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Procura de Moeda

As teorias explicativas sobre a procura de moeda diferenciam-se,


particularmente, pelo papel que atribuem a taxa de juro e a sua importância
na ligação entre a esfera real e a monetária, com as consequentes
implicações sobre o grau de eficácia da política monetária e sobre os
mecanismos de transmissão da política monetária à todo o sistema económico.

Teoria Quantitativa da Moeda

A teoria quantitativa da moeda tem origem nas questões centrais colocadas


pelos autores clássicos, sobretudo a partir do seculo XIX e início do seculo XX,
nomeadamente as questões relacionadas com a determinação do
rendimento nominal.

Um dos autores mais representativos desta teoria, Irving Fisher, procurou explicar
a relação entre a quantidade de moeda (M) e a despesa total nominal em
bens e serviços finais (P x Y), sendo P o nível geral de preços e Y o produto real.

A relação entre a despesa total e a massa monetária define a velocidade de


circulação da moeda que, basicamente, se pode definir como a quantidade
de vezes que uma unidade monetária (um metical, um euro, um dólar, etc.) se
utiliza nas trocas de bens e serviços finais, numa dada economia, num
determinado período de tempo, ou seja:

𝑃 ×𝑌
𝑉=
𝑀

Multiplicando ambos os lados desta expressão pela quantidade de moeda


obtém-se a conhecida equação de trocas:

𝑀 × 𝑉 = 𝑃 ×𝑌

M = massa monetária

V = velocidade de circulação da moeda

P = nível geral de preços (preços absolutos)

Y = produto real

1
A equação de trocas, em si mesma, constitui apenas uma identidade: a
quantidade de moeda multiplicada pelo número de vezes que é utlizada
durante um ano é igual ao rendimento nominal (valor total da despesa nominal
no ano).

A equação de trocas converte-se na teoria quantitativa da moeda a partir do


momenta em que Fisher considera que a velocidade de circulação da moeda
é muito estável. De acordo com a teoria quantitativa, a velocidade de
circularão da moeda depende essencialmente das instituições e das
preferências dos indivíduos pelas diferentes formas de pagamento e, pelo
menos no curto prazo, poderá ser considerada constante. Nestas condições
pode afirmar-se que o rendimento nominal dependerá da quantidade de
moeda existente.

Simultaneamente, como para os economistas da escola clássica os preços e


salários são flexíveis e a economia funciona ao nível do pleno emprego, uma
duplicação do rendimento nominal corresponde, de facto, a uma duplicação
dos preços (pois o produto real é estável ao nível do pleno emprego).

Assim sendo, uma variação da massa monetária, só se traduz numa alteração


do nível geral de preços (mas não dos preços relativos) e não haverá qualquer
alteração da procura ou da oferta de bens e serviços, podendo, por isso,
afirmar-se que a moeda é neutra, ou seja, variações da massa monetária não
tem qualquer influência sobre variáveis reais.

A equação de trocas converte-se, assim, numa equação de procura de


moeda. Definindo k = 1/V pode-se representar-se a procura de moeda pela
expressão:

Md = k x PY

Esta expressão mostra que a procura de moeda é uma proporção do


rendimento nominal, pois só depende:

1. de k = 1/V, ou seja, do inverso da velocidade de circularão da moeda;

2. do PIB nominal (PY)

Neste caso a taxa de juro não tem qualquer impacto sobre a procura de
moeda. Economistas da chamada Escola de Cambridge, como Marshall e
Pigou contemporâneos de Fisher, embora não eliminem teoricamente a
hipótese, de a taxa de juro poder ter alguma influência na procura de moeda,
chegam a uma equação semelhante a de Fisher.

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Teoria Keynesiana da Preferência pela Liquidez

Segundo Keynes, existem três motivos para se procurar e deter moeda:

1. Motivo de transação - a moeda é utilizada nas trocas correntes de bens e


serviços, permitindo até o desfasamento no tempo dessas mesmas
trocas; a quantidade de moeda procurada por este motivo será tanto
maior quanto maior o rendimento.

2. Motivo precaução - para fazer face a despesas e situações imprevistas


uma vez que o funcionamento da economia se caracteriza pela
incerteza e pelo risco; a quantidade de moeda procurada por este
motivo depende também positivamente do rendimento.

3. Motivo especulação - a moeda pode também ser utilizada como reserva


de valor, isto é, como um ativo financeiro alternativo a outros ativos
como, por exemplo, as obrigações. A quantidade de moeda procurada
por este motivo é tanto mais elevada quanto menor a taxa do juro.
Keynes considera que a taxa de juro gravita em torno de um certo valor,
dito normal. Para níveis baixos da taxa de juro, isto é, quando a taxa de
juro corrente esta abaixo desse valor normal, existe uma expectativa de
que a taxa de juro suba e portanto uma expectativa de que o preço das
obrigações desça. Com estas expectativas, os indivíduos preferem deter
a sua riqueza sob a forma de moeda.

Keynes admite que os agentes procuram moeda em termos reais, podendo a


função procura de moeda ser apresentada com dois termos:

1. LI que agrupa o motivo transação e precaução;


2. L2 que representa o motivo especulação.

A procura de moeda seria assim representada:

Md = L1 (Y) + L2 (i)

Assim sendo, e dado que a procura de moeda é definida em termos reais


(Md/P), a função de procura de moeda será:

 decrescente da taxa de juro i;

 crescente do rendimento real Y.

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𝑀𝑑
= ( −𝑖, +𝑌)
𝑃
ou
𝑃 1
𝑑
=
𝑀 𝑓(𝑖, 𝑌)

Multiplicando ambos os termos por Y, obtemos a seguinte expressão para a


velocidade de circulação da moeda:

𝑃𝑌 𝑌
𝑉= =
𝑀 𝑓(𝑖, 𝑌)

Verifica-se, assim, que quando a taxa de juro i aumenta, a procura de moeda


em termos reais f(i,Y) diminui e, consequentemente, a velocidade de
circulação, V, aumenta.

Mas, por outro lado, sabe-se que a procura de moeda por motivo especulação
apresenta o investimento em moeda em alternativa a outros ativos financeiros,
como, por exemplo, as obrigações. Assim, numa situação em que as taxas de
juro aumentam, será de esperar que os preços das obrigações desviem,
conduzindo a uma diminuição dos ganhos (ou mesmo a verdadeiras perdas)
decorrentes das aplicações em obrigações. Nestas condições, os investimentos
em moeda serão mais atrativos do que em obrigações, haverá um acréscimo
da procura de moeda e, consequentemente, uma diminuição da velocidade
de circulação dessa moeda.

Em conclusão, variações da taxa de juro vão traduzir-se em flutuações


(aumentos e decréscimos) da velocidade de circulação da moeda que já não
poderá ser considerada constante.

Teorias Neokeynesianas da Procura de Moeda

Na sequência da abordagem desenvolvida por Keynes e de algumas críticas


que lhe foram feitas, nomeadamente por Friedman, surgiram desenvolvimentos
em termos de explicação da procura de moeda, que procuraram, de forma
mais formalizada explicar e desenvolver os três motivos de procura de moeda
apresentados por Keynes. Estas abordagens foram designadas e
neokeynesianas, na medida em que são desenvolvimentos da abordagem
keynesiana que tentaram encontrar melhores explicações para a procura de
moeda pelos motivos especulação, transação e precaução.

Dada a relevância da questão da influência da taxa de juro sobre a procura


de moeda assume, enquanto elemento diferenciador da abordagem teórica

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proposta por Keynes é, globalmente, na conceção do papel da moeda na
economia, a enfâse destas teorias foi posta na análise do papel da taxa de
juro na procura de moeda.

São apresentados em seguida dois exemplos destas abordagens neo-


keynesianas. Um modelo, desenvolvido por William Baumol, em que a
quantidade procurada de moeda pelo motivo transação é determinada
utilizando um modelo de cálculo de stocks ótimos. Um outro modelo,
desenvolvido por James Tobin, em que a procura de moeda pelo motivo de
especulação é explicada no contexto de uma teoria de seleção de carteiras
de ativos em contexto de incerteza.

Modelo de Baumol

William Baumol desenvolveu um modelo em que demonstra que os encaixes


monetários detidos pelo motivo transação são sensíveis à taxa de juro.

O modelo assume como hipótese básica que o agente recebe o seu


rendimento uma vez no início do período, e que gasta a totalidade do
rendimento no decorrer do período. Neste modelo a moeda é necessária para
efetuar transações. O agente tem como única alternativa à detenção de
moeda a detenção de títulos que auferem um rendimento, sendo esse
rendimento representado pela taxa de juro. Mas a opção pela detenção de
títulos implica, também, um custo associado a conversão dos títulos em moeda
para efetuar o pagamento das transações.

Esses custos de conversão dos títulos em moeda podem ser vistos como
estando associados aos custos de corretagem da compra e venda de
obrigações, ou, mesmo que a compra e venda de obrigações não esteja
sujeita a nenhuma taxa de corretagem, aos custos de deslocação ao banco
para fazer as operações de conversão.

O agente enfrenta assim um trade-off entre ter menos moeda e mais títulos, o
que lhe permite obter um maior rendimento associado a detenção dos títulos,
mas implica, simultaneamente, mais custos de transação, pois tem que efetuar
mais operações de conversão de títulos em moeda. Inversamente, se detiver
mais moeda, obtém menos rendimento de juros mas incorre em menos custos
de transação.

O agente tem que escolher quantas operações de conversão quer fazer, que
implicam diferentes quantidades detidas de moeda. Ilustrando, na figura
seguinte, admite-se que o agente aufere um rendimento de 2000 unidades

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monetárias por mês. No gráfico da esquerda o agente efetua uma única
operação de conversão durante esse período, o que implica que, em termos
médios, a quantidade de moeda detida no mês é metade do seu rendimento.

No gráfico da direita, admite-se que o agente efetua duas operações de


conversão em cada mês, em que em cada uma delas converte metade do
seu rendimento, ou seja 1000 unidades monetárias.

Neste caso verifica-se que a quantidade de moeda detida, em média, é


menor, obtendo o agente um maior rendimento pois a quantidade detida de
títulos será, em média, maior. A quantidade detida de moeda depende assim
do número de operações de conversão efetuadas, que dependem por sua vez
da comparação entre o benefício e o custo de deter moeda, sendo possível,
por um comportamento optimizador, determinar um número ótimo de
transações e logo a quantidade ótima de moeda que deve ser detida.

Figura 1: Quantidade de moeda detida por um agente

As variáveis relevantes para determinar a quantidade ótima de moeda são o


nível de rendimento, o benefício de deter moeda, que é dado pelo custo de
converter títulos em moeda, e o custo de deter moeda, que é dado pela taxa
de juro que remunera os títulos.

Em termos formais, esta análise pode ser descrita da seguinte forma:

1. cada agente recebe o rendimento no início de cada período (To);

2. o agente gasta a totalidade do seu rendimento durante o período a um


ritmo constante;

3. os títulos auferem um rendimento i;

6
4. por cada operação de conversão de moeda em título é paga uma
dada taxa (constante) b.

O número de operações de conversão efetuadas é dado por n = To/C, em que


C representa o montante de títulos convertido em cada operação. Os custos
totais de conversão são dados por nb = bTo/C. A detenção de moeda gera um
custo de oportunidade, que é dado pela taxa de juro vezes a média dos stocks
de moeda detida, ou seja iC/2. Assim, cada agente incorre em custos que são
dados por:

𝑏𝑇𝑂 𝑖𝐶
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 = +
𝐶 2
Cada agente procurará minimizar estes custos, escolhendo o valor apropriado
de cada operação de conversão (C), ou seja:

𝑑𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜𝑠 −𝑏𝑇𝑂 𝑖
= 2
+ =0
𝑑𝐶 𝐶 2

Pode, assim, obter-se o valor ótimo de C, que é dado por:

2𝑏𝑇𝑂
𝐶= √
𝑖

Como a procura de moeda será igual à média da quantidade de moeda que


se deseja deter, a função procura de moeda é dada por:

1 2𝑏𝑇𝑂
𝑀𝑑 = √
2 𝑖

As principais conclusões deste modelo são então:

 a procura de moeda está negativamente relacionada com a taxa de


juro;

 a procura de moeda está positivamente relacionada com o rendimento


(TO);

 uma diminuição dos custos de conversão (b) fará descer a procura de


moeda.

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Modelo de Tobin

A análise de Keynes do motivo de especulação foi alvo de diversas críticas,


associadas quer ao mecanismo de expectativas considerado, quer ao facto
de os agentes serem supostos deter um ativo como reserva de valor apenas
quando o seu rendimento é superior ao dos ativos alternativos. Na abordagem
de Keynes, os agentes só detinham moeda se o seu rendimento fosse superior
ao das obrigações, o que só acontece quando as obrigações registam
rendimentos negativos associados a realização de menos-valias.

Esta hipótese de que somente no caso em que os rendimentos de dois ativos


são iguais é que os agentes detêm os dois ativos, implicaria que quase nenhum
agente detivesse uma carteira diversificada, o que é um resultado pouco
adequado ao que é observado em termos empíricos.

Tobin desenvolveu então um modelo para a procura de moeda pelo motivo


de especulação em que a diversificação aparece como uma situação normal.

A ideia básica é que os agentes não se preocupam somente com o


rendimento relativo dos ativos mas também com o seu risco relativo.
Assumindo-se que os agentes são avessos ao risco, eles poderão estar dispostos
a deter um ativo com rendimento inferior se ele tiver um menor risco.

É neste contexto que surge a procura de moeda. Sendo a moeda um activo


sem rendimento ou com rendimento reduzido, mas também sem risco, é por
esta via, um ativo que é escolhido por muitos agentes para a respetiva carteira
de aplicações.

Consequentemente, mesmo nos casos em que o rendimento das obrigações é


superior ao rendimento da moeda, há agentes que detêm moeda porque esta
tem menos risco. Quando as taxas de juro sobem, o rendimento relativo das
obrigações aumenta, o que, admitindo que não se altera o risco, faz aumentar
a quantidade de obrigações na carteira de aplicações, reduzindo-se a
quantidade de moeda.

A análise de Tobin demonstrou ainda que os agentes conseguem diminuir o


montante global de risco através da diversificação, ou seja, constituindo
carteiras com diversos ativos, surgindo assim, como um resultado do modelo, a
ideia de que os agentes vão deter simultaneamente obrigações e moeda
como reserva de valor.

A abordagem de Tobin apresenta assim uma melhor fundamentação para a


procura de moeda pelo motivo especulação, surgindo a procura de moeda
como resultado de um comportamento optimizador de agentes avessos ao
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risco em contexto de incerteza1. Esta abordagem deu igualmente lugar a
grandes desenvolvimentos no quadro da teoria financeira no domínio das
teorias de seleção de carteiras.

Friedman e a Nova Teoria Quantitativa

Milton Friedman é o autor mais representativo da nova teoria quantitativa da


moeda que também se desenvolve a partir da década de 60 do último século.
Friedman considera que a moeda é um ativo financeiro como os outros e que
a função procura de moeda pode ser deduzida a partir da teoria geral da
procura de ativos.

Assim sendo, a procura de moeda, tal como a procura de outros ativos,


depende dos recursos que os agentes económicos dispõem e também das
diferentes opções de investimento que se lhes colocam quando estes fazem as
suas escolhas. Ao montante de recursos disponíveis Friedman chama
rendimento permanente, sendo que este corresponde, basicamente, a riqueza
individual, a qual é vista como o valor atualizado de todos os rendimentos
esperados no futuro. O autor admite, naturalmente, que o rendimento
permanente exerce um efeito positivo sobre a procura de moeda.

Quanto aos ativos alternativos à moeda, Friedman considera três tipos


diferentes: obrigações (que proporcionam juros), títulos de propriedade (tal
como ações, que proporcionam dividendos) e ativos reais (tal como bens
imóveis, cujo retorno pode ser entendido como o ganho de capital que ocorre
quando o seu preço aumenta, e que consequentemente pode ser associada a
taxa de inflação esperada). O incentivo para deter riqueza sob estas formas
alternativas será tanto maior quanta maior for o retorno esperado destes ativos
relativamente ao retorno esperado de deter moeda. O retorno esperado da
moeda decorre de dois fatores: a taxa de juro associada a detenção de
moeda (nos nossos dias a maioria dos depósitos bancários auferem um juro
dado pelas taxas de juro passivas); e os serviços prestados pelos bancos
associados a contas de depósito incluídas nos agregados monetários (tal como
os pagamentos por transferência de contas de água ou eletricidade). A
procura de moeda será assim tanto maior quanto menor for a diferença entre
as remunerações esperadas dos outros ativos e a remuneração da moeda.

Tal como Keynes, Friedman considera que a procura de moeda deve ser
expressa em termos reais. Em síntese, pode admitir-se que a procura de moeda
é uma função da riqueza dos indivíduos e do rendimento relativo esperado da

1
Alguns autores consideram que não existirá procura de moeda pelo motivo especulação, mesmo em contexto de incerteza, se
existir um outro ativo sem risco mas com rendimento superior à moeda.

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moeda (em comparação com o que poderão receber das aplicações em
outros ativos) através da função da procura real de moeda:

𝑀𝑑
= 𝑓 ((𝑌𝑝 , (𝑟𝑏 − 𝑟𝑚 ), (𝑟𝑒 − 𝑟𝑚 ), (𝜋 𝑒 − 𝑟𝑚 ))
𝑃
+ – – –
Yp = rendimento permanente

rm = retorno da moeda

rb = retorno das obrigações (proxy para a taxa de juro)

re = retorno das ações

πe = inflação esperada (retorno associado a detenção de ativos reais).

Embora com uma abordagem muito mais sofisticada, Friedman chega


basicamente as mesmas conclusões da escola clássica: a procura de moeda é
estável, a velocidade de circulação da moeda é relativamente constante e
previsível, a procura de moeda é pouco sensível à variações da taxa de juro e,
no essencial, variações da oferta de moeda só se traduzem em variações do
rendimento nominal, não afetando o rendimento real.

A procura de moeda é estável pois o rendimento permanente, que é o


principal argumento da função procura de moeda de Friedman, é
considerado como sendo muito estável. Ao longo do ciclo económico existem
Importantes flutuações do rendimento, mas estas flutuações são temporais e,
portanto, não afetam muito o rendimento de longo prazo que um indivíduo
espera obter ao longo da sua vida. Quanto aos rendimentos dos ativos
alternativos à moeda, a sua influência sobre a procura de moeda é
relativamente reduzida, pois Friedman considera que o retorno da moeda varia
em conformidade com o retorno destes ativos, mantendo-se o retorno relativo.
Assim, por exemplo, quando as taxas de juro aumentam (aumento do retorno
das obrigações), os bancos estão dispostos a pagar mais pelos depósitos que
recebem, aumentando o retorno da moeda.

Por outro lado, sendo a relação entre o rendimento e o rendimento


permanente previsível, a estabilidade da função procura de moeda e a sua
insensibilidade à variações da taxa de juro implicam que a velocidade de
circulação da moeda é também estável e previsível. Friedman chega,
portanto, a conclusão da teoria quantitativa segundo a qual variações da
massa monetária só têm impacto no rendimento nominal.

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Diferenças entre a Abordagem Neo-Quantitativa e
Keynesiana (Q. 11)

Principais diferenças

Entre as abordagens quantitativas da procura de moeda, de inspiração


friedmaniana, e as abordagens keynesianas existem importantes diferenças,
em particular, relativamente:

1. Diversidade de ativos considerados:

 Friedman admite diferentes ativos alternativos a moeda (obrigações,


ações, ativos reais), com diferentes rendimentos, considerando, assim,
que há diferentes taxas de juro/retorno a influenciar a procura de
moeda;

 Para Keynes não existe diferenciação de taxas de juro/retorno; em


alternativa a moeda só há o investimento em obrigações
(englobando todos os títulos existentes).

2. Substituibilidade entre moeda e bens:

 Ao contrário dos keynesianos, para Friedman, a moeda e os bens são


substitutos, o que significa que a quantidade de moeda poderá ter
efeitos sobre a despesa agregada.

3. Importância das taxas de juro:

 Ao contrário dos keynesianos, para os quais a taxa de juro é um


argumento fundamental da função procura de moeda, para
Friedman, a procura de moeda é pouco sensível aos movimentos de
taxas de juro.

4. Estabilidade da procura de moeda e da velocidade de circulação:

 A procura de moeda é instável para os keynesianos e é estável e


previsível para Friedman.

 A velocidade de circulação da moeda é variável nos keynesianos


(porque a procura de moeda é instável e variável com as taxas de
juro) enquanto é estável e previsível em Friedman (porque a procura
de moeda é estável e pouco dependente de variações da taxa de
juro e a relação entre Y e Yp é previsível).

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5. Impacto na economia de variações da taxa de juro

 Para os keynesianos, a variação das taxas de juro que resulta de


alterações da oferta e procura de moeda vai ter efeitos sobre a
produção e o emprego.

 Para a teoria quantitativa as variações da taxa de juro não


influenciam qualquer variável real: a moeda é portanto neutra.

6. Eficácia da política monetária:

 Para a teoria quantitativa, variações da oferta de moeda traduzem-se


apenas em variações do rendimento nominal. Um aumento da oferta de
moeda provoca um aumento do nível geral de preços, mas não altera os
preços relativos e tem consequências pouco significativas (ou nulas) ao
nível do produto real.

 Para os keynesianos, um aumento da oferta de moeda tem efeito ao


nível da esfera real da economia, na medida em que provoca variações
da taxa de juro, cujos efeitos se transmitem à economia através dos
chamados canais de transmissão da política monetária.

Evidência empírica

Ao longo dos anos foi desenvolvida investigação sobre a procura de moeda


que permitiu obter alguma evidência empírica, nomeadamente sobre a
relação entre as taxas de juro e a procura de moeda e sobre a possível
estabilidade da função procura de moeda, podendo salientar-se diversos
resultados:

Sobre a sensibilidade da procura de moeda a variações da taxa de juro:

 Os estudos convergem no sentido de afirmar que a procura de moeda é


sensível a variações da taxa de juro, embora seja discutível se esta
sensibilidade justifica a chamada «armadilha da liquidez» keynesiana,
segundo a qual, para níveis baixos da taxa de juro a sensibilidade da
procura de moeda á variações da taxa de juro é tão elevada que a
política monetária se torna ineficaz.

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Sobre a estabilidade da procura de moeda e a velocidade de circulação:

 Na realidade, a procura de moeda foi relativamente estável até ao início


dos anos 70. No entanto, depois desta data, a procura de moeda
tornou-se bastante mais instável, sendo que esta instabilidade é tanto
maior quanta mais líquido é o agregado monetário considerado.

 O aumento da instabilidade da procura de moeda tornou a velocidade


de circulação da moeda também mais difícil de prever. Por outro lado, a
velocidade de circulação parece variar ao longo do ciclo económico: a
velocidade de circulação aumenta quando há uma expansão do
produto e, inversamente, observa-se uma diminuição dessa velocidade
em períodos de recessão.

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Exercícios

Exercícios de escolha múltipla

1. A velocidade de circulação da moeda define-se pela expressão:

A) P+M + Y

B) (Y - P)/M

C) (P x Y)/M (º)

D) P+M-Y

E) (P x M)/Y

2. De acordo com o modelo Keynesiano da procura de moeda, quando a


taxa de juro _________ a velocidade de circulação da moeda __________

A) aumenta; diminui

B) duplica; passa para metade

C) aumenta; não se altera

D) não se altera; diminui

E) aumenta; aumenta(º)

3. As teorias da procura de moeda baseadas na constituição de stocks


sugerem que a componente de transações da procura de moeda é:

A) negativamente relacionada com as taxas de juro(º)

B) negativamente relacionada como rendimento real

C) negativamente relacionada com a riqueza real

D) negativamente relacionada com o rendimento nominal

E) Nenhuma das anteriores

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4. A diferença entre a procura de moeda keynesiana e a de Friedman é:

A) a procura de moeda keynesiana depende do rendimento mas o


rendimento permanente tem pouco efeito na procura de moeda de
Friedman

B) a procura de moeda de Friedman depende do rendimento


permanente mas o rendimento tem pouco efeito na procura de
moeda keynesiana

C) a procura de moeda keynesiana depende das taxas de juro mas as


taxas de juro têm pouco efeito na procura de moeda de Friedman(º)

D) a procura de moeda de Friedman depende das taxas de juro mas as


taxas de juro têm pouco efeito na procura de moeda keynesiana

E) Nenhuma das anteriores

5. Quanto mais sensível for a procura de moeda as taxas de juro,

A) mais aumentara a velocidade de circulação da moeda

B) mais diminuirá a velocidade de circulação da moeda

C) mais flutuara a velocidade de circulação da moeda(º)

D) mais constante será a velocidade de circulação da moeda

E) Nenhuma das anteriores

6. A Teoria quantitativa da moeda é uma teoria sobre

A) Determinação da oferta de moeda

B) determinação das taxas de juro

C) determinação do rendimento nominal(º)

D) Todas as anteriores afirmações são verdadeiras

E) A e B são verdadeiras

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7. A tese clássica de que os preços duplicam quando a oferta de moeda
duplica, resulta de, no curto prazo, a velocidade de circulação da
moeda ser suposta _________ e de o PIB real ser suposto ___________.

A) constante; constante(º)

B) constante; variável

C) variável; variável

D) variável; constante

E) decrescente; crescente

8. Quais das seguintes ideias podem ser atribuídas a Friedman?

A) Alterações da oferta de moeda só têm um impacto indireto na


despesa agregada

B) Variações da taxa de juro têm um impacto importante sobre a procura


de moeda

C) A procura de moeda e bastante estável

D) A e C são verdade(º)

E) A, B e C são verdadeiras

Mais Exercícios

1. Apresente e explique as ideias da teoria quantitativa da moeda (da


escola clássica) sobre a relação entre a quantidade de moeda, o
rendimento nominal e o nível de preços.

2. Supondo que o Parlamento de um determinado país aprova uma lei que


ilegaliza os cartões de débito, o que pensa que aconteceria a
velocidade de circulação da moeda nesse país? Justifique a sua
resposta.

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3. Comente a seguinte afirmação: “De acordo com as teorias de Tobin
sobre a procura de moeda por motivo especulação, qualquer agente
económico deterá sempre moeda, mesmo que espere obter
remunerações mais vantajosas das aplicações em títulos”.

4. De acordo com a visão keynesiana, o que acontecerá a procura de


moeda por motivo especulação se, de repente, os agentes acharem
que o nível normal para a taxa de juro desceu? Justifique a sua resposta.
R: Keynes considera que a taxa de juro gravita em torno de um certo valor, dito
normal. Para níveis baixos da taxa de juro, isto é, quando a taxa de juro
corrente esta abaixo desse valor normal, existe uma expectativa de que a taxa
de juro suba e portanto uma expectativa de que o preço das obrigações
desça. Com estas expectativas, os indivíduos preferem deter a sua riqueza sob
a forma de moeda, isto é, a procura de moeda de moeda por este motivo
aumentará.

5. Comente a seguinte afirmação: “Um dos pontos que aproximam a visão


neo-quantitativa e keynesiana sobre a procura de moeda é a inclusão
da taxa de Juro”.

6. Defina sucintamente os seguintes conceitos:

A) Velocidade de circulação da moeda

B) Teoria de preferência pela liquidez

C) Equação de trocas

D) Motivo especulação

E) Neutralidade da moeda

7. Explique o que distingue a visão neo-quantitativa da visão keynesiana


sobre a velocidade de circulação da moeda.

8. Apresente a distinção feita por Keynes entre procura de moeda por


motivo de transação, por motivo de precaução e por motivo de
especulação.

9. Qual a ideia de base em que assenta o modelo de Baumol para a


procura de moeda?

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10. Apresente as conclusões fundamentais da teoria neo-quantitativa da
procura de moeda.

11. Indique as principais diferenças entre a abordagem quantitativa (e neo-


quantitativa) e a abordagem keynesiana da procura de moeda.

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