Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
Resumo
Ao contrário dos juízes singulares, os Tribunais não podem deixar de aplicar a norma
penal no caso concreto, quando a considerarem inconstitucional. Deverão, pois, conforme a
Súmula Vinculante nº 10 do STF, instaurar incidente de inconstitucionalidade e submeter tal
lei à análise do plenário do seu respectivo Tribunal, a fim de que este a declare, ou não,
inconstitucional, conforme o que dispõe o artigo 97 da Constituição Federal. Ocorre que a
referida Súmula, ao dispor que “viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do poder público, afasta a sua incidência, no todo ou em parte”, não expressa todas
as circunstâncias de sua abrangência (como não poderia deixar de ser), podendo ocasionar um
esvaziamento do artigo 97 da Constituição, bem como da apreciação do caso sob um juízo de
proporcionalidade – em sua dupla face. Desta maneira, a pesquisa que se propõe, delimita-se
ao dimensionamento da abrangência da súmula vinculante nº 10 do STF e as implicações que
ela traz ao Direito Penal, pois, juntamente com o artigo 97 da Constituição, a referida súmula
traz as diretrizes formais de apreciação (aplicação) de uma norma penal quando esta não
encontra anteparo constitucional.
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do
Sul (Capes 4). Graduado pela Faculdade de Direito da Universidade de Passo Fundo (Campus Central). Advogado. E-mail:
mazambuja_69636@yahoo.com.br.
2
Doutor em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito da Universidade de Valladolid, Espanha. Mestre em Direito
pela Unisinos. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul. Advogado.
Introdução
O tema a ser abordado é atinente às hipóteses em que órgãos fracionários dos
Tribunais de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Superiores e do
Supremo Tribunal Federal são obrigados a instaurar incidente de inconstitucionalidade e
remeter a questão de não aplicação de norma penal no caso concreto (controle difuso de
constitucionalidade) ao seu respectivo Plenário, e as hipóteses em que tais órgãos podem, de
per si, deixar de aplicar a lei penal, em face da Súmula Vinculante nº 10 do Supremo Tribunal
Federal e do artigo 97 da Constituição Federal.
Ressalte-se que o problema se justifica na medida em que uma decisão de órgão
fracionário de qualquer Tribunal (inclusive do Supremo), ao arrepio das diretrizes previstas na
Constituição (artigo 97), poderá derrubar a validade de uma lei submetida aos trâmites
constitucionais e aprovada por um Poder que representa a maioria. Ainda, esse problema é
agravado quando discutido no âmbito do Direito Penal, cujos pensamentos de séculos estão
centrados no âmbito e valorização da legalidade. Ou seja, os delineamentos do Direito Penal
fundam-se, em sua grande maioria, na valorização da legalidade (formal e material), como
única maneira de legitimar a intervenção penal, motivo por que se faz necessário que o
afastamento de uma lei (seja ela inconstitucional ou não), seja realizado de maneira adequada,
respeitando as diretrizes constitucionais, sob pena de possibilitar situações abusivas, máxime
ao se considerar que há hipóteses em que a lei é inconstitucional por insuficiência de proteção
a determinado bem jurídico.
Portanto, impõe-se, como objetivo geral, a definição exata das hipóteses em que os
órgãos fracionários dos Tribunais devem remeter o julgamento ao Plenário, instaurando o
incidente de inconstitucionalidade respectivo, bem como as hipóteses em que tais órgãos
podem deixar, de per si, de aplicar uma lei penal, sem a declaração de inconstitucionalidade, a
fim de que se diminua ao máximo o subjetivismo judicial. Com base em critérios objetivos, à
luz da Constituição, é que se poderá evidenciar um Judiciário comprometido com os ideais de
um Estado Democrático de Direito.
Metodologia
O método de abordagem será mediante pesquisa bibliográfica e documental. Quanto
ao procedimento, o método será o hermenêutico constitucional (enquanto método autônomo),
concebendo a Constituição (e os direitos fundamentais, pois) como condição de possibilidade
à interpretação/aplicação da norma penal. Neste diapasão, a hermenêutica constitucional
funcionará no objetivo de desvelar o sentido (finalidade) da Constituição no ordenamento
jurídico brasileiro, proporcionando que se consiga ver, com clareza, a sua incidência no
problema proposto, solucionando-o na consonância do que se espera em um Estado
Democrático de Direito, enquanto Estado Constitucional.
Referências
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante nº 10. Viola a cláusula de reserva
de plenário (CF, artigo 97) a decisão que, embora não declare expressamente a
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta a sua incidência, no
todo ou em parte. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/cms/ver
Texto.asp?servico=jurisprudenciaSumulaVinculante>. Acesso em: 10 jun. 2010.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos
direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 10. ed. rev., atual. e ampl. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2009.
SILVA, Luís Virgílio Afonso da. O proporcional e o razoável, Revista dos Tribunais, v. 798,
p. 23-50, abr. 2002.