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CANTO UNICO
II
III
IV
VI
VII
IX
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
«Soccorro de famintos fodedores,
Propicia divindade, que me escutas!
Tu consolas, tu enches de favores
O mestre da fodenga, o pae das putas:
Viste que, do tezão curtindo as dòres,
Travava co'o lençol immensas luctas;
E baixaste ligeiro, como Noto,
A dar piedoso amparo ao teu devoto.
XVII
XVIII
XX
XXI
XXII
XXIII
XXIV
Ergue-lhe a saia o renegado amante,
Estira-se a consorte agil, e prompta;
E elle a setta carnal no mesmo instante
Ao parrameiro misero lhe aponta:
Co′um só beijo do membro palpitante
Ficou subitamente a moça tonta,
E julgou (tanto em fogo ardia o nabo!)
Que encerrava entre as pernas o diabo.
XXV
XXVI
XXVII
XXVIII
XXIX
«Fóra, fóra, cachorro, não te aturo
Que me fere as bordas do coninho!»
E com desembaraço um tezo, e duro
Bofetão lhe arrumou pelo focinho:
Tomou em tom de graça o monstro escuro
A affrontosa pancada, e com carinho
Disse para a mulher: «Brincas comigo!
Pois torno-te a foder, por teu castigo.»
XXX
XXXI
XXXII
XXXIII
Notas
Este poema parece ter sido um dos primeiros ensaios da musa de Bocage. Inducções
fundadas em boa razão nos levam a conjecturar que a composição d′elle data de tempos
anteriores ao da partida do poeta para Gôa, isto é, do anno 1785. O transumpto pelo qual
se fez a presente edição, é sem duvida preferivel por sua correcção ao de que se serviu
quem ha já bastantes annos fez imprimir em Paris o referido poema, juntamente com
outras poesias do mesmo genero em um folheto de oitavo grande. Posto que sobejem
fundamentos para julgar reaes as personagens, e passados em verdade os factos, que
despertaram a veia satyrica do poeta, suscitando-lhe a ideia de tal composição, não é
comtudo possivel entrar em algumas particularidades a esse respeito: e até julgamos
pouco provavel que, mesmo em Setubal, se conserve ainda a memoria das façanhas do
azevichado heroe, que mereceu obter a immortalidade nos versos do Bardo do Sado.