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Estudo Comparativo de duas Antenas para

Comunicação por Efeito NVIS

Aires Nunes D’Alva de Ceita

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Eletrotécnica e de Computadores

Orientadores: Professor Doutor António Carlos de Campos Simões Baptista

Professora Doutora Maria João Marques Martins

Júri

Presidente: Professor Doutor Fernando Duarte Nunes


Orientador: Professor Doutor António Carlos de Campos Simões Baptista
Vogal: Professor Doutor António Luís Campos da Silva Topa

Outubro 2014
“Walk on, walk on

With hope in your heart

And you’ll never walk alone

You’ll never walk alone”

Fearless, Pink Floyd

2
Agradecimentos
Nesta longa caminhada da vida avizinha-se mais uma meta que até há uns anos atrás parecia
estar tão longínqua. O trilho percorrido até chegar a esta fase não foi fácil. Foi necessário encarar cada
obstáculo com determinação e perseverança, sempre ciente que o mais importante é dar sempre o
melhor de nós mesmo.
Quero agradecer à professora Doutora Maria João Marques Martins e ao professor Doutor

António Carlos de Campos Simões Baptista, meus orientadores, pela forma que me conduziram até
aos objetivos finais de forma competente e profissional.
Ao senhor engenheiro Mariano Gonçalves pela disponibilidade que sempre teve em transmitir
todo o seu vasto conhecimento e pela amabilidade em disponibilizar todo o material necessário para
os ensaios
Quero agradecer à pessoa que sempre procurou dar-me exatamente aquilo que era o melhor
para mim, a minha mãe, pois sem o seu amor e carinho nada disso seria possível. Ao meu pai, que
embora não seja de sangue é de coração e sempre deu o melhor de si para que pudesse atingir os
meus objetivos. Um profundo obrigado às minhas duas irmãs que desde sempre estiveram
constantemente do meu lado.
A vida académica deu-me a oportunidade de conhecer muitas pessoas e felizmente consegui
fazer amigos que sei que certamente serão para a vida. Devo por isso agradecer a todos os meus
camaradas de curso que me acompanharam nestes últimos seis anos. Aos meus grandes e verdadeiros
amigos Rui Fonte-boa, Jonathan Guimarães, David Campos e Andreia Andrade
O caminho foi longo, mas graças a Deus tive pessoas que sempre estiveram do meu lado, que
me apoiaram em todos os momentos, confiaram nas minhas capacidades e nunca desistiram de mim.
A estas pessoas o meu mais sincero obrigado por tornarem a tarefa mais fácil.

i
Resumo
As comunicações que nos dias de hoje cobrem o globo terrestre, graças à evolução
exponencial da tecnologia são sem dúvida a maior fonte de informação e sucesso em vários tipos de
operações e atividades quotidianas, constituindo-se como o motor do desenvolvimento socioeconómico
e da civilização.
A exploração da propagação por efeito NVIS, com ângulos de incidência na ionosfera quase
na vertical, permite colmatar as dificuldades em estabelecer comunicações rádio em situações de
emergências e em teatros de operações onde o terreno é montanhoso. Facto bastante relevante para
o exército português quando se encontra em missões onde o teatro de operações apresenta uma
orografia de terreno bastante acentuada, como por exemplo o Afeganistão e Kosovo.
Esta tese de mestrado insere-se no estudo de comunicações de onda curta explorando a
propagação por efeito NVIS e tem como objetivo estudar os parâmetros de radiação de uma antena
em espira circular para comunicações NVIS, comparando-a com uma antena constituída por dois

dipolos de meia-onda cruzados, com polarização horizontal e com os resultados experimentais obtidos
nos ensaios realizados com uma antena em espira com uma configuração circular.
A comunicação através de sinais de onda curta explorando o efeito de propagação NVIS
pressupõe a reflexão do sinal emitido na ionosfera. Ora, o conhecimento do comportamento da região
superior da atmosfera, a ionosfera, é fundamental para se obter sucesso na transmissão do sinal.
Portanto, como não poderia deixar de ser, o presente trabalho aborda o tema da ionosfera de forma a
ter-se o conhecimento de quais as melhores frequências de operação para uma antena que explore a
comunicação por efeito NVIS.

Palavras-chaves: Onda curta; propagação por efeito NVIS; antena em espira; reflexão na ionosfera

ii
Abstract

Nowadays due to the fast evolution of technology, communications are available worldwide and,
are undoubtedly the greatest source of information and success in various types of operations and daily
activities, establishing itself as the engine of socioeconomics and civilization development.
This master thesis focus on the study of short wave communications exploring by NVIS
propagation effect. Its purpose is the theoretical study and simulation of a circular loop antenna for NVIS
communications, comparing it to an antenna constituted by two half wave dipoles with horizontal
polarization. Theoretical and simulation results are also compared with experimental results obtained in
the tests performed with a circular loop antenna.
The exploitation of NVIS propagation effect, with angles of incidence in the ionosphere that are
almost vertical, allows bridging the difficulties in establishing radio communications in emergency
communications and in theaters of operation where the terrain presents high elevations and abrupt
valley. This fact is quite relevant to the Portuguese army when in missions in theater of operation, such
as Afghanistan and Kosovo.
Communication via short wave signals exploring the effect of NVIS propagation requires the
reflection of the signal emitted in the ionosphere. An understanding of the behavior of the ionosphere is
critical for success in signal transmission. Therefore this paper addresses the propagation in the
ionosphere in order to establish the fundamental parameters that lead to the best operating frequencies
for an antenna that explores the communication by NVIS effect.

Keywords: Short Wave; communication by NVIS effect; circular loop antenna; reflection on the
ionosphere

iii
Índice

Agradecimentos ........................................................................................................................... i

Resumo........................................................................................................................................ii

Índice…………………………………………………………………………………………………………………………………….iv

Índice de Figuras ....................................................................................................................... vii

Capítulo 1 .............................................................................................................................. vii

Capítulo 2 .............................................................................................................................. vii

Capítulo 3 ............................................................................................................................. viii

Capítulo 4 ............................................................................................................................. viii

Capítulo 5 ............................................................................................................................... ix

Capítulo 6 ............................................................................................................................... ix

Índice de Tabelas ........................................................................................................................x

Lista de Abreviaturas .................................................................................................................. xi

Lista de Símbolos ...................................................................................................................... xii

1. Introdução ........................................................................................................................ 1

1.1. Objetivos ...................................................................................................................... 1

1.2. Motivação .................................................................................................................... 1

1.3. Estado da Arte ............................................................................................................. 2

1.4. Estrutura da dissertação .............................................................................................. 4

2. Estudo teórico e Simulação de uma antena em espira para Comunicações NVIS ........ 6

2.1. Campo elétrico de uma espira elementar no plano yz .............................................. 8

2.2. Comparação com o Dipolo Magnético de Hertz ........................................................ 13

2.2.1. Demonstração pelo princípio de dualidade das equações de Maxwell ............. 15

2.3. Simulação do diagrama de radiação da antena em espira em Matlab ..................... 18

2.4. Simulação do diagrama de radiação da antena em espira em MMANA-GAL basic 19

2.5. Largura de feixe a 3 dB da antena em espira ........................................................... 24

2.6. Impedância de entrada .............................................................................................. 25

iv
2.7. Derivação da diretividade da espira e o ganho ......................................................... 26

2.8. Conclusões do capítulo ............................................................................................. 28

3. Propagação via ionosfera .............................................................................................. 29

3.1. Introdução .................................................................................................................. 29

3.2. Variações na Ionosfera .............................................................................................. 32

3.3. Modelos da ionosfera ................................................................................................ 36

3.3.1. Estratificação da ionosfera ................................................................................. 36

3.3.1.1. Camada D ....................................................................................................... 37

3.3.1.2. Camada E ........................................................................................................ 37

3.3.1.3. Camada F ........................................................................................................ 37

3.4. Frequência de plasma para cada camada ................................................................ 38

3.5. Propagação na ionosfera .......................................................................................... 41

3.6. Modelos teórico do plasma ionosférico ..................................................................... 45

3.6.1. Modelo de Chapman .......................................................................................... 45

3.6.2. Modelo Linear ..................................................................................................... 47

3.6.3. Modelo Parabólico .............................................................................................. 47

3.6.4. Modelo Exponencial ........................................................................................... 48

3.7. Medidas de propagação na ionosfera ....................................................................... 48

3.7.1. Frequência crítica, f c ......................................................................................... 49

3.7.2. Altura virtual, hv ................................................................................................ 51

3.7.3. Máxima frequência utilizável, MUF ..................................................................... 51

3.8. Perturbações na ionosfera ........................................................................................ 52

3.9. Conclusões do capítulo ............................................................................................. 53

4. Comparação dos resultados teóricos obtidos com os resultados experimentais ......... 54

4.1. Configuração da antena em espira ........................................................................... 54

4.2. Resultados obtidos nas simulações .......................................................................... 56

5. Comparação das características de radiação da antena em espira com uma antena


dipolar horizontal ........................................................................................................... 59

5.1. Expressão do campo radiado de uma antena dipolar horizontal .............................. 59


v
5.2. Diagramas do campo radiado ................................................................................... 61

5.3. Resultados experimentais para a antena dipolar horizontal ..................................... 63

6. Conclusões e perspetivas futuras ................................................................................. 66

Bibliografia ................................................................................................................................ 68

Apêndice ................................................................................................................................... 70

vi
Índice de Figuras

Capítulo 1

Figura 1.1 Conceito de propagação por efeito NVIS .............................................................................. 2

Figura 1.2 Utilização da antena em espira na exploração da comunicação por efeito NVIS durante a
segunda guerra mundial .......................................................................................................................... 3

Capítulo 2

Figura 2.1 Representação da antena magnética em espira para comunicações NVIS ......................... 6

Figura 2.2 Espira circular assente no plano yz inserida no sistema de coordenadas esféricas ............. 8

Figura 2.3 Esquema representativo da aproximação do campo distante ............................................... 9

Figura 2.4 Sistema de coordenadas esféricas ...................................................................................... 11

Figura 2.5 Representação da espira no plano yz (sistema de coordenada polar) ............................... 11

Figura 2.6 Equivalência entre o Dipolo Magnético de Hertz sobre o eixo x e a espira assente no plano
yz ........................................................................................................................................................... 13

Figura 2.7 Diagrama do campo radiado pela espira no plano yz ......................................................... 18

Figura 2.8 Diagrama do campo radiado pela espira no plano zx ......................................................... 18

Figura 2.9 Diagrama do campo radiado pela espira no plano xy ......................................................... 19

Figura 2.10 Representação de uma antena de quadro no ambiente “MMANA-GAL basic” ................. 20

Figura 2.11 Diagrama de radiação no plano xy .................................................................................... 20

Figura 2.12 Diagrama de radiação no plano xz .................................................................................... 20

Figura 2.13 Representação tridimensional do diagrama de radiação da antena em quadro em espaço


livre. ....................................................................................................................................................... 21

Figura 2.14 Representação tridimensional do diagrama de radiação com a antena a 1,7 m do solo .. 21

Figura 2.15 Representação do diagrama de radiação no plano xy e zx a 1,7 m do solo ..................... 22

Figura 2.16 Diagramas de radiação da antena em quadra em espaço livre e considerando o efeito do
solo ........................................................................................................................................................ 22

Figura 2.17 Diagrama de radiação para três frequências no plano zx ................................................. 23

Figura 2.18 Diagrama de radiação para três frequências no plano yx ................................................. 23

Figura 2.19 Ganho máximo da antena para uma elevação de 90 graus .............................................. 24

Figura 2.20 Ângulos de elevação à -3dBi ............................................................................................. 24

Figura 2.21 Resistência de entrada ...................................................................................................... 25


vii
Figura 2.22 Reactância de entrada ....................................................................................................... 25

Figura 2.23 Dimensões de uma antena em espira com geometria circular .......................................... 27

Figura 2.24 Ganho da antena em espira............................................................................................... 28

Capítulo 3

Figura 3.1 Representação esquemática da atmosfera terrestre ........................................................... 29

Figura 3.2 Lei de Snell-Descartes ......................................................................................................... 30

Figura 3.3 Produção de eletrão livre na ionosfera ................................................................................ 31

Figura 3.4 Processo de Recombinação de dois iões ............................................................................ 31

Figura 3.5 Processo de formação da camada atmosférica................................................................... 31

Figura 3.6 Variação da densidade de eletrões com a altitude, Km....................................................... 33

Figura 3.7 Variação da densidade de eletrões em função da atividade solar ...................................... 34

Figura 3.8 Manchas solares .................................................................................................................. 34

Figura 3.9 Número médio de manchas solares ao longo dos anos ...................................................... 35

Figura 3.10 Variação com a latitude da frequência máxima de sinais de rádio utilizável ao longo de um
dia .......................................................................................................................................................... 36

Figura 3.11 Processo de formação do plasma ..................................................................................... 38

Figura 3.12 Variação da frequência do plasma com o nº de manchas solares .................................... 39

Figura 3.13 Variação da frequência do plasma com a altitude ............................................................. 40

Figura 3.14 Fenómeno de reflexão de uma onda ao incidir no plasma ionosférico ............................. 44

Figura 3.15 Ângulo em relação ao zénite .............................................................................................. 46

Figura 3.16 Modelo Linear para a densidade de eletrões ..................................................................... 47

Figura 3.17 Modelo Linear para a densidade de eletrões ..................................................................... 48

Figura 3.18 Ionograma representativo da ionosfera ............................................................................. 49

Figura 3.19 Frequência crítica para períodos de baixos níveis de manchas solar ............................... 50

Figura 3.20 Frequência crítica para períodos de elevados níveis de manchas solar ........................... 50

Figura 3.21 Altura Virtual ....................................................................................................................... 51

Capítulo 4

Figura 4.1 Espira circular utilizada para as medições ........................................................................... 54

Figura 4.2 Espira de excitação da antena em espira ............................................................................ 55

viii
Figura 4.3 Condensador da antena em espira ...................................................................................... 55

Figura 4.4 Transrecetor da antena em espira ....................................................................................... 56

Figura 4.5 Variação de ROE com a frequência para a frequência de ressonância de 3,481 MHz ...... 56

Figura 4.6 Variação de ROE com a frequência para uma frequência de ressonância de 3,478 MHz . 57

Figura 4.7 Variação de ROE com a frequência para uma frequência de ressonância de 3,483 MHz . 57

Figura 4.8 Leitura da ROE para uma frequência aproximada de 21,893 MHz ..................................... 58

Capítulo 5

Figura 5.3 Diagrama de radiação no plano xy do dipolo cruzado ......................................................... 61

Figura 5.4 Diagrama de radiação da antena constituída por dois dipolos cruzados para o valor de
frequência f= 4MHz quando colocado a 4 metros de altura ................................................................. 62

Figura 5.5 Diagrama de radiação tridimensional da antena constituída por dois dipolos cruzados para o
valor de frequência f = 4MHz ................................................................................................................ 62

Figura 5.6 Diagrama de radiação para frequências de 4 MHZ, 5 MHz e 6 MHZ .................................. 63

Figura 5.7 Leitura da frequência de ressonância para f1, medida no analisador de redes .................. 64

Figura 5.8 Leitura da frequência de ressonância para f1, medida no analisador de redes .................. 64

Figura 5.9 Antena em espira para comunicações NVIS montado numa viatura militar ....................... 65

Capítulo 6

Figura 6.1 Antena constituída por duas espiras .................................................................................... 67

ix
Índice de Tabelas
Tabela 2.1 Valores dos parâmetros da antena para três frequências .................................................. 23

Tabela 3.1 Frequência do plasma para diferentes fases da atividade solar ......................................... 41

Tabela 3.2 Constante de atenuações para as várias camadas da ionosfera ....................................... 44

x
Lista de Abreviaturas
CC Central de Comando
CDST Central Daylight Savings Time
COSPAR Commitee on Space and Research
DEH Dipolo Elétrico de Hertz
DMH Dipolo Magnético de Hertz
HF High Frequency
IRI International Reference Ionosphere
MUF Maximum Usable Frequency
NVIS Near Vertical Incidence Skywave
PCA Polar Cap Absorption
ROE Relação de Onda Estacionária
SID Sudden Ionospheric Disturbances
SWR Standing wave Rate
TO Teatro de Operações
UT Universal Time
UV Ultraviolet

xi
Lista de Símbolos
 Pi

 Comprimento de onda

 Ohm
 Rendimento

Q Fator de Qualidade

 Colatitude
 Azimute

r Distância da fonte, ao ponto onde o campo é medido

A (r) Amplitude complexa do potencial vetor


 Permeabilidade magnética

J Densidade de corrente elétrica

k Constante de propagação
F Fator direcional
 Densidade de carga

I Corrente elétrica
 Delta

E Amplitude complexa do vetor campo elétrico

H Amplitude complexa do vetor campo magnético

0 Permitividade elétrica no vácuo

 0
Permeabilidade magnética no vácuo

F Componente transversal do fator direcional

Z0 Impedância característica da onda

Q m
Carga magnética nos terminais do dipolo

q Carga elétrica de um eletrão

E Intensidade do campo elétrico

D Diretividade
G Ganho
n Índice de refração
fp Frequência de plasma

N e
Densidade de eletrões

m e
Massa do eletrão

xii
ve Velocidade do eletrão

 Frequência de colisões
c Velocidade da luz
 Constante de atenuação
 Constante de fase

 Ângulo que o sol faz em relação ao zénite

T Temperatura absoluta
g Aceleração da gravidade

a Declive de altura constante

y m
Distância da base, ao nível da densidade máxima

fc Frequência crítica

S Área da antena em espira

Ie Amplitude complexa da corrente elétrica

Im Amplitude complexa da corrente magnética

 Frequência angular

Za Impedância da antena

L Indutância
C Capacidade
j Unidade imaginária

R t
Resistência total da antena

R r
Resistência de radiação da antena

R p
Resistência de perdas

ρ m
Densidade de carga magnética

ρ e
Densidade de carga elétrica

t Tempo

R Resistência de entrada
X Reactância de entrada

U M
Intensidade de radiação na direção do máximo

Pr Potência total radiada pela antena

E M
Intensidade do campo elétrico máximo

xiii
1. Introdução
1.1. Objetivos

Esta tese de mestrado tem como objetivo o estudo de uma antena em espira para a exploração
do conceito de NVIS – Near Vertical Incidence Skyware.
Com o aparecimento dos satélites e dos diversos repetidores existentes, resultado de uma
tecnologia cada vez mais aperfeiçoada e sofisticada, as comunicações em onda curta caíram em
desuso. Mas, em determinadas situações, nomeadamente em comunicações militares e de
emergência, é necessário recorrer a esta forma de comunicação devido às irregularidades do terreno
e locais onde é difícil o acesso a ondas rádio provenientes de satélites. Com esta dissertação pretende-
se explorar esta forma de propagação, por efeito NVIS, de ondas rádio a curta e média distância, por
reflexão na ionosfera para ângulos de fogo elevados.
Primeiramente analisam-se as características da antena bem como os seus parâmetros de
radiação, a sua eficiência, ganho diretivo, largura de banda e de feixe pretendidos para a comunicação
por efeito NVIS. A partir do ambiente de trabalho “MMANA-GAL basic” (software utilizado para o
desenho de antenas e simulação dos seus parâmetros) faz-se o estudo teórico para uma antena em
espira, com uma configuração circular e de área previamente estabelecida, tendo em conta o campo
radiado, a largura de banda e de feixe. Através do estudo das características da propagação via
ionosfera, analisa-se qual a melhor frequência de trabalho a selecionar numa comunicação NVIS.
Através de ensaios realizados com uma antena em espira, com configuração circular, obteve-se um
conjunto de resultados experimentais que são comparados com os resultados teóricos e de simulação.
E por último, comparam-se as características de radiação desta antena face a uma antena constituída
por dois dipolos cruzados com polarização horizontal.

1.2. Motivação

Na situação em que se vive hoje em dia, em especial nas Forças Armadas em Portugal, onde
se tem que se fazer cada vez mais e melhor com os poucos recursos disponíveis, nunca é demais
procurar novas soluções para a resolução de problemas, especialmente quando estas soluções, para
além de serem baratas, permitem o cumprimento das missões.
A aplicação de comunicação rádio em onda curta, explorando os efeitos de propagação por
efeito NVIS, em teatros de operação (TO) que apresentam uma orografia de terreno acidentada,
permite estabelecer comunicações a nível tático por parte do comando sem que seja necessário instalar
infraestruturas adicionais como os repetidores, ou recorrer a satélites para ter acesso a ondas de
comunicação rádio. Basta orientar as antenas adequadamente, para se ter um ângulo de fogo elevado,
para que explorando as propriedades da ionosfera se possam estabelecer comunicações em terrenos
montanhosos com alcances desde cerca de vinte quilómetros até cerca de duzentos quilómetros.
Como aluno da Academia militar e futuro oficial de transmissões do exército português, é

1
bastante motivador poder trabalhar num projeto de antena que possa contribuir para as comunicações
táticas das forças terrestre em determinados TO.

1.3. Estado da Arte

Near Vertical Incidence Skywave, conhecido pelo acrónimo NVIS, é um modo de propagação
em onda curta, por reflexão na ionosfera, em que o ângulo de incidência é superior a 60 graus. Este
modo de propagação permite preencher as lacunas dos sistemas que funcionam em linha de vista,
resultantes da orografia acentuada do terreno, através da exploração do efeito NVIS, situação em que
os ângulos de fogo das antenas tomam valores elevados (70o a ~90o).
A ionosfera é uma camada importante para este modo de propagação, uma vez que o sinal
incide quase na perpendicular nesta camada atmosférica permitindo que haja comunicação a curta e
média distância por reflexão. Se os ângulos de incidência de radiação forem pequenos é possível
estabelecer comunicações de longa distância, método muito utilizado para comunicações em onda
curta (HF), antes do aparecimento dos satélites de comunicação. A figura 1.1 ilustra uma situação típica
da comunicação por efeito NVIS [1].

Figura 1.1 Conceito de propagação por efeito NVIS

A primeira pessoa a sugerir a existência da ionosfera foi o matemático e físico alemão Carl F.
Gauss, em 1839, afirmando que a variação do campo eletromagnético resultava da existência de
correntes elétricas na atmosfera [2]. Entre 1864 e 1873, é formulada a teoria do campo eletromagnético
por James Clerk Maxwell que prevê, por via teórica, a existência de ondas rádio, previsão comprovada
pelas experiências de Heinrich Hertz em 1887. Em 1899, Marconi realiza a primeira transmissão sobre
o canal da Mancha, baseando-se em estudos apresentados por Nikola Tesla sobre a transmissão sem
fios e a teoria do campo eletromagnético, formulada por Maxwell. Em 12 de Dezembro de 1901,

2
desconhecendo a existência da ionosfera e da sua importância para a comunicação a longas distâncias,
Marconi realiza uma comunicação rádio transatlântica a partir de Poldhu, Cornualha, Inglaterra, para
St. João, Terra Nova (cidade localizada no leste da província da costa atlântica do Canadá).
Na tentativa de explicar a propagação de ondas eletromagnéticas a longas distâncias, em 1902,
Oliver Heaviside e Arthur Kennelly propuseram, de forma independente, a existência de uma camada
atmosférica superior, condutora, que permitia a reflexão de ondas rádio para longas distâncias. No
entanto, devido à falta de dados experimentais que suportassem a ideia formulada por ambos, esta não
foi aceite entre os diversos físicos e matemáticos da altura. Em 1924, com o desenvolvimento de
ionosondas construídas por Edward Appleton e outros físicos, deu-se o início a sondagens para provar
a existência da ionosfera, o que veio a acontecer em 1927. Appleton recebeu em 1947 o prémio Nobel
pela descoberta da ionosfera. Em 1927, Sydney Chapman formulou a teoria para a constituição da
ionosfera [2][3].
A existência da ionosfera possibilita a realização de comunicações explorando a propagação
por efeito NVIS. Apesar da existência da comunicação a longa distância por satélites e da existência
de repetidores bastantes sofisticados que facilitam a comunicação, a propagação por efeito NVIS
continua a ser muito importante em comunicações táticas e de emergência, devido ao facto de exigir
uma tecnologia simples e barata.
A propagação por efeito NVIS não é um conceito novo, a implementação desta técnica tem
sido uma prática muito comum, pelas forças armadas de diversos países, em diferentes teatros de
operações (TO). Documentos do grupo de pesquisa operacional do exército britânico referem que este
modo de comunicação em onda curta foi utilizado pela primeira vez em 1943 durante a batalha de
Arnheim. Um ano depois, em junho de 1944, durante o desembarque da Normandia, explorou-se
também esta forma de comunicação NVIS. Na década de 60, durante a guerra de Vietname, os Estados
Unidos da América também utilizaram esta forma de comunicação por efeito NVIS, para garantir as
comunicações táticas [4]. A figura 1.2 ilustra a utilização da antena em espira explorando a propagação
por efeito NVIS durante a segunda guerra mundial para garantir comunicações táticas [5].

Figura 1.1.2 Utilização da antena em espira na exploração da comunicação por efeito NVIS durante a segunda
guerra mundial

As particularidades que tornam a comunicação por efeito NVIS interessante para as forças
armadas, nomeadamente as forças terrestres, resultam do facto do alcance do sinal de onda superficial
3
ser limitado, em terrenos com relevos acentuados. Na propagação por efeito NVIS o sinal que é refletido
na ionosfera tem um ângulo de incidência próximo da vertical, o que o torna bastante difícil de ser
detetado. Quando o ângulo de incidência na ionosfera é apropriado, a exploração desta forma de
comunicação permite garantir comunicações táticas até distâncias da ordem dos 200 a 300 kms. Em
caso de catástrofes naturais, a propagação por efeito NVIS confere uma enorme vantagem pelo facto
de permitir comunicações via rádio, para além da linha de vista, sem necessidade de qualquer tipo de
sistema de repetidores entre estações.
A comunicação por efeito NVIS foi esporadicamente utilizada pelo Exército Português durante
a guerra colonial. Em anos recentes foi utilizada em operações de manutenção de paz em que o
exército português tem participado. A comunicação por efeito NVIS apresenta vantagens económicas
e operacionais por não necessitar de infraestruturas fixas.
Na primeira década do século XXI foram realizados vários estudos no sentido de otimizar os
vários tipos de antenas para a exploração da comunicação por efeito de NVIS. Em 2000 foi apresentado
uma comunicação sobre uma antena em espira, otimizada para ser montada num veículo terrestre,
neste caso um Land Rover [6].
Em 2008, mais recentemente, foi apresentado um estudo científico, por parte da faculdade
marítima de Split, sobre a otimização de antenas em espira montadas em navio, para o estabelecimento
de comunicações por efeito NVIS. Concluiu-se que esta antena otimizada tem as características ideais
para este tipo de comunicação em navios de guerra, apresentando ângulos de radiação elevados e a
máxima intensidade de radiação dirigida segundo a vertical [7].
O trabalho que se segue permite fazer um estudo aprofundado do conceito de propagação por
efeito NVIS. Este conceito será explorado através do estudo de uma antena em espira comparando-se
depois os resultados teóricos e de simulação obtidos com os resultados experimentais medidos numa
antena em espira já existentes. E por fim, comparar as características de radiação desta antena com a
de uma antena constituída por dois dipolos cruzados com polarização horizontal.

1.4. Estrutura da dissertação

Esta dissertação de mestrado está organizada em seis capítulos principais que por sua vez se
dividem em vários subcapítulos, que abordam os respetivos temas.
No primeiro capítulo pretende-se estabelecer o estado da arte, motivação para a realização
desta tese e quais os objetivos que se pretendem atingir. No final do capítulo apresenta-se a forma
como está organizada a dissertação.
No segundo capítulo começa-se por apresentar os fundamentos teóricos de uma antena em
espira com configuração circular. Analisam-se os parâmetros de radiação e a importância que esta
antena tem para a comunicação rádio em onda curta, explorando os efeitos de propagação por NVIS,
e comparam-se as suas características com as do dipolo de Hertz. Realiza-se o projeto da antena
utilizando quer os resultados teóricos quer os resultados de simulação obtidos através do ambiente
“MMANA-GAL basic”.
No terceiro capítulo estuda-se a propagação via ionosfera assim como a constituição do plasma
4
ionosférico, os diversos fenómenos que contribuem para a sua variabilidade, as medidas que o
caraterizam e a sua influência para a seleção da melhor frequência de operação. Apresentam-se os
vários modelos das camadas ionosféricas e o cálculo da frequência do plasma para cada uma das
camadas.
O quarto capítulo desta dissertação compara os resultados teóricos obtidos a partir de
simulações em ambiente “MMANA-GAL basic” e Matlab com os resultados experimentais obtidos,
através de ensaios realizados com uma antena em espira com a mesma configuração geométrica da
antena estudada ao longo desta dissertação de mestrado.
No quinto capítulo comparam-se as características de radiação da antena em espira com uma
antena dipolar horizontal para várias frequências de trabalho.
No sexto e último capítulo serão feitas as considerações finais e serão apresentadas as
perspetivas de trabalhos futuros.

5
2. Estudo teórico e Simulação de uma antena em espira para
Comunicações NVIS
A qualidade da comunicação resultante da exploração da propagação por efeito NVIS depende
de dois fatores essenciais: tipo de antena e frequência de trabalho. A frequência ótima de trabalho
depende essencialmente do estado da ionosfera e encontra-se normalmente no intervalo entre 3 MHz
e 12 MHz como se verá no capítulo 3. Neste capítulo procede-se ao estudo teórico de uma antena em
espira, circular, assente no plano yz , apropriada para comunicações NVIS, ver figura 2.1. Os

resultados obtidos são comparados com os obtidos com um Dipolo Magnético de Hertz orientado
segundo o eixo dos x.

A configuração da antena que vamos apresentar está representada na figura 2.1. Esta é
constituída por uma espira principal, uma espira de excitação (de tamanho menor) responsável pela
alimentação da antena e por um condensador variável de forma a compensar a parte reativa elevada
da antena.

Figura 2.1 Representação da antena magnética em espira para comunicações NVIS

Considerando a orientação dos eixos indicado no canto superior esquerdo da figura 2.1, a
antena encontra-se na vertical com a ionosfera a uma altura h do eixo do z.
A antena em espira é frequentemente classificada de antena eletricamente pequena quando o
diâmetro da circunferência é inferior a 1 / 4 do comprimento de onda [8][9]. O circuito que mais se
assemelha a esta antena é um circuito equivalente LC constituído por um elemento indutivo e um
elemento capacitivo. O elemento capacitivo é o condensador variável e o elemento indutivo é
determinado pela espira principal que constitui a antena. Em relação a outras antenas tradicionais
(dipolos, log-periódica, dipolo de meia onda etc.), esta tem uma impedância reativa bastante elevada,
traduzindo-se numa potência reativa elevada. A compensação é feita através do condensador variável
ajustado à frequência de trabalho.

6
Esta antena caracteriza-se por ter uma resistência de radiação, R r , muito pequena em relação

à resistência de perdas, R p . A resistência de radiação define-se como sendo a resistência fictícia que

dissipa uma potência igual à potência radiada pela antena, ou seja, relaciona a potência radiada com
o quadrado do valor eficaz da corrente nos terminais de entrada; já a resistência de perdas relaciona a
potência dissipada em perdas com o quadrado do valor eficaz da corrente nos terminais de entrada
[10]. Para uma antena de espira, a resistência de radiação é dada pela seguinte expressão:

2
S
 320 
4
R r
(2.1)

4

em que S corresponde a área da espira principal de raio a , S   a . Tipicamente, a resistência de


2

radiação desta antena é inferior a 10 m  [11], decaindo com  , ou seja, a resistência de radiação
4

torna-se cada vez mais pequena para frequências mais baixas.


Devido a perdas óhmicas uma antena não radia toda a potência aceite, ou absorvida, do
transmissor. Portanto, a eficiência de radiação,  , é dada pela seguinte relação:

R
 
r
(2.2)
R t

onde R t
 R r
 R p
, é a resistência total da antena.

Para o circuito LC, A impedância da antena, Z a , é dada pela soma entre a impedância do

elemento indutivo, L, e o elemento capacitivo, C, como se segue:

 1 
Z a  j  L  j  C  j  L   (2.3)
 C 

A potência reativa da antena de espira é grande devido ao elevado valor do elemento indutivo.
A compensação é feita através do elemento capacitivo sintonizado à frequência de trabalho, impondo

 1 
a relação   L    0 , ou seja, introduzido o condensador na antena de espira com uma
 C 

capacitância adequada a frequência de trabalho, este irá anular a resistência reativa da antena e,
consequentemente minimizar a potência reativa. Cumprida esta condicionante, a antena em espira terá
uma seletividade elevada, cujo fator de qualidade, Q, é 10 a 20 vezes maior que a de uma antena
dipolar, resultando numa largura de banda estreita que lhe permite minimizar as harmónicas
indesejáveis no sinal emitido, e consequentemente aumentar a relação sinal/ruído na receção [11].
Este tipo de antena é ideal para comunicações táticas móveis devido à sua pequena dimensão

7
e facilidade de rotação. Colocada num veículo e suportada num mastro pode-se direcionar para o ponto
de maior intensidade dos sinais melhorando a receção e a transmissão do sinal.

2.1. Campo elétrico de uma espira elementar no plano yz

O campo elétrico radiado por uma antena de espira circular de pequena dimensão ( a   )

vai ser calculado neste ponto. A espira de diâmetro 2 a  800 mm encontra-se assente no plano yz ,

sendo que o ponto P(x, y, z) representa um ponto distante da fonte de corrente, M é o momento

magnético da espira, o ângulo  corresponde à colatitude e o ângulo  é o azimute, como

representado na figura 2.2 [12]. O objetivo é calcular o campo elétrico na zona distante onde se situa o
ponto P(x, y, z) .

Figura 2.2 Espira circular assente no plano yz inserida no sistema de coordenadas esféricas

O cálculo do campo na zona distante é efetuado assumindo-se que o ponto P onde se


pretende calcular o campo, indicado na figura 2.3 [12], se encontra muito distante da distribuição
espacial da fonte de corrente, r  r  . Recorre-se portanto a uma aproximação do cálculo do campo
distante. Uma vez que a distância r ' varia apenas dentro da zona espacial onde se encontra a fonte
de corrente, pode-se afirmar que r  l , onde l é a extensão típica da distribuição de corrente (por
exemplo, para uma antena linear, l é o comprimento da antena enquanto que para uma antena em
espira considera-se o raio da antena).

8
Figura 2.3 Esquema representativo da aproximação do campo distante

A partir da figura 2.3, pode-se chegar a expressão da distância entre a fonte de corrente e o
ponto P onde se pretende calcular o campo de radiação. A distância entre a fonte de corrente e o
ponto P , distância R , vem dada por:

R  r  r. r   r - r cos    (2.4)

(os cálculos para a distância R a partir de R  r  r  encontram-se no apêndice 1)

Os campos elétricos e magnéticos radiados, podem ser obtidos a partir da expressão do


potencial vetor [12],

 J  r  e
 jkR (2.5)
A (r ) 
 d r
3

v
4R

2
onde k  é a constante de propagação do ar, J r   é a densidade de corrente elétrica,  é a

permeabilidade magnética do ar e R como visto anteriormente é a distância entre a fonte de corrente


e o ponto P .

Atendendo à equação 2.4 e substituindo-a na expressão do potencial vetor, e considerando


que para distância muito grande, na ordem de quilómetros, pode-se fazer a seguinte aproximação no
denominador R  r  r. r   r resultando em:

 jkr
e
 J  r  e
j k .r
A (r )  d r
3

4r (2.6)
v

9
A expressão do potencial vetor depende da componente radial do vetor r correspondente a
direção do campo radiado, que será separada, mais a frente neste capítulo, nas componentes
angulares (  e  ) e que são representados pelo fator direcional F . Este fator tem um papel importante

na determinação das propriedades direcionais do campo radiado, expresso da seguinte forma [9]:

 J r  e
jk .r
F  d r
3

(2.7)
v

Assim, substituindo a expressão (2.7 em (2.6), resulta:

 jkr (2.8)
e
A (r )  F
4r

Analisando a figura 2.2, a densidade de corrente J ( r  ) à volta da espira pode ser expressa em

coordenadas cilíndricas r      ,   , x   , como se segue:

J  r    I θ       a   x   (2.9)

onde I é a corrente, θ  é o versor da direção e as funções      a  e   x   confinam a densidade

de corrente na circunferência de raio a no plano yz . Assim, substituindo a densidade de corrente no

fator direcional, tem-se:

(2.10)
      a   x    d   d   d x 
jk.r
F  Iθ e

Com x   0 e    a , a integração desta equação confina r  no plano yz como se segue:

2 (2.11)


jk . r 
F  Ia θ e d
0

O produto interno entre os vetores k e r  , tendo como base a orientação da espira no sistema
de coordenadas esférica, é obtido através destas duas expressões:

 k   ksen  cos   x   ksen  sen   y   k cos   z



 r    a cos    z  ( a sen   ) y
(2.12)

10
Fazendo o produto interno entre k e r  , e aplicando as respetivas relações trigonométricas (ver
apêndice 2), obtém-se:

ka (2.13)
k. r   cos(     ) sen   1   cos      sen   1 
2

Como se pretende calcular o campo de radiação num ponto distante da expira, interessa
expressar o versor θ  em função das coordenadas esféricas θ , r e φ . As figuras 2.4 e 2.5

representam os sistemas de coordenadas polares e esféricas, respetivamente.

Figura 2.5 Representação da espira no plano Figura 2.4 Sistema de coordenadas


yz (sistema de coordenada polar) esféricas

Para o sistema de coordenadas esféricas tem-se:

 θ   cos  cos   x   sen  sen   y   sen   z


(2.14)

 r   cos  sen   x   sen  sen   y   cos   z
 φ    sen   x   cos   y

Sobre a espira, o versor θ  é dado pela seguinte expressão:

θ   cos   y  sen   z (2.15)

11
Os produtos internos de θ  com cada uma das bases das coordenadas esféricas são:

.  θ . θ   sen  cos  cos    sen  sen  



 r . θ   sen  sen  cos    cos  sen  
 φ. θ   cos  cos   (2.16)

Assim, o versor unitário θ  em função das coordenadas esféricas resulta da soma dos produtos
internos obtidos em 2.16 tendo em conta as propriedades trigonométricas, consultar apêndice 3.

1
θ  cos       sen   1   cos       sen   1   θ 
2
1 (2.17)
 sen       sen   1   sen       sen   1   r 
2
 cos  cos    φ

Substituindo k. r  e θ  na expressão do fator direcional dada em 2.11 e, resolvendo o integral (ver

apêndice 4) vem:

F  jk  a I θ sen   φ cos  cos   (2.18)


2

A expressão dos campos elétrico e magnético radiados, que são puramente transversais (modo
TEM), calculam-se da seguinte forma:

 j kr  j kr
 e e
E   jkZ 0 F  Z 0 I Sk θ sen   φ cos  cos  
2

 4r 4r
  j kr  j kr
e e (2.19)
 H  jk F   I Sk θ sen   φ cos  cos  
2


 4r 4r

0 2
onde S   a 2 , Z 0  é a impedância característica da onda no ar e k  é a constante de
0 

propagação do ar.

Analisando o resultado obtido, conclui-se que os campos são dependentes do sen  e de


cos  cos  e o seu valor máximo ocorre para   ou para   0 e   0.
2

12
2.2. Comparação com o Dipolo Magnético de Hertz

As equações de Maxwell admitem uma solução formal suportada em cargas e correntes


magnéticas. Estas fontes são fictícias mas permitem resolver alguns problemas de uma forma mais
simples. Aplicando o princípio de dualidade das equações de Maxwell, é possível comparar a antena
em espira com o Dipolo Magnético de Hertz (DMH).
O princípio de dualidade das equações de Maxwell estabelece uma simetria entre as grandezas
com conotações “elétricas” e “magnéticas”. Este princípio de simetria, partindo do conhecimento a priori
da solução das equações para um conjunto de fontes bem definidas, permite obter, sem manipulação
adicional, outra solução (dita dual) das equações de Maxwell associada ao conjunto de fontes duais.
Esta propriedade de dualidade da equação de Maxwell torna-se bastante útil na simplificação de vários
problemas de eletromagnetismo permitindo identificar pares de grandezas duais entre as fontes
“elétricas” e “magnéticas” como se segue [13]:

Fonte Elétrica Fonte Magnética


  0 H .m
1
  
  0 F .m
1
 
   

  0 F .m
1
  
  0 H .m
1
 
 
  
  Wb . m  3    C .m  3 
m e
   
 Im  V    Ie  A  

 J V .m  2
m
  
 J A .m  2  
   
e


 H m A.m
-1
  
 E e V .m
1
 


 - E m V .m
1
 



 H e A .m
1
 

As fontes elétricas  e J são respetivamente as densidades de cargas elétrica e magnética e

densidade de corrente elétrica, real ou equivalente, em função das fontes e dos parâmetros   0 ,  0  ,

permeabilidade do meio elétrico e magnético, respetivamente. A partir da dualidade das equações de


Maxwell, vai-se estabelecer uma equivalência entre os campos gerados pelo DMH e a espira condutora,
figura 2.6.

Figura 2.6 Equivalência entre o Dipolo Magnético de Hertz sobre o eixo x e a espira assente no
plano yz

13
Considerando um elemento de corrente magnética para o DMH e um elemento de corrente

elétrica para a espira elementar, as densidades de carga magnética e elétrica (  m ,  e ) são definidos

da seguinte forma:

ρm  Q m

l e x  Wb .m  (2.20)

ρe   0
I Se e x   Wb .m  (2.21)

onde Q m
é a carga magnética nos terminais do dipolo,  S e indica um elemento na antena de espira

de área S , I é a corrente a volta da espira e e x é o versor de direção dos momentos eletromagnéticos.

As densidades de carga magnética e elétrica dadas em (2.20) e (2.21) são iguais se verificar a
condição:

Q m l   0 I Se (2.22)

Multiplicando ambos os membros desta equação por j  e atendendo a que a corrente magnética do

dipolo é uma função harmónica dada por:

Q m
Im   j Q m
(2.23)
t

chegamos a

I m

 l  j   0
ISe  (2.24)

Concluímos portanto que os campos radiados pelo elemento de corrente magnética e pela
espira elementar, situada num plano perpendicular a este, são iguais se os respetivos momentos o
forem [14].

14
2.2.1. Demonstração pelo princípio de dualidade das equações de Maxwell

Pretende-se determinar o campo radiado por um Dipolo Magnético de Hertz, DMH a partir do
princípio de dualidade das equações de Maxwell. É importante referir que a equivalência entre o dipolo
magnético e a espira elementar só é válida para campos radiados na zona distante.

Consideremos então os campos radiados pelo Dipolo Elétrico de Hertz (DEH), percorrido por
uma corrente elétrica constante. O DEH corresponde a uma antena linear cujo campo elétrico e
magnético é determinado pela componente transversal do vetor radiação F   θ F   φ F  que por

sua vez é determinado pela densidade de corrente J . Para antenas lineares, a densidade de corrente
vem dada da seguinte forma [9]:

J r   x I  x    y    z  (2.25)

A distribuição de corrente do dipolo de hertz sobre o eixo do x é:

Ix   I l  x  (2.26)

onde l corresponde ao comprimento da antena e a função delta,  ( x ) , é um ponto infinitesimalmente

pequeno sobre o dipolo de hertz no eixo do x.


Substituindo a equação (2.25) na expressão do fator direcional, F , dada na equação (2.7), o

fator direcional tem apenas a componente segundo x como se segue, F  x F x (ver apêndice 5):

l/2

 I  x  e
jk x x 
x Fx  x dx (2.27)
l/2

A partir da relação entre as coordenadas cartesianas e as coordenas esféricas, tem-se:

r  x cos  sen   y sen  sen   z cos 

o vetor de propagação k  k r  x k x , que só tem componente segundo x, pode ser resolvido em

coordenadas cartesianas como se segue:

k  x k cos  sen  (2.28)

15
O fator direcional F x depende das componentes polares  e  ,

l/2 (2.29)

 I l   x  e
jk x  cos  sen 
Fx  dx 
l / 2

Considerando o ponto na origem, x   0 , o integral da equação (2.29) vem dado por:

F x  Il (2.30)

O vetor unitário x é dado pelas coordenadas esférica ( r , θ e φ ):

x  r sen  cos   θ cos  cos   φ sen  (2.31)

A componente transversal do campo eletromagnético criado pelo DEH tem assim as


seguintes componentes segundo  e  :

F    ,    I l  θ cos  cos   φ sen   (2.32)

Os campos elétrico e magnético são deste modo dados por:

 jkr



E  jkZ 0
e
F  j
Z0
 
Ie  l  θ cos  cos   φ sen  e
 jkr
V .m
1
 
4r 2r (2.33)
  jkr  jkr
 H  jk

e
F   jk
e
 
Ie  l  θ cos  cos   φ sen  e
 jkr
A .m
1
 
 4r 4r

em que I e é a componente da corrente elétrica ao longo do dipolo e  l corresponde ao comprimento

do DEH

Aplicando o princípio de dualidade das equações de Maxwell, vamos agora obter os


campos de radiação do DMH. Atendendo ao dicionário da dualidade, obtém-se:

I e A  I m V 

Os campos radiados pelo DMH são:



H  j
1 1
 
Im  l  θ cos  cos   φ sen  e
 jkr
A .m
1
 
 2r Z 0
 (2.34)
 E  j

1
 
Im  l  θ cos  cos   φ sen  e
 jkr
V .m
1
 
 2r

16
Ou seja, reordenando:



E  j
1
 
Im  l   θ cos  cos   φ sin  e
 j kr
V .m
1
 
2r
 (2.35)
H  j
1 1
 
Im  l  θ cos  cos   φ sin  e
 j kr
A .m
1
 
 2r Z 0

A equivalência entre os campos gerados pelo DMH e a espira condutora, figura 2.6, implica,
como visto anteriormente a partir da equação (2.24), que os momentos eletromagnéticos sejam
equivalentes. Portanto, os campos radiados pela espira elementar situada a um plano perpendicular ao

DMH, com amplitude complexa de corrente I , obtidos a partir da dualidade das equações de Maxwell,
são dados por:

 Z 0 a   j kr 2

 
e
I θ sin   φ cos  cos   V . m
1
 E 

2
r
 (2.36)
 a 
2  j kr

 
e
H   I θ sin   φ cos  cos   A . m
1

 
2
r

Comparando com a expressão do campo radiado pelo DMH, e identificando a área da

espira por S   a
2
m  , concluímos que são iguais desde que:
2

1 Z 0 1 1 
j I m  l   I S  e j I m  l    I S 
2r  2r Z 0
2

2

Estas duas equações são obviamente redutíveis a uma equação única, com a forma:

2Z 0
I m  l   j I S  (2.37)

17
2.3. Simulação do diagrama de radiação da antena em espira em Matlab

Neste parágrafo apresentam-se algumas simulações obtidas, utilizando o programa Matlab,


dos diagramas de radiação do campo radiado pela antena de espira, de geometria circular, assente no
plano yz. Para a simulação utilizou-se a expressão do campo radiado dado em (2.19).
Para o campo radiado no plano yz considera-se    / 2 e o ângulo  variável, figura 2.7.

Como se pode observar o diagrama é omnidirecional nesse plano, ou seja, o valor do campo radiado
em módulo é igual para qualquer variação do ângulo  . Nota que, o eixo y corresponde a   90 º e

para o eixo z tem-se   0 º .

Figura 2.7 Diagrama do campo radiado pela espira no plano yz

No plano zx tem-se   0 com  variável. A Figura 2.8 representa o valor do campo radiado

em módulo para esse plano. Observa-se que para   0 tem-se o campo máximo segundo o eixo z

e, quando    / 2 ,correspondente ao eixo dos x , o campo é nulo como era expectável para o DMH
orientado segundo x.

Figura 2.8 Diagrama do campo radiado pela espira no plano zx

18
No plano xy corresponde a fazer-se    / 2 com o ângulo  variável. Nesse plano, o campo

radiado é máximo segundo o eixo y (   90 º ) e nulo no eixo x (   0 º ), como se pode observar na

Figura 2.9.

Figura 2.9 Diagrama do campo radiado pela espira no plano xy

2.4. Simulação do diagrama de radiação da antena em espira em MMANA-GAL basic

A verificação dos resultados do módulo do campo radiado obtidos em Matlab foi realizada
através da simulação de uma antena em espira no ambiente “MMANA-GAL basic”. Uma vez que este
ambiente não permite representar a antena em espira com uma configuração circular, fez-se uma
aproximação por uma antena de quadro (antena em espira com uma geometria retangular), com a
mesma área da espira circular, figura 2.10. Admitiu-se que, tal como visto no início deste capítulo, a
dimensão característica da espira l verifica a desigualdade l   . Os resultados obtidos na
aproximação de campo distante não dependem da configuração geométrica da espira mas sim da área
por ela delimitada.
A figura 2.10 representa uma antena de quadro desenhada no ambiente “MMANA-GAL basic”
assente no plano yz, com um comprimento do lado l  710 mm . O lado desta espira foi escolhido de

modo a que a área por ela delimitada fosse igual à da espira de geometria circular anteriormente
considerada. Deste modo os resultados para o módulo do campo distante na espira quadrada são
iguais aos obtidos com a espira circular.

19
Figura 2.10 Representação de uma antena de quadro no ambiente “MMANA-GAL basic”

Os diagramas de radiação da antena de quadro em espaço livre quando a frequência do sinal


emitido é f  4 MHz e l  710 mm estão representados nas figuras 2.11, 2.12 e 2.13.

Figura 2.11 Diagrama de radiação no plano xy

Figura 2.12 Diagrama de radiação no plano xz

20
Figura 2.13 Representação tridimensional do diagrama de radiação da antena em quadro em espaço
livre.

Os diagramas de radiação em espaço livre obtidos permitem tirar as mesmas conclusões dos
resultados obtidos com os diagramas de radiação representados pelo Matlab. A antena assente no
plano yz é omnidirecional no plano yz com o campo nulo no eixo x.
As figuras 2.14, 2.15 e 2.16 representam os diagramas de radiação para a mesma antena, mas
considerando agora que se encontra a uma altura de 1,7 metros do solo (altura aproximada de uma
viatura militar), situação mais próxima do funcionamento real. E considerando também o efeito da
reflexão no solo.

Figura 2.14 Representação tridimensional do diagrama de radiação com a antena a 1,7 m do solo

21
Figura 2.15 Representação do diagrama de radiação no plano xy e zx a 1,7 m do solo

Figura 2.16 Diagramas de radiação da antena em quadra em espaço livre e considerando o efeito do
solo

Comparando com os resultados obtidos em Matlab, os diagramas do campo radiado pela


antena utilizando o ambiente “MMANA-GAL basic” têm em conta aspetos como o material da antena
(cobre, alumínio, ferro etc.) que têm por exemplo condutividades, permeabilidades magnética e elétrica
diferentes e que influenciam o campo radiado. No ambiente “MMANA-GAL basic” é possível introduzir
o efeito provocado pelo solo definindo a altura em que a antena se encontra do mesmo. Ora, analisando
os diagramas obtidos com a antena a 1,7m do solo e comparando com a antena em espaço livre, figura
2.16, observa-se que, contrariamente ao que se verifica em espaço livre, o campo não é nulo no eixo
x, e a sua intensidade é maior.

22
De seguida apresenta-se o diagrama de radiação para três frequências de trabalho, de forma
a compara-las.

Figura 2.17 Diagrama de radiação para três frequências no plano zx

Figura 2.18 Diagrama de radiação para três frequências no plano yx

Na tabela 2.1 apresentam-se os valores de alguns parâmetros que caracterizam a antena para
as três frequências considerdas

Tabela 2.1 Valores dos parâmetros da antena para três frequências

Analisando os resultados obtidos, verifica-se que, tanto a impedância de entrada como a


relação de onda estacionária (ROE em português e SWR em inglês) e o ganho aumentam com a
frequência de trabalho.

23
2.5. Largura de feixe a 3 dB da antena em espira

Para se obter a largura de feixe da antena em espira através do “ambiente MMANA-GAL”


procedeu-se da seguinte forma:

1. Verificação do ganho máximo para um ângulo de elevação de 90 graus,

G Max
 30 , 5 dB 

Figura 2.19 Ganho máximo da antena para uma elevação de 90 graus

2. Verificação dos ângulos de elevação para  G Max


 3    33 , 5 dB 

Figura 2.20 Ângulos de elevação à -3dBi

Como se pode verificar pela figura 2.20 existem dois ângulos de elevação para o ganho máximo à  3
[dB], 135 e 45 graus. A largura de feixe (beamwidth,  B ) da antena é então obtida como se segue:

 B  135   45   90 

24
Conclui-se que, tal como o DMH, a antena de espira tem uma largura de feixe de 90  . Deve-
se notar que os resultados obtidos são para a antena em espaço livre

2.6. Impedância de entrada

De seguida apresentam-se dois gráficos da variação de impedância de entrada (Resistência e


Reactância) em função da frequência, construídos a partir de dados fornecidos pelo “MMANA-GAL
basic”. Como se pode comprovar pelos gráficos, a antena em espira é caracterizada por ter uma
impedância de entrada, isto é razão entre a tensão e a corrente aos terminais, muito reativa (reactância
muito elevada, mas indutiva como era de esperar) em contrapartida, tem uma resistência pequena,
figura 2.21 e 2.22.

o Resistência

Resistência de entrada
0,6
0,5
0,4
R [Ohm] 0,3
0,2
0,1
0

Freq [Hz]

Figura 2.21 Resistência de entrada

o Reactância

Reactância de entrada
250
200
150
X [Ohm]
100
50
0

Freq [Hz]

Figura 2.22 Reactância de entrada

25
2.7. Derivação da diretividade da espira e o ganho

A diretividade de uma antena define-se como sendo a razão entre a intensidade de radiação
numa determinada direção e a intensidade média de radiação. A intensidade média é igual à potência
total radiada a dividir por 4  , que é o ângulo sólido total. Se a direção não é especificada, subentende-
se a direção de radiação máxima. Assim, a diretividade da antena é definida por:

U
D  4
M
(2.38)
Pr

2
r 2 1
é a intensidade de radiação na direção do máximo, P r 
2
em que U M
 E R rI é a potência
M
2Z 0 2

total radiada e R r , definido anteriormente ,é a resistência de radiação.

No subcapítulo 2.1, obteve-se a expressão do campo para uma antena em espira de pequena dimensão
(raio a   ) como se segue:

 Z 0 IS
E   sin   cos  cos   (2.39)
 r
2

A intensidade máxima do campo corresponde a ter-se  sin   cos  cos    1

 Z 0 IS
E M
 (2.40)
 r
2

A resistência de radiação, R r , também já foi referido anteriormente e é dada na equação 2.1:

2
s
 320 
4
R r

4

Substituindo a expressão da intensidade do campo máximo, E M


, e a expressão da resistência radiada,

R r
em U M
e P r , respetivamente, obtém-se a expressão final da diretividade

4 Z 0
3

D  (2.41)
320 
4

26
Uma vez que a impedância característica do meio, Z 0 , vale 120  , tem-se o seguinte resultado da

diretividade para uma antena em espira:

D  1, 5

Este resultado coincide com a diretividade do DEH e do DMH. O ganho G vai depender da
frequência, porque a eficiência (rendimento) da antena é função da frequência.

R
G  D 
r
D (2.42)
R r
 R p

depende de 1 /  , e portanto aumenta com o aumento da


4
A resistência de radiação R r

frequência, e a resistência de perda R p aumenta também com a frequência, devido ao efeito pelicular.

O efeito pelicular é proporcional à intensidade de corrente e aumenta com a raiz quadrada da


frequência, com a permeabilidade magnética e com a condutividade elétrica do condutor.
Considerando a antena em aspira com uma configuração circular de alumínio, com um diâmetro
2 a  800 mm e um diâmetro de espessura 2 b  30 mm , figura 2.23, obteve-se o gráfico da

eficiência da antena em função da frequência, figura 2.24. Pela observação do gráfico, verifica-se que
o ganho da antena aumenta com a frequência.

Figura 2.23 Dimensões de uma antena em espira com geometria circular

27
Figura 2.24 Eficiência da antena em espira

2.8. Conclusões do capítulo

Para efeitos de comunicação NVIS a antena deve ter o seu máximo de radiação na vertical
com aproximação ao zénite. A antena em espira carateriza-se por ter uma resistência de radiação
bastante pequena e por ser muito indutiva. Facto que é compensado pela utilização de um condensador
variável, que faz a sintonia da antena.
No plano horizontal, esta antena irá radiar praticamente em todas direções, o que é bom
quando a antena é instalada numa viatura militar, pois permite assegurar uma melhor emissão/receção
do sinal para comunicações táticas móveis. O ângulo medido entre as direções segundo as quais a
intensidade de radiação é máxima (largura de feixe) está concentrada na área que é perpendicular ao
horizonte.
O fato desta antena ser omnidirecional no plano yz, aliado com ângulos de radiação elevados
e, considerando que a ionosfera se encontra a uma altura h que supostamente coincidente com o eixo
dos z, faz com que esta antena seja apropriada para comunicações NVIS, sobretudo quando instalada
numa viatura militar, pois, é muito simples de ser montada, funciona muito bem a poucos metros do
solo (altura de uma viatura militar, 1,7 m) e, como a sua rotação é realizada com grande facilidade,
pode ser dirigida para o ponto de maior intensidade do campo.

28
3. Propagação via ionosfera

3.1. Introdução

A seleção da frequência de trabalho adequada é essencial para o bom funcionamento da


comunicação explorando os efeitos NVIS. Esta frequência depende muito das condições do meio em
causa, que é bastante variável. Neste capítulo faz-se o estudo teórico das características do meio
envolvente bem como dos efeitos provocados nas comunicações em onda curta.
A atmosfera terrestre é essencialmente constituída por dois tipos de gases (oxigénio e azoto)
e encontra-se separada em três zonas principais. A primeira zona, a troposfera, inicia-se na superfície
terrestre e estende-se até uma altitude compreendida entre 6 e 11 km. Nesta zona da atmosfera a
temperatura do ar varia principalmente com a altura, tornando-se consideravelmente baixa a grandes
altitudes. A estratosfera encontra-se logo acima da troposfera atingindo uma altitude que se estende
aproximadamente até os 45 km. A última zona, aquela sobre a qual nos iremos debruçar ao longo deste
capítulo dadas as suas características, que permitem reflexão de onda curta entre 3 e 30 MHz, é a
ionosfera. Esta região Inicia-se a uma altitude acima dos 60 km, abrangendo ligeiramente parte da
mesosfera (região imediatamente acima da estratosfera), atingindo aproximadamente 600 km de
altitude. Tal como se pode observar na figura 3.1, a ionosfera abrange três regiões distintas: mesosfera,
termosfera e exosfera [15].

Figura 3.1 Representação esquemática da atmosfera terrestre

29
A ionosfera é constituída maioritariamente por um plasma frio, resultante da ionização das
partículas que a constituem. A radiação eletromagnética (incluindo raios ultravioletas vinda do sol) e
raios cósmicos, partículas carregadas de energias que se deslocam a velocidade da luz, ionizam as
moléculas de gases (maioritariamente o oxigénio e o azoto) existentes nesta região, produzindo o
plasma ionosférico. O processo de ionização consiste na remoção de eletrões dos átomos ou moléculas
eletricamente neutros para se obter iões carregados positivamente e eletrões livres, dando à camada
a propriedade refletora, que levou à sua utilização logo no início das comunicações via rádio, para
estabelecer ligações entre pontos muito distantes sobre a superfície da Terra.
Para se entender a propriedade refletora das camadas que constituem a ionosfera podemos
invocar a lei de Snell-Descartes ou, simplesmente, lei de refração. Esta lei afirma que, considerando
um meio plasmático com camadas paralelas de densidade semelhantes, o índice de refração n diminui
com a altura. De acordo com a lei de refração, um raio incidente precedente da terra, curvará até atingir
uma trajetória horizontal, figura 3.2. Quando o raio incidente é emitido verticalmente, a curvatura dos
raios ao atravessar cada uma das camadas é cada vez maior não ocorrendo refração, mas sim a
reflexão total em todas as camadas e em todas as direções. Este fenómeno, reflexão total, ocorre com
o mínimo de perdas, desde que a frequência de trabalho, estabelecida previamente, fique abaixo das
frequências críticas de cada uma das camadas [16]. Para se ter uma noção da ordem de grandeza, um
sinal de onda rádio que se reflete à uma altura de 300 km na ionosfera tem um horizonte de cerca de
2000 km, isto é, tem uma linha de vista que pode atingir 2000 km, usando frequências na banda de
ondas curtas (3 a 30 MHz) [17].

Figura 3.2 Lei de Snell-Descartes

A existência de eletrões livres na atmosfera superior permite que esta seja eletricamente
condutora, suportando correntes elétricas e consequentemente a propagação de ondas rádio. A figura
3.3 ilustra o processo de produção de um eletrão livre na ionosfera [18].

30
Figura 3.3 Produção de eletrão livre na ionosfera

O processo inverso é a recombinação que consiste na perda de eletrões livres resultante da


proximidade de cargas de sinal oposto (eletrões e iões). Este fenómeno ocorre continuamente, sendo
mais intenso durante a noite. A figura 3.4 ilustra o fenómeno de recombinação, [18].

Figura 3.4 Processo de Recombinação de dois iões

A grande altitude, como se pode observar na figura 3.5, a intensidade da fonte de ionização
(fluxo de energia solar) é mais elevada e a densidade atmosférica é mais baixa, e portanto atinge-se
um equilíbrio entre os mecanismos de decomposição e de recombinação para um número muito
reduzido de pares ião-eletrão, ainda que a ionização possa ser praticamente total [17]. A baixa altitude
a probabilidade de ocorrer recombinação é muito maior porque a intensidade da principal fonte de
ionização reduz-se (a radiação solar é absorvida pelas camadas superiores) e a densidade atmosférica
é muita mais elevada.

Figura 3.5 Processo de formação da camada atmosférica


31
A denominação ionosfera resulta dos iões que são formados nessa região da atmosfera. Mas,
são os eletrões livres que se movimentam com maior liberdade, que são importantes para a propagação
via rádio, pois são estes que provocam a reflexão/refração de onda curta e eventualmente o seu retorno
à terra. Quanto maior é a densidade de eletrões maior será a frequência do sinal que pode ser refletida.
Pois, a frequência do plasma, aquela que a partir do qual se estabelece a frequência de trabalho,
aumenta com a densidade de eletrões.
Com o propósito de estudar a densidade de eletrões no plasma ionosférico, o International
Reference Ionosphere (IRI), projeto internacional apoiado pelo Commitee on Space Research
(COSPAR) e pelo International Union of Radio Science (URSI), definiu um modelo que estratifica a
ionosfera em três camadas.

 Camada D
 Camada E
 Camada F (subdivide-se em duas subcamadas, F1 e F2)

3.2. Variações na Ionosfera

A densidade de eletrões em cada uma das camadas não é sempre a mesma, varia com
diversos fatores como por exemplo: variação da altitude, da hora do dia, ocorrência do ciclo solar
(sunspot), variação sazonal, variação com a latitude etc..

 Variação da altitude

Em baixas altitudes a densidade do ar tem uma densidade tão elevada de partículas, que é
praticamente impossível obter densidades de iões comparáveis à densidades de partículas neutras.
Quando se sobe em altitude a densidade do ar torna-se cada vez mais baixa, os iões que habitam
nestas regiões podem viajar para longas distâncias antes de se recombinarem, consequentemente o
tempo de vida dos iões aumenta e, como a intensidade de radiação é grande a densidade de iões
cresce e atinge valores consideráveis face à densidade de partículas neutras. A figura 3.6 ilustra as
várias camadas existentes na ionosfera, os iões predominantes em cada uma delas e a variação da
densidade de eletrões à medida que se sobe em altura [3].

32
Figura 3.6 Variação da densidade de eletrões com a altitude, Km

 Variação do ciclo solar diário

A maior fonte de ionização da ionosfera provém da radiação ultravioleta proveniente do sol. O


ciclo diário do nascer até ao pôr-do-sol é uma variação que afeta profundamente a ionização. A taxa
de ionização cresce até próximo do meio-dia solar, quando o sol incide mais fortemente sobre a
superfície terrestre. Após essa hora a intensidade da radiação solar diminui e os níveis de ionização
tendem a cair rapidamente à medida que o sol se põe. Alterando as características de propagação ao
escurecer. As diferentes durações do período de dia e de noite durante o verão e o inverno causam
variações sazonais na propagação via ionosfera. Na figura 3.7 observa-se a variação da densidade de
eletrões em cada uma das camadas (D, E, F1 e F2) durante o dia e a noite, tendo em conta os máximos
e mínimos solares, em função da altitude. Nota-se que durante o dia podem estar presentes na
ionosfera as quatro camadas, mas durante a noite apenas a camada F2 persiste, a camada F1
desaparece misturando-se com a camada F2. Normalmente associa-se a camada F à camada F2, uma
vez que ela está sempre presente na ionosfera. Observa-se também que as regiões mais povoadas de
eletrões se encontram nas camadas E e F [19]

33
Figura 3.7 Variação da densidade de eletrões em função da atividade solar

 Variação do ciclo solar – 11 anos, sunspot

Um outro tipo de ciclo solar resulta do período em que ocorrem mudanças na atividade do sol.
Este período está compreendido aproximadamente entre 9 e 14 anos, sendo em média de 11 anos. O
número de manchas solares, relaciona-se com a variação deste ciclo, variando com o mesmo período
de tempo. Estas manchas são a principal fonte de radiação ultravioleta e, consistem em manchas
negras que aparecem no sol causadas pela sua intensa atividade magnética, podendo atingir diâmetros
bastante largos (na ordem de 70.000 e 80.000 milhas), figura 3.8 [20].

Figura 3.8 Manchas solares

O menor número registado de manchas solares ocorreu em 1907 com um total de 60 e o registo
máximo ocorreu em 1958 atingindo um total de 200 manchas solares. Como consequência, os efeitos

34
desta variação no número de manchas solares são sentidos na ionosfera e afetam a comunicação em
onda curta. A figura 3.9 mostra a variação do número de manchas solares ao longo dos anos [21].

Figura 3.9 Número médio de manchas solares ao longo dos


anos

 Variação sazonal

A variação sazonal é o resultado do movimento de translação da terra em torno do sol. A


posição relativa de cada um dos hemisférios terrestres em relação ao sol muda, resultando nas
estações do ano. Durante o verão o ângulo de radiação solar que incide nas camadas D, E e F1 é
maior, o que faz aumentar a densidade de eletrões nestas camadas. No entanto isto não se verifica na
camada F2 de forma tão simplista, a ionização é maior no inverno que no verão. A justificação para
este fato prende-se com um fenómeno denominado de anomalia de inverno. A meia latitude, como
seria de esperar, a produção de iões na camada F2 é maior no verão uma vez que a radiação solar
incide mais na vertical sobre a superfície terrestre. No entanto, existem mudanças, provocadas pelas
mudanças sazonais, na proporção de moléculas e átomos que constituem a atmosfera e que provocam
o aumento na taxa de recombinação durante o verão. Ora, o aumento de perda de iões que ocorre
durante o verão na camada F2 sobrecarrega a sua produção, resultando num total de ionização na
camada F2 mais baixo durante os meses de verão. Este fenómeno, conhecido por anomalia de inverno,
ocorre sobretudo no hemisfério norte. Logo, as frequências de trabalho para a propagação são maiores
no inverno do que no verão na camada F2.

 Variação com a latitude

Na figura 3.10 observa-se a variação da frequência máxima com a variação da latitude


magnética durante o período do meio-dia (hemisfério diurno) e meia-noite (hemisfério noturno) para as
camadas E e F da ionosfera. Durante o dia, à medida que a latitude aumenta, os eletrões livres nas
duas camadas decaem porque a radiação solar que incide na atmosfera torna-se cada vez mais oblíqua
e menos intensa. Durante a noite esta variação mantém-se na camada F devido a ação de correntes
35
de ventos quentes, na atmosfera superior, vinda do lado do hemisfério que é iluminado pelo sol. Nota-
se que, tanto durante o dia como durante a noite existe um grande desvio na variação da frequência
máxima na camada F. No período de dia atinge-se um pico de frequência máxima sensivelmente a 15º
e 20º norte e sul do equador. Este pico de frequência designa-se por anomalia equatorial e deve-se ao
aumento da densidade de eletrões que se verifica nesta região. Por outro lado, durante a noite, a
frequência atinge o mínimo a volta dos 60 graus latitude. Este fenómeno é denominado de ‘trough’ ou
em português ‘zona de depressão ou buraco’ e é formado entre a zona auroral e a zona da ionosfera
a média latitude [18]

Figura 3.10 Variação com a latitude da frequência máxima de sinais de rádio utilizável ao longo de um
dia

Estes fatores condicionam a quantidade de eletrões livres e, consequentemente, a propagação


de ondas rádio uma vez que alteram as propriedades do plasma ionósférico.

3.3. Modelos da ionosfera


3.3.1. Estratificação da ionosfera

Como já foi referido, a ionosfera pode ser considerada como um meio estratificado em que se
distinguem três camadas principais: camadas D, E e F (com a camada F subdividida em duas
subcamadas, F1 e F2). Este modelo permite o estudo do plasma ionosférico tendo em conta a
densidade, temperatura e velocidade médias dos eletrões livres e iões.
As alturas aproximadas das camadas são as seguintes:

 Camada D – de 60 a 90 km;
 Camada E – de 90 a 140 km;
 Camada F1 – de 140 a 210 km;
 Camada F2 – acima dos 210 km.

36
3.3.1.1. Camada D

Esta é a camada inferior da ionosfera, situada aproximadamente entre 60 e 90 km acima da


superfície terrestre e possui uma densidade de eletrões que ronda os 102 e 104 cm-3 [22].
Ao contrário das outras duas camadas (E e F), não se encontra tão ionizada porque, em
primeiro lugar, a principal fonte de energia, radiação solar, é absorvida pelas camadas superiores. Por
outro lado, o fato de a atmosfera estar muito mais povoada de partículas faz com que o fenómeno de
recombinação ocorra muito mais rapidamente nessa região.
O fenómeno de ionização nesta camada ocorre principalmente nos meses mais quentes do
ano, durante o verão, devido a elevação do sol relativamente à terra ser maior e a duração das horas
do dia prolongar-se por muito mais tempo. Após o pôr-do-sol esta camada acaba por desaparecer.
Durante o dia, comporta-se como um atenuador de onda curta e para comunicações de onda
longa comporta-se como refletor.

3.3.1.2. Camada E

A camada E situa-se no nível intermédio da ionosfera a uma altitude entre os 90 e 140 km


acima da superfície terrestre e tem uma densidade de eletrões a rondar os 105 cm3 [22]. A ionização
ocorre devido aos raios X e radiação ultravioleta que ionizam as moléculas de oxigénio presentes nesta
região. Tal como a camada D, a ionização ocorre durante o período diurno, alcançando maiores níveis
nas horas de maior calor, meio-dia. De um modo geral, ao escurecer os níveis de ionização tendem a
diminuir porque a fonte principal de ionização, radiação ultravioleta, desaparece e os efeitos da camada,
no que respeita à comunicação por ondas rádio, deixa de fazer efeito.
Durante a maior parte do ano, esta camada comporta-se como uma camada que absorve as
ondas HF (high frequency). Mas, durante os meses mais quentes do ano, sobretudo no verão e na
região do equador em outras alturas do ano, é possível ocorrer propagação de onda rádio HF. O
fenómeno de propagação que ocorre nesta camada é conhecido por short skip, porque são refletidas
ondas médias para um alcance de 160 km e sinais de onda curta para um alcance que pode atingir os
1600 km [20].

3.3.1.3. Camada F

Esta é a principal região da ionosfera para comunicação por onda curta por permitir reflexão de
ondas curtas, que permitem atingir longas distâncias, sendo possível alcançar uma distância até 4000
km num único salto [20]. A camada F subdivide-se em duas subcamadas, F1 e F2. A primeira camada
existe apenas durante o período do dia e localiza-se entre os 140 e 210 km acima da superfície, durante
um certo período do ciclo solar diário, esta camada deixa de ser distinguida da camada F2 acabando
por desaparecer. A subcamada F2 existe tanto de dia como de noite a uma altura acima dos 210 km.
A camada F2 persiste durante a noite porque o tempo de vida média dos eletrões é maior, cerca de 20
minutos, ao contrário do que acontece nas outras camadas onde os eletrões livres têm um tempo de

37
vida médio mais curto, cerca de 20 segundos e 1 minuto respetivamente para as camadas E e F1 [15]
[18] [23].

3.3.1.4. Camada Esporádica, Es

Um fenómeno que faz parte da camada E é conhecido por camada E esporádica, Es. Esta
camada caracteriza-se por uma intensa nuvem fina ionizada capaz de suportar reflexões de ondas
rádio com frequências superior a 50 MHz. Este fenómeno varia sazonalmente, ocorre mais
frequentemente durante o verão quando a atividade solar é mais intensa, e está relacionado com
bombardeamentos de partículas vindas do sol. A duração deste fenómeno é variável, tanto pode durar
uns minutos como umas horas.

3.4. Frequência de plasma para cada camada

A frequência de plasma, definida na ausência do campo magnético imposto, resulta de uma


oscilação nas partículas dos gases eletricamente neutros que constituem a ionosfera. Esta oscilação
resulta da separação de eletrões livres e iões segundo uma direção x e na formação de duas camadas
de espessura dx com densidade de carga superficial q . N e dx , onde a carga de um eletrão é dada por

 q , como se pode ver na figura 3.11 [17].

Figura 3.11 Processo de formação do plasma

Desta separação resulta um campo elétrico que é dado, a partir da equação  . D   , por:

qN e x
E   (3.1)
0

38
Os eletrões e os iões, inicialmente perturbados, ficam sujeitos a uma força elétrica qN e E , que

lhes permite oscilar em torno da posição de repouso com uma frequência característica conhecida por
frequência de plasma f p :

p 1 q N
2

fp  
e
(3.2)
2 2 m e 0

O número de eletrões, N e , varia com a altura de cada uma das camadas da ionosfera e com

as diversas variações e anomalias. Já os parâmetros q , m e e  0 são fixos, e valem respetivamente:

 19
q   1 , 59  10 C
 31
m e
 9 ,107  10 Kg

1 9 1
0   10 F .m
36 

A figura 3.12 mostra a variação da frequência do plasma com a variação do número de


manchas solares (manchas negras resultante da intensa atividade magnética do sol) nas camadas E,
F1 e F2 [24]

Figura 3.12 Variação da frequência do plasma com o nº de manchas solares

Fazendo uso dos dados dos parâmetros fixos, a frequência de plasma, f p , vem dado por:

 p
f p
  80 . 55 N e
(3.3)
2

39
A frequência do plasma pode ser medida recorrendo ao uso de ionosondas, dispositivos
espalhados pelo planeta cuja função é mapear as camadas da ionosfera. A figura 3.13 mostra as
diferentes frequências do plasma, no mês de julho de 2014, em função da altitude e da hora do dia
medido pelo ionosonda do observatório de Ebro em Espanha [25].
Observa-se na figura 3.13 que entre 90 e 140 km, região onde se encontra a camada E, a
frequência de plasma oscila entre os 3,5 e 4,5 MHz, correspondente ao período do dia em que a altura
do sol é maior, ou seja, meio-dia. No período da noite, como se pode observar, não existe nenhuma
frequência de plasma medido para a mesma altura, porque o processo de ionização que ocorre nesta
região da ionosfera deixa de se fazer sentir. Para a altura compreendida entre 140 e 210 km tem-se a
camada F1. Como a densidade de eletrões na região F1 é praticamente nula no período noturno, a
frequência do plasma medida pelo ionosonda é também nula. Ao meio dia tem-se maiores níveis de
eletrões, o que se reflete na frequência do plasma a oscilar entre 7 e 7,5 MHz na camada F1. Por fim,
para alturas acima dos 210 km tem-se a camada F2. Esta camada encontra-se sempre presente na
ionosfera logo a frequência do plasma é medido a qualquer hora do dia. À meia-noite a frequência do
plasma oscila entre 3 e 6 MHz e ao meio-dia encontram-se compreendidos entre 6 e 8 MHz.

Figura 3.13 Variação da frequência do plasma com a altitude

40
Fazendo uso da figura 3.7, variação da densidade de eletrões em função da atividade solar,
procede-se ao cálculo da frequência do plasma através da equação 3.3.

Tabela 3.1 Frequência do plasma para diferentes fases da atividade solar

Mínimo solar Máximo solar Mínimo solar Máximo solar


(período do dia) (período do dia) (Período da Noite) (Período da Noite)
Camadas Frequência de plasma (MHz)
D 0,897 1,55 --- ---
E 2,84 4 0,284 0,695
F1 4,9 8,97 --- ---
F2 5,7 13,6 2,84 4

3.5. Propagação na ionosfera

O comportamento do plasma ionosférico é muito semelhante ao de um meio gasoso constituído


por eletrões livres. Na ionização das moléculas de gases, sob ação de um campo elétrico de altas
frequências apenas o movimento dos eletrões livres é importante porque, relativamente aos iões, estes
são muito mais leves [26] [27].
A equação da conservação do momento linear (equação fundamental da dinâmica dos
eletrões), é dada por:

dv
 mv  qE
e
m e e
(3.4)
dt

Em que m e
representa a massa de um eletrão ( m e
 9 . 1  10
 31
kg  ), q e
é a carga de um

eletrão ( q e   1 . 6  10
 19
C  ), v e
corresponde a velocidade do eletrão, E é o campo elétrico

atuante e  é a frequência de colisões, isto é, o número de colisões que ocorrem por segundo entre

os eletrões e as várias partículas dos diferentes gases constituintes da ionosfera. O termo   m v e

corresponde as inúmeras colisões que os eletrões estão sujeitos a baixas altitudes.


Considerando que as derivadas no tempo são equivalentes à d / dt  j  e, substituindo na

equação (3.4) tem-se:

m e v e j   m e v e
 qE (3.5)

41
resolvendo a equação (3.5) em ordem a v e
resulta:

 qE
v e
 (3.6)
j m e
 m

A densidade de corrente de convecção, J , criada nas moléculas de gases é dada por:

J   Nq v e
[Am-2] (3.7)

em que N é a densidade de eletrões do plasma dada em eletrões/m 3.

Substituindo a equação da velocidade de eletrões, (3.6), na equação da corrente de convecção, vem:

2
Nq
J  E (3.8)
j m e
 m e

A partir da equação de Maxwell tem-se:

  H  j  0
E  J (3.9)

o termo  0 é a permitividade elétrica do vácuo, também conhecido por constante dielétrica do meio.

Substituindo (3.8) em (3.9) resulta:

 Nq
2

  H  j  
0 
1  E (3.10)

  0 m e  j 
2
 0
m e 

A partir desta última equação encontrámos a constante dielétrica equivalente para o plasma ionosférico,

 eq .

 Nq
2

 eq 
 0 1 2  (3.11)
 
   0 m e  j  0
m e 

Nota que a expressão da constante dielétrica equivalente para o plasma é complexa.

2
Nq
Tendo em conta que a frequência do plasma é dada por  p  , tem-se para a
m e 0

constante dielétrica equivalente:


42
 
2
p
 eq   0 1   (3.12)
    j   
 

Atendendo que  eq   r  0 e que a constante de propagação é dada por:

k    0 r 0 (3.13)

em que  0
é a permeabilidade magnética do vácuo.

substituindo (3.12) em (3.13), tem-se a correspondente constante de propagação para um plasma


ionosférico:

2
p
k  k 1 (3.14)
   j  
0


onde k 0    0  0  .
C
Esta fórmula mostra que, quando a frequência de colisão é próxima da frequência  , as
colisões entre os eletrões e as partículas produzirão absorções mais elevadas para ondas de baixas
frequências [26]. Nota que, para:

    p , a constante de propagação k é real, ou seja, a onda ao penetrar na camada

ionosférica irá propagar-se sem ser atenuada;


    p , para este caso, a constante de propagação k é imaginário. Tem-se por isso uma

onda evanescente com um decaimento exponencial.


    p , para este caso, k  0 , não há portanto propagação da onda eletromagnética dentro

da camada ionosférica. Esta frequência  , quando iguala  p , é conhecida como a frequência

crítica, frequência através do qual a constante de propagação é zero. Para este caso, a onda
eletromagnética é refletida para a superfície terrestre, figura 3.14. Nota que, que a frequência
crítica depende da altitude porque a densidade de eletrões é em função da altura [27].

43
Figura 3.14 Fenómeno de reflexão de uma onda ao incidir no plasma ionosférico

Como se pode observar, a expressão para a constante de propagação de um plasma


ionosférico, equação (3.14), é complexo, ou seja, k    j  . Em que a componente real 

corresponde a variação de fase e o termo imaginário  indica a constante da atenuação.

A constante de atenuação (consultar apêndice 5) vem dada por:

2
p 
   Neper /m (3.15)

2C 
2
 
2

De seguida, apresentam-se as constantes de atenuações para cada uma das camadas da


ionosfera para uma frequência de trabalho de 6 MHz. Os valores da frequência do plasma são os
obtidos da tabela 3.1 e a frequência de colisões em cada uma das camadas foram retirados de uma
tese de mestrado realizada em 2013 [28]. Dos resultados obtidos para as constantes de atenuações
conclui-se que a camada D é a que provoca uma maior atenuação do sinal emitido, por ter uma
densidade superior em relação às outras camadas e as frequências de colisões serem também
maiores.

Tabela 3.2 Constante de atenuações para as várias camadas da ionosfera

Camadas    
MHz   Neper /m
p

MHz  colisões 
D 1,55 6 106 1,08x10-4
E 4 6 104 7,4x10-6
F1 8,97 6 103 3,72x10-6

F2 13,6 6 102 8,56x10-7

44
3.6. Modelos teórico do plasma ionosférico

Existem muitos propósitos para se estabelecer uma expressão analítica que descreva o perfil
da densidade de eletrões na ionosfera, particularmente para o estudo computacional. Chapman foi o
primeiro físico a estabelecer uma expressão matemática para a camada ionosférica, baseando-se na
variação da densidade de eletrões em função da altura e inclinação do sol, N ( h ,  ) . Com o propósito

de simplificar a expressão matemática estabelecida por Chapman, seguiram-se vários modelos para o
cálculo de trajetórias de raios na ionosfera, tendo como aproximação o modelo estabelecido por
Chapmam. As representações mais frequentes são as seguintes: modelo linear, modelo parabólico e
modelo exponencial.

3.6.1. Modelo de Chapman

Para este modelo, Sydney Chapman, considerou um certo número de hipóteses simplificativas
[17]:

 Existência de um único gás que constitui a atmosfera;


 Possibilidade de definir uma secção eficaz  independente do tipo de átomo ou
molécula ionizada e da frequência de ionização;
 O único mecanismo de ionização é o efeito fotoelétrico (remoção do eletrão por
incidência da radiação solar);
 Existência de um feixe paralelo de radiação ionizante monocromático proveniente do
sol;
 A radiação solar é atenuada exponencialmente;
 A constante de recombinação é independente da natureza dos iões, da temperatura e
da pressão;
 Durante um certo período de tempo, a taxa de formação de iões tem de ser idêntica à
taxa da sua recombinação para que haja equilíbrio e consequentemente uma
ionosfera estável;
 Considera-se a Terra plana, para simplificar a geometria.

Considerando  o ângulo que o sol faz em relação ao zénite ao incidir na atmosfera, Figura

3.15 [19], N eM
a densidade máxima de eletrões, h a altura, h M a localização do máximo

correspondente ao sol colocado no zénite    0  e H a altura de escala, a densidade de eletrões

satisfaz a seguinte relação:

45
1  h  h  h  h 
N e
h ,    N eM
exp  1 
M
 sec  . exp  
M
 3.16
2  H  H 

A altura característica H é dada pela seguinte expressão:

k .T
H  3.17
m .g

onde T é a temperatura absoluta  º K , k é a constante de Boltzmann 1 . 38  10 


 23 1
JºK

, m corresponde à massa de um quilograma-mol e por fim g é a aceleração da gravidade m . s 


2

Figura 3.15 Ângulo em relação ao zénite

Este modelo simplista introduzido por Chapman tem várias limitações pelos seguintes motivos:
não considera a colisão entre partículas, o efeito do campo magnético, ignora a existência de outras
fontes de ionização e considera que a intensidade solar é constante. No entanto, a sua utilização não
é de todo desapropriada, uma vez que conduz a resultados comparáveis com a estrutura medida da
ionosfera.
Em muitos casos, como por exemplo no cálculo de trajetórias de raios na camada inferior da
ionosfera, é desejável recorrer a representações mais simples do que aquela que é estabelecida por
Chapman. Mantendo sempre um certo rigor nas aproximações, apresentam-se de seguida alguns
modelos mais frequentes para as trajetórias de raios na ionosfera.

46
3.6.2. Modelo Linear

Este modelo considera que a partir de uma certa altura a densidade de eletrões cresce
linearmente e possibilita decompor um perfil para a ionosfera em estratos sucessivos, figura 3.16 [17]

Figura 3.16 Modelo Linear para a densidade de eletrões

A variação da densidade de eletrões dada por este modelo é portanto uma variação linear com

o declive a calculado a partir da função N e  h  .

N e
h   N 0
 a  h  h1  (3.18)

3.6.3. Modelo Parabólico

O modelo parabólico aproxima a equação de Chapman a uma parábola quando considera os


h  hM
valores de  e z  muito pequenos. Assim, a equação que caracteriza a densidade de
H
eletrões vem dada pela seguinte expressão:

 2 h  h   h  h 
2

 N    
1 1
N e eM  
(3.19)
 ym  ym  
 

em que y m é a “meia espessura” da ionosfera. A figura 3.17 ilustra o modelo parabólico da

ionosfera que, muitas vezes, é uma boa representação da base da ionosfera até ao pico de ionização
[17].

47
Figura 3.17 Modelo Linear para a densidade de eletrões

3.6.4. Modelo Exponencial

O modelo exponencial considera um nível de referência h r com N  N r . A expressão que

caracteriza este modelo é dada por:

 h  hr 
N  N r . exp  (3.20)
e  
 2H 

Os sinais    e    representam o topo e a base da ionosfera, respetivamente [17]

3.7. Medidas de propagação na ionosfera

Existem vários tipos de medidas que permitem caracterizar um sinal de onda rádio a propagar-
se na ionosfera em qualquer instante do tempo. Estas medidas são úteis para comunicações de onda
curta por possibilitar a previsão do trajeto do sinal de onda que é emitido da estação emissora até à
estação recetora. A frequência crítica, ou de plasma, a altura virtual e a máxima frequência utilizável
(MUF- maximum usable frequency) são exemplos desses tipos de medidas. Estes dados são obtidos
através de ionogramas que consistem em representações gráficas dos dados recolhidos por uma
ionosonda. Estes dados contemplam a quantidade de iões e eletrões livres em cada uma das camadas
da ionosfera. O ionograma é obtido através da transmissão de uma sequência de impulsos de
diferentes frequências para a ionosfera e posterior análise do eco recebido. Normalmente estes
ionogramas, figura 3.18, contêm uma série de linhas horizontais que representam a altura em que
ocorre a reflexão do sinal em função da frequência [5].

48
Figura 3.18 Ionograma representativo da ionosfera

3.7.1. Frequência crítica, f c

A frequência crítica f c traduz a máxima frequência que pode ser refletida quando um sinal de

onda rádio incide na ionosfera. Esta frequência é proporcional à densidade de eletrões em cada uma
das camadas. Logo, depende da intensidade da radiação UV vinda do sol, com a variação das horas
do dia, ciclo da mancha solar, etc..
Para se ter uma ótima propagação utilizando o efeito NVIS é desejável que a frequência de
operação esteja ligeiramente abaixo da frequência crítica. Por exemplo, se a frequência de trabalho
estiver próxima de foF2 (frequência de onda ordinária refletida na camada F2), frequência crítica, o
sinal será refletido para o local de transmissão desejado.
Os dois gráficos seguintes, figura 3.19 e 3.20 ilustram a variação da frequência crítica na
camada F2 para o ano em que se registaram níveis mais baixos e mais elevados de manchas solares
na cidade de Dyess, Arkansas. Como se pode constatar, para períodos de baixa atividade solar a
frequência crítica é menor em comparação com o período em que se registou uma maior atividade
solar. Quando se registam os máximos solares a camada F2 encontra-se muito mais ionizada pela
radiação UV incidente. Estes dados são recolhidos pelo ionosonda localizada em Dyess, no estado
americano de Arkansas no condado de Mississipi [5].

49
Figura 3.19 Frequência crítica para períodos de baixos níveis de manchas solar

Figura 3.20 Frequência crítica para períodos de elevados níveis de manchas solar

50
3.7.2. Altura virtual, hv

Quando os sinais de onda rádio são refratados na ionosfera, alguns desses chegam a ter a
frequência necessária para serem refletidos novamente para um ponto na superfície terrestre, ponto D
na figura abaixo. Este sinal aparenta, para um observador terrestre, ser refletido por um “espelho
imaginário” a uma certa altitude na ionosfera. À altura deste ‘espelho imaginário’ denomina-se altura
virtual da ionosfera, hv . O fenómeno de refração na ionosfera é ilustrado na figura abaixo em que o
sinal é devolvido novamente para um ponto na superfície da terra, recetor, figura 3.21 [20].

Figura 3.21 Altura Virtual

O sinal de onda rádio viaja a velocidade da luz, 3  10 m / s . Por observação do tempo entre
8

a transmissão e receção do pulso do sinal ( T ) pode-se calcular altura virtual.

3  10 T
8

hv  (3.21)
2

3.7.3. Máxima frequência utilizável, MUF

A máxima frequência utilizável, em inglês Maximum Usable Frequency (MUF), define-se como
sendo a frequência mais elevada que pode ser utilizada numa comunicação via ionosfera entre dois
pontos em qualquer instante do tempo. As frequências mais altas que esta penetram na ionosfera e
não são refletidas. De forma geral, a frequência ótima de trabalho ocorre para valores ligeiramente
abaixo da MUF, conhecida como frequência ótima de tráfego (frequency of optimum traffic - FOT) e é
aproximadamente 85% da MUF. A máxima frequência utilizável é calculada da seguinte forma:

fc
MUF  (3.22)
cos 

51
Onde  é o ângulo de incidência da onda curta estabelecido entre o raio desta e o zénite. A
MUF está diretamente relacionada com a frequência crítica, variando com a densidade de eletrões em
cada uma das camadas.

3.8. Perturbações na ionosfera

Também, existem certos distúrbios que influenciam a densidade de eletrões na ionosfera como
por exemplo: súbitas perturbações ionosféricas (Sudden ionospheric disturbances - SIDs); formação
da camada Es (sporadic E layer), a tempestade ionosférica e o Polar Cap Absortion.

 Súbitas Perturbações na ionosfera (SID)

As súbitas perturbações na ionosfera (SID – do inglês Sudden Ionospheric Disturbances)


caraterizam-se por variações na densidade de eletrões do plasma com tendência a movimentarem-se
dos polos magnéticos em direção às regiões do equador. Este fenómeno está associado a súbitas
explosões solares que ocorrem sem qualquer aviso prévio, podendo durar de alguns minutos a muitas
horas.

 Tempestades ionosféricas

Este fenómeno é frequentemente precedido de SID, e aparenta ser causado por uma enorme
chuva de partículas atómicas sobre a atmosfera superior, que pode durar de várias horas a uma
semana. As tempestades ionosféricas são mais frequentes em períodos de máximo solar e nas
latitudes mais elevadas, decrescendo na direção do equador. Uma das consequências provocadas por
este fenómeno são as flutuações repentinas que ocorrem nos sinais de onda curta, podendo mesmo
impedir o estabelecimento de comunicações. A ionosfera superior torna-se caótica e o aumento da
turbulência faz com que a estratificação entre as camadas diminua.

 Polar Cap Absortion, PCA

Esta perturbação resulta da ionização da camada D na ionosfera polar, causada pela elevada
energia dos protões emitidos pelo sol. Um dos efeitos causados pelo PCA é a interrupção na
comunicação rádio na zona polar que pode durar até vários dias. Este evento muitas vezes é precedido
de grandes erupções solares [18].

52
3.9. Conclusões do capítulo

Como já foi referido as comunicações NVIS usam um modo de propagação em onda curta com
reflexão na ionosfera com ângulos elevados de radiação (próximos de 85º) para emitir sinais de onda
rádio para ser refletida novamente para a terra a uma distância compreendida entre 50 e 650 km.
A comunicação por efeito NVIS utiliza frequência de trabalho a oscilar entre os 3 a 12 MHz. O
comportamento do sinal ao atingir as camadas da ionosfera depende da frequência de trabalho a ser
utilizada. Se a frequência de operação for demasiado baixa (inferior a 3 MHz) o sinal é absorvido pela
ionosfera. Se a frequência de trabalho for demasiado elevada (superior a 12 MHz) o sinal atravessa a
ionosfera. Assim, para a comunicação NVIS, considera-se uma banda de frequência dentro de 3 a 12
MHz.
Ao longo deste capítulo, verificou-se que, devido à variabilidade da ionosfera, a frequência de
operação que é estabelecida durante o dia não poderá ser a mesma para o período noturno.
Geralmente durante o verão, a comunicação em onda curta opera em frequência mais altas que no
inverno para a mesma distância.
A atividade solar varia em média no período de aproximadamente 11 anos. É necessário ter
em conta que deverão ser utilizadas frequências mais elevadas quando ocorrem períodos de máximos
solares.
Os resultados obtidos para a frequência do plasma mostram que, em comparação com as
diversas camadas da ionosfera (D, E, F1 e F2), é na camada D onde esta frequência é mais baixa e,
em contrapartida, a camada F2 tem uma frequência de plasma mais elevada, na ordem dos 7 a ~12
MHz. Esta frequência está intrinsecamente relacionada com a densidade de eletrões, ou seja, é tanto
maior quanto for a densidade de eletrões em cada uma das camadas.
O sinal emitido para a ionosfera está sujeita a atenuações provocada pela densidade
atmosférica, que contribuem para o aumento do número de colisões entre os eletrões e as partículas
dos diferentes gases que constituem a atmosfera. Através das constantes de atenuação calculadas
para as diferentes camadas, verificou-se que é na camada D onde esta constante é maior, como era
de esperar, pois, em relação às outras camadas superiores, a densidade atmosférica é mais elevada
nesta camada.

53
4. Comparação dos resultados teóricos obtidos com os resultados
experimentais

Neste capítulo apresentam-se os resultados experimentais obtidos com uma antena espira com
as seguintes características: espira principal de alumínio com 800 mm de diâmetro e 30 mm de diâmetro
do tubo; espira de excitação com 180 mm de diâmetro e com uma frequência de trabalho a oscilar entre
3 – 12 MHz e um condensador de 200 pF, para realizar a sintonia. Os resultados experimentais vão ser
comparados com os resultados teóricos e de simulação apresentados nos capítulos 2 e 3. Nas figuras
4.1 a 4.4 mostra-se a antena em espira utilizada nas medidas, e os seus componentes.

4.1. Configuração da antena em espira

Figura 4.1 Espira circular utilizada para as medições

54
Espira de excitação – espira menor curto-circuitada, que termina num plano de terra de alta
condutividade, devidamente acoplada à espira principal de forma a transmitir-lhe o sinal a emitir.

Figura 4.2 Espira de excitação da antena em espira

Condensador – de capacidade previamente escolhida para compensar a reatância de carácter


indutivo da antena.

Figura 4.3 Condensador da antena em espira

55
Transrecetor – dispositivo composto por um transmissor e recetor para a entrada e saída de
dados

Figura 4.4 Transrecetor da antena em espira

4.2. Resultados obtidos nas simulações

Após excitar a antena procedeu-se a medições da relação de Onda Estacionária (ROE) através
de um instrumento de medida, o analisador de redes. As figuras 4.5 a 4.7 mostram os resultados obtidos
para uma frequência de trabalho a oscilar entre 3,478 e 3,483 MHz.

Figura 4.5 Variação de ROE com a frequência para a frequência de ressonância de 3,481 MHz

56
Figura 4.6 Variação de ROE com a frequência para uma frequência de ressonância de 3,478 MHz

Figura 4.7 Variação de ROE com a frequência para uma frequência de ressonância de 3,483 MHz

Verifica-se pelos resultados obtidos que a ROE à frequência de ressonância é bastante


satisfatória com uma relação de 1:1,8481. No entanto, para uma variação da frequência de trabalho
realizada de modo a que a variação da relação de onda estacionária fosse de aproximadamente 3 dB
em relação ao mínimo, como se pode observar nas figuras 4.6 e 4.7, a variação na ROE é bastante
grande, na ordem de 1:3. Estes resultados mostram que a largura de banda de uma antena em espira
é na ordem de 5 kHz. Portanto, tal como já tínhamos mencionado no estudo teórico da antena em
espira, esta antena apresenta uma largura de banda estreita e uma seletividade e fator de qualidade

57
bastante elevada.
Esta antena também pode funcionar a frequências mais elevadas, como se pode observar na
figura 4.8, em que, para uma frequência de ressonância de 21,893 MHz apresenta uma ROE de
1:2,1892, valor que não está muito longe para uma antena adaptada (ROE igual a 1).

Figura 4.8 Leitura da ROE para uma frequência aproximada de 21,893 MHz

Os resultados obtidos na ROE permitem concluir que, nas frequências de ressonância, os


valores são próximos da unidade, ou seja, estão próximos do valor ideal de adaptação. Para a
comunicação explorando o efeito de propagação por NVIS a antena tem um bom desempenho para
frequências de trabalho no intervalo 3-12 MHz.

58
5. Comparação das características de radiação da antena em espira com uma
antena dipolar horizontal

Em 2013, foi apresentada uma dissertação de mestrado com o tema de comunicações táticas
e de emergência explorando a propagação por efeito NVIS. A antena escolhida para esse efeito era
constituída por dois dipolos cruzados com polarização horizontal. Neste capítulo comparam-se os
parâmetros de radiação desta antena com o da antena em espira.
No projeto da antena NVIS considerou-se uma topologia com dois dipolos de meia onda

cruzados com as seguintes características: o dipolo 1 com uma frequência de sintonia f 1  4 MHz,

com o comprimento de onda  1  75 m e o comprimento físico correspondente l 1  37 , 5 m e o dipolo

2 com uma frequência de trabalho f 2  6 MHz, correspondendo a um comprimento de onda  2  50

m e um comprimento físico l 2  25 m. As frequências de trabalho para o dipolo 1 e 2 foram escolhidos

tendo em conta a banda de frequência para a comunicação NVIS que se situa entre 3 e 12 MHz.

5.1. Expressão do campo radiado de uma antena dipolar horizontal

Tendo em conta que a ionosfera está situada à uma altura h do eixo z, os dois dipolos
encontram-se dispostos sobre os eixos x e y, tendo por isso polarização horizontal. O módulo do campo
radiado por esta antena é dado pela soma do campo radiado por cada um dos dipolos como se segue:

E total  E1  E 2

O campo para um dipolo de meia onda, é dado pela seguinte expressão:

 jN i
E  Z 0e
 jkr
 eˆ d  eˆ r   eˆ r 
2r

em que e d representa a orientação do dipolo, N i


é o momento eletrodinâmico dado por

N i
 I  he

onde h e é a altura efetiva,

   2  
he   1  cos  l  
    

59
Para o dipolo 1 orientado segundo o eixo x obteve-se a seguinte expressão:

jI
Z 0 1  cos  k 1 l 1 e   cos  φ   cos  sin  θ 
 jk 1 r
E1 
2 r

e para o dipolo 2 orientado segundo o eixo de y, o campo elétrico é dado por:

jI
Z 0 1  cos  k 2 l 2 e sin  φ   cos  cos  θ 
 jk 2 r
E 2

2 r

Assim, o quadrado do módulo do campo total é dado da seguinte forma:

1 1
2

 1  cos  k l     cos      cos  sin   
2 2
 
 

E1  E 2
2  IZ 0 
 
2

 
2 2

  1  cos  k 2 l 2   sin     cos  cos   
2
 

 2 r    1  cos  k 1 l 1  1  cos  k 2 l 2    cos  sin   cos  2

 cos  sin   
 
  2 cos  k 1  k 2  r  

A expressão final da amplitude do campo elétrico é dada retirando o quadrado na expressão


acima.

1 1
2

 1  cos  k l    cos      cos  sin   
2 2
 
 
 IZ 0 
E1  E 2   
2

  1  cos  k 2 l 2  sin     cos  cos   
2 2
 
 
 2 r  
  1  cos  k 1 l 1 1  cos  k 2 l 2   cos  sin   cos
2

 cos  sin   
 
  2 cos  k 1  k 2  r  

60
5.2. Diagramas do campo radiado

As figuras seguintes representam os diagramas do campo radiado em três planos diferentes


(zx, zy e xy) utilizando o Matlab. Para o plano zx, com  variável e   0 , o eixo x corresponde a ter-

se   90 º e o eixo z   0 º . No plano zy o valor do ângulo  continua sendo variável mas, o ângulo

  90 º , quando o   90 º corresponde ao eixo y e para   0 º representa o eixo z. Por fim, para

se obter o gráfico do plano xy faz-se o  variar e   90 º . Neste último caso, o eixo x corresponde a

  0 e o eixo y é representado com   90 º .

Figura 5.2 Diagrama de radiação no plano


Figura 5.1 Diagrama de radiação no plano
zy do dipolo cruzado
zx do dipolo cruzado

Figura 5.1 Diagrama de radiação no plano xy do dipolo cruzado


61
Analizando os diagramas da amplitude do campo radiado obtido em Matlab verifica-se que,
tal como a antena de espira, o campo tem a sua amplitude máxima no eixo do z. No entanto, ao
contrário do que acontece na espira elementar, o campo não é omnidirecional no plano yz e nunca
chega a tomar o valor zero.

De seguida apresentam-se os diagramas de radiação obtidos em ambiente MMANA-GAL dos


dois dipolos cruzados [28].

Figura 5.2 Diagrama de radiação da antena constituída por dois dipolos cruzados para o valor de frequência f=
4MHz quando colocado a 4 metros de altura

Figura 5.3 Diagrama de radiação tridimensional da antena constituída por dois dipolos cruzados para o
valor de frequência f = 4MHz

62
A figura 5.6 ilustra uma representação em ambiente “MMANA-GAL basic” das características
da antena dipolar horizontal para três frequências de trabalho [28]. Observa-se que o valor do ganho
desta antena é muito superior que o ganho da antena em espira com o diâmetro 2 a  800 mm dado
na tabela 2.1, o que não é de estranhar, pois trata-se de antenas dipolares de meia-onda.

Figura 5.4 Diagrama de radiação para frequências de 4 MHZ, 5 MHz e 6 MHZ

Apesar da antena dipolar ter um ganho, G , e rendimento,  , muito superiores aos da antena

em espira, a largura de banda da antena em espira é muito mais pequena. A antena em espira é assim
bastante seletiva e tem um fator de qualidade muito mais elevado, minimizando desta forma as
harmónicas indesejáveis e aumentando a qualidade do sinal na receção.

5.3. Resultados experimentais para a antena dipolar horizontal

Os resultados experimentais obtidos a partir do analisador de redes permitem verificar, a partir


da relação de onda estacionária, que a antena dipolar horizontal funciona muito bem na banda de
frequência NVIS (tal como foi verificado para a antena em espira no capítulo 4). A figura 5.7 e 5.8

mostram os valores da relação de onda estacionária para duas frequências de sintonia, f 1  4 MHz e

f 2  6 MHz . Para estas duas frequências, SWR é bastante satisfatório, com uma relação de onda

estacionária na ordem de 1:1,1444 e de 1:1,088, respetivamente para f 1 e f 2 [28].

63
Figura 5.5 Leitura da frequência de ressonância para f1, medida no
analisador de redes

Figura 5.6 Leitura da frequência de ressonância para f1, medida no


analisador de redes

5.4. Aplicações de uma antena em espira e de uma antena dipolar horizontal

Estas duas antenas foram dimensionadas para comunicações explorando a propagação por
efeito NVIS em que o ângulo de incidência na ionosfera é na ordem de 70 a 90 graus. Numa operação
militar caracterizada por um Teatro de operações (TO) cuja orografia do terreno é bastante acentuada,
como é o caso dos atuais TO do Exército Português no Afeganistão e Kosovo, a comunicação entre o
Centro de Comando, CC, e os soldados é crucial para o cumprimento da missão. Assim, o emprego
64
destas duas antenas para comunicação NVIS pode ter consequências bastante favoráveis no decorrer
de operações militares.
Dependendo das características da operação militar, pode-se optar por uma antena em espira
ou por uma antena dipolar horizontal. Para a primeira, antena em espira, devido à sua dimensão e ao
facto de não garantir mobilidade operacional para tropas especiais apeadas, é mais adequada para
comunicações móveis quando montada numa viatura militar para comunicações NVIS, figura 5.9 [29].
Uma viatura militar equipada com uma antena em espira consegue garantir comunicações móveis em
terrenos onde o acesso ao sinal proveniente de satélites é bastante limitado. Permitindo ainda, em caso
de emboscada, que a antena possa seguir com os tripulantes da viatura.

Figura 5.7 Antena em espira para comunicações NVIS montado numa viatura militar

Já a antena dipolar horizontal não é apropriada para comunicações móveis. Sobretudo porque,
quando montada para comunicações, a sua dimensão é muito superior em relação à da antena de
espira, e do próprio veículo, o que causaria problemas ao ser deslocada em funcionamento uma vez
que o terreno não é livre de obstáculos. No entanto, em missões que exigem deslocamentos de tropas
apeadas, a antena dipolar horizontal confere grandes vantagens em relação à antena em espira. Os
elementos que constituem a antena dipolar podem facilmente ser transportados por forças terrestres
numa mochila e serem montados numa zona de terreno favorável à missão em que haja necessidade
de estabelecer comunicação com o CC. A montagem é simples e expedita e pode realizar-se num curto
intervalo de tempo.
Dependendo das características da operação militar, tanto a antena dipolar horizontal como a
antena em espira, apresentam vantagens que são bastante úteis para a comunicação no TO.

65
6. Conclusões e perspetivas futuras

6.1. Introdução

A tese aqui apresentada teve como principal objetivo o estudo de uma antena em espira, com
uma geometria circular, para a comunicação explorando o efeito de propagação por NVIS. Esta antena
tinha de apresentar determinadas características, tais como ser de pequenas dimensões, isto é, ter um
diâmetro muito inferior ao comprimento de onda e incorporar um condensador sintonizado à frequência
de trabalho para compensar o carácter indutivo da impedância equivalente da antena.
Uma vez que o sinal de onda HF vai ser refletido pela ionosfera, fez-se o estudo teórico desta
região da atmosfera superior para se poder analisar a propagação do sinal na ionosfera e determinar a
melhor frequência de operação a ser utilizada, tendo-se verificado que a frequência se deve situar entre
3 e 12 MHz.
Feito o estudo teórico, procedeu-se à comparação dos resultados obtidos com os experimentais
que foram realizados com uma antena de espira com as mesmas dimensões daquela que foi estudada.
Por fim fez-se também a comparação com uma antena dipolar horizontal construída para o mesmo
efeito e que foi objeto de uma tese anterior.
Neste capítulo são apresentadas as considerações/conclusões finais do trabalho realizado e
as perspetivas/propostas para trabalhos futuros.

6.2. Considerações finais

A antena em estudo revelou ser bastante adequada para a comunicação explorando o efeito
de propagação por NVIS.
Este tipo de antena, quando colocado no plano vertical yz, tem o maior fluxo de potência
orientado na vertical com aproximação ao zénite. Se se considerar a ionosfera a uma altura h medida
segundo o eixo z em relação ao plano terra, esta especificidade torna a antena de espira ideal para
comunicações NVIS.
Apesar desta antena não apresentar ganhos muito elevados, dada a sua pequena dimensão,
é muito seletiva e tem um fator de qualidade, Q, 10 a 20 vezes maior que uma antena tradicional (dipolo
de Hertz, log-periódica, dipolo de meia onda… etc.). Estes fatores permitem minimizar as harmónicas
indesejadas e fontes de ruído externo, aumentando por isso a relação sinal/ruído na receção.
Nas comunicações NVIS há um intervalo de frequências de funcionamento situado entre 3 e
12 MHZ. Para estas frequências, esta antena apresenta um desempenho bastante satisfatório que
podem ser confirmados através da relação de Onda Estacionária muito próximo da unidade, que seria
o valor que se obteria para a antena adaptada.
Dadas as dimensões da antena, o fato de apresentar resultados bastante satisfatórios a alturas
próximas do solo (1,7 m, altura aproximada de uma viatura militar), permitem que esta antena tenha as
características ideais para ser utilizada em comunicações táticas móveis, sobretudo em TO onde a
66
orografia do terreno introduz obstáculos na propagação do sinal rádio emitido por satélites, como é o
caso dos atuais TO em que o exército português tem sido empenhado, Afeganistão e Kosovo.
Uma vez que o estudo da ionosfera não é muito aprofundado nas unidades curriculares de
propagação de ondas, que foram lecionadas durante a minha formação como futuro engenheiro de
telecomunicações, este trabalho permitiu-me ter uma visão muito mais abrangente desta região da
atmosfera superior, da sua importância para a comunicação e do seu comportamento.
Em suma, o trabalho realizado permitiu, a partir do estudo teórico e resultados experimentais
obtidos, verificar que uma antena em espira, devidamente dimensionada, é uma antena com as
características ideais para comunicações táticas móveis.

6.3. Perspetivas futuras

Dado o interesse potencial desta antena para comunicações militares por efeito NVIS, e a
utilidade que estas comunicações revestem para os vários teatros de operação em que o Exército
Português está envolvido a nível internacional, são possíveis várias possibilidade para otimizar o
desempenho desta antena. Uma vez que esta antena tem um rendimento muito baixo, um dos trabalhos
que poderá ser realizado no futuro seria avaliar o desempenho da antena constituída por mais de uma
espira principal e qual a melhor forma de efetuar as ligações da espira principal ao condensador, que
poderá ser em série ou paralelo, e comparar os resultados com vários tipos de material (cobre, alumínio,
ferro etc.), a figura 6.1 ilustra um exemplo de uma antena constituída por duas espiras.

Figura 6.1 Antena constituída por duas espiras

Uma vez que esta antena tem as características ideais para comunicações táticas móveis e,
dado que o comportamento do plasma ionosférico é inconstante no espaço e no tempo, traduzindo-se
em frequências variáveis, um outro trabalho que poderá ser realizado consiste na otimização de um
sistema autónomo que faça o varrimento das várias frequências emitidas por um rádio, por exemplo o
PRC-525, de modo a identificar qual a frequência a ser utilizada em tempo real.
67
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69
Apêndice

Apêndice 1

Obtenção da distância R da fonte de corrente

O cálculo da distância da fonte ao ponto P é obtido recorrendo a aproximação de primeira ordem de


R

r r
2

R  r  r   2 r r  cos     r   r 1 2 cos    
2 2
r 2
(1.1)
r r

2
x x
Usando a expansão da série de Taylor com a seguinte forma: 1 x 1  , tem-se
2 8

 
2

1  r   
2 2
r 1  r  r
R  r 1  cos        2 cos      (1.2)
 r 2  r  8 r  r   
   

n
 r 
desprezando os termos em que aparece   com n  2 tem-se:
 r 

 
2
r 1  r 
R  r 1  cos       
2
  cos (1.3)
 r 2  r  

numa aproximação de primeira ordem obtém-se a expressão final da distância R .

  r  
R  r 1    cos     r  r  cos  (1.4)
  r  

70
Apêndice 2

Produto interno entre k e r

 k   k sin  cos   x   k sin  sin  y   k cos  z



 r    a cos   z  ( a sin   ) y (2.1)

O produto interno entre k e r  é dado por:

k. r   ka sin  sin   sin   ka cos  cos    ka  sin  sin   sin   cos  cos    (2.2)

aplicando as seguintes relações trigonométricas na equação 2.2,

 1

cos  cos    cos        cos      
2
 (2.3)
1
 sin  sin    cos        cos      
 2

resulta:

ka
k. r   cos(     ) sin   1   cos      sin   1  . (2.4)
2

71
Apêndice 3

Cálculo de θ  resultante da soma dos produtos internos obtidos

O produto interno de θ  com cada uma das bases da coordenada esférica é dado por:

 θ . θ   sin  cos  cos    sin  sin  



 r . θ   sin  sin  cos    cos  sin   (3.1)
 φ. θ   cos  cos  

Assim, o vetor unitário θ  resulta na soma dos produtos internos obtidos tendo em conta as
propriedades trigonométricas:

θ    sin  cos  cos    sin  sin   θ 

  sin  sin  cos    cos  sin   r  . (3.2)


  cos  cos   φ

Aplicando as devidas propriedades trigonométricas tem-se:

1
sin  cos  cos    sin  sin    cos       sin   1   cos       sin   1  (3.3)
2

1
sin  sin  cos    cos  sin    sin       sin   1   sin       sin   1  (3.4)
2

e substituindo em (3.2) fica:

1
θ  cos       sin   1   cos       sin   1  θ 
2
1
 sin       sin   1   sin       sin   1  r  (3.5)
2
 cos  cos   φ

72
Apêndice 4

Integração do vetor radiação, F

Para simplificar a resolução de F resolve-se os integrais separadamente tendo em conta os


vetores θ , r e φ .

2


jk . r 
F  Ia θ e d 
0

 
1 2
 j  cos(     )  sin   1   cos        sin   1  
ka

 θ
2 0

cos       sin   1   cos       sin   1  e 2


               
d    



 F1

 2

 j  cos(     )  sin   1   cos        sin   1  
ka
 1 
 Ia   r

sin       sin   1   sin       sin   1  e 2
 2 0                     
d  
  
 F2 
 2 
 j  cos(     )  sin   1   cos        sin   1  
ka
 
 φ

cos  cos    e d
2
 

0
            
 F3 

(4.1)

Para resolver o integral F1 recorre-se a série de Taylor associada a uma função exponencial
 n
x
   1  x . Assim,
x
com a aproximação de primeira ordem onde x  1 , e
n0 n!

 
ka
2 j  cos(     )  sin   1   cos        sin   1 
F1  0 cos       sin   1   cos       sin   1  e d   
2

 
2
  cos       sin
0
  1   cos       sin   1  

 ka 
 1 j cos(     ) sin   1   cos      sin   1  d   
 
 2 
2
  sin   1   cos      d   
0
     
a

ka 2 
 j
2
0 cos      sin   1 cos(     ) sin   1   cos      sin   1  
                          
b

2
  sin   1   cos      d   
0
     
c

ka 2
 j 0 cos       sin   1 cos(     ) sin   1   cos      sin   1 
2                           
d

73
Apêndice 4 (continuação)

tendo em conta a seguinte propriedade trigonométrica,

cos        cos  cos    sin  sin   (4.2)

tanto o integral (a) como (c ) são nulos em F1. Resolve-se agora os integrais (b) e (d) considerando as
seguintes propriedades trigonométricas:

 1

cos (     ) 
2
1  cos  2   2   
2 . (4.3)

1
 cos       cos        cos 2   cos 2   
 2

Assim,

ka 2
b  j  cos       sin   1 cos(     ) sin   1   cos      sin   1 d   
0
2
2 2
  sin   1  (     ) d     sin   1  sin   1   cos       cos      d   
2


2
cos
0 0

  sin   1    cos 2   sin   1  sin   1  


2

2
d   cos       sin   1 cos(     ) sin   1   cos      sin   1 d   
0

2 2
  sin   1  sin   1   cos       cos      d     sin   1      d   
2


2
cos
0 0

 cos 2   sin   1  sin   1     sin   1  


2

Portanto, substituindo os resultados dos integrais a , b , c e d em F1 , tem-se:

ka
F1  j sin   1   cos 2   sin   1  sin   1   cos 2   sin   1  sin   1    sin   1 
2 2

2

 j
ka
sin   1    sin   1 
2 2

2

Assim,

F1  jk  a 2 sin  . (4.4)

74
Apêndice 4 (continuação)

Para resolver o integral F 2 recorre-se também a série de Taylor associada a uma função exponencial.
Vindo,

 
ka
2 j  cos(     )  sin   1   cos        sin   1 
F2  0 sin       sin   1   sin       sin   1   e d 
2

 
2
  sin       sin
0
  1   sin       sin   1   

 ka 
 1 j cos(     ) sin   1   cos      sin   1  d   
 
 2 
2
  sin   1   sin      d   
0
        
a

ka 2
 j  sin   1 cos       sin   1   cos       sin   1 d   
 sin    
0
2                     
b

2
  sin   1   sin      d   
0
        
c

ka 2
 j  sin   1 cos       sin   1   cos       sin   1 d  
0 sin   
2                      
d

Mais uma vez, tanto os integrais (a) e (c) são nulos. Os integrais (b) e (d) são calculados tendo em
conta as seguintes propriedades trigonométricas:

 1
sin       cos        sin  2   2   

2 (4.5)

1
 sin       cos         sin  2     sin  2  
 2

resulta,

2
b   sin       sin   1 cos       sin   1   cos       sin   1  d   
0

2 2
 sin    1  sin       cos      d     sin   1  sin   1   sin       cos      d   
2

0 0

  sin 2   sin   1  sin   1  

e,

75
2
d   sin       sin   1 cos       sin   1   cos       sin   1  d   
0

2 2
  sin   1  sin   1   sin       cos      d     sin   1  sin       cos      d   
2

0 
0

 sin 2   sin   1  sin   1  

Substituindo agora os resultados dos integrais a , b , c e d em F 2 tem-se,

ka
F2  j  sin 2   sin   1  sin   1   sin 2   sin   1  sin   1   0 (4.6)
2

E por último calcula-se o integral F 3 recorrendo a expansão da série de Taylor associada a uma função
exponencial e considerando a seguinte propriedade trigonométrica:

1
cos  cos        cos  2       cos   (4.7)
2

Assim,

2
 
ka
 cos(     )  sin   1   cos        sin   1 


j
F3  cos  cos    e 2
d 
0  
2
 ka 

 0
cos  cos   1  j

 2
cos(     ) sin   1   cos      sin   1  d   


2 2
ka

 0
cos  cos   d    j
2  cos  cos  cos(    ) sin   1  cos     sin   1  
0

2 2
ka  
 j  cos   sin   1 
2 

 0
cos   cos      d    cos   sin   1 
 0
cos   cos      d    

ka
 j cos  cos   sin   1   cos  cos   sin   1   
2
ka
 j cos  cos  sin   cos  cos   cos  cos  sin   cos  cos  
2

portanto,

F 3  jk  a cos  cos  (4.8)

76
Por fim, substituindo os integrais F1 , F 2 e F 3 na expressão na expressão do vetor radiação, obtém-
se:

1 1 
F  Ia θ F 1  r F 2  φ F 3  jk  a I θ sin   φ cos  cos  
2
 
(4.9)
 2 2 

77
Apêndice 5

Obtenção da constante de atenuação a partir da constante de propagação

p 
2
 2
 j  
k  k0 1 (5.1)
   
4 2 2

A constante de propagação k 0 no vácuo é dado por:


k0    0  (5.2)
C

Substituindo (5.2) em (5.1) e resolvendo a equação tem-se que,

p  p
2 2

k  1  j (5.3)
C 
2
 
2
   2
 
2

2
x x
Usando a expansão da série de Taylor com a seguinte forma: 1 x 1  , e recorrendo a
2 8

aproximação de primeira ordem, tem-se:

  p  p 
2 2

k  1   j     j (5.4)
C 

2

2   
2
2    
2 2

  

A constante de atenuação é dado por:

 p
2

  (5.5)
2   2
 
2

78

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