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Departamento de Engenharia Civil

12
DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS

RELATIVAS A ARMADURAS

CARLOS FÉLIX

OUTUBRO / 2013
Departamento de Engenharia Civil

ÍNDICE
12 Disposições construtivas relativas a armaduras 12.1

12.1 Introdução 12.1

12.2 Fornecimento e colocação das armaduras 12.1

12.3 Armaduras principais e secundárias 12.3

12.4 Utilização conjunta de aços de tipos diferentes 12.4

12.5 Recobrimento mínimo e recobrimento nominal 12.4

12.6 Agrupamento de armaduras 12.8

12.7 Distância entre varões 12.9

12.8 Curvaturas admissíveis 12.10

12.9 Aderência 12.13

12.10 Amarração de armaduras longitudinais 12.17

12.10.1 Tipos de amarração 12.17

12.10.2 Comprimento de amarração de referência 12.18

12.10.3 Comprimento de amarração de cálculo 12.19

12.10.4 Comprimento de amarração equivalente 12.20

12.10.5 Cintagem do betão 12.20

12.10.6 Amarração de agrupamento de varões 12.22

12.11 Amarração de cintas e de armaduras de esforço transverso 12.23

12.12 Outros tipos de amarração 12.23

12.13 Emendas por sobreposição 12.23

12.13.1 Comprimento de sobreposição 12.26

12.13.2 Armadura transversal em zonas de sobreposição 12.27

12.13.3 Sobreposição de agrupamento de varões 12.29

12.14 Sobreposições de redes electrossoldadas de fios de alta aderência 12.30

12.14.1 Sobreposições da armadura principal 12.30

Instituto Superior de Engenharia do Porto i


Estruturas de Betão

12.14.2 Sobreposições das armaduras secundárias ou de distribuição 12.30

12.15 Bibliografia 12.30

ii Departamento de Engenharia Civil


Departamento de Engenharia Civil

12 Disposições construtivas relativas a armaduras

12.1 Introdução

Reúnem-se neste capítulo as disposições construtivas relativas a armaduras, comuns a


todos os elementos estruturais, tendo como base o articulado no EC2, ao qual se juntam
outras disposições cujas referências podem ser encontradas na bibliografia.

12.2 Fornecimento e colocação das armaduras

As armaduras a utilizar no fabrico das peças de betão devem estar de acordo com a
EN10080. Os diâmetros correntes em Portugal são os constantes do Quadro 12.1. A
superfície é nervurada, conferindo uma elevada aderência entre o aço e o betão (ver
Figura 12.1). Podem ser fornecidos com comprimentos diversos, ainda que o mais
corrente seja os 12m para os de maior diâmetro, e de 6m ou 12m para os diâmetros
mais reduzidos.

Quadro 12.1 – Varões comerciais.

Diâmetro [mm] 6 8 10 12 16 20 25 32 40
2
Secção [cm ] 0.28 0.50 0.79 1.13 2.01 3.14 4.91 8.04 12.57

A400NR A500NR

Figura 12.1 – Varões A400NR e A500NR, diâmetros entre 8mm e 20mm.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.1


Estruturas de Betão

O transporte entre o fornecedor e o utilizador é feito normalmente por via rodoviária,


sendo os vários feixes de varões atados de forma a ser possível guindá-los do meio de
transporte o seu local de armazenamento.

No seu armazenamento deve-se ter o cuidado de evitar o contacto com substâncias que
reduzam a aderência, como óleos ou massa consistente, e o contacto com agentes
agressivos que originem camadas de corrosão não aderentes ou facilmente destacáveis.

Deve ainda proceder-se à devida identificação do aço (com indicação do fornecedor, do


lote, do tipo, do diâmetro, do comprimento etc.).

O corte das armaduras pode ser realizado por tesoura portátil manual (ver Figura 12.2),
tesoura fixa manual ou por tesouras eléctricas, sendo estas últimas mais frequentes em
obras de média ou grande dimensão. Dependendo das suas dimensões, a tesoura portátil
manual só é adequada para diâmetros até 12mm, enquanto que a fixa permite cortar até
25mm.

a) Tesoura portátil manual b) Tesoura fixa manual

Figura 12.2 – Dispositivos para o corte de varões.

Deve evitar-se a deformação excessiva das armaduras durante a sua montagem e


colocação na cofragem assim como durante a betonagem, sendo por isso utilizadas
barras de rigidez diagonais, cavaletes e outras armaduras de apoio e de posicionamento.
Estes dispositivos construtivos são também essenciais para assegurar a manutenção do

12.2 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

correcto posicionamento das armaduras durante a betonagem, incluindo as operações de


vibro-compactação do betão.

As armaduras devem ser convenientemente fixadas entre si, com arames ou por
soldadura (ver Figura 12.3), de modo a que a sua posição esteja assegurada durante o
processo de betonagem.

a) Fixação com arames b) Fixação por soldadura

Figura 12.3 – Fixação de armaduras entre si.

A facilidade de montagem das armaduras e a facilidade de betonagem é um aspecto da


maior importância não só para a resistência do elemento mas também para a sua
durabilidade e para a economia das soluções. Uma boa concepção não pode ignorar as
particularidades e as dificuldades da sua colocação em obra.

12.3 Armaduras principais e secundárias

As armaduras são dispostas no interior do betão para resistir à compressão ou à tracção,


quando os elementos estão sujeitos a esforços normais, transversos, de flexão e de
torção. As armaduras calculadas para estes esforços, de modo a que estejam satisfeitas
as condições de segurança e de durabilidade, são designadas armaduras principais.

Nos elementos de betão são ainda dispostas outras armaduras adicionais, designadas por
armaduras secundárias, que têm como funções, entre outras:

 Garantir a eficiência das armaduras principias;

 Ligar os blocos de betão com tendência a destacar-se;

 Limitar a fendilhação localizada em zonas de singularidade na geometria (nós,


aberturas)

 Limitar a fendilhação resultante de deformações impostas (retracção e variação de


temperatura) não consideradas no cálculo.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.3


Estruturas de Betão

São exemplos de armaduras secundárias:

 A armadura de distribuição em lajes armadas numa só direcção;

 A armadura de alma em vigas;

 A armadura de ligação dos banzos à alma numa viga T;

 A armadura de suspensão;

 As cintas em pilares;

 As armaduras horizontais e transversais em paredes.

Nas zonas traccionadas das secções a armadura deverá permitir o controlo da


fendilhação em serviço e resistir à totalidade das tracções instaladas na rotura. Nas
zonas comprimidas, serve sobretudo para aumentar a capacidade resistente do elemento
e para controlar a fluência do betão.

12.4 Utilização conjunta de aços de tipos diferentes

Deve ser evitada numa mesma obra a utilização conjunta de aços de tipos diferentes,
dada a possibilidade de erros resultantes da incorrecta identificação dos aços. Contudo,
caso esta tenha sido uma opção do projecto, ou da obra, devem ser tomadas todas as
precauções de forma a distinguir-se claramente na obra entre varões rugosos de
diferentes classes, varões de aço natural e endurecido e varões soldáveis dos não
soldáveis.

12.5 Recobrimento mínimo e recobrimento nominal

Os valores do recobrimento mínimo (ver Figura 12.4) e do recobrimento nominal estão


expostos no capítulo intitulado “Durabilidade e recobrimento das armaduras”.
cmin
cmin

cmin
cmin

Figura 12.4 – Recobrimento mínimo das armaduras.

Resumidamente pode afirmar-se que o recobrimento nominal é definido como um


recobrimento mínimo, cmin, ao qual se adiciona uma margem de cálculo, cdev para as
tolerâncias de execução (ver 4.4.1 do EC2):

12.4 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

cnom  cmin  c dev (12.1)

A expressão geral que permite obter o valor de cmin, para ter em conta requisitos de
adequada transmissão das forças de aderência e de durabilidade, é dada por:

 
cmin  max cmin, b ; cmin, dur  c dur ,   c dur , st  c dur , add ; 10mm (12.2)

Utilizando os betões correntes, de agregados com dimensão máxima inferior a 32mm, o


valor do recobrimento mínimo para os requisitos de aderência poderá obter-se a partir da
expressão:

cmin,b = Ø (ou Øn , no caso de agrupamentos de varões) (12.3)

Nas situações correntes, em que não se justifique uma margem de segurança do valor de
cmin,dur (cdur,=0), nem seja de considerar nenhuma das outras reduções (cdur,st=0 e
cdur,add=0), a expressão do recobrimento mínimo que satisfaz simultaneamente os
requisitos de aderência e de condições ambientais poderá ser simplificada do seguinte
modo:

cmin  max Ø ou Øn ; cmin, dur ; 10mm, se dg≤32mm (12.4)

cmin  max Ø  5 ou Øn  5; cmin, dur ; 10mm, se dg>32mm (12.5)

O recobrimento mínimo para ter em atenção a durabilidade estrutural (c min,dur), que


depende, essencialmente, do tempo de vida útil de projecto e das condições ambientais,
consta do Quadro 12.2.

Quadro 12.2 – Recobrimento mínimo para requisitos relativos à durabilidade, cmin,dur


[mm], de armaduras para betão armado (adaptado de NA.4.4 do EC2).

Tempo de vida Classe de exposição


útil de projecto X0 XC1 XC2/XC3 XC4 XD1/XS1 XD2/XS2 XD3/XS3

50 anos
10 15 25 30 35 40 45
(Classe S4)
100 anos
20 25 35 40 45 50 55
(Classe S6)

Atendendo a que, nos casos correntes se recomenda cdev=10mm (ver 4.4.1.3 do EC2),
a expressão do recobrimento nominal poderá ser obtida a partir da seguinte expressão:

cnom  cmin  10mm (12.6)

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.5


Estruturas de Betão

O recobrimento das armaduras é garantido pela interposição de espaçadores entre os


varões e a cofragem, como os ilustrados na Figura 12.5. A Figura 12.6 apresenta um
muro de contenção onde é visível a utilização de espaçadores de argamassa.

(Leonhardt e Monning, 1978)

a) espaçadores em argamassa de cimento b) espaçadores em PVC

Figura 12.5 - Espaçadores para garantir o recobrimento das armaduras.

As características a que os espaçadores devem obedecer para garantir os recobrimentos


das armaduras são especificados na E469 (2006). Informação complementar pode ser
encontrada na BS 7973-1:2001 e BS 7973-2:2001. A Figura 12.7 localiza os espaçadores
a utilizar em vigas e a Figura 12.8 localiza os espaçadores em pilares, ambos de acordo
com a Especificação LNEC (E469, 2006).

Figura 12.6 – Muro de contenção com espaçador de armaduras.

12.6 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

Figura 12.7 – Espaçadores em vigas (E469, 2006).

Figura 12.8 – Espaçadores em pilares (E469, 2006).

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.7


Estruturas de Betão

12.6 Agrupamento de armaduras

É permitida a utilização de agrupamentos de varões com diferentes diâmetros, desde que


a relação entre diâmetros não exceda 1.7. O número de máximo de varões em cada
agrupamento é, em geral, de três, excepto no caso das armaduras verticais sempre
comprimidas, caso em que se poderá aumentar até quatro (ver Figura 12.9). No que diz
respeito à disposição dos varões num agrupamento, recomenda-se que, numa dada
direcção, não deverão existir mais do que dois varões em contacto, evitando-se deste
modo a existência de agrupamentos em forma de lâmina.

Agrupamento na horizontal

Agrupamento na vertical

Agrupamento de 3 varões com o máximo de 2


varões em contacto em cada direcção

Solução não recomendável: agrupamento de 3 varões com


mais de 2 varões em contacto numa dada direcção

Agrupamento de 4 varões – apenas permitido em armaduras


verticais sempre comprimidas

Figura 12.9 – Agrupamentos de armaduras ordinárias.

Quando agrupados, os varões tendem a comportar-se como um todo, como mostram


observações experimentais em ensaios de arrancamento. Assim, na observância das
regras em que o diâmetro do varão é o parâmetro condicionante (distâncias mínimas,
amarrações, etc.) há a necessidade de definir um diâmetro equivalente em
correspondência com o perímetro activo do agrupamento (ver Figura 12.10).

i
n
n
i i

Figura 12.10 – Noção de diâmetro equivalente.

12.8 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

O diâmetro equivalente de um agrupamento pode ser obtido a partir da expressão:

n   i2 ≤ 55mm (12.7)


i

sendo:

i o diâmetro de cada um dos varões do agrupamento.

O EC2 abre uma excepção à necessidade de se atender à existência de um agrupamento


nas situações em que dois varões estejam dispostos um sobre o outro (agrupamento
vertical na Figura 12.9) e em boas condições de aderência.

12.7 Distância entre varões

Uma distância livre mínima deve sempre ser prevista entre armaduras de forma a
permitir:

 realizar a betonagem e compactação em boas condições;

 assegurar um bom envolvimento das armaduras pelo betão;

 garantir eficientes das condições de aderência.

A Figura 12.11 ilustra a medição da distância livre, medida na horizontal (Ch) e na


vertical (Cv), entre varões paralelos ou entre camadas de varões paralelos. Tal distância
não deve ser inferior ao maior dos seguintes valores:

 ou n

Ch ou Cv  dg  5 mm (12.8)

2 0 mm

Cv

Ch Ch

a) Uma camada de armaduras b) Duas camadas de armaduras

Figura 12.11 – Distâncias mínimas entre armaduras.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.9


Estruturas de Betão

A disposição da armadura na secção transversal da peça deve ser tal que permita uma
betonagem e compactação apropriadas. Em particular, nos casos em que sejam
adoptadas mais do que uma camada de armaduras (ver Figura 12.11b), os varões de
cada camada deverão sobrepor-se em fiadas verticais. Em secções muito armadas, deve
haver o cuidado de serem deixados intervalos entre os varões para a inserção de
vibrador, especialmente no caso de cruzamento de camadas ou da utilização de
agrupamentos de varões (ver Figura 12.12).

Vibrador Vibrador

a) Varões isolados b) Agrupamento de varões

Figura 12.12 – Melhoria das condições de betonagem (Walther e Miehlbradt, 1990).

12.8 Curvaturas admissíveis

A dobragem das armaduras faz-se segundo arcos de circunferência, recorrendo a


dispositivos mecânicos, manuais ou eléctricos, que utilizam um sistema de alavanca e
um conjunto de mandris, cujo diâmetro e espaçamento determinam o diâmetro interior
de dobragem (ver Figura 12.13).

a) Para diâmetros até 8mm b) Para diâmetros até 16mm.

Figura 12.13 - Máquinas para dobragem de varões.

O diâmetro mínimo de dobragem (Øm,min), determinado pelo diâmetro do mandril, deve


ser tal que não afecte a resistência da armadura nem provoque o aparecimento de
fendas no varão (ver Figura 12.14), resultante da imposição de uma deformação
elasto-plástica excessiva.

12.10 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

Øm

Micro-fissuração

Figura 12.14 – Micro-fissuração em varão com diâmetro de dobragem reduzido.

O EC2 estabelece valores mínimos para o diâmetro do mandril, a fim de evitar danificar a
armadura, função do diâmetro Ø da própria armadura. Por exemplo, no caso de
dobragens para realizar cotovelos, ganchos ou laços, os valores indicados são os
seguintes:

Ø ≤16mm  Øm ≥ 4Ø

Ø >16mm  Øm ≥ 7Ø

Por outro lado, em varões traccionados, as tensões geradas no betão no interior da


dobragem (ver Figura 12.15 a) não devem originar o esmagamento do betão, nem a
tracção transversal (ver Figura 12.15 b) provocar a fendilhação do betão ou o seu
destaque.

Planta A Corte A-A

2 Fbt
p
m  p
Ø

ab

Tracção
Øm transversal
Fbt ab
Fbt
A
Zona de potencial
destacamento do recobrimento

a) Compressões no interior da dobragem b) Tracção transversal


Figura 12.15 – Tensões geradas no betão devido à dobragem de um varão traccionado.

Estes requisitos podem ser controlados impondo a seguinte relação:

Fbt  1 1 
m     (12.9)
fcd  ab 2  

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.11


Estruturas de Betão

em que:

Fbt é a força de tracção devida às acções últimas no início da parte curva do


varão (ou do agrupamento de varões);

ab é dado pela metade da distância entre eixos de varões medida na


perpendicular ao plano de dobragem. Para varões próximos do paramento
do elemento, ab é dado pelo recobrimento acrescido de /2.

A verificação deste requisito pode ser dispensado, conforme definido no EC2, desde que
se verifique simultaneamente as seguintes condições:

 A amarração necessária do varão não ultrapasse 5Ø para além da


extremidade curva;

 O varão não esteja junto do bordo (plano de dobragem próximo do


paramento do betão) e exista um varão transversal com um diâmetro ≥ Ø no
interior da parte curva;

 O diâmetro do mandril seja superior ou igual aos valores recomendados para


evitar danificar a armadura.

Caso contrário, o diâmetro do mandril deverá ser aumentado conforme expressão (12.9).

Exemplo:

Seja um betão da classe C20/25 e um aço do tipo S400.

Admitindo que o varão está sujeito ao esforço máximo dado por:

 2
Fbt  fyd
4

E que ab=2, virá:

  2 fyd  1 1 
m      2 0.5 
4 fcd  2  2  

O Quadro 12.3 resume os valores obtidos com a aplicação da expressão (12.9) para
diversas condições de posicionamento do varão a dobrar e diferentes tipos de materiais,
admitindo que no início da dobragem o varão está submetido ao esforço máximo.

12.12 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

Quadro 12.3 – Diâmetro mínimo do mandril (*) a fim de evitar a rotura do betão, Ø m,min.

fyk fck [MPa]


ab
[MPa] 12 16 20 25 30 35 40 45 50
2Ø 34Ø 26Ø 20Ø 16Ø 14Ø 12Ø 10Ø 9Ø 8Ø

400 4Ø 26Ø 19Ø 15Ø 12Ø 10Ø 9Ø 8Ø 7Ø 6Ø


8Ø 21Ø 16Ø 13Ø 10Ø 9Ø 7Ø 6Ø 6Ø 5Ø
2Ø 43Ø 32Ø 26Ø 20Ø 17Ø 15Ø 13Ø 11Ø 10Ø

500 4Ø 32Ø 24Ø 19Ø 15Ø 13Ø 11Ø 10Ø 9Ø 8Ø


8Ø 27Ø 20Ø 16Ø 13Ø 11Ø 9Ø 8Ø 7Ø 6Ø
2Ø 51Ø 38Ø 31Ø 25Ø 20Ø 18Ø 15Ø 14Ø 12Ø

600 4Ø 38Ø 29Ø 23Ø 18Ø 15Ø 13Ø 12Ø 10Ø 9Ø


8Ø 32Ø 24Ø 19Ø 15Ø 13Ø 11Ø 10Ø 9Ø 8Ø
*
( ) Admitindo a tracção máxima na armadura no início da parte curva.

12.9 Aderência

A aderência das armaduras ao betão é uma propriedade de fundamental importância que


interessa não apenas ao funcionamento conjunto do betão e do aço, mas também è
definição dos critérios de amarração e de emendas por sobreposição das armaduras. A
aderência é quantificada através de uma tensão de rotura de aderência, cujos valores
dependem das características de aderência das armaduras, da classe do betão e das
condições de envolvimento das armaduras pelo betão.

A Figura 12.16 ilustra o desenvolvimento das tensões de aderência num ensaio de


arrancamento (pull-out test) de um varão rectilíneo, de diâmetro Ø, ao qual se aplica
uma força de tracção Fs.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.13


Estruturas de Betão

Trajectórias de compressão
Ø
Fs

Trajectórias de tracção

lb,req

a) Trajectórias de tensão no modelo

Fs

0 lb,req x
b) Forças de tracção na armadura
fb
Diagrama real das tensões
de aderência
fbm
Valor médio das tensões de
aderência
0 lb,req x
c) Tensões de aderência
Figura 12.16 – Desenvolvimento das tensões de aderência num ensaio de arrancamento.

As tensões de aderência que se mobilizam na interface aço-betão (fb) permitem a


passagem sucessiva das tensões de tracção da armadura para o betão ao longo de um
dado comprimento de amarração. Em cada secção, a força de tracção na armadura é
dada pela expressão:

lb,req
Fs  0 fb  u  dx (12.10)

sendo:

u o perímetro do varão (Ø)

lb,req o comprimento de amarração de referência

Considerando o valor médio da tensão de aderência (fbm), conforme representado na


Figura 12.16, a expressão anterior pode simplificar-se do seguinte modo:

Fs  fbm  u  lb,req (12.11)

12.14 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

A tensão de aderência depende das características de aderência das armaduras


(actualmente no EC2 apenas são consideradas armaduras de superfície rugosa, ou seja,
de alta aderência), da classe do betão e das condições de envolvimento das armaduras
pelo betão, também designado por condições de aderência. Este último aspecto está
sobretudo relacionado com a posição do varão durante a betonagem e a dimensão das
peças a betonar. Por exemplo, a existência de espaços vazios ou poros, cuja formação é
mais propícia sob varões horizontais (ver Figura 12.17), devido sobretudo à segregação e
à acumulação de água, reduz significativamente a aderência.

Figura 12.17 – Formação de espaços vazios ou poros sob varões horizontais.

A Figura 12.18 resume os resultados de uma série de ensaios de arrancamento


efectuados sobre modelos em que se fez variar a posição da armadura, quer em relação
à direcção da betonagem (varões verticais e horizontais), quer na sua posição relativa no
modelo (junto à face superior e junto à face inferior). Verifica-se que nos modelos em
que os varões estão posicionados na mesma direcção da betonagem (direcção vertical)
obtém-se uma maior tensão de aderência. De entre os modelos com armadura na
posição horizontal, os que apresentam melhores resultados são aqueles em que os
varões estão localizados na zona inferior.

Figura 12.18 – Resultados de ensaios de arrancamento.

O EC2 distingue os varões que estão em condições de boa aderência dos que estão em
condições de fraca aderência, de acordo com o esquematizado na Figura 12.19. São

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.15


Estruturas de Betão

considerados em condições de boa aderência os varões que durante a betonagem


estejam nas seguintes condições:

 Formem com a horizontal um ângulo compreendido entre 45º e 90º;

 Estejam integrados em elementos cuja espessura na direcção da betonagem não


exceda 250mm;

 Em elementos com espessura superior a 250mm se situem a menos de 250mm


da face inferior ou a mais de 300mm da face superior.

Caso contrário, deve considerar-se que os varões estão em condições de fraca aderência.

h
 250mm

a) 45º ≤  ≤ 90º c) h > 250mm

300mm
h
h

b) h ≤ 250mm d) h > 600mm

Zona tracejada – condições de fraca aderência

Zona restante – condições de boa aderência

Figura 12.19 – Representação de condições de aderência.

O valor de cálculo da tensão de rotura da aderência, para varões de alta aderência, pode
ser considerado igual a:

fbd  2.2512 fctd (12.12)

em que:

fctd é o valor de cálculo da resistência do betão à tracção, que não deve ser
considerado superior a 6.2MPa;

1 é um coeficiente relacionado com as condições de aderência e com a


posição do varão durante a betonagem (ver Figura 12.19):

1 = 1.0 para condições de boa aderência

1 = 0.7 para condições de fraca aderência

12.16 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

2 é um coeficiente relacionado com o diâmetro do varão:

2 = 1.0 para Ø ≤ 32mm

2 = (132-Ø)/100 para Ø > 32mm

O Quadro 12.4 apresenta os valores de fbd obtidos a partir da expressão (12.12), para
condições de boa e de fraca aderência.

Quadro 12.4 – Valores de cálculo da tensão de rotura da aderência, fbd.

fck [MPa] 12 16 20 25 30 35 40 45 50

fbd A 1.7 2.0 2.3 2.7 3.0 3.4 3.7 4.0 4.3
[MPa] B 1.2 1.4 1.6 1.9 2.1 2.4 2.6 2.8 3.0
A – Condições de boa aderência; B – Condições de fraca aderência.

12.10 Amarração de armaduras longitudinais

As armaduras devem ser amarradas de modo a assegurarem uma boa transferência para
o betão das forças de aderência, evitando a fendilhação longitudinal ou o destacamento
do betão. Conforme adiante se referirá, poderá ser conveniente em certos casos a
utilização de armadura transversal de cintagem, melhorando o comportamento desta
zona de transmissão de esforços.

12.10.1 Tipos de amarração

Os tipos de amarração estão esquematizados na Figura 12.20. Podem ser por


prolongamento recto, amarrações curvas (por cotovelo, gancho ou laço) e por varão
transversal soldado. Este último caso interessa fundamentalmente às redes
electrossoldadas.

As amarrações curvas de varões comprimidos na vizinhança dos limites da peça podem


provocar o destacamento do betão de recobrimento ou potenciar a encurvadura das
armaduras dos pilares, conforme se esquematiza na Figura 12.21. Daí que as amarrações
de armaduras longitudinais sejam sempre por prolongamento recto, excepto nos casos
em que as armaduras estiverem sempre traccionadas, situação em que se admite a
possibilidade de utilização de ganchos ou de cotovelos.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.17


Estruturas de Betão

Amarração por
prolongamento recto

Cotovelo

Amarrações curvas
Gancho

Laço

Amarração com varão


transversal soldado (rede
electrossoldada)

Figura 12.20 - Tipos de amarração de armaduras.

Incorrecto:
Zona com Fs
perigo de
destaque

a) Risco de rompimento do betão b) Risco encurvadura de c) Amarração recta


varão em pilar recomendada

Figura 12.21 - Cotovelos ou ganchos inadequados para amarração de varões


comprimidos.

12.10.2 Comprimento de amarração de referência

O comprimento de amarração de referência, l b,req, é definido como o comprimento


necessário para amarrar a força Fs (ver Figura 12.16) instalada num varão recto,
admitindo uma tensão de aderência constante igual a fbd.

12.18 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

Seja a força de tracção aplicada num varão de diâmetro Ø dada por:

 2 (12.13)
Fs   sd 
4

onde:

sd representa o valor de cálculo da tensão de tracção na secção do varão a


partir da qual é medido o comprimento de amarração.

O valor da resultante que é possível mobilizar na interface aço-betão é dado por:

Fs      lb,rqd  fbd (12.14)

Igualando as expressões (12.13) e (12.14) virá:

  sd
lb,rqd   (12.15)
4 fbd

12.10.3 Comprimento de amarração de cálculo

O comprimento de amarração de cálculo, lbd, é dado pela expressão:

lbd  1  2  3  4  5 lb,rqd  lb,min (12.16)

onde:

1 a 5 são coeficientes que têm em atenção diversos factores que podem ser
favoráveis à amarração das armadura (ver 8.4.4 do EC2), como por
exemplo, a forma dos varões, o efeito do recobrimento de betão, da
cintagem com armaduras transversais ou eventual existência da pressão
ortogonal ao plano de fendilhação ao longo do comprimento da amarração;

lb,rqd é o comprimento de amarração de referência, dado pela expressão


(12.15);

lb,min é o comprimento de amarração mínimo dado por:

varões traccionados: lb,min > max{0.3lb,req; 10Ø; 100mm}

varões comprimidos: lb,min > max{0.6lb,req; 10Ø; 100mm}

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.19


Estruturas de Betão

12.10.4 Comprimento de amarração equivalente

Simplificadamente, e em substituição do comprimento de amarração de cálculo dado pela


expressão (12.16), pode adoptar-se o comprimento de amarração equivalente, lb,eq, dado
por:

lb, eq  1 lb,rqd , para varões (12.17)

lb, eq   4 lb,rqd , para redes electrossoldadas (12.18)

sendo:

1 = 0.7 para amarrações curvas em tracção (ver Figura 12.20)

1 = 1.0 nos restantes casos

4 = 0.7 desde que respeite a geometria especificada na Figura 12.20

O Quadro 12.5 resume os valores arredondados de l b,eq para varões, para diferentes
classes de betão, tipos de aço e condições de aderência, admitindo 1 = 1.0 e que a
armadura está sujeita à sua tracção máxima - sd=fyd na expressão (12.15). Estes
valores deverão ser multiplicados por 0.7 no caso de amarrações curvas em tracção.

Quadro 12.5 – Valores do comprimento de amarração equivalente, lb,eq.

fyk fck [MPa]


(*)
[MPa] 12 16 20 25 30 35 40 45 50
A 55Ø 45Ø 35Ø 30Ø 30Ø 25Ø 25Ø 20Ø 20Ø
400
B 75Ø 60Ø 55Ø 45Ø 40Ø 35Ø 35Ø 30Ø 30Ø
A 65Ø 55Ø 45Ø 40Ø 35Ø 30Ø 30Ø 25Ø 25Ø
500
B 95Ø 80Ø 65Ø 60Ø 50Ø 45Ø 40Ø 40Ø 35Ø
A 80Ø 65Ø 55Ø 50Ø 45Ø 40Ø 35Ø 35Ø 30Ø
600
B 115Ø 95Ø 80Ø 70Ø 60Ø 55Ø 50Ø 45Ø 45Ø
(*) A – Condições de boa aderência; B – Condições de fraca aderência.
Para amarrações curvas em tracção estes valores podem ser multiplicados por 1 = 0.7

12.10.5 Cintagem do betão

Na zonas de amarração da armadura longitudinal deve ser avaliada a necessidade de se


dispor de uma armadura de cintagem cuja finalidade é a de evitar a fendilhação
longitudinal devida às tracções transversais, ou devido ao rompimento do betão no topo
de um varão submetido à compressão.

No caso de amarração por prolongamento recto esta armadura deve ser prevista nas
seguintes situações:

12.20 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

 Amarração de varões traccionados, se não existe compressão transversal,


exemplo devida a reacção de apoio (ver Figura 12.22);

 Amarração de varões comprimidos, em todos os casos (ver Figura 12.23).

A armadura transversal utilizada para outros fins, como é o caso dos estribos em vigas e
das cintas nos pilares, é em geral suficiente para esta finalidade. Caso se pretenda a sua
quantificação, deve ser respeitado o previsto no EC2 em termos de áreas e de localização
de tais armaduras.

a) Armadura de cintagem necessária b) Armadura de cintagem dispensável


Figura 12.22 - Amarrações de armadura traccionada.

Figura 12.23 - Amarração de armadura comprimida.

As amarrações curvas quando traccionadas têm tendência a desfazer a curva e a


provocar o destacamento do betão de recobrimento (ver Figura 12.24), razão pela qual
se torna necessário nestes casos proceder à sua cintagem.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.21


Estruturas de Betão

cintas

Fs Fs

a) Perigo de destaque da armadura b) Solução de cintagem necessária


Figura 12.24 - Amarração curva em tracção.

12.10.6 Amarração de agrupamento de varões

Os agrupamentos de varões traccionados poderão ser interrompidos nos apoios de


extremidade e intermédios. Os agrupamentos com um diâmetro equivalente øn<32mm
poderão ser interrompidos junto de um apoio sem necessidade de desfasar a interrupção
de varões. Os agrupamentos com um diâmetro equivalente øn≥32mm, amarrados junto
de um apoio, deverão ter uma interrupção de varões desfasada na direcção longitudinal
como representado na Figura 12.25.

Quando os varões individuais têm amarrações desfasadas de uma distância superior a


1,3 lb,rqd (em que lb,rqd é determinado em função do diâmetro do varão), o diâmetro do
varão poderá ser utilizado na determinação de l bd (ver Figura 12.25). Caso contrário,
deverá ser utilizado o diâmetro equivalente do agrupamento, ø n.

Figura 12.25 - Amarração dos varões de um agrupamento com interrupções muito


desfasadas.

No caso de agrupamentos de varões comprimidos, não é necessária uma interrupção


desfasada dos varões. Para agrupamentos com um diâmetro equivalente øn≥32mm,
deverão utilizar-se pelo menos quatro cintas com um diâmetro ≥12mm nas extremidades
do agrupamento. Além disso, deverá utilizar-se uma cinta adicional imediatamente a
seguir à secção de interrupção do varão.

O Quadro 12.6 resume as regras expostas para a interrupção nos apoios de


agrupamentos de varões.

12.22 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

Quadro 12.6 – Amarração de agrupamento de varões.

Esforço no Diâmetro do Diâmetro a usar


Desfasamento Cintagem
agrupamento agrupamento no cálculo de lbd
Øn<32mm Sem necessidade Øn —

Tracção Ø (diâmetro de
Desfasar conforme
Øn≥32mm cada varão —
Figura 12.25
interrompido)
Øn<32mm —

Compressão Dispor 4+1 cintas


Sem necessidade Øn Ø≥12mm na
Øn≥32mm
extremidade do
agrupamento

12.11 Amarração de cintas e de armaduras de esforço transverso

A amarração de cintas e de armaduras de esforço transverso é em geral efectuada por


meio de cotovelos ou ganchos, conforme esquema da Figura 12.26. No interior do
gancho ou cotovelo deverá ser sempre colocado um varão.

Figura 12.26 - Amarração de cintas e de armadura de esforço transverso.

12.12 Outros tipos de amarração

Outros tipos de amarração estão previstos no EC2, ainda que de utilização menos
frequente, como a amarração por meio de varões soldados e através de dispositivos
mecânicos.

12.13 Emendas por sobreposição

A transmissão dos esforços de um varão para outro é realizada por:

 Sobreposição de varões, com ou sem cotovelos ou ganchos (ver Figura


12.27);

 Soldadura;

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.23


Estruturas de Betão

 Dispositivos mecânicos que asseguram simultaneamente a transferência dos


esforços de tracção e de compressão ou apenas de compressão.

Figura 12.27 – Sobreposição de varões por prolongamento recto (a), gancho (b) e
cotovelo (c).

De entre estas soluções de emenda, a sobreposição de varões é a mais correntemente


utilizada. As sobreposições devem ser tais que:

 Assegurem a transmissão dos esforços de um varão para outro (ver Figura


12.28);

 Evitem o destacamento do betão na vizinhança das emendas;

 Evitem a ocorrência de fendas largas que prejudiquem o desempenho da


estrutura.

12.24 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

PLANTA CORTE

Bielas comprimidas de betão


delimitadas por fendas inclinadas

l0
Armadura transversal
necessária ao equilíbrio

Figura 12.28 – Transmissão de forças entre varões numa emenda por sobreposição.

Em regra, as sobreposições deverão ser desfasadas e não ficar localizadas em zonas de


momentos/esforços elevados e ser dispostas de maneira simétrica na secção.

A disposição de varões sobrepostos deverá ser conforme à Figura 12.29:

 A distância livre entre as emendas de varões não deverá ser superior a 4ø ou


50mm, caso contrário o comprimento de sobreposição deverá ser aumentado
de um comprimento igual à distância livre entre os varões;

 A distância na direcção longitudinal entre duas sobreposições adjacentes não


deverá ser inferior a 0.3 vezes o comprimento de sobreposição, l 0;

 No caso de sobreposições adjacentes, a distância livre entre varões


adjacentes não deve ser inferior a 2ø ou 20mm.

Nas condições expostas, a percentagem admissível de varões traccionados sobrepostos


numa mesma secção poderá ser de 100%, desde que todos os varões estejam dispostos
numa mesma camada (ver Quadro 12.7). No caso de os varões estarem dispostos em
várias camadas, aquela percentagem deverá ser reduzida para 50 %. Todos os varões

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.25


Estruturas de Betão

comprimidos e as armaduras secundárias (de distribuição) poderão ser sobrepostos


numa única secção.

Figura 12.29 – Sobreposições adjacentes.

Quadro 12.7 – Percentagem admissível de varões sobrepostos numa mesma secção.

Disposição dos % admissível de


Armaduras
varões varões sobrepostos
Numa só camada 100%
Armaduras Varões traccionados
Em várias camadas 50%
principais
Varões comprimidos Sem limitação 100%
Armaduras secundárias Sem limitação 100%

12.13.1 Comprimento de sobreposição

O comprimento de sobreposição é dado por:

l0  1  2  3  5  6 lb,rqd  l0,min (12.19)

Em que os parâmetros 1, 2, 3, 5, e lb,rqd têm o significado referido anteriormente, l0,min
é dado por:


l0,min  max 0.3 6 lb,rqd; 1 5; 2 0 0mm  (12.20)

E 6 é dado por:

l (12.21)
6 
25

Com,

1.0  6  1.5 (12.22)

Sendo l a percentagem de varões emendados a uma distância inferior a 0.65l0 da secção


média de sobreposição considerada (ver Figura 12.30). O Quadro 12.8 resume os valores

12.26 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

de 6 por aplicação das expressões (12.21) e (12.22). Valores intermédios poderão ser
obtidos por interpolação.

II
III

IV

A – secção considerada
Neste exemplo as emendas dos varões II e III estão fora
da secção considerada, pelo que l=50% e 6=1.4

Figura 12.30 – Percentagem de sobreposições a considerar numa dada secção de


sobreposição.

Quadro 12.8 – Valores do coeficiente 6.

Percentagem de varões sobrepostos em


<25% 33% 50% >50%
relação à área total da secção transversal
6 1 1.15 1.4 1.5

Note-se que na expressão (12.19) será conservativo considerar unitários os parâmetros


1, 2, 3, 5, pelo que poderá ser reescrita do seguinte modo:

l0  6 lb,rqd  l0,min (12.23)

O valor assim obtido poderá eventual ser multiplicado por 0.7 no caso de sobreposições
curvas em tracção (situação em que 1=0.7)

12.13.2 Armadura transversal em zonas de sobreposição

Nas sobreposições é necessário dispor de uma armadura transversal para resistir às


forças transversais geradas

Varões traccionados – sem necessidade de armadura específica

Quando o diâmetro, ø, dos varões sobrepostos é inferior a 20mm, ou quando a


percentagem de varões sobrepostos em qualquer secção é inferior a 25%, considera-se,

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.27


Estruturas de Betão

sem outras justificações, que as armaduras transversais necessárias por outros motivos
são suficientes para equilibrar as forças de tracção transversais.

Varões traccionados – com necessidade de armadura específica

Quando o diâmetro, ø, dos varões sobrepostos for igual ou superior a 20mm, a armadura
transversal deverá ter uma área total, ΣAst (soma de todos os ramos paralelos à camada
dos varões emendados) não inferior à área As de um dos varões da sobreposição
(ΣAst ≥ 1.0As). Os varões transversais deverão ser colocados perpendicularmente à
direcção da sobreposição e entre esta e a superfície do betão.

Se mais de 50% das armaduras estiverem sobrepostas numa determinada secção e a


distância, a, entre sobreposições adjacentes numa secção for ≤10ø (ver Figura 12.29),
as armaduras transversais deverão ser constituídas por cintas, estribos ou ganchos
amarrados no interior da secção.

Esta armadura transversal deverá estar localizada nas secções extremas da


sobreposição, como representado na Figura 12.31a.

a) Varões traccionados b) Varões comprimidos

Figura 12.31 – Armadura transversal para emendas por sobreposição.

O Quadro 12.9 resume as regras a que devem respeitar as transversais em zonas de


sobreposição de varões traccionados.

Quadro 12.9 – Armadura transversal em zonas de sobreposição.

Armadura da sobreposição Armadura transversal


Ø<20mm
Outras armaduras transversais existentes são suficientes
l<25%
ø≥20mm Varões transversais
ΣAst ≥ 1.0As
l>50% Cintas, estribos ou ganchos

12.28 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

Varões comprimidos permanentemente – regra complementar

Adicionalmente às regras relativas a varões traccionados, deverá ser colocado fora de


cada extremo da sobreposição, e a uma distância inferior a 4ø das suas extremidades,
um varão da armadura transversal (ver Figura 12.31b).

12.13.3 Sobreposição de agrupamento de varões

Em sobreposições de agrupamento de varões, o comprimento de sobreposição l0 deverá


ser calculado de acordo com o exposto anteriormente (expressões (12.19) e seguintes),
utilizando como diâmetro o diâmetro equivalente do agrupamento (Øn).

Para agrupamentos de dois varões com um diâmetro equivalente Øn<32 mm, os varões
poderão ser sobrepostos sem desfasamento. Neste caso, o diâmetro equivalente deverá
ser utilizado para calcular l0.

Para agrupamentos constituídos por dois varões com um diâmetro equivalente Øn≥32mm
ou por três varões, a interrupção de cada varão deverá ser desfasada na direcção
longitudinal de, pelo menos, 1.3l0, como representado na Figura 12.32, em que l0 é o
comprimento de sobreposição para um varão. Neste caso, é utilizado um quarto varão
(varão nº 4) como o varão de sobreposição. É necessário assegurar que não há mais do
que quatro varões em qualquer secção de sobreposição. Os agrupamentos com mais de
três varões não deverão ser sobrepostos.

Figura 12.32 – Emenda por sobreposição de varões em tracção, incluindo um quarto


varão.

O Quadro 12.10 resume as regras expostas para a sobreposição de agrupamento de


varões.

Quadro 12.10 – Sobreposição de agrupamento de varões.

Diâmetro a usar no
Geometria do agrupamento Desfasamento
cálculo de l0
Øn<32mm Sem necessidade Øn
2 varões
Øn≥32mm Desfasar de pelo menos 1.3l0, Ø (diâmetro da cada
3 varões conforme Figura 12.32 varão)

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.29


Estruturas de Betão

12.14 Sobreposições de redes electrossoldadas de fios de alta aderência

12.14.1 Sobreposições da armadura principal

Nas situações em que se utilize redes electrossoldadas como armadura principal devem
ser observadas nas sobreposições as regras previstas no EC2.

12.14.2 Sobreposições das armaduras secundárias ou de distribuição

Todas as armaduras secundárias poderão ser sobrepostas numa mesma secção. Os


valores mínimos do comprimento de sobreposição l0 são dados no Quadro 12.11; o
comprimento de sobreposição de dois varões secundários deverá cruzar dois varões
principais. A Figura 12.33 concretiza para o caso da sobreposição de fios com diâmetro
inferior a 6mm.

Quadro 12.11 – Comprimentos de sobreposição de fios em armaduras secundárias.

Diâmetro dos fios


Comprimentos de sobreposição
secundários [mm]
≥150mm
ø≤6
≥2 varões principais no comprimento de sobreposição
≥250mm
6<ø≤8.5
≥3 varões principais no comprimento de sobreposição
≥350mm
8.5<ø≤12
≥3 varões principais no comprimento de sobreposição

2 varões na
direcção principal

Fs
Fs

ø≤6
l0≥150m
m
Figura 12.33 – Sobreposição de fios em armaduras secundárias para ø≤6mm.

12.15 Bibliografia

NP EN 1992-1-1 (2010) – Eurocódigo 2: Projecto de estruturas de betão. Parte 1-1:


Regras gerais e regras para edifícios. Instituto Português da Qualidade.

E 469 (2006) – Espaçadores para armaduras de betão armado. LNEC.

12.30 Departamento de Engenharia Civil


Disposições gerais relativas a armaduras

NP ENV 13670 (2007) – Execução de estruturas de betão. Parte 1: Regras gerais.


Instituto Português da Qualidade.

Traité de Génie Civil. Volume 7: Dimensionnement des Structures en Béton. Bases et


technologie. René Walther e Manfred Miehlbradt. Ecole Polytechnique Fédérale de
Lausanne. Presses Polytechniques et Universitaires Romandes. 1990.

Construções de Concreto. Volume 3: Princípios básicos sobre a armação de estruturas de


concreto armado. F. Leonhardt e E. Monnig. Editora Interciência, Lda. 1978.

Betão Armado. Armaduras. Volume I – Aspectos gerais. J. D’Arga e Lima. LNEC. 1988.

Nova Regulamentação de estruturas. Disposições relativas a elementos estruturais.


Joaquim A. Figueiras. FEUP, 1987.

Instituto Superior de Engenharia do Porto 12.31

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