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Saber Viver
2a edição
Centro Redentor
Rio de Janeiro
2003
© Centro Redentor, 2003
Espiritualismo: Filosofia
ISBN
CDD – 133.9
CDU – 141.35
Centro Redentor
Rua Jorge Rudge, 119 – Vila Isabel
Rio de Janeiro – RJ - Brasil
CEP 20550-220
Internet
www.racionalismo-cristao.org.br
Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli
SUMÁRIO
Apresentação .............................................................................................................................7
Prefácio......................................................................................................................................8
Transmigração do espírito.......................................................................................................11
Discorrendo sobre nutrição .....................................................................................................14
Afinidade e evolução dos seres ...............................................................................................16
Preconceitos ............................................................................................................................18
Exemplos do passado ..............................................................................................................19
Um povo forçado à guerra.......................................................................................................23
A personalidade de Antonio Cottas.........................................................................................24
Rio de Janeiro..........................................................................................................................25
Palestra na Associação Antialcoólica de São Paulo................................................................26
Degradação moral ...................................................................................................................29
Ser racionalista cristão ............................................................................................................31
Ainda sobre alimentação .........................................................................................................32
Tabagismo, suicídio lento .......................................................................................................35
Intolerância, atavismo tribal....................................................................................................37
Companheiros inseparáveis.....................................................................................................39
Medo, flagelo da humanidade .................................................................................................41
No torvelinho das paixões .......................................................................................................44
Concepções de vida.................................................................................................................45
Importância do estímulo..........................................................................................................48
Educação racional ...................................................................................................................49
Juventude nova-era..................................................................................................................50
Mais técnicos, menos doutores ...............................................................................................52
Combate à pornografia ............................................................................................................54
Um homem que viu a morte de perto ......................................................................................56
Glorificando a beleza e a eternidade da vida ..........................................................................58
Poluição mental .......................................................................................................................60
Saber querer é poder................................................................................................................62
As quatro fases da vida............................................................................................................63
Parcimônia...............................................................................................................................64
Pela verdade ............................................................................................................................66
Racionalismo Cristão ..............................................................................................................68
Carta a um amigo ....................................................................................................................70
Juiz de Direito mais velho do Brasil .......................................................................................72
Despedidas ao CORPM...........................................................................................................74
Carta a um velho amigo (1).....................................................................................................75
Carta ao mano Pompílio..........................................................................................................77
Carta a um velho amigo (2).....................................................................................................78
Os dez itens da minha vida......................................................................................................81
Carta ao poeta e escritos Urbano Lopes da Silva....................................................................82
Reminiscências........................................................................................................................88
Sinfonia do Universo...............................................................................................................90
Renascer, moralmente .............................................................................................................92
Racionalização do trabalho .....................................................................................................96
Alvorada no sertão ..................................................................................................................97
Defendamos a Natureza ..........................................................................................................98
O planeta dos homens .............................................................................................................99
Churchill, cidadão do mundo ................................................................................................103
Campos Salles, estadista notável...........................................................................................105
O valor do pensamento..........................................................................................................109
Descartes e Luiz de Mattos ...................................................................................................110
APRESENTAÇÃO
“Assim como o tempo avançou no calendário e o flamboaiã floriu e refloriu nas
primaveras do Sítio Santa Maria, em Parnamirim, Estado de Pernambuco”, nos idos da sua
meninice, os anos passam e nos mostram o autor de Saber viver, Pompeu Cantarelli, no pleno
vigor físico e com a lucidez daqueles que primam por uma conduta irrepreensível.
Às vésperas do centenário do seu nascimento, que, emocionados, comemoraremos em
2004, devemos refletir sobre a lição de vida que Pompeu Cantarelli nos oferece em seus
textos, porque neles estão delineados os caminhos apontados pela Doutrina Racionalista
Cristã para saber viver — disciplina, trabalho e vontade — e, assim, prolongar a vida física,
aproveitando ao máximo a encarnação, como o autor nos ensina.
Sigamos o seu exemplo de homem digno, leal, amigo e desprendido das coisas
materiais, qualidades que sempre acompanham espíritos que já acumulam sabedoria adquirida
em várias existências, como Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli.
O Editor
PREFÁCIO
O autor deste livro, nosso estimado Pompeu Lustosa de Aquino Cantarelli, foi alvo de
merecida homenagem prestada pelos companheiros da Filial do Racionalismo Cristão de São
Paulo em comemoração ao seu aniversário, transcorrido em 31 de agosto de 1994, quando
completou noventa anos!
Essas palavras, entre aspas, são de Antonio Cottas, referindo-se a um grande amigo de
Pompeu Cantarelli, Dr. Joaquim Crispiniano Coelho Brandão, quando este completou, em 30
de agosto de 1975, cem anos de idade! O elogio de Antonio Cottas ao então centenário Dr.
Coelho Brandão cabe agora, com inteira justiça, ao nosso querido nonagenário Pompeu
Cantarelli. Estimulado pelas palavras de Antonio Cottas, que sempre foi seu maior amigo e
incentivador, nosso venerando companheiro há de prolongar por muito tempo ainda sua
existência física, para alegria de seus familiares, de seus amigos, dos militantes da Casa
Racionalista Cristã de São Paulo e dos racionalistas cristãos em geral. Disso temos certeza, tal
a disposição física e a fortaleza de ânimo desse jovem aos noventa anos, sempre ativo, lúcido
e disposto no exercício de suas funções de Diretor-Secretário da Filial de São Paulo.
Este prefácio, focalizando a personalidade de Pompeu Cantarelli, foi concebido, diga-se,
a bem da verdade, à revelia do autor do livro, por conhecermos sua índole avessa, por natural
modéstia, a homenagens e elogios. Sentimo-nos, porém, no dever de fazê-lo, levando em
conta que os exemplos edificantes precisam ser registrados e assinalados, para que sirvam de
modelo e de estímulo à geração presente e aos vindouros, seus e nossos continuadores, e
estes, seguindo as pegadas dessa existência dedicada à família, aos bons costumes e à Causa
racionalista cristã, aprendam, mais que uma lição, uma filosofia de vida.
* * *
Às vinte e três horas do dia 31 de agosto de 1904, no sítio Santa Maria, que dista apenas
um quilômetro da cidade de Parnamirim, na época denominada Leopoldina, Estado de
Pernambuco, nascia uma criança a quem deram o nome de Pompeu, em homenagem ao avô
paterno, que se chamava Pompeu Cantarelli, sendo os pais do menino Antônio Lustosa
Cantarelli e Ascendina Aquino. Desde garoto encarava a vida com seriedade e sensatez,
motivo por que era chamado de menino-homem. Ainda bem jovem tornou-se livre-pensador,
amigo da verdade, da justiça e da razão.1
Eis aí, em rápidas palavras, um retrato significativo da meninice e da juventude de
Pompeu Cantarelli.
Em 1920, transferiu-se para a vizinha cidade de Cabrobó e, em 1924, com vinte anos de
idade, estava residindo no Recife. Aí viveu quatro anos trabalhando na Drogaria e Farmácia
Conceição e, depois, na Farmácia dos Pobres. À noite, estudava, após o expediente de
trabalho, que se estendia até as vinte horas.
Em sua estada na capital pernambucana, freqüentava a casa do ex-governador do Estado,
Dr. Manuel Pereira Borba, e a do então deputado federal Dr. Agamenom Magalhães, que
1
Extraído do folheto impresso por ocasião da homenagem prestada no aniversário do autor.
posteriormente viria a ser também governador. Nesse período, travou conhecimento, ainda,
com vários chefes políticos do sertão.
Desejando conhecer as plagas mais ao sul do país, chegou, em janeiro de 1929, a São
Paulo. Dois meses depois, ingressava na Farmácia do Hospital Militar da Força Pública do
Estado (hoje Polícia Militar), como civil contratado. Em janeiro de 1930, tirou o título de
oficial de farmácia, mediante exames de habilitação, sendo, dois anos depois, militarizado
com a graduação de sargento-ajudante. Tendo servido essa instituição durante vinte e cinco
anos, passou, em 1954, para a reserva, no posto de capitão.
Já em 1929, ano de sua chegada a São Paulo, Pompeu Cantarelli passou a freqüentar a
teosofia, tornando-se também vegetariano, por indução dessa sociedade espiritualista e
filosófica.
Casou-se em 1934 com dona Alzira de Vecchia. Desse consórcio nasceram três filhas:
Guiomar, Ascendina (ambas falecidas) e Amália, casada com o Dr. Lecy Ribas Camargo.
Em 1937, conheceu o Racionalismo Cristão, desligando-se, conseqüentemente, da
Sociedade Teosófica e passando a freqüentar as sessões públicas de limpeza psíquica da Casa
Racionalista Cristã de São Paulo, que na época funcionava na Rua Francisca Júlia, Alto de
Santana. Em 1954, aposentado na Polícia Militar, pôde inscrever-se como militante da
Doutrina, na Filial de São Paulo.
O ano de 1955 também marcou a vida do autor. Foi quando conheceu o Presidente
Perpétuo do Racionalismo Cristão, Antonio do Nascimento Cottas, de quem se tornou amigo
e pessoa de sua confiança.
Conhecedor do Racionalismo Cristão há quase sessenta anos e militante há mais de
quarenta, Pompeu Cantarelli integrou-se de corpo e alma nessa Doutrina. Uma vez inscrito na
militância do Racionalismo Cristão, distinguiu-se sempre pela constância e pela assiduidade,
comparecendo às sessões públicas de limpeza psíquica e às sessões particulares.
A partir de l962 passou a ocupar o cargo de Diretor-Tesoureiro da Filial de São Paulo,
por indicação de Antonio Cottas e de acordo com os saudosos amigos Antônio de Ornellas
Flor e Humberto Romanelli, então Presidente e Diretor-Secretário, respectivamente.
Caracterizou-se, no desempenho desse cargo, por sua austeridade e rigor na administração das
finanças e do patrimônio do Racionalismo Cristão.
Com a desencarnação imprevista do inesquecível amigo Humberto Romanelli, em 1982,
assumiu as funções de Diretor-Secretário, também por indicação de Antonio Cottas. Quando
ainda Diretor-Tesoureiro, chegou a acumular as atividades de Diretor-Procurador e
Encarregado de Salão, nas sessões públicas de limpeza psíquica. Acrescente-se que, desde a
época em que conheceu Antonio Cottas, este passou a convidar Pompeu Cantarelli para
auxiliá-lo nas inaugurações de Casas Racionalistas Cristãs em várias partes do Brasil,
nomeando-o também repórter e representante do jornal A Razão nessas solenidades
inaugurativas.
Como jornalista, tornou-se assíduo colaborador desse órgão de comunicação da
Doutrina, constituindo muitas das colaborações boa parte do conteúdo deste livro.
Pompeu Cantarelli e Humberto Romanelli foram dois dos diretores da Filial de São
Paulo de mais destacada atuação com que pôde contar o Presidente Antônio Flor,
principalmente na construção da monumental sede própria do Racionalismo Cristão em São
Paulo. Foi, como se sabe, uma etapa de grandes lutas e sofrimento. Mas que, afinal, valeram a
pena, pois culminaram com o pleno sucesso do empreendimento, concretizado na
inesquecível festa da inauguração do edifício, em 25 de novembro de 1973, presidida por
Antonio Cottas.
Em sua vida relacionada com a Doutrina, uma das maiores alegrias de Pompeu
Cantarelli, segundo ele, foi ter merecido a inteira confiança e a amizade de Antonio Cottas, e
disso o Presidente Perpétuo deu provas cabais durante a construção do novo edifício-sede do
Racionalismo Cristão no bairro de Santana da capital paulista. O autor lembra com saudade as
inaugurações de Casas Racionalistas Cristãs. Antonio Cottas lhe escrevia, então, dizendo:
Você está convocado, em nome da Casa Chefe, para ir a tal lugar, a fim de fazer a
reportagem para o jornal A Razão e organizar a cerimônia inaugurativa.
Tenho em meu arquivo inúmeras cartas que me enviou o Presidente Cottas, e as guardo
como num relicário do grande homem que consolidou o Racionalismo Cristão, confidencia
Pompeu Cantarelli.
É também com saudade que o autor evoca as figuras de Antônio Flor e Humberto
Romanelli, pela grande amizade e o ótimo relacionamento que sempre houve entre eles.
Antônio Flor costumava dizer que Humberto e Pompeu eram os seus braços na Filial de São
Paulo. Mas nunca falava quem era o braço direito...
Na qualidade de amigos de Pompeu Cantarelli, os companheiros das Filiais de Santana e
do Butantã, na capital paulista, tomaram a iniciativa de reunir neste livro sua produção
literária esparsa em artigos no jornal A Razão e, mais recentemente, na revista A Razão, de
Portugal. Sua produção não se limita apenas ao jornalismo. Há diversos trabalhos do autor
fazendo parte de livros editados pelo Racionalismo Cristão. Além do mais, Pompeu
Cantarelli, como é do conhecimento de muitos, é também poeta de generosa inspiração.
Tendo em conta a excelência dos seus escritos, versando variados assuntos, de cunho
moral, educativo e cultural, achamos que deveríamos dar a esses trabalhos uma difusão mais
ampla, com a publicação da presente obra, consignando nesta iniciativa a homenagem afetiva
e sincera dos seus amigos e admiradores.
Homem de cultura e brilhantes dotes de inteligência, teve o nosso Pompeu Cantarelli a
ventura de privar da amizade do “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, Guilherme de Almeida,
conhecido e amado por paulistas e tantos brasileiros mais, pela simpatia irradiante de sua
personalidade e pelo incomparável lirismo que sua alma de artista deixou extravasar em sua
obra poética.
Foi no convívio com esse imortal da Academia Brasileira de Letras que Pompeu
Cantarelli recebeu valiosas lições na arte de versejar, em que, aliás, se tornou exímio, como se
verifica pela leitura de suas castigadas e fluentes estrofes.
Há quase trinta anos, o escriba que está alinhavando este prefácio teve seu primeiro
contato com a poesia do mestre Cantarelli, antes de ter o prazer de conhecê-lo pessoalmente.
Esse primeiro contato deu-se em 1970, em Campinas, interior do Estado de São Paulo, num
modesto barracão nos fundos da residência do Dr. Augusto Gomes, de saudosa memória.
Funcionava ali o Filiado local do Racionalismo Cristão, presidido pelo Dr. Augusto. Foi ele
quem me proporcionou a oportunidade de ler um poema de Pompeu Cantarelli que definia,
em linhas gerais, a Doutrina Racionalista Cristã e sua nobre finalidade. Naquele ano estava
iniciando-me nessa Doutrina, sob a orientação amiga do Dr. Augusto. Assim, esse poema faz
parte das gratas recordações que guardo daqueles dias particularmente felizes da minha vida.
ESCOLA
IMPARCIALIDADE E JUSTIÇA
LUIZ DE MATTOS
Daí em diante, a doutrina reencarnacionista se alastrou por vários países. No Brasil, foi
difundida pelo espiritismo, pela teosofia, pela Comunhão de Pensamentos, pelo grande
doutrinador espiritualista Luiz de Mattos (Codificador do Racionalismo Cristão), desde 1910,
pelos médicos Antônio Pinheiro Guedes, Alberto Seabra, Visconde de Sabóia e outros
estudiosos do espiritualismo.
O Capitão-Aviador Felino Alves de Jesus, de saudosa memória, escreveu o interessante
livro Trajetória evolutiva, que trata científica e inteligentemente da questão reencarnacionista.
REMINISCÊNCIAS
PRECONCEITO E GÊNIO
PROVAS CIENTÍFICAS
SELEÇÃO DE ALIMENTOS
As células nascem sempre uma da outra; sua reprodução se dá por vários processos
biodinâmicos.
Os cem quatrilhões de células que se calcula existirem no organismo humano formam
certos grupos em que os elementos, além de semelhantes entre si, se congregam para o
desempenho de funções específicas.
Por aí se vê a importância das células na formação do nosso corpo, razão por que
devemos alimentá-lo de maneira que o metabolismo, que é fenômeno que conduz a
assimilação e a desassimilação das substâncias de que necessitamos para viver, se processe
normalmente, sem o acúmulo excessivo das substâncias tóxicas que venham perturbar o
trabalho metabólico do organismo na sua luta constante contra os vírus patogênicos e contra
as toxinas, para a sua natural sobrevivência. E para evitarmos a formação de acúmulo de
segregações nocivas e a criação de bactérias venenosas é que se torna indispensável a seleção
de alimentos sadios, puros, naturais, para fornecerem às nossas células os elementos mais
adequados para manter-nos fortes, saudáveis, em boa forma física e até mesmo psíquica.
Médicos, cientistas e nutricionistas pesquisam sobre a ciência da nutrição, por ser a que
nos leva à longevidade e a um viver saudável e alegre. A nutrição é hoje uma ciência que se
preocupa com a saúde pública, havendo cursos de nutricionista e dietista, de nível superior,
para a adoção de dietas e cardápios que proporcionem aos escolares, enfermos e trabalhadores
uma alimentação capaz de produzir as calorias de que cada indivíduo necessita para levar uma
vida normalmente capacitada, a fim de vencer os seus grandes embates.
HIPÓCRATES
VIVER SADIO
A nossa alimentação deve conter substâncias minerais, tais como o sódio, o potássio, o
cloro, o fósforo, o ferro e outros. Aliás, os alimentos usuais os contêm em quantidade
suficiente, salvo o cloreto de sódio, ou sal de cozinha, que costumamos juntar artificialmente
à comida, quase sempre com excesso. Os alimentos devem agradar ao paladar, para facilitar a
digestão. Devemos sentar-nos à mesa para tomar as refeições sem cansaço, sem nervosismo e
livres de preocupações, porque, se fixarmos o pensamento em algo que nos inquieta,
naturalmente isso vai perturbar a digestão, ocasionando malefícios a nossa saúde pela
alteração dos fenômenos químicos e mecânicos que promovem essa digestão.
Para um viver sadio e natural, além do trabalho metodizado, necessitamos de ar puro,
sono, exercícios físicos, asseio corporal e repouso, bem como de controle dos nossos
pensamentos e das nossas ações.
As moléstias que afligem a humanidade não são mais do que efeitos do seu erro de
viver em desacordo com o que a natureza estabelece para a harmonia do Todo e da beleza
universal.
AFINIDADE E EVOLUÇÃO DOS SERES
Ó homem, por que roubas, desnecessariamente, a vida dos seres, teus irmãos em
essência espiritual? Por que maltratas os irracionais com instinto de perversidade? Não sabes
que eles vivem sem noção de personalidade e sem consciência de sua existência como Força e
Matéria? És apenas mais evoluído do que eles, porque já passaste no crisol que purifica a vida
vegetativa, instintiva e animalizada, mas surgiste da mesma essência que dá vida a todos os
seres: a Inteligência Universal ou Grande Foco.
Muitas coisas já aprendeste na escola evolutiva da vida, muito há, porém, que aprender
ainda, visto que o curso dessa escola é difícil e grandioso, e somente com o perpassar dos
séculos e dos milênios, depois que adquirires as experiências indispensáveis ao progresso do
espírito, mediante estudo esclarecedor, trabalho árduo, lutas e sofrimentos vários, é que
poderás terminá-lo neste planeta, continuando, porém, a alma na sua marcha progressiva e
sempre ascendente nos mundos de luz, até terminar o ciclo da sua evolução para juntar-se ao
Todo Universal, sem perder a sua individualidade.
VIA-CRÚCIS
ÁRVORE GENEALÓGICA
ESPIRITUALISTAS E FILÓSOFOS
Cientistas
Que nos sirvam de exemplos a matemática de Euclides, Arquimedes, Newton e Gauss, a
astronomia de Ptolomeu, Copérnico, Galileu, Kepler e Flamarion, a química de Lavoisier e a
medicina de Hipócrates, Paracelso, Osvaldo Cruz, Miguel Couto, a ciência humanitária de
Pasteur, Koch, Jenner, casal Curie e muitos outros pioneiros do bem e do progresso.
Bendigamos os grandes inventores: Guttemberg, Edson, Marconi, Morse, Watt, Bell,
Franklin, Faraday, Bessemer, Fulton e outros; as descobertas de Colombo, Corte Real, Vasco
da Gama, Bartolomeu Dias, Cabral, Magalhães e os heróicos colonizadores do nosso Brasil.
Miremo-nos nas idéias humanísticas de Erasmo, Petrarca, Pestalozzi e nas investigações
espiritualistas dos grandes médicos brasileiros Antônio Pinheiro Guedes, Visconde de Sabóia,
Alberto Seabra, e dos cientistas de além-mar Lombroso, Delanne, Crookes, Gibier e outros.
FEITOS ÉPICOS
1Que nos sirvam de exemplo os feitos épicos de Alexandre, Júlio César, Pompeu,
Aníbal, Bonaparte, Nuno Álvares Pereira, Bolívar, San Martin, Juarez, Washington, bem
como o militarismo pacifista de Caxias, o Patrono do nosso Exército, e o heroísmo de Osório,
Malet, Tibúrcio, dos Mena Barreto, Andrade Neves, Câmara, Sampaio, Viligran Cabrita,
Antônio João, o guia Lopes, Camisão, Tamandaré, Marcílio Dias, e tantos outros bravos e
heróis que defenderam a nossa pátria, como o fizeram os nossos pracinhas nos campos de
batalha da Europa, em que as armas do Brasil foram empunhadas para desafronta dos nossos
brios e pelo nosso amor à justiça, à liberdade e ao direito dos povos.
Que também nos sirvam de exemplo as lutas épicas dos bandeirantes paulistas para
alargarem as fronteiras da pátria e as dos heróis pernambucanos que expulsaram o invasor
holandês, simbolizados nos brancos Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira e Barreto de
Menezes, nos índios de Camarão e nos negros de Henrique Dias, cujas raças formam a nossa
nacionalidade.
Que os povos agradeçam o espantoso progresso da aeronáutica ao nosso patrício
Alberto Santos Dumont, o verdadeiro pai da aviação, sem esquecermos, porém, um dos seus
precursores, Bartolomeu de Gusmão, também brasileiro.
GRANDES MULHERES
SOLIDARIEDADE E INTEGRAÇÃO
NUNCA É TARDE
Nunca é tarde para o homem aprender as boas lições da vida, corrigir os seus defeitos e
dominar os seus vícios. Mui feliz aquele que consegue fazê-lo, mesmo que já esteja em idade
bem avançada, porque assim não terá a grande tristeza de terminar os seus dias como um
vencido, inútil e algoz de si próprio.
Senhores da Associação Antialcoólica, a pátria e a sociedade vos serão agradecidas pela
vossa nobilitante campanha de soerguimento daqueles que ainda têm a infelicidade de ser
escravizados pelo vício do álcool.
Cada alcoólatra recuperado é mais um brasileiro que se levanta para lutar pela grandeza
da nação. Cada alcoólatra que se reabilita é mais uma criatura que volta feliz ao aconchego da
família. Cada alcoólatra que se regenera é mais um ser humano que deixa de ser um
indesejável ou um parasita do Estado para tornar-se um obreiro do bem, da ordem e do
progresso.
CEIFANDO VIDAS
Médicos, cientistas e pessoas de bom senso apregoam, desde há muitos séculos, que o
vício do álcool é, inegavelmente, uma desgraça que flagela os povos.
É triste vermos ainda em pleno século vinte o álcool continuar ceifando vidas,
povoando penitenciárias, enchendo hospitais e causando verdadeira calamidade social.
Não obstante o quadro tétrico e desolador que observamos todos os dias, há,
infelizmente, aliás em grande número, os defensores das bebidas alcoólicas, que procuram
com artimanhas encobrir os malefícios causados pelo alcoolismo.
Tempo virá, quando a maioria da humanidade tiver uma educação racional, científica e
mais espiritualizada, em que o vício do álcool será combatido oficialmente, como acontece na
época presente com o das substâncias entorpecentes.
Quem vive numa grande metrópole e acompanha diariamente a crônica policial fica
estarrecido com os inúmeros crimes e suicídios praticados sob a ação do álcool. São criaturas
que se matam! São irmãos que se trucidam! São lares que desmoronam! São crianças que
ficam na orfandade e no abandono! São mulheres que entram para a viuvez e para a miséria!
São cadeias e hospitais que se enchem de homens, que deixam de trabalhar para a manutenção
da família e para o progresso do país, tornando-se, assim, parasitas da sociedade.
DEGENERAÇÃO
Existe ainda essa chaga moral, porque a própria sociedade não procura, pela educação,
coibir o fabrico e o uso de tão maléfica substância.
O álcool atrofia as células orgânicas, embrutece a inteligência, obceca o espírito e
transmite às gerações o estigma da degenerescência física e moral.
O grande médico brasileiro Miguel Couto assim se expressou:
“O álcool é o maior agente de degeneração do indivíduo e da raça; a todos os tecidos
ele ataca e a todos degenera; mas, se a um deles se tivesse de designar como preferido para
as suas devastações, seria o sistema nervoso — desde o delírio agudo até o delirium tremens
e a demência alcoólica.
Aí temos, meus amigos, o sábio veredicto do grande e saudoso Miguel Couto.
Infelizmente, o vício do álcool está contaminando o belo sexo, tirando-lhe a
feminilidade que lhe é característica, porque a mulher que se diz chic e partidária de
modernismos quer ter excessiva liberdade, procurando imitar o homem até mesmo nos seus
erros e desatinos.
Vemos parte da mocidade de hoje transviada das boas normas familiares pelo fato de
seus pais lhe darem maus exemplos e não manterem aquela disciplina austera e carinhosa e o
respeito, que são o sustentáculo da família.
QUATRO INIMIGOS
Há, no Brasil, quatro inimigos acérrimos do seu povo: o álcool, o fumo, o jogo e a falta
de instrução; portanto, é obra de moralidade e de elevado patriotismo combatê-los
racionalmente, se quisermos uma raça forte e varonil e uma nação próspera, culta e
verdadeiramente cristã.
Para o bom desempenho dos nossos deveres neste mundo, temos que controlar o
pensamento, a vontade e o livre-arbítrio; essas faculdades formam a linha mestra de nossas
ações, para o bem ou para o mal.
A vontade é a concentração do pensamento num determinado objetivo, com o firme
propósito de realizá-lo, e quanto mais forte for a vontade, maiores possibilidades teremos de
êxito. Disse alguém:
A vontade é potência biomagnética inteligenciada, é energia em ação, é o dínamo
psíquico.
O viciado deve, pois, reagir, procurando ter vontade forte contra o desejo de beber,
visto que, como espírito que é, partícula do Criador, não deve escravizar-se a esse degradante
vício, e o segredo está justamente no pensamento e na vontade. Saber querer é poder, e quem
domina as suas imoderações é poderoso e feliz.
Aos pais, às mães e aos professores dirigimos veemente apelo, que fazemos com a alma
entristecida, no sentido de que orientem, disciplinem e procurem livrar os seus entes queridos
e a juventude escolar dos vícios do álcool, do fumo, das substâncias entorpecentes e do jogo,
que, a cada instante, infelicitam muitas criaturas que poderiam ser úteis a si mesmas, à família
e à coletividade.
Homens e mulheres de nossa pátria, evitai e combatei os vícios, os maus hábitos, as
crendices, a intolerância, o fanatismo e todos os preconceitos, que amanhã poderão tornar os
vossos filhos doentes, imprestáveis, maus ou criminosos. Lembrai-vos de que tendes grande
responsabilidade, de ordem moral e espiritual, na educação dos vossos filhos, que serão mais
tarde os dirigentes do país e cooperadores do progresso e da confraternização dos povos.
Somos seres universais em conquista, aqui na Terra, da nossa evolução, a qual se
processa pela luta, pelo trabalho, pela experiência, pela aprendizagem e pelo aprimoramento
das nossas faculdades morais e espirituais.
CONDECORADOS
MULHER
Segundo esse delegado, as mulheres são as mais prejudicadas com o vício das drogas.
Essas declarações são realmente tristes e estarrecedoras, porque o uso de tóxicos, além dos
seus grandes malefícios à saúde e à moral, está, também, relacionado com o sexualismo tão
difundido hoje, sem nenhum respeito à decência e aos bons costumes, propiciando, em
conseqüência, a prostituição em escala alarmante.
Um escrivão de polícia, em Campinas, Estado de São Paulo, proferiu palestras contra a
delinqüência infanto-juvenil e, com mais de cinqüenta conferências pronunciadas nas escolas,
o índice de consumo de tóxicos naquela progressista cidade paulista caiu trinta por cento.
Como se vê, campanhas educativas e esclarecedoras contra os tóxicos devem ser feitas
nos lares e nas escolas de todos os níveis, e os resultados serão bem positivos, como no caso
de Campinas.
A atual lei penal incrimina quem vende, quem conduz e quem consome substâncias
entorpecentes, pelo fato de que sem viciado não haveria tráfico; entretanto, parece-nos
racional que, além da pena prevista em nosso Código Penal, procure-se curar o viciado, a fim
de que ele volte à sociedade completamente restabelecido das alterações físicas e psíquicas
que naturalmente sofreu.
DESCASO
O que está ocorrendo com a mocidade de todo o mundo é uma conseqüência do descaso
com que ela é tratada no lar e na escola, com excesso de liberalismo, falta de autoridade e de
bons exemplos daqueles que não sabem ter força moral para orientar bem os seus filhos ou os
seus alunos contra os vícios e a indisciplina.
A sã moral e a boa educação da juventude dependem da conjugação de esforços e de
autoridade dos pais e dos professores, visto que, sem o entrosamento do lar e da escola para a
formação moral e intelectual do jovem, os esforços isolados serão insuficientes e, quando
antagônicos, perigosos.
Em nome do modernismo, da arte e da cultura se cometem, hoje, os maiores atentados
contra o pudor e o bom senso, cujos preceitos levam a criatura a um viver dignificante e
harmonioso entre os seus semelhantes.
É preciso, pois, haver uma reação educativa e esclarecedora contra esse lamentável
estado de coisas; do contrário, cairemos no caos da imoralidade e da degenerescência e,
assim, não poderemos salvaguardar a família, que, em vez de célula agregadora da
coletividade humana, tornou-se núcleo dessa psicose que avassala o mundo.
(São Paulo, dezembro/1970)
SER RACIONALISTA CRISTÃO
Ser racionalista cristão é compreender a vida dentro da sua realidade, sem fantasias e
sem devaneios.
Ser racionalista cristão é desprender-se das amarras do materialismo, dos maus hábitos
e dos vícios.
Ser racionalista cristão é ter disciplina, é ser ordeiro e dedicado à Causa, que
espontaneamente abraçou como um meio de ativar a sua evolução.
Ser racionalista cristão é ser tolerante e agir dentro da razão e do bom senso; é ser
verdadeiro em pensamento e ações.
Ser racionalista cristão é assumir a responsabilidade de cumprir fielmente os princípios
e a disciplina do Racionalismo Cristão, não faltando às suas reuniões sem um motivo
justificável, inclusive às do segundo sábado de cada mês.
Ser racionalista cristão é cumprir o que determinam o livro Prática do Racionalismo
Cristão, as decisões da Presidência e da Diretoria, e tratar com respeito os companheiros.
Ser racionalista cristão é ter amor à Verdade, sem sentimentalismo e sem preconceitos,
que inferiorizam a vida neste mundo-escola, de aprendizagem, que é o planeta Terra, porque
todos nós aqui estamos em missão de resgate de nossos erros e de nossas imperfeições, desta
e de encarnações passadas.
(São Paulo, setembro/1988)
AINDA SOBRE ALIMENTAÇÃO
Todos os animais têm, por natureza e instinto, o seu próprio alimento. O homem tem
nos cereais, nas verduras e nos frutos amadurecidos naturalmente pelo calor do Sol o alimento
tal como lhe convém e lhe é destinado; mas o ser humano não se contentou com isso e numa
injustificável e criminosa gulodice passou a fritar, assar, beneficiando e refinando as
substâncias nutrientes, as quais, submetidas a tais processos, se tornam impróprias à
alimentação, por terem sofrido modificações na sua estrutura e na sua integridade — por
exemplo, o açúcar refinado, o arroz beneficiado, a farinha de trigo alvejada e outros cereais
submetidos a processos destinados a melhorar a aparência dos produtos, como se lhe fosse
permitido alterar pela gula ou interesse as leis da natureza, sem sofrer as conseqüências por
esses desatinos, pois toda ação provoca uma reação.
DIVERGÊNCIAS
A civilização contemporânea alterou a vida natural segundo a qual o homem deve viver,
tornando-se difícil seguir rigorosamente as normas da sobriedade e da morigeração indicadas
pela própria natureza.
Qual é, portanto, a alimentação mais conveniente ao ser humano? Há muita divergência
a esse respeito. Na natureza, os animais estão divididos em três grupos em relação à forma de
alimentar-se: o primeiro grupo denomina-se zoófago, que se alimenta de outros animais; o
segundo grupo chama-se fitófago, que se alimenta de vegetais; e o terceiro grupo é o dos
onívoros, que se alimentam de animais e vegetais, como o homem.
No regime onívoro, que é o mais adotado, deve-se alimentar sóbria e moderadamente,
em conformidade com a nossa constituição física, com as nossas atividades, para que não haja
um desequilíbrio por falta de calorias ou por acúmulo de energia, que se transforma em
gorduras.
Segundo Caldas Aulete, os macróbios eram um povo fabuloso que os antigos
imaginavam existir no Egito, na Índia ou na África Ocidental. Esses indivíduos viviam até mil
anos, devido a seu regime alimentar.
Foi adotada nos Estados Unidos uma dieta denominada “regime dos astronautas”, em
que se reduz ao mínimo possível a ingestão de substâncias ricas em hidratos de carbono,
responsáveis pela obesidade. As substâncias ricas em hidratos de carbono são os amidos ou
amiláceos e os açúcares. O amido é fécula ou pó de cereais, como a farinha de trigo, que nos
fornece o pão, o macarrão e outras comidas saborosas.
Os hidratos de carbono, compostos de hidrogênio, oxigênio e carbono, facilmente se
transformam em energia calorífica, que é o combustível do corpo humano. Como qualquer
máquina, o homem necessita de uma determinada dose de energia para poder movimentar-se.
Se for pessoa calma e de vida sedentária, precisará de menos energia do que a pessoa que se
movimenta muito, andando, correndo, fazendo exercícios e tendo, enfim, uma vida de
esforços e trabalhosa.
Ora, se essas duas espécies de pessoas ingerem a mesma quantidade de hidrato de
carbono, uma estará consumindo energia de forma desproporcional e, neste caso, estará
armazenando energias sob forma de hidrato de carbono, que se acumula nos tecidos
conjuntivos, nos líquidos intersticiais e no sangue, transformando-se em gordura, como
podemos ver em certas pessoas, que, se não fizerem uma dieta apropriada, marcharão para a
obesidade.
OPÇÃO PELA CARNE
A criatura humana de hoje é carnívora por costume e não por necessidade fisiológica.
Ao contrário dos seus ancestrais, o homem moderno dispõe de meios mecânicos, técnicos e
científicos para lavrar a terra e dela tirar todos os alimentos para a sua subsistência, sem
sacrificar a vida de animais, porque a constituição do corpo humano não é apropriada para
receber alimento carnívoro.
Já na velha e lendária Índia, alguns séculos antes de Cristo, o iluminado e grande Buda
se preocupava com a alimentação humana e dizia:
Feliz seria a Terra se todos os seres estivessem unidos pelos laços da benevolência e só
se alimentassem de alimentos puros, sem derramamentos inúteis de sangue. Os dourados
grãos, os reluzentes frutos e as saborosas ervas, que nascem para todos, bastariam para
alimentar e dar fartura ao mundo.
A alimentação carnívora, rica em gorduras e proteínas facilmente deterioráveis, intoxica
o nosso organismo, aumentando o colesterol em nossas artérias a ponto de obstruí-las,
causando a morte. A carne também produz muita acidez e excitação no organismo humano e
se putrefaz quatro vezes mais do que os vegetais; por aí se vê a sua nocividade.
A FAU, organismo da ONU, se ocupa do problema da alimentação mundial e preconiza
um sistema de alimentação equilibrada, na qual proteínas, hidratos de carbono, açúcares e
gorduras estejam nas proporções necessárias. Quando se mata o animal, interrompe-se o
processo de eliminação e neutralização das toxinas, que iam ser eliminadas pelo aparelho
urinário e por outras vias excretoras e ficam retidas nos tecidos da carne, impregnando-a de
substâncias nocivas à nossa saúde, como a uréia, o ácido úrico e outros. Diz um provérbio
popular que a criatura humana morre pela boca, isto é, quando ingere substâncias nocivas e
tóxicas como a carne.
TABAGISMO, SUICÍDIO LENTO
É lamentável e inconcebível que em pleno declinar do século vinte, chamado das luzes,
a criatura humana ainda pratique, embora lentamente, o suicídio pelo fumo, conscientizada de
que está concorrendo para diminuir os seus dias de vida, e o faz por falta de domínio próprio
para evitar tão maléfico e desagradável vício, que avassala todas as camadas sociais.
Das investigações feitas por médicos e centros de pesquisas altamente categorizados de
todo o mundo, chegou-se à triste conclusão de que o vício do fumo é por demais nocivo à
saúde.
Campanha de caráter público contra o tabagismo teve início na Inglaterra, em 1962,
pelo tradicional Colégio de Médicos, fundado há mais de quatrocentos e cinqüenta anos. O
relatório destinado aos médicos e leigos diz que “fumar cigarros é uma das causas do cancro
do pulmão e da bronquite, contribuindo provavelmente para a evolução de doenças cardíacas
das coronárias e de várias doenças incomuns”.
O grito de alarme lançado pelo prestigioso Colégio de Médicos da Grã-Bretanha
repercutiu na América do Norte, de maneira que o Departamento de Saúde dos Estados
Unidos, depois de grande batalha publicitária entre as autoridades sanitárias e os industriais
do fumo, conseguiu a criação de uma lei que adverte o fumador, no próprio maço de cigarros,
de que o hábito de fumar pode matar ou encurtar a vida.
VEZ DO BRASIL
UNIFICAÇÃO DE RAÇAS
Os portugueses não foram apenas grandes descobridores de terras, mas também grandes
unificadores de raças, como o fizeram no Brasil, plasmando uma nova raça entre índios,
negros e brancos, e dessa estirpe varonil têm saído grandes homens, como Gonçalves Dias,
Machado de Assis, Luís Gama, André Rebouças e inúmeros outros, que engrandeceram a
política, a ciência, a literatura e as artes brasileiras.
Os povos que se isolam e se conservam em grupos étnicos, ideológicos, lingüísticos ou
sectários não perceberam ainda, no plano histórico e evolutivo, a sua missão como integrantes
da humanidade, aqui na Terra.
XENOFOBIA
Tais povos ainda se deixam dominar pelo instinto atávico ou tribal, ou pela mística de
uma ideologia e de um nacionalismo extremado na intolerância, no jacobinismo e nos
preconceitos que os inibem de viver em completa confraternização com outros povos.
A xenofobia é um estado de ignorância e de primitivismo em que a pessoa vê nos
estrangeiros ou nos indivíduos de outras origens desafetos ou inimigos.
Nenhuma nação cresceu e prosperou sem o estímulo e a ajuda de outras nações, porque
é pelo intercâmbio comercial, pelos investimentos de capitais, pelo turismo, pela
transplantação da ciência, da cultura e da tecnologia que os países se aproximam e melhor se
entendem por interesses recíprocos.
Os portugueses, ancestrais dos brasileiros, deram provas de humanismo e de
fraternidade unindo pelo sangue as raças de três continentes, que formaram este nosso imenso
e querido Brasil, que é uma escola de alta espiritualidade e logo mais será, também, o oásis do
mundo.
Devemos agradecer sempre aos lusitanos e aos seus descendentes, que formam a
maioria da população brasileira, o fato de não terem implantado em nosso país idéias de
segregação racial e de intolerância de credos, tão nocivas ao bem-estar e à integridade de uma
nação, onde todos devem ser iguais perante as leis, como cidadãos que lutam e trabalham pelo
seu progresso, pela sua independência, pela sua grandeza.
COMPANHEIROS INSEPARÁVEIS
O álcool é veneno lento que deforma e mata. O fumo e o álcool são dois inimigos do
homem, são dois vermes que lhe vão corroendo as células até arruiná-las completamente.
(Maria Cottas)
Médicos, cientistas, espiritualistas e pessoas de bom senso apregoam, desde há muito,
que os vícios do fumo e do álcool são, inegavelmente, duas desgraças que flagelam os povos.
É triste, e revoltante mesmo, em pleno século vinte, o álcool continuar degenerando
grande parte da humanidade, obsedando-lhe o espírito.
Há, infelizmente, os defensores, aliás em grande número, das bebidas alcoólicas, que
procuram com artimanhas encobrir os grandes malefícios causados pelo alcoolismo, dizendo
que uma “pinguinha” com limão não faz mal a ninguém e que apenas serve para esfriar ou
esquentar a temperatura do corpo... Com essa e outras desculpas ilógicas vão ingerindo esse
líquido corrosivo e embriagador como se fosse uma substância nutritiva e alimentar.
Vemos pessoas, que se dizem civilizadas e possuidoras de bom senso, preparar
coquetéis ou aperitivos alcoólicos para ingerir às refeições; entretanto, essas criaturas sabem,
têm certeza, que o álcool, quando tomado de forma imoderada ou constante, é causador de
uma infinidade de misérias físicas e morais.
O álcool e o fumo atrofiam as células orgânicas, embrutecem a inteligência, obcecam a
alma e transmitem às gerações o estigma da degenerescência.
CÂNCER
A ciência médica afirma que o câncer, uma das mais terríveis doenças que acometem o
gênero humano, se desenvolve mais freqüentemente entre os fumantes, pela irritação
produzida pelo fumo nos lábios, na língua, na mucosa bucal, no estômago, nos pulmões, etc.
Evite, meu caro fumante, que o câncer o atinja, deixe imediatamente de fumar e não
pense jamais em contrair tão impiedosa doença.
Lembre-se de que, todos os dias, muitas vidas são roubadas, prematuramente, pelo
terrível carcinoma.
Não seja, pois, o assassino de si mesmo, evite quanto antes os vícios do álcool e do
fumo, e sentindo qualquer alteração ou anormalidade no seu organismo procure logo um
médico de sua confiança para examiná-lo, porque o câncer no seu início é curável.
Afirma um cientista e médico francês que o fumo é tão prejudicial à saúde quanto o
álcool, e conclui o sábio gaulês que, segundo experiências que fez com o alcalóide do tabaco
— a nicotina —, essa substância venenosa é, realmente, responsável por inúmeras
enfermidades, porque vai lentamente intoxicando o organismo do fumante, sem que este o
perceba.
DUPLA PERNICIOSA
CAUSAS
O medo é o reverso da coragem. A coragem é um atributo que nos leva a agir com
moderação e prudência, porém com firmeza e valor diante da ameaça de perigo.
Sendo um flagelo da humanidade, o medo tem por causas predisponentes a falta de
cultura e de uma educação esclarecedora e racionalizada. Envolto no negativismo, o medroso
não pode raciocinar com a devida clareza nem procura valorizar a sua vida, tem pensamentos
descontrolados e impuros, faz mau uso do livre-arbítrio, é egoísta, preconceituoso.
O medo é a causa das guerras, da pobreza e da ignorância; das guerras porque leva os
governos das nações a se armarem, gastando quantias fabulosas; da pobreza e ignorância visto
subtraírem dos povos, por meio de pesados impostos, taxas, monopólios e barreiras
alfandegárias, o dinheiro de que necessitam para um viver condigno e humano.
ARSENAIS
A história da humanidade nos mostra que somente sob a égide da paz, da justiça, da
liberdade, do trabalho construtivo, da concórdia e da colaboração mútua os povos têm
conseguido sobreviver, acionando o progresso para o seu próprio bem-estar.
Quão bom seria se os homens procurassem viver sempre dentro da harmonia e da
Verdade, confraternizando-se não apenas no primeiro dia de cada ano, mas em todos os dias
de todos os anos!
No 1° de janeiro, em que a maioria dos povos comemora alegremente o dia da
confraternização universal, compartilhamos também desse anseio geral de congraçamento
familiar, que se expande por toda parte com augúrios de felicidade para todos.
Pelo evento do Novo Ano almejamos dias mais bonançosos para a nossa querida pátria,
tranqüilidade e trabalho para o nosso povo e maior bem-estar para toda a humanidade, porque
somente o bem pode aproximar os homens para a grande luta de combate ao mal, que se
oculta na discórdia, no egoísmo, na indisciplina, no ódio, no orgulho, na corrupção, na
intolerância, no fanatismo e em todos os sentimentos inferiores.
No dia de Ano Bom, como em todos os dias, elevemos ao Alto as irradiações dos
nossos pensamentos de paz e o enlevo das nossas almas numa vibração uníssona pela
grandeza e prosperidade do Brasil e pelo bem comum de todos os povos deste mundo, ainda
conturbado pela falta de certos conhecimentos.
Por ocasião do Novo Ano as pessoas amigas e os próprios governantes das nações
trocam mensagens com votos de paz e felicidade. Isso é uma demonstração de que já
despertamos para uma nova era de mais espiritualidade e de mais compreensão, porque a
Verdade pode tardar, mas não falha...
Já é tempo de as nações banirem as suas discórdias e empreenderem uma ação
conjugada para acabar definitivamente com o espectro sombrio e horrendo da fome e da
guerra.
POPULAÇÃO
ANTAGONISMO
TOLERÂNCIA
Para que exista na Terra uma paz verdadeira e duradoura, baseada no respeito mútuo e
na solidariedade humana, é mister haver mais tolerância e compreensão, para o encontro de
um denominador comum de coexistência pacífica entre os regimes políticos que,
infelizmente, dividem os povos.
Tais regimes precisam tornar-se mais justos, condescendentes e mais democráticos,
onde imperem a justiça, a ordem, a liberdade e o progresso, a fim de que todos possam
trabalhar e produzir com tranqüilidade.
Quanto ao Brasil, precisamos todos lutar, pacífica e corajosamente, para vencer essa
crise que nos assoberba, ajudando os poderes públicos a conter a inflação, a acabar com o
analfabetismo e a acelerar o desenvolvimento de todas as regiões do nosso país.
(São Paulo, maio/1980)
CONCEPÇÕES DE VIDA
Antes de falarmos, procuremos selecionar as nossas idéias pelo computador do nosso
raciocínio, a fim de não cometermos injustiça, malquerença e maledicência.
Sejamos prudentes e tolerantes, para que a nossa maneira de pensar e agir também seja
tolerada, desculpando, quando possível, os que erram por ignorância, porque igualmente já
erramos no passado ou até mesmo no presente.
Jamais condenemos alguém por simples suspeita ou por denúncia não comprovada por
pessoas sensatas, para não sermos injustos e levianos, com rancor e ódio.
Quando não pudermos ser justos e bons ao mesmo tempo, devemos optar pela justiça,
porque, às vezes, praticando um ato de aparente bondade, cometemos uma ação injusta,
preterindo direitos de terceiros.
Somente com uma vivência mais íntima é que passamos a conhecer melhor o caráter de
uma pessoa, visto que a sua vida real diverge, muitas vezes, do seu viver aparente.
Procuremos no íntimo do nosso ego a alegria natural que afugenta as sombras da
tristeza, causada pelas vicissitudes próprias desta vida ou por nossos desatinos.
A vaidade, o orgulho, a malevolência e o desperdício são desvirtudes que obscurecem a
nossa espiritualização na trajetória evolutiva.
SENTIMENTALISMO
COURAÇA
ESPELHO
Lembremo-nos de que não são as palavras que espelham fielmente o grau da nossa
espiritualidade e, sim, as nossas ações em todos os lugares e em quaisquer circunstâncias.
INTRIGAS
RAZÃO
Pensemos com moderação, raciocinemos com clareza e procuremos agir dentro do bom
senso e da razão, para nos tornarmos criaturas sensatas e cumpridoras dos deveres.
JULGAMENTOS
Para uns, temos uma moral impoluta, e, para outros, um caráter duvidoso, porque as
pessoas, quando levadas pela paixão, por ódio ou por um sentimentalismo enfermiço, não
julgam baseadas na verdade.
COMPREENSÃO DA VIDA
DESPERDÍCIO
Quem desperdiça os seus haveres, o seu tempo e o alheio não coopera para o seu bem-
estar e o da coletividade em geral.
ECONOMIA
A economia quando bem dirigida e racionalizada, é fator de progresso para uma pessoa
ou uma nação, visto que, sem uma planificação prévia, não se pode chegar a uma conclusão
certa e correta.
VÍCIOS
Evitemos, por todos os meios possíveis, os vícios, porque obscurecem a moral, obcecam
o espírito e prejudicam a saúde.
ESCOLA
A vida terrena é uma escola de aprendizagem, e perde o seu precioso tempo quem não
aprende com as experiências as sábias lições que ela nos enseja.
Cedo ou tarde o ser humano reconhecerá o mal que tenha feito aos seus semelhantes,
despertado pela própria consciência, que o acusa.
Quando não pudermos fazer o bem, evitemos praticar o mal, para não aumentarmos as
nossas dívidas espirituais, contraídas nesta e em outras vivências.
O malefício que fizermos aos outros projetar-se-á sobre nós como a sombra que
acompanha o nosso corpo físico, de acordo com a lei do retorno ou de causa e feito.
IMPORTÂNCIA DO ESTÍMULO
Sentimo-nos felizes quando alguém procura estimular-nos a vencer os obstáculos que
encontramos no caminho do nosso viver, pois o estímulo desperta nossas forças mentais
adormecidas ou mal-empregadas.
Estímulo não é bajulação, não é elogio nem provocação de vaidade — é o despertar de
energias latentes. Estimular é fazer vencer, induzir, contribuir para a vitória de uma criatura
ou de uma causa.
Assim como o nosso organismo, quando depauperado, necessita de um estimulante
energético, o nosso espírito, quando atribulado, também precisa de um estimulante moral.
DR. SALK
A humanidade não teria contado com o concurso eficiente de ilustres homens, que
engrandeceram as ciências, as letras, as artes, a tecnologia e a política, não fora o estímulo da
família, de amigos, associações ou governos.
Dentre os inúmeros casos que a história registra, podemos citar o Dr. Jonas Salk. Moço
pobre, filho de um trabalhador da indústria de calçados, em Nova Iorque, com o estímulo e a
união da família, estudou Medicina. Para auxiliar o pagamento de seus estudos, ele
trabalhava, quando de férias, num acampamento de meninos e, nas horas de folga, como
técnico de laboratório.
O Dr. Salk diplomou-se em Medicina e, após alguns anos de intenso trabalho, descobriu
a vacina contra a poliomielite, ou seja, a paralisia infantil. Com essa grande e humanitária
descoberta mais de noventa por cento das crianças de todo o mundo, que são vacinadas
preventivamente, estão livres da incapacidade física ou da morte pela pólio.
O estímulo, a solidariedade e a dedicação da família colocaram o Dr. Jonas Salk no
pedestal dos grandes benfeitores da humanidade.
ALAVANCA
MAIS ESPIRITUALIDADE
GRANDIOSAS PERSPECTIVAS
MODERNISMO
Devemos criar bases sólidas para a formação de um novo mundo, em que a ciência
caminhe paralela com o aprimoramento dos costumes, da cultura e da compreensão da vida,
na sua simplicidade e pureza. A vida na sua concepção genérica é simples e boa, quando
entendida como finalidade evolutiva, pelo trabalho, pela luta e pelo sofrimento; nós é que a
complicamos com preconceitos ilógicos e com vícios impróprios a seres pensantes e dotados
de inteligência, de livre-arbítrio e de faculdade volitiva que nos distinguem dos irracionais,
que se regem apenas pelo instinto, mas que não transgridem as leis naturais.
À medida que a ciência avança e os homens se libertam das crendices e dos maus
hábitos, os velhos tabus sociais e religiosos vão, felizmente, sendo substituídos por novos
conceitos que nos levam à realidade das coisas.
Os tempos são chegados para que a mentira e a ignorância dêem lugar ao imperativo da
Verdade e os seres humanos vivam em paz, em completa confraternização neste pequenino
mundo que os abriga, temporariamente, enquanto necessitam aprender as lições do seu
currículo terrestre.
MAIS TÉCNICOS, MENOS DOUTORES
O Brasil precisa formar mais técnicos de graus médio e superior para vencer o
subdesenvolvimento econômico-científico, como também precisa de mais professores para
acabar com o analfabetismo, que, em grande parte, é o responsável pela situação em que nos
encontramos, porque um povo instruído e educado tem mais capacidade e discernimento para
fomentar o progresso e escolher os seus governantes.
VOCAÇÃO
Há moços que se formam por mera vaidade e não exercem a profissão em que se
diplomaram, porque, sem possuir nenhuma inclinação vocacional, apenas obtêm um
pergaminho para destacá-los no seu meio social. Com isso ocasionam prejuízo aos cofres
públicos, que mantêm dispendiosas escolas superiores, onde tomam lugares de outros que
poderiam cursar tais escolas por vocação e amor aos estudos.
Governos e instituições particulares devem criar mais escolas vocacionais para a
formação de técnicos e artífices competentes, a fim de que a produção brasileira melhore em
qualidade e em quantidade, para que possamos ficar em condições de concorrer nos mercados
mundiais.
Quem exerce uma atividade por vocação espontânea tem prazer no trabalho, procurando
fazê-lo com mais perfeição e produtividade.
O trabalho racionalizado e criterioso, sem desperdício, diminui o custo da produção,
pelo bom aproveitamento das matérias-primas, do tempo de cada trabalhador e dos esforços
conjugados da equipe de uma empresa.
Os técnicos geralmente se formam para exercer a sua especialidade por um impulso de
vocação.
CARÊNCIA
PLANEJAMENTO
PRESERVAR A MOCIDADE
Os moços de hoje são ativos e inteligentes; porém, por estarem sendo mal orientados
pelos seus mentores, tanto no lar como na sociedade, muitos enveredam pelo caminho
tortuoso dos vícios e das idéias exóticas, que não condizem com a boa formação moral da
gente brasileira.
Numa sociedade que luta pelo aprimoramento da educação, não é admissível que a
pornografia se transforme em preceito de moralidade, para o prazer depravado ou interesses
escusos dos que a praticam ou tentam justificá-la.
Precisamos preservar a mocidade brasileira da obscenidade e da libidinagem que
livremente estão contaminando os moços dos países que aboliram ou abrandaram a vigilância
à pornografia e aos atos que ferem a sã moral.
NÃO CONFUNDIR
Não devemos confundir a verdadeira arte, na sua pureza, estética e beleza, com a arte
caricata e imoral que pode inspirar sentimentos inferiores contra o decoro, que é atributo do
homem morigerado e valoroso.
A arte, quando inspirada no belo e na harmonia, nos extasia e causa sentimentos nobres,
puros e elevados, ao passo que a pornografia inferioriza pelos pensamentos negativos que
proporciona, contagiando o caráter dos que não se dominam e vivem mergulhados no
materialismo.
Também não devemos confundir a pseudo-educação sexual ou libertinagem com a
verdadeira educação sexual, que orienta e ensina como a criatura deve conduzir-se perante o
sexo.
Hippies, nudistas e pornográficos fazem congressos na Europa para propagar a sua
obsessora maneira de pensar e viver, a fim de que possam atrair os fracos, sexualistas e
incautos.
NÃO REGREDIR
Não podemos regredir à ignorância do nosso instinto atávico, para não perdermos o que
conquistamos durante milênios, com grandes lutas e muitos sofrimentos, na busca do
aperfeiçoamento moral e espiritual, por meio de esclarecidas normas educativas e de ingentes
esforços, que nos fazem sentir e compreender a vida dentro da sua verdadeira realidade e do
que somos como Força e Matéria perante a Comunidade Universal.
Cabe, pois, aos poderes públicos da nação coibir os abusos ou excessos daqueles que
querem transformar a vida pacata e laboriosa do povo brasileiro numa orgia ou num
pandemônio, à guisa do que se passa alhures.
SAUDADE
Santana bem sabe que “a morte do corpo é a vida da alma”, que é eterna; entretanto,
sente-se triste e acabrunhado por deixar a família ainda necessitando do seu amparo e da sua
ajuda, com a agravante de não haver cumprido integralmente os deveres para consigo próprio,
para com os familiares e para com a humanidade.
Para um espiritualista como Santana a morte não existe, mas lhe dói a consciência partir
deste mundo-escola sem que antes tenha terminado o curso que preestabeleceu fazer aqui na
Terra, porque quem não o termina terá a infelicidade de ver nos Mundos Superiores (esferas,
planos, pouco importa a denominação terrena) que a sua passagem por este planeta foi quase
inútil e sem proveito para si, para a pátria e para a coletividade, e, em conseqüência, terá
grande tristeza de verificar que não aproveitou melhor a oportunidade que lhe foi dada para
aprimorar a sua evolução e trabalhar pelo progresso universal.
1
* Leopoldino Santana, nome fictício do personagem da crônica acima, não é outro senão o
próprio autor, Pompeu Cantarelli (Nota do Editor)
GLORIFICANDO A BELEZA E A ETERNIDADE DA VIDA
Quão bela é a vida quando a sentimos dentro da sua realidade!
Como é preciosa e útil a existência quando compreendida na sua verdadeira finalidade,
que é a evolução dos seres!
Que satisfação para a criatura humana ter as galas magnificentes e gratuitas da natureza,
em todos os seus reinos, para alegria e devaneio de sua alma!...
A Inteligência Universal criou a natureza de encantos mil não só para que possamos
viver neste mundo prazerosamente, durante a nossa rápida passagem pela Terra, mas também
para que ela nos proporcione, além do lazer, uma ocupação dignificante pelo trabalho, o
estudo, o sofrimento e a luta cotidiana, objetivando sempre o nosso aperfeiçoamento e a
confraternização da humanidade.
FORÇA E MATÉRIA
ASTRONAUTAS
CIÊNCIA E BEM-ESTAR
Felizmente, o jornal A Razão, fundado pelo jornalista Luiz de Mattos, vem seguindo
uma orientação sadia e verdadeira, que muito enaltece a ética do jornalismo brasileiro, não
publicando notícias que possam poluir a mente dos seus leitores.
Esse jornal, independente, liberal e apolítico, procura transmitir aos seus leitores
somente o que possa ser útil e bom para a coletividade.
Não somos favoráveis à censura política, que possa coartar a plena liberdade
democrática, como também não o é o ilustre médico Pacheco e Silva; somos, porém, contra a
imoralidade, a delinqüência, a mentira e o sensacionalismo escabroso que venham poluir a
mente de nossa gente, que tem a nobre missão de tornar o Brasil um grande centro irradiativo
de progresso, de cultura e de espiritualidade para todo o mundo.
(São Paulo, outubro/1974)
SABER QUERER É PODER
De nada vale a nossa angústia por acontecimentos passados ou a nossa preocupação por
coisas eventuais e futuras, pois o que mais nos importa agora é vivermos o presente,
enfrentando com coragem e decisão as ocorrências próprias da vida, com otimismo no futuro.
Quando algo nos atormenta, devemos fazer uma análise retrospectiva da causa
geradora, tirando-a da nossa mente em seguida, como tiramos um incômodo acarino que se
agarrou ao nosso corpo.
PSICANÁLISE
FELICIDADE
PÁSSARO
Como um pássaro engaiolado que se liberta e parte gorjeando para o bosque, assim é o
nosso espírito, após a morte do físico, seguindo contente para o seu mundo de estágio, a que
faz jus pela evolução conquistada em cada encarnação.
Nascer, viver e morrer são a nossa odisséia neste mundo; por isso, não nos angustiamos
com a nossa próxima desencarnação e a receberemos com estoicismo e até com alegria, certos
de que a morte não interrompe a vida real. Teremos, é claro, saudades dos familiares, dos
amigos e companheiros na nossa grande caminhada em busca da eternidade.
UM LUGARZINHO NO ÔNIBUS
NORMAL
EQUILÍBRIO
PREVISÃO
Achamos oportuno transcrever aqui a mensagem ao homem do povo e aos homens que
dirigem os povos, do imortal Abraão Lincoln:
Não criarás prosperidade se desestimulares a poupança. Não fortalecerás os fracos por
esqueceres os fortes. Não ajudarás o assalariado se arruinares aquele que o paga. Não
estimularás a fraternidade humana se alimentares o ódio de classes. Não ajudarás os pobres
se eliminares os ricos. Não poderás criar estabilidade permanente baseado em dinheiro
emprestado. Não evitarás dificuldades se gastares mais do que ganhas. Não fortalecerás a
dignidade e o ânimo se subtraíres ao homem a iniciativa e a liberdade. Não poderás ajudar
os outros homens de maneira permanente se fizeres por eles aquilo que eles podem e devem
fazer por si mesmos.
PELA VERDADE
A grande maioria da humanidade é ainda desconhecedora do verdadeiro papel que deve
desempenhar no cenário da vida terrena.
Não obstante o grandioso progresso material, neste século das grandes descobertas, das
invenções e do aperfeiçoamento da técnica e das ciências, os homens seguem uma orientação
moral baseada apenas em preconceitos que a tradição nos legou, sob o pálio das crendices e
das lendas populares e também dos interesses religiosos, faltando-lhes, portanto, uma
educação racional, condizente com as realidades da vida.
Censura-se um cidadão pelo simples fato de o mesmo querer seguir um caminho certo,
que tem por meta a Verdade! Mesmo na sua grande dor pela desencarnação de uma filha
queridíssima, aparecem pessoas para martirizá-lo justamente quando seus pensamentos
vibram e se elevam aos mundos superiores para auxiliá-la no seu regresso àqueles páramos de
onde veio para enriquecer o seu modesto e pobre lar e cumprir deveres aqui na Terra. Sei que
há contra mim grande ressentimento, por parte de alguns parentes e amigos, porque eu não
quis que se realizassem cerimônias místicas e religiosas por ocasião do passamento de minha
dileta e inesquecível filha. Fi-lo pelo grande amor que dedico a essa alma boa e já esclarecida,
e por respeito à Verdade.
TÁBUA DE PERDIÇÃO
JESUS, RACIONALISTA
PRINCIPAL OBJETIVO
FILOSOFIA
SILÊNCIO OPORTUNO
Quando virmos alguém deprimido ou perturbado, derramemos sobre essa criatura, nossa
irmã em essência, os eflúvios benéficos da nossa alma, por meio de pensamentos de
harmonia, pureza e bondade. Não apontemos, inoportunamente, as faltas ou os defeitos de
quem sofre para não perturbar ainda mais o seu estado psíquico; é mais lógico e racional que
lhe estimulemos as boas qualidades, despertas ou latentes no seu espírito. Nenhuma pessoa é
perfeita. Temos, por isso, de ser benévolos e tolerantes com os nossos semelhantes, mormente
com os que sofrem traumas morais e se sentem incompreendidos. Se não pudermos fazer o
bem, evitemos praticar o mal em ações ou pensamentos.
Se a nossa palavra aumentar o sofrimento alheio, devemos calar: uma opinião dada no
momento oportuno pode esclarecer e alentar; emitida na hora imprópria, pode causar
aborrecimentos.
Não zombemos do nosso próximo e não fujamos do cumprimento dos nossos deveres.
Devemos, com os nossos exemplos de coragem, honradez e decisão, atrair os fracos e
indecisos para o Bem e para a Verdade. Temos de entender que na fealdade e no sofrimento
também existe algo de belo e proveitoso, já que neste mundo tudo tem a sua razão de ser, de
acordo com as leis naturais e imutáveis que nos regem. No plano individual, os psicólogos
consideram que “a racionalidade do ser humano não é um fatalismo genético; é uma aspiração
que depende de grande esforço”.
Falando simbolicamente: se nos fosse dado folhear as páginas do imenso livro das
nossas existências pretéritas, ficaríamos atônitos com os nossos desatinos e satisfeitos, por
outro lado, ao ver os nossos progressos na senda da evolução.
Jamais nos devemos regozijar com os infortúnios dos outros: se atirarmos uma pedra
para o alto, ela poderá cair sobre a nossa própria cabeça, pela lei da atração.
PLANTA
Uma planta, quando colocada em lugar escuro, procura por si mesma alcançar a luz
solar, para vicejar e viver. Assim, também nós somos impelidos a procurar a luz da
espiritualidade eterna, para que se processe a nossa integração psíquica na Força Universal,
por meio da dor, da luta, do estudo, da experiência, do poder da vontade, do controle do nosso
livre-arbítrio e do aprimoramento de todas as nossas faculdades diretivas, tendo em vista a
Verdade.
Para um viver feliz, aqui, na Terra, a natureza prodigalizou-nos maravilhas, a que às
vezes não damos o devido valor: trocamos o salutar otimismo pelo doentio pessimismo, a
alegria reconfortante pela tristeza acabrunhante, e o amor, que redime, pelo ódio que
entorpece, entregando-nos a um materialismo ilógico ou a uma subjetividade sem sentido.
Tu, um homem com certa cultura, inteligente e conhecedor da metafísica, hás de
compreender as vicissitudes da vida e enfrentá-las com o heroísmo do soldado que defende o
solo pátrio. Se erraste, procura corrigir-te, dominando o teu eu. Reconhecendo o erro,
mostrarás ter bom senso e o desejo de te conduzires com acerto nas relações humanas e na tua
vida íntima.
Reage, portanto, contra esse sentimento doentio que te angustia. Procura esquecer o
passado e viver com alegria os dias bonançosos do presente, confiando no futuro. Sê cordato,
justo e verdadeiro. Respeita as idéias alheias para que as tuas sejam respeitadas.
O prazer e a aflição são sentimentos da alma. Só a nossa vontade os pode modificar.
Pondo as tuas forças volitivas em ação, tudo poderá transformar-se em tua vida: saber querer
é poder.
Sê, enfim, feliz. É o que mais te deseja este teu velho amigo de infância, que ora te
abraça com grande afeição.
JUIZ DE DIREITO MAIS VELHO DO BRASIL
A linda e hospitaleira cidade de Belém do São Francisco, no Estado de Pernambuco,
esteve em festa durante dois dias para homenagear o Dr. Joaquim Crispiniano Coelho
Brandão, Juiz de Direito aposentado, que, no dia 30 de agosto do ano em curso, completou
cem anos de vida, gozando plena lucidez mental.
O decano da magistratura pernambucana não usa óculos para ler e escrever. Ele ainda
anda com relativa agilidade e escreve todas as noites até as duas horas.
O venerando magistrado não fuma, não toma bebidas alcoólicas e tem uma alimentação
sóbria e racional, não dispensando, diariamente, frutas e coalhada, e isso é talvez um dos
motivos da sua longevidade, aliado à sua serenidade e bom humor.
CIDADÃO EXTRAORDINÁRIO
1
O Dr. Joaquim Crispiniano Coelho Brandão faleceu em 1982, com 107 anos de idade (Nota do autor)
DESPEDIDAS AO CORPM
Permitam-me que eu lhes fale, neste instante, pela última vez no plenário deste Colendo
Conselho Deliberativo do nosso CORPM (Clube dos Oficiais da Reserva da Polícia Militar),
para despedir-me dos meus nobres pares e, ao mesmo tempo, agradecer-lhes penhorado a
consideração que dispensaram a este modesto e velho conselheiro.
Este é o meu sexto mandato de membro dos órgãos diretivos do nosso Clube; por isso o
deixo com a consciência tranqüila de que também colaborei, embora obscuramente, para a sua
manutenção, como sócio-contribuinte e dirigente.
Nesta oportunidade, renovo os meus sinceros agradecimentos aos senhores oficiais que
abrilhantaram este douto Conselho com as luzes do seu saber e a proficuidade da sua
experiência acumulada através de longos anos de vivência policial-militar e ainda como
dirigentes desta entidade associativa.
EXCLUSIVIDADE
Por término de mandato, deixo este egrégio Conselho, para dedicar-me com
exclusividade ao esclarecimento espiritual e moral dos seres humanos, como já venho fazendo
há muitos anos. Atualmente exerço o cargo de Diretor-Secretário do Racionalismo Cristão
nesta capital, cargo este muito laborioso e de grande responsabilidade. Essa Doutrina tem
filiais em muitas cidades do Brasil e do exterior, sendo a de São Paulo a maior de todas, com
uma média de oitocentas pessoas por sessão pública de limpeza psíquica, realizada três vezes
por semana, além das sessões particulares, destinadas aos seus militantes, e com uma
correspondência numerosa procedente deste e de outros Estados e até mesmo do estrangeiro.
Como Tesoureiro do Racionalismo Cristão em São Paulo, durante mais de vinte anos,
fui um dos que construíram o majestoso edifício-sede do filiado paulista, cuja arquitetura é
uma das mais lindas desta cidade, igual à da Casa-Matriz, no Rio de Janeiro, com a sua frente
de mármore e portas de ferro.
Continuo também como representante do jornal A Razão, do Rio de Janeiro, como
encarregado do cerimonial das inaugurações de todas as Casas Racionalistas Cristãs no Brasil
e como assessor, nessas solenidades, do Presidente Internacional do Racionalismo Cristão.
Como minhas despedidas, apresento afetivos votos de perene felicidade, neste Ano
Novo de 1983, aos senhores Conselheiros, extensivos às suas digníssimas famílias.
Estamos no início de 1983 e oxalá nunca medre em nosso querido Brasil a erva daninha
da intolerância política, racial ou religiosa, para que a liberdade, disciplinada pela ordem, pela
justiça, pela razão e pelo bom senso, seja o nosso fanal e a nossa meta para maior
humanização da vida neste planeta-escola, de aprendizagem e recuperação, a fim de que o
nosso exemplo de fraternidade cristã se reflita em todo o mundo, e os homens pensem e
reflitam melhor sobre o sábio preceito de Jesus — o amor ao próximo.
(São Paulo, janeiro/1983)
CARTA A UM VELHO AMIGO (1)
De posse de sua erudita missiva, de 24 de dezembro, apresso-me a respondê-la, para
dizer-lhe que o seu conteúdo veio entristecer-me pela desagradável notícia que me deu do seu
estado de saúde.
Oxalá nada exista de grave no seu organismo que possa perturbar-lhe a saúde e a
“verve”, a fim de que o Dr. Coelho continue ainda por muitos anos prestando o seu desvelado
amparo à família, alegrando os amigos com sua amizade sincera e dando o seu valioso
concurso à coletividade e à pátria. O amigo tem procurado sempre dignificar a vida com a
justeza dos seus atos e com o altruísmo dos seus pensamentos, cujo caminho tem percorrido
esteado nos sábios conselhos de Cícero: Ponderação, Moderação, Justiça e Valor, que são as
características do homem honrado e cumpridor dos seus deveres.
POESIA
Seu soneto Doente revela a grandeza da sua alma enrijecida nos embates deste mundo,
já liberta do medo da morte, do temor de enfrentar o além-túmulo.
Neste estóico soneto, o senhor retrata a sua personalidade socratiana, que vê a realidade
da vida na essência do espírito e não na transitoriedade da matéria, visto que esta é mutável,
se transforma e desagrega sob a ação do tempo.
A alma, partícula da Inteligência Universal, busca, pela evolução, a sua fonte de origem
— a Força Criadora.
O saudoso poeta maranhense J. Nogueira Rego diz, no seu espiritualizado poema
Gênese:
“Num tempo bem distante, há milênios, talvez,
Da Força Universal, eterna, onipotente,
Partícula de luz, um dia, certa vez,
Desci para viver e voltar novamente.”
Estou de pleno acordo com a verdade contida nessa lapidar estrofe, visto que descemos
à Terra para viver e voltar novamente ao nosso mundo superior (mundos, zonas, esferas,
planos ou céus, pouco importa a denominação terrena), quando se romperem os elos que nos
prendem ao corpo físico.
Já dizia Pitágoras: “O corpo é o carro da alma”; por conseguinte, quando o nosso carro
está danificado e completamente imprestável para conserto, somos forçados a abandoná-lo no
início, no meio ou no fim da jornada, não obstante o nosso amor à família e o nosso apego ao
ambiente em que vivemos, porque o ômega da vida é uma lei natural a que todos os viventes
estão sujeitos. Leibniz afirmou: “O tempo é a ordem sucessiva de todas as coisas”.
Ninguém melhor do que o poeta sabe conceber a imortalidade da alma, pelo fato de sua
mente vibrar dentro da sensibilidade espiritual da vida, criando imagens líricas para a glória
eterna das musas e para suavizar as tristezas próprias deste mundo.
Agradeço-lhe os lindos sonetos que me mandou agora, os quais vieram juntar-se às suas
poesias e cartas catalogadas no meu arquivo, velho relicário de saudades, como jóias de
grande valor literário, artístico e sentimental.
LONGEVIDADE
DÍVIDA
Suponho que o Nordeste esteja resgatando uma dívida antiga; por isso a região talvez
esteja colhendo o fruto que semeou no passado. Assim, o futuro lhe reservará melhores
condições.
O tempo é ilimitado para o resgate das nossas dívidas espirituais; para muitos essa idéia
parece absurda, mas, para mim, acho viável, porque, do contrário, a justiça do Criador seria
igual à dos homens falíveis.
O que fizemos no passado condiciona o presente e o que fazemos na atualidade terá
conseqüência no futuro.
Com esclarecimento e coragem podemos minorar as reações de causa e efeito, isto é,
cumprindo com valor e altruísmo os nossos deveres.
Os meus conterrâneos não devem esmorecer nessa luta titânica, pois é com sacrifício
que se consegue o seu desiderato. Enquanto possuírem energias não devem acovardar-se ante
os empecilhos e é seu dever enfrentá-los, por todos os meios ao seu alcance, porque, lutando,
há probabilidade de vencer.
Não obstante as grandes dificuldades que se lhe apresentam, o homem não deve
esmorecer nem perder seu tempo inutilmente. O tempo perdido jamais se recupera.
IRRIGAR É PRECISO
Embora seja difícil viver aí, por falta de chuvas e de trabalho, todos devem procurar,
com afinco, amenizar a situação em que se encontram.
Além do flagelo das secas, faltam iniciativa e estímulo ao povo sertanejo. Esse
município tem probabilidade de melhorar economicamente, visto ficar à margem do São
Francisco e possuir muitas ilhas que poderão ser futuramente irrigadas e cultivadas.
Enquanto, porém, o governo não as irrigar, os seus arrendatários devem cultivá-las, na
medida do possível, aguando a plantação. Esse processo de regar é trabalhoso, porém, não o
fazendo, o povo sofrerá mais.
(São Paulo, maio/1934)
CARTA A UM VELHO AMIGO (2)
Li e reli sua agradabilíssima carta, que encerra, para mim, uma mensagem de
reafirmação de uma velha amizade que tem subsistido através do tempo e do espaço.
Sua carta muito me agradou, não pelas referências elogiosas que faz à minha obscura
pessoa, mas pela judiciosa opinião que o seu autor emite sobre poesia, música e filosofia de
vida.
Refutando o que me disse a respeito do conceito que fiz e faço de sua simpática
personalidade, digo-lhe que não foi por mero formalismo social ou por bizantinismo que me
congratulei com o amigo, mas pelo dom da poesia e da palavra que emana profusamente do
seu peregrino intelecto e pelos atributos morais que o adornam.
Quando elogio os meus raros amigos, revisto-me da integridade de um juiz que se
coloca acima de qualquer sentimentalismo que venha ferir o inviolável culto da justiça e da
Verdade.
Na sua vida retilínea de magistrado, o amigo soube sempre se conduzir dentro da justiça
e da bondade, fazendo do Direito um bem jurídico-social, e não um estratagema da política,
como sói acontecer no nosso querido Brasil.
OQUE É POESIA
Herder, ensinando Goethe a procurar nos seus carmes as vozes dos povos, através da
natureza e da fonte eternamente jovem da poesia popular, dizia:
A poesia é a língua-mãe do gênero humano em cujo Panteon concordam em harmonia
as vozes de todos os povos.
Por falar no autor do Fausto, lembrei-me de que transcorre este ano o bicentenário do
nascimento de Goethe, o genial poeta-filósofo, citado em sua carta como um dos protótipos da
poesia universal.
Na poesia, o senhor descreve, em versos ataviados de um sentimentalismo nobre e puro,
o amor que consagra aos filhos, à esposa, às coisas da vida, e enaltece a amizade que dedica
aos parentes e amigos.
No seu belíssimo soneto “Esperança”, que o amigo me enviou, há uma suave
comunhão entre o homem e o Criador, mostrando-nos quão bela é a vida, quando guiada pela
esperança.
De fato a esperança deve alentar-nos a existência “em toda e qualquer lida”, para que
possamos alcançar a ventura da realização de um dever, qual seja, o de rever sempre o lar
paterno, os parentes, os amigos e o torrão natal.
Não perdi ainda a esperança de rever, em corpo físico, essa gente boa e essa terra
querida do meu sertão; todavia, se as circunstâncias não o permitirem, fique certo, meu caro
Dr. Coelho, de que o meu espírito, com grande enternecimento, as reverá, recordando cheio
de saudade os momentos fagueiros de minha vida sertaneja, passados entre o desvelo dos
parentes e amigos e a aspereza “suave” da natureza nordestina, cujo quadro está sempre
retratado na minha mente.
VELHA AMIZADE
Tempo virá em que, provavelmente, nos encontraremos nas Esferas Superiores, atraídos
pela velha amizade que há séculos nos religa, e ali, libertos das injunções próprias da vida
material, comentaremos fatos do nosso viver no planeta Terra, lamentando, talvez, os
preconceitos sociais e religiosos que desviam os seres humanos da realidade.
Que isso aconteça para alegria das nossas almas!
APRENDIZADO
REALIDADES ETERNAS
CAMINHO CERTO
Basta, meu caro Dr. Coelho, de tantos comentários, e elevemos os nossos pensamentos
à Inteligência Universal, fazendo irradiantes votos para que os homens se esclareçam mais e
compreendam melhor o poder dinâmico da vida, que é eterna, harmonizando os seus efêmeros
interesses materiais, a fim de que esta humanidade, que ainda não encontrou a verdadeira paz,
entre no caminho que a conduzirá à Verdade, à justiça e à razão, ou seja, a reintegração na
vida simples, natural e cristã, a que todas as criaturas fazem jus, como partículas do Grande
Foco.
Agora que os nossos políticos se preparam para a campanha da sucessão presidencial,
oxalá seja encontrado para dirigir a República um cidadão capaz de resolver, definitivamente,
alguns dos muitos problemas fundamentais ao progresso da nação e ao bem-estar do povo
brasileiro.
Pedindo-lhe desculpas pela prolixidade desta carta, prometo ao bondoso amigo que a
próxima será breve, espartanamente lacônica...
(São Paulo, julho/1949)
OS DEZ ITENS DA MINHA VIDA
1° — Quero controlar os meus desejos e pensamentos, purificando-os no Bem e no Belo.
2° — Quero dominar as minhas paixões e todos os ímpetos inferiores do meu instinto, para
que a minha inteligência me ilumine no cumprimento dos meus deveres.
4° — Quero que todas as células do meu corpo funcionem com normalidade e que meu
espírito seja de fato senhor do meu eu.
5° — Quero que sejam banidas de minha mente as idéias de vaidade, ódio, orgulho, ciúme e
de tristeza, sendo substituídas por pensamentos de valor e altruísmo.
6° — Quero viver alegre e com saúde, porque “o corpo é o templo onde habita o espírito”.
7° — Quero ser sincero, justo e coerente para com meus semelhantes e para comigo mesmo.
8° — Quero que os meus atos e as minhas palavras sejam sempre pautados pela linha reta da
Verdade e da justiça.
9° — Quero ter sempre em mente que o saber, o amor, a justiça, a verdade e a razão
conduzem o homem ao caminho da Realidade da vida.
10° — Quero amar a tudo e a todos, porque da natureza e do Todo eu faço parte, dentro da
comunidade universal.
(São Paulo, julho/1933)
CARTA AO POETA E ESCRITOS URBANO LOPES DA SILVA
Temos em agradáveis palestras falado sobre espiritualidade e, em particular, sobre a
reencarnação da alma.
Embora estejamos de pleno acordo quanto à filosofia espiritualista, há, todavia, entre
nós divergências a respeito da interpretação de causa e efeito.
Congratulo-me com o amigo por ter enveredado pela ciência das ciências, que é o
espiritualismo; não de um modo religioso, apaixonado, ilógico, irracional e fanático, mas
esteado na razão, na justiça e na ciência, que nos conduzem ao discernimento da Verdade.
ESTUDOS ESPÍRITAS
Faço minha a valorosa opinião do ilustre médico brasileiro Antônio Pinheiro Guedes, na
obra de sua autoria Ciência espírita:
Como resultado dos estudos espíritas, a imortalidade da alma é estatuída em princípios
perfeitamente determinados em provas irrefutáveis.
A sucessão das existências ou multiplicidade de vidas corpóreas de uma
individualidade consciente — o espírito humano — denominada reencarnação, constitui a lei
a que estão sujeitos todos os espíritos; é condição essencial ao seu progresso.
O corpo é para a alma o que a roupa é para o corpo, um agasalho, um abrigo contra as
intempéries, um véu sobre a nudez.
Sabe-se hoje que o espírito assiste, preside à formação do seu corpo, transfundindo-se,
consubstanciando-se nele pelo perispírito, corpo anímico, molécula a molécula, órgão por
órgão, durante a gestação, até completar a evolução fetal; dele toma posse inteira, absoluta,
à natalidade, assenhoreando-se então totalmente do barco que aparelhou para navegar no
mar tempestuoso da vida material.
O espiritismo é um poderoso foco de luz, cujos raios atingem as fronteiras da esfera
intelectual e iluminam todo o ciclo da vida. Ele esclarece e justifica as chamadas ciências
ocultas, explicando racionalmente suas deduções e os porquês da vida astral e física.
FORÇA E MATÉRIA
REENCARNAÇÃO
O espírito, depois que desencarna, depois da inércia do seu corpo físico, cessada a
natural perturbação que o acompanha na passagem da vida corporal à espiritual, por si só,
quando esclarecido, ou auxiliado por espíritos superiores, deixa a atmosfera da Terra e passa
para o espaço de luz, isto é, para o mundo que lhe é próprio e, ali chegando, torna-se
consciente de tudo que fez quando encarnado e, com espanto, muitas vezes, verifica que não
soube conduzir-se bem quando aqui esteve com a nobre missão de evoluir por meio da luta,
do sofrimento e das experiências que o mundo Terra, que é uma escola e também uma
penitenciária, oferece aos que desejam progredir no caminho da perfeição, do conhecimento
da Verdade. Assim, o espírito se vê obrigado, por si mesmo, a reencarnar para fazer o que não
fez nas últimas encarnações.
A sucessão de vindas ao presídio da matéria é feita até que a alma se torne forte,
esclarecida e cumpra realmente os seus deveres, seguindo com coragem e honradez o
caminho do bem e do progresso. Após passar por todas as categorias evolutivas nos seus
respectivos mundos, planos ou esferas, ela ascende ao Todo.
O espírito não é apenas uma simples emanação do pensamento do Grande Foco, que o
vulgo conhece por Deus; ele é precisamente uma partícula desse Grande Foco, que se parcela
para acionar o progresso dos mundos. Quando termina o ciclo desse trabalho maravilhoso,
através de corpos, de mundos por ele tornados diáfanos, o espírito volta à Inteligência
Universal ou Grande Foco, de onde partiu como sua partícula, porque, sendo o Grande Foco o
Arquiteto do Universo, precisa naturalmente parcelar por todas as partes e por todas as coisas
a sua própria Força, para que haja vida e evolução nos incontáveis mundos que se espalham
pelo infinito, cuja grandeza e incomensurabilidade a nossa inteligência, ligada à matéria, é
incapaz de avaliar e compreender.
Baseado na identidade essencial que há entre nós e o Criador, disse Jesus: “Vós sois
deuses”.
VIAJORES ERRANTES
RELIGIÕES
Há, infelizmente, no mundo cerca de oito mil religiões e seitas religiosas, cada uma
pregando uma doutrina diferente e antagônica.
No dizer de Krishnamurti, as religiões são verdadeiras gaiolas que nos aprisionam no
seu sectarismo organizado, à mercê das paixões e das conveniências dos seus mentores,
baseado em lendas e fatos apócrifos da História.
Os grandes homens que iluminaram a Terra com a sua sabedoria, tais como Jesus, Buda,
Confúcio, Pitágoras, Sócrates, Platão, Moisés, Hermes, Orfeu, Luiz de Mattos e muitos
outros, não fundaram religiões, apenas pregaram e difundiram doutrinas filosóficas de grande
elevação moral, pela reforma dos costumes; todos combateram a ignorância, a mentira e os
preconceitos sociais e religiosos.
Jesus disse: “Só a Verdade poderá libertar a humanidade das garras da ignorância e
assim prepará-la para o cumprimento do seu dever na Terra”.
Platão também dizia: “O maior mal é a ignorância da Verdade”.
De acordo com o hermetismo, “a moralidade dos antigos sábios não se apoiava em
preconceitos de ordem sobrenatural, nem em princípios irracionais, mas era essencialmente
prática. Sua base era o bem comum, e ela podia ser contida inteiramente nestas palavras: não
façais aos outros o que não quereis que vos façam. Fazei-vos amar pelo exemplo da vossa
vida”.
As religiões, que deveriam ensinar e praticar a espiritualidade da vida e da morte de um
modo prático, científico e racional, e a fraternidade entre todos os seres, pregam a discórdia, a
desarmonia e até a guerra, como se as criaturas não fossem irmãs em essência, almas que
vieram de diversos mundos habitar, temporariamente, o planeta Terra, pelos motivos já aqui
expostos.
Cada religião quer ter o monopólio das verdades espirituais, como se estas pudessem ser
monopolizadas por interesses velados...
A História aí está a nos mostrar o mal que as religiões têm causado à humanidade,
atrasando-lhe o progresso espiritual, em sua marcha ascendente para a Verdade.
A intolerância e os preconceitos são as características das religiões que se baseiam no
tradicionalismo ilógico dos costumes e das crenças. Agora vemos a velha Índia
ensangüentada pela intolerância religiosa. Nem mesmo o apóstolo da paz e da benemerência,
o “mahatma” Gandhi, escapou do fanatismo religioso e político. Gandhi, essa grande alma,
disse:
Para atingir a pureza perfeita, o homem deve elevar-se acima das correntes opostas do
amor e do ódio.
Vemos também, com tristeza, a terra que serviu de berço ao grande e iluminado Jesus
em guerra, porque duas mentalidades religiosas — judia e muçulmana — se chocam ao fragor
de um ódio irreconciliável, a ponto de a Organização das Nações Unidas opinar pela divisão
territorial da Palestina entre os contendores.
ESPIRITISMO
Para aumentar ainda mais o número das religiões, os praticantes do espiritismo popular
e evangélico e da magia negra querem, infelizmente, catalogar esse espiritismo como religião,
dando à sua prática mística e de inferior espiritualidade um sentido religioso, pelo
conhecimento precário que esses praticantes têm da ciência espírita.
O espiritismo puro e verdadeiro, como é praticado no Racionalismo Cristão, é a ciência
das ciências, doutrina filosófica baseada na Verdade e na razão, cuja moral e cuja disciplina,
revestidas da maior espiritualidade, levam-nos ao conhecimento do porquê das coisas e à
descoberta de nós mesmos como Força e Matéria, os dois elementos básicos do Universo.
A MORAL
A moral humana é uma norma de vida baseada no bom senso e na moderação dos
costumes; é uma meta que orienta o homem no cumprimento dos seus deveres, dentro da
sociedade ou do seu meio ambiente, buscando a Verdade para melhor distribuição da justiça e
do bem comum.
A moral não pode ser um simples aglomerado de preconceitos mantidos pelo homem à
mercê de uma tradição ilógica; ela é a bússola do nosso viver, e a oscilação da agulha
magnética nos indica o rumo que temos a seguir nos meridianos da vida; a ação magnética
variável é produzida não por uma corrente elétrica, e sim pela polarização dos nossos
pensamentos imantados pela vontade e controlados pelo livre-arbítrio.
Quanto à moral, dizia o grande Krishna:
Os males com que atormentamos o nosso próximo nos perseguem como a nossa sombra
o nosso corpo. As obras cujo móvel é o amor ao próximo devem ser ambicionadas pelo justo,
porque são as que mais pesarão na balança celestial (espiritual).
O homem virtuoso é parecido com a árvore de nossas florestas, cuja sombra dá às
plantas que a rodeiam a frescura da vida.
GUERRA / MISÉRIA
A guerra e a miséria política e social, que se observa em todas as partes da Terra, são
efeitos da nossa crassa ignorância, de não querermos resolver pacificamente, de modo justo e
racional, todos os nossos problemas de interesse coletivo.
A guerra, com o seu cortejo de miséria e de dores, não é um castigo imposto pelo
Criador a esta humanidade ainda atrabiliária; ela é gerada pelo mau uso do nosso livre-
arbítrio, desnorteado pelo orgulho, pela vaidade, pelo medo, pela prepotência e pela ganância.
O nosso egoísmo é demasiado, o nosso orgulho é cruel, e o materialismo, que entorpece o
nosso espírito, impede que nos olhemos frente a frente, como irmãos que somos em essência.
Para que a guerra seja proscrita deste planeta é indispensável que a humanidade seja
esclarecida sobre os porquês das coisas e sobre a sua composição como Força e Matéria, e
seja educada em princípios de justiça, de equanimidade e de sã moral, de verdadeiro amor ao
próximo e ao trabalho racionalizado, para o bem comum de todos os povos e nações.
Como se vê, a civilização, apesar de tão antiga, não chegou ao limiar da perfeição,
ainda fazendo guerra de conquista de territórios ou de comércio, e fabricando bombas e
instrumentos para destruição de povos e cidades.
USE A IMAGINAÇÃO
As explanações contidas nesta carta não são apenas produto de minha imaginação; são
resultado do trabalho, da observação imparcial e dos estudos científicos e filosóficos dos
grandes homens que se dedicaram, abnegadamente, às investigações das coisas sérias da vida.
Além dos grandes vultos do passado remoto, que se dedicaram ao psiquismo, ou
problemas da alma, tivemos mais recentemente pessoas de real saber, de grande valor, tais
como: H. Durvile, Paul Gibier, Wallace, Margon, Warbei, Zöllner, Du Prel, Aksokof,
Broferio, William Crookes, Albert e Coste, Gabriel Delanne, Giustanini, Lombroso, Max
Nob, e, no Brasil, o grande Luiz de Mattos, fundador do Racionalismo Cristão, Dr. Antônio
Pinheiro Guedes, Dr. Alberto Seabra, Visconde de Sabóia e outros.
Não deixei, porém, de expandir nesta carta um pouco da minha imaginação. Conta o
teósofo Arundale que Einstein, criador da famosa teoria da relatividade, declarou que a
primeira noção que teve da sua teoria veio-lhe não pelo estudo, não pelo intelecto, mas
através de um tremendo vôo de sua imaginação (digo eu: intuído naturalmente por Forças
Astrais Superiores). E aconselha o mestre Arundale: “Usai a vossa imaginação! Que dádiva
espiritual é a imaginação; por que não a usar? Pode, certamente, haver abuso, porém pode
também ser usada inteligentemente”.
Ao término desta longa palestra por escrito, desejo prestar uma homenagem aos poetas
espiritualistas Urbano Lopes da Silva e Manuel Barbosa do Nascimento, evocando alguns dos
“versos áureos” de Pitágoras:
“Sê bom filho e bom pai, terno esposo e irmão justo.
Escolhe para amigo o amigo da virtude;
Os conselhos lhe atende, e jamais o desprezes
Por nugas — se estiver em ti poder fazê-lo
Porque existe uma lei que jungiu, implacável,
O dom da Liberdade às garras do Destino.
.................................................................................
A fim de que, no pleno e eterno azul suspenso,
Também sejas um deus por entre os imortais.”
FARTURA E EUFORIA
Naqueles saudosos tempos, quando o câmbio estava ao par e a nossa moeda era forte e
não se aviltava perante o dólar ou a libra esterlina, como não acontece agora com o cruzeiro
tão desvalorizado, por ser emitido sem lastro e às toneladas, aumentando a inflação, era
Presidente da República um varão impoluto, ponderado e valoroso, que ainda vive, para a
nossa alegria — o Dr. Venceslau Brás, que já está na casa dos noventa e sete anos de idade.
A esse venerando e estimado cidadão de Itajubá, rendemos as nossas homenagens, num
preito de gratidão pelo muito que fez pelo Brasil, justamente num período difícil para a nossa
pátria, que foi envolvida na Primeira Guerra Mundial.
Oxalá os seus exemplos de governante probo, justo e íntegro sirvam de roteiro aos que
administram esta nossa querida nação, que atravessa atualmente uma calamitosa crise
político-social-econômica.
Por intermédio de A Razão, fazemos ardentes votos para que o Dr Venceslau Brás
festeje, com saúde e alegria, o centenário do seu nascimento, para júbilo de sua família, dos
seus amigos e de todos os brasileiros.
Essas reminiscências são dedicadas a meu eminente e querido amigo Dr. Joaquim
Crispiniano Coelho Brandão, poeta de grande sensibilidade e juiz de direito aposentado,
residente em Belém do São Francisco. O Dr. Coelho é um dos homens mais íntegros e
cônscios dos seus deveres da magistratura de Pernambuco. Com oitenta e oito anos de idade,
ainda trabalha, escreve lindos poemas e está sempre bem-humorado.
Para ele, a velhice somente começa depois do cem anos.
(São Paulo, março/1964)
SINFONIA DO UNIVERSO
O Universo é regido por leis imutáveis, num verdadeiro sincronismo, em que tudo gira,
matematicamente, dentro da sua órbita ou de seu raio de ação.
Nosso planeta, que é um dos mais humildes mundos que pontilham o cosmo, está
integrado na Sinfonia do Universo e na Harmonia das Esferas, referida por Pitágoras, onde
tudo vibra imanizado pela Força Criadora, que equilibra as galáxias com as suas incontáveis
estrelas e aciona os corpos, dando vida aos seres.
Os fenômenos atmosféricos e as estratificações geodinâmicas surgem para a própria
estabilidade da Terra e continuação da vida, porque a natureza é, como disse alguém, um
poema harmonioso, belo, rítmico e cadenciado pela movimentação cósmica.
A morte é apenas o prenúncio de uma nova vida, ou seja, a continuação da própria vida,
após a desencarnação da alma. O término da noite traz o despontar da aurora com as suas
cambiantes irisadas e deslumbrantes, para um novo dia cheio de luz e de esperança; assim
também é a existência dos seres na sua caminhada para a evolução.
A perfeição é a finalidade do espírito.
Dum terreno encharcado ou lodoso, podem surgir os mais saborosos frutos e as mais
perfumadas flores; por isso pouco importam as aparências do mundo; o que vale é a realidade
das coisas.
Só damos o devido valor à saúde quando nos sentimos deprimidos ou enfermos, porque
a dor é o sinal de alarme, que nos põe de atalaia e nos faz refletir, para retroceder do caminho
incerto que perlustramos.
FORA DA QUÍMICA
INFINITO
EXTRATERRESTRES
Se a Terra, que é tão pequenina em relação ao Universo, é habitada por seres racionais,
por que outros mundos bem maiores do que o nosso planeta não poderão ser habitados por
criaturas inteligentes? Possivelmente, os seres de mundos mais diáfanos e superiores em
relação à Terra já atingiram evolução bem maior do que a nossa, e é de supor que os seus
corpos sejam até de natureza fluídica ou tenham um tipo biológico diferente do nosso;
entretanto, em essência espiritual somos todos iguais, havendo apenas diferenciação de
categorias evolutivas, porque os espíritos de todas as esferas ascendem para o Todo, sua fonte
de origem, depois de percorrerem a senda da evolução, através de bilênios e por meio de
grandes lutas, para a conquista de mais espiritualidade.
TRÍADE
Os seres viventes se compõem de uma tríade vital: espírito, perispírito e corpo carnal.
O perispírito, corpo astral, também chamado matéria fluídica, vida anímica ou ódica,
serve de elo entre o espírito e o corpo físico. Nem a matéria fluídica nem a corporificada
possuem atributos próprios de inteligência e de vida, porque somente a Força Psíquica os tem.
Como vimos, são três os corpos: mental, astral e carnal, que se entrelaçam para a formação da
individualidade humana.
O que observamos aqui e no além constitui verdadeira maravilha, que forma uma
imensa sinfonia, onde cada ser é um músico e cada astro um instrumento na orquestração do
Universo, cujo regente é o Grande Foco, ou Deus.
(São Paulo, julho/1968)
RENASCER, MORALMENTE
(Palestra na Associação Antialcoólica de São Paulo)
QUERER É PODER
Alguns dirão que não é fácil deixar de beber; realmente não é, mas, reforçando a
vontade e tendo pensamentos contrários ao vício, todos poderão libertar-se do álcool.
Saber querer é poder, e quem age com todas as forças do seu eu pode resolver qualquer
problema que o aflija, porque se coloca na corrente positiva do bem.
O ser humano é dotado de atributos que o destacam dos seres irracionais, como sejam: a
força de vontade, a consciência de si mesmo, a capacidade de percepção, a inteligência, o
poder de raciocínio, a faculdade de concepção, o equilíbrio mental, a lógica, o domínio
próprio, a sensibilidade e a firmeza de caráter, e, não obstante todas essas qualidades, os
homens, às vezes, não respeitam as leis naturais. Entretanto, os irracionais respeitam-nas: não
comem e não bebem o que lhes possa causar mal, levados tão-somente pelo instinto de
conservação da vida.
O homem — senhor absoluto do mundo — deveria ver o exemplo dos seus irmãos
inferiores — os animais — e convencer-se, com as luzes da sua inteligência, de que tomar
bebidas alcoólicas é antinatural, é ilógico e contra as leis da espiritualidade.
Quem viola as leis imutáveis da natureza sofre as conseqüências desses desatinos.
Como os homens são seres gregários, que não podem viver isoladamente, se agrupam
em sociedade, instituindo a família e elegendo um governo para que possam cumprir a sua
missão aqui na Terra, porque é pela luta e pelo sofrimento que acionam o progresso do mundo
e a sua própria evolução.
A sociedade atual, embora tenha o conforto e os benefícios da tecnologia e da ciência,
ainda vive entorpecida pelos preconceitos e pelos vícios, porque a educação familiar é falha e
a oficial é retrógrada para a era atômica e espacial, em que velhos tabus dão lugar a novas
concepções racionais e científicas. O homem já flutua além da atmosfera da Terra, numa
demonstração de que o espírito é Força, é Luz, e como tal pode conquistar até as regiões
siderais.
Ora, se o homem já se prepara para ir à Lua, por que não pode libertar-se do álcool?
Pode, é só querer e pôr a sua vontade em ação, evitando os maus amigos e os maus
pensamentos, visto que estes atraem as forças astrais inferiores, que se quedam na atmosfera
da Terra e nos danificam com os seus fluidos maléficos.
FORÇAS INFERIORES
Essas forças inferiores a que aludimos são as almas daqueles que se entregavam,
quando encarnados, ao vício do álcool, aos desvarios e ao fanatismo. Portanto, meus amigos,
os sofrimentos dos alcoólatras acompanham seus espíritos perturbados após a morte pela
ansiedade do vício, até que, após grandes sofrimentos e perturbações, se esclareçam e sigam
para os seus respectivos mundos, onde serão réus e juízes de si mesmos no julgamento dos
seus próprios atos.
Dizemos “seus mundos” porque este em que habitamos não é nosso, é apenas uma
escola de aprendizagem, um hospital, uma penitenciária, um lugar de recuperação para as
nossas almas ainda carentes de evolução e de mais espiritualidade, razão por que não há
perfeição aqui no mundo Terra.
Infeliz daquele que não sabe aproveitar essa feliz oportunidade de encarnar neste
planeta para depurar-se de suas faltas e ascender a um plano mais evoluído na escala da
evolução universal. A pessoa que desencarna em estado de embriaguez perde a encarnação e
atrasa sua evolução, cometendo, assim, um crime contra si mesma.
Queremos, pois, concitar aos que estão empenhados nessa benemérita luta de combate
ao alcoolismo para que não esmoreçam, tenham força de vontade, pensamentos de altruísmo e
procurem por todos os meios reconquistar o domínio próprio, que eleva a criatura à dignidade
de ser pensante, racional e consciente, como partícula mais evoluída da Força Criadora.
É bem mais importante o homem deixar o vício do álcool do que ganhar fortuna, ou,
ainda, em estado permanente de embriaguez, ter todas as riquezas da Terra, porque o
alcoolismo o degenera, encurta-lhe a vida, perturba-lhe a alma e atrasa-lhe a evolução.
Analisando os efeitos danosos do álcool, verificamos que esse terrível vício tanto
prejudica o físico como a alma.
São os biologistas que nos dizem que os vícios e a ignorância das leis higiênicas da
saúde reduzem a vida humana em aproximadamente trinta anos.
Como vemos, de todos os vícios o do álcool é o mais maléfico e prejudicial à saúde, por
intoxicar o corpo e obcecar o espírito.
Do ponto de vista moral, o alcoolismo atrofia o caráter, porque o viciado vai perdendo o
domínio próprio, ficando à mercê das circunstâncias ocasionais; e do ponto de vista social o
alcoólatra torna-se um peso morto para a sociedade, porque deixa de trabalhar e produzir.
O alcoolismo é mais danoso do que o câncer e a guerra; no entanto, os poderes públicos
e a sociedade fingem ignorá-lo.
Se houvesse uma estatística verdadeira das pessoas que morrem em conseqüência do
álcool e das que são afastadas da sociedade e vão para as penitenciárias e para os manicômios,
ficaríamos estarrecidos e envergonhados de haver no mundo tantas vítimas desse vício
terrível.
Não fomos, não somos alcoólatras e nunca nos embriagamos uma só vez durante os
nossos sessenta e um anos de vida, porque aos dez nos de idade declaramos guerra ao álcool,
levados pela revolta e pela tristeza de vermos pessoas da nossa família caírem nas garras de
tão monstruoso vício, cujas conseqüências muito nos fizeram sofrer. Por isso, crescemos
odiando o álcool e haveremos de combatê-lo por toda a nossa vida como o maior inimigo do
gênero humano.
Ninguém melhor do que os dirigentes desta Associação de utilidade pública pode alertar
e persuadir os que ainda bebem, visto que todos eles já sentiram no próprio organismo os
efeitos danosos do álcool, mas, num impulso de coragem e decisão, se libertaram do vício, e
agora, fortes e saudáveis, se dispõem a lutar contra esse inimigo traiçoeiro que lhes causou
tantas infelicidades e fez verter muitas lágrimas de suas esposas, dos seus filhos e dos seus
pais.
Há quem diga que o nosso corpo necessita de álcool para estimular o apetite e dar
alegria. Essa absurda afirmativa está em completo desacordo com as leis biológicas e
espirituais.
DOM ÁLCOOL
ORIGEM NA MENTE
Todo e qualquer trabalho tem o seu início em nossa mente, que o arquiteta e delineia, e
por meio do poder da vontade é que o executamos; portanto, o raciocínio equilibrado e bem
coordenado é a bússola que orienta as técnicas do trabalho.
A planificação do trabalho deve ser mais objetiva do que subjetiva, para que o resultado
seja bem positivo.
Na época atual, a tecnologia está amenizando a luta física do homem, que já não
encontra as grandes dificuldades dos seus ancestrais, pois a ciência está proporcionando
meios para humanizar cada vez mais os nossos misteres.
A racionalização do trabalho conjuga esforços organizados, aumenta a produtividade e
ocasiona economia, porque tudo é previamente concebido e concatenado, dentro de normas
justas, inteligíveis e realizáveis. O trabalho realizado fora dos domínios da lógica, da razão e
da técnica é antieconômico e pouco produtivo pela desassociação de idéias, pelo desperdício
de energias, pelo empirismo e pela imprevisão.
PRAZER ESPIRITUAL
MENTALIDADE REFLORESTADORA
FORÇAS SUPERIORES
NÃO MORREMOS
Quem morre renasce com o espírito mais encorajado e esclarecido para cumprir as suas
obrigações, pelo fato de regressar ao plano mental com mais visão, perceptibilidade e
discernimento da vida e das coisas, em virtude das experiências que colheu na clausura da
matéria, que é uma grande escola em que, pela luta, pelo sofrimento, pelo estudo e pelo
trabalho, aprendemos as lições indispensáveis à nossa evolução. Há, entretanto, espíritos que
estacionam o seu progresso quando encarnados, porque se escravizam ao medo, à indolência,
à vaidade, ao orgulho e principalmente aos preconceitos sociais e religiosos que embrutecem
os seres fracos.
Em verdade, não morremos; apenas deixamos o corpo físico, que é o veículo do espírito
para este locomover-se na Terra. Morto, o corpo passa a ser apenas um composto de matéria,
mas a alma volta ao Espaço Superior. Isto é confirmado pelo sábio preceito racionalista
cristão de que no Universo existem apenas dois elementos fundamentais: Força e Matéria, de
onde tudo deriva.
A Matéria, que por si só é inerte, se desagrega e se transforma; o espírito, que é Força
parcelada, evolui através das diversas categorias da espiritualidade até elevar-se ao Todo.
Por conseguinte, sendo o planeta Terra um pequeno mundo depurador de almas e uma
escola-oficina de aprendizagem, devemos aproveitar bem esta encarnação, a fim de evitarmos
novos encarceramentos na matéria grosseira deste planeta. Ninguém ascende a uma zona
superior à sua sem que esteja em condições de pureza e de posse dos conhecimentos
indispensáveis aqui adquiridos.
Que não se confundam os materialistas, os religiosos fanáticos e os pseudo-sábios por
afirmarmos que a Terra não nos pertence especificamente, não é condomínio nosso e que
também não é a nossa habitação definitiva, pois, como um cadinho acrisolador de almas, ela é
apenas um ínfimo planeta hospedeiro, de um modesto sistema solar, pertencente a uma
humilde galáxia, que se perde no espaço infinito, entre miríades de outras galáxias, com os
seus inumeráveis sóis e mundos!...
GRÃO DE AREIA
CAIM
O PREÇO DA GUERRA
Para manter esse estado de prevenção guerreira, os governos mobilizam as suas forças
armadas, com as quais gastam importâncias fabulosas que, se empregadas para fins pacíficos
e utilitários, proporcionariam conforto e bem-estar aos povos, e todos os países se
desenvolveriam cultural, técnica e economicamente para um viver mais próspero e feliz.
Com o dinheiro que as nações gastaram na última guerra e que ainda continuam
gastando preventivamente, poder-se-ia elevar o nível de vida humana, de maneira que cada
país seria cortado de estradas de ferro, de rodagem e aerovias e dotado de escolas-modelo e
hospitais científicos; e cada família teria a sua casa própria, o seu automóvel, o seu rádio, o
seu televisor, a sua geladeira e a terra necessária para a produção agrícola, com todos os
requisitos da ciência moderna. Entretanto, esses gastos astronômicos de guerra poucos
benefícios trouxeram à humanidade, a não ser o extermínio do louco totalitarismo de Hitler,
pois aqueles que se uniram na grande luta de 1939, para dar ao mundo um regime político
mais democrático, liberal e humano, já se preparam para deflagrar outra guerra, que será pior
que todas as que ensangüentaram o solo terrestre, visto que os engenhos destruidores estão
agora mais aperfeiçoados e mortíferos, a ponto de modificarem até a estrutura do próprio
Planeta com a desagregação da energia atômica...
Felizmente, enquanto os homens belicosos trabalham para a guerra, o Astral Superior,
esteado nas pessoas esclarecidas, disciplinadas e conscientes dos seus deveres, luta
infatigavelmente para evitar a grande hecatombe, ora capturando as falanges inferiores da
atmosfera da Terra, insufladoras dos dissídios humanos, ora intuindo os governantes com
idéias de paz, harmonia e trabalho construtivo entre as nações.
Só mesmo dentro do Racionalismo Cristão é que a humanidade encontrará a fórmula
capaz de acabar com as guerras e revoluções, confraternizando os homens de todos os
quadrantes da Terra, sob a bandeira universalista da Verdade, da justiça, da razão e do
verdadeiro amor ao próximo.
(São Paulo, novembro/1954)
CHURCHILL, CIDADÃO DO MUNDO
A humanidade acaba de perder a colaboração física de uma das maiores figuras deste
século — Sir Winston Churchill, o herói das Grandes Guerras de 1914 e 1939.
Ao gênio dinâmico, à coragem indômita e à inteligência esclarecida de Churchill
devemos a vitória da democracia no mundo ocidental contra os aguerridos exércitos de Hitler.
Não cabe apenas à Inglaterra prestar grandes homenagens à memória desse seu ilustre
filho, que faleceu na idade já bem avançada de noventa anos, depois de ter lutado
impavidamente pela liberdade deste mundo tão atribulado pelas dissensões políticas e sociais.
Churchill foi também o “salvador do mundo ocidental”, com a sua decisão extrema de
lutar não só na Grã-Bretanha, mas onde se tornasse indispensável combater as tropas do
führer.
Por ocasião da Primeira Grande Guerra, Churchill deu mostras do seu gênio político
firme e seguro e, se os Aliados tivessem seguido os seus conselhos, a situação atual do mundo
seria outra.
Churchill teve a antevisão do que ocorreria depois dessas conflagrações mundiais;
entretanto, os estadistas da sua e de outras nações vitoriosas discordaram de alguns dos seus
vaticínios políticos.
Admiramos em Churchill o seu ecletismo, o seu gênio multiforme: orador fluente,
estadista de renome, historiador profundo, chefe político preeminente, líder perspicaz, era,
enfim, um cidadão interessado por tudo que se passava com todos os povos, sempre pronto a
defender as liberdades humanas.
Roosevelt, Stalin e agora Churchill já não pertencem ao plano dos encarnados, restando
apenas dos chamados quatro grandes o generalíssimo Chiang-Kai-shek, até hoje isolado da
China, na Ilha de Formosa, à espera de um momento para regressar à parte continental da sua
pátria.
CONFORME CÍCERO
Campos Sales foi, realmente, um varão que soube viver dentro dos princípios
ciceronianos, que qualificam o homem honrado e valoroso pelo apego à justiça e à Verdade,
pela disciplina moral, pela honestidade, pela ponderação dos seus atos e pela simplicidade de
sua vida. Homem dotado de grande inteligência e de muita cultura, de uma vontade
fortemente educada para o bem, cumpriu deveres para consigo mesmo, para com a pátria e a
humanidade.
Ao deixar os bancos acadêmicos, foi eleito deputado provincial e, mais tarde, vereador
de sua terra natal.
Jornalista brilhante e orador eloqüente, conseguiu logo conquistar a admiração do povo.
Na Gazeta de Campinas o jovem advogado Campos Sales publicou artigos difundindo
idéias novas para a democratização do Brasil.
Desgostoso com o seu partido — o Liberal —, filiou-se ao Radical, que depois se
transformou no célebre Partido Republicano, com o manifesto à nação, de 3 de dezembro de
1870, publicado no jornal República, do Rio de Janeiro, dirigido por Quintino Bocaiúva,
Salvador de Mendonça e Saldanha Marinho, tornando-se então um dos apóstolos do regime
republicano. E assim foi eleito primeiro vereador do novo partido, em Campinas, no ano de
1872, lutando contra os grandes partidos monárquicos, o Conservador e o Liberal.
Quando deputado provincial, em 1866, apresentou projetos instituindo o ensino livre e a
aprendizagem obrigatória, não conseguindo, porém, vê-los aprovados, pela forte oposição dos
seus pares que viviam com o espírito obscurecido pelos preconceitos sociais e religiosos.
REPÚBLICA
Campos Sales foi também o primeiro deputado geral eleito pelo Partido Republicano,
razão pela qual foi recebido no Rio de Janeiro com grandes manifestações populares, em sinal
de regozijo pela vitória das idéias republicanas, que já se expandiam por todo o país.
O grande político e prestigioso estadista, que foi um dos mais lídimos e corajosos
propagandistas do ideal republicano, viu a sua obra coroada de pleno êxito com a implantação
da República, em 1889.
Com a proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca, o novo governo
viu-se diante de grandes problemas a exigir soluções urgentes, e a pessoa escolhida para tão
árdua missão, no Ministério da Justiça e Negócios Interiores, foi Campos Sales. Dirigindo
essa pasta, coube-lhe a glória da instituição do casamento civil, a promulgação de um código
penal reformado, um código de comércio completado e a transformação das condições legais
do trabalho, entre outras realizações importantes.
PRESIDENTE
Campos Sales também foi constituinte, e nas eleições de 1896 foi eleito Presidente do
Estado de São Paulo. Após um governo fecundo e dinâmico, foi eleito sucessor de seu
coestaduano Prudente de Morais na Presidência da República.
Querendo estudar in loco os mercados financeiros da Europa, Campos Sales, antes de
ser empossado na suprema magistratura da nação, excursionou por aquele continente, a fim de
tornar-se conhecedor profundo da situação econômico-financeira dos capitais, para debelar a
crise que então assoberbava o Brasil. Na Europa, ele negociou o célebre funding loan, ou seja,
empréstimo de liquidação, e obteve mora dos credores do nosso país.
Ao assumir a Presidência da República, auxiliado pelo grande financista Joaquim
Murtinho, reduziu o papel-moeda circulante, fez grandes cortes nas despesas públicas e
reduziu a uma taxa razoável o ágio-ouro, que subira em 1889 a duzentos e setenta e sete por
cento. Graças a essas medidas saneadoras, conseguiu restabelecer o crédito do Brasil no
estrangeiro e, ao findar seu governo, deixou em reserva no Tesouro Nacional a apreciável
quantia de oitenta mil contos de réis.
Homem austero, disciplinado, simples e bom, e de uma honestidade absoluta, Campos
Sales passou para a nossa história como um vulto de primeira grandeza, saindo dos governos
de São Paulo e da República mais pobre que era antes de exercer esses cargos.
Para completar sua grande obra em todos os setores da vida nacional, Campos Sales foi
nomeado embaixador da cordialidade do Brasil na Argentina, para estreitar mais os laços de
amizade entre os dois povos irmãos, já que, às vezes, a incompreensão política e diplomática
os trazia em desentendimento.
SEM CAMARILHA
GRATIDÃO TARDIA
ESTÍMULO À MOCIDADE
Nos dias que correm, em que os nossos governantes fazem política de conchavos
partidários e não administram a nação dentro de normas rígidas e racionais, os exemplos de
Campos Sales bem poderão servir de roteiro aos políticos que colocam os seus interesses
pessoais e os do seu grupo acima dos deveres inalienáveis que assumiram perante a
Constituição da República de só lutarem pelo bem comum da pátria e do povo.
Rememorando a vida de Campos Sales, encontramos nela exemplos de grande valor
cívico e moral, que devem ser difundidos, para servirem de estímulo à mocidade ávida de luz
e progresso, justamente nesta época em que a maioria dos nossos homens públicos somente
dá expansão ao instinto materialista, pois, para manter o luxo, os vícios e a vaidade, deslustra
a consciência no mau uso das funções político-administrativas.
Campos Sales foi um grande lutador quando em vida física e ainda continua lutando, do
Astral Superior, para esclarecer e melhorar a humanidade.
Eis aí, num simples e pequeno esboço, algo da vida notável de Manuel Ferraz de
Campos Sales, cujos exemplos recomendo aos meus descendentes e à posteridade.
NOVOS HORIZONTES
Reconhecemos que Descartes, com o seu racionalismo, colaborou para libertar o mundo
do escolasticismo e abriu novos horizontes para Kant, que, com as suas novas idéias para o
entendimento da metafísica, muito fez de útil, pois no empirismo o conhecimento é reduzido
aos sentidos e não à razão, como preceituam o racionalismo cartesiano e o iluminismo,
seguido pelo criticismo kantiano, que é o centro da filosofia moderna, objetivando mais as
idéias e os limites das faculdades cognoscitivas.
Se Descartes e Kant abriram novas clareiras no campo da filosofia, Luiz de Mattos, com
o Racionalismo Cristão, desvendou o “mistério do sobrenatural”, baseado nas leis comuns,
naturais e imutáveis, e fez o ser humano conhecer-se a si mesmo como Força e Matéria,
únicos elementos de que se compõe o Universo, para ter a noção dos atributos que lhe são
inatos, a fim de orientá-lo na trajetória evolutiva do seu espírito, partícula da Inteligência
Universal, cujo conhecimento é obtido pelo estudo com base no raciocínio, na razão, sem
estear-se no obscurantismo da fé, dos preconceitos e das crendices.
Como se vê, o racionalismo de Descartes e Kant se implanta no campo da teoria das
idéias, e o de Luiz de Mattos, na essência da espiritualidade, objetivando demonstrar o
conhecimento da vida real, para que possamos conduzir-nos com mais acerto neste mundo-
escola.
Em homenagem ao saber de Descartes, o Racionalismo Cristão inseriu em sua obra
básica trecho de uma das suas excelentes lições filosóficas sobre a Verdade, de que
destacamos: “Trabalhar para bem pensar, eis o princípio da moral”.