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27 de Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira

APOSTILA Nº. 14/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 54 PAGINAS.

Estudo Sobre a Ética Crista


Parte – I
A ÉTICA NA FORMAÇÃO PASTORAL
A batalha pelo ser humano, nesta era pós cristã, dar-se-á no campo da ética. Não
só porque o que está em pauta é a questão das finalidades, mas, também, porque
é único campo onde as forças pró ser humano podem travá-la. A globalização já
decidiu o rumo da vida humana nos campos econômicos e sociais, a sociedade já
está estruturada de modo irreversível, independente das forças que assumam o
poder nas nações, pois, o que está em curso é supra-nacional. Resta, portanto, o
campo da ética.

Julio Santa Ana, in Tempo e Presença, n# 295 em seu artigo "Ética, cinco anos
depois...",nos dá um quadro sobre a questão ética nos relacionamentos
internacionais: 1- o crescimento da economia mundial e o desenvolvimento
tecnológico já permitiria a diminuição da carga horária para os trabalhadores,
permitindo mehor desfrute do progresso, os empresários, entretanto, optaram pela
despensa de funcionários e, mais que isso, pela exclusão do mercado de toda
uma massa de trabalhadores ; 2- no plano geopolítico, os Estados Unidos da
América, dada sua inquestionável superioridade bélica, tornaram-se o xerife do
mundo: estão em condições de intervir em qualquer conflito mundial, garantindo,
assim, um clima de paz, porém, só o fazem de acordo com os seus interesses
particulares; 3- a cultura que está sendo disseminada é a mass media, a cultura
da classe dominante mundial - sobreviverá o movimento cultural que se adaptar,
que se inserir.

Regis de Morais, in Tempo e Presença, n# 295 no escrito "Retomar a ética à luz


de nosso tempo", reitera que a batalha a ser travada é ética: "a proscrita de
grande parte do século XX - a ética - voltou agindo discretamente. Discreta, mas
eficientemente." diz ele. Insiste que esse é o caminho da esperança: "Nenhuma
hora é hora de desistir. Sempre repito que nós podemos ter tentado muitas

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 1


alternativas, mas, com certeza não tentamos todas." Descreve, em relação ao
Brasil, um quadro positivo, que passa pela deposição de um presidente da
república, pelo fortalecimento sindical, pela indignação frente ao desmando
político, pela reação frente a absurdos como as chacinas e atos estúpidos como o
assassinato de Galdino: o índio patachó. Declara que essa batalha tem uma nova
e decisiva frente: a questão das drogas. Por quê declara que tudo isso é questão
ética? Porque ética - ethos, em grego - designa a morada do homem, não é algo
pronto, porém, é a busca de construir um abrigo permanente onde o homem se
realize plenamente - ambiente que faça jus ao termo humano. Esta batalha
encerra a busca de soluções estruturais e de conversões pessoais.

Luiz Alberto Gómez de Souza, in Tempo e Presença, n# 295 em "O legado de


Betinho: a ética na política" chama-nos a atenção para o grande soldado pela
ética surgido em solo pátrio, Betinho, mostrando como a opção deste pela
sociedade, num projeto suprapartidário despertou a nação para a consciência da
possibilidade de construir uma sociedade iqualitária, participativa, livre, diversa e
solidária a partir da adoção de uma ética que estabelece o sentido do público
como a busca do bem de todos e subordina o direito de alguns aos direitos da
maioria. Deixou claro que esse é um caminho longo, que tem de ser percorrido
com liberdade, principalmente, em relação às amarras que impõe formas restritas
de encaminhamento da coisa pública, como os partidos políticos, numa
consciência de que política é um exercício de vida que se baseia na crença de que
a sociedade não está presa às garras de nenhum tipo de fatalismo, o que torna
possível sonhar com transformações sociais profundas.

Manfredo Araújo de Oliveira, in Tempo e Presença n# 295 no texto "Os dilemas


éticos de uma economia de mercado" - afirma que "desemprego estrutural, crise
ecológica e nova problemática da relação norte-sul são problemas extremamente
sérios que revelam com toda a clareza, a dramaticidade dos dilemas éticos de
uma economia de mercado capitalista. Se não formos capazes de entrentar esses
dilemas, talvez a sobrevivência do ser humano em nosso planeta se torne
impossível." Isto porque desde Hobbes, a economia de mercado passou a ser
considerada um sistema neutro de produção de riqueza onde a justa distribuição
desta não está em pauta. Essa lógica cruel gerou um nível de desigualdade social
insuportável, fragilizou as economias emergentes, como, estarrecidos, estamos
assistindo, comprometeu o ecosistema. Estamos frente a um dilema básico: "a
relação entre eficiência e justiça: uma batalha ética.

Todas essas contribuições nos remetem para a necessidade da ética na formação


pastoral, pois, como agente propagador e construtor do Reino de Deus, o pastor é,
eminentemente, um propalador da ética, ou, talvez, devessemos dizer de éticas. O
Reino de Deus se propõe a ser a casa do homem onde o humano se concretiza.
José Adriano Filho, em seu texto: "Denúncia dos causadores da ruína do povo"
(Tempo e Presença n# 295) chama atenção para o fato de que o movimento
profético dos séculos VIII e VII A.C. caracterizou-se, marcadamente, por essa
pregação ética levada a efeito por meio da denúncia que, evocando o pacto, fazia
lembrar a nação que o Deus da Bíblia é o Deus dos e pró pequeninos. Além da

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denúncia, o pastor deve compreender que o pastorado, mais do que o cuidado
pastoral da ovelha, enquanto indivíduo, tem de se caracterizar pela construção de
modelos comunitários que exemplifiquem o que deve ser a casa do homem, isto é,
que sejam paradigmas éticos. "Não se pode esconder uma cidade edificada sobre
o monte" (mt 5.14), disse Jesus. O mesmo que, reiteradas vezes, pronunciou: "eu,
porém, vos digo" numa campanha pela compreensão da ética proposta por Deus.

O pastor precisa aprender que atuação da igreja passa pela proposição de


caminho que oriente o ser humano em seu devir pessoal e social. Que soberania
divina, eleição, predestinação não têm nada a ver com fatalismo ou determinismo.
O ser humano é co-agente da história, por isso será julgado. O homem é
responsável. É preciso compreender o papel da graça comum, que torna a vida e
o progresso possíveis enquanto se desenrola a história da salvação. Ainda que a
perfeição não seja passível de ser alcançada, a melhoria, o aprimoramento social
o é. A salvação tem de ser apreendida em seu papel social, pois salvação é
sempre para e não apenas por.
A ética tem de ocupar papel preponderante na formação pastoral, além do
exposto, por ser categoria teleológica, ou seja, por fazer parte do capítulo que
trata das finalidades. Por quê e para o que somos. E esta é a matéria prima da
teologia, esta só existe na forma que a conhecemos porque o ser humano perdeu
a capacidade de responder essa questão. É claro, portanto, que o ministério
pastoral é pró-ética, uma vez que não faria sentido falar de conversão se não
houvesse para onde ir, ou melhor para onde voltar. É claro, também, que isso
afeta o todo humano: o indivíduo, a sociedade, a política, a economia, a cidade, o
campo - todos os componentes do ethos, da casa humana.

O evangelho que ora assistimos é antiético, não constrói casa alguma, na medida
que promove o individualismo alienante, a irresponsabilidade social e histórica,
nesse sentido atenta contra a solidariedade e, quando age socialmente, opta pelo
paternalismo da assistência social que não conscientiza, não desperta
companheirismo e comunidade, nem promove libertação. Não se dá conta de que
há uma ação perversa de alienação em curso, cujo objetivo é fazer os pequeninos
converterem-se não só aos seus opressores como aos meios de opressão;
realidade, essa, muito bem retratada por Chico Buarque na letra:

"A novidade que há no brejo da cruz,


são as crianças se alimentarem de luz.
(...)
Mas há milhões desses seres que se disfarçam tão bem.
Ninguém pergunta de onde essa gente vem.
(...)
Já não se lembram que há um brejo da cruz,
que eram crianças, e que comiam luz."

Ou a ética faz parte da educação teológica ou teremos um evangelho antiético,


antihistória e escravizador por individualista que será.

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Parte II
ÉTICA NA CAPTAÇÃO DE RECURSOS
 
Autor(a): PR. LUIZ ROBERTO FRANÇA DE MATTOS
Doar dinheiro é uma coisa fácil e está dentro do poder de qualquer ser humano.
Mas decidir a quem, quanto, quando e para que propósito doá-lo não está dentro
do poder de cada pessoa, nem é uma coisa fácil. (Aristóteles, Ética a Nicômaco)

Resumo

O processo de captação de recursos pode ser a fonte de sérios dilemas morais


relacionados à missão da organização que se beneficia dos fundos, ao captador
de recursos e até mesmo à relação entre a primeira e este último.

A perspectiva antropológica - básica para a captação de recursos - que vê seres


humanos como capazes de realizar bons atos morais e de ter um caráter virtuoso
deveria ser considerada como fundamentada na Escritura e na teologia reformada.
Conseqüentemente, tanto esta perspectiva quanto a filantropia deveriam ser
valorizadas e incentivadas. A captação de recursos requererá uma ênfase no
diálogo e no cultivo de virtude por parte daqueles lidando com suas questões
morais inerentes. Tal ênfase, entretanto, não significa que se deva descartar um
modelo deontológico baseado na lei moral revelada na Escritura, e mais
especificamente no Decálogo, como o fundamento das decisões morais. O
compromisso - e mesmo a submissão - a tal moralidade deontológica permitiria o
desenvolvimento de uma ética de captação de recursos que evitaria a adoção de
sistemas éticos alternativos em que decisões morais são tomadas primariamente
com base na situação e no thelos a ser alcançado.

PALAVRAS-CHAVE:

antropologia, captação de recursos, deontologia, ética, virtude.

Introdução

A credibilidade do mercado financeiro internacional foi duramente afetada no ano


de 2002 com os escândalos envolvendo a Enron, a Andersen, a WorldCom e a
Tyco International, entre outras empresas. A Enron, outrora a sétima maior
companhia dos Estados Unidos, comprava eletricidade dos produtores e a
revendia aos consumidores, utilizando-se, por vezes, de suas parcerias no exterior
para mascarar problemas financeiros e continuar recebendo dinheiro e crédito. Na
esteira da Enron, a Andersen foi envolvida numa crise de proporções gigantescas.
Uma das cinco maiores firmas de auditoria do mundo, a Andersen era responsável
por auditar as contas da Enron, uma das empresas preferidas de Wall Street.
Porém, paralelamente, a Andersen atuava como consultora da Enron,
desenvolvendo uma atividade que envolvia um claro conflito de interesses e um
problema moral, se não legal.

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Não se deve supor, porém, que as ações censuráveis que ganharam a atenção da
mídia constituam-se em paradigmas da realidade do mercado. Em sua obra
Beyond Integrity: A Judeo-Christian Approach to Business Ethics, Scott B. Rae
and Kenman L Wong demonstram que este é apenas um lado da história. Dois
notáveis exemplos de ações moralmente louváveis - a decisão de Aaron
Feuerstein de reconstruir sua tecelagem após um incêndio que a reduziu a cinzas,
duas semanas antes do Natal de 1995 e a determinação da Companhia
Farmacêutica Merck & Co. de destinar US$ 20 milhões de seu orçamento anual
para a produção e envio do remédio para a cura de uma doença ribeirinha -
demonstram que "há muitas corporações... cujas declarações de missão e ações
assemelham-se às dos cidadãos mais louváveis."

A preocupação com o estudo da moralidade no contexto da economia de mercado


tem suscitado amplo interesse com a publicação de uma literatura especializada
no campo da Ética dos Negócios. Contudo, uma avaliação da bibliografia
disponível neste campo revela uma atenção ainda reduzida ao tópico do interesse
específico deste artigo, a saber, a Ética na Captação de Recursos. Duas das
exceções à regra são as obras de Marilyn Fischer e de Albert Anderson.

Após conceituar alguns termos fundamentais, oferecer indicações da relevância


do assunto e identificar áreas de tensão moral existentes na captação de recursos
numa primeira seção, analisar-se-ão algumas pressuposições antropológicas
relacionadas à prática do levantamento de recursos com fins filantrópicos à luz do
ensino da Escritura e de alguns documentos da teologia reformada. Uma breve
discussão de alternativas ao modelo proposto por Fischer - Ética como Narrativa -
será desenvolvida na terceira seção deste artigo, concluindo que um modelo
deontológico, associado à ênfase à virtude, evitaria alguns dos dilemas morais em
que a proposta de Fischer parece incorrer.

Captação de Recursos: Resumo

Terminologia, Relevância do Assunto e Áreas de Tensão Moral


A captação de recursos é definida por Custódio Pereira como "uma sofisticada
arte que é freqüentemente descrita como a mais sofisticada de todas as formas de
relações públicas." Esta atividade, realizada na maioria das vezes de maneira
amadora e improvisada no Brasil, constitui o chamado "terceiro setor" da
economia que engloba organizações filantrópicas e outras organizações sem fins
lucrativos.

Filantropia, entende Fischer, "é provavelmente melhor descrita listando o que ela
tem feito do que tentando oferecer uma definição unificada." A autora apela para a
obra de O'Connell intitulada Philanthropy in Action [Filantropia em Ação] para
identificar as múltiplas áreas promovidas pela filantropia, a saber, a descoberta de
novas fronteiras do conhecimento, o apoio e o encorajamento da excelência, a
capacitação de pessoas para o exercício de seu potencial, o alívio da miséria
humana, a preservação e a otimização do governo e instituições democráticas, a
melhoria da vida comunitária, o nutrimento do espírito, a criação de tolerância,

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entendimento e paz entre as pessoas e, finalmente, a preservação da memória
dos mortos. Em suma, filantropia diz respeito a "criar e sustentar comunidades -
comunidades de lugar, de escolha, de propósito, de compromisso, de interesse."
Ainda que se possam oferecer definições alternativas para filantropia, sua
importância pode ser percebida simplesmente atentando para o valor a ela
atribuído por Aristóteles. Ao lado da justiça, a filantropia é considerada como a
única outra virtude moral fundamental para o bem-estar humano. O objetivo de
organizações filantrópicas é, portanto, "a promoção de um propósito público, a
melhoria do bem comum."

Estima-se que o terceiro setor movimentou R$ 12 bilhões e gerou 1,7 milhão de


empregos no Brasil, em 1999, números que embora expressivos tornam-se
insignificantes se comparados à realidade norte-americana. Segundo Pereira, No
ano de 2000, os americanos doaram 203,45 bilhões de dólares para instituições
sem fins lucrativos, o que representou um aumento de 6,6% em relação ao ano
anterior... Esses números mostram a relevância das doações e o interesse que os
americanos vêm demonstrando em apoiar a ação social, a arte e a cultura, a
saúde e a educação.

Falta de conhecimento do assunto, ausência de literatura, de dados estatísticos e


de informações acuradas sobre como captar recursos, bem como de métodos
adequados, de estímulo, de incentivos fiscais, e de credibilidade das instituições
beneficiadas são alguns dos fatores listados como responsáveis pela diferença
significativa entre o volume de recursos captados nos Estados Unidos e no Brasil.
Merece destaque, porém, o fato de que em 1999 já existiam no Brasil 250 mil
ONG's e 14 mil fundações, a maioria delas criada nos últimos 16 anos. O potencial
de recursos para investimento em causas filantrópicas é também significativo. A
necessidade da discussão da Ética na Captação de Recursos se evidencia tanto a
partir de exemplos contemporâneos quanto do passado. Em 1996, o Conselho
Nacional de Igrejas nos Estados Unidos (NCC) lançou uma campanha para
captação de recursos visando a reconstrução de igrejas queimadas, a maioria das
quais usadas por congregações negras ou miscigenadas. Esta campanha
levantou mais de US$ 9 milhões em doações e empréstimos de diversas fontes,
desde fundações até indivíduos. A despeito do sucesso na captação de recursos,
The Wall Street Journal publicou um artigo de primeira capa, em sua edição de 9
de agosto de 1996, denunciando que o NCC vinha lutando com dificuldades para
levantar dinheiro para programas de justiça racial, mas ao conectar os incêndios
com a ação "orquestrada de grupos de supremacia branca, levantou mais dinheiro
mais rapidamente do que o fez em qualquer causa anterior." O mesmo artigo,
acrescenta o articulista do The Christian Century, questionava o uso da
contribuições pelo NCC, suspeitando que parte do dinheiro estivesse sendo usado
para outros propósitos além da reconstrução das igrejas. A Secretária Geral do
NCC respondeu às denúncias afirmando que 85% do montante levantado seria
usado na reconstrução e 15% em programas relacionados ao racismo, com base
no seguinte argumento: "Devemos assumir uma abordagem holística a menos que
desejemos reconstruir igrejas somente para vê-las queimar novamente. Nós
queremos que os ataques às igrejas motivados pelo ódio parem." A despeito do

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arrazoado do NCC, a denúncia feita pelo The Wall Street Journal levanta um
questionamento moral legítimo: A utilização (parcial) dos recursos levantados com
uma finalidade específica - a reconstrução de igrejas queimadas - em outro fim
apenas indiretamente relacionado ao propósito específico alegado para o
levantamento é moralmente permissível? Esta questão aponta para uma das
áreas em que problemas morais podem ocorrer na captação de recursos, a saber,
nas relações entre captadores de recursos e doadores. Outros exemplos
contemporâneos poderiam ser facilmente multiplicados. Não obstante, um
exemplo clássico de uma captação de recursos bem sucedida é suficiente para
demonstrar de modo indiscutível a importância da definição de princípios para que
tal captação seja moralmente legítima. No século XVI, John Tetzel destacou-se
como um captador de recursos extraordinariamente bem sucedido através da
venda de indulgências. O reconhecimento da doação era feito através de um
documento da Igreja Católico-Romana garantindo o perdão de pecados para o
próprio doador ou para alguém em favor de quem a doação era feita. O moto de
Tetzel era; "Tão logo a moeda alcança o fundo do cofre, a alma emerge do
purgatório."

Por que a formidável captação de recursos promovida por Tetzel deveria ser
considerada moralmente reprovável? Simplesmente porque os recursos
levantados feriam a missão fundamental da Igreja, a saber, ser instrumento para a
salvação de almas. A missão da organização que capta os recursos é, portanto,
uma segunda área de tensão moral.

Não é difícil imaginar situações em que a falta de integridade pessoal do captador


de recursos seja responsável por problemas morais quer pela omissão ou
distorção de informações quanto à missão da organização, quer pela aceitação de
recursos que firam a missão da mesma. Não é o propósito deste artigo aprofundar
a discussão de problemas específicos relacionados a cada uma destas áreas de
tensão, a saber, na (in)definição da missão da organização, nas relações
profissionais entre doador e captador, e na falta de integridade pessoal do
captador.

É conveniente, porém, destacar que Fischer observa com propriedade que


"dificuldades éticas geralmente envolvem falta de alinhamento entre a missão da
organização e as decisões diárias." Olhando para o ensino da Escritura acerca do
assunto, constata-se que o Novo Testamento menciona ao menos um exemplo de
captação de recursos. Porém, a falta de maiores informações a respeito do evento
recomenda cautela em sua utilização, exceto talvez para afirmar a preocupação
de Paulo, no sentido de que a idoneidade moral do agente que encaminharia a
oferta levantada pelas igrejas da Macedônia para os pobres da Judéia - Tito,
recomendado como "o irmão cujo louvor no evangelho está espalhado por todas
as igrejas" (2 Coríntios 8:18), garantisse a transparência do processo de captação
e envio dos recursos.

Pressuposições Antropológicas Envolvidas na Captação de Recursos Na


identificação de algumas pressuposições antropológicas envolvidas na captação

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de recursos, recorrerei primariamente à obra de Fischer, Ethical Decision Making
in Fund Raising. É minha convicção que as características por ela atribuídas ao
ser humano expressam um entendimento comum do assunto do ponto de vista da
filantropia.

Fischer inicia o primeiro capítulo de seu livro com um parágrafo destinado ao seu
público-alvo que revela alguns de suas pressuposições antropológicas. Segundo a
autora:

Este livro é escrito para captadores de recursos trabalhando para organizações


filantrópicas e para outras organizações que apreciam a filantropia como um modo
de criar e de enriquecer a vida comunitária. A maioria dos que se enquadram
nesta descrição são pessoas compassivas, honestas e decentes, que já têm
considerável perícia em tomar decisões éticas e agir de maneiras que
demonstram sensibilidade ética. Eles já se esforçam por serem confiáveis, para
agir com integridade e tratar outros com decência e respeito.

O objetivo de Fischer é "entremear tecidos organizacionais de modo que pessoas


de decência e coragem usuais possam se sair bem." A mesma idéia é retomada
pouco adiante nos seguintes termos:

Meu alvo neste livro é ajudar pessoas de decência e coragem usuais a alcançar
seus propósitos, ajudá-las a construir organizações em que santidade não é um
requisito para o sucesso, mas onde possuir decência e coragem usuais é
suficiente.

Logo, Fischer crê que seres humanos são capazes de agir com honestidade,
decência e coragem, inclusive criando modelos sócio-economicos alternativos-
como o das Ilhas Trobriand (vide nota de rodapé 12) - onde um sistema serial de
presentes oferecidos ao próximo convive com a economia de mercado e estimula
o bem-estar comunitário sem um propósito egocêntrico.

Mais do que meros seres biológicos vinculados a um meio-ambiente físico, seres


humanos usam as artes, a cultura e símbolos religiosos e culturais como parte do
processo de descoberta de sua própria identidade, e são capazes do exercício de
virtudes como altruísmo, generosidade, caridade, compaixão, gratidão,
mutualidade e integridade. Fischer se refere a virtudes no sentido Aristotélico do
termo, como "características permanentes e estáveis da personalidade."

De modo a evitar um alongamento inconveniente deste ensaio, apenas duas das


virtudes mencionadas serão objeto de atenção, a saber, altruísmo e integridade.
Por que seres humanos agem com altruísmo em determinadas situações? Por que
circunstancialmente se dispõem até a sacrificar suas próprias vidas por outros
seres humanos? Fischer lança mão de uma obra de Kristen Renwick Moroe (The
Heart of Altruism: Perceptions of a Common Humanity [O Coração do Altruísmo:
Percepções de uma Humanidade Comum] para responder estas questões.
Segundo ela, o fundamento de uma postura altruísta é simplesmente a

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consciência de que todo indivíduo co-participa de uma "humanidade comum." Isto,
contudo, não responde à questão por quê determinadas pessoas - talvez a maioria
- não reage com altruísmo seja ante o drama dos judeus na guerra, seja diante de
necessidades básicas de seus semelhantes. Falta-lhes percepção racional ou
intuição acerca de sua humanidade comum? Independentemente da resposta a
esta questão, o fato permanece que uma parcela de seres humanos reage com
altruísmo ante determinadas necessidades.

Seres humanos em geral - e captadores de recursos em particular - devem cultivar


integridade pessoal, acrescenta Fischer. Integridade é definida tanto como
harmonia da alma e fidelidade a ideais, quanto como o exercício de uma
responsabilidade confiável e flexibilidade.

Em sua discussão de integridade como virtude a ser desenvolvida, Fischer


apresenta duas faces intrinsecamente conflitantes. Primeiro, integridade é definida
em termos individuais. Em suas palavras, integridade "é o mais próximo que
[alguém] se aproxima de identificar a qualidade moral de si mesmo, de seu próprio
companheiro absoluto... Você é aquele perante quem você é em última análise
responsável." Complementarmente, integridade também é definida em termos
sociais. Fischer parece endossar a tese proposta por Jane Addams de que
devemos "afastar nosso foco de nossa inteireza [ou integridade] individual,
concentrando-o em nossas atividades em conexão com outras pessoas." Assim,
conclui Fischer:

Nós necessitamos de um modo de entender integridade que nos faça sentido


quanto às nossas vidas como seres sociais com múltiplas identidades, vivendo em
múltiplas comunidades e com múltiplos compromissos com outras pessoas.

O exemplo para o qual Fischer apela é elucidativo, ainda que perturbador. Ela cita
a filósofa Maria Lugones, a quem ela descreve como lésbica e hispânica, como
um paradigma de integridade. Sua comunidade étnica, argumenta Fischer, é
preconceituosa acerca de sua opção sexual. A despeito da tensão envolvida,
Maria Lugones não deseja abrir mão nem de sua opção pelo lesbianismo nem de
suas raízes latinas. De acordo com a visão de integridade de Fischer, Maria
Lugones deve mover-se entre ambas as comunidades [de lésbicas e hispânicos]
exercitando flexibilidade e sendo forte, evidenciando que membros das duas
comunidades podem contar com seu amor e participação. Segundo Fischer,
Lugones pode ser uma pessoa de integridade "sem necessitar alcançar uma
harmonia interna."

Parece evidente que este conceito de integridade suscita sérias questões morais
do ponto de vista da captação de recursos. Seria admissível que um captador de
recursos pertencente a diferentes comunidades com interesses conflitantes
pudesse desenvolver sua atividade de modo moralmente permissível,
independente dos conflitos internos existentes, simplesmente apelando para a
conclusão lassa proposta por Fischer?

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Ainda mais, integridade é definida em termos teleológicos , pois Fischer a conecta
com uma perspectiva de crescimento pessoal, propondo que decisões morais
devem levar em consideração a seguinte questão: "De que maneira esta
alternativa ajuda ou não você a desenvolver-se na pessoa que você quer se
tornar?" Não parece difícil imaginar que sobre este fundamento teleológico,
decisões morais não permissíveis sob uma perspectiva deontológica pudessem
eventualmente ser consideradas como legítimas.

Anderson, seguindo uma linha semelhante à de Fischer, entende que os


praticantes da filantropia têm bons instintos morais. Tais instintos, crê Anderson,
são intuídos pelos agentes morais envolvidos na filantropia - sejam doadores,
sejam captadores de recursos. A consciência é a fonte destes instintos morais,
acrescenta Anderson sem definir se, em seu entendimento, ela deveria ser
compreendida como uma realidade inata implantada por Deus ou como uma
resposta condicionada aprendida em nosso convívio social.

Portanto, do ponto de vista da captação de recursos, seres humanos devem ser


considerados capazes do exercício de virtudes como altruísmo e integridade entre
outras mencionadas. No entender de Fischer, a captação de recursos deve ser
desenvolvida a partir destes pressupostos antropológicos, aplicáveis tanto ao
potencial doador quanto ao captador. Em última análise, seres humanos devem
ser considerados capazes de almejar e praticar o bem.

Seriam estas pressuposições antropológicas compatíveis com os princípios


bíblicos e com a teologia reformada? A próxima seção deste ensaio oferecerá uma
resposta a esta questão avaliando passagens da Escritura e textos de
documentos reformados que lançam luz sobre a mesma.

Fundamentos Teológicos: Quem Pode Fazer o Bem?

Diversos textos da Escritura são enfáticos em afirmar a incapacidade do ser


humano em fazer o bem. Escrevendo à Igreja em Roma, o apóstolo Paulo retoma
o tema dos Salmos 14 e 53 e descreve o estado de pecado do ser humano nos
seguintes termos: "Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há
quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há
quem faça o bem, não há nem um sequer" (Romanos 3:10b-12, minha ênfase). O
diagnóstico da condição espiritual de todo ser humano é claro: ele é por natureza
injusto, sua capacidade cognitiva está afetada especialmente no que diz respeito à
sua compreensão da vontade e caráter de Deus, todos os seus esforços são
inúteis no que tange a cumprir as exigências do seu Criador. Em suma, nenhuma
de suas ações pode ser considerada intrinsecamente boa, uma vez que o padrão
santo de Deus seja estabelecido como critério.

O diagnóstico de Romanos 3 é perfeitamente compatível com diversas outras


afirmações da Escritura que apontam para o estado de corrupção do ser humano
após a queda. Como um exemplo, temos Gênesis 8:21 onde lemos: "E o Senhor...
disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem,

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porque é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade [ou infância,
segundo o texto original]..." Ainda que o texto de Gênesis 8:21 vincule esta
condição à infância - uma tradução alternativa do vocábulo hebraico naur - o
ensino geral da Bíblia deixa claro que esta é uma condição constitutiva de todo ser
humano desde sua concepção. Conforme o salmista Davi, todo ser humano nasce
em iniqüidade e é concebido em pecado (Salmo 51:5). O Catecismo de Heidelberg
ratifica esta afirmação em sua resposta à questão 7, onde se lê que a queda e
desobediência dos progenitores da raça humana "envenenou, ou corrompeu
nossa natureza de tal forma que nascemos pecadores - corruptos desde nossa
concepção." Este estado de corrupção, acrescenta o mesmo Catecismo, torna o
ser humano incapaz de fazer qualquer bem e inclinado a todo mal, "a menos que
sejamos nascidos de novo pelo Espírito de Deus."

A despeito deste trágico diagnóstico, outras passagens da Escritura referem-se a


seres humanos regenerados pela ação graciosa de Deus como capazes de fazer
o bem. Na parábola dos talentos, Jesus ensina que alguns servos receberam a
aprovação do seu senhor, sendo individualmente chamados de "servo bom e fiel."
(Mateus 25:21, 23). O próprio apóstolo Paulo, escrevendo aos cristãos de Corinto,
manifesta sua confiança de que a graça de Deus seria capaz de fazê-los abundar
"em toda boa obra." (2 Coríntios 9:8, minha ênfase). Semelhantemente, o apóstolo
Pedro em sua primeira epístola exorta os cristãos a viverem exemplarmente, de
modo que suas boas obras motivassem os incrédulos a glorificar a Deus no dia da
visitação - provavelmente numa referência a ação misericordiosa de Deus
visitando estes mesmos incrédulos para salvá-los.

O ensino de que seres humanos regenerados são capazes de fazer o bem é


ratificado pela Confissão Belga em seu artigo 24, onde lemos que é a fé que "leva
o homem a fazer as obras que Deus ordenou em sua Palavra." Estas obras,
"procedentes da boa raiz da fé são boas e aceitáveis a Deus, desde que elas são
todas santificadas pela sua graça."

Todavia, passagens da Escritura como essas acima, bem como as de alguns


documentos reformados, não nos ajudam a lançar luz sobre a questão em pauta
uma vez que eles afirmam que apenas pessoas regeneradas e salvas pela ação
graciosa de Deus são capazes de obras boas, uma realidade que não
necessariamente se aplica àqueles que praticam a filantropia.

Os Cânones de Dort (1618-19), ao tratarem da total incapacidade decorrente da


corrupção da natureza humana, introduzem uma qualificação muito importante ao
afirmar: "[T]odas as pessoas são concebidas em pecado e nascem como filhas da
ira, inadequadas para qualquer bem salvífico, inclinados para o mal, mortos em
seus pecados, e escravos do pecado..." O mesmo documento, porém, reconhece
que, a despeito de sua condição decaída, permanece "com certeza uma certa luz
de natureza no homem [ser humano] após a queda, em virtude da qual ele retém
algumas noções sobre Deus, sobre as coisas naturais e acerca da diferença entre
o que é moral e imoral, e demonstra um certo anelo pela virtude e por um bom
comportamento exterior." Os mesmos Cânones se apressam em acrescentar que

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esta luz da natureza não só é insuficiente para conduzir o ser humano a um
conhecimento salvífico de Deus, mas também que freqüentemente ela não é
usada de modo apropriado até mesmo em assuntos relacionados à natureza e à
sociedade.

Não há diferença conceitual entre os documentos reformados acima


apresentados. O que se pode entender é que enquanto que a Confissão Belga
discute os resultados da queda e regeneração a partir de categorias
essencialmente soteriológicas, os Cânones de Dort, conquanto mantendo-se fiel
ao ensino bíblico acerca da queda e regeneração, introduzem uma categoria que
permite uma avaliação mais precisa da ação moral do ser humano não
regenerado.

É possível, então, à luz do ensino da Escritura e dos documentos reformados


acima citados, fazer distinção entre três tipos de bem: salvífico, regenerado e
moral. O primeiro é aquele feito com vistas a satisfazer a justiça e santidade de
Deus. Nenhum ser humano per se - independente dos méritos de Cristo - é capaz
de fazer tal bem. O segundo é o bem realizado por aqueles que foram alcançados
pela obra regeneradora de Deus. Estes são capazes de boas obras, pois estas
decorrem da verdadeira fé, conformam-se com a lei de Deus e são feitas para Sua
glória. O terceiro bem é aquele que se conforma às exigências exteriores da lei de
Deus e é praticado independentemente de fé em Jesus Cristo ou do desejo de
glorificar a Deus. A despeito de não satisfazer os quesitos para se qualificar como
um bem satisfatório para a salvação, nem mesmo como um bem reconhecido por
Deus como louvável, ele deve ser reconhecido como um bem real do ponto de
vista da moralidade.

Dentre os reformadores, João Calvino reconhece a capacidade dos seres


humanos não regenerados para boas obras nos campos cultural, científico e moral
ao distinguir entre o que ele chama de coisas celestiais e terrenas. "A descoberta
ou transmissão sistemática das artes," afirma ele, " é conferida
indiscriminadamente sobre piedosos e ímpios, e é corretamente contada entre os
dons naturais." Diante disto, Calvino exorta seus leitores a reconhecer a admirável
luz da verdade brilhando nos escritores seculares, e aprender com eles,
caracterizando o "Espírito da Verdade como o único fundamento da verdade," e
afirmando que desprezar a verdade onde quer que ela apareça implicaria em
desonrar o próprio Espírito de Deus. Conseqüentemente, Calvino reconhece que a
verdade brilhou por detrás dos antigos juristas e filósofos, e que não é possível
aproximar-se de seus escritos sem grande admiração e reconhecimento de que
tudo louvável e nobre por eles produzido procedeu de Deus. Assim, aqueles
homens que a Escritura denomina como "homens naturais" devem ser
considerados "brilhantes e penetrantes" em sua investigação das "coisas terrenas
ou inferiores.

Ainda segundo Calvino, a capacidade do homem não regenerado não se limita à


investigação das ciências, mas ao estabelecimento da ordem cívica e da disciplina
com grande equidade, incluindo, portanto, elementos morais. Retomando esta

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 12


perspectiva de Calvino, Stackhouse reconhece que a graça de Deus, e não a
capacidade da vontade humana profundamente afetada pelo pecado, é o
fundamento por detrás das realizações do homem natural, seja num "casamento
maravilhoso, numa grande escola, numa lei justa, numa ordem política pacífica..."
Ainda que Fischer fundamente sua proposta filantrópica de uma economia da
doação em alguns pressupostos teológicos e morais discutíveis, diversas de suas
pressuposições antropológicas são, em certo sentido, consistentes com o ensino
da Escritura e com a teologia reformada. Resta, finalmente, considerar a
possibilidade de um modelo ético alternativo à proposta de Fischer que evite seus
problemas inerentes e possa ser empregado no processo de captação de
recursos.

Modelos Éticos Alternativos

Fischer reconhece com propriedade que a ação filantrópica é desenvolvida em


meio a dilemas morais que se manifestam em meio às histórias pessoais e de
organizações. Ao invés de apelar para modelos deontológicos o que, segundo ela,
implicaria em conceituar o pensamento ético e tentar aplicar regras
mecanicamente, sua proposta é que decidamos "que regras aplicar numa
determinada situação e se é um caso em que deveríamos seguir as regras
diretamente ou abrir uma exceção." O modelo ético mais adequado para a tomada
de decisões, propõe ainda Fischer, deve lançar mão de "padrões de narração de
histórias... imaginando diferentes resultados potenciais e perguntando o que cada
um significaria para a organização, a comunidade, e os indivíduos afetados." Ética,
portanto, deve ser pensada no contexto de uma narrativa de modo a inserir as
regras éticas dentro de um contexto apropriado. Fischer se esforça por evitar
qualquer acusação de relativismo enfatizando que embora certas escolhas morais
se situem no que se poderia denominar de área nebulosa, "algumas escolhas
morais são "claramente certas ou erradas, e chamar a ética de nebulosa nestes
casos é um modo de se esconder da responsabilidade e verdades éticas."

Então, quando quer que um real dilema ético surja, "pensar em ética como uma
narração de histórias pode ser útil." No processo de contar nossa história para nós
mesmos e para outras pessoas imaginativamente, "características proeminentes
emergirão, enquanto detalhes menos importantes esmaecerão." Diálogo
exercitado no contexto de uma cuidadosa investigação é evidentemente uma
atividade central na reflexão ética. Conclui-se que o modelo proposto por Fischer
possui pelo menos três características básicas: a importância da situação em um
julgamento moral, a relevância do diálogo e da narração como ferramentas
investigativas da decisão moral, e a avaliação dos resultados da decisão moral,
podendo ser denominado um modelo situacional-narrativo-teleológico.

O diálogo como instrumento, coerente com a metodologia platônica, não implica,


porém, necessariamente na adoção de um modelo ético fundamentado na
situação e na narrativa, e no conseqüente afastamento de um modelo
deontológico. Em algumas de suas obras, Platão evidencia que se pode lançar
mão do diálogo como um recurso epistemológico para a identificação de um

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princípio moral, sem necessariamente afastar-se de um modelo deontológico.
Ainda mais, a adoção de um modelo deontológico é compatível com o cultivo das
virtudes, como a proposta aristotélica evidencia. Anderson dá suporte à
legitimidade desta conclusão ao afirmar: Sem dúvida, Aristóteles está familiarizado
com o conceito [de traçar linhas estabelecendo os limites da moralidade] e
assumiu em seu pensamento sobre a Ética a convicção metafísica de que existem
linhas inscritas na natureza das coisas às quais nossas próprias decisões e ações
deveriam se conformar.

Em resumo, o reconhecimento da dificuldade inerente à tomada de algumas


decisões morais, da importância do diálogo para a identificação da opção moral
correta - ou pelo menos a que aparenta ser - e de uma ênfase ao cultivo das
virtudes não são necessariamente incompatíveis com a adoção de um modelo
ético deontológico fundamentado na lei moral revelada no Decálogo que, me
parece, melhor expressa a tradição cristã em geral e a reformada em particular.

A análise de um caso hipotético pode ser útil na avaliação da aplicabilidade dos


modelos acima descritos no contexto da captação de recursos. Por exemplo, um
doador potencial deseja fazer uma doação significativa para uma escola com
princípios evangélicos, digamos R$ 1 milhão. A única restrição imposta é que 50%
do dinheiro seja destinado a bolsas de estudo para uma minoria gay. Que
respostas os modelos éticos alternativos apresentados no artigo, a saber, o
chamado situacional-narrativo-teleológico e o deontológico ofereceriam ao doador
em questão?

O primeiro modelo requereria uma avaliação do contexto específico do doador e


dos potenciais beneficiados por tal doação. A aplicabilidade ou não de regras a
priori - supondo que elas existissem - deveria ser objeto de discussão, lançando-
se mão da imaginação e considerando os diferentes resultados potenciais para as
vidas dos envolvidos no processo de decisão. Em outras palavras, ainda que um
conjunto de regras não recomendasse a aceitação da doação, fossem seus
resultados concebidos como satisfatórios para um número significativo de pessoas
beneficiadas - os membros da minoria gay que recebessem a bolsa - a
legitimidade moral da decisão estaria assegurada.

No modelo deontológico, em contrapartida, a moralidade da decisão seria avaliada


em termos independentes da situação. No caso do modelo deontológico proposto
neste artigo, a aceitação da doação deveria ser avaliada com base na Lei Moral
revelada no Decálogo, assumindo que a escola em questão explicitamente defina
em sua declaração de missão seu compromisso com esta Lei Moral. À luz do
Decálogo, seria moralmente não-permissível a aceitação da doação condicionada
nos termos mencionados, porque, independentemente dos eventuais benefícios
gerados, preceitos morais pré-estabelecidos estariam sendo quebrados. Na
eventualidade, porém, da missão da escola não possuir um compromisso formal
com os valores da Lei Moral expressa no Decálogo, mas conceber sua
responsabilidade simplesmente em termos do desenvolvimento do ser humano,
caberia ao órgão responsável pela direção da escola optar por uma dentre as

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seguintes alternativas: aceitar a oferta ou rever a declaração de missão.

Conclusão

Aristóteles estava correto. Decidir a quem, quanto, quando e para que propósito
doar recursos financeiros - além de nosso tempo e talentos - não é uma coisa
fácil. Dilemas morais surgirão neste processo que envolve a captação de recursos
seja do ponto de vista da missão da organização destinatária, seja do ponto de
vista do captador, ou das relações envolvendo doador e captador.

A atividade filantrópica baseada numa perspectiva antropológica que entende o


ser humano como capaz de atos morais e de um caráter virtuoso encontra
respaldo na Escritura e na teologia reformada e, conseqüentemente, deve ser
valorizada e incentivada.

O tratamento das questões morais que inevitavelmente surgirão no processo de


captação de recursos deverá levar em consideração o diálogo e enfatizar o cultivo
das virtudes - altruísmo e integridade entre outras. Isto, porém, não significará
necessariamente abrir mão de um modelo ético deontológico, baseado na lei
moral revelada na Escritura, e mais especificamente no Decálogo. O apego - e
porque não dizer, submissão - a esta lei moral nos permitirá acolher e nos
relacionar com compaixão e boa vontade com doadores e/ou captadores como
Maria Lugones, sem necessariamente definir integridade em termos teleológicos
sujeitos a uma perspectiva individual e subjetiva.

ENGLISH ABSTRACT

The process of fundraising may be the source of some serious moral dilemmas
concerning the mission of the organization which profits from the funds, the
fundraiser, and even the relationship between the former and the latter.

The anthropological perspective - foundational to fundraising -, which sees human


beings as capable of performing good moral acts and having a virtuous character,
should be considered as grounded upon Scripture and Reformed theology as well.
Consequently, both this perspective and philanthropy should be appraised and
furthered.

Fundraising will require an emphasis on dialog and the cultivation of virtues from
those dealing with its inherent moral issues. Such an emphasis, however, does not
mean that one should dismiss a deontological model based on the moral law
revealed in Scripture, and more specifically on the Decalog, as the foundation of
moral decisions. The commitment - and even submission - to such deontological
morality would allow the development of an ethics of fundraising that would avoid
the adoption of alternative ethical systems in which moral decisions are made
primarily on the basis of both the situation and the thelos to be achieved.

Notas

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Neste ensaio, Ética é entendida como o estudo da Moralidade (no que tange ao
seu escopo, modelo e fundamento), e esta última como responsável pela
identificação das mores, ou critérios, segundo os quais ações devem ser julgadas
permissíveis ou não, obrigatórias ou não. Reconhece-se, contudo, que
freqüentemente os termos são usados de forma intercambiável como sinônimos.
O autor é professor em tempo integral do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação
Andrew Jumper. É engenheiro civil pela Escola de Engenharia Mauá (1978).
Bacherel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da
Conceição (1986), Mestre em Teologia Sistemática pelo Centro Presbiteriano de
Pós-Graduação Andrew Jumper (1997) e Doutor em Filosofia (Ph.D., 2001) pelo
Calvin Theological Seminary, em Grand Rapids, Michigan, EUA.. Autor dos artigos
"Deus, Revelação e Ética: A teologia da Revelação de James Gustafson," Fides
Reformata, vol. III, no. 2 (Julho-Dezembro 1998) e "Nicholas Wolterstorff e a Ética
Social do Calvinismo Holandês," Fides Reformata et Semper Reformanda Est, vol.
VI, no. 1 (2001). Foi pastor auxiliar da Igreja Presbiteriana Jardim de Oração por
dois anos (1987-88) e pastor da Igreja Presbiteriana de Praia Grande (1989-1997).
Atualmente, integra a equipe pastoral da Igreja Presbiteriana de Pirituba, em São
Paulo, Capital.

Rae registra que o incêndio ocorrido em Methuen (Massachusetts), que feriu 24


pessoas e deixou 1400 trabalhadores desempregados, trouxe consigo o temor de
que a cidade seria economicamente destruída. A despeito de seus 72 anos e de
poder simplesmente aposentar-se com o dinheiro do seguro do incêndio,
Feuerstein deu um bônus de Natal de US$ 275 a cada empregado mais US$ 20
para serem gastos num supermercado local. Ainda mais, ele propôs o pagamento
do salário integral do próximo mês e de noventa dias do seguro-saúde, afirmando
sua convicção de que as circunstâncias difíceis representavam um teste das suas
convicções morais nas seguintes palavras: "Meu compromisso é com
Massachusetts e com a Nova Inglaterra. É onde eu vivo, onde eu me divirto, e
onde eu adoro [a Deus]. Malden Mills será reconstruída exatamente aqui..." Scott
B. Rae and Kenman L Wong, Beyond Integrity. A Judeo-Christian Approach to
Business Ethics (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1996), p. 16.

Em sua decisão de produzir o medicamento para essa doença chamada river


blindness, que afetava apenas populações ribeirinhas de países da África e das
Américas Central e do Sul, a despeito da ausência de um retorno financeiro
imediato, o laboratório Merck permaneceu coerente com um elemento chave da
filosofia da companhia: "Nós tentaremos jamais esquecer que medicina é para as
pessoas e não para o lucro. O lucro decorrerá [naturalmente] e se nós lembrarmos
disso, ele nunca deixará de surgir. Quanto melhor nos lembramos disso, maior o
lucro tem sido." Rae, Beyond Integrity, p. 17.
Rae, Beyond Integrity, p. 16.

Uma pesquisa da literatura disponível nas bibliotecas da Universidade


Presbiteriana Mackenzie na área campo de Business Ethics revela a existência de
17 obras tratando de diferentes aspectos deste assunto: Business Ethics, 4th ed.

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(2002); Business Ethics: Critical Perspectives on Business and Management
(2001); Business Ethics: Perspectives on the Practice of Theory (2001); Business
Ethics: The Ethical Revolution of Minority Shareholders (2001); Ethics and
Governance: Business as Mediating Institution (2001); Business, Institutions, and
Ethics: A Text with Cases and Readings (2000); Just Business: Business Ethics in
Action, 2nd ed. (2000); Managing Business Ethics: Straight Talk about how to do it
Right. 2nd ed. (1999); It's Good Business: Ethics and Free Enterprise for the New
Millennium (1997); Current Issues in Business Ethics (1997); Beyond Integrity. A
Judeo-Christian Approach to Business Ethics (1996); Business and Society:
Corporate Strategy, Public Policy, Ethics. 8th ed. (1996); Business Ethics: A Guide
for Mangers (1996); An Introduction to Business Ethics (1996); Ties that Bind: A
Social Contracts Approach to Business Ethics (1996); On Moral Business:
Classical and Contemporary Resources for Ethics in Economic Life (1995).

Uma evidência deste fato é que a obra de Rae & Wong (Beyond Integrity) não
dedica sequer uma de suas 655 páginas à Ética na Captação de Recursos. O
mesmo pode ser dito da obra editada por Stackhouse e outros (On Moral
Business) que apesar de seu valor e extensão (979 páginas) não dedica uma
única seção ao tópico de nosso seminário.

Marilyn Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising (New York and others:
John Wiley & Sons. Inc., 2000) e Albert Anderson, Ethics for Fundraisers
(Bloomington: Indiana University Press, 1996). Outras obras mencionadas por
Anderson como relevantes são Robert L. Payton, Philanthropy: Voluntary Action
for the Public Good (New`York: American Council of Education, Macmillan, 1988),
especialmente os ensaios "Philanthropy as Moral Discourse,"e "Virtue and its
Consequences." Para uma pesquisa da extensão dos escritos sobre filantropia,
consultar Daphne Niobe Layton, Philanthropy and Voluntarism (Washington, DC:
Foundation Center, 1987 e Indiana Center on Philanthropy, que hospeda a Payton
Philanthropic Studies Library, segundo Anderson - o autor destas indicações - "a
maior coleção de livros e dissertações sobre filantropia na nação [norte-
americana]." Anderson, Ethics for Fundraisers, p. 135.

Custódio Pereira. Captação de Recursos (Fund Raising). Conhecendo Melhor


porque as Pessoas Contribuem (São Paulo: Editora Mackenzie, 2001).

Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 10. Cabe acrescentar que a
filantropia não se restringe à doação de dinheiro, mas inclui a doação de tempo e
talentos (ver Anderson, Ethics for Fundraisers, p. 15)

Brian O'Connell, Philanthropy in Action (New York: Foundation Center, 1987), p. 8


apud Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 10.

Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 10. Fischer lança mão da
noção de uma economia baseada em doações como uma metáfora para a
filantropia, recorrendo ao sistema de presentes (kula) existente lado a lado com o
sistema de mercado (gimwali) nas Ilhas Trobriand.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 17


Kula inclui "vastos círculos de doação ritual englobando muitas tribos e ilhas... O
processo é caracterizado por um fluxo contínuo de presentes dados, aceitos e
retribuídos em todas as direções obrigatoriamente sem qualquer interesse próprio,
mas como conseqüência da grandeza e por serviços prestados, através de
desafios e promessas (p. 11). No sistema descrito, reciprocidade direta não é
esperada, tendo em vista que o receptor do presente deve passá-lo adiante,
transformando-se num doador e beneficiando assim a outrem. Para mais detalhes
da chamada economia baseada em doações, consultar pp. 13-16. Segundo
Anderson, "o propósito último da filantropia é melhorar o bem público."
Ver Anderson, Ethics for Fundraisers, p. 9.
Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 15.
Pereira, Captação de Recursos, p. 22. O autor ainda ressalta que a maior parte
dessas doações são provenientes de pessoas físicas. A título de informação, nos
Estados Unidos, a AFP (Association of Fundraising Professionals) conta com 25
mil associados, o que evidencia o investimento feito na formação de captadores
de recursos (ver Pereira, Captação de Recursos, p. 19).

A principal razão para a diferença significativa entre o volume de recursos


captados no Brasil e nos Estado Unidos, argumenta Pereira é "o método de
captação de recursos. O método inclui desde a identificação do doador potencial,
sua sensibilização para a causa até a efetivação da doação, prestação de contas
e o reconhecimento da instituição recebedora." Pereira, Captação de Recursos, p.
23. Um exemplo de captação de recursos bem sucedido mencionado pelo mesmo
autor é o da Harvard University que, numa campanha de cinco anos, conseguiu
captar US$ 2.1 bilhões de dólares, contando com um quadro de pessoal de 250
funcionários no escritório de captação de recursos. A entidade evangélica norte-
americana O Exército da Salvação captou mais de US$ 1 bilhão em 1996,
situando-se pelo quinto ano consecutivo entre as 400 maiores obras de caridade
segundo The Chronicle of Philanthropy [ver Christian Century (December 3,
1997):1118].

Pereira, Captação de Recursos, p. 45.

"Em 1999, a empresa [Instituto C&A] investiu quatro milhões de dólares em


programas de apoio a mais de oitenta creches, escolas e centros de educação
continuada. Cerca de 50 mil crianças e adolescentes foram atendidos pelo
programa. Oitocentos funcionários da empresa atuam como voluntários nestas
instituições. Uma vez por semana, são liberados para brincar com as crianças,
ajudar na gestão e avaliar resultados." Pereira, Captação de Recursos, pp. 56-57.
O Instituto Ethos de Responsabilidade Social conta hoje com 70 associados que
representam juntos um faturamento anual de 15 bilhões de reais.

Cf. Christian Century, 28 de Agosto-4 de Setembro (1996):806.


Christian Century, August 28-September 4 (1996):p. 806.
Lucas nos oferece um outro exemplo da tensão moral envolvida na captação de
recursos ao registrar em Atos 6 que os recursos levantados para o sustento das

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 18


viúvas dos helenistas estariam alegadamente sendo desviados Fischer faz
referência ao fato, mencionando o slogan que na língua inglesa possui uma rima:
"As soon as [the] coin in coffer rings, the soul from purgatory springs." Fischer,
Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 38.

Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 22.

Ver 2 Coríntios 8. Outros textos neotestamentários que talvez se refiram à


captação de recursos são Atos 6 e Filipenses 4. Não há, contudo, evidência
textual nestes últimos casos de que os recursos tenham sido captados por
iniciativa de alguém e não ofertados por iniciativa das comunidades envolvidas. A
utilização de textos veterotestamentários que registram ordens de Deus aos
israelitas para a pilhagem de povos derrotados está sendo conscientemente
deixada de lado pelos mesmos enfocarem um contexto que foge ao escopo do
presente ensaio.

A preocupação do apóstolo Paulo se evidencia quando ele afirma que sua


intenção ao apontar Tito era estar "evitando, assim, que alguém nos acuse em
face desta generosa dádiva administrada por nós; pois o que nos preocupa é
procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos
homens." (2 Coríntios 8:20-21) Paralelamente, mas em menor medida, recorrerei à
obra de Anderson - Ethics for Fundraisers - identificando alguns pontos comuns
explorados por aquele autor.

Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 3 (minha ênfase). A grande


maioria de captadores de recursos, acrescenta ela, "quer agir com integridade e
jamais violaria a confiança pública numa escala maciça." (p. 4)
Ibid., p. 4 (minha ênfase).
Ibid., p. 5 (minha ênfase).
"Quaisquer que sejam os motivos do doador, os padrões de doação não são
egocêntricos porque eles não são dirigidos só ou primariamente para o benefício
doador. Nem são filantrópicos porque os doadores participam das comunidades
que tais doações criaram." Ibid., p. 12.
Ibid., p. 40.
Para Aristóteles, virtudes são traços de caráter firmemente estabelecidos ou
disposições para agir segundo componentes intelectuais e afetivos. As virtudes se
situam em uma posição intermediária entre dois extremos de deficiência e de
excesso, sendo a razão a faculdade que determina esta posição intermediária (cf.
Nicomachean Ethics). Não pertence ao escopo deste trabalho uma discussão
aprofundada, nem uma avaliação comparativa entre o conceito de virtude em
Aristóteles e em Tomás de Aquino (ver Suma Teológica, 5 volumes (Allen, Texas:
Christian Classics, reimpr. 1981), 2:819 (Primeira Parte da Segunda Parte,
Questão 55 e ss) Ibid., p. 44. Rae & Wong enfatizam a necessidade de virtudes
como confiança, honestidade e cooperação como fundamentais para o próprio
funcionamento do sistema capitalista, aliado ao caráter para a produção de boas
ações. Em suas palavras, "os fundadores dos Estados Unidos criam que o
experimento democrático funcionaria somente se houvesse virtude em seus

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 19


cidadãos.
Ao contrário da crença popular, liberdade total nunca foi o intento dos pais
fundadores. Ao invés sua visão era de liberdade 'ordeira' ou 'restringida' - ou seja,
liberdade moderada pela moral e caráter." Rae, Beyond Integrity, p. 40. Anderson,
a despeito de ressalvar que a cultura contemporânea se caracteriza por "uma
ambigüidade moral onipresente," entende que há lugar para enfatizar a virtude no
contexto da ação filantrópica. Anderson, Ethics for Fundraisers, p. ix. Na leitura
que Anderson faz de Aristóteles, ser moralmente responsável no contexto da
filantropia pressupõe o desenvolvimento de um caráter virtuoso. Anderson, Ethics
for Fundraisers, p. x. Virtude é entendida como a capacidade para adotar uma
linha de ação moderada que evita tanto o excesso quanto a deficiência (ver
Anderson, Ethics for Fundraisers, p. 5)
Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 53. Segundo Monroe, uma
pesquisa realizada com pessoas que abrigaram judeus da perseguição promovida
pelos nazistas revelou que fatores como religião contexto familiar, riqueza,
ocupação e posição familiar não foram determinantes na decisão de prestar
socorro. Nas palavras de Fischer, "o mais interessante acerca dos resgatadores é
que eles reivindicaram que não havia nada a decidir, não haviam alternativas entre
as quais escolher." Ibid., p. 52.
Ibid., pp. 92-96. Ibid., p. 91. Ibid., p. 96. Ibid. Ibid. Do grego telos (fim). Fischer,
Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 97. Deontologia deriva do termo grego
dei, que significa é necessário. Daí, concluem Rae & Wong, "vem a noção de
obrigações morais que são inerentemente necessárias e não contingentes aos fins
e conseqüências que elas produzem." Rae & Wong, Beyond Integrity, p. 35.
Stackhouse, em Moral Business, afirma que Deontologia provém do grego deon,
que significa dever, obrigação. A despeito das diferenças, Rae e Stackhouse
propõem um mesmo conceito: Deontologia define as obrigações morais em
termos de princípios pré-estabelecidos, que podem ser identificados através de
diferentes recursos, mas em que a moralidade de um ato independe dos seus
resultados.

No entendimento de Anderson, o desafio dos agentes morais consiste em


posicionar-se ante a pressão da cultura contemporânea, fazendo o que eles
sentem que devem fazer (ver Anderson, Ethics for Fudraisers, p. xi) Ibid., p. 25.
O texto original afirma que nenhum ser humano é díkaios, ou seja, de acordo com
o padrão, vontade ou caráter de Deus. Em outras palavras, nenhum ser humano é
bom (outra tradução possível para o vocábulo grego díkaios) "The Heidelberg
Catechism, Lord's Day 3, QA7," Ecumenical Creeds and Reformed Confessions
(Grand Rapids: CRC Publications, 1988), p. 15 (minha tradução).

"The Heidelberg Catechism," Q/A 8, p. 15.


"The Belgic Confession," Ecumenical Creeds and Reformed Confessions (Grand
Rapids: CRC Publications, 1988), p. 101 (minha tradução). A Confissão Belga
deixa claro que estas obras não "contam para nossa justificação," mas decorrem
dela.
Por "bem salvífico," os Cânones de Dort se referem a qualquer ato que possa ser
considerado como suficiente para satisfazer o padrão de justiça de Deus e,

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 20


conseqüentemente, merecedor de salvação.
"Canons of Dort," The Third and Fourth Points of Doctrine, Article 3," Ecumenical
Creeds and Reformed Confessions, p. 133 (minha tradução).
"Canons of Dort," The Third and Fourth Points of Doctrine, Article 4," Ecumenical
Creeds and Reformed Confessions, p. 133 (minha tradução e ênfase).
"Canons of Dort," The Third and Fourth Points of Doctrine, Article 4," Ecumenical
Creeds and Reformed Confessions, p. 133 (minha tradução).
"The Heidelberg Catechism," Q/A 91, p. 54.
"Existe um tipo de entendimento das coisas terrenas e outro as coisas celestiais.
Eu chamo "coisas terrenas" aquelas que não pertencem a Deus ou ao Seu reino,
à verdadeira justiça, ou à felicidade da vida futura; mas que têm sua importância e
relacionamento com a vida presente e são, num certo sentido, confinadas aos
seus limites. Eu chamo de coisas celestiais o conhecimento puro de Deus, a
natureza da verdadeira justiça e os mistérios do Reino Celestial. A primeira classe
inclui o governo, o gerenciamento doméstico, todas as habilidades mecânicas e as
artes liberais. João Calvino, Institutas da Religião Cristã, John T. McNeil, ed.
(Philadelphia: The Westminster Press, 1960), II.ii.13, minha tradução.

Ibidem, II.ii.14, minha tradução.


Ibidem, II.ii.15, minha tradução.
Ibidem, minha tradução.
Stackhouse, On Moral Business, p. 31. Stackhouse não faz distinção entre graça
comum e graça especial, razão pela qual ele lista ao lados dos elementos acima
mencionados "uma comunidade religiosa que cura, inspira e guia todos que em a
conhecê-la para a santidade do amor." Por detrás de tudo isto, um "único ponto
integrador" deve ser reconhecido, a saber, Deus (p. 31).
Para Fischer "economias baseadas em doação podem refletir sistemas de fé
profundamente baseados em pressuposições filosóficas, religiosas e
cosmológicas." Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 13.
Expressando suas convicções teológicas pessoais, a autora acrescenta que a
"[h]istória não possui um grande senhor controlando o script..." (p. 10), rejeitando
assim o ensino da Escritura de que Deus governa os detalhes da história - das
nações e de indivíduos - através de um plano eternamente estabelecido (Isaías
46:9-11; Salmo 139:16).
"Caridade nos lembra de que doação filantrópica serve a ideais morais e religiosos
e que tanto nossos compromissos interiores quanto nossas atividades exteriores
deveriam exemplificar estes ideais." Fischer, Ethical Decision Making in Fund
Raising, p. 58. Fischer parece sugerir que seres humanos são individualmente
responsáveis somente ante si mesmos, a despeito da Escritura afirmar que "todas
as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de
prestar contas." (Hebreus 4:13b, minha ênfase) Para uma breve, mas útil,
perspectiva de diversos modelos (ou sistemas éticos), consultar Era & Wong,
Beyond Integrity, onde os autores fazem menção ao Egoísmo Ético,
Utilitarianismo, Emotivismo, algumas formas de Deontologia e à Teoria da Virtude.
A rigor, ela se refere ao que chamo de dilemas morais como "dilemas éticos"
afirmando que "estes surgem nas histórias contínuas de pessoas e organizações."
Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 5. Semelhantemente,

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Anderson, que a "natureza da ética, diferentemente da aritmética, é ser incerta."
"Suas questões,"acrescenta, "escolhas e ações podem provocar o menear da
cabeça, requerer consideração, consistência e determinação - sem perspectiva
clara ou certa de que as decisões sejam totalmente certas." Anderson, Ethics for
Fundraisers, p. xii.
Para uma definição de deontologia, consultar nota de rodapé 43.
"Conceituar o pensamento ético como apenas uma questão de aplicar regras a
ocasiões específicas... é muito limitado.... Quando tentamos aplicar regras
mecanicamente, podemos omitir a necessidade por um entendimento compassivo
e esquecer que a aplicação própria de regras deve ser responsiva a
características específicas do contexto e a peculiaridades de caráter." Fischer,
Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 9. "Teorias abstratas e tradições
religiosas podem funcionar como recursos, ao invés de pontos de partida."
Ibidem., p.
xvi. É questionável a tese defendida por Fischer de que a adoção de um modelo
deontológico conduziria necessariamente a uma aplicação mecânica de regras.
Ibidem, p. 9.
Ibidem, p. 8. Fischer se refere positivamente ao filósofo John Dewey quando este
afima que "Imaginação é o principalmente instrumento do bem." Os dilemas
morais devem ser enfrentados com imaginação quanto às alternativas futuras, ao
significado das mesmas para os indivíduos, organizações e comunidades
envolvidas. Ainda mais, "a organização e os indivíduos devem ser imaginados
como não estáticos, mas como mudando e crescendo." Conseqüentemente, um
dilema moral deve ser encarado como "uma fase desse crescimento." Ibidem, p.
7-8. Anderson também enfatiza que ser eticamente responsável requer
"imaginação moral." Anderson, Ethics for Fundraisers, p. xii.
Fischer, Ethical Decision Making in Fund Raising, p. 9.
"Algumas vezes em nossa reflexão ética, não vemos respostas claras, corretas;
todas alternativa é tingida com negatividade, o mal mancha o bem." Ibidem, p. 19.
Literalmente, chamar ética de "cinza," cf. Ibidem, p. 19.
Ibidem, p. 19.
Ibidem, p. 8.
Ibidem, p. 24.
Ver, por exemplo, R. E. Allen, Plato's Euthypro and the Earlier Theory of Forms
(New York: Humanities Press, 1970) e Plato, The Republic, Raymond Larson,
transl. and ed. (Arlington: Harlan Davidson, Inc., 1979).
Nas palavras de Anderson, Anderson, Ethics for Fundraisers, p. 4. Paralelamente,
o mesmo Aristóteles enfatiza a responsabilidade do ser humano no
desenvolvimento de um caráter virtuoso, que significa concretamente buscar a
moderação entre o excesso e a deficiência (ver Anderson, Ethics for Fundraisers,
p. 5).

Na situação hipotética em questão, deliberadamente se evita a discussão de


quaisquer implicações relacionadas a um eventual processo seletivo. A
preocupação em pauta não é primariamente de ordem legal, mas moral.

Por resultados satisfatórios, entendam-se benefícios reais e legítimos oriundos da

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concessão da bolsa como, por exemplo, o desenvolvimento pessoal dos
beneficiados, a perspectiva de uma contribuição à sociedade em suas áreas
específicas de preparo acadêmico, entre outros.

Revista Fides Reformata


http://www.mackenzie.com.br/teologia/

Parte III
O DESAFIO DE UM CRISTIANISMO ÉTICO
 
Autor(a): PR. FERNANDO FERNANDES
 
Pastor da 1ª Igreja Batista em Penápolis/ SP e Prof. no Seminário Teológico
Batista de São Paulo. mailto:prfcf@terra.com.br

Introdução:

Buscando uma definição simples e objetiva, admitimos que ética é a teoria ou


ciência do comportamento dos homens em sociedade. O objeto de estudo da ética
é a moral e o conhecimento científico da moral é a ética.

Entendemos como moral o sistema de normas, princípios e valores, segundo o


qual se regulamentam as relações interpessoais, bem como em comunidade. Em
discussão ética, normas são aqueles instrumentos que indicam e medem a
correção moral.

É certo que muitas vezes as palavras ética e moral são utilizadas de modo
intercambiável, mas quando nos referimos a ética, estamos admitindo a existência
de um conjunto fixo de leis morais pelo qual podemos avaliar a conduta humana
em todos os níveis de relacionamento. A ética determina o que deve ser, ou seja,
como deve ser a conduta moral do indivíduo, a partir do que ele será avaliado por
toda a comunidade.

Ética é, na verdade, um labor intelectual, em processo reflexivo e analítico, que


desemboca em decisões. A preocupação última deste labor intelectual é a conduta
apropriada a partir da avaliação das motivações e das decisões que resultam na
conduta.

O grande desafio que se levanta para manutenção de um postulado ético absoluto


que prescreva uma conduta moral adequada ao Texto Sagrado, por parte da igreja
evangélica, é que muitos evangélicos não têm conduta própria, visto que apenas
reagem às pressões e às influências da sociedade, tentando impor para a igreja
os seus padrões distorcidos, porém, absolutizados.

I - Postulados éticos que influenciam a sociedade:

O professor Norman Geisler alista seis questões básicas na ética normativa, que

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de certo pressionam a consciência do cristão que vivencia a sua fé nestes tempos
de relativização ética, são elas:

a) Antinomismo: Literalmente "contra a lei". Afirma que não há nenhum princípio


moral que aplicado às circunstâncias da vida, nos permita estabelecer em
referencial de certo ou errado. Em síntese, admite que não há normas.

b) Generalismo: Sustenta que uma ação pode ser errada, geralmente, mas nem
sempre o será, estabelecendo um padrão moral circunstancial por admitir que não
há normas universais.

c) Situacionismo: Admite que há uma norma universal, mas admite também que
as circunstâncias são tão radicalmente diferentes para que exista uma única regra
universal para ser observada. Para os situacionistas, somente o amor permanece
como norma universal capaz de se adaptar a todas as situações. O amor pode
tornar um ato moralmente correto e só a falta de amor faz um ato amoral.

d) Absolutismo não-conflitante: Admite que há muitas normas universais válidas


sem conflito entre si, admitindo, porém, dualidades de idéias, desde de que se
preserve o ideal comum no cumprimento do dever.

e) Absolutismo ideal: Admite que há muitas normas universais que as vezes são
conflitantes entre si, mas que violar uma dessas normas é moralmente errado, não
existindo precedentes. O problema aqui é o abismo entre o ideal e o real, pois
vivemos, acertamos e erramos, no mundo real e não no universo ideal. No mundo
ideal ninguém infringe normas.

f) Hierarquismo: Admite que há muitas normas éticas universais hierarquicamente


ordenadas que diferem entre si em grau de importância, de modo que, diante de
um conflito ético, o homem se obriga a obedecer a norma mais elevada nesta
estrutura.

Infelizmente tais postulados também exercem certa influência sobre a igreja


evangélica. É lamentável perceber que alguns segmentos evangélicos propalam
um avivamento de poder sem precedentes na história do cristianismo, mas não
demonstram qualquer preocupação com o comprometimento ético de seus
pastores, líderes e membros.

Outros, o que é pior, até se preocupam com a ética, porém, praticam uma ética
embasada em um dos postulados alistados acima, negligenciando o parâmetro
bíblico para a conduta do cristão em uma sociedade não cristã e corrompida pela
malevolência impregnada nos corações daqueles que tentam fazer prevalecer o
seu distorcido padrão ético personalista.

Para nos posicionarmos mais apropriadamente como igreja genuinamente


evangélica que busca vivenciar o cristianismo autêntico e para errarmos o menos
possível, apesar de todas as pressões que se nos impõem, devemos buscar uma

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 24


abordagem evangélica da ética cristã, baseada tão somente no Texto Sagrado.

II - Ênfases da ética evangélica baseada na Palavra de Deus:

A abordagem evangélica da ética visa determinar um conceito equilibrado de certo


e de errado, a partir da compreensão e da interpretação da mensagem cristã e
dos "fenômenos" da fé. A ética evangélica deve ser total e abrangente em sua
observação e em sua abordagem, pois toda ação humana envolve intenção, que é
a motivação, volição, que é a decisão de vontade, e ação, que são os meios
práticos de conduta. Pelo fato de a Bíblia considerar o homem um ser integral, a
ética evangélica não pode se deter apenas ao estudo da ação certa e positiva.
Antes, deve alargar seus horizontes, refletindo sobre o comportamento humano
em sua inteireza e confrontando o indivíduo com os objetivos espirituais e sociais
prescritos na Palavra de Deus, visando aperfeiçoar as expressões
comportamentais do cristão em todas os níveis de relacionamento.

Assim como não seria possível qualquer julgamento moral sem a existência de um
padrão ético absoluto, também não é possível uma avaliação da conduta cristã
evangélica se a igreja não estabelecer normas de conduta e parâmetros de
relacionamentos para seus membros.

A igreja é uma comunidade que vive em Cristo e para Cristo. Isto significa dizer
que pertencemos a Cristo e que reconhecemos o fato de que somente ele tem o
poder e a habilitação para estabelecer as normas de conduta para os que estão
integrados á igreja.

Conseqüentemente, viver e interagir nesta comunidade que busca na Palavra de


Deus os seus absolutos para estabelecer as suas normas de conduta e os seus
parâmetros de relacionamentos nos impõe uma dimensão ética bastante
acentuada, pois não se trata de apenas viver com os outros, mas de vivermos
para Cristo em comunhão uns com os outros. Ou seja, em Cristo vivemos uns
para os outros, o que só é possível quando temos uma consciência ética bem
desenvolvida a luz da Palavra de Deus e quando admitimos os absolutos éticos de
Deus para a s nossas vidas.

Cristo deve ser considerado não apenas fonte de perdão e da vida eterna, mas
também a fonte de orientação ética e do poder de transformação dos nossos
conceitos morais. Colocando numa linguagem bíblica e teológica, diríamos que
não apenas a justificação, (ação vertical), mas também a santificação, (ação
também horizontal), deve ser reconhecida como ação efetiva da graça salvadora
de Cristo para o ser humano.

Uma outra ênfase básica que deve caracterizar a ética evangélica é uma visão
superior da autoridade bíblica. O Evangelho de Jesus Cristo deve ser o centro da
mensagem cristã, como também é o seu elemento unificador. A Escritura é a
fonte, o registro inspirado do amor expiatório de Deus por nós, em Jesus Cristo,
mas é também a revelação da vontade de Deus para nós.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 25


Para sabermos o que devemos fazer ou o que devemos evitar em nosso cotidiano,
como também em que acreditar, consultamos a Bíblia. Desse modo, tanto a ética
como a teologia evangélica deve estar solidamente baseada nas Escrituras
Sagradas. A Bíblia é a única fonte e normas, de ensino e de prática cristãs a ser
considerada pelo cristão sincero.

Devemos evitar uma abordagem puramente baseada em teologismos , como


fazem os cristãos nominais, que determinam o certo e o errado com base nos
resultados esperados, e ainda, devemos fugir de uma análise puramente
contextual, como fazem os cristãos liberais, que tentam determinar o certo e o
errado inteiramente, se não exclusivamente, pela análise do contexto
sociocultural, estabelecendo uma ética de situação do tipo "você decide".

Se a igreja pretende auxiliar a seus membros para que vençamos as


confrontações éticas e a imoralidade de nosso tempo, é imperioso admitir que a
proposta básica da ética evangélica deve ser deontológica. Neste caso, a igreja
determina o certo e o errado a partir de diretrizes éticas já estabelecidas na Bíblia
e de conduta moral previamente exigida por Deus em sua Palavra, mesmo que
humanamente sejamos contrariados.

Conclusão:

Finalizando, devemos pensar nos ensinamentos de Jesus a respeito da qualidade


moral do cristão. Cristo não valorizou a atitude externa, mas ressaltou a
necessidade de se preservar a qualidade moral do coração, ressaltando que a
motivação interna para uma atitude é mais significativa, em termos éticos, do que
o ato em si.

De acordo com o ensinamento de Jesus, o verdadeiro estado de moralidade de


um cristão deve ser avaliado pela atitude interna, visto que externamente qualquer
ato pode parecer moralmente bom. Por essa razão, não erramos em asseverar
que os ensinamentos de Jesus para que preservássemos os padrões éticos da
Palavra de Deus permanecem atemporais, sendo aplicáveis com propriedade
espiritual, social e psicológica inegável para os nossos dias, que são demarcados
por conceitos errôneos sobre ética e moralidade.

Se estivermos comprometidos com Deus em um relacionamento puro e amoroso,


não teremos necessidade de buscar nada fora de Deus e de sua Palavra. Se
confiamos que Deus satisfaz as nossas necessidades maiôs prementes, não
buscaremos a realização pessoal no hedonismo reinante em nossa sociedade.

Na conscientização ética dos seus membros, a igreja deve ressaltar bem mais os
parâmetros éticos proclamados por Jesus no chamado Sermão do Monte, nos
capítulos 5 à 7 de Mateus, onde percebemos nitidamente o interesse de Deus em
desenvolver o nosso caráter a partir da interiorização dos seus absolutos éticos,
que determinarão a nossa verdadeira qualidade moral não pelo que fazemos, mas

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 26


pelo que realmente somos e que de certo formatará a totalidade de nossas ações
e reações na vivência em sociedade.

A igreja tem diante de si um gigantesco desafio. Estudar a Bíblia não é mais


prioridade para as pessoas e a moral cristã, em especial a evangélica, é
considerada anacrônica por proclamar temas que ressaltam valores como pureza
sexual para a juventude, o casamento monogâmico, a fidelidade conjugal, a
virgindade, a indissolubilidade do casamento e heterogeneidade sexual, a
honestidade, a verdade e a responsabilidade social, dentre outros.

Estes temas são considerados tabus pela nossa sociedade devido à depravação
moral ocasionada pelo pecado, embora as justificavas para a imoralidade reinante
sejam os avanços sociológicos e o progresso intelectual.

Esta depravação na qual chafurda a nossa sociedade é, na verdade, falta de


retidão e de verdadeiro e corretamente direcionado senso religioso, que se
originou no pecado que inseriu na humanidade a corrupção moral e que ressaltou
em nós a inclinação para a malignidade, Gênesis 3.

Somos desafiados por Deus para confrontarmos este estado de calamidade ética,
mas para isso devemos desenvolver uma consciência ética genuinamente cristã e
evangélica, assumindo, a partir daí, uma conduta moral que agrade e glorifique ao
Senhor nosso Deus, Salmo 15; Efésios 4.17-32.

"... se a nossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus..." (Mateus 5.22)

Não há o que se estudar ou fazer em termos de ética cristã.

Amém.

Parte IV
O DESAFIO DE UM CRISTIANISMO ÉTICO
 
Autor(a): PR. FERNANDO FERNANDES
 
Pastor da 1ª Igreja Batista em Penápolis/ SP e Prof. no Seminário Teológico
Batista de São Paulo. E-mail: prfcf@terra.com.br

Introdução:

Buscando uma definição simples e objetiva, admitimos que ética é a teoria ou


ciência do comportamento dos homens em sociedade. O objeto de estudo da ética
é a moral e o conhecimento científico da moral é a ética.

Entendemos como moral o sistema de normas, princípios e valores, segundo o


qual se regulamentam as relações interpessoais, bem como em comunidade. Em
discussão ética, normas são aqueles instrumentos que indicam e medem a

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 27


correção moral.

É certo que muitas vezes as palavras ética e moral são utilizadas de modo
intercambiável, mas quando nos referimos a ética, estamos admitindo a existência
de um conjunto fixo de leis morais pelo qual podemos avaliar a conduta humana
em todos os níveis de relacionamento. A ética determina o que deve ser, ou seja,
como deve ser a conduta moral do indivíduo, a partir do que ele será avaliado por
toda a comunidade.

Ética é, na verdade, um labor intelectual, em processo reflexivo e analítico, que


desemboca em decisões. A preocupação última deste labor intelectual é a conduta
apropriada a partir da avaliação das motivações e das decisões que resultam na
conduta.

O grande desafio que se levanta para manutenção de um postulado ético absoluto


que prescreva uma conduta moral adequada ao Texto Sagrado, por parte da igreja
evangélica, é que muitos evangélicos não têm conduta própria, visto que apenas
reagem às pressões e às influências da sociedade, tentando impor para a igreja
os seus padrões distorcidos, porém, absolutizados.
I - Postulados éticos que influenciam a sociedade:

O professor Norman Geisler alista seis questões básicas na ética normativa, que
de certo pressionam a consciência do cristão que vivencia a sua fé nestes tempos
de relativização ética, são elas:

a) Antinomismo: Literalmente "contra a lei". Afirma que não há nenhum princípio


moral que aplicado às circunstâncias da vida, nos permita estabelecer em
referencial de certo ou errado. Em síntese, admite que não há normas.

b) Generalismo: Sustenta que uma ação pode ser errada, geralmente, mas nem
sempre o será, estabelecendo um padrão moral circunstancial por admitir que não
há normas universais.

c) Situacionismo: Admite que há uma norma universal, mas admite também que
as circunstâncias são tão radicalmente diferentes para que exista uma única regra
universal para ser observada. Para os situacionistas, somente o amor permanece
como norma universal capaz de se adaptar a todas as situações. O amor pode
tornar um ato moralmente correto e só a falta de amor faz um ato amoral.

d) Absolutismo não-conflitante: Admite que há muitas normas universais válidas


sem conflito entre si, admitindo, porém, dualidades de idéias, desde de que se
preserve o ideal comum no cumprimento do dever.

e) Absolutismo ideal: Admite que há muitas normas universais que as vezes são
conflitantes entre si, mas que violar uma dessas normas é moralmente errado, não
existindo precedentes. O problema aqui é o abismo entre o ideal e o real, pois
vivemos, acertamos e erramos, no mundo real e não no universo ideal. No mundo

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ideal ninguém infringe normas.

f) Hierarquismo: Admite que há muitas normas éticas universais


hierarquicamente ordenadas que diferem entre si em grau de importância, de
modo que, diante de um conflito ético, o homem se obriga a obedecer a norma
mais elevada nesta estrutura.

Infelizmente tais postulados também exercem certa influência sobre a igreja


evangélica. É lamentável perceber que alguns segmentos evangélicos propalam
um avivamento de poder sem precedentes na história do cristianismo, mas não
demonstram qualquer preocupação com o comprometimento ético de seus
pastores, líderes e membros.

Outros, o que é pior, até se preocupam com a ética, porém, praticam uma ética
embasada em um dos postulados alistados acima, negligenciando o parâmetro
bíblico para a conduta do cristão em uma sociedade não cristã e corrompida pela
malevolência impregnada nos corações daqueles que tentam fazer prevalecer o
seu distorcido padrão ético personalista.

Para nos posicionarmos mais apropriadamente como igreja genuinamente


evangélica que busca vivenciar o cristianismo autêntico e para errarmos o menos
possível, apesar de todas as pressões que se nos impõem, devemos buscar uma
abordagem evangélica da ética cristã, baseada tão somente no Texto Sagrado.

II - Ênfases da ética evangélica baseada na Palavra de Deus:

A abordagem evangélica da ética visa determinar um conceito equilibrado de certo


e de errado, a partir da compreensão e da interpretação da mensagem cristã e
dos "fenômenos" da fé. A ética evangélica deve ser total e abrangente em sua
observação e em sua abordagem, pois toda ação humana envolve intenção, que é
a motivação, volição, que é a decisão de vontade, e ação, que são os meios
práticos de conduta. Pelo fato de a Bíblia considerar o homem um ser integral, a
ética evangélica não pode se deter apenas ao estudo da ação certa e positiva.
Antes, deve alargar seus horizontes, refletindo sobre o comportamento humano
em sua inteireza e confrontando o indivíduo com os objetivos espirituais e sociais
prescritos na Palavra de Deus, visando aperfeiçoar as expressões
comportamentais do cristão em todas os níveis de relacionamento.

Assim como não seria possível qualquer julgamento moral sem a existência de um
padrão ético absoluto, também não é possível uma avaliação da conduta cristã
evangélica se a igreja não estabelecer normas de conduta e parâmetros de
relacionamentos para seus membros.

A igreja é uma comunidade que vive em Cristo e para Cristo. Isto significa dizer
que pertencemos a Cristo e que reconhecemos o fato de que somente ele tem o
poder e a habilitação para estabelecer as normas de conduta para os que estão
integrados á igreja.

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Conseqüentemente, viver e interagir nesta comunidade que busca na Palavra de
Deus os seus absolutos para estabelecer as suas normas de conduta e os seus
parâmetros de relacionamentos nos impõe uma dimensão ética bastante
acentuada, pois não se trata de apenas viver com os outros, mas de vivermos
para Cristo em comunhão uns com os outros. Ou seja, em Cristo vivemos uns
para os outros, o que só é possível quando temos uma consciência ética bem
desenvolvida a luz da Palavra de Deus e quando admitimos os absolutos éticos de
Deus para a s nossas vidas.

Cristo deve ser considerado não apenas fonte de perdão e da vida eterna, mas
também a fonte de orientação ética e do poder de transformação dos nossos
conceitos morais. Colocando numa linguagem bíblica e teológica, diríamos que
não apenas a justificação, (ação vertical), mas também a santificação, (ação
também horizontal), deve ser reconhecida como ação efetiva da graça salvadora
de Cristo para o ser humano.

Uma outra ênfase básica que deve caracterizar a ética evangélica é uma visão
superior da autoridade bíblica. O Evangelho de Jesus Cristo deve ser o centro da
mensagem cristã, como também é o seu elemento unificador. A Escritura é a
fonte, o registro inspirado do amor expiatório de Deus por nós, em Jesus Cristo,
mas é também a revelação da vontade de Deus para nós.

Para sabermos o que devemos fazer ou o que devemos evitar em nosso cotidiano,
como também em que acreditar, consultamos a Bíblia. Desse modo, tanto a ética
como a teologia evangélica deve estar solidamente baseada nas Escrituras
Sagradas. A Bíblia é a única fonte e normas, de ensino e de prática cristãs a ser
considerada pelo cristão sincero.

Devemos evitar uma abordagem puramente baseada em teologismos , como


fazem os cristãos nominais, que determinam o certo e o errado com base nos
resultados esperados, e ainda, devemos fugir de uma análise puramente
contextual, como fazem os cristãos liberais, que tentam determinar o certo e o
errado inteiramente, se não exclusivamente, pela análise do contexto
sociocultural, estabelecendo uma ética de situação do tipo "você decide".

Se a igreja pretende auxiliar a seus membros para que vençamos as


confrontações éticas e a imoralidade de nosso tempo, é imperioso admitir que a
proposta básica da ética evangélica deve ser deontológica. Neste caso, a igreja
determina o certo e o errado a partir de diretrizes éticas já estabelecidas na Bíblia
e de conduta moral previamente exigida por Deus em sua Palavra, mesmo que
humanamente sejamos contrariados.

Conclusão:

Finalizando, devemos pensar nos ensinamentos de Jesus a respeito da qualidade


moral do cristão. Cristo não valorizou a atitude externa, mas ressaltou a

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necessidade de se preservar a qualidade moral do coração, ressaltando que a
motivação interna para uma atitude é mais significativa, em termos éticos, do que
o ato em si.

De acordo com o ensinamento de Jesus, o verdadeiro estado de moralidade de


um cristão deve ser avaliado pela atitude interna, visto que externamente qualquer
ato pode parecer moralmente bom. Por essa razão, não erramos em asseverar
que os ensinamentos de Jesus para que preservássemos os padrões éticos da
Palavra de Deus permanecem atemporais, sendo aplicáveis com propriedade
espiritual, social e psicológica inegável para os nossos dias, que são demarcados
por conceitos errôneos sobre ética e moralidade.

Se estivermos comprometidos com Deus em um relacionamento puro e amoroso,


não teremos necessidade de buscar nada fora de Deus e de sua Palavra. Se
confiamos que Deus satisfaz as nossas necessidades maiôs prementes, não
buscaremos a realização pessoal no hedonismo reinante em nossa sociedade.

Na conscientização ética dos seus membros, a igreja deve ressaltar bem mais os
parâmetros éticos proclamados por Jesus no chamado Sermão do Monte, nos
capítulos 5 à 7 de Mateus, onde percebemos nitidamente o interesse de Deus em
desenvolver o nosso caráter a partir da interiorização dos seus absolutos éticos,
que determinarão a nossa verdadeira qualidade moral não pelo que fazemos, mas
pelo que realmente somos e que de certo formatará a totalidade de nossas ações
e reações na vivência em sociedade.

A igreja tem diante de si um gigantesco desafio. Estudar a Bíblia não é mais


prioridade para as pessoas e a moral cristã, em especial a evangélica, é
considerada anacrônica por proclamar temas que ressaltam valores como pureza
sexual para a juventude, o casamento monogâmico, a fidelidade conjugal, a
virgindade, a indissolubilidade do casamento e heterogeneidade sexual, a
honestidade, a verdade e a responsabilidade social, dentre outros.

Estes temas são considerados tabus pela nossa sociedade devido à depravação
moral ocasionada pelo pecado, embora as justificavas para a imoralidade reinante
sejam os avanços sociológicos e o progresso intelectual.

Esta depravação na qual chafurda a nossa sociedade é, na verdade, falta de


retidão e de verdadeiro e corretamente direcionado senso religioso, que se
originou no pecado que inseriu na humanidade a corrupção moral e que ressaltou
em nós a inclinação para a malignidade, Gênesis 3.

Somos desafiados por Deus para confrontarmos este estado de calamidade ética,
mas para isso devemos desenvolver uma consciência ética genuinamente cristã e
evangélica, assumindo, a partir daí, uma conduta moral que agrade e glorifique ao
Senhor nosso Deus, Salmo 15; Efésios 4.17-32.

"... se a nossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus..." (Mateus 5.22)

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 31


Não há o que se estudar ou fazer em termos de ética cristã.

Amém.

Parte V
Aborto: Infanticídio Qualificado
 
Autor(a): PR. AIRTON EVANGELISTA DA COSTA
 
E-Mail: aicosta@secrel.com.br - www.palavradaverdade.com

Qualificado porque premeditado. Os envolvidos sabem com antecedência o dia, a


hora, o local e os instrumentos usados na execução das vítimas. E mais: o crime é
cometido por motivo irrelevante, contra pessoas inocentes e indefesas.

O Código Penal estabelece pena de um a três anos de detenção para a gestante


que “provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque”
(Art.123). Para o crime de aborto deveria existir a figura do “homicídio qualificado”,
como previsto no Art. 121: (a) por motivo fútil; (b) com emprego de veneno, fogo,
explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum.

Dependendo do instrumento usado, a criança sofre ou não sofre tortura? Os meios


usados são ou não são insidiosos ou cruéis? Consideradas tais circunstâncias, as
penas deveriam ser de doze a trinta anos de detenção para parturientes, médicos,
auxiliares e diretores dos hospitais envolvidos no crime.

À vista disso, urge que seja alterado o Artigo 123 do Código para atribuir ao aborto
a natureza de crime hediondo e, portanto, qualificado. Minha proposta segue em
direção contrária à que objetiva descriminar o aborto no Brasil e promover sua
total liberação.

Com base na Lei de Deus – “não matarás” -, cujos princípios éticos e morais
norteiam as constituições das nações cristãs, não podemos permitir a liberação do
aborto. A punição severa, além do castigo no plano divino, é instrumento
adequado no combate de tais crimes.

O ventre de uma mulher não pode se transformar num cárcere de horrores. O ser
que ali é gerado pelo Autor da Vida não é um condenado à morte; é predestinado
à vida – não importa se tenha um dia ou sete meses de existência uterina.
Qualquer projeto de liberação do aborto é de origem satânica. O Diabo deseja
matar o maior número possível de pessoas. Ele sabe que o homem é a obra-prima
de Deus. Como não pode atingir o Criador, descarrega seu veneno contra as
criaturas.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 32


’”Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e
pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós
me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? (Jo 8.44-
46).

Há tempo para os que estão com as mãos manchadas de sangue inocente. Que
se arrependam de suas ações criminosas, recebam o Senhor Jesus como
Salvador pessoal e livrem-se do tormento eterno. A vida humana, que começa na
concepção, não pode ser tratada como uma questão técnica e puramente
materialista. É danoso ao homem ignorar os absolutos morais de Deus, como faz
a falsa filosofia do pós-modernismo.

A idéia dos materialistas é desvalorizar o ser humano enquanto em crescimento


no ventre materno, reduzindo-o a uma questão meramente técnica e funcional.
Todavia, o nascituro tem direito à mesma proteção dispensada às pessoas já
nascidas. O Estatuto da Criança determina ser dever do poder público assegurar,
“com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida da criança,
mediante a efetivação de políticas sociais e públicas que permitam o nascimento e
o desenvolvimento sadio e harmonioso em condições dignas de existência” (Art.
4º e 7º da Lei 8.069, de 13.07.1990).

As tentativas de legalizar o aborto colidem com esses dispositivos, que enfatizam


a necessidade de o Estado propiciar ao bebê nascimento sadio. Daí porque “é
assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e
perinatal” (Art. 8º).

Vejam quanta insanidade! Os legisladores legislam em favor da criança que se


encontra em gestação, para que, com “absoluta prioridade”, o período até o seu
nascimento ocorra sem qualquer problema. Os defensores do aborto desejam
eliminar a criança antes do nascimento. E querem ter o direito legal de
promoverem a matança, sob os auspícios do Governo e recursos do SUS. Os
abortistas querem eliminar as crianças antes do nascimento; a Lei as protege
nesse período.

O Doador da Vida conhece o homem desde a concepção: “Antes que te formasse


no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te
dei por profeta” (Jr 1.5). Notem que o profeta foi santificado antes de nascer. Os
abortistas dizem o contrário: “Antes de sair do ventre, a criança não passa de um
conjunto de carne e osso informe e sem vida. Queremos o direito de tirá-la do
ventre e jogá-la no lixo”.

Sei o quanto é difícil conter a atual tendência liberalista que despreza os valores
éticos e morais. Mas deixo aqui o meu protesto e repúdio por tais práticas,
contrárias à vontade do Criador da Vida.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 33


Parte VII
O Natal do Noel
 
Autor(a): PR. AIRTON EVANGELISTA DA COSTA
 
E-Mail: aicosta@secrel.com.br - www.palavradaverdade.com

Em todo o período de festas natalinas, não ouvi nem vi nas propagandas,


entrevistas e programas televisivos qualquer menção ao nome do Senhor Jesus,
cujo suposto nascimento no dia 25 de dezembro é a principal razão das
festividades.

Nas reuniões em família, onde há fartura de comida e de bebida embriagante,


também não se ouve falar no Salvador. Um paradoxo! Afinal, estão festejando o
quê? Qual a razão de tanta alegria? Decorre ou não decorre do nascimento de
Jesus há mais de dois mil anos?

As razões dos folguedos são as mais variadas: é dia apropriado para trocar
presentes; véspera de mais um feriado nacional; a data é propícia para visitas,
rever velhos amigos; para enviar a popularíssima e comercializada mensagem de
“Feliz Natal e Próspero Ano Novo”; noite apropriada para saborear um peru
recheado.

Se um fiel servo de Cristo aparecesse numa dessas reuniões “cristãs” e desejasse


falar um pouco do Jesus bíblico, seu nascimento e ensino, como seria recebido?
Convenhamos, não seria bem aceito em muitas casas. Em dez minutos de
pregação, o ambiente ficaria carregado. Alguns, furtivamente, se retirariam para
um local mais “seguro”, sem se esquecerem de levar o copo e o prato com
salgadinhos. A anfitriã, que houvera dado oportunidade ao intruso para uma breve
palavra, está agora em palpos de aranha:

- Minha festa vai perder o brilho – pensa com seus botões, enquanto, nervosa,
toma um gole de uísque importado. Mas oportunidade é oportunidade. O homem,
a consultar de vez em quando a Bíblia, continua impassível falando sobre o
nascimento de Jesus:

Não havia lugar – diz ele - na hospedaria para que Maria desse à luz o seu filho
primogênito. Passados muitos séculos, não há lugar para Jesus em muitos lares.
Há, sim, lugar de destaque para um boneco sorridente, de barbas brancas, vestido
com as cores da igreja de satã: preto e vermelho. O deus-boneco, conhecido
como Papai Noel, destronou o Senhor Jesus. As crianças são ensinadas a pedir
presentes ao seu “papai”, o deus bondoso que a todos atendem, entronizado e
instalado na sala principal. Tudo parece girar em torno dele, para ele e com ele.

Nesse ponto, a anfitriã não mais consegue conter as lágrimas. Não por causa de

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 34


alguma reflexão a respeito de sua miserável condição de pecadora. Está triste
porque sua festa poderá ser um fiasco. O que dirão os colunistas sociais? Como é
que isso pode acontecer logo comigo, eu que sempre primei pelo bom gosto?

Resoluta, segura o homem pelo braço e, com energia, “convida-o” a retirar-se. Em


seguida, dirige-se aos convidados:

- Venham todos. Ele já se foi. Peço desculpas. Esqueçam o que aconteceu. Roda
aí um forrozinho quente pra gente balançar o esqueleto! Depois bota aquela
musiquinha da eguinha pocotó, pocotó, pocotó. E ela mesma, para dar o exemplo,
sai pela sala a balançar seus quadris.

Dada a voz de comando, o clima de alegria voltou a reinar. E a festa se estendeu


até alta madrugada.

Parte VIII
Eu Sou Cristão!
 
Autor(a): PR. SÉRGIO LEOTTO
 
Pastor Auxiliar do Templo Batista Bíblico em Jacareí, Graduação em Teologia no
Seminário Bíblico Palavra da Vida

Infelizmente quando iniciamos uma conversa sobre política, logo nos perguntam:
Você é de direita ou de esquerda? Então, a partir da nossa resposta já é posto
sobre nós um rótulo de comunista, centrista, de direita e assim por diante.

Pois bem, não obstante estas marcas ideológicas que são postas sobre nós, eu
quero refletir acerca da forma última de pensar no tocante às possibilidades de se
governar política e economicamente.

Sendo um cristão confesso eu não posso deixar de exaltar a originalidade e a


“antecipação” do cristianismo (apesar do desenvolvimento que Platão, Aristóteles
e outros deram a temática) no que diz respeito à forma de governar. É por isso
que eu me policio para afirmar que a minha ideologia político-econômica é oriunda
dos princípios cristãos e não de alguma perspectiva centrista, esquerdista..., pois
eu julgo estas formas de conceber o “fazer político-econômico” simplesmente
como tentativas “inconscientes” de se chegar próximo ao que Deus legara para o
homem, porquanto Ele mesmo implantou no coração de suas criaturas a Sua Lei.
Então, não me perguntem se sou PSDbista ou Petista; eu sou cristão! Não
obstante, não definam cristão como uma forma Norte Americana de ver o mundo
(não que eu deixe de ter admiração pelos Estados Unidos), e sim, como um modo
de se viver baseado na Palavra de Deus. Então, posto tudo isto, vamos falar sobre
a ideologia político-econômica do cristianismo!
Bem, tendo por base o Antigo Testamento e Jesus Cristo, o Cristianismo sustenta
a sua ideologia de governo em princípios de solidariedade e fraternidade. Assim,
para o cristianismo: o pobre, a viúva, os órfãos e os marginalizados são objetos do

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 35


socorro e da ajuda da sociedade (entenda-se sociedade como sendo constituída
por: Povo, Igreja e Governo). Portanto, não pode haver pessoas que passem
necessidades. Este é um princípio básico do cristianismo.

Não obstante, não podemos confundir o cristianismo (aqui eu peço licença aos da
Teologia da Libertação para discordar deles) com as propostas do comunismo,
pois eles afirmam que aquele é o retrato exato do que Marx quis ensinar. Como eu
já disse, não podemos confundir as propostas do cristianismo com tentativas
humanas de solucionar os problemas do homem.

O cristianismo ainda tem por base a responsabilidade humana para o seu próprio
desenvolvimento sócio-econômico. Podemos ver em textos bíblicos Deus
afirmando que o preguiçoso comerá o pão da miséria.

Sendo, então, responsabilidade do homem contribuir para o seu sustendo,


podemos concluir que Deus não se opõe a propriedade privada; ao contrário, a
riqueza, enquanto produto da honestidade, e como meio de se ajudar o próximo
nunca foi hostilizada pelo cristianismo. Por conseguinte, o cristianismo rechaça a
atitude daqueles que querem viver tão somente às custas do governo sem, tão
pouco, colocarem a “mão na massa”.

O Estado (leia-se Governo) tem uma posição de facilitador e de pacificador,


podendo, sempre que for preciso, usar da “força” para manter a paz e a justiça na
sociedade. Conseqüentemente, o governo nada mais é que uma instituição que
vive em favor do todo e não simplesmente dos pobres.

Com efeito, o governo (ou governos) devem prover condições mínimas para o
bom andamento das questões da sociedade. Ele não pode querer assumir o papel
de absoluto ou de Deus, pois isto seria o primeiro passo para o totalitarismo.

Assim, podemos dizer que existem partidos políticos e propostas de governo que
se assemelham com a cosmovisão cristã, podendo, então, nos achegar a um
destes partidos e tentar construir uma nação justa e igualitária; mas, o que temos
de lembrar é que o cristianismo está acima de qualquer ideologia humana
porquanto ele (o cristianismo) foi concebido pelo próprio Deus sendo, portanto,
imune a qualquer falha.

Encerrando, eu quero deixar expresso que sou a favor de uma parceira madura e
prudente entre Estado e Igreja. Não para que um imponha ao outro o que cada um
deve fazer no que tange as suas atividades particulares e, sim, para que os dois
pensem e executem juntos uma proposta político-econômica viável para a
sociedade. O cristianismo nunca fez uma dicotomia entre o poder político e o
espiritual, tudo é governado por Deus. Ele está acima de todo e qualquer poder.
Então, afirmo abertamente: Eu sou cristão!

Parte IX
Ética Cristã na carta aos Romanos - Parte I

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 36


 
Autor(a): PR. RIVANILDO SEGUNDO PEREIRA GUEDES
 
Auxiliar do Templo Batista Bíblico em Jacareí, Graduação em Teologia no
Seminário Bíblico Palavra da Vida

INTRODUÇÃO

Falar em ética em nossos dias realmente não é uma tarefa muito fácil; tendo em
vista o cinismo que tem permeado muitas classes de nossa sociedade,
principalmente a classe política.

No entanto, não podemos nos eximir em mostrar a nossa “cara”, pois cremos que
a Igreja de Cristo é a única que tem um discurso e uma prática que podem
realmente mudar o quadro social de nosso país.

O estudo da ética nada mais é do que a análise da moralidade do homem na


sociedade. Então, quando estuda-se o ethos de algum povo, estamos, baseados
em alguma cosmovisão, “rastreando” a conduta moral do homem.

Assim, a nossa proposta neste trabalho é a de analisar a proposta de ética cristã


do apóstolo Paulo, especificamente no livro aos Romanos; buscando compreender
as implicações que os seus escritos têm para o homem do Século XXI. Em outras
palavras, já estamos deixando claro que a nossa análise partirá dos absolutos de
Deus (cosmovisão cristã), os quais são eternos e aplicáveis a toda e qualquer
cultura; ademais, este trabalho não pretende abordar “temas” éticos à guisa da
filosofia contemporânea, e sim, perseguir a proposta ética de Paulo tendo por
base o seu pensamento judaico-cristão.

Este trabalho, então, não intenta estudar capítulo por capítulo do livro de
Romanos, antes, elencar os principais temas éticos, “costurando” os argumentos
com os textos bíblicos.

I -PANORAMA DO LIVRO DE ROMANOS

Para entendermos melhor o Livro de Romanos faz-se mister expormos algumas


questões introdutórias.

A carta aos Romanos é um dos fundamentos para a compreensão da nossa fé.


Não se pode dizer que é a carta mais importante do Novo Testamento, porquanto
todos os livros neo testamentários formam o corpo doutrinário-teológico da nossa
fé; mas, é possível dizer que, é uma carta singular no que diz respeito ao
entendimento da liberdade que temos em Cristo por razão da Sua obra
consumada.
Romanos foi escrita provavelmente de Corinto, em uma das viagens que o
Apóstolo fizera para lá.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 37


Os seus destinatários são Judeus e Gentios cristãos, os quais não formavam
apenas uma igreja local no sentido que nós conhecemos (Vide 1:7 – A todos os
que em Roma são amados de Deus e chamados para serem santos...), e sim, o
conjunto de casas-igreja nas quais os cristãos se congregavam.

O fundamento teológico da carta é a justificação que há apenas no Nome de


Cristo. Então, a partir deste tema maior o Apóstolo desenvolve os seus
argumentos dentro do campo da ética.

II -A MALDADE INTRÍNSICA DO HOMEM

O Rei Davi já dissera que: em pecado me concebeu a minha mãe. Este é um


fundamento básico para iniciarmos o estudo da moralidade do homem. De fato, o
homem não é um animal social, o qual nasce bom e é levado ao mal tão somente
por influência da sociedade. Ao contrário, ele já nasce em pecado e busca o mal
pelo fato dele se encontrar, nas palavras de Santo Agostinho, contaminado pelo
pecado, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus - (3:23).

Paulo inicia o livro aos Romanos afirmando que a humanidade, representada ali
pelos moradores de Roma, trocaram a verdade pela mentira; ao invés de
adorarem a Deus, adoraram a própria criatura; por isso, então, Deus os entregou a
uma disposição mental reprovável. É bem verdade que nem todos os homens, em
razão da distância de Deus, buscam uma vida de promiscuidade como aqueles
buscaram; no entanto, todos aqueles que ainda não foram justificados por Cristo
andam “tateando” sem terem uma conduta ética clara que possa leva-los a
agradar a Deus, porquanto, a única forma de agradarmos a Deus plenamente é
por meio do Sangue de Cristo.

Deste modo, o homem “natural” não tem condições de propor uma mensagem
integral para a transformação da sociedade, pois, nas palavras de Schaeffer, a
única proposta de transformação real e substancial vem do cristianismo.
Cabe aqui uma aplicação para aqueles que pensam que os ideais humanos
podem mudar realmente a sociedade.

Há alguns anos atrás o mundo se viu dividido entre comunistas e capitalistas. Os


dois tentaram mostrar para a sociedade que a sua proposta de governo era a
melhor e a que realmente atingiria as necessidades básicas do homem. Ledo
engano de ambas as partes! Até hoje nenhum dos dois conseguiu de fato suprir as
demandas do mundo urbanizado com as suas mazelas e contradições (por mais
que eu concorde que o capitalismo tenha conseguido um maior progresso).

Em Romanos 3 observamos Paulo afirmando que não existe nenhum justo, não
há quem busque a Deus, não há quem entenda..., isto é, a depravação gerou no
homem uma “impossibilidade moral” dele construir uma sociedade mais justa, pois
se assim não fosse Cristo teria morrido em vão.

III - A JUSTIFICAÇÃO POR MEIO DA FÉ

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 38


Após termos visto que Paulo mostra o homem como absolutamente pecador,
dependente de Deus e impossibilitado de fazer “plenamente” o bem para a
humanidade, vamos nos deter na proposta de Deus para a mudança do caráter do
homem, por meio da Justificação dos seus pecados via o Sacrifício consumado de
Cristo.

Paulo nos diz que Deus providenciou a cura para o mal intrínseco do homem.
Deus nos prova que Ele é amor e que, quer desenvolver uma relação de
intimidade com a sua criatura.

Os capítulos 3 ao 5 passam a discorrer acerca da justificação que há em Cristo.


Paulo revela que, por meio do sangue de Cristo, Deus trouxe uma nova era de paz
para o homem (5). Então, a partir do momento que o homem se entrega a Cristo,
confessando-o como o Seu Salvador e Senhor, a paz de Deus (Fl 4) passa a fazer
parte da vida do novo homem, dando-lhe real sentido de vida. Assim, tendo em
vista que o pecado é o mal que escraviza o homem, neutralizando-o no que diz
respeito a fazer o bem “real”, Deus liberta a Sua criatura, recriando-o à imagem e
semelhança de Seu Filho amado, dando-lhes condições de ser o representante de
Deus na terra. Ademais, quando o homem crê em Cristo e passa a fazer parte de
uma igreja local, ele se torna um emissário do Reino de Deus. O Reino que veio
trazer a proposta para “reconstruir” o universo (apesar de que ainda será
consumado o Reino sobre a terra. É o “já e ainda não”), e dar esperança para o
homem, baseado na obra consumada de Cristo.

É importante frisar que Paulo não tinha interesse de ensinar teologia como um fim
em si mesmo, ou à guisa dos compêndios de Teologia Sistemática os quais nós
conhecemos. Ao contrário, o seu desejo era o de centralizar o pensamento do
povo de Deus na obra de Cristo, para daí leva-los à prática de uma vida correta,
que pudesse mudar o contexto de vida deles. Isto é, esta idéia de ensino
puramente “intelectual” da fé sem vistas à prática do mesmo, é uma concepção
Ocidental de religião e não judaico-cristã. Paulo nunca intentou escrever um
compêndio de teologia sistemática conforme conhecemos em nosso meio
evangélico ocidentalizado; o seu desejo era o de dar respostas que fossem de
encontro aos questionamentos doutrinários e existenciais dos cristãos. Este era o
seu real desejo. Ou seja, Paulo entendia que a comunicação teológica se dava por
um via muito mais do “coração” do que da “mente” . A teologia deve responder de
forma muito clara e direta aos conflitos do homem no seu cotidiano, porém, não de
forma superficial, antropocêntrica e simplista. Fazer teologia não envolve “apenas”
conhecer o texto bíblico, mas também a realidade em que ele está sendo pregado
para que a aplicação faça sentido. Clodovis Boff, em seu livro Teologia Pé no
Chão, comenta esta idéia dizendo que a teologia tem que ser feita junto ao povo, e
não de forma puramente intelectual sem sentir, contudo, o pulsar do coração do
povo. Ele disse:

Pé no chão, significa, em primeiro lugar, uma teologia que caminha com os pés e
não com a cabeça. De uma teologia chã, terrosa. Mas sempre grávida dos germes

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 39


de todo o chão fecundo.

Pé no chão, em seguida, porque esta teologia se faz primeiro com os pés. Trata-
se aqui de um pensar teológico que entra pelos pés, penetra por todo o corpo e
sobe até a cabeça. Pois há coisas que só captam indo até lá e vendo. Esta
teologia diz o que viu e ouviu em suas andanças no meio do povo - (Boff: 1984,
12).

Esta foi a forma pela qual o apóstolo Paulo fez sua teologia. Ele não produziu
pensamentos teológicos no vácuo, e sim, mediante situações concretas
predefinidas.
Isto chama-se, então, Teologia Prática. Para compreender melhor o que significa
este termo, o Dr. Júlio Paulo esclarece afirmando que, “Sendo uma teologia da
ação a partir do discernimento, o referencial teórico da Teologia Prática deve ser o
de uma teoria crítica e discursiva da ação” ( ZABATIERO, 2003-09 ).

Isto é, a Teologia Prática percorre um caminho diferente do das outras disciplinas


teológicas. Ela está mais preocupada com as dimensões da ação cristã,
criticando-a e dando-lhe soluções para que possa cumprir melhor os
mandamentos de Deus.

Eu não estou afirmando que a Palavra de Deus precise de reparos ou de


conselhos. Muito pelo contrário. Creio piamente na Inspiração total das Escrituras,
crendo, como conseqüência, na sua Inerrância.

O que quero exprimir é que, o desejo de Paulo era o de formar crentes atuantes e
cientes de sua situação histórica. Pois o seu ensino não se deu no vácuo, e sim,
em contextos específicos de vivência da fé.
Deste modo, no momento em que o homem é justificado dos seus pecados ele
pode se valer do amor sacrificial de Deus para apresentar a Luz para os que ainda
estão na escuridão.

III – A LUTA CONTRA O PECADO E O “DESENVOLVIMENTO” DA SALVAÇÃO

Dos capítulos 6 ao 8 Paulo passa a explanar acerca do imperativo da santidade.


Para o homem, o limite não é o crer em Cristo, mas, o assemelhar-se a Ele a cada
dia. Então, para isso é necessária a santidade.

De acordo com Paulo, a santidade só é possível quando o homem morre de uma


por todas para o pecado (cap. 6) ressuscitando para uma nova vida, assim como
Cristo o fez (no caso de Cristo Ele morreu não por Ele ter pecado, mas, por nós
termos pecado. Ou seja, Ele nos substituiu!). Não obstante, o próprio Apóstolo,
nos diz que não temos condições de vencer o pecado, pois o bem que queremos
fazer não fazemos, mas o mal que não queremos, esse sim praticamos (cap. 7).
Então, a solução está na graça de Deus. Deus é quem vive a vida cristã por nós.
Por isso Paulo diz: já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2).
Sendo assim, até o processo de santificação é dom da graça de Deus.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 40


Para entendermos a teologia deste brilhante servo de Deus, se faz necessário
vasculharmos o seu passado para capturarmos com mais propriedade o seu
entendimento da Graça de Deus. O professor Wander pesquisou a vida do
Apóstolo e chegou a algumas conclusões:

“Logo após a sua conversão, Paulo desejou imediatamente pregar; evangelizar,


salvar o mundo! Seria normal tal ímpeto, afinal, desejava recuperar o tempo que
havia perdido, ou ainda, tentar redimir-se dos males que havia causado à igreja de
Cristo. Entretanto, ao empreender os primeiros esforços para pregar, as portas se
fecharam. Foi então para o deserto da Arábia estudar, refletir, rever toda a sua
formação religiosa. Três anos depois decidiu ir para Jerusalém. Lá as portas se
fecharam novamente. Sobreveio-lhe, então, certa crise pessoal quanto à sua
vocação. Mais dez anos se passaram. Foi quando Barnabé decidiu então procurá-
lo, levando-o para a Igreja de Antioquia. Ali, mais um ano ainda teve de esperar.
Totalizaram-se, desta forma, 13 ou 14 anos de espera desde a sua conversão,
pois, converteu-se aos 28 anos e iniciou o seu trabalho missionário por volta dos
41. (Vide Gálatas 1:10-2:1).

Romanos, juntamente com Gálatas, mostram de forma muito clara a intenção de


Paulo em expor que Deus havia libertado o povo da escravidão da lei e, que a vida
cristã deveria ser vivenciada tomando por fundamento a Graça de Deus e o
sacrifício de Cristo sendo, então, desnecessária a prática de leis cerimoniais da
religião judaica.

Elas em conjunto testificam, portanto, da inutilidade do “esforço” humano para nos


torna-los mais benquistos diante de Deus; ao contrário, Gálatas e Romanos (esta
foi escrita após aquela) são testemunhas da Suficiência que há apenas no
sacrifício de Cristo por nós, conferindo para “todo o que nele crê” a possibilidade
de crescer na graça e no conhecimento do nosso Salvador.

As duas cartas revelam uma harmonia de assuntos e objetos incontestáveis. Os


principais temas que observamos nas duas, são :

Gl 1:15-16 Rm 1:1-5 Separação para o Apostolado


Gl 2:15-21 Rm 3:19-28 Justiça da Fé
Gl 3:6-25,29 Rm 4:1-25 Abraão
Gl 3:26-28 Rm 6:3-5 Batismo
Gl 4:1-7 Rm 7:1-8,16 Servidão e Liberdade
Gl 4:21-31 Rm 9:6-13 Lei e Promessa
Gl 5:13-15 Rm 13:8-10 Liberdade do Amor
Gl 5:16-26 Rm 8:12ss. Vida no Espírito

Udo Shnelle chega, ainda, a dizer que, os conceitos de liberdade e vida no


Espírito de Romanos estão prefigurados em Gálatas.

Parte XX

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 41


Ética Ministerial
Introdução
 
Autor(a): PROF. JOSIAS DOS SANTOS BATISTA JUNIOR
 
Mestre em Teologia, com área de Concentração em Teologia Sistemática, pela
FTBSP (Faculdade Teológica Batista de São Paulo) e Bacharel em Teologia pela
FAESP (Faculdade Evangélica de São Paulo). E-mail: juniorbat@gmail.com

OBS.: Escrita em forma de tópicos porque está preparada para aula expositiva.

Muitos pensam que o ministério eclesial, são apenas títulos outorgados a pessoas,
por seus méritos, conquistas e capacidades próprias.

Esquecem-se que a VOCAÇÃO é o requisito fundamental para o bom ministro de


Deus!

Hoje, percebe-se uma “crise funcional” em algumas igrejas, ou seja, pessoas


fazendo o que é certo, nos lugares errados, no cargo errado e da forma errada.
Fazemos este estudo, não para confrontar os nossos obreiros, pois temos grande
estima por todos, e cremos em suas chamadas.

Na realidade, o que se quer com este trabalho, é conscientizarmo-nos do que


Deus quer de cada um de nós, quando somos chamados ao ministério.

O nosso grande desejo, é que possamos fazer a obra de Deus com “sucesso”.

E, quando diz-se sucesso aqui, usa-se este termo num sentido inteiramente sacro!
Ou seja, para nós, servos do Altíssimo, “sucesso” é estar no lugar correto, no
momento exato, na função certa, fazendo aquilo que Deus quer e como Ele
deseja.

I. MINISTÉRIO LOCAL

O que se quer designar com “Ministério Local”?


Ministério local são as atividades exercidas por intermédio de cargos e funções,
outorgadas à pessoas, que fazem uso de suas habilidades vocacionais para o
bom serviço local da igreja.

Ou seja, é o cargo ocupacional que beneficia os membros.

Segundo o dicionário, ministério é “mister; cargo; profissão; poder executivo ou o


governo”.

Por conseguinte, ministro é “aquele a quem se incumbe um cargo ou função”.


Então, definindo, ministério local é a função ocupada por pessoas vocacionadas
para tal, e a boa administração desta.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 42


1. Ética

Ética é a “parte da filosofia que estuda os deveres do homem para com Deus e a
sociedade.
Esta característica, ressalta a importância do bom relacionamento entre os
ministros e os membros que estão sob o seu ministério.
Quando falamos em ética, falamos da boa educação dos líderes.
A ética tem tudo a ver com a sabedoria, pois a ética é a exteriorização da
sabedoria.
O líder que não age com educação e respeito para com os seus subordinados,
não pode dizer que possui sabedoria divina!
O ministro deve saber que:

a) Autoridade não se impõe, se conquista;


b) A autoridade não está sobre a pessoa, mas sobre a sua ocupação;
c) Não somos donos da vida de ninguém, mas sim, conselheiros;
d) Não se faz alguém submisso por intermédio do medo pela posição do líder ou
por juízos divinos;
e) A ocupação não é para o benefício pessoal, não é para o ocupante, mas é para
o benefício da igreja.

O bom obreiro sabe que não se cumprem ordens absurdas!


É preciso exigir de cada um, o que cada um pode dar.

Pois a autoridade repousa sobre a razão.

Assim, como nos é dito nos cursos de direito: “Requisita quem pode e requer
quem pede.”

Deus “tudo pode”, então, Ele requisita; nós, como ministros SOB o Poder de Deus,
apenas requeremos SOB a requisição dEle.

As pessoas não começarão a fazer algo apenas porque “eu” quero, mas porque
foram conscientizadas de que é a vontade de Deus, e que é o melhor para elas
mesmas.

Assim, todos estarão espontaneamente fazendo o que você pede, sem o famoso
“autoritarismo”.

Tudo isto depende do grau de influência que você exerce sobre as pessoas.

O bom obreiro influencia sem forçar.


E, se quiser ser um influenciador em potencial, deve mostrar-se necessário à vida
das pessoas que lideram.

A palavra grega “diakonos” é muitas vezes traduzida por “ministro” ou “servo”.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 43


Na verdade, este termo grego significa mais do que isto, pois a língua grega faz
uso de três palavras distintas para referir-se ao testemunho de alguém!

MARTIRÍA = Testemunhar com a própria vida;


KOINONÍA = Testemunhar através da comunhão;
DIAKONÍA = Testemunhar através do serviço.

O obreiro deve fazer uso das três formas de testemunho para ser ético.
Assim sendo, todas as exigências diaconais contidas na Bíblia, direciona-se a
todos os obreiros da Casa de Deus!
A Bíblia pede para que o obreiro seja “cheio do Espírito Santo” (At. 6:3).
Mas, aqui surge-nos uma grande pergunta: “o que é ser cheio do Espírito Santo?”

É o simples fato de falar em línguas?


É pular, profetizar, fazer barulho?
Não! Nunca foi segundo a Bíblia!
Vejamos que, após o derramamento de poder, em Atos 2:42, as pessoas cheias
do Espírito Santo, tinham características especiais, que são:

Perseveravam na doutrina – obedeciam à autoridade devidamente constituída;


Na comunhão – amor fraterno;
No partir do pão – reuniam-se regularmente nos cultos;
Na oração – dependiam exclusivamente de Deus.

A pessoa cheia do Espírito Santo, mostra frutos disto pela sua conduta, e não pelo
seu “barulho”.
Nunca pense que o bom obreiro é o mais “gritão” ou o mais “pulão”!

Não é pelos dons alcançados que se mede a capacidade ministerial de uma


pessoa, mas pelo fruto do Espírito sendo desenvolvido em sua vida (Gl. 5:16).

Não Dado a Muito Vinho (I Tm. 3:8).


Creio até ser sem necessidade demorarmo-nos neste ponto, pois só um insensato
poderia achar que bebida alcoólica tem alguma coisa de bom para o Templo do
Espírito Santo – nosso corpo.
Diz a medicina que nosso corpo precisa de doses diárias de vitaminas que o
álcool contém, porém, não se faz necessário tomarmos bebidas alcoólicas para
isto, é só balancearmos nossa alimentação, pois em algumas delas, já vem o que
necessitamos para nossa saúde.
Irmãos, não useis coisas vãs para dar ocasião ao pecado! As culturas são
variadas, então, como brasileiro, devo seguir a cultura evangélica brasileira!
Aqui fala para não sermos dados a MUITO vinho, referindo-se a que podiam beber
um pouco. Mas, o vinho ao qual a Bíblia se refere, é o suco da uva natural, não
fermentado.
O vinho para os hebreus é como o café para nós.
Nunca deve querer alcançar outros cargos por preços impostos ou lisonjas.
Devem Ter Esposas Exemplares (I Tm. 3:11).

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 44


Não adianta o obreiro ser uma benção e a mulher uma perdição.
A esposa do obreiro não deve ser maldizente, murmurenta, faladora da vida
alheia, apressada em ir embora, etc.
Devem ser fiéis em tudo, passando confiança ao marido.
Marido de Uma Só Mulher.

Na época, haviam os que eram favoráveis à poligamia, por causa da influência


grega, e por isto, Paulo exorta-os a que tenham UMA SÓ ESPOSA.
A esposa é a adjutora, a assistidora, a AJUDADORA, o braço direito do marido.
Quantos obreiros que acabam, às vezes sem perceberem, aderindo à poligamia
colocando outras mulheres, que não são a sua, como secretárias pessoais de seu
ministério, dando a honra da sua esposa a outra mulher!?
E o pior, é que isto é falta de vigilância sexual, pois assim, estaremos “procurando
casca de banana para escorregarmos”.

Temos também aqui, implicitamente, a exigência da atenção à esposa!

Ou seja, há uma só esposa para o obreiro, que é a com quem ele se casou
literalmente.
A sua esposa não é a igreja, o ministério, etc., mas a mulher a quem Deus colocou
ao seu lado.

Existe uma frase que diz: “atrás de um grande homem, tem sempre uma grande
mulher”.

Mas, percebemos pela Bíblia e pela prática, que não é atrás do grande homem
que tem uma grande mulher, mas sim, AO LADO.

Ser é mais do que ter.


Nunca diga: “quando eu for, farei isto ou aquilo”, pois isto só demonstra a sua
dependência a uma carteirinha.
A carteirinha vem por reconhecimento de serviços prestados, ou seja, a carteirinha
não é CONHECIMENTO, mas, RECONHECIMENTO.

2. Responsabilidades Éticas do Obreiro Para Com a Comunidade Local

O obreiro (principalmente o diácono), deve cuidar da ordem no culto.

Não digo ser simplesmente porteiro, mas sim, que cuide de todos os pontos
possíveis da igreja – isto conta a portaria, mas não significa que seja porteiro.
O obreiro mantém estes vários pontos em ordem, para que o culto tenha um
andamento perfeito.
O obreiro que está na nave da igreja é o que se preocupa com o barulho diferente
no corredor da igreja, com o muito andar no momento do culto, com o cheiro de
queimado em algum lugar, etc.
Enfim, ele é o que deixa os pastores preocupados só com a Palavra;

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 45


Tem que estar apto a auxiliar no culto, na falta do presbítero ou mesmo do pastor.

Deve estar também sempre preparado para uma eventual oportunidade ou até
mesmo para a mensagem da noite – pode ser que não dê para o pastor avisá-lo
antecipadamente!
O obreiro só não deve ministrar a Ceia do Senhor, se não for presbítero,
evangelista ou pastor – salvo por uma eventualidade e com a permissão do
ministério.
No caso do uso do óleo da unção e da Benção Apostólica, seguir o exposto acima.

Devem sempre estar bem vestidos.

O obreiro que auxilia de pé, é a porta de entrada da igreja – assim como os


cooperadores que ajudam na portaria.
É aquele que sempre está em pé, à vista de todos – procure o obreiro estar em pé
sempre (salvo os que atendem ao lado do púlpito).
É honroso ao obreiro estar sempre se portando socialmente.
E ainda, ser bem asseado, com roupas limpas, cheirosas e bem passadas,
cabelos bem penteados e cortados, unhas limpas (imagine você pegando o pão
da Ceia e ver as unhas sujas do obreiro próximas do pão!), e dentes escovados (é
ridículo conversar com um obreiro que tem um mau-hálito terrível!).
É importante ao obreiro ir ao banheiro da igreja, antes do culto, e se olhar no
espelho, para ver se está tudo nos conformes consigo mesmo.
Isto é zelo.

Espera-se também que o obreiro que atende na portaria, seja alguém receptivo,
bem humorado, e que saiba resolver os problemas na hora do culto, sem chamar
a atenção para si.
Outra coisa muito importante para se informar é que, não é ético o obreiro recolher
a oferta e, dentro da nave da igreja ou em um canto qualquer, “enfiar” a mão na
salva para ficar pegando troco.

Separe os trocos na sala onde for contado o dinheiro (tesouraria), daí sim, saia
distribuindo-o para as respectivas pessoas.
Se não conseguir gravar todas as pessoas que lhe pedem troco, ande com um
bloco de anotações, e marque quem te pedir troco, e o valor de cada um.
Isto facilita, dá ordem, segurança e embeleza a obra de Deus.
Para facilitar, pede-se para os cooperadores recolherem as ofertas iniciando de
um ponto onde ele vá de encontro à tesouraria quando chegar ao último irmão.
Aconselha-se também aos dirigentes a orarem com toda a igreja, juntamente com
os diáconos, antes de se recolher os dízimos e ofertas.

- Assim, quando acabarem de recolher, não precisarão orar sozinhos em um canto


qualquer da igreja, e também poderão ir juntos à tesouraria.
- É importante contarem o dinheiro em no mínimo duas pessoas e assinarem
juntos o valor total em um comprovante a ser entregue ao pastor – faça-se isto
logo após o recolhimento.

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Pede-se aos obreiros (e cooperadores que estão de pé, auxiliando), que não
andem para cima e para baixo com a Bíblia na mão.

Pois devem estar com ambas as mãos livres para alguma eventualidade.
Coloque a Bíblia em um lugar onde você possa vê-la e fique atento ao seu redor.
Quando estiverem todos orando, o obreiro que está servindo como diácono deve
estar também orando, mas com os olhos abertos – “Olhai, vigiai e orai...” (Mc.
13:33).
Quando forem fazer algo e um grupo estiver cantando com o (a) regente à frente,
não passe pela frente do (a) regente, nem se for abaixado, é falta de ética!

O presbítero deve ser “o braço direito” do pastor, e na falta deste, o presbítero


pode e deve dirigir a igreja, cumprindo todas as funções pastorais.

Isto inclui a Ceia do Senhor, a Benção Apostólica, o uso do Óleo da Unção, etc.

Consequentemente, exige-se do presbítero, que saiba ensinar, que seja


comunicativo e que tenha um conhecimento aprofundado da Palavra de Deus.
O obreiro deve valorizar a família e administrar bem o tempo, para que possa dar
atenção aos seus.

Se assim não fizer, para Deus, ele está em condição pior que a do infiel (I Tm.
5:8).

Mateus 26:41 registra que Jesus disse: “Vigiai e orai”.


Alguns trocam a ordem, dizendo que está escrito “orai e vigiai”, mas, o versículo
não se encontra assim!
Vejamos que Jó não se sentia “o santarrão”, “o super-crente”!

Ele não achava que poderia vencer a tudo e a todos pelas suas próprias forças.

Então, como ele se manteve íntegro, reto e temente a Deus?

É simples, ele “se desviava do mal” (Jó 1:1).


Ele vigiava!

O obreiro no ministério local, deve reconhecer suas fragilidades humanas, e saber


que quem pisou na cabeça de Satanás foi Jesus, e não nós, ainda (Rm. 16:20).
Quantos que ao alcançarem uma posição na igreja, por vaidade do cargo ao qual
ocupam, tornam-se pessoas fechadas ao convívio comum!

Ficam com “cara-de-bule”, parecem “intocáveis” e “incomunicáveis”!

O obreiro deve ser uma pessoa acessível e simpática.


Vejamos o que Deus disse a Jeremias, em 1:5!

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Parafraseando para hoje, é como se Deus nos dissesse assim: “Você é um
homem do povo, pois o teu ministério foi dado por causa deles! Viva com eles,
toque neles. Você é um deles, porém, com a incumbência de cuidar deles.”

Diz-se, acertadamente, que “o pastor tem cheiro de ovelha”.


Deve ter condições de ensinarem ao povo.
Porém, só se ensina o que se sabe! E como está o grau de conhecimento de
nossos obreiros?!
Quantos que ao alcançarem um cargo de eminência, sentem-se os “sabichões” e
não frequentam mais a Escola Bíblica Dominical, escolas teológicas, seminários,
etc.?
Só está apto para ensinar quem está apto para aprender!
Falar-se-á, agora, com os que ensinam.

Aliás, na verdade, será exposto o que escreveu David Wilkerson, no livro “Faminto
por mais de Jesus”.

David Wilkerson faz-nos as seguintes perguntas: “O que você está ensinando? A


mesma coisa que um dia aprendeu? A revelação adaptada de algum grande
pregador? Ou já recebeu revelação pessoal de Jesus Cristo? Se a recebeu, ela é
progressiva? O céu está aberto para você?”
Nunca pensemos que já alcançamos tudo, pois somos o povo do caminho, ou
seja, estamos “indo”, mas não chegamos ainda! (Os. 6:3)
Não Espancador, Mas Moderado.
Deus, no Antigo Testamento, reclamou sobre isto (Jr. 10:21).
Quantos são verdadeiros “nazistas espirituais”!
O obreiro, deve conscientizar-se que seu trabalho é levantar, não derrubar; curar,
não jogar álcool sobre a ferida.
Alguns ainda dizem, quando espancam verbalmente os seus, que estão sendo
sinceros, porém, antes de mais nada, devemos ser sinceros com os sentimentos
dos outros!
Conforme já foi provado pelos psicólogos do behaviorismo, a disciplina positiva dá
melhores resultados que a negativa.
Consequentemente, deve também o obreiro, não usar o púlpito para ataques a
ninguém.
Não Ganancioso (I Tm. 3:8). A ganância é o desejo desgovernado por mais e a
avareza pelo que já se tem.
E aqui, a ordem é para que o obreiro não seja ganancioso, tanto no que tange o
lado material quanto no ministerial.
O dirigente, por exemplo, não pode querer fazer tudo sozinho na igreja.

Não pode querer ser o “bombril” – “mil e uma utilidades”;


E buscar a superioridade ministerial a qualquer custo.
Como se fosse um “papa-cargos”.

O Padre Antonio Vieira, missionário português (1608-1697), disse: “Considerai que


querendo mais do que podeis, não só destruís o vosso poder senão também o

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vosso querer.”
Em Efésios 6:1-3, está exposto os deveres de um filho.

Mas, para que um filho tenha condições de ser conforme este mandamento, seus
pais devem ser os motivadores, respeitando os filhos.
Respeito, biblicamente falando, não significa obedecer às vontades dos filhos ou
ser submisso aos filhos, mas que devemos respeitá-los como pessoas que são.
Em Efésios 6:4, nos é explicado o modo de respeitarmos os filhos!
Colossenses 3:21 diz-nos o que ocasiona ao filho a falta de respeito dos pais para
com ele.
Não sufoque seus filhos com ordens absurdas e com um militarismo barato.

O “por quê” de toda esta exigência de bom governo no lar para o presbítero, está
na seguinte parte: “pois se alguém não sabe governar sua própria casa, como
cuidará da igreja de Deus?”
Como diz o adágio: “Costume de casa vai à praça”.
Meditemos agora em Lucas 16:10.

Troque a frase NO MÍNIMO por NA FAMÍLIA, e a NO MUITO por NA IGREJA.


Teremos: “Quem é fiel NA FAMÍLIA, também é fiel NA IGREJA, e quem é injusto
NA FAMÍLIA, também será injusto NA IGREJA.

Pede-se aos obreiros a que sejam transformados e não que sejam transformistas!
Existem ministérios que, acertadamente, só separam seus obreiros, depois de
pesquisarem suas vidas, até mesmo pela vizinhança (Fp. 4:5; I Tm. 3:7).
Não adianta ser obreiro só dentro da igreja, pois isto é muito fácil (II Co. 11:14,15)!
O obreiro deve viver o que prega e pregar o que vive.

Um sermão pode durar alguns minutos, mas com nossas vidas, pregamos
sempre.
Você é o sermão!

Que seja pontual nos seus compromissos.

É uma vergonha o culto já ter começado e o obreiro que senta-se no púlpito, estar
passando pelo meio da igreja.
Não adianta também esperar e subir na hora da oração, pois isto só demonstrará
que o obreiro não tem reverência enquanto fala-se com Deus.
E ainda têm alguns que, além de chegarem tarde, passam cumprimentando todo
mundo, parecendo políticos, como se todos só estavam esperando por ele para
começarem o culto!

Aos que estão no púlpito, também pede-se que sentem-se decentemente


enquanto lá estiverem e não como se estivesse no sofá de sua casa.

II. DOZE EXIGÊNCIAS ÉTICAS QUE DEUS FAZ PARA A ESCOLHA DE UM


OBREIRO (LV. 21:21-23)

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Têm os que podem somente “comer o pão”.
Existem, porém, os que além de comerem, são escolhidos para “servir o pão”.
E Deus faz algumas exigências aos que serão escolhidos para o “serviço”!
Deus não quer que “sirvam o pão”:

1. Cego (v. 18)

Refere-se a cegueira espiritual.


Cego não pode guiar cego.
Tem que ter visão de Deus.

A visão de Deus não é a nossa visão.


Não devemos limitar a visão de Deus.

2. Paralítico/Coxo (v. 18)

Pessoa paralisada, acomodada na obra não pode servir.


Deus não tem plano de aposentadoria na terra para ninguém.
Temos que nos desenvolver, não é possível o tempo passar e tudo continuar na
mesma.
Toda vez que a Bíblia menciona um encontro com Jesus e um paralítico, lê-se a
frase: “levanta-te e anda”!

3. Nariz Chato (v.18)

“Chatonildo”, “cri-cri”, “resmungão”, etc.


Tem obreiro que detesta criança!
Outros detestam jovens!
Não dão um sorriso sequer.
Nada está perfeito para eles.

4. Membros Demasiadamente Compridos (v. 18)

Deformados e não transformados.


Têm dupla personalidade, ou seja, um dia está feliz com todos, no outro está
batendo em tudo.
Em casa é uma coisa, na igreja é outra.
Não crescem na Graça e no Conhecimento de uma forma equilibrada (II Pe. 3:18).
Cuidado também com a tendência ao “fanatismo” e ao seu oposto, que é o
“mundanismo”.

5. Pé Quebrado (v. 19)

Quem tem o pé quebrado, não consegue andar direito.


Tem que usar “amuletas”, que são pernas artificiais.

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Precisam às vezes de enfeites intelectuais ou ministeriais (II Co. 10:12, 17-18).
Precisam de algo externo para se locomoverem.
Usam de manivelas para com o povo de Deus.

Tem obreiro se arrastando no púlpito e não reconhece.


Este é presa fácil para o “lobo”, pois não terá tempo de correr e salvar a ovelha.
Jesus quer restituir o “pé” aos que assim se encontram, basta reconhecerem (I Co.
2:1-2).

6. Mão Quebrada (v. 19)

A pessoa com a mão quebrada, não pode estendê-la.

Característica do obreiro que não ajuda ninguém na caminhada.

Também não pode abri-la.

Não contribui, pois é “mão de vaca”.

7. Corcovado/Corcunda (v. 20)

Não conseguem olhar para cima, pois estão cheios de peso nas costas.
? Tem obreiro que carrega o peso da culpa.

Culpa de não se humilhar a ninguém.


De não pedir perdão.
Não podem levantar a cabeça para falarem sobre respeito, porque não são
respeitadores.

Tem os que estão corcundas porque carregam a igreja toda nas costas.

Jetro disse para Moisés dividir o serviço.


Não somos funcionários muito ocupados, mas filhos obedientes.

8. Anões (v. 20)

Nunca crescem espiritualmente, sempre têm os mesmos problemas passados.


Estão estagnados:

No conhecimento;
No famoso “eu sou assim mesmo”;
Num ponto de vista antiquado;
Etc.

Não ligam para o crescimento do povo, pois prendem-se em uma frase


incompleta, que diz que “Deus não tem compromisso com quantidade, mas sim,
com qualidade”.

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Porém, creio que Deus tem compromisso com quantidade e com qualidade.
Também mede-se a qualidade pela quantidade!

Tem pessoas que pensam que os projetos de Deus são do tamanho dos seus
próprios projetos.

9. Belida no Olho/Catarata (v. 20)

Quem tem este problema, não vê direito, assim, têm uma impressão errada sobre
todo mundo (Mc. 8:24).
Vêem as coisas de Deus e não discernem, vêm as do mundo, e igualmente não
conseguem discernir.

Ficam tentando colocar sentimentos físicos para descobrir se algo é de Deus, por
exemplo: “quando é de Deus eu sinto um fogo dentro de mim!”

Apontam um mamão falando que é uma laranja.

10. Sarna (v. 20)

Quem tem sarna necessita de encostar-se para coçar-se.


A pessoa que tem sarna espiritual anda se coçando nos outros.

É fofoqueiro, mexeriqueiro, etc.

Vive contaminando as outras pessoas com seus problemas, com suas revoltas.
Passa coisas ruins.

Ensinos ruins;
Modos ruins;
Cânticos duvidosos;
Etc.

11. Impingem/Ferida Aberta (v. 20)

Amargura, vingança.

“Perdoar é aceitar não somente a ferida, mas também quem feriu.” (Revista Raio
de Luz)

Tem obreiro que usa o púlpito para se vingar.


Tem alguns preconceituosos, racistas, facciosos (Tg. 3:14-16).

12. Testículos Quebrados (v. 20)

Quem tem “testículos quebrados” é estéril.

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Sem capacidade de reprodução.
Sem capacidade de gerar vidas.

Obreiro estéril nunca consegue aumentar a quantidade de filhos.


Não adianta colocar este em outro lugar.

Sua mensagem é estéril;


Sua conduta é estéril;
Seu pensamento é estéril;
Seu coração é estéril;
Seu cristianismo é estéril.

CONCLUSÃO

Nossa vida na Obra do Senhor, é como mais uma página, a ser escrita na História
da Igreja de Cristo.
E, como está sendo redigida a nossa história?

Será uma história de conquistas ou de fracassos?!

Somos como viajantes no deserto, por onde passamos, deixamos nosso rastro.

Como está sendo deixada as nossas pisadas?

Saibamos também que Deus não chama desocupados.

Não espere sentado a chamada, mas ponha-se em pé, arregace as mangas e


mãos à obra!

NINGUÉM passa a ser ALGUÉM após um título.


Cumpramos nosso ministério da melhor forma possível, pois, ao terminá-lo,
deveremos dizer como o apóstolo Paulo em II Timóteo 4:7.
Deus confia em seus ministros, não O desapontemos!

Estude com fé depois de ter terminado os seus estudos, envie seu questionário
com as respostas devidas para o endereço de e-mail: teologiagratis@hotmail.com,
se assim quiser, logo após respondido e corrigido o questionário, alcançando
media acima de 7,5, solicite o seu Lindo DIPLOMA de Formatura e a sua
Credencial de Seminarista formado, também poderá solicitar estagio missionário
em uma de nossas igrejas no Brasil ou exterior traves da Federação Internacional
das Igrejas e Pastores no Brasil ou Fenipe, que depois do Estagio se assim o
achar apto para o Ministério poderá solicitar a sua ordenação por uma de nossas
organizações filiadas no Brasil ou no exterior, assim você poderá também receber
a sua Credencial de Ministro Aspirante ao Ministério de Nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo. Esta apostila tem 54 pagina boa sorte.

Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 53


Sem nadas mais graça e Paz da Parte de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
bons estudos.

Reverendo Antony Steff Gilson de Oliveira


Pastor da Igreja Presbiteriana Renovada de Nova Vida
Presidente da Federação Internacional das Igrejas e Pastores no Brasil ou Fenipe

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