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a.lethea – des.velar;
Ao se des.velar uma coisa, se vela outra.
O que se oculta se opõe ao que se mostra.
O velar está presente no des.velar.
Deitado, em meio ao campo... sobre a duna de folhas verdes, tão pequenas e finas
quanto as tênues linhas que nos conectam à realidade. Com a cabeça repousada sob os braços
cruzados, nos quais se recosta, encaixando-se de forma sutil e singela, sem qualquer
expectativa ou fundamento. Os olhos semi.cerrados fitam as nuvens, que se entregam ao ar,
de forma quase indistinta, sem se questionar ou menos se importar com o que delimita quando
elas começam, ou quando se encerram. Sua existência indistinta e obscura, meramente
entregue à contingência, se deixa ser levada pelo vento, ao porvir incessante, sem criar
nenhuma resistência...
Seus olhos miram, e esperam – à espreita – rezando para que elas se movam, e se
reordenem na dança cosmológica do universo uno, de forma que caminhem em seus passos
argumentativos, formulando o encadeamento divino, que urge como um raio, entregando-lhe
a questão...
Para que o “cosmo ordenado”, se assim o houvesse, se reorganizasse e trouxesse - por
meio dos ventos – a resposta tão esperada, que seria:
Qual a questão a ser formulada? Pois de nada me adiantam as respostas, eu rio das
respostas! Todos tão cheios de respostas, e queria apenas a famigerada, reformulada,
desfigurada questão a ser investigada! A resposta dada, não adianta em nada. A filosofia não é
composta que questões pré.determinadas. Aliás, isto a que chamam filosofia, sim, isso é
composto de respostas objetivas para questões empíricas, cientificamente comprovadas. A
empiria cientificista que se resolve pela van metodologia “tentativa e erro” que inibe,
tornando obsoleto o trabalho do pensamento. Afinal, de que serve o pensamento quando
existem tantas maquinarias, científicas e tecnológicas, compostas de algoritmos capazes de
atingir tamanha precisão que o cérebro humano jamais alcançaria?
Eu penso. Eu encontro o cogito: e agora, o que eu faço com ele? Eu penso, mas em
que eu penso? Qual o objeto desse pensar? Eu penso. E quem é esse “eu” que pensa? E em
que ele pensa? Este “eu”, que pensa (em algo – mas em que) não necessita estar em um
mundo circundante, o qual lhe forneça alguma situação na qual ele possa encontrar este algo,
que seria o objeto de seu pensamento? Pois, quem pensa, pensa em que? A este ato, que
conecta o pensar ao objeto pensado, Husserl chama intencionalidade. A magnitude do
conceito da intencionalidade se baseia no seu poder de ligação, que compreende uma
totalidade sintética indissociável, que conecta o ato de pensar do sujeito que pensa, ao objeto
que é pensado pelo sujeito. Note que a intencionalidade refe-se precisamente ao ato (noético)
desta conexão.
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“Trata-se, muito ao contrário, de perguntar pelo que permanece impensado no apelo
à ‘questão mesma’. Perguntando desta maneira, é possível que nos tornemos atentos a uma
outra coisa: lá, onde a Filosofia levou sua questão até o saber absoluto e à evidência última,
oculta-se justamente algo que não pode ser mais pensado pela Filosofia como questão que lhe
compete” (1964, p. 274)
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A Questão.
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Inicialmente, deixemos claro que neste trabalho não nos proporemos a colocar uma
questão fechada, pois a questão mesma é a forma como se coloca a questão. Pois na própria
questão, já está contida a resposta. A metodologia analítica, é o método de se evidenciar uma
resposta que já está previamente contida na questão. O trabalho de fazer um recorte, implica
em recortar uma questão específica na obra do autor, e escolher deliberadamente descartar
todo o resto da obra que não está a serviço da resposta que você pretende encontrar
deslocando-a da economia interna da teoria do próprio autor.
A ideia é voltar os olhos para tudo o que foi negligenciado ao longo da historia da
filosofia, que opta por iluminar determinada concepção de verdade, deixando de lago tudo o
que é oculto por detrás do brilho – que ilumina a ponto de cegar – determinado caminho,
compreendido como único.
A clareira possibilita a escolha do caminho a ser percorrido. Um dos, mas não o único!
Não apenas fazer uma critica rasa à historia da filosofia, e apontar para onde o ser poderia
estar ou não estar. Não se resume em debater se o ser se encontra no mundo ou fora dele, mas
compreender que ele se mostra em múltiplos aspectos. Um aspecto não anula o outro. Ambos
são validos, igualmente reais.
A história da filosofia. A história do progresso. A história de um erro. Uma história.
Uma e somente uma, dentre tantas outras. Não a única possível, não a única possível de ser
iluminada. Mas uma, dentre tantas outras, a ser disputada.
A a.Lethea. des.Velamento, consiste em ornar claro, desobstruir, limpar a área para
permitir a abertura. A abertura é a possibilidade de escolher a qualquer um dos caminhos. É o
espaço da clareira que permite que a luz do conhecimento penetre no ser, enquanto sendo. O
ser no mundo, lançado ao mundo, em meio às coisas. Enquanto uma eterna questão, que
sempre busca uma resposta, mas nunca encontra. Um constante processo em
desenvolvimento, que nunca se realiza. O ser é a abertura, é a possibilidade. É o movimento
da pergunta em direção à resposta. E, fundamentalmente, a ausência de fundamento que
consiste na pura liberdade. O se enquanto sendo, livre de fundamento, livre de estruturas.
A consciência é tão livre, que não permite que nenhuma estrutura fixa permaneça em
seu inteirior, pois é, ela mesma, livre de exterior. Ela é pura exterioridade, puro movimento de
extrospecção em direção ao mundo, em relação à ela, em relação ao ser das coisas, que é puro
em si. Opaco, estático. O ser que se diz, e que ganha sentido ao ser apreendido pelo
movimento extrospectivo da consciência que, em um puro ato, o intenciona, o apreende e o
trai. Conferindo um sentido que ele até então não possuía. E ao dizer sobre ele, elegendo uma
única interpretação - em meio às múltiplas possíveis realizáveis – todas as outros são
imediatamente negadas. Assim, a consciência nega o ser ao apreendê-lo. O puro nada de
consciência abre uma ruptura no seio do ser, e o invade com seu nada de ser. A consciência
nadifica o ser.
A abertura é o que permite que entre a luz do conhecimento. E toda luz, necessária,
trás consigo a sua sombra. Evidenciar é negar.
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BIBLIOGRAFIA.
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