um “letramento racial”, para “reeducar o indivíduo em uma perspectiva antirracista”, baseado em fundamentos como o reconhecimento de privilégios, do racismo como um problema social atual, não apenas legado histórico, e a capacidade de interpretar as práticas racializadas. Ouvir é sempre a primeira orientação dada por qualquer especialista ou ativista: uma escuta atenta, sincera e empática. Luciana Alves, educadora da Unifesp, afirma que "Uma das principais coisas é atenção à linguagem. A gente tem uma linguagem sexista, racista, homofóbica, que passa pelas piadas e pelo uso de termos que a gente já naturalizou. ‘A coisa O efeito de humor aqui se deve ao fato de que a tá preta’, ‘denegrir’, ‘serviço de preto’... Só o fato montagem de você prestar atenção na linguagem já anuncia uma postura de reconstrução. Se o outro diz que a) refuta as razões para a desobediência civil com tem uma carga negativa e ofensiva, acredite”. base na desculpa apresentada pela criança. (Adaptado de Gente branca: o que os brancos de um país racista podem fazer pela igualdade além de não serem racistas. b) antecipa uma possível avaliação negativa da UOL, 21/05/2018) desobediência sustentada pelo livro. Segundo Luciana Alves, para combater o racismo e c) equipara as razões da desobediência civil à mudar de postura em relação a ele, é fundamental justificativa apresentada pela criança. a) ouvir com atenção os discursos e orientações de d) contesta a legitimidade da desobediência civil especialistas e ativistas. defendida por Thoreau. b) reconhecer expressões racistas existentes em práticas naturalizadas. 3) UNICAMP 2018 c) passar por um “letramento racial” que dispense o legado histórico. Numa entrevista ao jornal El País em 26 de agosto d) prestar atenção às práticas históricas e às de 2016, o jornalista Caco Barcellos comenta uma orientações da educadora. afirmação sua anterior, feita em um congresso de jornalistas investigativos, de que novos 2) UNICAMP 2019 profissionais não deveriam “atuar como porta- Uma página do Facebook faz humor com vozes de autoridades”. “Tenho o maior encanto e montagens que combinam capas de livros já admiração e respeito pelo jornalismo de opinião. O publicados e memes que circulam nas redes que critiquei lá é quando isso vai para a sociais. Uma dessas postagens envolve a obra de reportagem. Não acho legítimo. O repórter tem o Henry Thoreau, para quem a desobediência civil é dever de ser preciso. Pode ser até analítico, mas uma forma de protesto legítima contra leis ou atos não emitir juízo. Na reportagem de rua, fico governamentais considerados injustos pelo cidadão imbuído, inclusive, de melhor informar o meu e que ponham em risco a democracia. colega de opinião. Se eu não fizer isso de modo preciso e correto, ele vai emitir um juízo errado sobre aquele universo que estou retratando. E não só ele, mas também o advogado, o sociólogo, o antropólogo e mais para frente o historiador (...) Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, Por exemplo, essa matança que a polícia militar é correto afirmar que o autor explora o fato de que provoca no cotidiano das grandes cidades palavras como “ontem”, “hoje” e “amanhã” brasileiras – isso é muito mal reportado pela mídia a) mudam de sentido dependendo de quem fala. no seu conjunto. Quem sabe, lá no futuro, o b) adquirem sentido no contexto em que são historiador não passe em branco por esse momento enunciadas. da história. Não vai poder dizer ‘olha, os negros c) deslocam-se de um sentido concreto para um pobres do estado mais rico da federação estão abstrato. sendo eliminados com a frequência de três por dia, d) evidenciam o sentido fixo dos advérbios de um a cada oito horas’. Se o repórter não fizer esse tempo. registro preciso e contundente, a cadeia toda pode falhar, a começar pelo jornalista de opinião.” (“Caco Barcelos: ‘Erros históricos nascem da imprecisão 5) UNICAMP 2018 jornalística’ ”. El País. 26/08/2016. Entrevista concedida a Camila Moraes. Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2016/07/19/cultura/1468956578_9 Em maio deste ano, uma festa do 3º ano do Ensino 24541.html. Acessado em 13/07/2017.) Médio de uma escola do Rio Grande do Sul propôs aos alunos que se preparavam para o vestibular De acordo com a posição defendida por Caco uma atividade chamada “Se nada der certo”. O Barcellos com relação a seus leitores, uma objetivo era “trabalhar o cenário de não aprovação reportagem exige do jornalista no vestibular”, e como “lidar melhor com essa fase”. Os alunos compareceram à festa a) conhecimento preciso do assunto, uma vez que “fantasiados” de faxineiros, garis, domésticas, seu objetivo é convencer o leitor a concordar com agricultores, entre outras profissões consideradas o que escreve para evitar que ele cometa erros. de pessoas “fracassadas”. O evento teve b) investigação e precisão no tratamento do repercussão nacional e acirrou o debate sobre a assunto, porque ela vai servir de base a outros meritocracia. Para Luis Felipe Miguel, professor de artigos, permitindo que o leitor tire suas próprias ciência política, “o tom de chacota da festa-recreio conclusões. era óbvio”, e teria sido mais interessante “discutir c) investigação e precisão na abordagem dos fatos, como se constrói a hierarquia que define algumas já que ele também emite seu juízo sobre o assunto, ocupações como subalternas e outras como conduzindo o leitor a aceitar a história que narra. superiores; discutir como alguns podem desprezar d) conhecimento preciso dos fatos tratados, para os saberes incorporados nas práticas dessas que, no futuro, o leitor seja levado a crer que o profissões (subalternas apenas porque contam com repórter registrou sua opinião de forma quem as faça por eles); discutir como o que equilibrada. realmente ‘deu certo’ para eles foi a loteria do nascimento, que, na nossa sociedade, determina a 4) UNICAMP 2018 parte do leão das trajetórias individuais”. (Adaptado de Fernanda Valente, Dia do ’se nada der certo’ acende debate sobre meritocracia e privilégio. Carta Capital, 06/06/2017. Disponível em http://justificando.cartacapital.com.br/2017/06/06/dia-do-se- nada-der-certoacende-debate-sobre-meritocracia-e-privilegio/. Acessado em 08/06/2017.) As alternativas a seguir reproduzem trechos de uma entrevista do professor Sidney Chalhoub (Unicamp e Harvard) sobre o mito da meritocracia. (Manuel Alves Filho, A meritocracia é um mito que alimenta as desigualdades, diz Sidney Chalhoub. Jornal da Unicamp, 07/06/2017.) Assinale aquela que dialoga diretamente com a notícia acima. a) É preciso promover a inclusão “e fazer com que é uma das chaves para abrir essas portas. Eu nunca o conhecimento que essas pessoas trarão à me esqueço de uma frase linda que eu ouvi de um Universidade seja reconhecido e disseminado”. educador, camponês de um grupo de Sem Terra: b) Com a adesão da Unicamp ao sistema de cotas, pela força do nosso trabalho, pela nossa luta, um “novo contingente de alunos colocará em cortamos o arame farpado do latifúndio e entramos cheque vários hábitos da universidade”. nele, mas quando nele chegamos, vimos que havia c) “As melhores universidades do mundo (que outros arames farpados, como o arame da nossa servem de referência) adotam a diversidade no ignorância. Então eu percebi que quanto mais ingresso dos inocentes, tanto melhor somos para os donos do estudantes há bastante tempo”. mundo. (…) Eu acho que essa é uma tarefa que d) “O ideal seria que todos aqueles que tivessem não é só política, mas também pedagógica. Não há condições intelectuais e interesse em entrar na Reforma Agrária sem isso.” universidade obtivessem uma vaga”. (Adaptado de Roseli Salete Galdart, Pedagogia do Movimento Sem Terra: escola é mais que escola. São Paulo: Expressão Popular, 2008, p. 172.) 6) UNICAMP 2017 No excerto adaptado que você leu, há menção a outros arames farpados, como “o arame da nossa ignorância”. Trata-se de uma figura de linguagem para a) a conquista do direito às terras e à educação que são negadas a todos os trabalhadores. b) a obtenção da chave que abre as portas da educação a todos os brasileiros que não têm terras. c) a promoção de uma conquista da educação que Na tira acima, o autor retoma um célebre lema tenha como base a propriedade fundiária. retirado do Manifesto Comunista (1848), de Karl d) a descoberta de que a luta pela posse da terra Marx e Friedrich Engels: “Operários do mundo, pressupõe também a conquista da educação. uni-vos!”. 8) UNICAMP 2017 Considerando os sentidos produzidos pela tirinha, é correto afirmar que nela se lê a) uma apologia ao Manifesto Comunista, atenuada pela onomatopeia que imita o som (“zzzzzz”) das abelhas. b) uma paródia do lema do Manifesto Comunista, baseada na semelhança fonética entre “uni-vos” e Assinale a alternativa correta. “zuni-vos”. a) A pergunta lançada no último quadrinho (“Você c) uma parábola para explicar o Manifesto sabe quem inventou o avião?ˮ) remete-nos a Comunista por meio da semelhança fonética entre Santos Dumont, portanto confirma o que se diz no “uni-vos” e “zuni-vos”. primeiro e segundo quadrinhos. d) uma fábula que recria o lema do Manifesto b) A pergunta lançada no último quadrinho (“Você Comunista, com base na linguagem onomatopaica sabe quem inventou o avião?ˮ) retifica a afirmação das abelhas (“zzzzzz”) do primeiro quadrinho (“Não há lei que o brasileiro não burle.ˮ). 7) UNICAMP 2017 c) A afirmação do segundo quadrinho (“Há a lei da Em depoimento, Paulo Freire fala da necessidade Gravidade.ˮ) refere-se a uma lei da física que de uma tarefa educativa: “trabalhar no sentido de nenhum brasileiro é capaz de burlar, como se ajudar os homens e as mulheres brasileiras a admite no primeiro quadrinho. exercer o direito de poder estar de pé no chão, d) A pergunta lançada no último quadrinho (“Você cavando o chão, fazendo com que o chão produza sabe quem inventou o avião?ˮ) é retórica, já que melhor é um direito e um dever nosso. A educação não há uma resposta para ela nem no primeiro nem no segundo quadrinhos. Texto para as questões 10 e 11
Questão 9 – UNICAMP 2017 É possível fazer educação de qualidade sem
escola É possível fazer educação embaixo de um No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 crítico literário, comentou que apontar no título do cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e filme Que horas ela volta? um erro de português Moçambique. Decepcionado com o processo de “revela visão curta sobre como a língua funciona”. “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu E justifica: “O título do filme, tirado da fala de um demissão do cargo de professor da UFOP personagem, está em registro coloquial. Que ano (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em você nasceu? Que série você estuda? e frases do 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e gênero são familiares a todos os brasileiros, mesmo Desenvolvimento). com alto grau de escolaridade. Será preciso Curvelo, no Sertão mineiro, foi o reafirmar a esta altura do século 21 que obras de laboratório da “escola” que abandonou mesa, arte têm liberdade para transgressões muito cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e maiores? Pretender que uma obra de ficção tenha o envolveu crianças e familiares na pedagogia da mesmo grau de formalidade de um editorial de roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do jornal ou relatório de firma revela um jeito ouvir e do aprender com o outro. Todos são autoritário de compreender o funcionamento não educadores, porque estão preocupados com a só da língua, mas da arte também.” aprendizagem. É uma construção coletiva”, (Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível explica. em http://www.melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em-que- O educador diz que a roda constrói ano-estamos-mesmo/. consensos. “Porque todo processo eletivo é um Acessado em 08/06/2016.) processo de exclusão, e tudo que exclui não é Entre os excertos de estudiosos da linguagem educativo. Uma escola que seleciona não educa, reproduzidos a seguir, assinale aquele que porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é corrobora os comentários do post. aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu a) Numa sociedade estruturada de maneira ritmo, não podemos uniformizar.” complexa a linguagem de um dado grupo social Nesses 30 anos, o educador foi engrossando reflete-o tão bem como suas outras formas de seu dicionário de terminologias educacionais, todas comportamento. (Mattoso Câmara Jr., 1975, p. 10.) calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do b) A linguagem exigida, especialmente nas aulas abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do de língua portuguesa, corresponde a um modelo sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi próprio das classes dominantes e das categorias provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, sociais a elas vinculadas. (Camacho, 1985, p. 4.) como faço para conquistar uma moleca?” Foi a c) Não existe nenhuma justificativa ética, política, deixa para ele colocar questões de sexualidade na pedagógica ou científica para continuar roda. condenando como erros os usos linguísticos que Para resolver a falência da educação, Tião estão firmados no português brasileiro. (Bagno, inventou uma UTI educacional, em que “mães 2007, p. 161.) cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do d) Aquele que aprendeu a refletir sobre a livro” (biblioteca em forma de festa) para ajudar na linguagem é capaz de compreender uma gramática alfabetização. E ainda colocou em uso termos – que nada mais é do que o resultado de uma como “empodimento”, após várias vezes ser (longa) reflexão sobre a língua. (Geraldi, 1996, p. questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal 64.) coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”. Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as ferramentas possíveis e necessárias para b) A criação da palavra “empodimento” é resultado os estudantes aprenderem. de um processo: sufixação. “Educação se faz com bons educadores, e o c) A repetição do verbo no enunciado “Pode, pode modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá tudo” exemplifica o estilo reiterativo do texto. sinais de falência. Não precisamos de sala, d) O discurso direto presente no trecho tem a precisamos de gente. Não precisamos de prédio, função de dar voz às comunidades. precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os 12) UNICAMP 2015 instrumentos possíveis que levem o menino a Leia o texto abaixo: aprender.” “Boas coisas acontecem para quem espera. As Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e melhores coisas acontecem para quem se levanta e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira faz.” (Domínio público.) idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião Considerando o texto acima e a maneira como ele diz se sentir “privilegiado” de viver o que já viveu é estruturado, podemos afirmar que: e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma a) O uso encadeado de “Boas coisas” e “As criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma melhores coisas” possibilita a valorização do política de governo, nem de terceiro setor, é uma primeiro enunciado e a desvalorização do segundo. questão ética”, pontua. b) A repetição do termo “coisas” garante que “boas (Qsocial, 09/12/2014. Disponível em coisas” e “as melhores coisas” remetem ao mesmo http://www.cpcd.org.br/portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de _qualidade_100_escola/.) referente. 10) UNICAMP 2016 c) Entre as expressões “para quem espera” e “para A partir da identificação de várias expressões quem se levanta e faz” estabelece-se uma relação nominais ao longo do texto, é correto afirmar que: de temporalidade. a) As expressões “pedagogia do abraço”, d) A sequenciação desse texto ocorre por meio da “pedagogia da roda”, “pedagogia do sabão”, recorrência de expressões e de estruturas sintáticas. “pedagogia do brinquedo”, “oficinas de cafuné” são referências a Texto para as questões 13 e 14. terminologias educacionais de caráter técnico. b) As expressões “biscoito escrevido”, “processo O trecho a seguir foi retirado da apresentação da de ensinagem” e “folia do livro” são neologismos obra Pioneiras da ciência no Brasil. O livro traz criados por meio da manipulação de processos de biografias de cientistas brasileiras que iniciaram formação de palavras. suas carreiras nos anos 1930 e 1940. c) A expressão “escola” está entre aspas porque se refere aos espaços de aprendizagem diferentes da Cabe uma reflexão sobre a divisão dos papéis escola tradicional de hoje e que não serão masculino e feminino dentro da família, para tentar encontrados no futuro. melhor entender por que a presença feminina no d) A expressão “processo eletivo”, compreendida mundo científico mantém-se minoritária. Constata- no texto como exclusão social, pressupõe a se que, no Brasil, ainda cabem às mulheres, existência de um projeto educacional que tem por fortemente, as responsabilidades domésticas e de objetivo a uniformização da aprendizagem. socialização das crianças, além dos cuidados com os velhos. Assim, ainda que dividindo o espaço 11) UNICAMP 2016 doméstico com companheiros, as mulheres têm, na Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso maioria dos lares, maior necessidade de articular os termos como ‘empodimento’, após várias vezes ser papéis familiares e profissionais. A ideia de que questionado pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal conciliar vida profissional e familiar representa coisa], Tião?’ Seguida da resposta certeira: ‘Pode, uma dificuldade é reforçada pela análise da pode tudo’”, é correto afirmar: população ocupada feminina com curso superior, a) A expressão “Seguida da resposta certeira” feita por estudiosos, que constata que cerca de 46% indica a elipse de uma outra expressão. dessas mulheres vivem em domicílios sem crianças. Como as cientistas são pessoas com diplomas superiores, elas estão compreendidas nesse universo. Por outro lado, talvez a sociedade brasileira ainda mantenha uma visão estereotipada – calcada num modelo masculino tradicional - do que seja um profissional da ciência. E certamente faltam às mulheres modelos positivos, as grandes cientistas que lograram conciliar sucesso 15) UNICAMP 2015 profissional com vida pessoal realizada. Para quebrar os estereótipos O cartaz a seguir foi usado em uma campanha femininos, para que novas gerações possam se pública para doação de sangue. mirar em novos modelos, é necessário resgatar do esquecimento figuras femininas que, inadvertida ou deliberadamente, permaneceram ocultas na história da ciência em nosso país. (Adaptado de Hildete P. de Melo e Lígia Rodrigues, Pioneiras da ciência no Brasil. Rio de Janeiro: SBPC, 2006, p. 3-4.)
13) UNICAMP 2015
Indique a alternativa correta. No texto, a) a informação numérica indica a desproporção entre o número de homens e o de mulheres presentes no mundo da ciência. b) o último período tem a finalidade de justificar a publicação do livro Pioneiras da ciência no Brasil, estabelecendo os objetivos da obra. c) a visão estereotipada de mulher cientista é exemplificada pelos modelos positivos das pioneiras brasileiras na ciência, tema da obra. d) as informações sobre o envolvimento das mulheres nos afazeres domésticos não constituem (Disponível em www.facebook.com/pages/HEMORIO/144978045 argumentos importantes para justificar a obra. 579742?fref=ts. Acessado em 08/09/2014.) Glossário 14) UNICAMP 2015 Rolezinho: diminutivo de rolê ou rolé; em Releia o período: “Assim, ainda que dividindo o linguagem informal, significa “pequeno passeio”. espaço doméstico com companheiros, as mulheres Recentemente, tem designado encontros têm, na maioria dos lares, maior necessidade de simultâneos de centenas de pessoas em locais articular os papéis familiares e profissionais.” como praças, parques públicos e shopping centers, A expressão sublinhada organizados via internet. a) delimita a amostra de lares em que a mulher Anonymous riot: rebelião anônima. precisa articular tarefas profissionais e domésticas. b) restringe o universo das mulheres mencionadas Considerando como os sentidos são produzidos no no trecho ao das que se dedicam à vida doméstica. cartaz e o seu caráter persuasivo, pode-se afirmar c) informa o local social em que circulavam as que: mulheres referidas no trecho. a) As figuras humanas estilizadas, semelhantes d) destaca o fato de que a maioria das mulheres umas às outras, remetem ao grupo homogêneo das vive com companheiros. pessoas que podem ajudar e ser ajudadas. b) A expressão “rolezinho” remete à meta de se reunir muitas pessoas, em um só dia, para doar sangue. c) O termo “até” indica o limite mínimo de pessoas a serem beneficiadas a partir da ação de um só indivíduo. d) O destaque visual dado à expressão (Adaptado de Michael D. Lemonick, A busca por vida fora da Terra. National Geographic, jul. 2014, p. 38-40.) “ROLEZINHO NO HEMORIO” tem a função de 16) enfatizar a participação individual na campanha. A partir da leitura do texto, pode-se afirmar que: a) O robô está presente tanto no lago congelado no ártico como na gruta nos trópicos. Texto para as questões 16 e 16.1 b) O jovem engenheiro do JLP e a geomicrobióloga carregam respiradores para ajudá- A busca por vida fora da Terra los a respirar. c) O jovem engenheiro do JLP e a Um sinal eletrônico é emitido pelo Laboratório de geomicrobióloga estão executando suas pesquisas Propulsão a Jato (JPL, sigla em inglês) da NASA, sozinhos. em Pasadena, Califórnia, e viaja até um robô d) O holofote do robô é ligado a partir de um sinal fixado na parte inferior da camada de gelo de 30 emitido pelo laboratório JPL. centímetros de espessura em um lago do extremo norte do Alasca. O holofote do robô começa a 16.1) brilhar. “Funcionou!”, exclama John Leichty, um Assinale a alternativa que resume adequadamente jovem engenheiro do JPL, que está em uma o texto. barraca perto do lago congelado. Embora não a) Estudos sobre formas de vida em ambientes pareça uma grande extremos podem preparar os cientistas para façanha tecnológica, esse talvez seja o primeiro enfrentar a questão da busca pela vida fora da passo para a exploração de uma lua distante. Mais Terra. de sete mil quilômetros ao sul do Alasca, no b) A partir de uma caverna no Alasca, um robô México, a geomicrobióloga Penelope Boston revela pistas sobre outras formas de vida no nosso caminha por uma água turva que bate em seus sistema solar. tornozelos, em uma gruta, cerca de 15 metros c) os trabalhos científicos desenvolvidos em abaixo da superfície. Como os outros cientistas que qualquer lugar da Terra permitem compreender a acompanham, Penelope carrega um respirador formas de vida em outros planetas. pesado, além do tanque adicional de ar, de modo d) Cientistas, trabalhando em ambientes extremos, que possa sobreviver em meio ao sulfeto de desenvolveram procedimentos capazes de detectar hidrogênio, monóxido de carbono e outros gases vida fora da terra. venenosos da caverna. Aos seus pés, a água corrente contém ácido sulfúrico. A lanterna no É preciso deixar claro que a transgressão da capacete ilumina a gotícula de uma gosma espessa eticidade jamais pode ser vista como virtude, mas e semitranslúcida que como ruptura com a decência. O que quero dizer é escorre da parede. “Não é incrível?”, exclama. o seguinte: que alguém se torne machista, racista, Esses dois locais (um lago congelado no ártico e classista, sei lá o quê, mas se assuma como uma gruta nos trópicos) talvez possam fornecer transgressor da natureza humana. Não me venha pistas para um dos mistérios mais antigos e com justificativas genéticas, sociológicas ou instigantes: existe vida fora do nosso planeta? históricas ou filosóficas para explicar a Criaturas em outros mundos, seja em nosso sistema superioridade da branquitude sobre a negritude, solar, seja em órbita ao redor de estrelas distantes, dos homens sobre as mulheres, dos patrões sobre poderiam muito bem ter de sobreviver em oceanos os empregados. Qualquer discriminação é imoral recobertos de gelo, como os que existem em um e lutar contra ela é um dever por mais que se dos satélites de Júpiter, ou em grutas fechadas e reconheça a força dos condicionamentos a repletas de gás, que talvez sejam comuns em enfrentar." Marte. Portanto, se for possível determinar um (Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia, 1996). procedimento para isolar e identificar formas de vida em ambientes igualmente extremos aqui na Não posso proibir que os oprimidos com quem Terra, então estaremos mais preparados para trabalho numa favela votem em candidatos empreender a busca pela vida em outras partes do reacionários, mas tenho o dever de adverti-los do Universo. erro que cometem, da contradição em que se emaranham. Votar no político reacionário é ajudar a preservação do status quo. Como posso votar, se sou progressista e coerente com minha opção, num candidato cujo discurso, faiscante de desamor, anuncia seus projetos racistas?” (Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia, 1996).