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Os cuidados de saúde voltados a homens gays e bissexuais não se resumem a HIV/aids, hepatites virais e outras
infecções sexualmente transmissíveis. A relação de pessoas trans com a saúde não se limita a hormonioterapia e
redesignação sexual: as pessoas LGBT precisam ser vistas na sua integralidade.
Se há questões específicas de saúde que demandam políticas e serviços especializados, é preciso garantir o acesso de
pessoas LGBT aos serviços de saúde como um todo. Por isso é importante que profissionais de todas as unidades,
áreas e tipos de serviço tomem em conta que há usuários/as de diferentes identidades de gênero e orientações
sexuais, os quais têm direito à saúde, a um atendimento humanizado e livre de preconceitos e discriminações.
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E o primeiro passo para a garantia do direito à saúde de pessoas LGBT é o reconhecimento. Desde 2009 é garantida,
a pessoas trans, a identificação pelo nome com o qual se reconhecem – que a legislação chama de nome social - no
Sistema Único de Saúde (Portaria nº 1.820/2009). Esse direito independe do registro civil ou de decisão judicial: é
direito de toda pessoa usuária do SUS ser identificada e atendida nas unidades de saúde pelo nome de sua
preferência. Desde 2012 o Sistema de Cadastramento de Usuários do SUS permite a impressão do Cartão SUS
somente com o nome social. Quando um/a profissional da saúde não reconhece a identidade de gênero de pessoas
trans, além de desrespeito e constrangimento, está criando uma barreira para o acesso de homens e mulheres trans e
travestis aos serviços de saúde.
O mesmo vale para orientação sexual: é preciso superar uma perspectiva heteronormativa, que pressupõe que todas
as pessoas são heterossexuais. Os serviços de saúde devem ser capazes de atender e orientar pessoas das mais
diferentes orientações sexuais. Ao/à profissional de saúde não cabe qualquer julgamento ou lição moral, mas apenas
o respeito à autodeterminação do/a usuário/a.
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3. Corpo e transição
Muitas pessoas trans, ao assumirem sua identidade de gênero, dão início a um processo de transição. Esse processo
de transição é vivenciado de modo particular por cada pessoa trans e pode incluir mudanças na sua expressão de
gênero e no seu corpo. Hoje já existem tecnologias que permitem que pessoas trans transformem seu corpo de modo
a alcançarem uma imagem corporal mais próxima do que desejam. Desde tratamento hormonal até cirurgias de
redesignação sexual, são muitas as possibilidades.
Mas atenção: submeter-se a determinadas transformações corporais não é, de modo algum, o que
define uma pessoa trans. Muitos homens e mulheres trans e travestis hoje não têm interesse em
intervenções cirúrgicas ou mesmo no tratamento hormonal. Entre as pessoas trans atendidas pelo
Transcidadania, por exemplo, apenas 2% afirmam já ter realizado a cirurgia de redesignação
sexual e só 26% afirmam ter interesse em realizá-la.
Pesquisadores/as e ativistas trans tem chamado atenção para o quanto o processo de transição muitas vezes se dá sob
uma perspectiva cisnormativa, convertendo-se em uma busca por um ideal de corpo masculino ou feminino que tem
por padrão o corpo cisgênero. Reconhecer a autonomia de cada pessoa para definir sua identidade de gênero
significa reconhecer que é possível a uma pessoa com qualquer corpo se identificar com qualquer gênero. Não há
UM corpo feminino, mas vários corpos de várias mulheres. Há homens que não tem pênis e mulheres que sim. E é
preciso reconhecer e respeitar esta diversidade de corpos, especialmente se estamos preocupados em cuidar da sua
saúde.
Para pessoas trans que desejam fazer modificações corporais, há uma diversidade de técnicas que produzem
diferentes efeitos na interação com cada corpo.
Hormonioterapia
A hormonioterapia consiste na aplicação de hormônios em homens e mulheres trans que visam alterar caracteres
fenotípicos, produzindo mudanças no corpo, como alteração na voz, na quantidade e na distribuição de gordura ou
mesmo no formato do rosto e da cintura. Os efeitos produzidos pela hormonioterapia são diferentes em cada corpo.
Os efeitos colaterais e as consequências do uso inadequado de hormônios podem acarretar problemas graves à saúde.
Por isso é imprescindível o acompanhamento médico.
Intervenções cirúrgicas
As intervenções cirúrgicas vão desde uma mastectomia ou o implante de silicone, até cirurgias de redesignação
sexual. Muitas pessoas trans chegam às unidades de saúde já tendo realizado algum tipo de modificação no corpo
por conta própria ou em serviços particulares em condições pouco adequadas.
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Entre mulheres trans e travestis, ainda é comum a aplicação de silicone industrial. Entre homens trans pode haver
danos ao tecido mamário e à musculatura por conta do uso prolongado de faixas compressoras dos seios. Em ambos
os casos, é recorrente o uso de hormônios sem acompanhamento médico.
Em um levantamento feito junto a pessoas trans atendidas pelo programa Transcidadania, de São Paulo, 68%
afirmaram ter colocado silicone líquido e 45% prótese de silicone. Além disso, 96% dos/as participantes já fizeram
uso de hormônio alguma vez na vida, 49% estão fazendo uso de hormônio atualmente, mas só 25% estão em
acompanhamento hormonal em algum serviço de saúde.
O chamado Processo Transexualizador foi instituído pelo SUS em 2008 (Portarias nº 1.707 e nº 457 de agosto de
2008) e ampliado pela Portaria nº 2.803, de 19 de novembro de 2013. Ele garante o atendimento integral de saúde a
pessoas trans que desejam acessar tecnologias de modificação corporal, incluindo desde a hormonioterapia até
cirurgias.
Segundo o Ministério da Saúde, a Atenção Especializada a pessoas trans inclui as seguintes modalidades:
Ambulatorial: acompanhamento clínico, hormonioterapia e, quando for o caso, acompanhamento pré e pós-
operatório.
Hospitalar: realização de cirurgias e acompanhamento pré e pós-operatório.
Estes serviços não estão mais restritos a hospitais universitários. Pessoas trans podem acessar ambas ou apenas uma
das modalidades.
Um aspecto importante e nem sempre levado em consideração é que as cirurgias de redesignação sexual são
esterilizantes. É importante que as pessoas trans que desejam se submeter à cirurgia estejam cientes e, na medida do
possível, sejam informadas quanto à possibilidade de conservação de óvulos ou esperma, com vistas a uma futura
reprodução assistida. Pessoas trans devem ter seus direitos reprodutivos respeitados.
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A prática sexual entre mulheres também pode transmitir infecções como herpes, sífilis, hepatite e mesmo HIV. Além
disso, mulheres que não interrompem seu ciclo menstrual e não engravidam podem estar mais suscetíveis a alguns
tipos de câncer.
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5. HIV/AIDS
Os dados epidemiológicos têm demonstrado que, no Brasil, a epidemia de HIV/aids é concentrada, com maior
recorrência em grupos considerados mais vulneráveis. Para a população em geral, a prevalência de HIV/aids tem se
mantido estável em 0,4%; a população de homens que fazem sexo com outros homens (HSH) tem taxas da ordem de
10,5%. E já se identifica uma tendência de crescimento de HIV/aids entre os jovens, em especial jovens HSH na
faixa etária entre os 15 a 19 (um aumento de 120%) e de 20 e 24 anos de idade (75,9%), de 2003 a 2014.
O Ministério da Saúde disponibiliza preservativos masculinos e femininos nas unidades de saúde e em outras
instituições, além da distribuição em ações específicas.
Testagem rápida
O SUS disponibiliza testes rápidos capazes de detectar anticorpos contra o HIV em até 30 minutos com 30 dias de
janela imunológica usando uma gota de sangue ou fluído bucal. Veja aqui onde você pode fazer o teste rápido:
http://www.aids.gov.br/pt-br/acesso_a_informacao/servicos-de-saude
No caso da exposição a uma situação de risco, como uma relação sexual desprotegida, em até 72h a pessoa pode
procurar uma unidade de saúde para acessar a Profilaxia pós-exposição. A PEP é uma medida de prevenção com o
uso de medicamentos para reduzir o risco de transmissão do HIV. Mas atenção: a PEP não substitui a camisinha!
Tratamento
Se o diagnóstico for positivo para HIV, toda pessoa tem direito ao acompanhamento e tratamento gratuito pelo SUS.
A indicação é que se comece o tratamento imediatamente após a detecção do vírus.
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Para aumentar a informação sobre essa violência, o SUS atualizou a ficha de notificação de violências do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e incluiu campos para nome social, orientação sexual e identidade
de gênero, além de um campo para reportar qualquer violência motivada por homofobia/lesbofobia/transfobia.
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