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O LEITOR EM EVIDÊNCIA
Considerações Iniciais
-20).
O interesse de Rouxel pela dimensão subjetiva do leitor foi despertado a partir da
observação que faz de leitores de destaque na história da literatura. Segundo a
estudiosa, tal exame
ruptura epistemológica ainda mais profunda que a precedente [leitor modelo ou ideal],
uma vez que ela se dedica, de forma efetiva, a uma mudança de foco, da
(2012, p. 16).
De acordo com a teoria examinada por Rouxel, cada leitor, ao realizar uma
leitura, constrói um sentido pessoal sobre texto, a partir de impressões particulares,
criando o que denomina texto do leitor, ou, como nomeia Langlade,
leitor ária engendra uma
multiplicidade de obras originais produzidas pelas experiências, sempre únicas, dos
eitores, em suas
singularidades, sejam legitimamente admitidos em classe e possam ser submetidos à
uma capacid
instâncias da leitura: o seu uso e a interpretação. O que significa dizer que, embora o
texto do leitor âmbito do uso da obra literária exista na esfera da experiência
pessoal, ela pode e deve ser trabalhada em sala de aula, pois
da leitura, pois ela é, ao mesmo tempo, o signo de apropriação do texto pelo leitor e a
condição necessária de um diálogo com o outro, graças à diversidade das recepções
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significado. Por sua vez, a utilização [o uso] remete a uma experiência pessoal, que pode ser
disciplina escolar, ou, ao contrário, como uma atividade optativa, incompatível com a
(ROUXEL, 2012, p. 19). Nessa perspectiva, a leitura cursiva pode ser considerada um
de modo que, com o propósito de edificar uma comunhão entre si, seja necessário ir
além de uma mera decodificação, ultrapassando as barreiras do simples ler, ou
mesmo de abordagem exclusivamente analíticas, para alcançar o gostar de ler.
No que diz respeito ao papel do professor mediador situado entre texto
as condições para que
o encontro do aluno com a literatura seja uma busca de sentido para o texto literário,
Desse modo, é importante conceder voz ao leitor, mas essa voz deve ser
orientada para que ultrapasse a superficialidade apontada pela autora. O progresso do
aluno, assim, acontece por meio da evolução de uma leitura compreensiva (que diz
respeito a uma leitura limitada a explorar elementos internos do texto, ou seja, os
sentidos denotativos obtendo, por conseguinte, uma leitura superficial do texto) para
uma leitura interpretativa (aquela que abarca um nível mais amplo de entendimento,
ultrapassando as barreiras do que está posto nas linhas do texto, utilizando-se de
experiências externas com vistas a despertar os códigos implícitos). Por isso,
desenvolvemos um trabalho compreendendo vários aspectos do conto por meio de um
diário de leitura que vise a uma prática leitora cursiva do texto, facilitadora da
compreensão e da apropriação do texto, favorecendo, em um segundo momento, a
abordagem interpretativa.
Nesse sentido, o professor enquanto mediador do texto literário em sala de
aula deverá possibilitar uma vivência por meio de uma leitura que cause prazer e
inquietações, e não apenas abordagem de aspectos superficiais, como apontado por
Colomer. Nesse pensar, se a criança desde a mais tenra idade tem acesso a livros,
maior será a possibilidade de ela tornar-se um leitor, razão pela qual é importante,
desde a Educação Infantil, passando pelo Ensino Fundamental, o constante contato
dos jovens leitores com obras literárias, por intermédio de abordagem que estimulem o
gosto pela leitura. Conforme Petit, o principal papel do professor mediador é o de
autora, as pontes construídas pelo professor mediador são caminhos que permitem
aos leitores novas descobertas criativas, culturais e intelectuais.
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Os questionamentos de cada etapa foram baseados na proposta de Souza (2016), no
entanto adaptamos para o trabalho com o conto.
V Congresso Internacional de Literatura Infantil e Juvenil
Presidente Prudente de 02 a 04 de agosto de 2017
ISBN: 978-85-69697-03-9
Guia de leitura
Antes da leitura do conto, registre, em seu diário de leitura, suas expectativas. Não se
trata de um questionário, mas de um guia para orientá-lo nos seus registros. Assim, a
partir das perguntas a seguir, redija um texto levando em consideração as suas
impressões pessoais:
1. Observe o título do conto O homem que sabia javanês. Você arriscaria dizer do que
vai tratar a história?
2. O título lhe faz lembrar de algum acontecimento real ou de algum outro livro?
3. Você sabe onde se fala javanês? Será que há muitos falantes dessa língua?
4. Você conhece alguém que fala javanês?
2ª etapa: leitura
Nesta etapa, inicia-se a leitura propriamente dita, na qual o discente fará a
checagem e a reformulação de hipóteses em dois momentos: antes da leitura
compartilhada e após a leitura compartilhada.
Guia de leitura
Agora, leia o texto. À medida que você for lendo, quando encontrar alguma passagem
que o remeta a outro texto, a um filme ou a um fato real que você conheça, anote a
sua reação. Quando discordar ou concordar com algo, faça o registro também. Como
dito anteriormente, não se trata de um questionário, mas de um guia para orientá-lo
nos seus registros. Assim, a partir das perguntas que seguem, redija um texto levando
em consideração as suas impressões pessoais:
1. Você é capaz de contar a história com suas palavras? Registre, brevemente, o
conto no seu diário de leitura.
A leitura integral do texto em sala de aula pode ser feita em duas etapas, ou
até mesmo em casa, desde que os alunos registrem suas impressões e haja o
compartilhamento em sala com os colegas e com o professor. O importante, nesta
etapa, é o docente evidenciar alguns aspectos que não tenham sido observados pelo
alunos, de modo que possa ampliar a leitura realizada por eles. Sendo assim, é
importante que seja ressaltada a ironia, a sátira presente no conto, no qual o autor
ridiculariza o apego da sociedade aos títulos, sobretudo, ao de bacharel, bem como as
instituições políticas da época, sua burocracia e sua inoperância, baseadas muitas
vezes em troca de favores, pois, segundo a narrativa, é mediante essa troca que o
barão manda "[...] uma carta ao Visconde de Caruru, para que me fizesse entrar na
diplomacia." (BARRETO, 2010, p. 87).
Nesta última etapa, o aluno irá avaliar, além do texto, o seu processo de
leitura, pensando sobre seus avanços, não que essa prática não tenha sido realizada
ao longo do processo, mas, na etapa final, tal aspecto deverá ficar mais claro para ele.
O aluno deve perceber que levantar hipóteses, fazer associações com outros textos e
compartilhar suas impressões com os colegas podem constituir ações muito
produtivas para a leitura de um texto literário. Esse momento é importante ainda por
ser a oportunidade propícia para sanar dúvidas por meio de questionamentos e
releituras.
Considerações Finais
Referências
BARRETO, Lima. O homem que sabia javanês. In: Lima Barreto: contos completos.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010, p. 80-91.
COLOMER, Tereza. Andar entre livros: a leitura literária na escola. Trad. Laura
Sandroni. São Paulo: Global, 2007.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
LANGLADE, Gérard. O Sujeito leitor, autor da singularidade da obra. In: ROUXEL,
Annie; LANGLADE, Gérard; REZENDE, Neide Luzia (org.). Leitura subjetiva e
ensino de literatura. São Paulo: Alameda, 2013, p. 25-38.
PETIT, Michèle, Tudo começa por uma recepção. In: A arte de ler ou como resistir à
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ROUXEL, Annie. Mutações epistemológicas e o ensino da literatura: o advento do
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______. Práticas de leitura: quais rumos para favorecer a expressão do sujeito leitor?
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2017.
______A tensão entre utilizar e interpretar na recepção de obras literárias em sala de
aula: reflexão sobre uma inversão de valores ao longo da escolaridade. In: ROUXEL,
Annie; LANGLADE, Gérard; REZENDE, Neide Luzia (org.). Leitura subjetiva e
ensino de literatura. São Paulo: Alameda, 2013b, p. 152-164.
_____; LANGLADE, Gérard. Apresentação dos coordenadores. In: ROUXEL, Annie;
LANGLADE, Gérard; REZENDE, Neide Luzia (org.). Leitura subjetiva e ensino de
literatura. São Paulo: Alameda, 2013, p. 19-24.
SOUZA, Raquel Cristina de Souza e. O diário de leitura no ensino fundamental:
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em:<http://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/article/view/181-209>. Acesso em: 08
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