUARINI, 2011)
A primeira linha de transmissão que se tem registro no Brasil foi
construída por volta de 1883, na cidade de Diamantina, Minas Gerais, com 2 km de
comprimento aproximadamente. Em 1950, entrou em operação a primeira linha de
230 kV no Brasil, com cerca de 330 km, interligando os sistemas Rio - São Paulo,
linha que operava inicialmente em 170 kV. Foi também a primeira interligação em
dois sistemas importantes no Brasil.
Seguiram-se a partir daí, as linhas de 345 kV da CEMIG e FURNAS,
440 kV da CESP e as linhas de 500 kV e 765 kV do sistema de FURNAS.
A transmissão em corrente alternada (AC) firmou-se como um método
econômico, confiável e flexível para a transmissão de potência dos mais baixos aos
mais altos valores, porém, alguns fatores ainda hoje dificultam e/ou inviabilizam o
uso da Corrente Alternada: a transmissão de grandes blocos de potência a grandes
distâncias de forma econômica e a transmissão estável de potência entre sistemas
assíncronos ou com diferentes frequências.
A partir do desenvolvimento das válvulas de mercúrio no começo dos
anos 50, os sistemas de transmissão HVDC começaram a se tornar econômicos
para essas situações especiais.
Os sistemas HVDC necessitam que a corrente alternada seja
convertida para corrente contínua em uma estação próxima ao fornecedor de
energia e seja novamente convertida para corrente alternada junto ao terminal
receptor do sistema de transmissão.
Após a construção de várias linhas experimentais, a primeira
transmissão HVDC do mundo, ocorreu em 1954 e interligava a ilha de Gotland ao
44

território da Suécia. O processo de conversão era feito através de válvulas de arco


de mercúrio e o sistema da ABB fornecia 20 MW, 200 A e 100 kV através de cabos
submarinos em uma distância de 96 km.
A justificativa econômica desta linha baseou-se na eliminação da
construção de novas centrais. Esta linha continua em operação e constitui um
excelente exemplo de bom funcionamento.
Em 1930 foram desenvolvidos os sistemas de controle de ignição,
processo este que controla a potência convertida e define a operação como
retificador ou inversor.
Por volta de 1960 a implantação de controle da ignição com diodos a
silício trouxe os SCRs (Retificador Controlado de Silício). As características de
operação dos SCRs cresceram rapidamente de tal forma que estes dispositivos
substituíram as válvulas a arco de mercúrio.
Com a evolução da eletrônica de potência, a transmissão HVDC
tornou-se cada vez mais atrativa. Com a redução do custo e do tamanho dos
equipamentos, junto com o aumento da confiabilidade proposta, ocorreu um
aumento considerável no uso desse sistema pelo mundo.

6.2. TECNOLOGIAS DE TRANSMISSÃO

Um sistema elétrico pode ser dividido principalmente em três partes:


geração, transmissão e distribuição.

Figura 18 - Sistema Elétrico de geração, transmissão e distribuição.


Fonte: ABB, 2013.
45

Em sistemas de transmissão, a perda mínima de energia é o principal


fator para alcançar a maior eficiência de uma linha.
No sistema AC, para que não haja perdas excessivas nas linhas, a
tensão é elevada, a partir de transformadores, numa subestação elevadora, e
rebaixada, numa subestação abaixadora, para níveis de tensão adequados à
distribuição.
Já as linhas de transmissão DC podem receber a potência proveniente
da geração (em AC), transmitir até os grandes centros consumidores, onde
novamente, deve ser invertidas para AC para distribuição. A figura 19 ilustra o
esquema básico de um sistema HVDC.

Figura 19 - Esquema básico de uma rede HVDC.


Fonte: SATO, 2013.

Apesar da tecnologia em corrente alternada ter hoje um alto grau de


confiabilidade e eficácia, em alguns pontos a transmissão em corrente contínua
pode superá-la, em desempenho, ambiental, técnica ou até mesmo
economicamente. Esses fatores serão observados adiante.

6.3. SISTEMA DE CONVERSÃO AC/DC/AC

O sistema de Conversão, na sua forma mais simples, é constituído das


seguintes partes (figura 20):
 Sistema emissor de corrente alternada;
46

 Terminal conversor de corrente alternada em contínua chamado


RETIFICADOR;
 Linha de Transmissão de Corrente Contínua;
 Terminal conversor de corrente contínua em alternada, chamada
de INVERSOR; e
 Sistema receptor de Corrente Alternada.

Os sistemas, receptor e emissor de corrente alternada não pertencem


ao sistema de corrente contínua, mas, são citados na sua constituição uma vez que
são indispensáveis para o seu funcionamento.

Figura 20 - Sistema Típico de Corrente Contínua.


Fonte: CARVALHO, 2004.

Um terminal conversor, quer seja retificador ou inversor, é


essencialmente constituído dos equipamentos citados a seguir e podem operar
como retificadores ou inversores, utilizando o sistema de controle de pontes:
 Pontes conversoras de SCR;
 Transformador conversor;
 Reator de Corrente Contínua;
47

 Filtros de harmônicos de Corrente Alternada e Contínua;


 Compensadores de Reativos.

6.3.1. Ponte Conversora de 6 Pulsos

No processo de conversão AC/DC o elemento básico é a ponte


conversora de 6 pulsos (figura 21) a diodo ou a tiristores, denominada de Ponte
Graetz, onde a tensão convertida para DC terá como base a tensão fase-fase do
lado do secundário dos transformadores conversores.
Segundo Guarini, 2011, os conversores a diodos realizam a conversão
AC/DC, entretanto as grandezas DC ficam dependentes da tensão AC e o fluxo de
potência é sempre do sistema AC para o sistema DC.

Figura 21 - Configuração de uma Ponte Conversora de 6 Pulsos.


Fonte: SANTOS, G.; COSTA, R, 2014.

Para se obter pontes conversoras mais eficientes e que tenham a


capacidade de controlar a potência transmitida, é necessário um controle de disparo.
Esse controle é realizado substituindo os diodos por tiristores (SCRs), que possuem,
a partir de seus gates, a capacidade de alterar o instante de disparo.
Logo o ângulo de disparo (α) corresponde ao intervalo de tempo entre
o instante em que a tensão sobre a válvula torna-se positiva e a aplicação do pulso
de disparo em seu gate, quando a mesma começa a conduzir.
48

Este intervalo é simultaneamente ajustado para todos os pulsos que


serão aplicados nas válvulas, por meio de um controle de tensão ou de corrente DC.

6.3.2. Ponte Conversora de 12 Pulsos

Para um conversor de 12 pulsos é necessária a associação série ou


paralela, do lado DC, de dois conversores de 6 pulsos. Nos sistemas de transmissão
em corrente contínua de altas potências a associação em série, é usada pelo fato de
permitir tensões mais altas de transmissão. Já a associação em paralelo de
conversores de 6 pulsos é indicada para condições de altas correntes. Outra
característica marcante dos conversores de 12 pulsos é a eliminação do 5º e 7º
harmônicos. Assim, pode-se conseguir uma economia na instalação dos filtros
(GUARINI, 2011). A configuração simplificada de uma ponte conversora de 12
pulsos, utilizando tiristores como chaves, pode ser vista na figura 22.

Figura 22 - Configuração de uma Ponte Conversora de 12 pulsos.


Fonte: SANTOS, G.; COSTA, R, 2014.
49

Desta figura, nota-se que a ligação dos transformadores conversores é


feita na configuração Δ e Υ para os secundários, o que provoca defasamento de 30º
entre as pontes de 6 pulsos. Este defasamento faz com que as tensões entre as
pontes de 6 pulsos também fiquem defasadas de 30º. Por esse motivo, deve ser
aplicado um defasamento de -30º no disparo das válvulas da ponte de 6 pulsos
conectada ao secundário em Δ, para que as tensões referidas ao primário estejam
em fase. Vale ressaltar que a ligação dos enrolamentos do primário é feita em
estrela.
Assim, na configuração final, tem-se uma forma de onda da tensão CC
com 12 pulsos defasados de 30º entre si, como pode ser vista na figura 23.

Figura 23 - Forma de Onda da Tensão CC na Ponte Conversora de 12 pulsos.


Fonte: GUARINI, 2011.

6.4. CONFIGURAÇÕES BÁSICAS DOS SISTEMAS HVDC

Os sistemas de transmissão DC podem ser classificados em:


50

6.4.1. Transmissão Monopolar

O esquema de HVDC mais simples utilizado é a configuração


monopolar com retorno de terra. Consiste de um condutor simples, usualmente o de
polaridade negativa, utilizando a terra ou a água (mar) como retorno.

Figura 24 - Configuração Elo HVDC Monopolar.


Fonte: SANTOS, G.; COSTA, R, 2014.

Devido a problemas de interferência magnética e de corrosão, o


retorno de terra tem o uso limitado e o retorno metálico é usado no lugar. A
polaridade negativa é preferida no caso de linhas aéreas devido a um menor efeito
de interferência.

6.4.2. Transmissão Bipolar

Sistema com dois condutores - um positivo e um outro negativo. Cada


terminal apresenta dois conversores de igual valor para a tensão nominal, em série
no lado AC. O ponto central ou neutro (junção dos conversores) do sistema DC é
aterrado. Os dois pólos positivo e negativo podem operar independentemente. Em
condições normais, tendo em vista que os conversores estão suprindo ou
absorvendo o mesmo valor de corrente, não haverá nenhuma corrente de terra. Na
51

eventualidade de falta em um dos condutores, o outro condutor em conjunto com o


retorno pela terra ou/e água assumiriam metade da potência nominal.
A tensão nominal de um sistema DC bipolar é normalmente expressa
como ± 600 kV, por exemplo.
É usual iniciar a construção de um sistema DC utilizando apenas a
metade do sistema (monopolar), e a outra metade (totalizando o sistema bipolar)
sendo construída num segundo estágio.

Figura 25 - Configuração Elo HVDC Bipolar.


Fonte: SANTOS, G.; COSTA, R, 2014.

Essa configuração é utilizada se a transmissão requerida excede a


capacidade de um único pólo, é também usada e há exigência de maior
disponibilidade de energia ou menor poder de rejeição de carga, fazendo com que
seja necessário dividir a capacidade em dois pólos, proporciona ainda alto nível de
flexibilidade na operação com capacidade reduzida (mais de 50% do total) em caso
de manutenção ou contingência simples.
A vantagem de uma solução bipolar se comparada a solução com dois
monopolos é a redução dos custos devido ao retorno comum e menores perdas.
52

Na ocasião de falha de um dos pólos, a corrente do pólo operacional


será conduzida através do caminho de retorno aterrado e o pólo em falta será
isolado. Um retorno metálico pode ser obtido em caso de falha causada pelo
conversor, podendo ter a corrente comutada do caminho de retorno aterrado para o
caminho providenciado pelo condutor HVDC do pólo em falta (figura 25).

6.4.3. Back-to-Back

Existe ainda o caso particular em que não há a linha DC, ou é usual


uma linha de comprimento zero, conhecido como Back-to-Back. É uma instalação
HVDC na qual duas estações são coladas uma a outra, construídas no mesmo local.
A configuração Back-to-Back é aplicada para a interligação de sistemas
assíncronos (sistemas de diferentes frequências) ou quando se deseja que dois
sistemas, até com mesma freqüência, sejam isolados eletromecanicamente.

Figura 26 - Configuração Elo HVDC Back-to-Back.


Fonte: SANTOS, G.; COSTA, R, 2014.

Sendo a linha curta, a tensão DC é escolhida muito mais baixa do que


em estações normais, e isto permite reduzir o tamanho de componentes e a isolação
dielétrica é pequena. A capacidade de potência de um tiristor aumenta com o
aumento da corrente.
Há diversas outras configurações para sistemas de transmissão DC,
porém essas não serão abordadas neste trabalho.
53

7 COMPARATIVO DAS TECNOLOGIAS HVDC E HVAC

Para que possamos definir qual a melhor alternativa para implantação


de um sistema de transmissão que deverá escoar grande quantidade de energia por
longas distâncias, é preciso inicialmente avaliar as condições ambientais,
econômicas, técnicas e o desempenho de cada sistema.
Os impactos ambientais que determinada linha pode causar, e até
mesmo os impactos visuais, tem sido, nas últimas décadas, objetos de discussão e
grande repercussão nacional e internacionalmente.
Além das questões ambientais, o interesse da escolha se deve à
maneira mais econômica de se transmitir, considerando que as perdas sejam bem
avaliadas, que o sistema seja confiável e flexível e ainda analisar os custos de
implatação e operação de cada sistema.
Abaixo serão destacados alguns dos vários aspectos que podem ser
usados na comparação entre os sistemas HVDC e HVAC.

7.1. ASPECTOS AMBIENTAIS

7.1.1. Ruídos Audíveis e Rádio Interferência

O efeito corona é, segundo Sato (2014), um colapso elétrico do ar nas


proximidades dos condutores. Isso ocorre quando o campo elétrico é grande o
suficiente pra fazer com que ocorra a expulsão de elétrons das moléculas de ar na
vizinhança dos condutores, produzindo o ruído audível e a rádio interferência.
54

O ruído audível é maior para linhas de transmissão AC sob condições


de chuva e umidade. Para linhas DC, ruído audível e radio interferência geralmente
têm seu nível diminuído durante condições de tempo úmido.
Em uma linha DC, o pólo positivo possui maior incidência de ruído nos
sinais de rádio. O pólo negativo apresenta metade do ruído gerado no pólo positivo.
Em boas condições climáticas, a interferência em rádio e televisão e o
ruído audivel na linha DC é ligeiramente maior (aproximadamente 5dB) que no
sistema AC, enquanto em condições de mau tempo, a linha DC apresenta valores
muito menores que o sistema AC. No entanto os níveis máximos de ruído para uma
linha HVDC em boas condições de tempo são menores do que os níveis máximos
de ruído para uma linha HVAC em má condição de tempo, onde se conclui que as
linhas HVDC tem um impacto menor em relação a uma linha equivalente AC.

7.1.2. Área Ocupada e Faixa de Servidão

A área ocupada para a instalação das estações, assim como a faixa de


servidão associado a uma linha de transmissão aérea DC, não é tão grande quanto
ao de uma linha de transmissão AC.
Essas características economizam áreas utilizadas, diminuindo o
desmatamento, ou ainda, podendo ser usadas, mais tardiamente, em outros projetos
de transmissão, aumentando assim a sua capacidade total, com menor impacto ao
meio ambiente.
Para exemplificar essa comparação, a figura 27 mostra a área
necessária para a faixa de servidão de um Bipolo HVDC e um sistema HVAC
equivalente e a figura 28 mostra a saída dos sistemas AC e DC da Usina Hidrelétrica
de Itaipu, que transmitem a mesma potência.
55

Figura 27 - Largura da faixa de servidão para as diferentes tecnologias.


Fonte: ABB, 2013.

Figura 28 - Saída das Linhas AC e DC do Sistema de Transmissão de Itaipu.


Fonte: GUARINI, 2011.
56

7.2. ASPECTOS TÉCNICOS

7.2.1. Limite de Tensão

A tensão normal de trabalho e as sobretensões causadas por


chaveamentos e descargas atmosféricas, devem ser limitadas a valores que não
causem ruptura de isolação.
Em sistemas EAT (linhas aéreas de extra-alta tensão), as tensões
produzidas por chaveamentos geram valores elevados, causando a sobretensão.
Segundo Guarini, 2011, nos sistemas AC os picos de sobretensão
chegam próximos de 3 vezes o valor de pico da tensão nominal, enquanto as
sobretensões por chaveamentos em sistemas DC apresentam normalmente, valores
mais baixos, por exemplo, 1,7 vezes a tensão nominal.

7.2.2. Extensão da Linha de Transmissão

Uma linha de transmissão AC, tem sua potência transmitida limitada


pela extensão da linha, que é determinada pela diferença angular entre os fasores
de tensão nos dois terminais. A diferença angular aumenta com o comprimento da
linha e a potência a ser transmitida depende das condições de estabilidade
transitória e regime permanente.
De modo prático, a capacidade de potência transmitida numa linha AC
é inversamente proporcional à distância de transmissão, já em um sistema de
transmissão DC, a capacidade de transmissão não é afetada pelo comprimento da
linha.
Uma maneira de aumentar a estabilidade em sistemas AC longos, é
efetuar a compensação síncrona, estática ou compensação série (fixa ou variável)
em vários pontos da linha de transmissão, enquanto a linha DC não apresenta
problemas de reatância e estabilidade, logo não há limitação da distância.
57

7.2.3. Interligação de Sistemas AC de diferentes Frequências

Dois sistemas AC podem ser interligados somente por um Elo DC,


mesmo se suas frequências nominais não forem iguais (figura 29). Eles podem
operar perfeitamente em frequências nominais diferentes, por exemplo, 50 e 60 Hz,
como ocorre entre o Brasil e o Paraguai, ou no Japão onde cada metade do país
utiliza um frequência.

Figura 29 - Conexões entre Redes AC Assíncronas através de um Elo DC.


Fonte: GUARINI, 2011.

7.2.4. Capacidade de Transmissão e Nível de Isolamento

Inicialmente, vamos comparar dois circuitos, sendo um DC e outro AC


com os valores de corrente iguais. A seguir, as potências transmitidas em cada uma
das linhas:

Para que o sistema trifásico AC e o bipolo DC transmitam a mesma


potência, o fator de potência em cada linha deve ser igual a 1, de onde se conclui
que as duas linhas podem transmitir a mesma potência.
Todo o sistema de isolamento do circuito AC deve suportar o valor de
crista da onda, ou seja, √ . Nos circuitos DC, o valor suportado pelo
isolamento é somente a tensão do sistema.
58

Se a transmissão for realizada por ambas linhas, com mesmo nível de


tensão, todo o sistema de isolamento do sistema HVAC deve ser projetado para
suportar valores de tensão √ maiores que o sistema HVDC, logo a linha DC requer
2/3 do número de isoladores e possuem torres mais simples e estreitas,
consequentemente, mais baratas (GUARINI, 2011).

7.2.5. Retorno por Terra e Metálico

O bipolo de um sistema HVDC pode ser considerado como dois pólos


independentes. Assim, a operação monopolar é viável considerando retorno
metálico ou pela terra, sem maiores problemas ao sistema elétrico, respeitando as
devidas capacidades de transmissão (GUARINI, 2011).
Com a opção de retorno por terra, um bipolo DC passa a ser mais
confiável, visto que caso ocorra uma falha em um dos condutores da linha, o outro
pode operar, com capacidade reduzida e respeitando as capacidades dos
elementos, por um determinado período, até o reparo do defeito.

7.2.6. Potência Reativa

Em linhas aéreas longas de tensão alternada, a produção e o consumo


de potência reativa, pela própria linha, constituem-se em um sério problema. A linha
DC não requer este tipo de potência para a sua geração, porém os conversores
colocados nos extremos da linha absorvem, durante seu processo de comutação,
potência reativa indutiva a ser suprida pelo sistema AC. Esse consumo aumenta
com o aumento da potência ativa transmitida e é independente do comprimento da
linha.
Usualmente, capacitores paralelos ou compensadores síncronos são
instalados para o suprimento dos reativos necessários (ou parte deles). Essa é uma
das desvantagens do sistema HVDC.
59

7.2.7. Harmônicos

O processo natural de conversão AC/DC/AC gera harmônicos,


inclusive em pequenos equipamentos – em menores amplitudes – que são usados
nas residências.
Os harmônicos causam distorções da forma de onda da tensão AC e
interferências telefônicas.
Tanto estação retificadora, quanto estação inversora produzem
harmônicos de tensão e corrente no sistema, desta forma é necessário a instalação
de filtros em ambas estações afim de reduzir a magnitude dos referidos harmônicos,
procedimento que aumenta consideravelmente o custo das estações.
Felizmente, os capacitores empregados nos filtros AC também ajudam
no suprimento de parte da potência reativa requerida pelos conversores.

7.2.8. Disjuntores e Correntes de curto-circuito

A corrente alternada apresenta, para os disjuntores, a vantagem de


ocorrerem zeros de corrente duas vezes por ciclo. Em corrente contínua não existe
esta vantagem e os disjuntores deveriam, desta forma, levar a corrente até zero.
Porém, em transmissão DC de dois terminais, as faltas na linha e nos
conversores são extintas através do controle de disparo das válvulas conversoras
que bloqueiam temporariamente a corrente.
Quando se interliga sistema alternado através de linha de transmissão
AC, aumentam as correntes de curto circuito do sistema e, às vezes, as mesmas
podem exceder a capacidade de interrupção dos disjuntores existentes, requerendo
assim, a substituição por disjuntores de capacidade maior.
Por outro lado, a interligação de sistemas de corrente alternada,
através de um sistema de corrente continua, não aumenta muito a corrente de curto
circuito do sistema AC, não sendo, portanto necessária a substituição dos
disjuntores.
60

7.2.9. Impacto Visual e Resistência Pública

De maneira geral, a instalações de linhas aéreas encontram diversas


barreiras que podem tornar a sua instalação impraticável do ponto de vista técnico e
econômico. As tradicionais linhas de transmissão modificam a paisagem e a sua
instalação sofre forte oposição por parte do público. As pessoas sentem-se
desconfortáveis e com medo de possíveis problemas de saúde por viverem perto de
uma linha de transmissão e é extremamente difícil obter autorização para a sua
instalação por parte das autoridades competentes, tornando sua execução cara e
lenta.
A transmissão via cabos subterrâneos é muito mais fácil e ágil. Além de
não se modificar a paisagem, os cabos subterrâneos não encontram resistência
pública para a sua instalação, o campo magnético por ele gerado é extremamente
baixo e o processo na obtenção do direito de instalação por parte das autoridades
competentes é muito mais ágil e barato que no caso das linhas aéreas.
No caso da inviabilidade de instalação de cabos subterrâneos, os
cabos aéreos HVDC ocupam uma área menor, e consequentemente causam um
impacto inicial menor, se comparado a tecnologia HVAC.

7.3. ASPECTOS ECONÔMICOS

O custo por unidade de comprimento em uma linha DC é bastante


inferior ao de uma linha AC para a mesma potência e comparável confiabilidade,
entretanto, o custo dos equipamentos terminais (estações conversoras) são muito
maiores que o de uma subestação convencional AC. O principal equipamento de
uma estação DC é o conversor e mais de 50% dos custos de um sistema de
transmissão HVDC está relacionado aos conversores.
A figura 30, mostra a estrutura das torres de transmissão das linhas AC
e DC e exemplifica o quanto os custos com materiais para montagem das torres de
transmissão podem ser superiores nos sistemas de transmissão AC.
61

Figura 30 – Estruturas utilizadas nos sistemas AC e DC de mesma potência.


Fonte: SILVA, 2008.

Devido ao fato de os equipamentos terminais dos sistemas HVDC


serem mais caros, o custo inicial desses sistemas (figura 31) inicia-se em um ponto
mais elevado. Por outro lado devido à economia em estruturas, cabos e isoladores,
tem-se que o custo da linha DC por unidade de distância será inferior.
Deve-se considerar que esta figura corresponde à representação dos
custos para uma dada potência a ser transmitida e que, tanto para solução AC ou
DC os valores das tensões de transmissão foram também fixados.
Os pontos onde as retas (representando os custos) interceptam o eixo
vertical definem os custos dos equipamentos terminais.
A inclinação de cada curva é correspondente ao custo da linha por
unidade de comprimento e dos equipamentos acessórios que variam com o
comprimento da linha. Para distâncias inferiores aquela determinada pelo ponto
crítico, a transmissão AC apresenta menor custo e o oposto ocorre para distâncias
superiores.
62

COSTS

750 TRANSMISSION LINE [km]


(km)
Figura 31 - Custos Comparativos para transmissão aérea em AC e DC.
Fonte: ABB, 2013.

A distância de 750 km citada como exemplo é apenas um caso


particular. Estudos publicados têm mostrado que o ponto crítico situa-se numa faixa
de 500 a 1500 km. Para cabos submarinos, o ponto crítico é atingido para uma
distância bem menor (entre 24 e 48 km), e talvez duas vezes mais para cabos
subterrâneos.
Em vista da relativa expansão dos sistemas DC, os custos destes tem
caído à medida que a experiência e volume de produção aumentam. Como
resultado, o ponto crítico ocorreria para menores distâncias.
Na visão de Santos e Costa (2014), para exemplificar a possível
vantagem econômica das linhas de transmissão em Corrente Contínua quando
comparadas às linhas de transmissão em Corrente Alternada, devemos considerar
dois sistemas de potências semelhantes. No Brasil, o sistema de Itaipu pode ser
utilizado para essa comparação, tendo em vista que nele podemos encontrar linhas
HVAC e HVDC. No item a seguir, veremos esse comparativo.
63

7.3.1. Comparativo do Sistema de Transmissão Itaipu

O sistema de transmissão de Itaipu, operado por Furnas Centrais


Elétricas S/A é um sistema integrado por cinco linhas de transmissão. Três linhas
funcionam em corrente alternada de 765 kV e duas linhas trabalham com a tensão
em corrente contínua de ±600 kV.
Toda a energia produzida pela UHE Itaipu para atender o Sistema
Elétrico Brasileiro passa pelo sistema de transmissão de Furnas, correspondendo a
uma capacidade aproximada de 13 mil MW.
A seguir, os dados de ambos os sistemas, adaptados a partir do estudo
de Santos e Costa (2014):

 Corrente Contínua (HVDC):


Nas linhas de transmissão HVDC são utilizados cabos condutores de
alumínio, reforçados mecanicamente por alma de aço, denominados ACSR
(Aluminum Conductor Steel Reinforced) do tipo BITTERN 1.272 MCM.
O peso médio de cada torre de transmissão é 8.420 kg, com alturas
que variam de 24m a 57m, com quatro cabos condutores por pólo.
As linhas possuem as seguintes caracteristicas:
- Bipolo 01: 792 km, 1.707 torres e quatro cabos por bipolo.
- Bipolo 02: 820 km, 1.828 torres e quatro cabos por bipolo.

 Corrente Alternada (HVAC):


Nas linhas de transmissão HVAC são utilizados os mesmos condutores
reforçados, porém do tipo BLUEJAY 1.113 MCM.
Para as torres do sistema AC, as alturas variam entre 27,5 e 60,5
metros, o peso médio está em torno de 14.950 kg, e cada uma das três fases utiliza
4 cabos condutores.
Os três circuito possuem as seguintes caracteristicas:
- Circuito 01: 892 km, 1.955 torres e doze cabos por circuito;
- Circuito 02: 891 km, 1.948 torres e doze cabos por circuito;
- Circuito 03: 915 km, 2.065 torres e doze cabos por circuito.
64

Através de uma cotação realizada nas empresas SAE Towers


(estruturas metálicas) e Prismiam (cabos condutores) em setembro de 2014, foram
encontrados os seguintes preços:
- Preço da estrutura metálica R$ 10,50/kg;
- BLUEJAY, 1.113 MCM – R$ 13,41/metro;
- BITTERN, 1.272 MCM – R$ 14,75/metro.
O comparativo de preços está explicitado nas tabelas abaixo:

Tabela 4 - Custo dos cabos condutores HVDC x HVAC.


Custo do Cabo
Nº Circ. Nº Cabos/Fase Comp. Linha R$/Metro Total
HVDC 2 4 1.612 R$ 14,75 R$ 190.216,00
HVAC 3 4 2.698 R$ 13,41 R$ 434.162,16
Fonte - SANTOS, G.; COSTA, R. 2014.

Tabela 5 - Custos de mão de obra - Cabos.


Mão de Obra para Instalação dos cabos
Cabo/Circ. Comprimento HH/Instalação R$/HH Total
HVDC 8 1.612 1 R$ 95,00 R$ 1.225.120,00
HVAC 12 2.698 1 R$ 95,00 R$ 3.075.720,00
Fonte - SANTOS, G.; COSTA, R. 2014.

Tabela 6 - Custos das estruturas HVDC x HVAC.


Custo das Torres
Circuitos Nº Torres Peso Médio R$/kg Total
HVDC 2 3.535 8.420 R$10,50 R$ 312.529.350,00
HVAC 3 5.968 14.950 R$10,50 R$ 936.826.800,00
Fonte - SANTOS, G.; COSTA, R. 2014.

Tabela 7 - Custos de mão de obra - Torres.


Mão de Obra para Instalação das Torres
Qtd. Torres Peso HH/Kg R$/HH Total
HVDC 3.535 8.420 0,2 R$95,00 R$ 565.529.300,00
HVAC 5.968 14.950 0,2 R$95,00 R$ 1.695.210.400,00
Fonte - SANTOS, G.; COSTA, R. 2014.
65

Tabela 8 - Total HVDC.


Total HVDC
Custo do Cabo R$ 190.216,00
Mão de Obra Cabo R$ 1.225.120,00
Custo das Torres R$ 312.529.350,00
Mão de Obra Torres R$ 565.529.300,00
Total R$ 879.473.986,00
Fonte - SANTOS, G.; COSTA, R. 2014.

Tabela 9 - Total HVAC.


Total HVAC
Custo do Cabo R$ 434.162,16
Mão de Obra Cabo R$ 3.075.720,00
Custo das Torres R$ 936.826.800,00
Mão de Obra Torres R$ 1.695.210.400,00
Total R$ 2.635.547.082,16
Fonte - SANTOS, G.; COSTA, R. 2014.

Sendo assim, a partir da análise do Sistema de Transmissão de Itaipu,


tem-se uma base dos valores estimados para as linhas HVDC e HVAC.
É importante ressaltar que as estações conversoras (não consideradas
nesse estudo) representam mais de 50% do total de um sistema em corrente
contínua, porém um sistema AC demanda várias subestações intermediárias, que
também não foram avaliadas neste momento.
Tomando como base os estudos realizados para as linhas de
transmissão do Madeira e de Belo Monte, é possível verificar que as alternativas
escolhidas, ambas em Corrente Contínua e da ordem de 2 a 2,5 mil quilômetros
terão economias de grande relevância frente a alternativas em corrente alternada.
As figuras 32 e 33 a seguir exemplificam duas das possíveis
alternativas para esses empreendimentos.
66

Figura 32 - Alternativa AC - Interligação do Madeira.


Fonte: MME/EPE, 2014.
67

Figura 33 - Alternativa DC - Interligação do Madeira.


Fonte: MME/EPE, 2014.
68

Comparando-se as duas alternativas para o sistema de transmissão do


Complexo do rio Madeira, percebe-se o elevado custo que a linha em corrente
alternada demanda com torres, cabos e subestações intermediárias.
Porém em alguns casos, não são os aspectos econômicos que
predominam na escolha de um método para a interligação de um empreendimento
ao SIN. No caso do Complexo de usinas do Teles Pires, os estudos referentes à
definição do sistema de transmissão que escoará a energia gerada para a região
Sudeste/Centro-Oeste indicaram três linhas de transmissão em 500 kV, partindo da
SE Paranaíta (MT) até a SE Ribeirãozinho (MT), e partir daí até a SE Marimbondo II
(SP), passando pela SE Rio Verde Norte (GO).
Neste caso a transmissão em corrente contínua não foi levada a diante,
devido à inserção regional necessária para possíveis expansões futuras do sistema,
já que, apesar de não contempladas no PDE 2023, as Usinas do complexo do
Tapajós, com potência instalada próxima de 11.000 MW já foram outorgadas e estão
previstas para operação ainda nesta década.

7.4. ANÁLISE DE DESEMPENHO

Para avaliar a viabilidade de implantação de um sistema frente ao


outro, é necessário analisar, além de critérios ambientais, econômicos e técnicos, o
desempenho de ambas Linhas de Transmissão. Um estudo adaptado do trabalho de
GRAHAM, SANTO e KUMAR (2013) que compreende a eficácia e confiabilidade dos
sistemas de transmissão AC e DC da Usina Hidrelétrica Itaipu, servirá como
parâmetro para tal avaliação.
Como disposto no item 4.5.1 do capítulo 4, o sistema de transmissão
associado a UHE Itaipu é operado por Furnas Centrais Elétricas S.A e compreende
dois conjuntos paralelos de linhas de transmissão.
A parcela gerada em 60Hz é conectada à três linhas de transmissão de
765 kV, interligando a SE Foz do Iguaçu (PR) à SE Tijuco Preto (SP) com 910 km
aproxidamente. Os alimentadores de 50Hz são conectados à Subestação da
Administración Nacional de Eletricidad (ANDE), situada à margem direita do rio
69

Paraná, no Paraguai, e então à estação conversora de 6300 MW de Foz do Iguaçu,


no Brasil. Toda a potência não requerida pelo Paraguai é transmistida para a SE
Ibiúna (SP), através de um link HVDC de ±600 kV, com 800 km aproximadamente.

Figura 34 - Sistema de Transmissão UHE Itaipu.


Fonte: Graham, J.; Santo S.E.; Kumar A. , 2013.

A fim de comparar o desempenho dos sistemas, utilizar-se-á o número


de faltas ocorridas de diferentes tipos, durante um determinado intervalo de tempo e
o cálculo da FEU – Forced Energy Unavailability, ou seja, a porcentagem de tempo
em que determinada linha permanece indisponível devido a uma interrupção forçada
(falha).
A tabela 10 mostra o número de faltas transitórias e permanentes
ocorridas em duas das linhas HVAC do sistema durante o período de 1993 a 2009.
O terceiro circuito HVAC entrou em operação apenas em 2000.
70

Tabela 10 - Faltas ocorridas nas Linhas AC


Itaipu Linha 01 Linha 02 Linha 03
765 kV Trans. Perm. Compr. Trans. Perm. Compr. Trans. Perm. Compr.
1995 0 4 891 1 11 891 0 0 0
1996 1 13 891 0 7 891 0 0 0
1997 0 6 891 2 13 891 0 0 0
1998 1 9 891 1 15 891 0 0 0
1999 1 26 891 1 9 891 0 0 0
2000 3 12 891 3 11 891 2 7 602
2001 2 3 891 3 5 891 2 3 915
2002 4 8 891 1 6 891 0 7 915
2003 2 6 891 5 10 891 2 4 915
2004 1 5 891 2 8 891 0 3 915
2005 2 6 891 0 11 891 0 4 915
2006 2 5 891 0 6 891 0 2 915
2007 0 4 891 4 16 891 0 4 915
2008 3 2 891 0 2 891 1 3 915
2009 4 9 891 5 12 891 1 6 915
Total 26 118 13365 28 142 13365 8 43 8837
Média 1,73 7,87 1,87 9,47 0,80 4,30
Fonte: Graham, J.; Santo S.E.; Kumar A., 2013.

Considerando todas as três linhas, tem-se uma média de 0,174


faltas transitórias a cada 100 km de linha por ano e para faltas permanentes tem-
se 0,852 faltas a cada 100 km de linhas por ano.
Na tabela 10, considera-se todas as interrupções, inclusive aquelas
ocasionadas por quedas de torres, muitas vezes devido à ação dos ventos que
ocorrem na região.
O desempenho das linhas HVDC é mostrado na Tabela 11. Nela
estão descritos o número de religamentos bem sucedidos em plena tensão (falta
transiente) e em tensão reduzida (após 3 tentativas e 1 tentativa em 450 kV) e
religamentos mal sucedidos (faltas permanentes) no período de 1993 e 2012,
com um cálculo separado de 1995 a 2009 (final da tabela), para cobrir o mesmo
período de medição das linhas AC. As informações são apresentadas por pólo e
todas as interrupções são consideradas, inclusive aquelas causadas por falhas
nas torres.
71

Tabela 11 - Faltas ocorridas nas linhas DC.

Itaipu
Bipolo 01 Bipolo 02
±600 P1 P2 P1 P2
kV V V V V
Trans red Perm Trans red Perm Trans red Perm Trans red Perm
1993 0 0 1 7 2 2 2 0 3 2 0 0
1994 3 0 3 3 0 1 1 2 3 3 0 1
1995 4 0 0 3 0 1 0 0 0 3 1 0
1996 2 0 0 6 0 0 0 0 0 5 0 0
1997 5 1 5 0 1 1 0 0 0 2 0 1
1998 2 1 0 4 1 2 0 0 1 1 0 1
1999 2 0 0 3 0 0 2 0 1 2 0 1
2000 5 0 1 6 1 1 2 0 0 2 1 0
2001 1 0 1 1 0 1 0 0 1 0 0 1
2002 0 0 1 2 0 2 1 0 0 0 0 2
2003 5 0 0 2 0 0 0 0 0 2 0 0
2004 7 2 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2005 1 0 2 3 1 1 4 0 0 2 1 1
2006 6 0 0 3 1 0 1 0 0 4 1 1
2007 1 0 0 4 0 0 0 0 1 0 1 0
2008 1 0 0 1 0 3 1 0 0 1 0 3
2009 0 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0
2010 2 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0
2011 0 0 0 3 0 0 0 0 0 1 0 0
2012 0 0 0 4 0 0 0 0 1 0 0 1
Total 47 4 17 56 7 15 14 2 12 34 5 13
Média
2,35 0,20 0,85 2,80 0,35 0,75 0,70 0,10 0,60 1,70 0,25 0,65
Total
Total
42 4 13 38 5 12 11 0 5 27 5 11
(15)
Média
2,80 0,27 0,87 2,53 0,33 0,80 0,73 0,00 0,33 1,80 0,33 0,73
(15)
Fonte: Graham, J.; Santo S.E.; Kumar A., 2013.

Durante o período de 15 anos, tem-se os seguintes valores médios:


 0,488 faltas por pólo a cada 100 km de linha por ano
(religamento bem sucedido em plena tensão);
 0,057 faltas por pólo a cada 100 km de linha por ano
(religamento bem sucedido em 450 km);
72

 0,169 faltas por pólo a cada 100 km de linha por ano


(religamento mau sucedido). As falhas na torre estão inclusas
nesta média.

A Tabela 12 apresenta os valores de FEU para a linha de transmissão


AC de 765 kV no período de 2000 a 2009. As informações são apresentadas
considerando o sistema de transmissão composto por três linhas de transmissão
independentes. O ano de 2000 foi o marco inicial devido ao fato da terceira linha ter
entrado em operação somente este ano.
Interrupções de parte da linha são consideradas como indisponibilidade
da linha toda, porém nesse estudo não foram consideradas a indisponibilidade de
outros equipamentos, especialmente falha em transformadores.

Tabela 12 - FEU somente para as linhas de transmissão AC.


(FEU - %) Somente LT
Itaipu 765 kV
Linha 01 Linha 02 Linha 03
2000 0,091 0,035 0,051
2001 0,013 0,017 0,024
2002 0,071 0,074 0,141
2003 0,015 0,655 0,643
2004 0,010 0,045 1,466
2005 4,952 4,306 2,387
2006 0,014 1,418 0,774
2007 0,094 0,100 0,049
2008 0,004 0,007 0,001
2009 0,892 1,201 0,034

Média 0,616 0,786 0,557


Fonte: Graham, J.; Santo S.E.; Kumar A., 2013.

Em seguida, tem-se o desempenho das linhas HVDC exibidos na


Tabela 13, onde são dados os valores para o sistema HVDC de Furnas (Itaipu) entre
os períodos de 1993 e 2010.
73

Neste caso, os dados são apresentados por bipolo. A tabela apresenta


dois valores diferentes para comparação. O primeiro deles são os valores de FEU
somente para as linhas de transmissão, enquanto o segundo leva em consideração
todo o sistema (bipolo completo). Os valores de 2011 e 2012 não foram
apresentados, pois os dados não foram disponibilizados. A tabela mostra a média
em 18 anos, que corresponde a todo o período considerado e a média em 10 anos
que corresponde ao mesmo período de operação medido das linhas HVAC.

Tabela 13 - FEU somente para as linhas HVDC e sistema HVDC.

Itaipu (FEU - %) Somente LT (FEU - %) Incluindo LT


±600 kV
Bipolo 01 Bipolo 02 Bipolo 01 Bipolo 02
1993 0,002 0,001 0,179 0,191
1994 0,002 0,003 0,354 0,229
1995 0,001 0,000 0,052 0,486
1996 0,000 0,000 0,226 0,087
1997 0,004 0,004 0,860 0,126
1998 0,001 0,008 0,029 0,611
1999 0,001 0,001 0,221 0,713
2000 0,000 0,000 0,048 0,047
2001 0,001 0,002 0,260 0,104
2002 0,007 0,052 0,367 0,845
2003 0,000 0,000 0,524 0,293
2004 0,013 0,000 0,401 9,358
2005 1,333 0,001 1,509 0,101
2006 0,000 0,005 0,405 0,150
2007 0,000 0,001 0,220 0,013
2008 0,002 0,000 0,152 0,112
2009 0,000 0,000 1,847 0,330
2010 0,000 0,000 0,775 0,018
Total (18) 1,367 0,078 8,429 13,814
Média (18) 0,0759 0,0043 0,4683 0,7674
Total (10) 1,356 0,061 6,508 11,371
Média (10) 0,1356 0,0061 0,6508 1,1371
Fonte: Graham, J.; Santo S.E.; Kumar A., 2013.

Para as linhas de transmissão HVAC é importante ressaltar que em


caso de uma falta ocorrer em um circuito, as outras duas podem ainda, funcionar em
plena potência.
74

Neste estudo não foram contempladas as falhas na operação de


equipamentos em geral que compõem o sistema.
No caso das linhas HVDC, considerou-se que as perdas de potência
nos conversores são compensadas por duas horas de sobrecarga dos conversores
sob a temperatura de 40°C ou sobrecarga permanente sob a temperatura de 30°C.
Além disso, no caso da perda de operação de uma linha toda (falha na torre), a
transmissão em plena potência pode ser restaurada com a operação paralela.
As razões principais para faltas nas linhas de transmissão podem ser
sumarizadas como segue:
 Tempestades;
 Ventos fortes;
 Incêndios próximos às linhas de transmissão;
 Crescimento de vegetação próximo às linhas de transmissão;
 Acidentes envolvendo as torres de transmissão.

De acordo com os resultados apresentados nas tabelas, o número total


de faltas ocorridas nas linhas de transmissão HVAC totalizam 1,03 faltas a cada 100
km de linha por ano (0,174 transitórias + 0,852 permanentes). Já para as linhas de
transmissão HVDC detecta-se a ocorrência de 0,714 faltas por pólo a cada 100 km
de linha por ano (0,545 transitórias + 0,169 permanentes). Logo, detecta-se que as
linhas de transmissão HVDC têm um desempenho ligeiramente melhor quando
comparadas as linhas HVAC (cerca de 30%).
De forma similar, observa-se que as linhas HVDC são bem melhores
que as linhas HVAC quando observamos o FEU, o que reflete maior confiabilidade,
no entando esta diferença é reduzida quando incluídos os equipamentos das
estações conversoras.
Vale ressaltar que apesar do sistema DC apresentar desempenho
superior ao AC, ambos possuem ótimos desempenhos e bom nível de confiabilidade
(indisponibilidade menor que 1%).
75

CONCLUSÃO

A partir do estudo realizado, foi possível entender o funcionamento do


Sistema Interligado Nacional, suas ramificações, integrações e possíveis
intercâmbios de energia, e ainda conhecer o plano de expansão do SIN.
A comparação das tecnologias HVAC e HVDC sob aspectos
ambientais, econômicos e técnicos, possibilita a realização de uma análise das
vantagens e desvantagens de cada alternativa, na intenção de contextualizar qual
alternativa é indicada para determinado planejamento.
A definição da melhor alternativa se deve, principalmente, a maneira
mais econômica de se transmitir, porém, este fator não é o único a ser analisado.
Todo e qualquer estudo energético a ser realizado no Brasil, tem por
premissa básica a preferência por projetos que apresentem menores impactos e
maiores benefícios sociais, ambientais e econômicos, garantindo a segurança
energética, a modicidade tarifária e a universalização do acesso à energia
(MME/EPE, 2014), por isso a escolha da alternativa se deve a vários fatores.
Em se tratando de fatores ambientais, a tecnologia HVDC mostra-se
bem mais amigável que a tecnologia HVAC, em diversos aspectos. A poluição
sonora (ruídos e rádio interferência) e a ocupação de faixas de servidão associadas
as linhas HVDC são menores, se comparadas ao sistema AC.
As tradicionais linhas de transmissão modificam a paisagem e sua
instalação sofre forte oposição por parte do público. As pessoas sentem medo de
possíveis problemas de saúde devido ao campo eletromagnético. A transmissão
HVDC via cabos subterrâneos é uma ótima alternativa e onde esta não é viável, a
linha HVDC aérea não impacta tanto, visual e ambientalmente, quanto a HVAC, já
que utilizam estruturas e áreas menores.
Sob o aspecto econômico, é necessário levar em consideração vários
fatores. Para extensas linhas de transmissão, o sistema HVDC tem uma economia
em cabos, estruturas metálicas, isoladores e faixas de servidão que, talvez,
compensem as estações conversoras DC, que representam metade do custo total.
76

Para tanto, existe um comprimento crítico das linhas de transmissão,


em torno de 800 km. Este ponto crítico estabelece um marco a partir do qual é
economicamente mais viável a implementação da tecnologia HVDC.
Sob o ponto de vista do desempenho de cada sistema, foi constatado
que as linhas de transmissão HVDC possuem um desempenho ligeiramente maior
que o das linhas HVAC. No entanto, vale ressaltar que ambas as linhas de
transmissão conferem ao sistema elevado grau de confiabilidade.
De acordo com os resultados encontrados, é possível concluir que as
linhas de transmissão HVDC representam um grande avanço tecnológico e sua
vasta expansão no mundo todo, contribui para a diminuição dos custos das estações
conversoras e da melhoria contínua da tecnologia.
De forma a dar continuidade às avaliações de novas alternativas de
transmissão a longas distâncias, pode-se indicar a interligação do sistema elétrico da
bacia Amazônica (Complexo Tapajós, por exemplo), através de linhas de
transmissão em corrente contínua, aos subsistemas Nordeste e Sudeste
principalmente, bem como, a interligação com países limítrofes, a partir de acordos
de cooperação eletroenergética.

DESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Tendo sido concluídos os objetivos propostos para este estudo de


dissertação, seria pertinente dar continuidade aos mesmos, complementando o
trabalho já realizado com alguns trabalhos a serem desenvolvidos no futuro.
Para tanto é necessário que estudos aprofundados sejam efetivados,
quanto ao comportamento do sistema, em caso de perturbação das estações
conversoras conectadas ao subsistema Sudeste: Itaipu (Ibiúna), Madeira
(Araraquara) e Belo Monte (Terminais MG e RJ).
Recomenda-se também estudos no sentido de aprimorar o
conhecimento das estações conversoras, das novas tecnologias já utilizadas em
outros países, dos novos níveis de tensão em estudo (±1100 kV), além de outras
alternativas para a transmissão (multi-terminal, por exemplo). Outra proposta de
77

futuros desenvolvimentos residiria no estudo de técnicas para a transmissão de


energia de parques eólicos offshore, já que no que se refere à integração de
energias renováveis ao sistema elétrico, além da energia hidríca, a energia eólica
tem se mostrado fundamental, tanto em terra quanto nos oceanos.
78

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