Вы находитесь на странице: 1из 4

UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ICHF – INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

Aluna: Tássia Vianna de Carvalho.

No presente trabalho, nos pretendemos a analisar ambos os trechos abaixo, contra na


obra “O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento”, conferência apresentada por Martin
Heidegger, Colóquio organizado em 23 de Abril de 1964, organizado pela Unesco. Tradução
de Jean Beaufret e François Fédier, no volume coletivo Kierkegaard Vivant.

a.lethea – des.velar;
Ao se des.velar uma coisa, se vela outra.
O que se oculta se opõe ao que se mostra.
O velar está presente no des.velar.

A Dança Cosmológica do Encadeamento Argumentativo.

Deitado, em meio ao campo... sobre a duna de folhas verdes, tão pequenas e finas
quanto as tênues linhas que nos conectam à realidade. Com a cabeça repousada sob os braços
cruzados, nos quais se recosta, encaixando-se de forma sutil e singela, sem qualquer
expectativa ou fundamento. Os olhos semi.cerrados fitam as nuvens, que se entregam ao ar,
de forma quase indistinta, sem se questionar ou menos se importar com o que delimita quando
elas começam, ou quando se encerram. Sua existência indistinta e obscura, meramente
entregue à contingência, se deixa ser levada pelo vento, ao porvir incessante, sem criar
nenhuma resistência...
Seus olhos miram, e esperam – à espreita – rezando para que elas se movam, e se
reordenem na dança cosmológica do universo uno, de forma que caminhem em seus passos
argumentativos, formulando o encadeamento divino, que urge como um raio, entregando-lhe
a questão...
Para que o “cosmo ordenado”, se assim o houvesse, se reorganizasse e trouxesse - por
meio dos ventos – a resposta tão esperada, que seria:
Qual a questão a ser formulada? Pois de nada me adiantam as respostas, eu rio das
respostas! Todos tão cheios de respostas, e queria apenas a famigerada, reformulada,
desfigurada questão a ser investigada! A resposta dada, não adianta em nada. A filosofia não é
composta que questões pré.determinadas. Aliás, isto a que chamam filosofia, sim, isso é
composto de respostas objetivas para questões empíricas, cientificamente comprovadas. A
empiria cientificista que se resolve pela van metodologia “tentativa e erro” que inibe,
tornando obsoleto o trabalho do pensamento. Afinal, de que serve o pensamento quando
existem tantas maquinarias, científicas e tecnológicas, compostas de algoritmos capazes de
atingir tamanha precisão que o cérebro humano jamais alcançaria?

“Aqui se tem em mira a possibilidade de a civilização mundial, assim como


apenas agora começou, superar algum dia seu caráter técnico-científico-
industrial como única medida da habitação do homem no mundo.” (Idem,
p.272)
Libertar-se dessas respostas, reformular as questões, ou, nas palavras de Husserl: ir às
questões elas mesmas, ou ir às coisas elas mesmas, para que: indo às coisas, das coisas retire-
se a verdadeira questão. Retomar a questão: é o trabalho do pensamento. Reformular a
questão, redescobrir a questão.

Eu penso. Eu encontro o cogito: e agora, o que eu faço com ele? Eu penso, mas em
que eu penso? Qual o objeto desse pensar? Eu penso. E quem é esse “eu” que pensa? E em
que ele pensa? Este “eu”, que pensa (em algo – mas em que) não necessita estar em um
mundo circundante, o qual lhe forneça alguma situação na qual ele possa encontrar este algo,
que seria o objeto de seu pensamento? Pois, quem pensa, pensa em que? A este ato, que
conecta o pensar ao objeto pensado, Husserl chama intencionalidade. A magnitude do
conceito da intencionalidade se baseia no seu poder de ligação, que compreende uma
totalidade sintética indissociável, que conecta o ato de pensar do sujeito que pensa, ao objeto
que é pensado pelo sujeito. Note que a intencionalidade refe-se precisamente ao ato (noético)
desta conexão.

-
“Trata-se, muito ao contrário, de perguntar pelo que permanece impensado no apelo
à ‘questão mesma’. Perguntando desta maneira, é possível que nos tornemos atentos a uma
outra coisa: lá, onde a Filosofia levou sua questão até o saber absoluto e à evidência última,
oculta-se justamente algo que não pode ser mais pensado pela Filosofia como questão que lhe
compete” (1964, p. 274)

-
A Questão.
-

Inicialmente, deixemos claro que neste trabalho não nos proporemos a colocar uma
questão fechada, pois a questão mesma é a forma como se coloca a questão. Pois na própria
questão, já está contida a resposta. A metodologia analítica, é o método de se evidenciar uma
resposta que já está previamente contida na questão. O trabalho de fazer um recorte, implica
em recortar uma questão específica na obra do autor, e escolher deliberadamente descartar
todo o resto da obra que não está a serviço da resposta que você pretende encontrar
deslocando-a da economia interna da teoria do próprio autor.

“a questão da filosofia chega a aparecer a partir de si mesma e para si mesma,


tornando-se assim presença. Um tal aparecer acontece necessariamente em uma certa
claridade. Somente através dela pode mostrar-se aquilo que aparece, isto é, brilha.” (Idem)

Um tal aparecer acontece necessariamente em uma certa claridade. Somente


através dela pode mostrar-se aquilo que aparece, isto é, brilha. A claridade, por sua vez,
porém, repousa numa dimensão de abertura e de liberdade que aqui e acolá, de vez em
quando, pode clarear-se. A claridade acontece no aberto e aí luta com a sombra. (...)
Designamos essa abertura que garante a possibilidade de um aparecer e de um
mostrar-se como clareira. (...) Clarear algo quer dizer: tornar algo leve, tornar algo livre [sem
empedimentos] e aberto, por exemplo, tornar a floresta, em determinado lugar, livre de
árvores. A dimensão livre que assim surge é a clareira.
O que se apresenta, se evidencia em uma face, e oculta a todas as outras. Tudo o que
se mostra, se esconde. Ao desvelar uma face, encobre-se a todas as outras.
Note-se que: o que não se apresenta, se faz presente à forma do não estar. Mas para
que algo se faça notar como estando ausente, é necessário que, anteriormente, se faça notar
como não estando lá.
Pois, partindo da ideia de que, ao se evidenciar uma face estamos necessariamente
negando todas as outras que não a que foi evidenciada, vamos seguir nossa analise tendo em
vista “a origem da negação”, conforme apresentada pelo pensador francês que se torna
conhecido pela tradição existencialista, Jean Paul-Sartre, em sua obra paradigmática de 1943,
intitulada O Ser e o Nada. Vejamos como o autor administra esse conceito no esquema
abaixo, em seguida, dando continuidade ao nosso encadeamento, aplicando tal conceito no
âmbito da linguagem contemporânea – conforme realizado por Sartre, como estratégia
argumentativa, no desenvolvimento de sua obra.

SARTRE: A ORIGEM DA NEGAÇÃO.

1. Quando indago, admito a possibilidade da resposta negativa, já contida na


indagação.
2. Aquele que interroga se coloca em estado de não determinação: não sabe se a
resposta será afirmativa ou negativa.
Assim, a interrogação é uma ponte entre dois não seres: o não saber do sujeito que
interroga, e a possibilidade de não ser do ser transcendente.
3. A pergunta encerra-se com uma determinação. Como se fosse dito “é assim e não
de outro modo”. A determinação conferida encerra com a atribuição de um terceiro
não ser: o não ser limitador.

Este ser (e não outro) é isto (e fora disto, nada)


Se digo “este copo é vermelho” meu recorte implica em isolar este ser “copo” fazendo
um recorte limitador de meu objeto. Este cojpo, apenas este e nenhum outro, possui a
qualidade única de ser vermelho. Se ele é um copo, ele possui determinada matéria,
determinada forma, contém em si a função de comportar algo dentro dele, devido à sua
característica peculiar de seu formato. Porém, apesar de todos os predicados comuns a todos
os copos, que determinam a função objetiva de “ser copo”, este (e somente este) copo (em
particular) possui a (única) característica que o diferencia de todos os outros, isolando assim a
todas as outras (comportar 200ml de qualquer líquido, ser de plástico, estar limpo ou sujo...).
Qualquer outra característica se oculta, para dar a luz ao fato de que “este (e somente este)
copo é vermelho (e nada além de vermelho)

A ideia é voltar os olhos para tudo o que foi negligenciado ao longo da historia da
filosofia, que opta por iluminar determinada concepção de verdade, deixando de lago tudo o
que é oculto por detrás do brilho – que ilumina a ponto de cegar – determinado caminho,
compreendido como único.
A clareira possibilita a escolha do caminho a ser percorrido. Um dos, mas não o único!
Não apenas fazer uma critica rasa à historia da filosofia, e apontar para onde o ser poderia
estar ou não estar. Não se resume em debater se o ser se encontra no mundo ou fora dele, mas
compreender que ele se mostra em múltiplos aspectos. Um aspecto não anula o outro. Ambos
são validos, igualmente reais.
A história da filosofia. A história do progresso. A história de um erro. Uma história.
Uma e somente uma, dentre tantas outras. Não a única possível, não a única possível de ser
iluminada. Mas uma, dentre tantas outras, a ser disputada.
A a.Lethea. des.Velamento, consiste em ornar claro, desobstruir, limpar a área para
permitir a abertura. A abertura é a possibilidade de escolher a qualquer um dos caminhos. É o
espaço da clareira que permite que a luz do conhecimento penetre no ser, enquanto sendo. O
ser no mundo, lançado ao mundo, em meio às coisas. Enquanto uma eterna questão, que
sempre busca uma resposta, mas nunca encontra. Um constante processo em
desenvolvimento, que nunca se realiza. O ser é a abertura, é a possibilidade. É o movimento
da pergunta em direção à resposta. E, fundamentalmente, a ausência de fundamento que
consiste na pura liberdade. O se enquanto sendo, livre de fundamento, livre de estruturas.
A consciência é tão livre, que não permite que nenhuma estrutura fixa permaneça em
seu inteirior, pois é, ela mesma, livre de exterior. Ela é pura exterioridade, puro movimento de
extrospecção em direção ao mundo, em relação à ela, em relação ao ser das coisas, que é puro
em si. Opaco, estático. O ser que se diz, e que ganha sentido ao ser apreendido pelo
movimento extrospectivo da consciência que, em um puro ato, o intenciona, o apreende e o
trai. Conferindo um sentido que ele até então não possuía. E ao dizer sobre ele, elegendo uma
única interpretação - em meio às múltiplas possíveis realizáveis – todas as outros são
imediatamente negadas. Assim, a consciência nega o ser ao apreendê-lo. O puro nada de
consciência abre uma ruptura no seio do ser, e o invade com seu nada de ser. A consciência
nadifica o ser.
A abertura é o que permite que entre a luz do conhecimento. E toda luz, necessária,
trás consigo a sua sombra. Evidenciar é negar.
-

-
BIBLIOGRAFIA.
-

HEIDEGGER, Martin. O Fim da Filosofia e a Tarefa do Pensamento. In. Coleção Os


Pensadores. SP : Editora Abril Cultural. 1973.

___________. Sobre a Essência do Fundamento. In. Coleção Os Pensadores. SP :


Editora Abril Cultural. 1973.

___________. Ser e Tempo. Trad. Marcia Sá Cavalcante ; posfácio de Emmanuel


Carneiro Leão. RJ : Vozes ; Bragança Paulista, SP : Editora Universitária São Francisco,
2015.

SARTRE, J.P. “Intencionalidade: um conceito fundamental da fenomenologia de


Husserl.” In. : Situações, I – Críticas Literárias. Trad. Cristina Prado. Prafácio : Bento Prado
Jr. SP : Editora Cosac Naify. 2005.

___________. A Transcendência do Ego : Esboço de uma Descrição Fenomenológica.


Trad. João Batista Kreuch. RJ : Editora Vozes. 2015.

___________. O Ser e o Nada : Ensaio de Ontologia Fenomenológica. Trad. Paulo


Perdigão. RJ: Editora Vozes. 2015.

Вам также может понравиться